O São Paulo - 3394

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SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO

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Ano 67 | Edição 3394 | 4 a 10 de maio de 2022

www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00 Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Mãe Aparecida, confiamos a vós a nossa vida e o sínodo arquidiocesano

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Monsenhor Rogério Augusto das Neves é ordenado Bispo por Dom Odilo O Arcebispo de São Paulo presidiu a ordenação episcopal do Sacerdote, na Paróquia Nossa Senhora da Soledade, em São José dos Campos (SP), no domingo, dia 1º. Dom Rogério tomará posse do ofício de Bispo Auxiliar no dia 8. Páginas 3 e 20

Encontro com o Pastor

Espiritualidade

Ao Espírito Santo nos dirigimos em fervorosa oração durante o sínodo

Verdadeiramente, na graça se encontra a identidade mais profunda de Maria

Editorial

Liturgia e Vida

Busquemos aumentar sempre mais a salutar devoção à Mãe de Deus

‘Eu lhes dou a vida eterna e minhas ovelhas não se perderão’

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Versão atualizada do regulamento da assembleia sinodal é publicada No sábado, 7, às 15h, acontecerá, na Catedral da Sé, a celebração de abertura da assembleia sinodal arquidiocesana, que ocorreria em 2020, mas foi suspensa devido à pandemia. Veja a íntegra do regulamento da assembleia. Páginas 10 e 11


2 | Encontro com o Pastor | 4 a 10 de maio de 2022 |

CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER Arcebispo metropolitano de São Paulo

C

hegamos à fase final do 1º sínodo arquidiocesano de São Paulo. Tendo sido superado o risco mais grave da pandemia de COVID-19, podemos realizar, de forma presencial, as sete sessões da assembleia sinodal arquidiocesana, a cada primeiro sábado do mês, de junho a dezembro deste ano. No dia 7 de maio, às 15h, na Catedral metropolitana, se faz a celebração de abertura da assembleia. Os membros da assembleia, indicados e convocados conforme o Regulamento da assembleia sinodal, são cerca de 400. A Comissão de Coordenação-geral do sínodo arquidiocesano já aprovou o roteiro das sete sessões da assembleia sinodal, com todos os passos a serem dados para se chegar às conclusões sinodais. Os diversos encarregados da equipe de redação estão concluindo o relatório, que será apresentado no início da assembleia sinodal, com uma síntese de tudo o que o sínodo já produziu desde a sua convocação, em 2017. Cada sessão da assembleia sinodal terá uma celebração inicial de invocação do Espírito Santo, acolhida da palavra de Deus e preces pelos tra-

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Começa a assembleia sinodal arquidiocesana balhos da assembleia. Cada sessão será dedicada a um foco principal, para a reflexão e o discernimento da assembleia em vista da elaboração das propostas finais do sínodo. Haverá sempre um tempo conveniente para a partilha e a reflexão em plenário, feitas pelos membros da assembleia. Na 1ª sessão, no dia 4 de junho, será apresentado o relatório do sínodo, para que a assembleia possa acolher e tomar consciência dos trabalhos já realizados; na 2ª sessão, no dia 2 de julho, o foco será o discernimento sobre a realidade social, econômica, política e cultural da cidade de São Paulo, onde a nossa Igreja vive e realiza sua missão. A 3ª sessão, no dia 6 de agosto, será dedicada ao discernimento sobre a realidade eclesial e os principais desafios à “comunhão, conversão e renovação missionária” da Igreja em nossa Arquidiocese. A 4ª sessão, no dia 3 de setembro, terá como foco principal a renovação missionária da Igreja, especialmente em nossa Arquidiocese. Na 5ª sessão, no dia 1º de outubro, as comissões temáticas da assembleia deverão apresentar as propostas elaboradas, em vista das conclusões sinodais. Na 6ª sessão, no dia 5 de novembro, as propostas das comissões temáticas serão amadurecidas em plenário e submetidas a uma primeira votação,

para a expressão do consenso da assembleia sinodal. Na 7ª sessão, no dia 3 de dezembro, será apresentado e submetido ao consenso do plenário o relatório final das propostas do 1º sínodo arquidiocesano de São Paulo. A celebração arquidiocesana de conclusão dos trabalhos sinodais acontecerá em 25 de março de 2023. O sínodo é um processo na vida eclesial para expressar a comunhão, a participação e a missão da Igreja. Nosso sínodo arquidiocesano, iniciado já em 2017, está em plena sintonia com a chamada ao sínodo universal feita pelo Papa Francisco em 2021. A fonte inspiradora do nosso sínodo é a palavra de Deus e o mandato missionário de Jesus à sua Igreja: “Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda criatura” (cf. Mc 16,15). A Igreja nunca pode esquecer que ela existe para a missão, não podendo se contentar com uma ação de mera conservação daquilo que já realizou. Fontes inspiradoras do sínodo são a aplicação da teologia do Concílio Vaticano II, os Documentos das grandes Conferências Gerais do Episcopado da América Latina e do Caribe, especialmente da Conferência de Aparecida (maio de 2007), cuja celebração comemoramos 15 anos. Mas também são inspiradoras as exortações apostólicas das recentes assembleias do

Sínodo dos Bispos, especialmente a exortação Evangelii gaudium (2013), do Papa Francisco. As palavras da Igreja sobre a “nova evangelização” vêm sendo repetidas há algum tempo e precisam chegar às bases da vida eclesial, para não serem apenas apelos abstratos e ideais. Nesse sentido, é necessário assimilar, de maneira mais aberta e decidida, tantos apelos que nos vêm da situação contemporânea do mundo e da Igreja. É preciso colocar-se novamente à escuta daquilo que o Espírito Santo diz à Igreja em nosso tempo. Depois de um percurso bastante longo de “ver-ouvir-discernir”, chegou o momento de pensar na maneira como se expressará a “comunhão, conversão e renovação missionária” no agir pastoral e na organização pastoral. Não bastaria mudar estruturas pastorais sem, antes de tudo, deixar-se mover por novo espírito e novas atitudes na vida e ação eclesial e pastoral. E quem “renova a face da terra” é o Espírito Santo, verdadeiro animador da vida da Igreja. A Ele nos dirigimos em fervorosa oração durante todo o tempo do nosso sínodo e, mais ainda, devemos fazê-lo agora, durante a assembleia sinodal arquidiocesana. Que Ele nos assista, conduza, anime, encoraje e fortaleça!

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Dom Odilo anuncia encargos pastorais dos novos bispos auxiliares de São Paulo Em carta aos bispos auxiliares, sacerdotes, diáconos, religiosos, consagrados e ao povo de Deus da Arquidiocese, o Cardeal Scherer anunciou na terça-feira, 3, os encargos pastorais dos novos bispos auxiliares da Arquidiocese de São Paulo.

Dom Rogério Augusto das Neves será Vigário Geral e Episcopal para a Região Sé. Já o Monsenhor Cícero Alves de França, que será ordenado no domingo, 8, será o Vigário Geral e Episcopal para a Região Belém. VEJA A ÍNTEGRA ABAIXO

| 4 a 10 de maio de 2022 | Geral/Atos da Cúria | 3

Arcebispo constitui o Conselho de Administração do Arquivo Metropolitano Em decreto datado de 29 de abril, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, constituiu o Conselho de Administração do Arquivo Metropolitano Dom Duarte Leopoldo e Silva da Arquidiocese de São Paulo que passa a ter as atribuições

Reprodução

confiadas até então à Diretoria do Arquivo. No mesmo ato, o Arcebispo Metropolitano também nomeou e provisionou “ad interim”, “ad nutum episcopi”, os membros do Conselho. VEJA A ÍNTEGRA ABAIXO Reprodução

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ASSISTENTE PASTORAL: Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Cristo Libertador, no bairro do Conjunto Educacional Brigadeiro Eduardo Gomes, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente Waldir Albuquerque dos Santos, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Nossa Senhora da Paz, no bairro Jardim Santa Lucrécia, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente Rogério Lopes de Camargo, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Nossa Senhora Mãe e Rainha, no bairro Parque Panamericano, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente Otoniel Profiro de Morais, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia São Luís Gonzaga, no bairro Vila Pereira Barreto, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente Juscelino Minotti, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Santa Teresinha, no bairro Vila Teresinha, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente José Geraldo Furlan, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Santa Rosa de Lima, no bairro de Perus, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanen-

te Antônio Campineiro Ferreira, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Santa Rita de Cássia, no bairro Vila Progresso, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente David de Oliveira, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia São José Operário, no bairro Jardim Damasceno, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente Edson Chagas Venceslau da Silva, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no bairro Vila Carolina, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente Francisco Lopes da Silva, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Santa Cruz, no bairro de Itaberaba, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente Francisco Nunes Pereira, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro de Pirituba, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente Aparecido Francisco Cavanha, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Santo Antônio, no bairro da Brasilândia, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente

Geneval Candido da Silva, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Vila Zatt, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente Benedito Camargo, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Vila Souza, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente Paulo Roberto de Oliveira, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Pastoral da Saúde na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente Antônio Francisco de Almeida, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Bom Pastor, no bairro Jardim Carombé, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente João Gundes de Barros, “até que se mande o contrário”. Em 08/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Nossa Senhora do Retiro, no bairro Jardim Cidade Pirituba, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente Nelson da Silva, “até que se mande o contrário”. Em 03/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Nossa Senhora da Expectação, no bairro da Freguesia do Ó, na Região Episcopal Brasilândia, o Diácono Permanente Leopoldo Batista Shirotheau, “até que se mande o contrário”.

POSSE CANÔNICA: Em 21/04/2022, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia São Miguel Arcanjo, no bairro Jardim Conquista, na Região Episcopal Belém, ao Reverendíssimo Padre Sérgio de Jesus Alves Azevedo, MSC. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE MEMBRO DA COMISSÃO DE COORDENADORES DE SETORES PASTORAIS Em 18/04/2022, foi nomeado e provisionado como Membro da Comissão de Coordenadores dos Setores Pastorais da Região Episcopal Sant’Ana, para o Setor Tremembé, o Reverendíssimo Padre Claudinei de Arruda Lúcio, pelo período de 03 (três) anos. PROVISÃO DE MEMBROS DE COMISSÃO REGIONAL DE ASSUNTOS ECONÔMICOS Em 20/02/2022, foram nomeados e provisionados como Membros da Comissão de Administração da Região Episcopal Sant’Ana, para um período de 02 (dois) anos: - Padre Carlos Alberto Doutel, Vigário-geral Adjunto; - Padre Antônio Bezerra Moura, Ecônomo Regional; - Padre Andrés Gustavo Marengo, Coordenador Regional de Pastoral; - Diácono Márcio Cesena, Conselheiro; - Sr. Carlos Perpétuo Firmino, Conselheiro; - Sr. Victor Antônio Isaac Tronco, Conselheiro.


4 | Ponto de Vista | 4 a 10 de maio de 2022 |

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Editorial

Por que amamos tanto Maria?

N

este ano, iniciamos o mês de maio, especialmente dedicado a Nossa Senhora, ainda vivendo o grande júbilo do Tempo Pascal – e essa confluência das celebrações serve para nos recordar que o lugar de Maria na religião católica só se compreende com os olhos voltados ao “mistério divino da salvação”, pelo qual Deus mandou ao mundo seu Filho eterno, feito carne e nascido de mulher, para redimir os homens, constituindo-os em seu corpo místico (Lumen gentium, 7.52). De forma muito simples, a Igreja nos ensina que, embora Deus pudesse ter assumido uma natureza humana sem precisar de uma mãe biológica, não foi isso que lhe aprouve fazer. Pelo contrário, em seus desígnios para a salvação da humanidade, Ele reservou a Maria, desde toda a eternidade, um papel especialíssimo: não apenas o de ser mãe de Redentor, mas, também, de acompanhar seu Filho ao longo de sua vida terrena, e consociar-se,

com ânimo materno, a seu sacrifício na cruz (Idem, 53.57-59). Corroborando essa vocação toda particular, Maria foi prefigurada nas santas mulheres do Antigo Testamento, e prenunciada, desde a queda, a nossos primeiros pais, como a Mulher que pisaria sobre a cabeça da serpente (cf. Gn 3,15). Existem, de fato, paralelos notáveis entre a tentação de Eva, que culminou no pecado original, e a Anunciação do Anjo à Virgem Santíssima, que deu início à nossa salvação: uma cena é como que o reverso da outra. Nos dois casos, um anjo se aproxima de uma virgem sem pecado, e lhe faz uma proposta, que é, então, aceita – a diferença é que a proposta do anjo decaído a Eva era a de desafiar e desobedecer a Deus, ao passo que a proposta do arcanjo Gabriel a Maria era a de cooperar livremente com os desígnios divinos de amor. Nos últimos séculos, a veneração católica a Nossa Senhora às vezes acaba sendo vista como um fator de divisão da unidade entre os cristãos; justamente por isso, precisamos es-

As mulheres na Igreja

O mesmo princípio cristocêntrico nos permitiria explicar igualmente todos os dogmas católicos sobre Nossa Senhora: seus títulos de Mãe da Igreja, de Imaculada e Assunta aos Céus, e, também, a devoção bastante difundida de medianeira de muitas graças. Aliás, em certo sentido, podemos dizer que todas as criaturas cooperam, cada uma a seu modo, com os desígnios salvíficos de Deus: embora a única mediação do Redentor incumba a cada uma delas formas diversas de o fazerem (Idem, 62). Como católicos, portanto, busquemos aumentar sempre mais a nossa verdadeira e salutar devoção à Todo-Santa Mãe de Deus, àquela que, nas palavras de São Bernardo, é tota pulchra sine nota cuiuscumque maculae (“toda bela, sem mancha de qualquer pecado”). Podemos ter certeza de que ela não ordenará nada de diferente do que fez nas Bodas de Caná: “Fazei tudo o que meu Filho vos disser” (cf. Jo 2,1-11).

