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#7 Outubro. 2009

Editor: Danilo da Silva* Maputo, Outubro de 2009 *Ano II * nº 7

8 de Março de 2009 Fazendo História “A história é a filosofia inspirada nos exemplos” Dionísio Halicarnasso – Historiador Grego Por Redacção

Pela primeira vez na história de Moçambique, um grupo de mulheres e homens homossexuais, saíram a rua e deram a cara para dizer em viva voz que também sofrem com a violência doméstica. Este acto (diga-se de passagem heróico), decorreu durante as celebrações do dia internacional da mulher no passado dia 8 de Março na cidade de Maputo. A data é comemorada em homenagem às tecelãs carbonizadas em Nova Iorque em 1875 quando reivindicavam a igualdade salarial em relação

DESTAQUES

MISAU: estamos atrasados... Pág. 3

aos homens e melhores condições loborais. Em todo mundo a data é marcada com realizações de diversos eventos em torno da mulher, desde passeatas, palestras, conferências a eventos culturais. Em Moçambique, mais concretamente na cidade de Maputo, a data foi marcada por uma marcha organizada pelo Fórum Mulher contra a violência doméstica. Por se tratar de um domingo, a data e a marcha podem ter passado despercebidas a muitos concidadãos. Porque infelizmente a violência faz parte do quotidiano de muitos gays e lésbicas moçambicanos, os activistas da LAMBDA fizeram-se à rua munidos de cartazes com dizeres como: “LGBTI contra a violência”, “Homossexuais

Gays perseguidos no Iraque Pág. 6

também sofrem com a violência doméstica” ,“Basta de terror em nome da cultura!” ao mesmo tempo gritando bem alto, juntamente com as suas irmãs e mães, parceiras na luta contra o patriarcado machista que usa a cultura e a religião como justificação para perpetrar a violência – Basta! Estiveram presentes mulheres e homens de todas as classes e credos, e em nenhum momento se ouviram palavras de desaprovação, somente de conforto e compreensão, talvez porque quem sofre na pele sabe a verdadeira dor da violência. A marcha foi acompanhada por diversos mídia nacionais, incluindo a televisão pública. Mas apesar de terem feito imagens sobre a participação, estas foram suprimidas e nenhuma

menção foi feita sobre a participação dos homossexuais na marcha (coincidência ou moralismo?). Embora muitos LGBTI não pudessem participar (por estarem ainda no armário), o acontecimento e os activistas participantes receberam o devido reconhecimento por parte da comunidade LGBTI. O 8 de Março de 2009 marcou a história do movimento LGBTI moçambicano. A Lambda agradece aos activistas presentes pela coragem que tiveram ao levantar bem alto a bandeira do movimento LGBTI e por representarem todos aqueles que não puderam estar lá. Vocês fizeram história... e como dizia o nosso saudoso Samora - A luta continua!■

África: Homofobia principal barreira na luta contra HIV Pág. 7

Verrugas venérea Pág. 7


Editorial

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Editorial Não houve época na história do mundo moderno em que a homossexualidade tenha merecido a atenção dos líderes mundiais como tem acontecido recentemente. Em Dezembro de 2008 vimos na ONU, 66 países assinarem a declaração conjunta para a descriminalização da homossexualidade. Nas Américas, tanto na do norte como na do sul, o assunto está na agenda do dia. Enganam-se os que pensam que este progresso caiu dos céus. Claro que não! Ele é o fruto de anos e anos de trabalho realizado pelos movimentos LGBTI naqueles países. Movimentos esses constituídos por homens e mulheres LGBTI, da antiga e da nova geração, que à custa de muito suor e sangue, lado a lado, lutaram por uma sociedade mais igualitária, onde os seus direitos sejam respeitados. Foi a visibilidade e a luta dos LGBTI que fez com que a África do Sul, pais vizinho que tanto admiramos, adoptasse políticas antidiscriminatórias. Se por um lado a visibilidade tem consequências positivas, é bem verdade que por vezes provoca reacções de “pânico” entre os sectores mais conservadores de uma sociedade. Estes usando do seu poder político ou financeiro, vão “tomando medidas” radicais e violentas como forma a “estancar”o que no seu entender é uma afronta à sua cultura e tradição. No segundo semestre deste ano, vimos os resultados desse pânico desenfreado contra homossexuais no Iraque, onde homossexuais são perseguidos e enforcados em praça pública pelas milícias islâmicas com a complacência das autoridades governamentais. Muito recentemente no Uganda, uma proposta de lei deu entrada na assembleia da república daquele país africano, criminalizando a homossexualidade com a pena de morte. Na sua apresentação, os proponentes da nefasta proposta de lei, justificam a medida como forma de proteger as “família africanas tradicionais das ideologias ocidentais”. O mais caricato de tudo isto é que referida proposta é assente numa ideologia europeia trazida para África no sec. XV – o cristianismo. Triste a sorte dos nossos irmãos e irmãs ugandeses que mergulham agora na idade das trevas. A santa inquisição afinal de contas não acabou. Como semente de planta maldita, foi exportada dos Estates para o Uganda pela mão dos fundamentalistas cristãos, plantada pelo clérigo local e regado com o dinheiro dos contribuintes americanos. Se o governo estivesse realmente preocupado em proteger as “famílias tradicionais” que começasse pela erradicação do analfabetismo, da corrupção e da miséria daquele povo invés procurar bodes expiatórios. Mas não pensemos que algo semelhante não nos poderá acontecer. A situação dúbia em que nos encontramos não nos dá muita segurança. Para quem frequenta os bastidores da política nacional, consegue perceber que já começam a aparecer indivíduos com matendências1. As alas mais conservadoras e religiosas que por sinal têm maior influência política vão mandando os seus recados intimidatórios. Apesar da Constituição de 2004 estabelecer o princípio de igualdade para todos os cidadãos e a separação entre estado e religião, na prática não é isso que acontece. Pouco a pouco a nossa laicidade vai sendo vendida e nos começa a transparecer que afinal de contas alguns são mais cidadãos que os outros. A nova geração de homossexuais moçambicanos não têm referências positivas. Esse papel cabia a antiga geração, no entanto, estes, continuam vivendo as suas vidinhas, dentro dos seus armários de vidro. Algum com mais posses muito lhes agrada viajar e experimentar a liberdade vivida nos outros países. Experimentam e invejam essa liberdade. E será que se preocupam com os outros milhares de homossexuais que nunca puderam experimentaram essa liberdade. Será que não se dão conta que podem usar a sua posição social e fazerem a diferença? Mas nem tudo está perdido. Ainda existe neste país muita boa gente de razão, que embora fazendo esforços tímidos vão ajudando-nos nas nossas realizações. Gente jovens com coragem suficiente para lutar por uma sociedade mais igualitária, onde as pessoas tenham o direito de expressarem livremente a sua orientação sexual sem serem discriminadas. Chega de timbilar2 a liberdade dos outros, ergam-se, saiam dos armários e juntos vamos conquistar a nossa! Danilo da Silva 1 2

