Lado A #75

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#Índice

eDITORIAL

eNTREVISTA

Ensaio

COLUNA SOCIAL Blog do Johan

especial stonewall comportamento esportes marcha CAPA Adan Martins Foto: Rudi Bodanese

REVISTA LADO A #75 Jul. Ago. Set. de 2019

GUIA LGBTI CURITIBA

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CORRESPONDÊNCIAS CP 10321 CEP 80730-970 Curitiba - PR

Tiragem 5 mil

As matérias assinadas não expressam a opinião editorial da Revista Lado A.

CONTATO REDAÇÃO contato@revistaladoa.com.br

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#Editorial

Vitimismo: sim ou não?

Oou vitimismo discurso de chamar de mimimi aqueles grupos que se queixam de uma perseguição histórica é muito perigoso. Ele deslegitima a condição de vítima que é um fato. Claro que é cansativo ouvir o lamento da vítima, mas ele é justo e verdadeiro. Ele não pode ser eterno mas é uma das armas de mudança e por muitas vezes a única forma de expressão de quem sofre.

Por isso não tenha pena e nem critique o amigo deprimido que não vê que está perdendo tempo lamentando. É uma fase individual para poder dar o próximo passo. Acolha e tente direcionar. Todo mundo passa por situações que golpeiam fortemente e é uma defesa do corpo se deprimir para lidar com a situação.

Quando algo nos abate, ou quando acontece algo que não entendemos, ficamos deprimidos. Às vezes por minutos, horas, dias ou anos. As pessoas chegam querendo ajudar mas raramente isso faz efeito. O mais importante é você não perder a sua essência e não esquecer quem você era antes do acontecido. Se tornar uma pessoa melhor ainda é a melhor vingança a quem te feriu. Por isso, não se lembre apenas que você foi vítima. Lembre dos momentos bons, de quem você de fato é e não reduza a sua existência aos momentos ruins. Ter sido vítima foi uma fatalidade, não se culpe. Mais do que isso, você é uma fênix e pode renascer das cinzas, todos os dias. 5


#Entrevista

Ender Love: um gay no governo do Paranรก


E

nder Love tem uma vida marcada por muito trabalho e militância na comunidade LGBT+ de Curitiba. Formado em Jornalismo e Marketing, ele já atuou nos meios de comunicação da capital paranaense em programas de TV e rádio. Durante as últimas eleições, teve forte atuação na política paranaense na busca de representatividade para a causa LGBT+. Por isso, hoje, ele atua no Governo do Estado e conversou com a Lado A sobre seu trabalho de defesa dos direitos LGBT+ no Paraná.

Quem é o Ender Love? Eu me chamo Enderson de Souza Guimarães e fui batizado em 2004 como Ender Love. Comecei na carreira política com Fábio Camargo que foi um grande parceiro da classe LGBT+. Na época em que comecei, ele era deputado estadual e hoje é vice presidente do Tribunal de Contas do Paraná. Hoje estou com 36 anos, atuo no governo e também na Band com o programa Vida Alheia. Tive participações na Massa FM, Rádio Barigui e um programa de dois anos na TV Transamérica entre 2012 a 2014. Comecei

a ser militante em 2006 quando fui vice presidente da APPAD (Associação Paranaense da Parada da Diversidade) e em 2012 eu apoiei o Ratinho Junior para a Prefeitura de Curitiba. Hoje estou feliz em estar no governo e poder ajudar. Sou uma pessoa que pensa difente. Acho que nem tudo é homofobia e sou contra o vitimismo. Nós temos que ponderar que a criminalização da homofobia veio para condenar o homofóbico e não punir aquele que nos respeita mas não nos aceita. Sou uma pessoa extrovertida 7


e feliz, acredito que a vida é pra ser vivida. Sou formado em Jornalismo e Marketing e agora estou fazendo bacharelado em Gestão Pública para que eu possa cumprir melhor o meu trabalho. No que consiste o seu trabalho no governo a frente da causa LGBT+? Estou locado na SUDIS (Superintendência Geral de Diálogo e Interação Social). Pela primeira vez na história do Paraná nós temos um gay ligado diretamente ao gabinete do governador. Nós temos vários projetos que já estão em andamento. O Governo Federal, em março, decretou o fim de alguns conselhos e comitês. Nós do estado do Paraná, pela classe LGBT+, somos um comitê. Teoricamente, nós teríamos que deixar de existir, mas em conversa com o governador foi decidido pela continuidade desses projetos.

