Lado A #69

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#EDITORIAL

A cura do preconceito

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Retrocesso. A decisão de um juiz contestando a proibição de cura gay pela norma do Conselho Federal de Psicologia é mais do que um retrocesso jurídico ou dos direitos humanos. É um ataque à dignidade de milhares de pessoas que lutaram para serem respeitadas como profissionais, como familiares, como cidadãos. A desculpa de pesquisa ou mesmo de livre arbítrio do paciente é ainda mais jocosa com a ciência e com o óbvio: Se alguém busca tratamento é porque não está em paz em uma sociedade que não o aceita. Ser um ex gay não existe, existe a busca em querer ser heterossexual, para fugir dos estigmas, para agradar aos outros.

A homofobia é uma doença. Ela se impõe por vezes disfarçada de discurso religioso, por outras vezes de piadas e generalizações que tem como objetivo nos discriminar. Todo homossexual já presenciou ou sofreu homofobia. Todo homossexual teve medo de ser quem é. É um estresse a mais, principalmente em um país de dificuldades como o nosso. Se aos negros fosse dada a possibilidade de tomar uma pílula que aliviasse o preconceito que carregam com a cor da sua pele, alguns cederiam com certeza. Não podemos criar esta farsa. A cura gay já foi praticada de forma desastrosa ao longo da história e por este motivo a saúde percebeu que não era um distúrbio. Não podemos voltar a sermos co-


baias de torturas. A homofobia custa caro para a nossa existência. Para a nossa saúde, para atingirmos o potencial em nossas vidas. Quantos e quantos homossexuais não floresceram por conta do preconceito que tanto os marcaram. Somos invisíveis, um tabu, um assunto que não deve ser discutido pois as crianças estão olhando. Coitadas das crianças, principalmente daquelas que por estratégia de sobrevivência ficam em silêncio, esperando que o mundo mude e as aceite um dia. Em nome de alguns, causou-se esse desconforto e sofrimento em milhares ou milhões de pessoas que se identificam como homossexuais no Brasil. Em nome de aparecer na mídia ou buscar apoio político de uma causa falsamente dita cristã. Vemos todos os dias gays serem atacados ou questionados de seus direitos, acusados de querem privilégios. É uma afronta que precisa parar e seus incentivadores sofrerem punição. Chega de homofobia e oportunismo disfarçados. As instituições precisam se posicionar e enterrar o preconceito e com ele seus defensores. Precisamos que os homossexuais defendam seus direitos difusos e processem todos aqueles que evocam o direito de interferir na nossa vida, saúde e dignidade.

REVISTA LADO A #69

Ago. Set. de 2017 COLABORADORES E COLUNISTAS Allan Johan, Bruno de Abreu Rangel, Arthur Virmond de Lacerda Neto, Leandro Allegretti e Wladi. Tiragem 5 mil CONTATO REDAÇÃO contato@revistaladoa.com.br CORRESPONDÊNCIAS CP 10321 CEP 80730-970 Curitiba - PR As matérias assinadas não expressam a opinião editorial da Revista Lado A. Proibida a reprodução total ou parcial de conteúdo sem autorização prévia.

CAPA Modelo: Samuel Recalde (Dionny Alves Agency)

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#ÍNDICE eDITORIAL

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COLUNA SOCIAL

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GUIA GLS pr

entrevista

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SAÚDE

26 31 MODA

desde 2006

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ATRAQUE DRAG

DISCUSSÃO


Mรกrcio Marins O militante guerreiro

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Há 12 anos, Curitiba ganhou o militante carioca Márcio Marins. Além de seu espírito combativo, Márcio trouxe muito conhecimento sobre a luta pelos direitos LGBT, seu talento para o Carnaval, sua espiritualidade e somou voz em um tema pouco falado até então: o racismo contra os LGBTI negros. Esse é o tema principal da nossa entrevista com o fundador da APPAD, Dom da Terra, que atua em outras frentes importantes dos direitos humanos. Confira:

ao racismo dentro dos espaços LGBTI e ainda mais dificuldades de colocar na agenda do movimento negro as opressões vividas pela comunidade LGBTI. De tais dificuldades surgiram o Dom da Terra AfroLGBTI, o Grupo Oxumarê e a Rede AfroLGBT entre outras organizações. Grupos que tiveram um papel fundamental na estruturação do importante diálogo entre movimentos.