Tendências Ter inveja

Direitos & Cidadania (Princípio da universalidade e igualdade)

Art.35: Todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres, independentemente da cor, raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução, posição social, estado civil dos pais, profissão ou opção política. Constituição da República de Moçambique (2004) Glossário Gay: Palavra de origem inglesa que significa alegre, já era um termo usado na Espanha desde a idade média como sinónimo de “rapaz alegre”. Actualmente usado para designar homens que sentem atracção física, emocional e espiritual por outros homens, como também em substituição da palavra homossexual pelo seu sentido menos técnico. GLS: Acrónimo de Gays , Lésbicas e Simpatizantes Lésbica: Mulher que sente-se atraída emocionalmente, fisicamente e espiritualmente por outras mulheres. HSH: Acrónimo para Homens que fazem Sexo com Homens. Os HSH não se consideram gays, pois estes não se identificam com os elementos próprios da cultura gay tais como; códigos e linguagem, restringindo-se somente ao acto sexual. Este indivíduos não são de fácil acesso já que não frequentam os denominados “locais gays”. Qualquer homem heterossexual pode ser um HSH.

MSM: Acrónimo de Mulheres que fazem Sexo com Mulheres. As MSM não se consideram lésbicas. Elas não se identificam com o universo lésbico e restringem a sua sexualidade somente ao acto sexual. Qualquer mulher heterossexual pode ser uma MSM Orientação Sexual mais adequado para referir-se à atracção física, emocional e espiritual a pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto, incluindo, portanto, a homossexualidade, a heterosexualidade e a bissexualidade . Simpatizante: Termo que designa o indivíduo que é simpatizante e solidário às lutas empreendidas pela comunidade LGBTI. Travesti: Homem no sentido fisiológico, mas que se relaciona com o mundo como mulher, o seu corpo é moldado com formas femininas e socialmente exerce o papel de mulher, podendo em suas relações ter o papel activo ou passivo. Note se que nem todos os travestis são homossexuais

Ficha Técnica Publicação: As Cores do Amor Registo: 035/GABINFO-DEC/2008 Tiragem: 2.000 Preço: Distribuição Gratuita Morada: Rua Tomas Ribeiro nr 2, Bairro da Coop, Maputo,

Moçambique telfax: 21 41 6266 email: ascoresdoamor@lambda.org.mz Redacção: FlowersDream, Carmen Malawene, Thando M. , Marcos Benedetti, Danilo da Silva Revisão: Igor Salvador Design gráfico e layout: Danilo da Silva Fotografia: Web Um Publicação LAMBDA com o apoio de:


Noticias Activistas

celebram

do desporto

sados na integração dos HSH nos planos de mitigação do HIV por: Redacção

os programas de intervenção para mitigação da doença, são voltados para as populações heterossexuais. A comunidade homossexual e de Homens que fazem Sexo com Homens (HSH) moçambicana não estão incluídas nos programas por diversos factores, entre eles a ideia pré-concebida da inexistência de práticas homossexuais na sociedade moçambicana, para além do estigma e discriminação a que estão sujeitos. O Ministério da Saúde (MISAU) através do seu portavoz, Leonardo Chavane, reconhece a falta de programas específicos voltados a estas populações, mas afirma que a inclusão destes grupos passa primeiro por uma maior visibilidade dos mesmos na sociedade, de modo que estes influenciem os tomadores de decisão. “Não é um problema de se apresentar formalmente, mas de ser reconhecida a existência pela própria sociedade. Mas também uma apresen-

Lambda

o dia do orgulho gay através

MISAU: estamos atra-

Desde a eclusão da epidemia do HIV em Moçambique,

da

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“Há-de haver práticas específicas e é nisso que temos que trabalhar. É de reconhecer, contudo que estamos atrasados na integração dada a sua expressão social”

Leonardo Chavane: Porta-voz do MISAU

tação formal é um passo para que, de certa forma, implique na tomada de decisões”. Resultados preliminares de um estudo realizado na cidade de Maputo apontam que os HSH, apesar de terem informações sobre as formas de transmissão do HIV, não vêem o risco associado as suas práticas sexuais. Há, ainda, um desconhecimento dos riscos associados ao sexo anal sem protecção. Isto deve-se, possivelmente, à natureza das mensagens que vêm sendo veiculadas nas actuais campanhas de prevenção. O MISAU é da opinião que as mensagens devem ser as mesmas, independentemente da orientação sexual das populações. Contudo, reconhece que existem questões muito específicas dos HSH.

