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#6 Fev./Mar. 2009 Breves Militante

Editor: Danilo da Silva* Maputo, Março de 2009 *Ano II * n.6

da

Lambda

Humanos.

Lambda promove curso de capacitação em liderança Por : Redacção A LAMBDA, promoveu de 19 a 24 de Janeiro último na cidade de Maputo, um curso de capacitação em Associativismo, Liderança, Direitos Humanos e Sexualidade. Estiveram presentes neste curso, activistas oriundos das províncias de Nampula, Sofala, Matola e Cidade de Maputo num total de 20 participantes. Este curso, financiado pelos parceiros da Lambda (HIVOS, Governo Holandês e Pathfinder), teve como objectivo desenvolver nos activistas, capacidades, habilidades e atitudes, dotando os participantes de instrumentos de base para a promoção dos direitos LGBTI em Moçambique.

uma boa experiência. Aqui aprendi muito sobre os meus direitos e sobre mim mesma como mulher lésbica, agora sinto que com este conhecimento poderei explicar aos outros...” Nelito participante da Beira diz que “ pouco sabia sobre os temas aqui tratados, acho que depois deste curso serei capaz de explicar ás pessoas os diferentes aspectos sobre a sexualidade... Queria agradecer á Lambda por esta oportunidade apelar para que haja mais formações destas” Esta capacitação é um processo contínuo, seguindo-se o acompanhamento dos participantes de forma que eles se transformem em verdadeiros agentes de mudança.

Nela, uma das participantes da Cidade de Maputo diz que “a formação proporcionou-me

Nesta Edição... Lambda Promove Curso De Capacitação Em Liderança pag 1 Sair do Armário -pag.3 Ficamos de fora das políticas de HIV - pag.6 ONU saúda protecção de homossexuais- pag.6 Amostra de Cinema Gay no Scala- pag.6 Hepatites - pag.8

Embaixada dos Paises Baixos apoia a Lambda A Embaixada dos Países Baixos em representação do governo Holandês, assinou em Dezembro último um contrato de financiamento com a LAMBDA, por um período de 3 anos. Este financiamento será usado para ajudar na implementação das actividades programadas no plano estratégico 2008 – 2010. O governo Holandês junta-se assim ao grupo de organizações e agências internacionais que apoiam a causa das minorias sexuais em Moçambique, como sejam a HIVOS, a Pathfinder e a PSI.

Deputada espanhola visita a Lambda

Lambda participa no curso de jornalismo do cidadão

Deputada Espanhola, Carmen Montón Gimenéz, aproveitou a sua visita de trabalho a Moçambique para visitar a Lambda.

A LAMBDA, participou em Novembro de 2008, conjuntamente com diversas organizações da Sociedade Civil das províncias de Maputo e Nampula, num curso de capacitação em jornalismo do cidadão promovido pelo Centro Terra Viva.

Montón foi uma das principais responsáveis pela recente apresentação e aprovação pelo governo espanhol da Lei sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Após interagir com alguns activistas, esta sentiu-se sensibilizada com a situação das minorias sexuais em Moçambique e mostrou interesse em manter contacto com a Lambda e, dar o seu apoio ao governo Moçambicano caso no futuro precise de expertise na área legislação sobre os direitos LGBTI.

Este projecto está de igual forma a ser implementado nos países da região com o objectivo de estabelecer uma rede de uso do jornalismo como instrumento de advocacia entre as organizações da sociedade civil da região.

Brasil Direitos

no

em intercâmbio sobre

O militante da Lambda Dário de Sousa, está desde Janeiro de 2009 no Brasil, a convite da Conectas a participar num interâmbio sobre direitos humanos. Este intercâmbio de 1 ano, tem por objectivo promover a consolidação da sociedade civil principalmente em países africanos lusófonos, sendo direccionado à formação de advogados e activistas de direitos humanos. Dário de Sousa formado em direito pela UEM é co-fundador da Lambda e exercia a função de assesor jurídico da mesma. Nigeria “engasga-se” ções Unidas

nas

Na-

O chefe da diplomacia nigeriana Ojo Madueke “engasgou-se” no dia 14 de Fevereiro, durante a sessão de apresentação, ao Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, da Revisão Universal Periódica sobre o estado dos direitos humanos do seu país. A sua apresentação que durou 3 horas, causou algum desconforto entre os membros do conselho quando este disse que o governo nigeriano tinha tentado, mas sem sucesso. localizar grupos de homossexuais de modo a que estes pudessem dar a sua contribuição ao relatório. De seguida um dos membros perguntou a Ojo, o porquê da Nigeria estar prestes a aprovar uma lei que condena a homossexualidade se este grupo não existe. Ojo não soube responder. A Revisão periódica para Moçambique esta marcada para 2011.... vamos ver se não se engasgam também! A

mana me disse que...

Corre pelos corredores de Bruxelas que um país apelidado de pérola do índico e que foi até loureado pela boa governação está com problemas em registar uma associação com nome de letra grega....xii! são makas esses.


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Editorial

Editorial

Direitos & Cidadania

Queridos leitores

(Estado laico)

Esta primeira edição do nosso boletim em 2009 começa com os melhores votos de um feliz ano a todos! Esperamos que 2009 seja próspero na afirmação dos nossos Direitos e na diminuição do preconceito no nosso país. Para isso é preciso que todos trabalhemos e lutemos continuamente para aumentar a visibilidade positiva das minorias sexuais em Moçambique. Nós cá deste lado estamos com toda a energia para fazer que esse sonho um dia se torne realidade.

1. A República de Moçambique é um Estado laico.

Nesta edição, trazemos como tema central Sair do Armário. Esta expressão de origem inglesa - comming out - é para nós gays, lésbicas, bissexuais e transexuais, muito mais do que um aglomerado de palavras com um significado engraçado. Estas três palavras significam um renascer, um grito de liberdade, um assumir do nosso eu para o mundo após anos de lutas internas e correndo o risco de sermos ostracizados e postos à margem da sociedade.