Quais são as particularidades dos LGBTs negros? É um processo histórico e social, que por algumas pessoas é rechaçado e por outras compreendido, mas sabem mesmo e têm legitimidade para falar as pessoas que o vivenciam. Não precisamos ir muito longe para afirmar que o Brasil é um país racista e LGBTIfóbico, é só acompanhar as notícias. No paradoxo do país das liberdades e das opressões, onde é difícil ser lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual e intersexual é ainda mais difícil ser LGBTI negra ou negro, quem nunca ouviu a frase: “além de preto é ‘viado’”?

Por que vemos poucos LGBTs negros nas baladas? Depende de quais “baladas” estamos falando. A população negra teve parte da sua história apagada, passamos por um processo de branqueamento da população com o convite para a vinda de migrantes europeus, a comunidade negra foi disfarçadamente empurrada para a periferia e região metropolitana, de forma mais ou menos visível dependendo da região. Assim, acredito que ainda por um fator socioeconômico e cultural em alguns ambientes iremos notar a desproporção entre frequentadores brancos e negros. Evidentemente nas baladas ou bares mais populares a presença negra é mais notada.

Há racismo dentro da comunidade gay? Sim, o racismo está em toda parte da mesma forma que o machismo e a LGBTIfobia. Décadas atrás tínhamos dificuldades de pautar o enfrentamento

As religiões afrobrasileiras são mais inclusivas? Por quê? Fato. As religiões afrobrasileiras sempre foram espaços mais acolhedores e também um tipo de família alternativa para LGBTI que sofriam com a vio-


lência e discriminação nas suas casas e fora delas também. Por princípios, o Candomblé e a Umbanda não fazem distinção de pessoas. Nossas divindades, ancestrais e encantados estão conectados com a natureza e assim também com a humanidade. Mas lembro bem que na primeira metade dos anos de 1990, eu e mais três ou quatro ativistas visitamos centenas de terreiros do Rio de Janeiro e Região Metropolitana com o objetivo de sensibilizar e informar sobre a importância do acolhimento de LGBTI, nem se usava essa sigla mas sabíamos de quais sujeitos estávamos falando. Quais as diferenças da militância no Rio de Janeiro e aqui? Já observei diferenças mais acentuadas. Com o advento da internet e das mídias sociais não vejo grandes diferenças. Fatores regionais, políticos e culturais podem mudar a forma da militância trabalhar e reagir, mas me parece que a “globalização” e a tecnologia deram uma nivelada nas formas de atuar. (risos) E eu já estou há doze anos em Curitiba! Quais seriam as prioridades da militância no Paraná? O Paraná é referência quando falamos de ativismo LGBTI. Orientamos outros estados e realizamos articulações nacio-

nais, mas aqui, por conta de um excessivo conservadorismo que se reflete até nas composições das Câmaras de Vereadores e na Assembleia Legislativa, não conseguimos avançar muito. Sou defensor da militância livre, de associações sem amarras ou caixinhas, de linhas de ação que não sejam embaladas a vácuo. Para ser militante não é preciso está em um grupo, mas evidentemente temos que respeitar o acúmulo de décadas de trabalho, muitas vezes voluntário, das associações e pessoas independentes. A atual conjuntura exige unidade, não é preciso concordar com a forma de atuação do outro, mas é preciso entender que os nossos objetivos quase sempre são os mesmos e o mais importante deles é o enfrentamento a LGBTIfobia. E no Brasil? A nível nacional acredito que temos que rearticular as redes. Na realidade, apesar de presentes no Conselho Nacional de Combate à Discriminação – CNCD/ LGBT, o diálogo nunca foi dos melhores. As ações isoladas não estão incidindo, são importantes, mas notados retrocessos exigem ações coletivas e bem articuladas E a juventude LGBT, como anda? Boa pergunta, como anda? Bom, aqui na sede compartilhada pela Associação Paranaense


da Parada da Diversidade APPAD e o Dom da Terra AfroLGBTI notamos que a frequência de jovens LGBTI só vem aumentando e a juventude tem total autonomia para reunir, fazer debates, formação, saraus ou mesmo só bate papo e socialização. Por que a militância não mobiliza mais tantas pessoas? Apesar do avanço do conservadorismo, de forma que parece a Idade Média, hoje temos uma certa liberdade o que traz a falsa sensação de que não é preciso resistir. Como são as militâncias partidárias? Difícil dizer. Cada uma com as suas características. Poucas

legendas assumiram a população LGBTI, mas algumas estão fazendo um trabalho interno de mudança de paradigmas que é extremamente necessária. Quais as maiores dificuldades para realização da Parada da Diversidade LGBTI de Curitiba? A falta de parceiros e financiadores ainda é a maior dificuldade. Apesar de todos saberem que as paradas movimentam a economia com a ocupação de hotéis, movimentação dos bares, boates e restaurantes entre outras formas de arrecadação de impostos, parceiros públicos e a maioria dos privados ainda tem um certo receio em associar as suas marcas a LGBTI.