“Há-de haver práticas específicas e é nisso que temos que trabalhar. É de reconhecer, contudo que estamos atrasados na integração dada a sua expressão social” acrescenta Chavane. Dados recentes, indicam que na maioria dos países da África subsaariana, os HSH possuem taxas de prevalência de HIV/ SIDA mais elevadas do que a população em geral. Em outras partes do mundo, a experiência mostra que a redução dos índices de infecção nas comunidades homossexuais e HSH tem muito a ver com o envolvimento das próprias comunidades de HSH para a promoção da prevenção e do auto-cuidado. Embora Moçambique enfrente no momento uma epidemia generalizada, estudos indicam que a “heterossexualização” do HIV-SIDA e o desenvolvimento de campanhas de prevenção voltadas à população em geral, têm efeitos indesejados, já que existe sempre um grupo que ficando de fora, pode pôr em risco todos os esforços realizados. Alguns analistas afirmam que os esforços de prevenção não serão suficientes até que sejam encontradas respostas específicas para problemas específicos.■

Cerca de 30 activistas da Lambda juntaram-se em Junho deste ano, no campo da escola industrial de Maputo para marcar o dia do orgulho gay confraternizando em jogos de futebol de salão, que decorreu até ao meio dia num espírito de muita festa e alegria. A sessão desportiva foi seguida por um convívio na Lambda, onde os participantes puderam prolongar a boa disposição, aconchegar o estômago e matar a sede. Ficou o apelo para a utilização do desporto como meio de divulgar os ideais da organização.

Lambda

lança portal para a

comunidade

GLS Moçambicana

em funcionamento o novo Portal voltado para a comunidade GLS Moçambicana (www.lambda.org. mz). Esta iniciativa da Lambda tem como principais objectivos: Melhorar a qualidade da informação disponibilizada sobre a Lambda e a comunidade LGBTI; e promover um maior envolvimento da comunidade LGBTI com a associação através da utilização dos serviços disponibilizados no portal. A Lambda vai apostar no portal como uma ferramenta importante de comunicação e difusão dos seus ideais, num esforço contínuo de actualização de conteúdos, notícias, e a inclusão de novos serviços. No mês de Junho entrou

LAMBDA

promove espaço

LBT

A LAMBDA iniciou em Setembro

Activistas da LAMBDA capacitam-se em matérias Direitos Humanos

de

Decorreu em Setembro uma capacitação em Direitos Humanos e Advocacia dirigido aos activistas e membros da LAMBDA. Cerca de 20 activistas participaram no curso de capacitação em Direitos Humanos, Advocacia e Comunicação na cidade de Maputo. A formação teve por objectivo contribuir para o alargamento da base política da LAMBDA, capacitando os activistas na direcção de palestras e debates em torno de questões sobre direitos humanos; alem de interagirem melhor com os órgãos do governo e outras organizações da sociedade civil.

LAMBDA promove curso de Educadores de Pares em HIV Decorreu em Agosto, em Maputo a

primeira formação alguma vez realizada no país de educadores de pares para homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres que fazem sexo com mulheres (MSM) no âmbito do HIV. Esta formação de cinco dias, teve como objectivo motivar e capacitar os activistas LGBTI em matérias relacionadas com as ITS/DTS, com maior enfoque para a questão do HIV-SIDA bem como dotar os mesmos de técnicas e metodologias de mobilização comunitária de modo que estes possam implementar actividades de prevenção através da educação nas suas comunidades.

A

mana me disse que...

Durante selecção de candidatos pró concurso da azul houve homofobia! Uma membra do júri inquiriu os jovens dançarinos se pertenciam a associação da letra grega e se também tinham o tal “vicio grego”. Gagos que não eram afirmaram que sim...Azar deles que acabaram excluídos depois de classificados....humm fica mal senhora jura. Se fosse em outras terras já estava na rua. Não repita que as manas zangam. Uma grande diva que ficou conhecida no concurso da azul andou a pugilada em plena praça pública. Não quis levar desaforo para casa. Desceu o salto e splat! splat!- chamem lhe lá de maricas.

último, uma actividade exclusiva para as mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais (LBT). A actividade pretende criar um espaço onde as mulheres do movimento possam discutir as suas questões, traçar estratégias para o alcance de uma maior visibilidade e protagonismo dentro do movimento LGBT Moçambicano. Carmen Malawene, coordenadora da equipe organizadora disse a nossa reportagem “que está na hora das mulheres LBT tomarem o movimento LGBT a peito e envolverem-se mais” Espera-se que participem entre 20 a 30 mulheres residentes na cidade de Maputo e Matola. Os encontros serão realizados mensalmente nas instalações da LAMBDA em Maputo.


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Opinião Algumas curiosidades Por Jerkyl (Resposta ao Canal de Moçambique Edicção 23/07/09) A edição do Canal de Moçambique de 23 de Julho de 2009 publicou uma entrevista conduzida pelo jornalista Borges Nhamire a um político moçambicano e um dos temas abordados foi a tão sensível e actual questão da homossexualidade. De facto, esta questão tem provocado acesos debates nos meios sociais do nosso país. Por essa razão, os órgãos de informação moçambicanos começam a fazer constar este assunto no seu rol habitual de perguntas. Só que muitos dos entrevistados são apanhados de surpresa e reagem emocionalmente, respondendo sem o conhecimento e preparação adequados. Para os que querem evitar serem encontrados desprevenidos sobre este tema bem actual, existem algumas curiosidades que importa conhecer. Por exemplo, muita gente não sabe que a homossexualidade manifesta-se numa vasta gama de animais dentre insectos, repteis e mamíferos. Dos animais, os que mais se assemelham aos humanos são os macacos bonobos. As fémeas dessa espécie de chimpanzé são vistas com frequência a relacionarem-se sexualmente entre si chegando a atingir o orgasmo. Alguns machos beijam-se e praticam sexo oral. Outra coisa que não é muito divulgada é que se há algumas religiões que condenam o amor entre pessoas do mesmo sexo existem outras que consentem. Em algumas congregações existem até casos de sacerdotes que são assumidamente gays ou lésbicas. E mesmo não sendo homossexuais, há outros que os defendem, como é o caso do laureado prémio nobel da paz, o arcebispo sul-africano Desmond Tutu. Ainda outra coisa que é necessário saber é que a Organização Mundial de Saúde não considera a homossexualidade doença e por isso não recomenda nenhum tratamento nem cura. Não sendo doença, nem pecado nem um atentado à natureza o que será então este fenómeno que muito boa gente ainda trata como um problema? Uma das formas de responder a esta pergunta é muito simples: A homossexualidade é somente um desejo que algumas pessoas sentem por outras pessoas do mesmo sexo. Esse desejo pertence ao fórum privado de cada cidadão e das suas famílias e nunca deveria afectar os seus direitos cívicos. Tal como diz o grande político Lula da Silva, actual presidente do Brasil, na hora de votar ninguém pergunta se você é gay ou não. Então, porque não dar os mesmos direitos e deveres para todos?