4. O Estado reconhece e valoriza as actividades das confissões religiosas visando promover um clima de entendimento, tolerância, paz e o reforço da unidade nacional, o bem-estar espiritual e material dos cidadãos e o desenvolvimento económico e social.

O Sair do Armário é primeiramente um acto individual, que inicia com as pessoas mais próximas, no qual assumimos os nossos desejos para nós mesmos sem nos sentirmos culpados ou envergonhados pelos nossos sentimentos e pela nossa maneira de ser. Porém, quando vista no contexto do colectivo, é um acto de afirmação política. Ela inicia, timidamente no nosso íntimo e vai progredindo até que tenhamos ganho a coragem de olhar para nós mesmos e aceitar o que somos, sentimos e queremos. E ao chegar a este estágio estamos prontos para assumir este novo ser publicamente. Alguns homossexuais da nossa comunidade não concordam que seja necessário que assumamos publicamente a nossa orientação sexual, justificando que nenhum heterossexual assume a sua heterossexualidade. Contudo, os heterossexuais não têm que fazê-lo; este mundo já pressupõe que todos sejamos heterossexuais. Mas para nós, é um acto político de afirmação da nossa identidade. Esta foi a principal estratégia usada pelos pioneiros dos movimentos homossexuais noutros países para garantir que a especificidade das minorias sexuais fosse respeitada pela sociedade e pelo Estado. Foi com uma maior visibilidade de indivíduos homossexuais e bissexuais que a realidade do preconceito e da discriminação começou a se transformar nesses países. Foi necessário dar cara à homossexualidade! A Lambda acredita que só uma maior visibilidade positiva das minorias sexuais pode produzir uma sociedade moçambicana mais justa e igualitária, onde os nossos Direitos são respeitados e garantidos a todos os níveis. Encorajamos e apoiamos todos aqueles que publicamente assumem a sua orientação sexual. Basta! Armário é para roupas! Em 2009 continuamos a apostar em actividades que tragam uma visibilidade positiva das pessoas LGBTI. Voltamos a relançar os nossos debates mensais, papo1000, introduzimos as amostras de cinema gay e não deixamos de fora as já conceituadas festas de final do mês, man@’ s Party.

2. A laicidade assenta na separação entre o Estado e as confissões religiosas. 3. As confissões religiosas são livres na sua organização e no exercício das suas funções e de culto e devem conformar-se com as leis do Estado.

Constituição da República de Moçambique (2004)

Glossário Bissexual

Indivíduo amorosamente, fisicamente e espiritualmente atraído tanto por homens quanto por mulheres. Bissexuais não precisam ter tido experiências sexuais equivalentes com homens e mulheres. Na verdade, não precisam ter tido qualquer experiência sexual para se identificarem como bissexuais. Heterossexual

Indivíduo amorosamente, fisicamente e espiritualmente atraído por pessoas do sexo oposto. Heterossexuais não precisam ter tido experiências sexuais com pessoas do outro sexo. Na verdade, não preci-

sam ter tido qualquer experiência sexual para se identificarem como heterossexuais. No

armário

Termo originado do inglês que denota um indivíduo que não divulga sua orientação sexual e frequentemente se esforça para que outras pessoas não venham a atestá-la. Uma vez que se trata de uma gíria – e, portanto, tem forte possibilidade de não ter o significado apreendido por todos os grupos sociais – recomenda-se, em seu lugar, a expressão não-assumido.

Ficha Técnica Publicação: As Cores do Amor Registo: 035/GABINFO-DEC/2008 Tiragem: 2.000

Temos consciência de que o caminho é longo e que toda a ajuda é bemvinda. É preciso que todos - gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e heterossexuais - ganhemos consciência e colaboremos para que haja menos discriminação contra os LGBTI no nosso país!

Preço: Distribuição Gratuita

Boa leitura e faça a informação circular. Quanto mais pessoas (heterossexuais, homossexuais e bissexuais) souberem da nossa existência, mais parceiros teremos nesta jornada.

Redacção: FlowersDream, Carmen Malawene, Thando M. , Marcos Benedetti, Danilo da Silva

Bom ano para tod@s Danilo da Silva

Morada: Rua Tomas Ribeiro nr 2, Bairro da Coop, Maputo, Moçambique telfax: 21 41 6266 email: ascoresdoamor@lambda.org.mz

Revisão: Igor Salvador Design Gráfico: Danilo da Silva Fotografia: Web


Artigo

Sair

do

Armário... ridicularizados, excluídos ou rejeitados pelos seus familiares, colegas, amigos e vizinhos. Alguns desses jovens crescem acreditando que, se se relacionarem com o sexo oposto e se casarem, os sentimentos e desejos homossexuais desaparecem. A realidade é que isso raramente acontece! O que acontece é que, à medida que os anos passam, o stress e a angústia de sentimentos e desejos reprimidos acumulam-se, com consequências traumáticas a nível psicológico e da vida familiar. Torna-se muito mais difícil ter que “sair do armário” quando já se é cônjuge ou pai ou mãe.

E

ste artigo é escrito para homossexuais (gays e lésbicas) e bissexuais de todas as idades que estão a pensar em tomar a difícil decisão de “sair do armário”. “Sair do armário” é um processo de compreensão, aceitação e valorização da sua orientação sexual. “Sair do armário” inclui explorar a sua própria orientação sexual e depois partilhá-la com outras pessoas. Isso significa enfrentar as atitudes e reacções da sociedade em relação aos homossexuais e bissexuais, atitudes essas geralmente baseadas no princípio de que todos são heterossexuais e que, por isso, tratam de forma negativa o “ser diferente da norma”. Assim, criam-se os “armários” onde os homossexuais e bissexuais são levados a esconder a sua orientação sexual. O processo de “sair do armário” é um processo muito pessoal e diferentes pessoas fazem-no de forma diferente e em alturas diferentes. Algumas pessoas apercebem-se da sua orientação sexual bastante cedo na sua vida. Outras, só muitos anos mais tarde. “Sair do armário” pode ser um processo longo e, algumas vezes, dura toda a vida!