Opinião Arte: Sergio Ricciuto Conte

JOSÉ EDUARDO CÂMARA Na manhã da Páscoa, o Mestre Vivo se manifesta à Madalena, mas tal encontro não era um dom reservado somente para ela; muito pelo contrário, quis Ele lhe confiar uma missão: “Vai a meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (Jo 20,17). Jesus a envia aos Apóstolos. Ele lhe confirma seu lugar de honra na Igreja. O Mestre faz dela a Apóstola dos Apóstolos. Ali, naquele Jardim, se inaugura uma longa linhagem de Apóstolas do Ressuscitado, que, apesar de todas as dificuldades e oposições, se sucederam na história da Igreja. Mulheres, em todos os estados de vida, que tiveram a árdua tarefa de anunciar a Ressurreição à Igreja e ao mundo. Foram muitas as contribuições teológicas, pastorais e litúrgicas que deixaram à Igreja. Muito particularmente, deram uma contribuição constante à eclesiologia, sem jamais cederem à mundanidade, de que nos alerta o Papa Francisco. Sem dúvida, na prática, a relação delas com a Igreja hierárquica

clarecer sempre o princípio geral de que tudo o que a Igreja ensina sobre Maria não serve tanto para chamar a atenção para ela, e sim para iluminar o mistério de Cristo. Maria, dizem alguns autores espirituais, é como a Lua: é o mais brilhante dos astros do céu noturno, mas não tem luz própria – todo seu brilho não é mais que reflexo da luz do sol. O antiquíssimo dogma de que Maria é “Mãe de Deus” (em latim Deipara, e em grego, Theotokos), por exemplo, foi definido no meio de intensas discussões teológicas sobre a identidade de Jesus Cristo. Alguns teólogos começaram a defender que havia, em Cristo, duas pessoas distintas (uma humana e outra divina), e que Maria só era “mãe de Cristo”, e não “mãe de Deus”. O grande problema, no entanto, é que, se o homem Jesus Cristo não fosse também Deus, Ele próprio necessitaria de um salvador, como qualquer outro. Jesus era, portanto, verdadeiro Deus – de onde a conclusão de que Maria, sendo mãe de Jesus, era também mãe de Deus, segundo a carne.

foi muito complexa. Mas, pela ação misteriosa do Espírito Santo, conseguiram com os olhos da fé contemplar nela o Mistério de Deus conosco. Especialmente neste momento em que a Igreja convida a todos a olhar para seu mistério íntimo, por meio do processo sinodal, a contribuição destas mulheres é inestimável. O Papa Francisco hoje nos exorta a “escutar o Espírito, na adora-

ção e na oração”, e quem melhor do que essas grandes contemplativas para nos ajudar? Em matéria de escuta – seja de Deus, seja do choro dos irmãos –, as místicas são especialistas. Antes de tudo, elas nos ajudarão a redescobrir a beleza trinitária da Igreja. Concepción Cabrera de Armida vê na Igreja “imagem e reflexo da Trindade”, e Trinidad Sánchez Moreno poeticamente canta: “Mi-

nha Igreja Santa é a Trindade na terra em expressão divina e humana. Minha Igreja é a Fala de Deus aos homens. Minha Igreja é meu Deus com coração de Mãe. Minha Igreja é minha Mãe com coração de Deus!”. Por meio de sua vida e seus escritos, elas nos introduzem na realidade esponsal da Igreja. Assim escreve Madeleine Delbrêl: “Na Igreja, Esposa de Cristo, toda a humanidade é chamada ao seu amor. Cada batizado participa desse amor nupcial”. Sobretudo, e de maneira muito contundente, fazem-nos encontrar nosso próprio lugar na Igreja e viver ativamente como seus membros. Madre Oliva Bonaldo, fundadora das Filhas da Igreja, assim escreve: “No Corpo Místico de Jesus, eu gostaria de ser uma gota de Sangue vivo para levar a Vida no seio da Igreja a todas as células dos seus membros. Meus desejos não têm fronteiras”. Não será talvez este processo sinodal um momento providencial para, com elas, descobrir e fazer descobrir a face materna da Igreja? José Eduardo Câmara é advogado, tradutor e escritor. É autor do livro “Os anjos na vida dos santos”.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


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BRASILÂNDIA Paróquia São Luís Maria Grignion de Montfort celebra seu padroeiro Pascom paroquial

PATRÍCIA BEATRIZ

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Dom Carlos relembrou a importância dos Padres Monfortinos na Região Brasilândia. Por meio de uma mensagem de vídeo, alguns deles deram seu depoimento sobre a vida de São Luís de Montfort, entre os quais o Padre Luiz Augusto Stefani, SMM, Diretor-geral dos Monfortinos, e Padre Luciano Andreol, SMM, Fundador do Grupo de Amigos de Montfort (Gamo) de São Paulo. Durante a setena pelo Padroeiro, foi apresentada a trajetória de sua vida desde o início de sua vocação, sua caminhada e missão até a sua canonização, que completará 75 anos em 20 de julho. A festa contou com a participação dos fiéis das comunidades Santa Clara, São Francisco, Santo Antônio e Nossa Senhora das Graças. Na conclusão, foi distribuído o tradicional bolo de São Luís a todos os presentes.

A Paróquia São Luís Maria Grignion de Montfort, Setor Jaraguá, celebrou, de 23 a 28 de abril, a setena em honra a seu padroeiro, no Jardim Rincão. No dia 24, houve duas celebrações, uma de manhã e outra à noite, com temáticas distintas, como se fossem dois dias da setena. Os Padres Sérgio Antônio Bernardi, CRL, Pároco, e Deolindo de Almeida, CRL, Vigário Paroquial, receberam, ao longo dos dias, os padres convidados: Padre Mário Tadeu, Provincial dos Cônegos Regulares Lateranenses; Padre Dorival Ferreira Leite, CRL; e Padre Juscelino Ricardo de Santana, CRL. A missa do dia do padroeiro, 28, foi presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap. O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na

Região Brasilândia ressaltou que o Padroeiro foi um discípulo missionário que aceitou o chamado do Cristo Ressuscitado e abraçou sua cruz, e, colocando-se a

Pascom paroquial

Pascom paroquial

Paulo Cavalcanti

[SÉ] Morreu, no dia 30 de abril, o Padre Luís Carlos de Oliveira, CSsR. Ele tinha 74 anos e atuava como colaborador na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Setor Jardins, onde também foi Pároco de dezembro de 1987 a março de 1989. Ajudou, sobretudo, no Curso de Noivos, na Pastoral do Batismo e no Encontro de Casais com Cristo (ECC), além de vários outros trabalhos comunitários. Suas últimas celebrações na Paróquia foram as missas do dia 30 de janeiro deste ano, em comemoração ao sétimo mês do ano jubilar.

[IPIRANGA] Em 26 de abril, dia de comemoração da primeira missa realizada no Brasil, celebra-se, também, o Dia de Nossa Senhora da Esperança. Na Paróquia dedicada à Virgem Maria, no Jardim Novo Mundo, Setor Vila Mariana, foram celebradas missas ao longo do dia, sendo a das 19h presidida por Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, e concelebrada pelo Padre Uilson dos Santos, Pároco.

[SÉ] No domingo, dia 1º, aconteceu na Rua 13 de Maio, na Bela Vista, a tradicional festa de São Benedito, promovida pela Pastoral Afro Achiropita. Os festejos tiveram início na Praça Dom Orione, com a presença da comunidade, devotos, representantes das Irmandades de São Benedito, do grupo cultural do bairro, da Escola de Samba Vai Vai e da Congada Santa Ifigênia, de Mogi das Cruzes (SP). O Padre Antônio Sagrado Bogaz, PODP, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Achiropita, Setor Cerqueira César, e o Padre Luiz Antônio Miotelli, PODP, Superior Provincial dos Padres Orionitas, conduziram a procissão ao longo da Rua 13 de Maio até a Igreja Nossa Senhora Achiropita, onde aconteceu a missa.

(por Rogério Nakamoto)

caminho, anunciou a paz e todo o bem: “São Luís, padroeiro desta Paróquia, é aquele que nos mostra como viver o Evangelho de Jesus Cristo”.

(por Maria Aparecida de Godoy)

(por Pascom paroquial)

Espiritualidade Maria, a cheia de graça DOM ÂNGELO ADEMIR MEZZARI, RCJ

BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO IPIRANGA

N

este mês de maio, enquanto vivemos a profunda experiência pascal, mais uma vez somos chamados a invocar Maria, a Mãe de Jesus, Mãe de Deus e nossa, Mãe da Igreja. Vale muito neste “tempo mariano”, na mente, no coração e pelos lábios, recordar e meditar o belo texto do Evangelista São Lucas, no anúncio do Anjo Gabriel: “Alegra-te, cheia

de graça! O Senhor está contigo... Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus” (cf. Lc 1,28-31). Sim, uma palavra tão ampla e densa, que contempla em si toda a vida de Maria. Ela, a cheia de graça, simplesmente, o Anjo seu nome não diz, mas a saúda na alegria, a plena de graça. Verdadeiramente na graça se encontra a identidade mais profunda de Maria, sua escolha, seu sim como resposta, sua entrega incondicional, seu colocar-se a serviço, sua missão de Mãe do Messias. Não só isso: Maria é uma pessoa antes de tudo amada por Deus, tão cara a Ele desde a eternidade. Como é maravilhosa essa perspectiva amorosa, em que a graça se torna o espaço, o lugar onde Maria se encontra com seu Criador, o Deus amado. Tudo é graça

de Deus, dizemos tantas vezes, pois Deus é amor (cf. 1Jo 4,8), logo a vida é graça, dom de amor, e a nossa vocação é graça e missão. Na graça residem a grandeza e a beleza de Maria. E podemos realmente proclamar: Maria é Maria porque é cheia de graça, e, ao dizer isto, dizemos tudo o que está na Palavra de Deus: a cheia de graça, e encontraste graça em teu Deus. Em nossa oração, e ao dizer “Ave, Maria, cheia de graça”, queremos reconhecer que ela está plena do favor de Deus, seu agrado, seu bem querer, pois nela está o Senhor, serás Mãe, terás um filho, seu nome será Jesus. Maria é toda agraciada, toda bela, graciosa, reluzente de bondade, santa e imaculada, repleta de todas as virtudes. A Mãe de Jesus se reconhece predileta, no Magnificat recorda e agradece: “A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu

Salvador” (Lc 1,47). Dar graças significa, antes de tudo, reconhecer a graça recebida, aceitar sua gratuidade, de Deus tudo recebemos gratuitamente. Sabemos que a salvação, alcançada por Cristo, é graça. É pela graça que fomos salvos, mediante a fé, como dom de Deus (cf. Ef 2,8). A anunciação da graça traz consigo consolação e coragem, alegria e esperança. Maria é convidada pelo Anjo a se alegrar por causa da graça, a não ter medo, por causa da graça recebida. Nós também, a exemplo de Maria, renovemos cada dia o contato com a graça de Deus, que está em nós, pela fé professamos, recebemos de sua Palavra, pelos sacramentos, no amor pelos irmãos. Que neste mês de maio, rezemos o Santo Rosário com mais confiança, e a cada “Ave, Maria, cheia de graça”, demos graças a Deus, a Ele bendigamos com gratidão.


6 | Regiões Episcopais | 4 a 10 de maio de 2022 |

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Pascom paroquial

BRASILÂNDIA Em evento, são destacados o papel e a atuação da Pascom Jackeline Gasparine

[SANTANA] No sábado, 30 de abril, Dom Jorge Pierozan presidiu a celebração do 3° dia do tríduo do Padroeiro, na Paróquia São José Operário, Vila Galvão, Setor Jaçanã. Concelebrou o Padre Wagner Aparecido Scarponi, Pároco, assistidos pelo Diácono Permanente Sebastião Augusto. (por Denilson Araujo) Lívia Miranda

TAÍSE CORTÊS

COLABORADORA DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

[SÉ] A Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, Setor Brás, celebrou os 47 anos da elevação de capela a paróquia no dia 1º, festa de São José Operário, copadroeiro da comunidade. A data marca o início da devoção dos ferroviários paulistanos, iniciada há exatos 90 anos, durante a Revolução de 1932. Desde então, a partir de uma promessa feita por eles a Nossa Senhora Aparecida, nasceu a comunidade, inicialmente formada por ferroviários e trabalhadores das Officinas do Norte (hoje, Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, CPTM). (por Lívia Miranda) [SANTANA] Na noite de 26 de abril, na Capela Nossa Senhora Mãe do Bom Conselho, pertencente à Paróquia Santa Rita de Cássia, Setor Vila Maria, foi realizada a missa festiva em louvor à Padroeira. A Santa Missa foi presidida por Dom Jorge Pierozan e concelebrada pelo Pároco, Frei Cássio Ramon Nascimento, OSA. (por Fernando Fernandes)

[LAPA] No dia 24 de abril, na Paróquia São Pedro Apóstolo, do Central Parque, Setor Lapa, realizou-se a celebração da primeira Eucaristia de 14 crianças, durante missa presidida pelo Padre Marcos Lourenço Cardoso, RCJ, Pároco. No início da celebração, ele elogiou o trabalho de evangelização dos catequistas. Na homilia, recordou que o sacramento da Comunhão é um encontro com Cristo, por meio do qual renovamos o amor de Deus em nossas vidas e nos tornamos membros do mesmo Corpo. (por Padre Marco Cardoso e Katiuscia Teodoro)

[LAPA] Na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, Setor Pirituba, no dia 27 de abril, aconteceu a reunião do clero atuante no Setor Pirituba, presidida por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa. Cada padre convidou quatro representantes leigos de sua Paróquia para participar do encontro, no qual foram abordados vários assuntos sobre a retomada das atividades pós-pandemia. (por Benigno Naveira) [BRASILÂNDIA] A Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Vila Carolina, Setor Freguesia do Ó, juntamente com a Pastoral Operária, realizou no domingo, dia 1o, uma roda de conversa, sob a condução do Padre José Domingos Bragheto, Pároco, para lembrar a situação de dificuldade pela qual passam os trabalhadores do País. (por Gisele Lima)

[LAPA] No sábado, 30 de abril, na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no Parque Continental, Setor Butantã, aconteceu a reunião do Setor Juventude da Região Lapa, com assessoria do Padre Eduardo Augusto de Andrade, Assistente Eclesiástico do Setor Juventude da Região, com a participação de Dom José Benedito Cardoso, do Padre Pedro Augusto Ciola de Almeida, Pároco, e demais convidados. O assunto discutido foi a preparação do encontro do Setor Juventude com o Bispo Auxiliar da Região, com o tema “Jovem, escuta com amor”, que acontecerá no dia 11 de junho, às 8h, na Paróquia São João Bosco, no Alto da Lapa.