DAR A CARA! por: Igor Salvador

“Ouve! tenho que te dizer uma coisa. Eu vários pontos do mundo políticos assumisou gay.”. A frase é aparentemente simples, damente gays entraram na corrida por carmas porquê que é tão difícil de dizer? E o gos públicos, e, pelo menos aparentemente, que está implícito nesta pequena frase de a sua orientação sexual não foi um factor 10 palavras? relevante. Estadistas um pouco por todo O principal problema da frase não está mundo juntaram a sua voz em apoio aos no significado para quem a pronúncia, mas direitos LGBTI e em condenação à Homoantes naquilo que pode representar para fobia. quem a escuta. Como para muitos dos terNo mundo do showbiz, o tema gay pasmos que usamos correntemente para defi- sou também a tema central, desde o apoio nirmo-nos, ao termo “gay” estão associa- explícito de artistas como Lily Allen, dos um conjunto de ideias pré-concebidas Lady Gaga, ou a eterna Madonna, a prosobre o seu significado. duções relevantes de Hollywood (“Bruno” Ser “gay” será por ventura, uma das defi- de Sacha Cohen; “Howl” de Rob Epstein nições mais estereotipadas na nossa socie- e Jeffrey Friedman, sobre a vida de Allen dade. Imediatamente o ouvinte vai juntar, Ginsberg; “Taking Woodstock “ de Ang à percepção que tem sobre dono frase, um Lee sobre Elliot Tiber, o gay que organiconjunto de características adicionais, es- zou o concerto de 1960; ou “I Love You tereotipadas, negativas e relacionadas com Phillip Morris” com Jim Carrey e Ewan o comportamento e com a identidade de McGregor no papel de amantes). género do falante. Seja qual for a forma Podemos estabelecer uma relação directa como o ouvinte olhasse para este (inteli- entre a visibilidade da causa e os avanços gente, ou não, divertido ou conseguidos em termos de chato, confiável, perspicaz, direitos humanos das comulerdo, bom amigo, etc.), o Ser “gay” será por nidades LGBTI no mundo. mais comum é que ponha ventura, uma das Alguns exemplos relevande lado todas estas caracvêem do Uruguai com a definições mais este- tes terísticas antes percebidas aprovação das uniões entre e imediatamente este passa reotipadas na nossa pessoas do mesmo sexo e a ser visto como promíscuo, sociedade... do direito à adopção, a desperverso, imoral, decadencriminalização da homossete. xualidade em Nova Deli na Uma das estratégias usadas pelos movi- Índia, a conquista de direitos de transexumentos LGBTI para combater estes este- ais e travestis no Paquistão, a lei da União reótipos e esta estigmatização é promoven- Civil na Irlanda e em vários Estados Amedo a visibilidade da própria comunidade. ricanos. As Nações Unidas aprovando uma Mostrando elementos positivos, expondo resolução para a condenação da homofoa diversidade e colocando a temática à bia e concedendo à ABGLBT (Associação discussão pública. E não me parece que, Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais e em outra altura, a questão gay, tenha tido Trangéneros) o estatuto consultivo. Em tanta visibilidade como nos dias de hoje. África, apesar de mais comedidos podemos Assistimos este ano a celebrações inéditas ver alguns avanços, com a inclusão de prodo Orgulho Gay nas Maurícias, na China gramas específicos para HSH no Quénia, ou em Cuba. Vimos números recorde de no Malawi, com a promoção de discussões participantes nas paradas gays (em São públicas na Namíbia, com a legalização da Paulo com mais de três milhões de partici- associação LGBTI do Burundi. pantes, um milhão de pessoas em Madrid, Onde ficamos nós, Moçamsetecentas mil em Paris, meio milhão em bique, no meio desta “RevoluLondres, quatrocentas mil pessoas em Ber- ção”? Como se prepara uma lim, duzentas mil em Roma, milhares em sociedade para esta evolução Toronto, Lisboa, Jerusalém, 25 mil em Joa- social que é o respeito pelas dinesburgo). Estas paradas passaram a ter a ferenças? presença obrigatória dos principais partiHá um ponto que parece ser incontornádos políticos destes países. vel, os gays e lésbicas tem de dar um passo Barack Obama conseguiu mobilizar a em frente e aparecer. Cada um vai poder comunidade gay americana, e foi com o influenciar positivamente o seu micro uniseu apoio que ocorreu a eleição histórica. verso, a sua família, os seus amigos, coleO tema gay passou a fazer parte da agen- gas de trabalho ou de escola. Continua pág. 8 da política, não só nos estados unidos. Em