A

decisão de

“sair

do armário”

Ninguém sabe ao certo porque Porque é que eu quero “sair do uns seres humanos são homos- armário”? Esta é a questão mais sexuais e outros heterossexu- importante que tens que fazer a ais. Há muitas teorias, que usam ti próprio! Se a tua resposta for: desde os argumentos genéticos “Porque não tenho vergonha do até aos socio-familiares. As evi- que sou”, ou “É impossível ser dências mais predominantes in- uma pessoa feliz e realizada se dicam que factores genéticos jo- continuar a reprimir e escongam um papel fundamental em der a minha sexualidade”, ou determinar a nossa sexualidade “Quero ter a possibilidade de (orientação sexual), da mesma conhecer e conviver com ouforma que são fundamentais em tros homossexuais”, então vais “sair do armário” determinar se somos Para muitos pelas razões certas. canhotos ou albinos. O jovens homossexuais e No entanto, se o teu que nós sabemos é que bissexuais, objectivo for o de ninguém escolhe a sua a adolescência é uma magoar ou chocar as sexualidade! fase de ansiedade e pessoas, pensa duas medo. vezes, porque tu é Crescendo homossexual ou bissexual que vais acabar por sair magoado! Para muitos jovens homossexuais e bissexuais, a adolescência Há muitas maneiras de dizer a é uma fase de ansiedade e medo. outra pessoa que és homossexuNão se divulgam modelos posi- al ou bissexual. Podes escolher tivos de homossexualidade e há um amigo, um membro da tua muita hostilidade social contra família que tu achas que vai enos homossexuais assumidos. Os tender-te melhor, ou um outro jovens homossexuais e bissexu- homossexual. Mas a primeira ais cedo apercebem-se que não pessoa a quem tu tens que ter a são como a maioria dos jovens à coragem de dizer que gostas de sua volta e, por isso, tornam-se pessoas do mesmo sexo e que fechados e tristes, muitas vezes não há nada de errado com isso convencidos de que são anor- és tu próprio!! mais e os únicos nessa situação. Aprendem a esconder os seus “Sair do armário” para ti próprio sentimentos verdadeiros e a agir como os outros esperam Os primeiros passos para “saíque eles ajam, para não serem

res do armário” são reconhecer a tua própria orientação sexual e esforçar-te para tu próprio a aceitares! Muitos de nós julgamos que esses sentimentos e desejos “estranhos” são apenas uma “fase” e que eventualmente passarão. No entanto, com o tempo, verificamos que não se trata de “fase” nenhuma e que eles estão connosco para ficar e por isso temos que encontrar uma forma de aceitar e gerir o facto de gostarmos de pessoas do mesmo sexo! Alguns descrevem este período de descoberta como um turbilhão emocional. Um dia achamos que temos a coragem de dizer a todo o mundo o que sentimos; no dia seguinte estamos confusos, com medo e aliviados por não termos contado a ninguém! Nesta fase, ajuda ter alguém que já tenha passado pelo mesmo e com quem possamos conversar abertamente! Também é importante entender a orientação sexual como uma linha contínua em que, num extremo, encontramos as pessoas que se sentem atraídas exclusivamente por pessoas do sexo oposto (heterossexualidade), e no outro extremo, encontramos as pessoas que se sentem atraídas exclusivamente por pessoas do mesmo sexo (homossexualidade). Entre esses dois extremos, encontramos as mais variadas formas de bissexualidade. O processo de reconhecer a tua orientação sexual, seja ela qual for, começa por saberes determinar em que ponto dessa linha contínua a tua sexualidade se encontra. Aqui, “sair do armário” tratase, sobretudo, de um processo de auto-análise e de auto-aceitação! Para tal, tenta pensar em todas as pessoas homossexuais e bissexuais que contribuem para o bem da sociedade nos seus países, nas mais diversas áreas, desde a cultura e o desporto até à política e à ciência. Isto não significa fechar os olhos aos preconceitos, discri-

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Artigo minação e mitos negativos que existem na sociedade em relação a pessoas como tu. No entanto, deves olhar para esses factores negativos como um problema de falta de conhecimento por parte da sociedade e não como um reflexo da tua identidade ou orientação sexual! Há muitas coisas a considerar quando se pensa em “sair do armário”. Deves, acima de tudo, pensar nos resultados positivos da tua decisão: maior auto-estima, mais honestidade na tua vida, para ti próprio e para os que te rodeiam, e um sentimento mais forte de integridade pessoal. Há também um respirar de alívio e um baixar de tensão ao deixarmos de tentar esconder ou negar uma parte tão importante da nossa vida! “Sair do armário” leva-te a uma maior liberdade de autoexpressão, um sentimento positivo em relação a ti próprio e a relações mais honestas e saudáveis com os que te rodeiam e que são importantes para ti! “Sair

do armário” para outros

homossexuais ou e bissexuais

Muitas vezes, depois de passares pelo processo de auto-análise e de auto-aceitação, sentes a necessidade de revelares a tua orientação sexual a outras pessoas. Normalmente, é aconselhável abrires-te primeiro com aqueles que, à partida, vão entender-te e apoiar-te: outros homossexuais ou bissexuais. Muitos deles já passaram por esse processo e a troca de experiências sobre “sair do armário” e ser homossexual pode ajudarte a evitar erros e a combateres sentimentos de isolamento, anormalidade e vergonha. No entanto, podes não conhecer nenhum homossexual ou não te sentires à vontade para te abrires com alguém com quem não tens confiança ou intimidade. Por isso, muitos homossexuais preferem abrir-se primeiro com um heterossexual amigo, colega ou familiar. “Sair