EDITORIAL

Benigno Naveira

(por Benigno Naveira)

[LAPA] No domingo, dia 1º, na Paróquia Santo Alberto Magno, no Jardim Bonfiglioli, Setor Butantã, aconteceu a missa da 1ª Eucaristia de quatro crianças, presidida pelo Padre Antonio Francisco Ribeiro, Pároco. [IPIRANGA] O Rotary Club de São Paulo – Saúde realizou uma campanha solidária, em abril, em parceria com a Paróquia Santo Afonso Maria de Ligório, Setor Cursino. O montante arrecadado será utilizado na elaboração de cestas básicas que são distribuídas mensalmente pela (por Andreia Carvalho) Paróquia.

[LAPA] No sábado, 30 de abril, na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no Parque Continental, Setor Butantã, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, Dom José Benedito Cardoso, conferiu o sacramento da Confirmação a 28 jovens e adultos. A missa foi concelebrada pelo Padre Pedro Augusto Ciola de Almeida, Pároco. (por Benigno Naveira) Benigno Naveira

[BRASILÂNDIA] O Ministério de Leitores Infantil teve seu início em 2018, na Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, Setor Freguesia do Ó. Desde então, as crianças têm uma presença marcante na missão de “Proclamadores da Palavra”. No tempo da pandemia, os encontros foram virtuais e, no mês passado, novos leitores participaram da formação, em três encontros on-line e um presencial no sábado, 30 de abril, para a parte (por Miriam Guedes) prática.

SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO

VERSÃO IMPRESSA

No sábado, 30 de abril, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Souza, Setor São José Operário, aconteceu o primeiro encontro do +Pascom, uma série de formações com temáticas sugeridas pelos agentes da Pastoral da Comunicação (Pascom) em assembleia regional. A assessoria foi feita pelo Padre Cilto José Rosembach, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Mãe e Rainha, Setor Jaraguá, e com grande experiência no acompanhamento das atividades da Pascom regional. Ele apresentou o tema “Comunicação prática, com base no Documento 99 da CNBB – o Diretório

de Comunicação da Igreja no Brasil”. Padre Cilto propôs uma reflexão sobre o objetivo da Pascom, sua formação e principais áreas de atuação, no âmbito dos eixos identificados no diretório: formação, articulação, produção e espiritualidade. Reforçou, ainda, o papel desta Pastoral como abrangente, de total integração e diálogo com as demais da Igreja e os meios externos que colaboram com a missão evangelizadora. A atividade foi articulada para veiculação em âmbito arquidiocesano e, portanto, todas as regiões episcopais a transmitiram. A íntegra da formação pode ser vista em https://cutt.ly/TGG9KIG.

SOBRE NÓS

NOTÍCIAS

COLUNAS

www.osaopaulo.org.br Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo

[LAPA] O Conselho Regional de Pastoral (CRP) da Região Episcopal Lapa se reuniu, no sábado, 30 de abril, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, Setor Lapa, com assessoria do Padre Antonio Francisco Ribeiro, Coordenador de Pastoral da Região, com a participação de Dom José Benedito Cardoso, padres, diáconos e mais de 100 agentes de pastoral para refletir sobre a exortação apostólica Amoris laetitia e preparar os eventos do Ano Família e a participação no sínodo arquidiocesano. O casal convidado foi Luiz Fernando e Ana Filomena (foto), da Pastoral Familiar. Os membros do CRP tiveram a oportunidade de fazer perguntas e, assim, orientar propostas de trabalhos pastorais. Dom José falou da importância da família na Igreja e quanto a acolhida sem discriminação se faz necessária. (por Benigno Naveira)


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| 4 a 10 de maio de 2022 | Regiões Episcopais/Viver Bem | 7

IPIRANGA Irmã Nélia Chaia assume nova missão aos 91 anos NELI TIE ARITA GROM

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Na sexta-feira, 29 de abril, houve a confraternização e despedida da Irmã Nélia Chaia, 91, filha da caridade de São Vicente de Paulo, no Dispensário Nossa Senhora das Graças, no Moinho Velho, zona Sul da capital paulista. Participaram cerca de 60 voluntários, além do Padre João Carlos Portes, Vigário Paroquial da Paróquia São Vicente de Paulo, Setor Pastoral Anchieta, e o Diácono Anivaldo Blasques. Irmã Nélia veio para São Paulo em 4 de outubro de 1954. Trabalhou em um dispensário e creche no bairro

Arquivo pessoal

da Consolação, no Colégio Luíza de Marillac, em Santana, e na Comunidade São José, do Jardim Guançã, na zona Norte. Em março de 2003, assumiu um trabalho no Dispensário Nossa Senhora das Graças, onde coordenava a entrega de cestas básicas e promovia cursos gratuitos como corte e costura, culinária, pintura, tricô, bordado, informática e técnicas de vendas às pessoas carentes, ajudando os necessitados a conseguirem seu próprio sustento. Em abril, ela foi transferida para o Rio de Janeiro (RJ) para um novo desafio, o de trabalhar com os refugiados, missão que assume com coragem, resignação e perseverança.

Pascom paroquial

BELÉM Clero tem pautas diversas em reunião no Centro Pastoral São José FERNANDO ARTHUR

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

[SANTANA] No dia 27 de abril, a Paróquia Santa Zita, Setor Medeiros, recebeu Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, para presidir a missa solene em honra à padroeira. Concelebrou o Padre Aloizio Azevedo Junior, Administrador Paroquial, assistidos pelo Diácono Permanente Jorge Fernandes. (por Robson Francisco)

Em 27 de abril, o clero atuante na Região Episcopal Belém se reuniu no Centro Pastoral São José, no Belenzinho. Cerca de 60 padres de diversas paróquias participaram da reunião conduzida pelo Cônego José Miguel, Vigário Episcopal para a Região Belém, e pelo Padre Marcelo Maróstica, Coordenador Regional de Pastoral. O primeiro tema abordado foi o seguro-saúde dos sacerdotes, com a apresentação da corretora que está responsável por este serviço aos padres atuantes na

Região, cujo representante respondeu a perguntas e esclareceu dúvidas. Em seguida, o Padre Marcelo conduziu um momento de reflexão e partilha com os padres sobre a Semana Santa, e os acontecimentos nas paróquias e comunidades. Os sacerdotes expuseram suas experiências diante das celebrações com a participação do povo, após dois anos. Depois, o Cônego José Miguel exortou os padres a participarem da abertura da assembleia sinodal arquidiocesana, que será iniciada no sábado, 7, às 15h, com missa na Catedral Metropolitana. Ele pediu que os sacerdotes convidem os membros do Conselho Paro-

quial de Pastoral de suas paróquias para este momento. Por fim, o Padre Marcelo falou sobre a participação da Região na Romaria Arquidiocesana a Aparecida e da ordenação episcopal do Monsenhor Rogério das Neves, que aconteceram no dia 1º. Lembrou, também, a ordenação episcopal do Monsenhor Cícero França, que será no domingo, 8, na Catedral Metropolitana; e pediu aos padres que participem da missa de acolhida do novo Vigário Episcopal da Região Belém, que acontecerá no dia 29, às 15h, na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, na Água Rasa, em celebração a ser presidida pelo Cardeal Scherer.

Comportamento Para entender os juros bancários CRISLEINE YAMAJI Como mencionamos no texto anterior, publicado nesta coluna, as taxas de juros são a remuneração pela disponibilidade do dinheiro no tempo; alguém renuncia ao dinheiro, seu uso, investimento ou poupança para emprestar a outrem que dele necessita. Muitos questionam as taxas de juros bancárias no País, reconhecidas como uma das maiores do mundo. As taxas de juros bancárias representam não só a margem de lucro, mas o custo do crédito, inclusive o custo de eventual dificuldade de sua recuperação, despesas administrativas e tributárias. Os juros dependem de uma série de fatores para sua aferição: montante do crédito, qualidade das garantias concedidas, prazos de contratação, histórico de crédito e de relacionamento do cliente, situação cadastral e modalidade do produto. Quanto mais provável o pagamento ou a recuperação do crédito não pago, menores os juros previstos para a operação. A precificação das operações levam sempre em conta o risco envolvido. Por essa razão, ao darmos nossos bens em

garantia (veículos e imóveis, por exemplo) ou ao estabelecermos operações de crédito consignado, essas contratações resultam muito mais baratas e acabam expressando juros muito mais baixos do que, por exemplo, os do cartão de crédito rotativo, que nenhuma garantia contêm e contam com alta taxa de inadimplemento das dívidas. Ademais, em situações de crise econômica e dificuldade financeira, as taxas de juros costumam aumentar de forma expressiva, pois se torna muito mais difícil recuperar o crédito concedido, até por situações fora do controle dos devedores. A oferta do crédito diminui e a demanda por ele aumenta de forma considerável. Isso sem falar que, na crise, a desconfiança do sistema econômico é geral. Com a perda de empregos e a alta inflação, torna-se escasso o recurso que sobra, descontado o necessário para a sobrevivência familiar. O Brasil é um dos países que apresentam mais dificuldade em recuperação de crédito no mundo, mesmo em situações de prosperidade. Para se ter uma ideia, aqui se leva duas vezes mais tempo para a recuperação de um crédito em comparação ao Chile ou ao México,

e quatro vezes mais tempo em relação aos Estados Unidos. É claro que, nesse contexto social de alto inadimplemento e dificuldade de recuperação dos valores, os juros pelo crédito e a precificação do dinheiro no tempo, passam a aumentar de forma geral. Em contextos sociais em que o respeito ao crédito é maior, o crédito é mais barato. Somado a isso, o demorado processo de execução das dívidas e de recuperação dos valores por meio das garantias torna o risco de todas as operações ainda maior, encarecendo todo o processo. Assim, o mau pagador afeta todo o sistema. Por terem como atividade principal a intermediação financeira de recursos entre os poupadores, – aqueles que detêm os recursos –, e os tomadores de crédito, – aqueles que deles precisam –, as instituições financeiras são autorizadas em nosso sistema a cobrar juros além dos limites estabelecidos na legislação civil; ou seja, não se sujeitam à conceituação da usura. Isso acontece em todo o mundo. O Banco Central não fixa limites às taxas de juros bancárias, reguladas conforme a oferta e a demanda do mercado, mas obriga as instituições financeiras a

exibirem, de forma transparente, as taxas médias aplicadas em seus produtos. O consumidor deve sempre se informar. Cada vez mais, o Banco Central também incentiva a educação financeira da população para que aprenda a pesquisar os diversos produtos e serviços em uma variedade de instituições. E coloca a serviço do cidadão alternativas de compartilhamento de informações para que, à sua escolha, ele possa compartilhar seus dados financeiros e históricos positivos para a melhoria da oferta de produtos e serviços disponíveis, inclusive dos juros. O Judiciário brasileiro também tem reforçado a importância da transparência e clareza das informações previamente às contratações e está a postos para coibir situações evidentemente abusivas e pouco transparentes na cobrança de juros que possam afrontar os direitos dos cidadãos. Por isso, é importante informação, atenção antes de contratar uma operação, educação financeira e exigência dos direitos, caso haja situações de abuso e de violação da lei. Crisleine Yamaji é advogada, doutora em Direito Civil e professora de Direito Privado. E-mail: direitosedeveresosaopaulo@gmail.com