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Eu estou próximo ao governador e procuro entender o que acontece nos 399 municípios do Paraná. Preciso de dados como a quantidade de LGBTs e violência para que sejamos um governo mais humano. O humano em primeiro lugar porque a sexualidade não forma caráter de ninguém. Pretendemos incluir políticas sobre HIV mas não na forma convencional de que é necessário preservativo. Nós precisamos fazer campanhas maiores no estado do Paraná que consitem em amparar pessoas soropositivas para torná-las indetectáveis e assim saiam

do grupo de ponta, antigo grupo de risco. Tudo que seja relacionado ao governo nós estamos atendendo, todas as demandas possíveis. Temos também pedidos de Apucarana para fazer a primeira parada LGBT da cidade. O governo vem com uma pegada jovem e sem preconceitos e sim pela igualdade. É um governo bem tranquilo que pretende que todos tenham o direito adquirido mesmo que vá de frente com o Governo Federal. Qual a função da SUDIS? Essa superintendencia não cuida somente da classe LGBT. Existem coordenações de igualdade racial, quilombolas, indígenas e outros. Ela é bem completa, é o coração do gabinete do governador. Eu, dentro desse processo, cuido da classe LGBT+ na qual eu procuro ser atuante. Como colaborador de governo e servidor público, eu tenho o aval de todas as ações positivas e negativas que o grupo da classe LGBT+ possa nos trazer. Estou pronto para atender todos os casos do coletivo e transformá-los em realidade, numa qualidade de vida, de respeito e em prol do próximo. Esse governo vai ser o governo que veio pra marcar história. No que você acredita como LGBT+ e membro de um cargo público da mesma causa? Eu, Ender Love, como cidadão acredito ainda que as pessoas têm que nos respeitar não por aquilo que nós somos mas sim pelo nosso caráter. Muitas


vezes as pessoas nos julgam porque nós gostamos do mesmo sexo e é uma escolha besta vir falar que você escolhe ser gay. Se você escolhe ser gay, você é muito burro, porque ser gay é enfrentar um preconceito a cada dia. Então o que eu penso para amanhã é que a sexualidade seja tratada normalmente. Eu até acredito que a longo prazo, daqui uns 50 anos, nós não teremos sexo feminino ou masculino numa carteira de identidade. Nós teremos pessoas e acredito nisso. Acredito que o amanhã vai ser melhor do que o hoje e o hoje é melhor do que antes. Não adianta a classe LGBT+ pedir direitos sendo que nós mesmos

não somos unidos. Nós temos uma potência que foi a Parada LGBT+ de São Paulo que mostrou mais de 3 milhões de pessoas, feita de forma organizada em mais de vinte anos de parada. Que esse público que esteve lá possa ter mais consciência do ato político e humanitário para que possamos eleger políticos que não só tenham afinidade com a causa. Está na hora de quebrar tabus! O Paraná e Curitiba precisam de representantes LGBT assumidos porque os que estão no armário nós sabemos quem são. É preciso ter uma conversa produtiva e interessante e o Paraná com certeza abraça a causa LGBT+.

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#Ensaio


THE CHASE

Fotos: Guilherme Dimatos e Rudi Bodanese Modelo: Adan Martins






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FICHA TÉCNICA: TRAJES: ATELIÊ ROBERTO SANTOS FOTOS TRAJE PRETO: GUILHERME DIMATOS FOTOS TRAJE AZUL E SUNGA: RUDI BODANESE MAKE HAIR: YOUNG BELEZA & ESTÉTICA



#ColunaSocial

Bwayne

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Fotos: Amanda Queiroz


Consulte a programação em nosso Facebook bwayne.cwb

bwaynecwb

Rua Almirante Barroso, 357 São Francisco - Curitiba - PR


#ColunaSocial

Verdant

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Fotos: Gabriela Nassif



#BlogDoJohan

@ Lixo?