África Moçambique: Mais uma vez em cima da cerca... por:Redacção

Aconteceu mais uma vez,

nosso país ficou em cima da cerca na hora de votação para a aprovação do estatuto consultivo da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais) na ONU. Era de esperar que não só pelas boas relações que Moçambique tem com o Brasil, mas também pelos laços históricos e culturais que nos ligam, o nosso país alinhasse com os restantes 25 países que votaram a favor. Mas parece que não foi o caso, a nossa representação na ONU o

simplesmente absteve-se. O mesmo aconteceu a Dezembro de 2008 a quando da votação da Declaração Conjunta para a Eliminação da Descriminação com base na orientação sexual em todos os estados membros da ONU, onde a maioria dos PALOP; Cabo-Verde, GuinéBissau e São-Tomé e Príncipe, votaram a favor conjuntamente com mais 63 países. O nosso país, mais uma vez, perdeu a oportunidade de mostrar ao mundo que é um país consciente sobre os direitos humanos e sabe posiciona-se do lado certo da história, principalmente num período em que várias nações do mundo e a própria ONU condenam a discriminação com

base na orientação sexual, como condenam o racismo, xenofobia ou qualquer outra forma de discriminação. O estatuto consultivo é uma das principais formas de acesso ao sistema da ONU pela sociedade civil. Permite que organizações não governamentais (ONG) possam apresentar depoimentos verbais e relatórios escritos em reuniões da ONU. Com o estatuto, as ONGs LGBTs podem informar a ONU sobre a violação de direitos humanos e a discriminação por orientação sexual e identidade de género que ocorrem pelo mundo. De realçar que a candidatura da ABGLT teve o apoio do governo brasileiro e sua delegação na ONU.■

Igreja Anglicana de braços abertos aos gays

Keith Goddard (1960-2009)

No mês de Outubro o movimento LGBTI africano perdeu um dos seus mais querido e destemido campanheiro. Proeminente defensor dos direitos dos gays, lésbicas, transexuais e intersexuais do Zimbabué,, Keith era até a altura da suam morte director da GALZ ( Gays and Lesbians of Zimbawe). Keith veio a falecer no dia 09 de Outubro do corrente ano no hospital de Harare.. Keith Goddard jogou um papel preponderante no movimento LGBTI africano. Keith desafiou o regime de Robert Mugabe e foi onde muitos não ousariam chegar, muitas das vezes pondo em risco a própria vida.

É caso para dizer : enquanto uns fecham-nos as portas outros abrem-nas

A Igreja Anglicana da África

Austral (ACSA) sob a orientação do reverendo Thabo Makgoba (foto) aprovou uma resolução para fornecer orientação pastoral aos membros gays e lésbicas da igreja vivendo em relações estáveis. Esta decisão vem depois de um Sínodo dos Bispos reunidos na Diocese na Cidade do Cabo de 20 a 22 Agosto do corrente, realizado na igreja de St. Cyprians. De acordo com um comunicado de imprensa da ACSA , a resolução sobre as orientação

pastoral foi proposta pelo Rev. Terry Lester, Sub-reitor da Catedral de St. Georges, que disse que a paróquia passou a ser vista como um espaço seguro,” uma espécie de espaço aberto para cristãos gays e lésbicas de Cape Town”. Ele acrescentou que a catedral necessitava de orientação para providenciar ajuda e cuidados pastorais aos membros gays e lésbicas que vivem em uniões estáveis. A decisão foi tomada em conformidade com a Resolução 1:10 aprovada na Conferência de Lambeth em 1998, na qual reconhece a orientação homossexual e a necessidade de cuidados pastorais aos homossexuais. “Nós, como Igreja Anglicana da África Austral encarregamo-nos de respeitar a decisão tomada pela Igreja Anglicana a nível mundial para acolher casais de gays e lésbicas baptizados e membros da igreja “ disse o Reverendo Makgoba. “Outras dioceses já estão a

fazer isso, e a nossa igreja esta formalmente a iniciar o processo”, confirmou o reverendo. “O Conselho Consultivo Anglicano, que representa as igrejas anglicanas de todo o mundo publicou um moratorium no qual autoriza a celebração e bênção de uniões entre pessoas do mesmo sexo”, afirma o comunicado. O reverendo acrescentou que “orientações pastorais, bíblicas, teológicas e sociais serão ministradas aos padres de modo que estes ajudem os gays e lésbicas nas suas dificuldades dentro da igreja”. Neste encontro, foi ainda nomeado um grupo de trabalho, composto por representantes dos membros da igreja e outras entidades, que irá engajar-se no processo de diálogo e auscultação sobre as questões da sexualidade humana. Entretanto, o Rev. Makgoba disse ao jornal Cape Times que “Na África do Sul temos leis que aprovam a união civil entre pessoas do mesmo sexo, mas não em outros países da nossa província Na África Central e do

Norte, tanto a Igreja Anglicana como os estados dizem ‘não’. A razão desta resolução prende-se ao facto de legalmente os fiéis poderem viver assim. E como nós podemos pastoralmente responder a isso?” Questiona o reverendo. “Esperamos dar conforto ao povo, uma mensagem de esperança, e ouvir o que Deus está a dizer, em seguida, espalhar a palavra de Deus aos outros”

Rev. Makgoba :

O próximo Sínodo provincial dos Bispos Anglicanos será realizado de 7 a 12 de Setembro de 2009 em Gauteng, em local ainda por confirmar.

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Mundo

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“Ele foi encontrado no bairro no dia seguinte. Eles tinham atirado o seu cadáver ao lixo. Os seus órgãos genitais foram cortados e um pedaço de sua garganta foi arrancado. Desde então, tenho sido incapaz de falar correctamente.” O trecho acima, foi retirado

do relatório da HRW (Human Rights Watch) apresentado em Setembro deste ano em Nova Iorque. Nazir (pseudónimo) conta como homens armados e mascarados irromperam no meio da noite em sua casa e raptaram o seu parceiro com o qual mantinha uma relação há mais de 10 anos. Segundo o mesmo relatório, desde Fevereiro deste ano, o caos instalou-se entre os homossexuais no Iraque. Milícias fundamentalistas nas redondezas de Bagdad e Basra, iniciaram uma campanha de tortura e assassinato sistemático de homens suspeitos de serem homossexuais. Mas nem sempre foi assim no Iraque, em 2006 com o declínio da violência militar, a comunidade gay começou a ter maior