8 | Fé e Vida/Regiões Episcopais | 4 a 10 de maio de 2022 |

Fé e Cidadania Princípios irrenunciáveis e política no Brasil FRANCISCO BORBA RIBEIRO NETO Em períodos eleitorais, nós, católicos, voltamos a ouvir falar com frequência nos “princípios irrenunciáveis”, destinados a orientar nosso voto e a conduta dos eleitos. Se tantos os citam como critérios de conduta, tantos outros os olham com desconfiança, acusando os demais de estarem usando ideologicamente a Doutrina Social da Igreja – sintoma das dramáticas divisões que afetam a nós, católicos, em nossa dificuldade para conciliar pluralidade e unidade. Essas dificuldades nascem, em grande parte, do interesse que os grupos partidários têm de conseguir o voto católico. Cada um procura “filtrar” a Doutrina Social da Igreja a partir de suas convicções, tentando mostrar seus candidatos como os únicos que se adequam aos princípios propostos pelo Magistério. O candidato ideal, perfeito tanto na teoria quanto na prática, não existe, por um motivo muito simples: todos eles são seres humanos limitados e sujeitos ao pecado – como nós mesmos, diga-se de passagem. Os partidos, como agremiações que fatalmente incluem pessoas diferentes, tampouco podem ser perfeitos. A história recente mostrou os limites e as decepções trazidas pelos partidos autodenominados “democracias cristãs”, que muitas vezes usavam o Cristianismo de forma falsa e demagógica. Esses princípios foram muitas vezes denominados como “inegociáveis”. O termo pode ser usado se entendemos que eles não podem ser sacrificados em negociações que visam ao poder ou a outros ganhos menos fundamentais. Contudo, a política é a arte da negociação, e o próprio documento que os apresenta dá exemplos de negociações que podem se tornar necessárias para defendê-los ou minimizar o efeito de leis contrárias a eles (cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Nota Doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política, 2002). O maior problema para o justo entendimento desses princípios, contudo, é uma visão reduzida de sua aplicação, orientada por um falso “realismo político”. Muitos acreditam que chegar ao poder é a única forma de conseguir aquilo a que almejamos. Assim, é realista sacrificar qualquer ideal para se chegar ao poder. Uns, em nome da opção pelos pobres, deixam de lutar contra o aborto. Outros, em nome da defesa da vida, fecham os olhos à situação dos mais pobres. Quando caímos nesses reducionismos, perdemos a unidade e a coerência interna do Magistério católico, permitindo a instrumentalização da Doutrina Social e dando razão às dúvidas de nossos irmãos. A postura justa é aquela de sempre buscar uma visão integral e unitária de todos esses princípios, orientada ao diálogo e à construção do bem comum. Sem fazer um elenco completo, mas procurando apenas dar exemplos, a Nota doutrinal já citada lista cinco “princípios irrenunciáveis”: (1) o direito à vida; (2) a proteção e promoção da família; (3) a liberdade – em particular religiosa e de educação; (4) a economia a serviço da pessoa; e (5) a construção da paz. Todos são irrenunciáveis, de modo que não podemos escolher uns e esquecer outros. Se nossos candidatos ou grupos políticos traem algum desses princípios, nosso dever é alertá-los e exortá-los a uma adesão mais completa e integral a todos eles – mesmo que isso signifique uma perda política. Podemos chegar até o ponto de deixar de dar-lhes nosso apoio. O que não podemos é fechar os olhos quando abandonam algum desses princípios, com alegações como “o adversário faz pior” ou “temos que aceitar isso para defender aquilo”. Francisco Borba Ribeiro Neto é coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

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SANTANA Morre, aos 94 anos, o Padre Nadir Granzotto REDAÇÃO

Arquivo da Capela Beato Claudio Granzotto

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Faleceu na noite do sábado, 30 de abril, aos 94 anos de idade, o Padre Nadir Sérgio Granzotto, do clero da Arquidiocese de São Paulo, que por anos atuou em paróquias da Região Episcopal Santana. Seu último ofício foi como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres, no Setor Pastoral Tucuruvi, mas nos últimos, com a saúde debilitada, ele vivia com familiares na cidade de Francisco Beltrão (PR). O corpo do Padre Nadir foi velado na manhã do domingo, dia 1o, na Capela do Jardim da Luz, em Francisco Beltrão, e depois, na parte da tarde, na Concatedral de Nossa Senhora da Glória, na mesma cidade, onde houve a missa de

corpo presente, após a qual ocorreu o sepultamento no cemitério central. A missa de 7o dia do Padre acontecerá na sexta-feira, 6, às 19h30, na Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres (Av. General Ataliba Leonel, 3.013, Parada Inglesa), presidida por Dom Jorge

Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana. Nascido em Aratiba (RS) em 9 de setembro de 1927, Padre Nadir Granzotto ingressou no Seminário da Congregação de Nossa Senhora da Salete, em Marcelino Ramos (RS), em 1939. Recebeu a ordenação sacerdotal na cidade de Erexim (RS) em 8 de dezembro de 1954, desempenhando seu ministério a maior parte do tempo no clero da Arquidiocese de São Paulo, a partir de 1961. Nas paróquias por onde passou, Padre Nadir ajudou a construir templos, entre os quais o da Capela Beato Claudio Granzotto, no bairro da Parada Inglesa. Claudio Granzotto foi beatificado por São João Paulo II em 1994, em cerimônia que contou com a participação do Padre Nadir, que é descendente deste bem-aventurado.

LAPA Paróquia São José Operário festeja padroeiro Benigno Naveira

BENIGNO NAVEIRA

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Os fiéis da Paróquia São José Operário, no Jardim Sarah, Setor Rio Pequeno, comemoraram o padroeiro, no domingo, dia 1º, iniciando as festividades com uma

procissão com a imagem de São José Operário, que saiu da Comunidade Santa TerezaD’Ávila, em direção à igreja matriz, onde houve a missa. A celebração foi presidida por Dom Fernando José Penteado, Bispo Emérito de Jacarezinho

(PR), e concelebrada pelo Padre Leandro Calazans de Oliveira, SJC, Pároco. Na homilia, Dom Fernando lembrou que São José, homem que se guiou pela fé, cultivou as tradições da religião e as transmitiu, dedicando atenção e carinho à família, cuidando da educação do filho, consciente de que Jesus não lhe pertencia, mas devia ser amparado e orientado para corresponder ao projeto de Deus. O Bispo destacou, ainda, que São José é um dos santos mais populares do catolicismo, tendo sido proclamado “Patrono universal da Igreja”; por seu ofício, “Padroeiro dos trabalhadores” e, pela fidelidade à sua esposa, “Padroeiro das famílias”. Durante a celebração, Dom Fernando abençoou as carteiras de trabalho e objetos pessoais dos fiéis.

IPIRANGA Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus retoma celebração especial para crianças KAREN EUFROSINO

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

No domingo, dia 1º, foi retomado na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, Setor Imigrantes, o “Celebrando com Crianças”, missa especialmente dedicada aos pequenos. Criado há 14 anos, o “Celebrando”, assim chamado pe-

los paroquianos, acontece nos primeiros domingos de cada mês, às 15h, com uma liturgia repleta de recursos lúdicos. Nos anos de 2020 e 2021, em razão da pandemia, essa missa foi suspensa. O Padre William Day Tombini, Pároco, interagiu com as crianças, aproveitando a oportunidade para lhes explicar a missa, parte por parte.

Karen Eufrosino


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| 4 a 10 de maio de 2022 | Geral | 9

Cônego Sergio Conrado comemora jubileu de ouro sacerdotal Daniel Abe e Carmen Sanches

DANIEL ABE E CARMEN SANCHES ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

No dia 30 de abril, na Paróquia São Gabriel, no Jardim Paulista, na Região Episcopal Sé, foi celebrada uma missa em ação de graças pelos 50 anos de ordenação sacerdotal do Cônego Sergio Conrado. Presidida por Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, a celebração contou com a presença de diversos sacerdotes, diáconos, seminaristas e muitos leigos, vindos das oito paróquias nas quais o jubilando trabalhou, além de representantes da Mitra Arquidiocesana, da Cúria Regional e da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), instituição em que o Cônego Sergio lecionou por muitos anos. Dom Odilo convidou a todos para um imenso agradecimento a Deus pelo jubileu de ouro sacerdotal do Cônego Sergio e fez votos de que ele continue seu trabalho, dedicado a Deus e ao povo. Discorreu, ainda, sobre a vida e atuação do Cônego, exortando os presentes a rezarem por mais vocações, e desejando que, de cada comunidade ali representada, brote alguma voca-

Cardeal Odilo Scherer cumprimenta o Cônego Sergio Conrado pelos 50 anos de sacerdócio

ção para o sacerdócio e a vida religiosa. Cônego Sergio, por sua vez, agradeceu não somente aos sacerdotes ali presentes e àqueles que o acompanharam durante sua formação em Roma e nos trabalhos pastorais, mas, também, aos professores que o instruíram, aos leigos que o acompanharam e, de modo especial, a Dom Paulo Evaristo Arns (1921-

2016), que o orientou na maior parte destes 50 anos. Também enalteceu o apoio recebido dos arcebispos Dom Carlos Carmelo Mota (1890-1982), Dom Agnelo Rossi (1913-1995), Dom Cláudio Hummes e Dom Odilo Scherer. Em seguida, dois representantes da Paróquia São Gabriel apresentaram suas felicitações ao jubilando.

“Agradeço de coração, uma vez mais, a todos os presentes; a outros que não puderam vir; a outros, ainda, que já partiram para o Pai. De tudo o que falei, uma certeza permanece: Deus chama, prepara, envia e sustenta. Cabe a nós sermos fiéis. Deus lhes pague!”, afirmou ao término da missa o Cônego. Nascido em São Paulo, em 4 de julho de 1941, Cônego Sergio ingressou no seminário menor em 1958 e cursou Humanidades até 1963, quando iniciou o curso de Filosofia. Em 1967, foi enviado a Roma para cursar Teologia, onde ficou até 1970. Regressou ao Brasil em 1971, recebeu o diaconato e foi trabalhar no Jardim São Luiz. Em 30 de abril de 1972, foi ordenado sacerdote por Dom Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo Metropolitano, e enviado à Paróquia São João Batista, no Itaim Paulista. Em dezembro do mesmo ano, tornou-se Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Ponte Rasa. Daí, iniciou sua caminhada pastoral: São Miguel Paulista; Paróquia Santa Madre Cabrini, nos Campos Elísios; Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, no Cambuci; Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Aclimação; e, atualmente, Paróquia São Gabriel Arcanjo, no Jardim Paulista.

Faculdade de Direito Canônico promove curso sobre associações de fiéis REDAÇÃO

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A Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo da Arquidiocese de São Paulo realizou nos dias 26 e 27 de abril um curso de extensão sobre as associações de fiéis, seus aspectos jurídicos, pastorais e a administração dos bens eclesiásticos. A formação, inteiramente on-line, teve como objetivo apresentar e dar a conhecer os fundamentos do direito associativo, além de aprofundar sobre o processo de aprovação dos estatutos canônicos das associações nas Igrejas particulares. Também ajudou os participantes a compreenderem o processo de aprovação das associações eclesiásticas no âmbito civil e a analisar as legislações canônica e civil quanto à administração dos bens eclesiásticos. O curso teve como professores o Padre

Ricardo Anacleto, sacerdote da Arquidiocese de São Paulo, que também é Vice-Diretor e professor ordinário da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo e Assessor Canônico das Associações de Fiéis na Arquidiocese; Hugo José Sarubbi Cysneiros Oliveira, assessor jurídico-civil da Nunciatura Apostólica no Brasil e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); e Marco Aurelio de Mello Castrianni, juiz federal em São Paulo e doutor em Direito Canônico pela Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo.

DIREITO ASSOCIATIVO

Na abertura do curso, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler da faculdade, recordou que, desde o início, existem na Igreja Católica organizações que partilham a vida segundo dons e carismas específicos, entre

elas, a realidade de fiéis que se associam para realizar determinada missão eclesial. “A Igreja prevê o direito de os fiéis se associarem livremente, contanto que sejam respeitadas as normas internas da própria Igreja, uma vez que esse direito é exercido no interior de um corpo maior”, explicou Dom Odilo, acrescentando que, para a constituição dessas associações de fiéis, que normalmente são chamadas de movimentos, novas comunidades, entre outras, deve haver um estatuto reconhecido pela autoridade eclesiástica. Tais organizações, em geral, têm uma personalidade jurídica canônica e civil e costumam possuir e administrar bens necessários para o desempenho de sua missão.

BENS

“Esses bens não são para ser acumulados, mas para dar possibilidade à Igreja de

cumprir a sua missão... Por isso, esses bens precisam ser bem administrados, deve haver transparência, prestação de contas, controle”, frisou o Arcebispo, lembrando que as instituições da Igreja existem na sociedade e, portanto, devem prestar contas às autoridades civis sobre a administração dos bens temporais. Dom Odilo sublinhou, ainda, que a administração dos bens merece muita atenção por parte da Igreja, pois pode ser ocasião de escândalo quando não há transparência na sua gestão. “Nós devemos necessariamente primar pela clareza, transparência e pelo uso dos bens de maneira adequada”, disse. Por fim, o Cardeal elogiou a iniciativa da formação sobre uma questão que tem incidência na vida prática e na ação evangelizadora das inúmeras associações de fiéis existentes na Igreja.


10 | Sínodo Arquidiocesano | 4 a 10 de maio de 2022 |

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Arquidiocese celebra nova abertura da assembleia sinodal FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

No sábado, 7, às 15h, acontecerá, na Catedral da Sé, a nova celebração de abertura da assembleia sinodal arquidiocesana de São Paulo. Prevista para ser realizada em 2020, esta etapa do 1º sínodo arquidiocesano de São Paulo foi suspensa devido à pandemia de COVID-19. A assembleia será realizada em sete sessões, com a participação de cerca de 400 membros convocados, representando as mais diversas expressões e organizações da vida eclesial e pastoral da Arquidiocese: clero, leigos, religiosos e organismos eclesiais e pastorais arquidiocesanos. “A assembleia sinodal arquidiocesana deverá acolher o resultado dos trabalhos preparatórios realizados nos anos anteriores de caminho sinodal, valorizando todas as contribuições que vieram das comunidades, paróquias, regiões e vicariatos episcopais, organizações eclesiais e pastorais presentes em nossa imensa Arquidiocese. E, também, deverá acolher os resultados da vasta pesquisa de campo e do levantamento paroquial, feitos em 2018. Os dados que emergiram desse esforço de ‘ver-ouvir’ são muito importantes e devem ser, agora, objeto de nova reflexão e discernimento na assembleia”, explicou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, na apresentação do Instrumento de Trabalho da Assembleia, no qual consta uma nova versão do Regulamento da Assembleia Sinodal (leia ao lado e na página 11).

