CLARINDO SANTIAGO, O POETA MARANHENSE DESAPARECIDO NO RIO TOCANTINS FERNANDO BRAGA
Quem primeiro me falou de Clarindo Santiago foi Franklin de Oliveira, em casa de seu irmão Heitor Franklin da Costa, na Rua de Santa Rita, onde o brilhante autor de ‘A Morte da Memória Nacional’ se hospedava em São Luís. E isso se deu numa das muitas e longas divagações literárias que motivavam a minha admiração e o meu querer bem por esse mestre do senso estético. E diziame ele, com aquelas metáforas tão bem colocadas e com encaixes precisos, ser Clarindo Santiago um poeta de estilo e forma elegantes e de sensibilidade bem apurada, arrematando, naturalmente, sem descer a detalhes, sobre os golpes incicatrizáveis que o poeta recebera ao longo de uma atribulada vida. Nessa mesma linha de ideias, o meu mui querido e saudoso amigo e compadre José Matos Carvalho, ex-governador do Maranhão, médico ilustre como Clarindo também o fora, chegou-me a dar de presente, nas minhas constantes visitas a seu apartamento, vizinho de quadra do meu, em Brasília, cópias de sonetos e poemas que Clarindo escrevera, dedicando os originais, a ele, Matos Carvalho, quando ambos em plantões no Pronto Socorro de São Luís, eram tocados pelas visagens sombrias da Rua do Passeio, onde se localizava aquele centro de atendimento a politraumatizados, evidentemente em calmas madrugadas, mais propícias ao extravasar de lúcidos espíritos do que ao remendo de mutilados corpos. E as cópias desses sonetos e poemas que já me tinham proporcionado certa intimidade, também foram dadas por Matos Carvalho, pelos mesmos abrandamentos de afeto, ao também querido amigo, escritor, advogado e político Sálvio Dino, o qual, num laivo bem-aventurado, os fez resgatar neste “Clarindo Santiago, o Poeta Maranhense Desaparecido no rio Tocantins”, a memória do nosso poeta, o que me levou, por tais motivos, a escrever estas anotações engendradas numa das minhas noites de vigília. Nas frias sombras da arte os fantasmas do verbo ‘Clarindense’ se assim posso adjetivar, manifestam-se em correlações multifacetadas de subjetiva harmonia entre os significados das palavras e os seus símbolos.