#SAÚDE

O HIV e as novas formas de prevenção http://unaids.org.br/prevencao-combinada/

N

ovas estratégias de prevenção surgem como ferramentas complementares no enfrentamento da epidemia de HIV ampliando a gama de opções que os indivíduos terão para se prevenir contra o vírus e oferecendo mais alternativas – cientificamente eficazes – em relação à única opção disponí-

vel até pouco tempo atrás: o preservativo. Entre as novas estratégias para a prevenção da transmissão do HIV destacamse o uso do Tratamento como prevenção (TASP, em inglês, ou TcP, em português), a Profilaxia Pós-exposição (PEP) e a Profilaxia Pré-exposição (PrEP). 15


Tratamento como prevenção Profilaxia Pós-exposição (PEP) Profilaxia Pré-exposição (PrEP) Assim como o preservativo, todas essas novas estratégias devem ser vistas e consideradas como novas opções no leque de estratégias que compõem a prevenção combinada ao HIV. Diretrizes de Tratamento para o HIV A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou recentemente que atualizará suas recomendações de tratamento para contemplar todos os indivíduos vivendo com HIV, independentemente de sua contagem de Linfócitos T CD4 – glóbulos brancos do sistema imunológico encarregados de defender o organismo do HIV. Este será um passo importante que representará, provavelmente, a última mudança neste tipo de recomendação ao longo destes 30 anos de resposta à epidemia de AIDS. Evidências científicas demonstraram que as pessoas vivendo com HIV que iniciavam tratamento mais cedo tinham uma melhor evolução da doença a médio e longo prazo, com menos complicações, menos infecções oportunistas e maior expectativa de vida, se comparadas com pessoas que iniciaram o tratamento mais 16

tardiamente. Além disso, estes dados também mostram que pessoas vivendo com HIV/AIDS que possuem carga viral indetectável – graças ao tratamento antirretroviral – têm uma chance muito menor de transmitir o vírus à outra pessoa além de melhorar significativamente sua qualidade de vida. Diante dos benefícios diretos e indiretos que a terapia antirretroviral traz tanto para as pessoas que vivem com HIV quanto para a dinâmica de resposta à epidemia, diversos organismos, agências e a academia internacional decidiram apoiar a ampliação do acesso ao tratamento para todas as pessoas com HIV, independentemente do nível do CD4. Protocolos para o Tratamento do HIV no Brasil Desde 2013, o Ministério da Saúde, através do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais (DDAHV), têm disponibilizado os medicamentos antirretrovirais de forma gratuita a todas as pessoas vivendo com HIV/AIDS – independente do nível do CD4. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos, implementado em dezembro de 2013 durante as celebrações do Dia Mundial de Luta contra a AIDS, também


Estudos e ensaios clínicos sobre a eficácia da PrEP. De acordo com os resultados apresentados na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI em inglês) pelo estudo PROUD, pessoas que tomavam uma pílula diária de tenofovir e emtricitabina tinham 86% menos chances de se infectarem pelo HIV em comparação ao outro grupo que não havia iniciado a PrEP. O estudo PROUD (orgulho em inglês) no Reino Dados sobre o uso de preser- Unido recrutou mais de 500 homens que fazem sexo com vativos no Brasil Dados divulgados pelo Minis- homens com um maior risco de tério da Saúde em fevereiro infecção pelo HIV. de 2015 – sobre a Pesquisa de Conhecimentos Atitudes e Prá- Os resultados apresentados peticas na População Brasileira los organizadores de uma segun(PCAP)2013 – mostram que a da pesquisa, a IPERGAY, também maioria dos brasileiros (94%) mostraram eficácia significativa sabe que o preservativo é me- no uso da PrEP. No estudo IPERlhor forma de prevenção às DST GAY, metade dos 450 homens e AIDS. Mesmo assim, 45% da que fazem sexo com homens população sexualmente ativa do com maior risco de infecção país não usou preservativo nas pelo HIV recrutados tomou quarelações sexuais casuais nos últi- tro comprimidos de tenofovir e emtricitabina, dois antes e dois mos 12 meses. depois das relações sexuais; a A prevenção combinada visa outra metade recebeu um plaoferecer uma alternativa a esta cebo (comprimidos iguais, mas questão. Apesar de campanhas sem medicação antirretroviral). e do grande incentivo ao uso do De acordo com os resultados preservativo, sabe-se que o uso apresentados, as pessoas no destes é uma decisão do indi- grupo que tomaram a PrEP anvíduo e alguns não aderem de tes e depois do sexo tornaramforma consistente e frequente a se 86% menos suscetíveis a se infectarem pelo HIV.. essa estratégia de prevenção. é um marco do início da política brasileira de “Testar e Tratar” e do uso do Tratamento como prevenção pelo país. Já o mais recente Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Antirretroviral Pós-Exposição de Risco à Infecção pelo HIV atualizou as recomendações brasileiras para o uso de medicamentos antirretrovirais para a Profilaxia Pós-exposição (PEP).