PRÉ-ASSEMBLEIA

Antes da assembleia sinodal, foi realizada uma etapa de pré-assembleia nas paróquias e vicariatos da Arquidiocese, para “ver-ouvir” novamente as bases da vida eclesial sobre o caminho já realizado e, sobretudo, sobre as novas questões que emergiram durante os dois anos de pandemia, que fizeram repensar muita coisa também na vida e ação da Igreja e na organização do seu trabalho evangelizador e pastoral. “Meta e missão da assembleia sinodal arquidiocesana é a elaboração de propostas consistentes, como expressão das diretrizes conclusivas do sínodo, para orientar a Arquidiocese no processo de ‘comunhão, conversão e renovação missionária’ e para dar o ‘testemunho de Deus na Cidade’. Os rumos da ação evangelizadora e pastoral na fase posterior da assembleia sinodal dependerão em muito das conclusões sinodais elaboradas por esta assembleia sinodal”, acrescentou o Arcebispo. O Cônego José Arnaldo Juliano dos Santos, que com a Irmã Helena Corazza é relator do sínodo arquidiocesano, informou que, até o momento, foram recebidas as contribuições da pré-assembleia de 238 paróquias. O Sacerdote explicou, ainda, que as informações desse material serão inseridas no relatório geral que havia sido elaborado para a assembleia em 2020. “Porém, esses dados não serão um apêndice do relatório, mas uma etapa do caminho sinodal.” Dom Odilo acrescentou que o relatório inicial apresentará aos participantes da assembleia sinodal o estado da questão do tema do sínodo a partir dos levantamentos e reflexões realizados

nas etapas anteriores do sínodo. A partir desse relatório, os membros da assembleia refletirão e elaborarão, ao final dos trabalhos, propostas para a vida e a missão da Igreja em São Paulo, a partir das quais o Arcebispo, posteriormente, poderá tomar decisões e dar os devidos encaminhamentos pastorais.

SÍNODO UNIVERSAL

O Cardeal Scherer salientou, ainda, que o caminho sinodal iniciado na Arquidiocese em 2017 recebeu um reforço e incentivo renovado com a convocação do sínodo universal, feita pelo Papa Francisco. “A Igreja inteira é chamada a viver uma experiência sinodal intensa, para ser ‘Igreja sinodal em comunhão, participação e missão’. O trabalho do nosso sínodo arquidiocesano conflui, como um pequeno afluente num grande rio, no esforço sinodal da Igreja inteira, para se reencontrar consigo mesma: sua natureza e identidade profunda na comunhão eclesial; a graça da participação no patrimônio espiritual e na ação eclesial; sua natureza e identidade missionária”, disse. Vivemos tempos em que o Espírito de Deus fala, de maneira forte, à Igreja atual e nós temos a graça de viver este tempo e de participar desta experiência sinodal, a começar por nossa Arquidiocese.

RENOVAÇÃO DA EVANGELIZAÇÃO

Os sínodos diocesanos são iniciativas já consagradas na Igreja ao longo dos séculos e fazem uma grande avaliação da vida e ação evangelizadora e pastoral da Igreja local, na busca da renovação e dinamização da vida e ação eclesial. “É na diocese que se dá concretamente o exercício da ‘comunhão e da participação’, próprias do Mistério da Igreja – ‘Mistério derivado da Santíssima Trindade’ [...]. Para que esta porção do povo de Deus possa, de modo eficaz, acolher, viver e testemunhar o Evangelho e a todos atrair para Cristo, a diocese, ou Igreja particular, pode convocar sínodos, por meio dos quais se manifestam melhor a comunhão eclesial e o acolhimento da Palavra de Deus, para ouvir ‘o que o Espírito diz à Igreja’ no tempo presente”, afirmou Dom Odilo, ao convocar o sínodo arquidiocesano, durante a celebração da solenidade de Corpus Christi de 15 de junho de 2017. Nessa ocasião, o Arcebispo sublinhou que “o objetivo principal do sínodo arquidiocesano é a renovação da evangelização e da vida pastoral da Arquidiocese, à luz dos apelos de Deus e da Igreja e à luz da realidade, na qual vive a Igreja de São Paulo”. Em 2018, foi realizada a primeira etapa do sínodo, no âmbito das paróquias e suas organizações pastorais. Nesse mesmo ano, foi feito um levantamento nas paróquias sobre os dados objetivos que refletem a sua vida e ação pastoral, além de uma pesquisa de campo sobre a situação religiosa e pastoral em toda a Arquidiocese de São Paulo. Em seguida, houve uma etapa no âmbito das regiões e vicariatos episcopais. A assembleia arquidiocesana será realizada em sete sessões entre junho e dezembro de 2022. A celebração de encerramento do sínodo arquidiocesano está prevista para acontecer no dia 25 de março de 2023.

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| 4 a 10 de maio de 2022 | Sínodo Arquidiocesano | 11

ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO 1º SÍNODO ARQUIDIOCESANO 2017 - 2022 “Caminho de comunhão, conversão e renovação missionária” Deus habita esta cidade: Somos suas testemunhas!

REGULAMENTO

da assembleia sinodal arquidiocesana 1. Considerando que o objetivo principal do sínodo arquidiocesano é promover a comunhão, a conversão e a renovação missionária da arquidiocese de São Paulo, à luz dos apelos de Deus, da Igreja e da realidade, na qual ela vive; • Considerando as etapas já realizadas: a preliminar (2017), a preparatória nas paróquias (2018), a preparatória nos vicariatos regionais e ambientais (2019) e a pré-assembleia (2022);

1.6. A 6ª sessão tem o objetivo de apresentar a primeira elaboração do Relatório geral, inclusive com as novas propostas, e de fazer em assembleia um discernimento sobre as propostas elaboradas, para ver se elas estão na linha do grande propósito do sínodo arquidiocesano: realizar o caminho de comunhão, conversão e renovação missionária na Arquidiocese. 1.6.1. Nomear e apresentar a Comissão de Escrutínios da assembleia sinodal arquidiocesana, para que assuma a sua função na assembleia.

• Considerando que a meta da assembleia sinodal consiste na elaboração de indicações para operacionalizar o objetivo do 1º sínodo arquidiocesano de São Paulo (Agir);

1.6.2. Submeter o Relatório apresentado nesta 6ª sessão a uma primeira votação, com a possibilidade de apresentar emendas a questões específicas. Os votos a serem expressos são: SIM. SIM COM EMENDA. NÃO.

• Em atenção ao artigo 17 do Regulamento geral do 1o sínodo arquidiocesano de São Paulo, fica estabelecido que a assembleia sinodal arquidiocesana será realizada conforme este Regulamento.

1.6.3. Após a 6ª sessão, os Relatores, a Comissão de Redação e o grupo de Peritos redigirão o Relatório geral final das propostas, considerando também as emendas.

Capítulo 1º - Objetivos e sessões da assembleia sinodal arquidiocesana 1.1. A 1ª sessão tem o objetivo de apresentar o Relatório inicial da assembleia a partir dos trabalhos anteriores do sínodo (2018, 2019 e 2022): relatórios das assembleias sinodais nas regiões episcopais e nos vicariatos ambientais, pesquisa de campo, levantamento paroquial e as contribuições da pré-assembleia (2022). 1.2. A 2ª sessão tem o objetivo de lançar um olhar sobre a Cidade: a realidade social, econômica, cultural e religiosa do ambiente da vida e da missão da Igreja, em vista da renovação pastoral e missionária em todos os âmbitos da organização eclesial da arquidiocese de São Paulo. 1.2.1. Na segunda sessão da assembleia arquidiocesana do sínodo, os membros da assembleia já devem inscrever-se, conforme orientações oferecidas pelo Instrumento de Trabalho, em três Comissões temáticas, conforme preferência pessoal. 1.2.2. Cabe à Secretaria Geral do sínodo organizar a composição das Comissões temáticas, levando em conta as preferências manifestadas pelos membros da assembleia e um adequado equilíbrio na composição das Comissões temáticas. 1.2.3. A Comissão de Coordenação Geral do sínodo fará a indicação prévia do Coordenador e do Secretário de cada Comissão temática. A composição de cada Comissão temática será divulgada na 3ª sessão da assembleia. 1.3. A 3ª sessão tem o objetivo de lançar um olhar conjuntural sobre a Igreja em São Paulo, no Brasil e no mundo, à luz da Palavra de Deus e do Magistério da Igreja e dos relatórios apresentados nas sessões anteriores. 1.3.1. A Secretaria geral do sínodo apresenta a formação das Comissões temáticas. 1.4. A 4ª sessão tem o objetivo de refletir, a partir “do que vimos e ouvimos”, por meio da pesquisa e do levantamento paroquial (2018), nas sessões anteriores, sobre a questão missionária, que é a alma e a essência da vida e da missão de toda a Igreja. 1.4.1. Reflexão, em plenário, e encaminhamento para o trabalho das Comissões temáticas. 1.4.2. Refletir, nas Comissões temáticas sobre os principais apelos missionários que nos vêm da Palavra de Deus e da Igreja e mediante as circunstâncias atuais da Arquidiocese. 1.4.3. O trabalho das Comissões temáticas, organizadas pela Comissão de Coordenação Geral do sínodo, será a elaboração de propostas evangelizadoras e pastorais significativas e específicas a partir da pesquisa, do levantamento paroquial e das reflexões já feitas pelo sínodo até o presente e em conformidade com este Instrumento de Trabalho. 1.4.4. As Comissões temáticas iniciam seu trabalho nesta sessão e o completam no intervalo entre a 4ª e a 5ª sessão, reunindo-se em data e lugar a serem determinados por elas mesmas; cada Comissão deverá elaborar, no máximo, cinco propostas, que respondam à questão - “o que devemos fazer?” - para promover o caminho de comunhão, conversão e renovação missionária da Arquidiocese. As datas das reuniões devem ser comunicadas à Secretaria geral do sínodo. 1.5. A 5ª sessão tem o objetivo de apresentar em plenário, o Relatório das cinco propostas de cada Comissão temática, em vista da elaboração do Relatório geral das propostas da assembleia sinodal arquidiocesana, a ser submetido à votação na 6ª sessão. 1.5.1. Nesta mesma sessão, organizam-se novos grupos de trabalho para fazer um novo discernimento sobre as propostas apresentadas e para a elaboração de duas outras propostas por grupo, se necessário. A Comissão de Coordenação geral dará orientações específicas para o trabalho desses novos grupos. 1.5.2. O trabalho desses novos grupos deverá ser entregue até o final desta sessão da assembleia.

1.7. A 7ª sessão tem o objetivo de apresentar em plenário o Relatório geral final das propostas da assembleia sinodal arquidiocesana, para ser submetido à apreciação da assembleia. A votação será para a manifestação do consenso da assembleia sinodal e se expressará pelos conceitos: SIM. SIM COM RESERVAS. NÃO. 2. Instrumento de trabalho: A Comissão de Coordenação Geral do sínodo fica encarregada de elaborar o Instrumento de Trabalho para cada sessão e de definir local, data e horário para cada sessão, conforme o artigo 21 do Regulamento Geral do 1o sínodo arquidiocesano de São Paulo. Capítulo 2º - Presidência e serviços de coordenação 3. O Arcebispo de São Paulo, na qualidade de Presidente do sínodo arquidiocesano, presidirá por si, ou por um dos Bispos Auxiliares, as sessões e celebrações da assembleia sinodal. 3.1. Fazem parte da Presidência da assembleia sinodal os Bispos Auxiliares, o Secretário Executivo do sínodo e os Relatores do sínodo. 3.2. Para as reuniões de cada Comissão temática serão indicados, pela Coordenação Geral do sínodo e nomeados pelo Arcebispo de São Paulo, um Coordenador e um Secretário, cujas funções serão coordenar as reuniões da respectiva Comissão temática e redigir as propostas a serem entregues à Secretaria geral do sínodo. A Secretaria, por sua vez, repassará todas as conclusões para a Comissão de Redação, para a preparação do Relatório geral da assembleia sinodal. 4. A Secretaria Executiva do sínodo auxiliará a Presidência no desenvolvimento das sessões e na organização logística para a realização das sessões, o material de apoio etc., conforme o artigo 10º do Regulamento geral do 1o sínodo arquidiocesano de São Paulo. 4.1. Para bem desenvolver sua missão, a Secretaria Executiva terá um Secretário Executivo adjunto, escolhido segundo o artigo 10º do Regulamento geral do 1o sínodo arquidiocesano de São Paulo; 4.2. O Presidente escolherá uma Comissão de Redação composta por dois Relatores gerais e mais dois membros, escolhidos após consulta à Comissão de Coordenação Geral do sínodo, para auxiliar na elaboração dos Relatórios.