do armário” para os    heterossexuais

Este é, possivelmente, o passo mais difícil no processo de “sair

do armário”, porque é aqui que Se decidires abordar o assunto é mais provável encontrares cara-a-cara, nunca o faças de consequências negativas, como forma apressada ou no meio de a incompreensão e a rejeição. uma ocasião inapropriada. DePor isso, é aconselhável enfren- ves sempre explicar o processo tar este passo de olhos e coração de auto-análise e auto-aceitação abertos. Tens que compreender por que passaste, não deves esque muitos heterossexuais vão conder os teus receios de ser ficar chocados ou confusos com rejeitado por eles e sê claro a tua afirmação de que Não existe uma regra que a tua intenção és homossexual ou única sobre a melhor não é magoá-los, bissexual e vão pre- forma de comunicar à mas sim ser honesto cisar de algum tempo para contigo prótua família para “digerirem” essa que és homossexual ou prio e para com eles. bissexual. informação e habituEscuta sempre com arem-se a esse facto. atenção o que eles Muitas pessoas também não tiverem para te dizer – mesmo têm informação suficiente so- que seja doloroso – afinal tratabre o que realmente significa se de uma conversa e não de um ser homossexual ou bissexual e discurso da tua parte! essa falta de conhecimento inHá várias reacções típicas que fluencia a sua reacção. os pais têm, quando um filho ou “Sair do armário” pode ser uma filha lhes revela que é homosexperiência mais positiva se tu sexual ou bissexual: “Tens a estiveres seguro da tua sexua- certeza? Como podes ter a cerlidade e sentires menos neces- teza que não é uma coisa passasidade da aprovação dos outros geira?”, “Ainda és muito jovem. em termos da tua auto-estima. Isso há-de passar-te!”, “Tens Por isso, não é aconselhável “sa- que andar com mais raparigas íres do armário” num momento (ou rapazes)!” É útil antecipade auto-dúvida ou de fraqueza res que tipo de perguntas os emocional. teus pais poderão colocar-te e preparares calmamente as resSe decidiste dizer à tua família, postas mais adequadas. Evita talvez seja melhor falar primeidar resposta confrontacionais. ro com a tua mãe (a experiência Tenta educá-los de forma posimostra que as mães são, nortiva e construtiva sobre a sexumalmente, mais abertas e realidade. Mas, para tal, tens que ceptivas) e, se a sua reacção for te educar a ti próprio primeiro! positiva, pedir-lhe que te ajude a abordar o assunto com o teu E agora…? pai. Muitas vezes, os Há várias reacções irmãos são um bom típicas que os pais têm, OK, já “saíste do armário”! Normalmente, ponto de partida quando um filho ou porque, por serem filha lhes revela que é ou te sentes à beira de jovens, poderão en- homossexual ou bisse- um precipício, ou sentender melhor a ho- xual: “Tens a certeza? tes vontade de dançar e pular, dependendo mossexualidade e a das reacções que encontraste! bissexualidade. A maior parte das pessoas que Não existe uma regra única “saíu do armário” descreve uma sobre a melhor forma de cosensação de euforia e de ter timunicar à tua família que és rado um peso enorme de cima homossexual ou bissexual. Se de si! Seja qual for a reacção, vives longe da tua família ou se nunca te sintas culpado! Não tens motivos fortes de esperar fizeste nada de errado! dela uma reacção muito hostil ou negativa, talvez seja melhor Lembra-te que a tua família escreveres primeiro uma carta. e os teus amigos podem estar Escrever uma carta ajuda-te a com medo que tu tenhas mudacompor as tuas ideias e a esco- do radicalmente, que já não selher cuidadosamente a lingua- jas a mesma pessoa. Deves usar gem a usar e também dá tempo todas as oportunidades para à tua família de reflectir e “ar- lhes assegurar que continuas a refecer” antes de um encontro ser o mesmo e que se mudaste, foi para melhor e apenas para te cara-a-cara.

sentires mais verdadeiro, completo e feliz. Muitas pessoas encontram reacções bem positivas: “Estamos muito satisfeitos por teres tido a coragem de nos dizeres” ou “Há muito tempo que suspeitávamos e só estávamos à espera que nos confirmasses”. Inclusivamente, alguns homossexuais tiveram a seguinte reacção da outra pessoa: “Eu também sou gay!”. Noutros casos, os pais recusamse a falar no assunto e fingem que a conversa nunca teve lugar. A melhor coisa a fazer é continuares a viver a tua vida normalmente. Um dia, eles próprios sentirão a necessidade de te falar de novo sobre o assunto. Mesmo que tenham reagido mal, não desesperes. É normal: tens que compreender que eles estão a passar por um conjunto de emoções difíceis como choque, dor, culpa, desilusão, sentimento de perda, etc. Mas o tempo acaba por curar tudo! Se a rejeição vier daqueles que julgavas serem teus amigos, pergunta-te a ti mesmo se amigos verdadeiros se recusariam a compreender-te e apoiar-te num momento destes e se realmente precisas desse tipo de pessoas como teus amigos. A resposta é não! Por isso, não percas mais tempo com eles! Amigos novos e verdadeiros virão! Poderás encontrar também situações em que não há rejeição, mas também não há aceitação completa. São aqueles casos em que a tua família diz aceitar-te como gay, mas não aceitam que tenhas um parceiro ou que apareças com o teu namorado em casa deles. Ou casos em que toda a família sabe que és lésbica, mas continuam a perguntar pelo namorado ou querem saber quando vais casar-te (com um homem) e ter filhos.