10 sinais de que não vale insistir naquela pessoa Por Allan Johan Vaprender iver é aprender, por isso devemos em uma fase de aprendizado. O mais com nossos erros. Mais sa- curioso é que alguns psicopatas pos-

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biamente, devemos aprender com os erros dos outros, para não precisar passar pelos mesmos. Seja nos relacionamentos amorosos, seja na amizade, tem vezes que não vale a pena insistir em pessoas que não conseguem entender o sentido de reciprocidade. Na verdade, estas pessoas sofrem sim de problemas de sociabilidade ou estão

suem um alto grau de envolvimento, ou seja: desconfie dos que se dedicam exageradamente e dos que se dedicam de menos a você.

Mas como julgar quando não vale insistir em uma pessoa? Obviamente você sente e sabe que não deve insistir em pessoas que não te fazem bem.


Basicamente é isso. Você vai perceber aos poucos que os sinais se repetem e aqueles que te colocam para baixo. A pessoa pode ter a magia de reaparecer e fazer esquecer tudo por um tempo, mas acredite, você merece alguém melhor. Fuja do @ lixo, se valorize. NÃO TE RESPONDE Não é demorar para responder, mas quando você sabe que a pessoa está online ou que viu a mensagem e não respondeu. Se você faz o mesmo, está mandando sinais errados. Chegue e pergunte o que está acontecendo e se ela não se der ao trabalho de responder, fuja. NÃO DIZ DESCULPAS OU OBRIGADO A pessoa atrasou ou fez algo que te magoou e não quis nem dar explicação ou pedir desculpas, corra! Se ela não expressa gratidão... vaza! A pessoa não só não está a fim como não se importa com você. FALA MAL DOS OUTROS Quem fala mal pelas costas de alguém é porque fala mal de você também. Não se engane, a pessoa é covarde a esse ponto para falar de ex ou antigos amigos. Um dia sua vez chega. NÃO ASSUME Se a pessoa falar “não assinei nada” para fugir de um compromisso assumido, vá embora e nem olhe para trás. Pessoas que não assumem o que falam ou acordam, não são confiáveis. Simples assim.

VITIMISTA Nada pior do que pessoas que não conseguem ver um palmo à frente do nariz. Ao invés de arregaçarem as mangas e mudarem a realidade, preferem ficar se lamentando. Melhor você não se envolver pois é mais fácil a pessoa te puxar para a lama do que querer sair dela. SEM NOÇÃO Você sabe que a pessoa leva uma vida humilde mas posta fotos de riqueza nas redes sociais. Tem gente que acredita mesmo nas mentiras que elas contam para elas mesmas. Não é seu papel colocar óculos de realidade nestas pessoas, mas não fique muito perto. Um dia a realidade vem com força. PEDINTE Tem gente que abusa da bondade e solidariedade alheia. Um relacionamento é quem nem festa aniversário: se não levar presente, não espere ser convidado no outro ano ou receber no seu. É norma de etiqueta não ficar pedindo. E insinuar que gostou muito com algo de uma pessoa na mão ou que não tem dinheiro mas queria muito é como pedir. É chato. SEGUNDA OPÇÃO Nada pior quando você percebe que alguém te colocou de banho maria. Estava tudo combinado e a pessoa fura para pegar outro boy. Só fica contigo quando se sente sozinho ou não tem nada melhor para fazer. Quando te

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encontra, fica no celular... Não aceite. MENTIROSO Tem gente que gosta de se iludir e viver na mentira. Ok. Mas a partir do momento que você pergunta e a pessoa mente, acabou tudo. Seja amigo, paquera, namorado. Mentira é pior do que tapa na cara.

posse, são abusos. A não reciprocidade e falta de respeito também são abusos! Não aceite nenhum deles.

As regras são de ouro para reconhecer as ciladas. Fique de olho, aprenda a perceber quando estão te tratando como lixo, ou quando você está fazendo isso com os outros. Sim, de forma inconsciente reproduzimos o trataABUSADOR mento que muitas vezes recebemos Não é não. Seja abuso violento ou de desde pequenos. oportunistas, não deixe ninguém invadir o seu espaço ou querer te dizer o As pessoas mudam mas não tente recique fazer, que te manipule. Por muitas clar os outros nesses casos. Liberte-se vezes o abuso é moral, mental, psico- das pessoas tóxicas, dos pensamentos lógico e não apenas sexual. O ciúme, a autodestrutivos e seja feliz. Você pode!