Uruguai

visibilidade. Em Bagdad, era possível ver grupos de homossexuais em cafés e bares. Segundo o relatório, o pânico despoletou com a divulgação de um vídeo na internet em 2008, que mostrava um festa gay com muita dança e show de drag. Seguidamente os meios de comunicação e os sermões nas mesquitas iniciaram uma campanha virulenta nas comunidades alertando para uma “onda de efeminação entre os homens iraquianos” que deveria ser combatida a fim de preservar os valores morais da sociedade Iraquiana Uma das tácticas utilizadas pelas milícias é posicionarem-se junto aos locais conhecidamente frequentados por homossexuais, tais como cafés e casas de banho públicas, ou o uso de redes sociais na internet para marcarem encontros com as vítimas. Uma vez nas garras das milícias, as vítimas são encapuçadas e levadas para fora da cidade onde são torturadas de modo a entregarem os nomes dos seus amigos. Depois, com todos os requintes de maldade, são assassinados, os seus corpos são jogados em terrenos baldios ou expostos em público com mensagens insultuosas e homofóbicas. Ao fazerem isso, as milícias pretendem transmitir uma mensagem muito clara a todos os homossexu-

aprova adopção para casais gays

Os deputados uruguaios aprovaram em Agosto último o projecto de lei que permite a adopção por casais gays. Com esta medida, o Uruguai segue sendo exemplar no que diz respeito aos direitos LGBT. Para além de permitir a união civil gay em todo o seu território, também autoriza a mudança no nome para transexuais a partir dos 14 anos. A medida foi aprovada numa votação onde 40 deputados, de um total de 53, votaram a favor.

ais iraquianos. Segundo o código penal iraquiano de 1969, a homossexualidade não constitui crime, mas sim o sexo não consensual, seja hétero ou homossexual. Contudo Iraque aplica também a lei islâmica, a Sharia, que condena com a pena de morte ambos os indivíduos envolvidos no acto homossexual por apedrejamento. Contudo, esta execução só pode ser levada a cabo depois de obedecer-se a certas regras, a primeira e a mais importante de todas, indica que deve haver 4 pessoas que tenham testemunhando o acto sexual; a segunda, se os indivíduos não se arrependam do acto cometido. O que está a acontecer no Iraque é o uso abusivo da Sharia em cumplicidade com o estado

as milícias pretendem transmitir uma mensagem muito clara a todos os homossexuais iraquianos.... iraquiano. A carta universal dos direitos do homem proíbe toda e qualquer forma de tratamento desumano, garantido o direito a vida, e obriga a que todos os estados signatários que protejam os seus cidadãos contra actos que os a ponham em perigo. Não obstante, em 1994, no caso Tooner vs Austrália, a Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas decidiu que a protecção contra o tratamento desigual especificada na Convenção Internacional dos Direitos Civis e Políticos é extensível a orientação sexual. Até ao momento mais de 300 homens, supostamente gays, foram cruelmente assassinados pelas milícias Mahdi . Tudo em nome de Alá.■

Já em

não é crime ser homossexual

Deli

na

Índia

O Supremo Tribunal de Deli decidiu

em Junho último, legalizar a homossexualidade e romper com uma lei repressiva que data do tempo da colonização britânica. O Supremo Tribunal considerou que criminalizar a homossexualidade “constitui uma violação fundamental dos direitos humanos”. A decisão só é, para já, aplicável à união territorial de Deli, mas traz um sinal de esperança aos homossexuais daquela que é a maior democracia do mundo.

Comemorado primeiro “Gay Pride” da história da China Realizou-se em Julho, em Xangai, a

primeira semana “Gay Pride” organizada na China. Os organizadores excluíram qualquer manifestação em locais públicos. O programa da Semana do Orgulho Homossexual em Xangai incluiu um ciclo cinematográfico, exposições, e vendas com fins solidários, mas todos os eventos realizam-se em espaços privados, disseram os organizadores à imprensa. O jornal China Daily estima que existem na China cerca de 30 milhões de homossexuais, representando cerca de três por cento da população.

Que vai bater! Novembro 5 – Cinema: “Café da manhã em Plutão”, local: Cinema Scala (Maputo), horário: 18hrs- Entrada gratuíta. 20 – Papo1000, Tema: Violência Doméstica e Relacionamentos, local: Lambda, horário: 18hrs 28 – Man@’s Party, local: Bar Ferradura, horário: 22hrs

Dezembro 3 – Cinema: "Má Educação", local: local: Cinema Scala (Maputo), horário: 18hrs- Entrada gratuíta. 10 – Dia Intenacional dos Direitos Humanos 11 – Papo1000, Tema: Alcool e Drogas; local: Lambda, horário: 18hrs 12 – Man@’s Party, local: Bar Ferradura, horário: 22hrs M;ais info: www.lamdba.org.mz


Saúde

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África: Homofobia principal barreira na luta contra HIV

Circuncisão do HIV

Julho: Universidade de Oxford publicou em Julho úl-

o maior estudo sobre a questão feito nos EUA, a circuncisão, que tem ajudado a prevenir o Sida entre homens heterossexuais em África, não ajuda a proteger os homossexuais. O Estudo examinou cerca de 4.900 homens que tiveram sexo anal com um parceiro infectado pelo HIV e encontraram uma taxa de infecção de cerca de 3,5 por cento, que foi aproximadamente a mesma quer os homens fossem ou não circuncidados No entanto, o CDC está a considerar recomendar a circuncisão para outros grupos, incluindo rapazes e homens adultos heterossexuais de alto risco. A circuncisão é uma questão sensível carregada de significado cultural e religioso, especialmente quando estão envolvidos bebés.

por: Redacção

timo, um relatório resultado de uma pesquisa na qual indica que a hostilidade política, religiosa e social contra a homossexualidade são barreiras que geram segregação, perseguição e moléstia, resultando na propagação das práticas sexuais de risco. O Relatório refere ainda que o nível de secretismo constitui

ATLANTA Setembro 09 - Segundo

o nível de secretismo constitui uma barreira que gera confusão ou encobre os dados sobre relacionamentos homossexuais em África

uma barreira que gera confusão ou encobre os dados sobre relacionamentos homossexuais em África, mas sublinha que os riscos não estão limitados à co- bém se envolvem em relações munidade homossexual porque sexuais com parceiros de sexo a maioria destes homens tam- feminino.