Artigo Aconteça o que acontecer, nunca te esqueças: não há nada de errado contigo, não fizeste nada de errado, o melhor caminho é sempre para a frente e família é família e rara é a família que rejeita totalmente e para sempre um membro seu por ser homossexual! Depois, chega uma altura em que é tempo de parar de falar e de passar a viver a (nova) vida como sempre sonhaste e desejaste, explorando a tua sexualidade de forma segura e confiante! Lembra-te sempre que, apesar dos estereótipos, não há uma forma única de ser homossexual ou bissexual. Deves viver e expressar a tua sexualidade da forma que melhor entenderes e que mais se adequar à tua personalidade e aos teus objectivos e valores de vida. Conclusão

Ao “saíres do armário” para outras pessoas, toma o seguinte em consideração: Pensa no que tu queres expressar e escolhe cuidadosamente o local e a altura exactos para o fazeres. Tem sempre em mente a situação da pessoa com quem te queres abrir. A melhor altura para ti pode não ser a melhor altura para ela. Aborda o assunto honestamente e lembra à outra pessoa que tu não deixaste de ser o mesmo indivíduo que eras no dia anterior. Fica preparado para uma reacção negativa inicial. Não te esqueças que mesmo tu levaste algum tempo a compreender e aceitar a tua própria sexualidade. Por isso, é importante dar aos outros o tempo necessário para te compreenderem e aceitarem. Pede aos teus amigos que já sabem da tua situação para te darem apoio moral logo a seguir a teres este tipo de conversas. Não percas a esperança se a reacção inicial for negativa ou não for aquela que tu desejavas ou esperavas. Os preconceitos sociais fazem com que certas pessoas levem mais tempo a di-

gerir este tipo de informação.

Dicas para os meus amigos heteros...

Acima de tudo, não deixes que a tua auto-estima dependa inteiramente da aprovação dos outros em relação à tua pessoa! Se alguém te rejeitar e se recusar a fazer um esforço para te aceitar, não é culpa tua! Pensa positivamente e parte o princípio que esta rejeição inicial pode vir a inverter-se quando a outra pessoa se habituar à ideia de que tu és homossexual ou bissexual. Se essa pessoa não mudar com o tempo, é altura de reavaliares a tua relação com essa pessoa e decidires se ela é realmente importante para ti. Lembra-te sempre que tu tens o direito de ser quem tu és e tens o direito de o dar a conhecer e de ser aberto sobre todos os aspectos da tua identidade como pessoa, incluindo a tua orientação sexual, e em caso algum a rejeição por parte de uma outra pessoa significa que tu não tens valor!

Desde que contei aos meus amigos acerca da minha orientação sexual, comecei a sentir que para eles era difícil abordar certos assuntos, e, quando abordavam, faziam-no de forma algo ofensiva.

A decisão de “sair do armário” é sempre uma decisão muito pessoal! Sair ou não sair e quando, onde, como e para quem sair são questões para as quais só tu podes encontrar as respostas! Tens que ter o controlo completo deste processo, por isso tens que tentar antever todas as suas potenciais consequências para poderes reagir positiva e não defensivamente! “Sair do armário” será, sem dúvida, uma das decisões e acções mais difíceis da tua vida, mas pode ser também uma das mais gratificantes! “Sair do armário” é uma forma de afirmares a tua dignidade, a tua personalidade e a tua individualidade! E lembra-te sempre de que nunca estás sozinho! Há uma comunidade homossexual e bissexual pronta para te apoiar! Esperamos que este artigo te ajude a tomar as tuas decisões. Há muitos outros tópicos relacionados com o “sair do armário” que não foi possível abordar aqui, tais como o “sair do armário” no local de trabalho, o “sair do armário” e a religião, etc. Esperamos poder abordálos em próximas ocasiões.

Eu como não queria perder as minhas amizades, pensei que talvez pudesse dar-lhes umas dicas de como conversar-mos sem ofensas. Aí pensei que talvez existissem mais pessoas como os meus amigos, que tem amigos, irmãos, filhos, parentes ou simplesmente conhecidos homossexuais e não sabem se devem fazer “aquela pergunta”. Este é o resultado da minha reflexão, espero que ajude a diminuir o stress no diálogo hetero-homo. “Pode-se curar?”(ophaaa!) Apesar de várias religiões não aceitarem ou discriminarem homossexuais, a ciência já comprovou que a homossexualidade não é uma doença. É apenas uma caracteristica biológica do indivíduo. Logo, assim como existem heterossexuais “bons” e “maus”, também existem homossexuais “bons” e “maus”. A sua personalidade, suas qualidades e defeitos; nada têm a ver com a sua orientação sexual. É importante frisar isso pois muitos atribuem defeitos ou imperfeições humanas como sendo derivadas da homossexualidade. Quem é homem, quem é mulher? (xiii, realmente, pisaste nos calos....) Nas relações homossexuais, não existe a bi-polaridade que existe nas relações heteros. Troca de género Não vá logo tratar ele por ela e ela por ele sem mais nem menos. O mais correcto é perguntar á pessoa: “Como queres que eu te trata-te?” Uso de palavrões, existe algum problema? (nem penses!!!) Com certeza. Palavrões são recheados de simbologia ofensiva. Nunca se refira ao seu amigo ou amiga por meio de palavrões construídos pela sociedade. Todos eles são difamatórios e, geralmente, carregados de preconceito. Ao invés de dizer que tem um amigo “maricas”, “paneleiro”, “bicha” ou “fufa”, prefira sempre os termos “gay” ou “lésbica”. O primeiro, para tratar tanto o homem quanto à mulher homossexual. São politicamente correctos e bem mais aceites. Uso de expressões como: “Acho que devias largar essa vida...” (na na ni na na!...) Imagina que te dizem para gostares de alguém do mesmo sexo? E se essa pessoa insistir muito, tu começas a gostar? Acredito que não, logo, não insistas para que o teu amigo(a) goste do sexo oposto. Para além de estares a ser inconveniente, não obterás resultado algum. Caso ele ou ela decida sair com alguém do sexo oposto, isso partirá de seu íntimo. Portanto, se a ideia e o desejo não partir dele ou dela, o teu comentário pode ofender e ainda transmitir a ideia de que tu não o(a) aceitas. A homossexualidade, em si, pode ir contra os teus princípios, mas se estás a ler este texto é porque quer aprender como tratá-la de forma coerente. Pense nisso. Mesmo porque o que é bom para ele ou ela , não tem de ser para ti, e vice-versa. Respeito acima de tudo.