#COLUNA_SOCIAL Side Club

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Fotos: Pedro Fernandes Side Club

Route 69

Fotos: Pedro Fernandes Route 69


Lado λ

Lado λ


#JOGO

Ano de início: 2005 Bate Cabelo: 3000 Glamour/Figurino: 2000 Versatilidade/Make Up: 4000 Humor/Diversão: 5000

WAGNAH JONES

ATRAQUE DRAG

Recorte as cartas e jogue com os amigos! Regras: Você divide a quantidade de cartas, um dos jogadores começa perguntando sobre um dos ítens do perfil da carta de cima do seu bolo (ex: bate-cabelo).

Ano de início: 1991 Bate Cabelo: 2000 Glamour/Figurino: 4000 Versatilidade/Make Up: 3000 Humor/Diversão: 5000

BETTYNA BRASFONT

ATRAQUE DRAG


ATRAQUE DRAG

Aquele que tiver o maior valor, leva a carta do oponente e coloca as duas no final no monte. Quem ganhou a rodada continua perguntando e escolhendo o que perguntar. Se empatar, fazse uma nova pergunta com a mesma carta. Ganha quem conseguir acabar com as cartas do oponente.

ATRAQUE DRAG

SUZY LUVCOCK

Ano de início: 2015 Bate Cabelo: 2000 Glamour/Figurino: 4000 Versatilidade/Make Up: 5000 Humor/Diversão: 3000

BRIGITTE BEAULIEU

Ano de início: 1992 Bate Cabelo: 2000 Glamour/Figurino: 5000 Versatilidade/Make Up: 4000 Humor/Diversão: 3000


Lado λ

Lado λ



#COLUNA_SOCIAL Verdant

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Fotos: Marcos Lopes Bwayne

Bwayne

Fotos: Pedro Fernandes Verdant



#MODA

Primavera

Ă rabe

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Modelo - Samuel Recalde (Dionny Alves Agency) Beauty e Styling - Dionny Alves O editorial usou peรงas da CK e da Velvet.underwear (www..velvetuw.com)


#DISCUSSÃO

O discurso de ódio e a violência homofóbica E

m recente decisão, um juiz federal do Distrito Federal concedeu uma liminar reconhecendo as terapias de “reversão sexual”, interferindo em uma norma do Conselho Federal de Psicologia que proíbe a prática, alegando a possibilidade de pesquisa sobre o tema, provocado por uma ação movida por psicólogos. A medida abre não apenas um perigoso preceito de admitir a existência de uma “cura gay”, como incen-

tiva ainda mais os homotransfóbicos a agirem com discriminação. O deputado federal e possível candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSC-RJ) já é conhecido por suas declarações machistas, racistas e homofóbicas. E, setembro, o deputado publicou em seu Twitter uma ironia sobre a orientação sexual do jornalista Glenn Greenwald, ganhador do Prêmio Pulitzer de


Jornalismo em 2014 por revelar a existência de programas secretos de vigilância global dos Estados Unidos. O fato aconteceu quando o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ), elogiou Bolsonaro como “muito competente”. Greenwald, em resposta a um internauta, chamou o deputado de “cretino fascista por razões que não tem nada a ver com os elogios de Maia”. Bolsonaro descobriu que havia sido criticado por Greenwald, que é casado com o jornalista brasileiro David Miranda, e escreveu ao jornalista: “’Do you burn the donut?’ I don’t care! Be happy! Hugs for you!” (Você queima a rosca? Eu não me importo! Seja feliz! Abraços para você!). Mas qual a relação das falas preconceituosas de Bolsonaro e da decisão do juiz com atos de violência homofóbica?