RSA: Elevadas taxas de infecção entre gays no Soweto. Por:Redacção

Uma pesquisa realizada pela UCSF em homens que fazem

sexo com homens (HSH) no município de Soweto, na África do Sul revelou que um terço

dos homens que se identificam como homossexuais estão infectadas com o HIV. De um total de 378 participantes, 34,1 por cento identificaram-se como gays, enquanto que 30,4 por cento como bissexuais e 31,7 por cento, como héteros. Todos os participantes, com excepção de um, eram negros sul-africanos e provenientes de todas as etnias da África do Sul. O estudo analisou também questões como identidade e uso de álcool e drogas.

Verrugas venéreas Por: Marcos Benedetti

Gostemos ou não, a realidade é que as Infecções de Trans-

missão Sexual (ITS) ou Doenças de Transmissão Sexual (DTS) são muito comuns também entre as pessoas que fazem sexo com pessoas do mesmo sexo. Homens gays, mulheres lésbicas e pessoas bissexuais têm altas taxas de infecção por estas Infecções de Transmissão . Todos nós que fazemos sexo estamos sujeitos a apanhar alguma ITS caso não utilizarmos o preservativo cor-

não protege gays

Em relação a identidade, a identidade gay foi altamente relacionada com os indivíduos que assume o papel passivo durante a pratica do sexo anal, enquanto que as identidades bi e héteros aos activos. Os resultados já estão disponíveis na edição online da revista AIDS and Behavior e a sua publicação já está programada para o próximo número impresso da revista. um terço dos homens que se identificam como homossexuais estão infectadas com o HIV.

Apanhar Condiloma de uma pessoa infectada durante o acto sexual é muito fácil se não utilizarmos preservativo. No sexo entre homens, às vezes, basta o parceiro infectado encostar levemente o pénis no ânus do parceiro sadio para ocorrer a transmissão (ou vice-versa)

rectamente durante o acto sexual. Caso tenhamos uma ITS activa e que não foi tratada, esta infecção aumenta o risco de apanharmos HIV em relações sexuais sem protecção. Existem vários tipos de ITS. Cada uma delas tem suas particularidades, mas os sintomas mais comuns das ITS são: feridas, comichão, ardência, corrimento/secreção ou borbulhas nos órgãos genitais (pénis ou vagina) e/ou no ânus. A transmissão das ITS se dá pelo contacto sexual, isto é, sempre que tivermos relações sexuais sem protecção estamos em risco de apanhar uma ITS. Algumas ITS são de fácil tratamento e de rápida resolução. Outras, contudo, têm tratamento mais difícil ou podem persis-

tir activas, apesar da sensação de melhora relatada por pacientes. As mulheres, em especial, devem ser bastante cuidadosas, já que, em diversos casos de ITS não manifestam sintomas. Isso exige da mulher consultas periódicas ao médico. Algumas ITS, quando não diagnosticadas e tratadas atempadamente, podem evoluir para complicações graves, como a infertilidade, ou até mesmo a morte. Hoje vamos falar mais especificamente de um tipo de ITS que é o Condiloma Acuminado, também conhecido como verruga venérea ou couve-flor ou ainda simplesmente como condilomas. Continua pág. 8

Lésbicas: significa

baixo risco

SEM

NÃO

risco

Segundo os activistas na luta contra

o HIV, as mulheres lésbicas ainda continuam a ser negligenciada no concerne aos programas de prevenção contra o HIV. Este facto deve-se a crença de que as lésbicas não correm riscos de transmissão do HIV. Em todo o mundo existem poucos dados sobre mulheres lésbicas não obstante a problemática do acesso aos materiais de protecção como preservativos para os dedos ou “dental dam” – uma fina barreira quadrada feita de látex que é colocada sobre a vagina ou ânus durante o sexo oral para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.

EUA: Não

a terapias de con-

versão

A APA (Associação Americana de Psicologia)

publicou em Agosto último um relatório no qual proíbe aos profissionais de saúde a aplicação de terapias ou outras formas de tratamento em pacientes gays de modo a estes se tornarem heterossexuais. Segundo a APA não há evidência sólida de que essa mudança seja possível. De acordo com o relatório, alguns estudos sugerem até mesmo que esse tipo de esforço pode induzir à depressão e a tendências suicidas.


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Diversos Cont pág 7. :Verrugas venéreas

O Condiloma é causado por um vírus que se chama HPV (Vírus do Papiloma Humano), que provoca verrugas com aparência de couve-flor no pénis, na vagina ou no ânus. Estas verrugas podem ser tão pequenas no início da infecção que não é possível enxergá-las, mas já podem transmitir a doença a uma pessoa sã. Estas verrugas, geralmente, não provocam dor. Outras vezes, podem provocar comichão ou leve sangramento do local afectado, ou um pouco de ardência durante o acto sexual. Apanhar Condiloma de uma pessoa infectada durante o acto sexual é muito fácil se não utilizarmos preservativo. No sexo entre homens, às vezes, basta o parceiro infectado encostar levemente o pénis no ânus do parceiro sadio para ocorrer a transmissão (ou vice-versa). Se ocorrer penetração sem preservativo, o risco de transmissão é ainda muito maior! O Condiloma pode ser

Cont. pág DAR A CARA!