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Noticias

Ficamos de fora das políticas de HIV!!! (por enquanto….) Por: Redacção

Ao longo de 2008, o governo de Moçambique criou o Grupo Nacional de Referência em Prevenção do HIV, com o objectivo de elaborar a Estratégia Nacional de Aceleração da Prevenção do HIV, que foi lançada no dia 01 de Dezembro de 2008. Para elaboração deste documento, formaram-se Grupos Técnicos segundo áreas definidas como prioritárias para a aceleração da prevenção do HIV. Um destes, o Grupo de Alto Risco, cujo objectivo era identificar populações prioritárias e recomendar acções de prevenção a serem tomadas no âmbito da Estratégia Nacional de Aceleração da Prevenção. A Lambda participou activamente nos encontros do Grupo de Alto Risco, actuando tecnicamente para a inclusão do grupo dos Homens que fazem sexo

com Homens (HSH) como uma das populações prioritárias. Os HSH são uma população reconhecidamente mais vulnerável para a infecção pelo HIV, entre outros factores, devido ao preconceito que provoca um menor acesso aos serviços de prevenção e cuidados. Internacionalmente recomenda-se que os países desenvolvam acções específicas para este grupo. O nosso país é signatário da Declaração de Compromisso da UNGASS, um documento das Nações Unidas segundo o qual os países comprometemse a dar prioridade às questões do HIV/SIDA, no qual está expresso o compromisso de desenvolver acções específicas para HSH. Contudo, mesmo após toda a argumentação técnica realizada pela Lambda e pelos parceiros do Grupo de Alto Risco, os HSH foram retirados da Estratégia Nacional de Aceleração da Prevenção do HIV. Quando o documento técnico foi submetido à aprovação no Conselho de Ministros, nossos ilustríssimos governantes não aceitaram os grupos indicados segundo cri-

ONU saúda protecção de homossexuais no Burundi Por: Carlos Araújo, da Rádio ONU em Nova Iorque O director-executivo do Onusida, Michel Sibidé, disse que a decisão do parlamento burundês de rejeitar um projecto de lei que criminaliza a homossexualidade deveria ser seguida por outros países. O Programa Conjunto da ONU sobre HIV-Sida, Onusida, saudou a decisão do senado no Burundi de rejeitar por maioria esmagadora um projecto de lei que visa proibir a homossexualidade. Os deputados naquele país da África Central votaram contra uma emenda ao código penal que incluia cláusulas para a detenção de pessoas envolvidas em relações homossexuais.

O director-executivo do Onusida, Michel Sibidé, disse que os deputados do Burundi tinham protegido os direitos humanos da população do país. Ao rejeitar uma lei que impede uma resposta eficaz à epidemia do Sida, o parlamento burundês deu um exemplo que deveria ser seguido por legisladores de outros países, afirmou. A agência da ONU salientou que a criminalização de actos sexuais consensuais entre adultos constituía uma violação dos direitos humanos e impedia o acesso a tratamento de pessoas que vivem com o HIV. Num comunicado, o Onusida

térios técnicos e reformularam completamente o teor do documento, demonstrando infelizmente mais uma vez que o poder político não reconhece a nossa existência e aumentando a nossa vulnerabilidade à infecção pelo HIV. Apesar de sermos cidadãos que contribuem para a construção do país, o governo deliberadamente não quis reconhecer que os HSH merecem programas específicos de prevenção ao HIV, revelando uma ideia extremamente preconceituosa sobre a homossexualidade. Mais uma vez o governo moçambicano demonstrou não ser democrático, não reconhecendo a diversidade que caracteriza o nosso país e que poderia beneficiar-nos com mais acesso a programas de saúde e prevenção. Neste sentido, o governo merece nossa desaprovação! Uma vaia ao Conselho de Ministros! A Lambda, entretanto, não desistirá de sua missão de fazer valer os nossos direitos, seja perante o Estado, seja perante a sociedade. Nós existimos e exigimos respeito e inclusão!

referiu ainda que tais actos estigmatizavam as comunidades homossexuais. 84 países possuem actualmente legislação que proíbe relações entre pessoas do mesmo sexo. A agência nota que os estados que não discriminam contra homossexuais, consumidores de droga e trabalhadores de sexo têm maior acesso a prevenção e tratamento do HIV.

Pub Mafalala Libre promove noites GLS Por : Redacção Pela primeira vez em Moçambique, uma casa nocturna promove noites para a comunidade gay e seus amigos. Mafalala Libre, aberto muito recentemente, lança apartir do dia 5 de Março, todas as quintas-feiras, NOITES GLS. Nuno Fonseca proprietário da casa considera que este será um passo importante para que a questão da homossexualidade deixe de ser tabu na sociedade e passe a ser encarada de forma normal. Perguntamos se não tinha receio que este tipo de evento afugentasse a clientela: “ a malta jovem que frequenta a casa entende essas coisas o problema são os cotas deles... e todo mundo que estiver aqui nas quintas tem de respeitar quem estiver dentro” disse Nuno. Fizemos uma visita ao local, não dá para negar, o lugar é um luxo mesmo. Tem um ambiente lounge com música de fundo e um bar super apetrechado, oferece ainda espectáculos ao vivo e preços acessíveis. A comunidade LGBTI agradece e promete promover e manter-se fiel à casa. Afinal amigos assim é que a gente precisa. Força Nuno você é um amigão...e que Mafalala seja mesmo libre (livre) Endereço: Av. Mao Tse Tung nr 911 ao lado da F5.