#Especial

50 anos de Stonewall e a luta continua N

o dia 28 de junho de 1969, LGBTs que frequentavam o bar Stonewall Inn, em Nova Iorque, disseram não à opressão policial. Naquela madrugada, uma reação violenta a uma batida policial no inferninho da Rua Christopher, no Greenwitch Village, virou história. Por três dias, LGBT e policiais se enfrentaram pela região com bombas incendiárias e pedaços de pau. Nos anos seguintes, o mundo todo comemorou

a data de nascimento do orgulho gay: não era mais necessário se esconder. Contexto Era ano de eleições e o prefeito prometia uma limpeza na região decadente. O clima já estava tenso quando morre a atriz Judy Garland, protagonista do filme Mágico de Oz. Seu corpo chegara a Nova York um dia antes da revolta. Somewhere Over the Rainbow, tudo

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conspirou para o início da luta pelos direitos civis de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros. Uma Era pós Woodstock e da luta pelos direitos dos negros e das mulheres, chegou a vez dos LGBTs. Marginalização Condenados doentes, criminosos, marginais, na época da Revolta de Stonewall, a homossexualidade era muito condenada socialmente. Até 1962, os EUA criminalizaram o sexo homossexual e quem se vestisse como o outro gênero. Em Nova Iorque, essa lei caiu apenas nos anos de 1980. Até 1992, ser homossexual era considerado ser doente pela Organização Mundial da Saúde, após uma década da Associação Americana de Psiquiatria retirar de sua lista. O Stonewall Inn, pertencente à Máfia, era um dos poucos bares em que LGBTs podiam socializar. União Na madrugada de 28 de junho, mais uma invasão policial aconteceu dentro do bar. Em reação à truculência da polícia, que levou treze pessoas detidas, uma multidão lutou contra a repressão. Travestis e transexuais foram tratadas de maneira vexatória e obrigadas a entrar na viatura da polícia, o que foi impedido pelos manifestantes. Fora do bar, uma multidão lutou contra a repressão policial e desde então o mundo conhece a Rebelião de Stonewall como o marco da luta por direitos para os LGBTs. 28


Reconhecimento Em 2015, o bar Stonewall Inn foi considerado monumento histórico pela Prefeitura de Nova Iorque. Hoje, o bar continua em funcionamento e todo o bairro ao seu redor é destinado a lembrar a luta que se iniciou em 1969. Retrocesso Nos anos de 1980, a epidemia da AIDS colocava os LGBTs mais uma vez em situação de marginalidade. Para a sociedade da época, a doença era uma “peste gay”, isto é, acreditava-se que estava somente no meio LGBT+. Da mesma forma, a própria homossexualidade era tratada como uma doença. Isso barrou por mais de uma década o avanço dos direitos LGBT pelo mundo. Por outro lado, fez com que os LGBT se unissem na luta contra o HIV e fossem reconhecidos em sua existência pelos países. Avanços Casamento homoafetivo, adoção de crianças, mudança de nome e gênero nos documentos de pessoas trans sem a necessidade de cirurgia e a criminalização da LGBTfobia foram algumas das conquistas dos últimos anos. Essas discussões já eram antigas, mas a força de ativistas e entidades LGBT+ que se consolidaram no Brasil está conseguindo avanços notáveis. 29


Violência No Brasil, o número de crimes motivados por LGBTfobia é preocupante. Em 2018, foram contabilizadas 420 vítimas fatais de violência no Brasil. Em 2019, entre janeiro e 15 de maio, foram contabilizados mais de 140 casos de morte. Esses dados correspondem a um LGBT morto a cada 28 horas. No mundo, mais de 70 países ainda criminalizam a homossexualidade ou a transexualidade. Em pelo menos cinco deles ainda existe a pena de morte para LGBT.