5.8. O Chanceler da Arquidiocese; 5.9. Os Procuradores da Mitra arquidiocesana; 5.10. Seis representantes dos Diáconos permanentes, indicados pelos seus pares; 5.11. Dois representantes dos formandos da Arquidiocese de cada um dos Seminários e da Escola Diaconal, indicados pelos respectivos formadores; 5.12. Cinco religiosos(as) de cada Região episcopal, escolhidos pelos núcleos da CRB; 5.13. Cinco representantes de Movimentos, Associações e Novas Comunidades de cada Região Episcopal, escolhidos em reunião com o Bispo auxiliar da respectiva Região; 5.14. Dez representantes leigos do Conselho Arquidiocesano de Pastoral (CAP), indicados pelos seus pares; 5.15. Sete membros leigos dos Conselhos Regionais de Pastoral (CRPs) de cada Região, indicados pelos seus pares; 5.16. Dois membros de cada uma das dezoito coordenações pastorais da Arquidiocese, indicados por seus pares; 5.17. Cinco leigos (entre os quais três jovens) e cinco clérigos de cada Região Episcopal, indicados pelos Bispos auxiliares; 5.18. Cinco representantes de cada Vicariato ambiental (Educação e Universidade; Povo de Rua e Comunicação) indicados pelos respectivos Vigários episcopais; 5.19. Quatro membros da pastoral na área da saúde e dos enfermos, indicados pelo Coordenador da Pastoral da Saúde arquidiocesana; 5.20. Quinze membros escolhidos livremente pelo Arcebispo Metropolitano; 5.21. Quatro Superiores de Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, convocados pelo Arcebispo Metropolitano (cf. cânon 463§1 nº 9); 5.22. O Arcebispo Metropolitano poderá convidar até três representantes de cada uma das Igrejas Orientais Católicas presentes na Arquidiocese, com direito a voz, mas não a voto; 5.23. Também poderão ser convidados, como observadores, alguns representantes de Igrejas ou Comunidades eclesiais que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica, presentes na Arquidiocese de São Paulo, a quem poderá ser dada a palavra, mas sem direito a voto. 6. O Arcebispo poderá convocar peritos e outros especialistas para contribuir com o desenvolvimento da assembleia sinodal, conforme artigo 5.3 do Regulamento geral do 1o sínodo arquidiocesano de São Paulo, sem direito a voto. Capítulo 4º - Convocação e participação 7. Caberá ao Presidente convocar os membros para participar da assembleia sinodal. 7.1. Os membros serão convocados por meio de correspondência enviada pelo correio, ou por e-mail, com antecedência mínima de quinze dias antes da celebração de abertura da assembleia sinodal arquidiocesana;

4.2.1. A Comissão de Redação terá a colaboração de peritos, nomeados pelo Arcebispo.

7.2. A participação dos membros na assembleia será pessoal e não admitirá delegação; e eventual substituição poderá ser feita somente com a aprovação do Presidente do sínodo;

Capítulo 3º - Membros e demais participantes

7.3. No início da primeira sessão, os sinodais farão a profissão de fé, segundo a norma do cânon 833;

5. São membros da Assembleia Sinodal arquidiocesana: 5.1. O Arcebispo de São Paulo, Bispos Auxiliares e Vigários Gerais; 5.2. Vigários gerais adjuntos, Vigário judicial e os membros da Comissão de Coordenação Geral do sínodo; 5.3. Os membros do Conselho de Presbíteros; 5.4. Quatro representantes do Cabido Metropolitano escolhidos pelos seus pares; 5.5. O Coordenador do Secretariado de Pastoral da Arquidiocese e os Coordenadores de Pastoral das Regiões e Vicariatos episcopais; 5.6. Os Padres Coordenadores dos Setores; 5.7. Os Reitores dos Seminários e da Escola Diaconal da Arquidiocese, os Diretores das Faculdades de Direito Canônico e Teologia, o Reitor/a do Unifai; e dois professores da PUC-SP convidados pelo Grão-chanceler da Universidade;

7.4. Os membros da assembleia sinodal têm o direito de se manifestar livremente sobre as questões propostas, embora no modo e no limite do tempo previstos pelo Instrumento de Trabalho de cada sessão. 8. Em vista do laço que une a Igreja particular e o seu Pastor com a Igreja universal e com o Romano Pontífice, o Arcebispo metropolitano tem o dever de excluir da discussão sinodal teses ou posições discordantes da perene doutrina da Igreja e do magistério pontifício, ou referentes a matérias disciplinares reservadas à Autoridade eclesiástica (cf. Congregação para os Bispos. Instrução sobre os sínodos diocesanos, 4).

10. Conforme o artigo 18.3 do Regulamento geral do 1o sínodo arquidiocesano de São Paulo, as votações nas sessões seguirão os seguintes princípios: 10.1. As votações não têm a finalidade de alcançar um acordo majoritário vinculante, mas de verificar o consenso dos membros sinodais sobre as propostas formuladas; 10.2. Em vista da natureza consultiva do sínodo arquidiocesano, cabe ao Arcebispo de São Paulo acolher, com liberdade, “coram Deo” (em consciência, diante de Deus), as indicações sinodais formuladas pelos membros da assembleia e emanar as declarações e decretos sinodais. 11. Até à sexta sessão, caso haja a necessidade de votação, esta será feita por alçada de mão e terá consenso a proposta que obtiver a maioria dos votos dos membros presentes na referida sessão ou reunião de grupo. 12. Na reunião das Comissões temáticas, serão apresentadas à assembleia sinodal as cinco propostas que obtiverem mais da metade dos votos dos membros presentes na reunião da respectiva Comissão temática. 13. Na sétima sessão, a votação será feita sobre cada parágrafo do texto final. Obterão consenso os parágrafos que alcançarem ao menos 2/3 dos votos dos membros presentes à sessão. 13.1. Cada membro terá apenas um voto, mesmo que participe da assembleia sinodal por mais de um título; 13.2. Não será permitida intervenção ou sugestão de mudança da proposta depois de iniciada a votação, ou após sua conclusão. 14. Para as votações de que trata o artigo 13 do presente Regulamento, o Presidente da Assembleia sinodal designará, por meio de carta circular, a Comissão de escrutínios, constituída por um Presidente e auxiliares; será composta por membros da própria assembleia sinodal e auxiliada pela Secretaria executiva do sínodo. 14.1. Na carta circular, o Presidente do sínodo determinará as competências do Presidente da Comissão de escrutínios e dos auxiliares, bem como as demais questões inerentes à votação. Capítulo 6º - Elaboração do Relatório final 15. Na conclusão da sétima sessão, o Relatório final do 1º sínodo arquidiocesano de São Paulo será entregue ao Arcebispo, para a divulgação e os encaminhamentos pós-sinodais; 15.1. O Relatório final do 1º sínodo arquidiocesano de São Paulo será apresentado pelo Arcebispo à Arquidiocese em solene celebração de conclusão do sínodo e mediante um instrumento pastoral oportuno. Capítulo 7º - Disposições gerais 16. Questões não atendidas por este Regulamento da assembleia sinodal arquidiocesana serão dirimidas pelo Arcebispo de São Paulo, após ouvir a Comissão de Coordenação Geral do Sínodo, ou a Secretaria Executiva, consoante a competência de cada uma dessas instâncias. 17. Este Regulamento readequado da Assembleia sinodal arquidiocesana, apreciado pela Comissão de Coordenação geral do 1º sínodo arquidiocesano de São Paulo em 27 de abril de 2022 e aprovado pelo Presidente do sínodo, entra em vigor após a sua promulgação pelo Arcebispo metropolitano de São Paulo. PROMULGAÇÃO Promulgo este Regulamento da assembleia sinodal arquidiocesana. São Paulo, 29 de abril de 2022, memória de Santa Catarina de Sena, Doutora da Igreja, no 15º aniversário de minha posse como Arcebispo de São Paulo. Que se cumpra integralmente para o bom êxito do 1º sínodo arquidiocesano de São Paulo.

Capítulo 5º - Votações e do modo de proceder nas Sessões ou Reuniões

Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo

9. Para o modo de proceder nas sessões, a duração e a modalidade das intervenções (orais e escritas), serão dadas orientações específicas no Instrumento de Trabalho.

Pe. Everton Fernandes Moraes Chanceler do Arcebispado


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Com missa, Pastoral da Saúde inicia cursos para novos agentes Luciney Martins/O SÃO PAULO

DANIEL GOMES

osaopaulo@uol.com.br

Na primeira atividade presencial da Pastoral da Saúde da Arquidiocese desde o início da pandemia de COVID-19, a alegria do reencontro e a gratidão a Deus pelo dom da vida eram perceptíveis. A missa que marcou o início dos cursos oferecidos pela Pastoral aconteceu na manhã do sábado, 30 de abril, na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na Região Ipiranga. A Eucaristia foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, e concelebrada por sacerdotes que acompanham os trabalhos da Pastoral da Saúde, entre os quais o Padre João Inácio Mildner, Assistente Eclesiástico Arquidiocesano dessa Pastoral.

ALEGRIA E GRATIDÃO

No começo da missa, Padre João rendeu graças a Deus pela volta dos encontros presenciais da Pastoral e ressaltou que os trabalhos não foram interrompidos durante a pandemia, graças ao uso dos meios digitais, pelos quais os agentes se mantiveram próximos dos doentes. Também agradeceu a Deus o dom da vacina e o empenho dos profissionais da Saúde: “Como nos lembra o Papa Francisco, eles são os mártires do novo milênio”, ressaltou. Ao saudar os cerca de 200 fiéis que participaram da missa, Dom Odilo enalteceu o fato de a Pastoral da Saúde não ter interrompido suas ações durante a pandemia, “pelo contrário, foi uma das pastorais mais ativas diante de tantos doentes e situações de necessidade, teve que se reinventar e se adaptou para estar próxima deles”. Lembrou-se, ainda, dos que morreram em decorrência da COVID-19 e de todos os que trabalham na área da Saúde, destacando que esta deve ser preservada e valorizada pelo Estado, a sociedade e as organizações da Igreja.

SEGUIDORES DO MANDAMENTO DE JESUS

Na homilia, Dom Odilo frisou que a

Dom Odilo Scherer preside missa na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, no sábado, 30 de abril

Pastoral da Saúde representa uma das mais importantes iniciativas da Igreja, por estar diretamente ligada ao coração da mensagem do Evangelho. “A recomendação de cuidar dos doentes, curá-los, vem diretamente de Jesus”, ressaltou o Arcebispo. De acordo com José Gimenez, coordenador arquidiocesano da Pastoral da Saúde, esse zelo pastoral se manteve mesmo durante a pandemia. “Estivemos próximos dos enfermos por meio das mídias sociais, pela telinha do celular, por ligação telefônica e até escrevendo bilhetinhos. Muitos agentes escreviam cartinhas e as mandavam para os doentes, e estes as acolhiam como algo precioso que recebiam da Igreja”, contou à reportagem.

TESTEMUNHAS DA IGREJA

Dom Odilo destacou que a Igreja deve dar testemunho da caridade, com os cristãos manifestando amor ao próximo, assistindo os pobres, doentes e as pessoas mais necessitadas. “Por meio da Pastoral da Saúde, vocês estão bem no coração deste testemunho da caridade e da misericórdia, cuidando dos doentes, dos aflitos e também dos familiares dos doentes”, disse, encorajando os agentes a continuar essa missão e a chamar outras pessoas para esse trabalho pastoral. É isso que têm feito as amigas Marga-

rida Nogueira de Souza, Claudete Penna e Eremita Ferri, que, além de atuarem pastoralmente em suas paróquias nas Regiões Brasilândia, Santana e Sé, respectivamente, participam da Pastoral da Saúde no Hospital das Clínicas. “Nessa pandemia, nós ficamos separadas fisicamente, mas procurávamos telefonar umas para as outras e mostrar proximidade aos doentes”, recordou Margarida. “Sempre mantive a esperança de que um dia voltaríamos à rotina presencial”, assegurou Claudete. “Nosso desafio agora é reconstruir os trabalhos, pois muitas pessoas ficaram doentes ou se afastaram, e temos que motivá-las a voltar, porque há pessoas que precisam das nossas visitas, de que levemos força, fé e esperança”, disse Eremita.

AULA INAUGURAL E CENTENÁRIO DOS CAMILIANOS

Antes da bênção final com a relíquia de São Camilo de Lellis (1550-1614), Dom Odilo foi saudado pelos fiéis por ocasião dos 15 anos de sua posse como Arcebispo de São Paulo, em 29 de abril de 2007. Após a missa, ocorreu a aula inaugural dos cursos da Pastoral da Saúde, para os quais há mais de 300 inscritos, número acima do esperado inicialmente pela coordenação da Pastoral. As formações, com duração de seis meses, são voltadas espe-

cialmente para novos agentes, e ocorrerão uma vez por semana, a cada dia em uma região episcopal, tratando de 22 temas, além do curso sobre Pastoral Hospitalar, realizado aos sábados na Paróquia Santa Generosa, na Região Sé. Ao O SÃO PAULO, Padre João Mildner destacou a preocupação de que os agentes estejam bem capacitados para as atividades: “Alguém se arriscaria a abrir uma padaria se não soubesse fazer pão? Ficaria difícil. Assim também é no campo pastoral, de modo que precisamos ter competência para que o trabalho da Igreja seja profundo. A Pastoral da Saúde, portanto, tem essa missão de oferecer a formação, dar conteúdo, para que este serviço aos doentes, suas famílias e seus cuidadores seja bem realizado”. Na aula inaugural, o tema em destaque foi o centenário dos Camilianos no Brasil e em São Paulo. Padre José Wilson Correia da Silva, MI, recordou o itinerário de ações dos Camilianos desde a chegada ao País em 1922 e a interação dos trabalhos com a Pastoral da Saúde em São Paulo, especialmente a partir das ações conduzidas pelo Padre Júlio Munaro, MI, morto em 2012, que coordenou a Pastoral por décadas, ajudando a expandi-la na Arquidiocese e com engajamentos nas mobilizações em prol das políticas públicas de Saúde. “O que marca os Camilianos é sempre este ardor missionário na realização da Pastoral da Saúde, indo ao encontro do enfermo, dos familiares e dos profissionais”, assegurou à reportagem o Padre Carlos Toseli, MI, Capelão do Hospital das Clínicas, incentivando que neste centenário os agentes da Pastoral estudem sobre a vida de São Camilo de Lellis, “um bom samaritano que no seu tempo, época em que houve algumas pestes, soube responder às necessidades”. Para celebrar o centenário, os Camilianos enviaram à Arquidiocese réplicas da cruz peregrina camiliana, que foi entregue durante a aula inaugural aos coordenadores da Pastoral Saúde de cada uma das regiões episcopais.