Amostra de cinema gay no Scala Por: Redacção A Lambda estabeleceu um parceria com o CineClube Komba Kanema, para durante este ano de 2009, promover sessões de cinema abordando temas como a sexualidade, os direitos humanos e o HIV/SIDA. As sessões de cinema, terão lugar na primeira sextafeira de cada mês no Cinema Scala, localizado na avenida 25 de Setembro na baixa Maputense. Após cada sessão será promovido um debate de aproximandamente 45 minutos abordanto assuntos levantados durante filme. Afinal o escurinho do cinema também serve para cultivar o cêrebro, vamos nessa menin@s.


Letras Um pouco de mim....

Tchingar – O Conto

por: Glamorous boy.

Por: Flowersdream

Eu sou Glamorous boy. De uma forma resumida vou falar um pouco mim. Sou estudante e faço parte da comunidade LGBTI, tenho 19 anos, e sou residente em Maputo. Não sabia o que era exactamente na altura que tudo começou, só sei que desde o inicio da minha adolescência eu sentia uma atracção tanto por homens como por mulheres . Iniciei a minha vida sexual com mulheres, mas um dia tive relações sexuais com um homem. Não falamos no assunto e o tempo foi passando. Desde aquele dia nada falamos, mas dentro de mim, na minha cabeça as coisas ficavam mais confusas com o passar do tempo. E eu me perguntava o que estava acontecendo comigo? Pensei que tinha sido somente um fatídico episódio. A cada dia a confusão aumentava, eu não podia gostar de homens. Eu não era maricas. Hoje já entendo que gosto das duas coisas, tanto de homens como de mulheres. Aprendi que esse sentimento chama-se bissexualidade e que não tem nada de errado comigo. Eu não fiz nenhuma escolha, sou assim, nasci assim embora tenha sofrido, hoje me conheço. Já sofri o preconceito por andar com homens, não me importa o que dizem sou feliz assim e assim que será para sempre. Dou graças a Deus por agora ter conseguido descobrir a minha orientação sexual e espero que um dia os meus pais encarem e apoiem a minha maneira de ser. Espero que esse pequeno texto sirva de incentivo para que as pessoas possam abrir-se e expressarem os sentimentos e que não sofram porque o tempo do sofrimento já passou.

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e repente pela manhã, o bairro todo sabia que o meu irmão perdera a vida na noite passada. Senhoras da igreja enroladas em capulanas de tom escuro a condizer com o sucedido e Senhores de balailaicas rotas ainda a balbuciar cabelos despentiados ....... vieram cá em casa fazer xicongoto aquilo que na língua de Camões quer dizer Reza. Ali dentro da sala, por pouco chamava lagoa dos murmúrios por tanta lágrima que ajudou a limpar a ramela que carregavam nos olhos naquela manhã. A casa era espaçosa, se calhar por isso se fazia ouvir eco de choros destorcidos misturados com aquelas canções melancólicas da igreja. A tarde chegava, tios e tias da parte do papa chegavam com

ares de esfomeados, cada um com seus enésimos filhos. Da parte da mama era o mesmo. As tias juntaram se debaixo da grande Mafureira, uma delas grita: - Cunhadinhooo... unga buya..... Ela chamava a minha cunhada a viúva do meu irmão. Pensei comigo... [agora vai começar o sermão]. Não sei ao certo, o que ficaram a palavrear mas tenho uma vaga ideia. De longe o meu tio mais velho chama-me, lá estava eu indo para a sala onde estavam todos tios da família. -Tu ai seu filho de pato! Vê lá se ficas Homem para lavar a família. Essa frase foi proferida por um primo meu que mal sabe governar a própria vida, com

A Chamada Chamo-vos por serem iguais a mim.

GLAMOROUS BOY

Chamo-vos por estarmos numa mesma “batalha” Chamo-vos porque sei que fazem parte da comunidade Gay igual a mim Chamo-vos bem alto Chamo-vos forte...

Priscilla A rainha do deserto

Meu chamado é cheio de desespero Desespero implantado pela falta de união nossa Comunidade.

Por: Redacção

Se fazemos parte de uma mesma comunidade, Porquê vivemos alheios aos problemas que afligem tanto a mim quanto a ti? Porquê continuar vivendo isolados? Isolados como se tivessemos naufragados e, Se estivessemos refugiados em Ilhas no meio do Oceano. Oh querid@! Ouve o meu chamado!

Com um contrato para realizar um show de Drags nos confins do deserto australiano, Bernadette (Stamp), Tick (Weaving) e Adam (Pearce) têm cada um o seu motivo para querer deixar a segurança de Sydney. Baptizando o seu autocarro de excursão com o nome de “Priscilla”, essas elouquecidamente divertidas rainhas do drama

dirigem-se ao deserto... onde suas espectaculares aventuras são ainda mais fantásticas do que os trajes. Venha os Scala morrer de rir com estas 3 loucas. Terence Stamp, Hugo Weaving, Guy Pearce, Bill Hunter Ano:1991 Duração: 2:35:1

Junte-te a mim... Traz a tua Ilha para o meu lado Eu, de certeza levarei a minha Ilha para a tua direcção Junte-te a mim que unidos alcançaremos o respeito. Respeito por mim Respeito por ti Respeito, porque nós 2 somos SERES HUMANOS

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Hepatites: Prevenir é melhor do que remediar…. por Marcos Benedetti

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Hepatite é uma infecção do fígado, que pode ter causas virais ou tóxicas (neste caso, provocadas por medicamentos, drogas ou álcool). As Hepatites virais são transmitidas de uma pessoa a outra e podem evoluir para Hepatite crónica, cirrose ou cancro de fígado, se não forem diagnosticadas e tratadas atempadamente. Há vários tipos de Hepatites causadas por vírus, sendo as mais comuns a Hepatite A, B e C. Esta doença é uma séria preocupação de saúde pública em muitos países e estima-se que existam 325 milhões de doentes crónicos de Hepatite em todo mundo. A região da África Subsahariana é considerada como a região com mais alta incidência do mundo. Os gays e lésbicas estão especialmente vulneráveis às Hepatites Virais, tanto pelas práticas sexuais que realizam quanto pela eventual variabilidade de parceiros sexuais.