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Por conta de toda essa violência e exclusão, as pessoas trans tem expectativa de vida inferior a 35 anos no Brasil. A depressão e o suicídio ainda matam jovens LGBTS todos os dias!


Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera: Heroínas Foram necessárias quase cinco décadas para que a verdadeira história fosse reconhecida. Em 28 de junho de 1969, “gays” reagiram a uma batida policial em um bar em Manhattan, considerado o marco do movimento do orgulho gay moderno. Mas a história contatada cometeu uma injustiça. Protagonistas do ato, Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera eram transgêneros! Uma negra e outra latina!

tos feministas e denunciando a transfobia na sociedade. Nos anos de 1970, integrou a Aliança de Ativistas Gays (GAA), de onde logo se ausentou uma vez que a proposta de proteção das pessoas trans foi excluída dos planos da organização.

Marsha P. Johnson e Sylvia criaram na mesma época a “Street Transvestite Action Revolutionaries”, também chamada de S.T.A.R House, instituição de As estátuas brancas de casais gays e amparo para pessoas trans e travestis lésbicos em frente ao Stonewall Inn, em situação de vulnerabilidade social. local do cerco policial, não expressam nem de longe a realidade. Por isso, a Em julho de 1992, após a Marcha do Orprefeitura de Nova York colocou dois gulho LGBT, o corpo de Marsha foi enmonumentos em homenagem a elas, contrado boiando no rio Hudson. A pona rua do bar este ano. lícia cogitou a possibilidade de suicídio, mas inconformados com sua morte, Marsha e Sylvia viviam nas ruas, eram a amigos e familiares de Marsha pediram alma da cena LGBT da época na cidade. outra investigação. O crime permanece Sylvia militou desde o inicio dos anos sem solução. Sylvia morreu em 2002, 31 60, ainda na adolescência, em protes- vítima de um câncer no fígado.


#Comportamento

Instagram: A indústria das curtidas, a super exposição e a depressão

O

novo formato do Instagram causou agito nas redes sociais, principalmente entre os mais engajados com o público no Brasil. A rede social anunciou que não mais fornecerá os números que demonstram as curtidas das postagens de seus usuários. Isso significa que cada imagem ou vídeo que aparecer na rede social receberá curtidas, mas apenas o autor da postagem saberá, secretamente, quantas pessoas interagiram. A mudança já havia sido feita em outros 32

países como o Canadá e Austrália e a plataforma decidiu aplicar a mudança no mercado brasileiro. Mas calma, tudo seria apenas um teste. A mudança gerou muitas críticas para alguns, inclusive blogueiros e influenciadores digitais que vivem das suas postagens no Instagram. Mas uma análise mais profunda sobre tudo isso leva a perceber que só as curtidas pela monetização das postagens não


é o maior dos problemas. Desde que as redes sociais tomaram conta da internet, essas plataformas são usadas para suprir a falta do que não se encontra mais na vida offline. Ou seja, tem gente deixando de viver para se dedicar ao mundo virtual e sofrendo com isso. Estética, status e demonstrações de diversos estilos de vida estão cada vez mais presentes nas redes sociais mesmo que isso não corresponda à realidade. Além disso, não basta que seja qualquer postagem demonstrando um rotina. Há pessoas que cuidam da luz, do corpo, da maquiagem, da roupa, tudo para atender a uma exigência cada vez maior que cultua uma beleza praticamente irreal. Uma resposta negativa com poucos likes a todo um processo para demonstrar algo, mesmo que irreal, gera insegurança e consequentemente insatisfação. Esse processo contribui para a frustração de determinados usuários para os quais os likes são tão importantes que sua ausência leva à uma sensação de rejeição e até mesmo depressão. Fazer um post que não recebe a devida “atenção”, e mais, ter alguns míseros likes demonstrando o fracasso da postagem para quem entrar no perfil, virou motivo de grande insatisfação. Em meio aos likes, ou da ausência deles, está um público jovem. Muitos ainda estão formando opiniões e uma mentalidade que pode ser prejudicada