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| 4 a 10 de maio de 2022 | Reportagem | 13

Em romaria, fiéis agradecem o dom da vida e pedem a intercessão da Mãe Aparecida pelo sínodo arquidiocesano Luciney Martins/O SÃO PAULO

CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER PRESIDIU A MISSA DA 121ª ROMARIA ARQUIDIOCESANA A APARECIDA, NO DOMINGO, DIA 1º ROSEANE WELTER

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

“Em procissão, em romaria/Romeiro ruma para a casa de Maria/ Em procissão, feliz da vida/Romeiro vai buscar a paz de Aparecida.” A canção “Lá no altar de Aparecida”, do Padre Zezinho, expressa o sentimento dos fiéis da Arquidiocese de São Paulo, que no domingo, dia 1o, participaram da 121ª Romaria Arquidiocesana a Aparecida (SP). Após os dois anos da fase mais intensa da pandemia de COVID-19, a Romaria Arquidiocesana ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida voltou com a participação expressiva das paróquias e comunidades. Aproximadamente 9 mil peregrinos se dirigiram ao Santuário Nacional, em caravanas, a maioria deles em cerca de 200 ônibus, representando as paróquias e comunidades das seis regiões episcopais, bem como as pastorais e movimentos da Arquidiocese, somando-se aos devotos e romeiros de diversos lugares que também peregrinaram a Aparecida. A Santa Missa foi concelebrada pelos bispos auxiliares e sacerdotes do clero arquidiocesano e transmitida pela rádio 9 de Julho, mídias sociais e pela TV Aparecida.

EM ROMARIA

Com o tema “Com Maria, caminhemos unidos na Igreja de Cristo”, a Igreja Particular de São Paulo peregrinou ao Santuário Nacional para, diante da Padroeira do Brasil, agradecer as bênçãos de Deus recebidas sob a intercessão de Nossa Senhora Aparecida. Padre Tarcísio Marques Mesquita, Coordenador do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, destacou que as paróquias e comunidades se organizam, todos os anos, em caravanas para participar. “Este é o momento para apresentar a vida, sofrimentos, angústias e as alegrias da população da maior Arquidiocese do País”, disse, destacando que, após dois anos de restrições por causa do coronavírus, a procura e adesão à Romaria voltou a ser expressiva.

À LUZ DA PALAVRA

Na homilia, Dom Odilo recordou que,

todos os anos, a Arquidiocese vai em peregrinação à casa de Nossa Senhora Aparecida para agradecer, louvar a Deus e pedir a bênção e proteção. Ele também falou das motivações e intenções para a 121ª Romaria Arquidiocesana. “Este ano, de modo muito especial, queremos agradecer a Deus, por intercessão de Maria, a superação da pandemia até aqui, agradecer o dom da vida e da saúde e confiar a Maria o sínodo arquidiocesano em vigência”, sublinhou o Cardeal. “Estamos aqui diante da Mãe para pedir também pelos que sofrem as sequelas da COVID-19, pelos que perderam seus entes queridos, vítimas da pandemia, e pedir a proteção da saúde para as famílias e comunidades”, afirmou. Dom Odilo expressou a alegria de reunir novamente um grupo expressivo de fiéis para a Romaria, uma vez que em 2020, assim como no ano passado, participaram da Eucaristia um número menor de pessoas, que representaram as lideranças das seis regiões episcopais. Chamando a atenção para o Evangelho do 3º Domingo da Páscoa, o Arcebispo afirmou que os apóstolos estavam desanimados e desorientados diante da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, mas o Mestre não os abandona, vai ao encontro deles e compreende a fragilidade humana. “No caminho, Jesus se apresenta, os conforta, os confirma e envia em missão para serem suas testemunhas”, disse. “Alegremo-nos por transmitir a fé”, enfatizou. Por fim, Dom Odilo pediu: “Coloquemos nas mãos de Deus, sob a intercessão

de Nossa Senhora Aparecida, as necessidades particulares, as famílias e todas as situações de sofrimento enfrentadas neste momento”. O Cardeal pediu orações e a bênção de Deus para o Brasil neste ano de eleições: “Todos nós, católicos e cristãos, somos chamados a desempenhar nossa responsabilidade de cidadãos para o bem do nosso País. Que, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, o nosso Brasil possa crescer, ser melhor, depois desse tempo eleitoral, tornando-se um país mais reconciliado, que olhe mais para as necessidades reais da nossa população”, finalizou.

DEVOÇÃO E FÉ

Da Paróquia Imaculado Coração de Maria, no Jardim Princesa, Região Brasilândia, partiram 13 ônibus, levando os paroquianos e 30 jovens do grupo de Crisma. Viviane Simplicio Pereira, 17, falou à reportagem sobre a emoção de ir à casa da Mãe Aparecida. “Estar aqui no Santuário é motivo de alegria e gratidão. Nós somos a força jovem da Igreja que caminha e busca a cada dia estar em sintonia com os apelos do Evangelho”, disse. Entre os romeiros da Região Episcopal Belém, estavam os fiéis da Paróquia Jesus Ressuscitado, do bairro Santa Bárbara, incluindo o casal Jeane Marcelino, 45, cuidadora de idosos, e Roberto de Oliveira, 58, modelista, com a filha Geovanna Vitória. “Estar em Aparecida é uma bênção. Viemos para participar como comunidade da Romaria, mas, também, agradecer, pois fiquei um mês internada em uma

Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por causa de uma complicação vascular”, afirmou Jeane, ressaltando que a força da oração transforma a dor em cura, as lágrimas em alegrias.

CAMINHAR COM FÉ

Da Paróquia São Vicente de Paulo, na Região Episcopal Ipiranga, os fiéis se dirigiram à Romaria em um ônibus. Uma dessas pessoas foi Elisabete Bonaire, membro da Pastoral do Dízimo. “No ônibus, juntos rezamos o Terço, e aqui, diante da Mãe Aparecida, queremos renovar nosso caminhar com fidelidade no seguimento a Cristo, na missão que Ele nos confia”, expressou, emocionada, recordando as preces que trouxe em seu coração para confiar a Nossa Senhora. As amigas de infância Maria Terezinha Arruda da Silva, 62, Antonia Aparecida Mendes, 72, e Filomena Catuto, 73, fiéis da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Parque Edu Chaves, Região Episcopal Santana, há dez anos participam da Romaria Arquidiocesana. “Estar no Santuário é uma bênção, é um momento para agradecer a Deus e pedir pela nossa saúde, pela paz nas famílias e no mundo”, afirmaram. Da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, da Vila Zatt, na Região Brasilândia, uma delegação de 46 paroquianos esteve na Romaria, entre os quais Maria Aparecida Fracaroli: “Estou muito emocionada em estar de volta à casa da Mãe. Vivemos tempos difíceis, cercados de tantas incertezas e tribulações. Com a Mãe, fica mais leve a jornada cotidiana”, assegurou.


14 | Reportagem | 4 a 10 de maio de 2022 |

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Quando só resta a informalidade Fotos: Cláudia Pereira

O SÃO PAULO ESTEVE NO BRÁS E NO LARGO 13 DE MAIO PARA ENTENDER A DINÂMICA QUE TEM LEVADO MAIS PESSOAS AO TRABALHO INFORMAL CLÁUDIA PEREIRA

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Quarta maior cidade do mundo, a capital paulista apresenta um cenário visível em suas ruas, centros comerciais populares e nos bairros mais distantes da região central: o crescimento do trabalho informal, uma alternativa para quem perdeu o emprego com carteira assinada nos últimos anos, principalmente durante a pandemia de COVID-19. “Eu tentei emprego em vários lugares, e as coisas foram piorando. Agora, vendo doces, bolo e café para sobreviver”, conta Maria Suelen Silveira, 38, que há quase um ano vende bolos e doces no Largo da Concórdia, na região central. Ela perdeu o emprego de serviço doméstico em 2019. Antes da pandemia, Maria Suelen tentou trabalhar com serviços de manicure, mas por dificuldade financeira desistiu. “Não tenho estudo e as pessoas têm preconceito. Vender doces foi a alternativa que encontrei. Moro com a minha mãe, que recebe uma aposentadoria, mas não é suficiente para viver e pagar o aluguel”, afirma.

PANORAMA GERAL

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) define como trabalhador informal a pessoa que presta serviços no setor privado e doméstico sem carteira assinada, bem como os trabalhadores que buscam renda por conta própria e não possuem o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, a taxa de desemprego no País no primeiro trimestre do ano ficou em 11,1%. São quase 12 milhões de desempregados. Além disso, 40,1% dos trabalhadores estão na informalidade; em números absolutos, 38,2 milhões de pessoas trabalhando sem carteira assinada.

IMPACTO PARA DIFERENTES IDADES

A reportagem esteve em dois

Vendendo roupas, lanches e até plantas nas ruas ou entregando panfletos, trabalhadores buscam alternativas de renda em serviços informais

centros comerciais muito conhecidos de São Paulo: região central, no bairro do Brás, que concentra o comércio de moda atacadista, e no Largo 13 de Maio, na zona Sul, que tem um forte comércio de rua. Entre as lonas coloridas estendidas na calçada com roupas e outros produtos à venda, a haitiana Anieze Jerone, 38, tentava vender roupas sob o forte sol no bairro do Brás às vésperas da Páscoa. “Esta semana acredito que será melhor, mas no geral as vendas não são lucrativas, mas dá para ir vivendo”, diz Anieze. Morando há cinco anos em São Paulo, ela trabalhou com carteira assinada por dois anos, mas com a pandemia foi despedida. Ela, o marido e os filhos moram em um pequeno cômodo alugado, recebem cestas básicas e um auxílio financeiro. A haitiana acredita que, com o retorno das atividades presenciais, ela e o marido conseguirão voltar a trabalhar como auxiliares de limpeza. Kauan Alexandre Santos (foto acima), 20, há três anos vende plantas em uma banca improvisada na região do Largo 13 de Maio. Nunca trabalhou com carteira assinada e diz não conhecer os direitos do trabalhador, garantidos na legislação brasileira. Com o que vende por semana, consegue ajudar na compra de alimentos

e despesas básicas familiares. Ele e o pai trabalham de maneira informal. Já a mãe está desempregada e desistiu de emprego. “Já faz muito tempo que meus pais não trabalham com carteira assinada e acho que todos nós vamos continuar trabalhando desse jeito”, declara Santos. Ao lado dele trabalha Camila Leite, 41. Em sua lona estendida na calçada, ela vende meias e roupas masculinas e femininas. Até tentou se formalizar como Microempreendedor Individual (MEI), mas pela categoria de serviços que realiza, não conseguiu, e desistiu. “Não vou contribuir com a Previdência e nenhum tipo de imposto. É um valor que falta na nossa mesa, e o governo não garante uma aposentadoria justa pra gente que é pobre. Tenho visto pessoas aposentadas recebendo um salário mínimo e tendo que trabalhar para viver”, lamenta. Perto de Camila estava Valdomiro Souza, 72, entregador de panfletos. “Sou aposentado, mas dependo do trabalho informal’’, afirma. De segunda-feira a sábado, ele trabalha em frente a uma loja segurando um banner e distribuindo panfletos na região de Santo Amaro. Dependendo do fluxo de clientes na loja, ele recebe um valor semanal. “Os trocados são para tentar viver mesmo. Tenho minha casinha própria,

mas a aposentadoria não dá para nada. Fiz um empréstimo durante a pandemia e vou levar um tempo para pagar”, conta.

DO EMPREGO FIXO À INFORMALIDADE

No bairro Piraporinha, zona Sul, Cristiane Rodrigues, 36, busca sobreviver trabalhando como confeiteira. Já o marido atua como motorista de transporte por aplicativo. Cristiane trabalhou por 12 anos com carteira assinada como analista de atendimento. Recebia menos de três salários mínimos. Ficou desempregada em maio de 2021, na fase mais aguda da pandemia no Brasil. Até o momento, não conseguiu recolocação profissional. Além de sua confeitaria, ela faz “bicos” quando surgem. Seu marido, Flávio Xavier, trabalha mais de 12 horas diárias prestando serviço de motorista. Ele é técnico em Eletrônica, mas está desempregado desde 2019. O casal tem uma filha de 10 anos. “Eu quero regularizar meu trabalho de confeitaria e pretendemos contribuir com o seguro social, apesar das mudanças na legislação da Previdência Social. Não tenho certeza se no futuro teremos aposentadoria. A nossa preocupação agora é com este momento crítico. Os ingredientes para produzir


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meu trabalho estão mais caros, todos os dias os preços são alterados. Para não perder a clientela, tenho que diminuir os preços dos meus produtos”, desabafa Cristiane.

POR SOBREVIVÊNCIA

Na avaliação do economista José Dari Krein, do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a constante alta dos preços de produtos, aliada ao aumento do desemprego, impede o crescimento econômico no Brasil. “É preciso observar os aspectos no indicador da taxa do desemprego, uma vez que não há uma política pública de retomada mais consistente na atividade econômica. Temos uma retomada do emprego, mas sem melhoras e em processo de adaptação do mercado. O que há é um crescimento de pessoas trabalhando por conta própria, isto é, na verdade, estratégia de sobrevivência que elas se submetem nessas situações por necessidade, não por opção”, assegura. Krein considera que o cenário para os próximos meses é de instabilidade econômica, decorrente de fatores do mercado externo, e, também, dos preços administrados, a exemplo do combustível e energia elétrica, que são pressionados pela inflação. “Resolver o problema do mercado de trabalho exige uma intervenção pública mais organizada, um projeto de desenvolvimento que seja capaz de gerar atividades empregadoras de força de trabalho”, diz o economista. Ele acredita que, com um mercado de trabalho reorganizado, será possível alcançar produtividade, reduzir jornada de serviços e direcionar trabalhos que podem agregar soluções para problemas das desigualdades sociais existentes.