A Hepatite A é a forma mais ter sintomas, ou seus sintomas branda da doença e é transmi- podem ser facilmente confunditida através de água contami- dos com os de qualquer infecnada com fezes ou do contacto ção: fadiga, perda de apetite, directo com fezes, o que pode febre. Apenas 35% das pessoas acontecer durante o anilingus infectadas pelo vírus da He(sexo oral no ânus, também co- patite B desenvolvem icterícia nhecido por botão de rosa ou (amarelão), que é a coloração beijo negro). A Hepatite A é amarelada da pele, das mucosas mais frequente em regiões com e dos olhos. A Hepatite B pode pouco acesso ao saneamento. ser tratada até a cura complePor isso é fundamental lavar as ta, ou se não for tratada pode mãos após usar a casa de banho, evoluir para uma Hepatite fulou lavar bem e desinfectar os minante ou, mais tardiamente, alimentos crus (frutas e verdu- para cancro de fígado. ras) em uma solução A Hepatite C, a forma de água com lixívia. ...estima-se que existam mais grave da doença, Também recomen- 325 milhões de doentes crónicos de Hepatite em é transmitida princida-se usar protecção todo mundo. palmente pelo sangue, para a prática do anina partilha de agulhas lingus. e seringas, por exemplo. Por A Hepatite B é transmitida isso, tenha muito cuidado com através do sangue, do sêmen, tratamentos em médicos tradido fluido vaginal, da mãe grá- cionais e tatuagens, exigindo o vida para o filho, mas também uso de material novo e descaratravés da urina, da saliva e das tável e, se você usar drogas infezes. A Hepatite B é a forma jectáveis, nunca partilhe serinda doença mais comummente gas e agulhas. transmitida durante as relaPor isso, se avalia que se expôs ções sexuais. O vírus causador a algum risco, procure um hosda Hepatite B é potencialmente pital ou centro de saúde. Soli100 vezes mais infectante que o cite os exames de detecção da HIV (causador da SIDA), por Hepatite (é um exame de sanisso, compartilhar escovas de gue) e caso seja positivo, siga dente, corta-unhas ou apareo tratamento que, dependendo lhos de barbear com uma pesdo estágio da doença, pode ser soa infectada também oferece muito simples. Pessoas infectarisco. A Hepatite B pode não

duas mulheres em casa dos pais e quatro filhos, o pior nem emprego consegue arranjar. Pronto sentei-me no chão.

- Tenho os meus direitos, desde que sou pessoa vivo no mesmo mundo que vocês tenho que escolher o que é bom pra mim.

- Hummm...Tu sabes que vocês eram dois, falecido tinha N’sati mais um filho!

De súbito surgiu a voz de um dos tios num exalta que eu já estava a espera.

- Já u swi khomile leswi ni khanelaka swone??

-Como! Nada disso você não tem direito de escolha aqui, tchinga a moça e acabou.

Estavam a falar do meu sobrinho que tanto amo, sabem eu suspirei, gelei quase chorava, estavam a dizer indirectamente que tenho que tchingar a minha cunhada. Tchingar alguém é fazer amor duas noites com intervalo de uma noite com a viúva do seu parente ja falecido para que a relação inter-familiar seja saudável. Não consigo me imaginar pelado dentro de quatro paredes com ela, o pior fazer o coito ( Haaaaaa). Tive que intervir em minha defesa.

-Yaaa... khasi qual é o progulema de voçê “comer” cunhadinha. Loko eli mine!!!!! comia estupidamente... Todos ficaram a apontar me, ora porque eu não conseguia com as mulheres ora porque .....ora porque .... (continua....)

das não podem doar sangue. Uma boa alternativa para a auto-protecção é a vacina contra a Hepatite B, altamente eficaz. A vacina contra a Hepatite B tem três doses, que normalmente são administradas no esquema 0-30-180, isto é, após a primeira dose, a pessoa toma outra 30 dias depois e a terceira dose 180 dias após a primeira aplicação. Ainda não existe vacina contra a Hepatite C. Mas o melhor mesmo é se prevenir através da prática de sexo seguro. Lembre-se: em qualquer relação sexual, utilize sempre a camisinha desde o início da penetração e quando fizer ou receber sexo oral, tanto no pênis quanto na vagina ou no ânus, procure utilizar uma barreira, por exemplo uma camisinha cortada e aberta. Mais Info

sobre

Hepatites...

http://www.abcdasaude.com.br/ artigo.php?229 http://www.hepcentro.com.br/ hepatite_b.htm http://www.gmhp.demon.co.uk/ guides/hepatitis/index.html http://www.gayhealthchannel. com/hepatitis/index.shtml

Que vai bater! Marco 13 – Cinema: Priscilla a Rainha do Deserto, local: Cinema Scala, horário: 18hrs 20 – Papo1000, local: Lambda, horário: 18hrs 28 – Man@’s Party, local: Bar Ferradura, horário: 22hrs

Abril 3 – Cinema: Delicada Relação, local: Cinema Scala, horário: 18hrs 7 –Dia da Mulher Moçambicana, local: Lambda, horário: 10hrs 17 – Papo1000, local: Lambda, horário: 18hrs 25 – Man@’s Party, local: Bar Ferradura, horário: 22hrs


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