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De acordo com a professora aposentada do Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Daiana Luz Pessoa de Barros, as pessoas públicas e a mídia assumem posições de referência, pois são detentoras de poder e saber.

“Quem ocupa essa posição, em que é considerado um sujeito que pode e que sabe, ao expressar seus preconceitos e intolerâncias, incita a violência. E mesmo que ele não faça nada, que ele não seja violento, a não ser verbalmente, que é uma violência contra o outro, ele vai levar outros a matar e a uma série de coisas dessa ordem” disse a professora ao site Rede Brasil Atual. Essa violência verbal é o que podemos chamar de discurso de ódio. O discurso de ódio pode ser classificado como qualquer discurso que tem como objetivo promover ódio e incitação a discriminação, hostilidade e violência contra uma pessoa ou grupo devido a sua raça, religião, nacionalidade, orientação sexual, gênero, condição física ou qualquer outra característica dessa pessoa ou grupo. Em outras palavras, é alguém falando algo que faça outros indivíduos reagirem com violência em relação a esse algo. Porém não é somente para o mal que o discurso de alguém pode alterar o comportamento de outras pessoas. Na história mundial há diversas evidências de autoridades modificando o comportamento de outros através de seus discursos, seja para o


bem ou para o mal, como por através das redes sociais, os exemplo Dalai Lama e Adolf formadores de opinião (qualquer pessoa pública) fazem Hitler. com que o objeto alvo do seu Algumas pesquisas na área da discurso passe a ser odiado psicologia demonstraram a por várias outras pessoas. Sainfluência da fala das pessoas ber que você não está sozinho sobre seu comportamento. O nessa empreitada de ódio alvo das pesquisas foi a leitura. também estimula o fortaleOs participantes foram incen- cimento desse discurso. E a tivados a dizer “ler é gostoso”, liberdade de expressão, onde “ler é bom” e “ler é impor- fica? tante” por alguns encontros. O resultado foi que todos os Para Diana, a professora apoparticipantes aumentaram a sentada da USP e professora frequência com que liam de- da Mackenzie já citada, “Se o pois que começaram a dizer mais sábio e o mais poderoessas frases. Portanto, quando so pensa assim, é correto que se modifica o que uma pessoa ele (qualquer pessoa) também diz sobre uma coisa, pode-se o faça. Isso não é ser contra modificar a forma como ela a liberdade de imprensa e liage em relação a aquela coisa. berdade de pensamento, mas é ser a favor de responsabiliO psicólogo Contardo Calliga- dade do que se diz ao ocupar ris, em entrevista a BBC Brasil, certos papéis”. comentou o poder das redes sociais em relação ao discur- Por fim, cabe reconhecer que so de ódio. Para ele, a internet as redes sociais não são a cautornou possível expressar o sa do discurso de ódio. Elas ódio em uma dimensão pú- são apenas um amplificador blica e receber aplausos por do que nossa sociedade já isso. Dessa forma, a pessoa é. Uma sociedade machista, sente sua ideia validada. An- LGBTfóbica, racista, xenófoba... tes era mais difícil que essas pessoas expressassem ideias Isso sem falar nos maus exemde ódio em público devido ao plos de corrupção e outros medo de serem rechaçadas, discursos que nos rodeiam, no entando a internet propi- não só na política. O impacto cia a sensação de anonimato. destas falas e exemplos cauConsiderando a influência do sam ainda a naturalização do discurso sobre o comporta- preconceito, que gera grande mento de outras pessoas e sofrimento nas populações vía facilidade em compartilhar timas dessa violência. 33 discursos de ódio hoje em dia



#Guia_GLS_PR CURITIBA

CLUB Bwayne - R. Almirante Barroso, 357 Cat´s Club - Al. Dr. Muricy, 949 CWBears - R. Kellers, 39 James - Al. Carlos de Carvalho, 680 Soviet - R. Bispo Dom José ,2277 Side Club - R. Jaime Reis, 310 Verdant - R. Dr. Claudino dos Santos, 126

PARANÁ

BAR Armazen Urbano- R. Dr. Manoel Pedro, 673 Barbarala - Al. Cabral, 353 Bar do Simão - Av. Manoel Ribas, 640 Cwb Bar e Balada - R. Saldanha Marinho, 206 Pixel Bar R. Visconde do Rio Branco, 69 Route 69 - Al. Cabral, 597 Spot Bear - Al. Princesa Isabel, 704 Vu Bar - Av. Manoel Ribas,146 Vitto Bar - R. Trajano Reis, 326

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