as acima de tudo têm de começar a sair do armário as figuras mais mediáticas, os artistas, políticos, escritores, músicos, desportistas. gays e lésbicas, figuras públicas nas mais diversas áreas existem, são conhecidos pela comunidade, mas escolhem viver escondidos (no armário). Em alguns casos a sua orientação sexual é de conhecimento geral, falado nos bastidores, mas preferem viver assim uma vida dupla sem perceberem que a sua posição lhes permite fazerem a diferença. Estes sim podem ter uma influência mais abrangente e acelerar o processo, mudando mentalidades e promovendo a aceitação e a nossa real inclusão na nossa sociedade. Não é apenas aos gays e lésbicas que cabe este papel de divulgar a causa, a mídia, os sociólogos e antropólogos, as

transmitido de uma pessoa a outra mesmo através do sexo oral (broche, minete e botão de rosa). No sexo entre mulheres também pode ocorrer a transmissão, tanto através do sexo oral quanto pelo contacto íntimo dos órgãos genitais (posição X). Por isso, companheiros e companheiras, sexo seguro é sempre a melhor escolha! Não importa com quem ou em que situação, o uso do preservativo e do gel lubrificante à base de água desde o início da penetração é obrigatório para qualquer pessoa que quer ter uma vida sexual sadia! O Condiloma é uma doença que pode ser tratada. O tratamento somente pode ser feito pelo médico ou profissional de saúde autorizado. Em geral, o tratamento do Condiloma é feito com remédios que se aplicam no local onde a doença se manifestou e, em casos mais graves, através de cirurgias. Quanto mais cedo a pessoa procurar atendimento médico, mais fácil será o tratamento! Se não forem tratados atem-

padamente ou correctamente, os Condilomas contribuem para aumentar os riscos da pessoa desenvolver cancro: nas mulheres, o Condiloma não tratado é uma das principais causas de cancro do colo do útero; e nos homens e mulheres, o Condiloma não tratado constitui uma causa importante do cancro de ânus. Estudos mais recentes também indicam que se o Condiloma não for tratado se torna num factor de risco para o desenvolvimento de cancro de pénis e do cancro de garganta (quando a transmissão ocorreu por sexo oral). E caso você tenha algum sinal de ITS, procure o médico imediatamente e incentive seus parceiros sexuais a procurarem o tratamento também. Não deixe a vergonha ser a causa de um problema de saúde muito maior! Cuide de sua saúde e ame você mesmo acima de tudo!

universidades, todos ver, ou conviver, com uma qualaqueles com responsa- quer trava (travesti) montada bilidade na promoção no dia-a-dia. Mas não nos enganemos, não de direitos humanos, todos fazedores de opi- é certo que isto aconteça. Elas nião tem o dever de estão quase sozinhas nesta luta, promover o debate, de e qual foi a verdadeira aceitaestudar o assunto des- ção que tiveram fora do palco, pidos de preconceitos no dia-a-dia, quando sobem no e à luz de uma tónica Chapa, quando andam na rua académica/científica. “montadas”? Quantas vezes são La Biba e La Santa são o insultadas? Este ano foi também um ano caso mais evidente de alguém que deu o passo em frente em importante em termos de visiMoçambique. Face às suas apa- bilidade do movimento, tivemos a participação rições públicas passaram a ..vamos dar a cara pelo de activistas na marcha do granjear ad8 de Março, miração de movimento e vamos participações muita gente. mudar Moçambique. de activistas Tor naram-se figuras públicas, ícones da nos- em programas televisivos e de sa cultura pop. Mas, qual a real rádio, lançamento do Portal da influência da visibilidade que comunidade, ciclo de cinema no tiveram. Intuitivamente pode- Scala, a participação em fóruns mos pensar que um qualquer sociais de discussão. Fica aqui cidadão que tenha passado por um chamamento a todos vamos cima do seu preconceito para dar a cara pelo movimento e vaadmirar La Biba e La Santa, se mos mudar Moçambique.■ possa sentir mais á vontade ao

Manual de sobrevivência gay

Dicas para evitar a violência anti-gay 1.Evite levar desconhecidos ou ga-

rotos de programa para casa. Prefira fazer programas em hotéis ou pensões; 2.Certifique-se de que a pessoa é maior de idade, (21 anos), lembre-se que a pedofilia é crime; 3.Procure informar-se sobre a pessoa com quem pretende sair. Prefira pessoas indicadas por amigos e só faça programas com ela depois de ter a certeza que são de confiança; 4.Nunca beba líquidos oferecidos por parceiros ocasionais. A bebida pode conter soníferos e outras drogas; 5.Se levar alguém para casa, não o esconda dos seus amigos. Mande uma sms avisando que está levando o fulano x para casa. Na hora dos makas, eles sempre são solidários; 6.Se for possível, não esconda que é gay. Isso evita chantagem e extorsão; 7.Não se sinta inferior. Não se mostre indefeso, evite demonstrar passividade, medo, submissão. Não cultive o tipo bofe, ou pelo menos não mostre que o valoriza tanto; 8.Não humilhe o parceiro. Não exiba jóias, riqueza ou símbolos de superioridade que despertem cobiça; 9.Saia apenas com o dinheiro suficiente para o programa e deixe os cartões de crédito e débito em casa. 10.Evite procurar companhia em salas de chat online e da Televisão, se o fizer não use o seu número pessoal, compre um cartão telefónico para o efeito e não se atire à primeira oportunidade, procure ter maior informação possível sobre com quem se está a meter; 11.Procure marcar os primeiros encontros em lugares públicos, como cafés ou restaurantes, desta forma fica protegido contra violência e avaliar melhor o carácter da pessoa; 12.Se o encontro for em sua casa, tranque a porta e esconda a chave. Não deixe armas, facas e objectos perigosos à vista, você é dono da casa e deve dominar a situação; 13.Quando for agredido ou chantageado, procure a polícia, em caso de agressão peça exame de corpo delito e denuncie o caso aos grupos de activistas homossexuais. Não tenha medo! ■


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