por pensar que tudo se resume a uma foto com sucesso de likes. Entender que irão existir derrotas e fracassos é importante porque são coisas que acontecem na vida de qualquer pessoa. Pensando nisso tudo, o Instagram ocultou o número de likes. Mas não é só a rede social que começou a perceber as consequências da “indústria das curtidas”. Estudos internacionais como o da Royal Society for Public Health, do Reino Unido, alertam sobre o aspecto viciante das redes sociais. Um tempo perdido de forma vazia que pode gerar consequências de baixa auto estima, principalmente entre os mais jovens. Já sobre a depressão, o estudo aborda as questões sobre imagem, o que é cada vez mais cobrado para se conseguir likes. Assim, nem todas as diferenças serão contempladas, o que leva muitos jovens à depressão. Diante da retirada de likes, não foram só usuários comuns que se queixaram. Muitos influencers se revoltaram, até mesmo os que entendem a intenção do Instagram em poupar a saúde mental de seus usuários. A maior queixa é sobre o engajamento das postagens, já que os likes geram lucro para pessoas que trabalham com mídia e marketing digital. A preocupação é compreensível. Por outro lado, o Instagram já anunciou que o novo formato não prejudicará o engajamento das postagens que monetizam

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e muito para influencers que já não vivem da imagem e estão dispostas são mais personalidades comuns, mas a tudo pelo “sucesso” virtual ou que tiveram vantagens econômicas ou sim grandes empresas. genéticas. Segundo o Instagram, a mudança nos likes não foi pensada para prejudicar É muito diferente de um modelo de ou agradar os influencers ou empresas capa de revista, como o que expomos de marketing que usam a plataforma. na Lado A ou em nosso perfil no InstaA ideia central se preocupa com a saú- gram esporadicamente. Embora recede mental de seus usuários. Parece bemos críticas pela postagem de moque até os responsáveis pela rede so- delos perfeitos e construção de uma cial já entenderam o impacto que um estética LGBT baseada em padrões número de curtidas insatisfatório tem de beleza fora da realidade, a Lado A nos tempos em que o desempenho se preocupa sim com diversidade em online se tornou o fator mais impor- suas capas e com a crítica recebida. Por tante na vida das pessoas. E tem ainda isso, as nossas últimas capas foram vao teste diário de auto estima em quem riadas. E, desde sempre, trabalhamos é bombardeado de fotos de deuses e apenas com modelos profissionais em nossas capas com corpos expostos e deusas online. editoriais de moda, para não passar a É bem provável que a pessoa não che- mensagem que é algo que esperamos gue perto do padrão de pessoas que no cotidiano das pessoas. @MANURIOS - INSTAGRAM

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#Esportes

I Jogos da Diversidade de Curitiba

Ca cidade riados pela Prefeitura de Curitiba, os Jogos da Diversidade agitaram nos dias 25 e 26 de maio. O evento foi realizado pela Assessoria

de Políticas da Diversidade Sexual, órgão criado na cidade para promover políticas públicas para a comunidade LGBT, em parceria com a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. O torneio realizado em dois dias teve as modalidades de futsal, handebol e vôlei – com um total de 27 equipes inscritas. Mais de mil pessoas passaram no final de semana do evento pelo Centro Esportivo Dirceu Graeser na Praça Oswaldo Cruz. Confira os vencedores e a cobertura completa no site da Lado A.

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#Orgulho

Marcha pela Diversidade de Curitiba Mais de dez mil pessoas lotaram as ruas do Centro de Curitiba no dia 30 de junho. Milhares de LGBT se uniram para gritar por respeito e igualdade. Além disso, o evento desse ano foi especial pois comemorou os 50 anos de Stonewall, revolução que foi o estopim da luta LGBT+. A concentração começou por volta das 11 da manhã, na Praça Santos Andrade e seguiu até a Praça Rui Barbosa. A marcha foi organizada pelo Grupo Dignidade, Transgrupo Marcela Prado, Aliança Nacional LGBT e UNA LGBT.


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UMA CURITIBA INCLUSIVA É UM LUGAR MELHOR PARA TODAS AS PESSOAS.

Ao sinal de qualquer preconceito, discriminação, ou violação de direitos humanos, denuncie. Ligue:

156 | 190 | 153 divercidade@pmc.curitiba.pr.gov.br


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