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ALTERNATIVAS PARA MELHOR CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL SEBRAE

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) apontou um crescimento recorde de abertura de pequenos negócios em 2021. Um registro significativo de 3,1 milhões de microempreendedores individuais (MEI). Na capital paulista, o aumento foi de 30%, e três categorias são as mais procuradas para a formalização como MEI: alimentação, transportador de cargas e vestuário. Os postos do Sebrae da capital oferecem um serviço de apoio e cursos de capacitação gratuitos, mesmo para quem tem dificuldade de acesso à internet. Ao participar dos cursos, o trabalhador pode pleitear uma linha de crédito de até R$ 23 mil. Segundo o analista de negócios do Sebrae de São Paulo, Diego Pereira, a instituição oferece algumas saídas e serviços para quem precisa formalizar um negócio. Uma delas são parcerias com organizações sociais e coletivos que desenvolvem formação. Um dos destaques é o

OBRA SOCIAL DOM BOSCO

movimento “Sebrae Delas”, realizado na cidade de São Paulo, voltado para mulheres, para que alcancem independência econômica. Pereira considera que a alta de trabalhadores que formalizam sua fonte de renda pode contribuir positivamente com a economia, ainda que gradativamente. Formalizando-se como MEI, além de validar o seu negócio, o trabalhador terá acesso a direitos. Entre os acessos estão os serviços bancários, linha de crédito e contribuição de impostos que garantem segurança social. O Sebrae disponibiliza ao trabalhador orientações para executar suas vendas e serviços por meio das redes sociais. O comércio eletrônico é uma das saídas para quem trabalha por conta própria. Pereira lembra que o WhatsApp é uma das plataformas bastante eficazes e não precisa de grande investimento para começar uma vitrine de vendas e serviços. A rede de mensagens favorece um relacionamento com o cliente em todo o processo de compra. Saiba mais em: https://digital.sebraesp.com.br

Na zona Leste da cidade, a Obra Social Dom Bosco, em Itaquera, oferece diversos cursos a pessoas em situação de vulnerabilidade. O critério e prioridade é estar inserido em programas sociais do governo. A instituição, que tem convênio com a Prefeitura de São Paulo e parceria com empresas privadas, incentiva os cursos de capacitação a autonomia e inclusão digital para que as pessoas possam desenvolver seus trabalhos. Entre os cursos de capacitação e formação profissional, um dos destaques é para produtos de confeitaria. Nele, os alunos têm acesso a conhecimentos de autoempreendedorismo e a conteúdos de formação profissional da indústria alimentícia. Com carga horária de 300 horas, dividida em dois módulos, o curso presencial é um dos mais procurados. Para participar, é preciso estar cadastrado em programas sociais do governo, obter o Número de Identificação Social (NIS), documentos de identificação e ter de 15 a 59 anos de idade. As inscrições são realizadas na unidade I do Centro de Desenvolvimento Social e Produtivo (Cedesp), que fica na Rua Álvaro Mendonça, 456, Itaquera. Outros cursos oferecidos na Obra Social Dom Bosco são os que formam alfaiates, marceneiros, mecânicos, programadores de sistema, pedreiros de alvenaria e sorveteiros. Estão abertas vagas para o curso de mecânica de usinagem. Saiba mais sobre os cursos no link: https://cutt.ly/pGYTRX9

PLATAFORMA VIA RÁPIDA

Outra alternativa para encontrar cursos profissionalizantes gratuitos é na plataforma Via Rápida, uma ação do governo estadual em parceria com municípios paulistas. Neste mês, a Prefeitura de São Paulo oferece curso gratuito de formação básica em Gastronomia do Programa Cozinha Escola. O curso, que será presencial, irá apresentar na grade de conteúdo qualificações básicas de conceitos e métodos de produção da cozinha. Os alunos aprenderão a fazer da seleção de ingredientes à execução de receitas clássicas. Além desse curso, a Via Rápida oferece outros nas áreas de saúde e estética, mecânica e transporte. Os interessados devem ter a idade mínima de 16 anos, precisam estar desempregados e viver no estado de São Paulo. Saiba mais em: https://www.cursosviarapida.sp.gov.br


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Cottonbro/Pexels

Automedicação: a falsa e perigosa solução para os problemas de saúde No Brasil, por iniciativa do Conselho Federal de Farmácia, em 5 de maio é celebrado o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, a fim de alertar sobre os riscos à saúde causados pela automedicação.

EFEITOS NOCIVOS

HÁBITO DE 77% DOS BRASILEIROS PODE MASCARAR DOENÇAS, AGRAVÁ-LAS E ATÉ LEVAR À MORTE DANIEL GOMES

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Se a dor de cabeça não passa, procure um analgésico. Se a garganta “começou a arranhar”, aquele anti-inflamatório de sempre vai resolver o problema. E se o nariz insiste em escorrer, tome um antigripal e continue com os compromissos do dia. Provavelmente, esses remédios estão na bolsa que você carrega até o trabalho ou em alguma gaveta da sua casa, mas caso não os encontre, será fácil comprá-los na farmácia mais próxima, e sem receita médica. A automedicação é um hábito para 77% dos brasileiros, conforme revelou uma pesquisa do Conselho Federal de Farmácia (CFF) no ano de 2019. Entre os entrevistados, 47% disseram se automedicar pelo menos uma vez por mês, e 25% afirmaram que o fazem todo dia ou semanalmente. Diante das “dores do dia a dia”, essa solução que se apresenta mais prática do que a ida ao médico é, na verdade, perigosa, haja vista que cerca de 30 mil casos de internação são registrados por ano no Brasil em decorrência de intoxicação pelo uso de medicamentos, segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, e aproximadamente 20 mil mortes são registradas por ano por causa da automedicação, conforme um levantamento da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas.

Reações alérgicas, insuficiência hepática e renal, sangramentos gastrointestinais, interações medicamentosas (quando um remédio interfere no efeito do outro), intoxicações, dependências, agravamento das doenças e até morte são algumas das consequências da automedicação, conforme alerta a médica Amelie Falconi, especialista em Tratamento da Dor pela Associação Médica Brasileira (AMB) e professora de Medicina da Dor no Singular Cursos e na Pós-graduação de Intervenção em Dor do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein de São Paulo. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Amelie avalia que algo que ajuda a explicar a grande quantidade de pessoas que se automedicam é o desconhecimento dos perigos de tal hábito. “O paracetamol, por exemplo, em altas doses, pode causar uma sobrecarga hepática; o omeprazol, que muitas vezes as pessoas tomam por conta própria para melhorar a dor no estômago, pode levar a prejuízos na absorção de vitaminas”, comenta. “Existe também um tipo de dor de cabeça, que nós chamamos de cefaleia, por abuso de uso de analgésico, que ocorre quando as pessoas se automedicam. Aquela dor de cabeça inicial se transforma nesse quadro e se torna muito mais desafiadora de tratar”, alerta. A especialista lembra, ainda, que todo medicamento possui um princípio ativo, e este pode interferir na ação de outros remédios que a pessoa use regularmente em razão de doenças como a diabetes e a hipertensão arterial, levando ao descontrole no tratamento dessas enfermidades. O mesmo cuidado vale para o uso de fitoterápicos, que são os medicamentos feitos a partir de derivados vegetais e cujos efeitos terapêuticos são conhecidos. “Os fitoterápicos têm princípios ativos que vão desencadear alguma reação no organismo. É muito frequente, porém, que as pessoas pensem que, por ser um remédio natural, elas não precisam de orientação médica”, observa.

INVESTIGAR AS CAUSAS DA DOR

Outro aspecto negativo da automedicação é que, como o medicamento irá sanar um sintoma permanente ou os incômodos pontuais, muitas pessoas deixam de procurar as razões de uma dor. “Esse sintoma, a dor, pode ser o sinal de alerta de alguma outra doença que poderia ter um tratamento muito mais efeti-

vo do que o uso do medicamento”, ressalta a médica. “Se você tem sempre uma mesma dor que vai e volta, é preciso que seja investigada, pois é um sinal de alerta para que se busque o porquê de senti-la. Assim, é preciso que se avalie algo em relação a seu estilo de vida, à necessidade de algum fortalecimento específico ou um ajuste de sono”, destaca. “Tratamento de dor não é simplesmente tomar remédio: envolve o estilo de vida. Sedentarismo, por exemplo, é um fator de risco muito grande para dor crônica, além do estresse, e tudo isso precisa ser ajustado”, afirma. Amelie Falconi lembra, ainda, que a automedicação frequente pode acabar escondendo condições clínicas severas, entre elas a dor crônica, que, sem a orientação médica e o tratamento adequado, tende a se agravar.

SINAL DE ALERTA

A médica comenta, também, sobre a realidade da hipocondria, transtorno mental que leva a pessoa a se automedicar por acreditar que está doente, mesmo sem apresentar sintomas ou sinais claros. Há especial risco quando o consumo da medicação ocorre em dosagem cada vez maior ou se faz uma associação de remédios sem saber precisamente quais substâncias existem em cada um deles. “Se a pessoa está se medicando para o mesmo problema e não procura um médico, isso já é um sinal de alerta, pois quem está tomando remédio é porque sente alguma coisa, e isso precisa ser investigado. É muito frequente outras pessoas banalizarem a dor e os sintomas, ainda que leves, que parentes e colegas digam estar sentindo, mas o ideal é sempre orientá-los a procurar um médico”, explica.

INFORMAÇÃO E MAIOR CONTROLE NA VENDA

Diante da cultura da automedicação no Brasil, Amelie Falconi acredita que dar a devida informação sobre os medicamentos e controlar a maneira com que são comercializados é fundamental. “Uma linda propaganda de um remédio não vai livrar alguém das dores, e somente no final aparece rapidamente o aviso ‘em caso de persistência dos sintomas, procure seu médico’. Essa mensagem precisaria ser feita de maneira muito mais enfática”, opina. “Outra coisa necessária, principalmente diante do uso de anti-inflamatórios, é que a compra só ocorresse com receita controlada, como se faz com os antibióticos. Os anti-inflamatórios são os campeões de venda para automedicação e causam muitos efeitos colaterais, como problemas renais, exacerbação de doenças cardíacas e sangramento gastrointestinal”, conclui.s

Você Pergunta O que fazer quando a ansiedade atrapalha a oração? PADRE CIDO PEREIRA

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A autora da pergunta prefere não se identificar. Eis a sua dúvida: “Padre Cido, eu não estou conseguindo me concentrar nas orações, por causa da ansiedade. Só rezo em pensamento. Estou errada?”.

Minha irmã, eu quero oferecer a você três atitudes para que fique de bem consigo mesma, com os outros e com Deus, e se liberte dessa ansiedade que está lhe tirando a paz. 1. Busque as razões dessa ansiedade. Você mesma pode se questionar a buscar caminhos para sair dela. Arrume um tempo para se dedicar ao próximo,

busque se relacionar bem com outras pessoas. Pare de julgá-las. Ame para ser amada. E pense que, como você, outros vivem os mesmos problemas. E não há problema sem saída. 2. Procure ajuda médica e psicológica também. É preciso tirar de nossa cabeça que psicólogo e psiquiatra são para loucos. Não! Eles nos ajudam a reencontrar

o nosso eixo, a nos entender bem e a nos entender com o próximo. 3. E vem a terceira atitude: confiar em Deus, entregar-se aos cuidados Dele. A oração confiante, seja mental, seja comunitária, acende em nós uma luz que nos torna capazes de enxergar os caminhos para a nossa vida. Eu vou orar por você, viu?


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Em assembleia, bispos do Brasil analisam diretrizes gerais à luz da Igreja sinodal PRIMEIRA ETAPA DA 59ª ASSEMBLEIA GERAL DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, REALIZADA DE MODO ON-LINE, FOI CONCLUÍDA NA SEXTAFEIRA, 29 DE ABRIL, COM MENSAGEM AO POVO BRASILEIRO DANIEL GOMES

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Dez sessões de trabalho, durante cinco dias e com cerca de 40 temas em pauta. Assim foi a rotina dos mais de 300 bispos que participaram, entre 25 e 29 de abril, da primeira etapa da 59a Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada de modo on-line. A segunda fase, presencial, ocorrerá em Aparecida (SP), entre 29 de agosto e 2 de setembro. O tema central da 59a AG é “Igreja Sinodal – Comunhão, Participação e Missão”, em referência ao itinerário proposto pelo Papa Francisco para a Igreja em todo o mundo, com vistas à assembleia do Sínodo dos Bispos de 2023. Conforme destacou Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e Presidente da CNBB, o tema central busca analisar como as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE 20192023) estão inseridas no caminho atual da Igreja e em quais aspectos precisam ser aprimoradas. “Queremos ser uma Igreja que, em diálogo com a sociedade, consciente dos apelos e dos desafios atuais – culturais, sociais, econômicos e políticos –, anuncie, do melhor modo possível, a beleza e a genuinidade do Evangelho de Jesus Cristo, sabendo que este é o grande tesouro de nossa vida, e compartilhá-lo é a nossa missão”, enfatizou Dom Walmor, na coletiva de imprensa de encerramento da primeira fase da assembleia.

SINODALIDADE

Dom Leomar Antônio Brustolin, Arcebispo de Santa Maria (RS) e Presidente da Comissão para o Tema Central, destacou que as DGAE (2019-2023) permanecem atuais, mas a sinodalidade remete a um processo de dinamismo, no qual o contexto da Igreja, no pós-pandemia, deve considerar a acolhida e a escuta. Em plenárias virtuais em grupos, os

bispos refletiram sobre os atuais pilares das DGAE. De um modo geral, os prelados indicaram que estes devem continuar para o próximo quadriênio, uma vez que expressam a realidade da Igreja no Brasil, mas precisam ser atualizados à luz das reflexões do Sínodo de 2023, tais como a questão querigmática, ministerialidade, iniciação à vida cristã, animação bíblica da pastoral, a questão urbana e os novos desafios da realidade em vista de um reencantamento dos fiéis à vida comunitária. Questionado por jornalistas se a vivência da sinodalidade é um desafio para a Igreja em um país de dimensões continentais, Dom Walmor disse que, embora o seja de fato, a CNBB sempre lidou com isso em seus 70 anos de história e que a meta agora é “aperfeiçoar e, particularmente, incluir o povo de Deus nesta

participação, no exercício missionário e no desenvolvimento de uma consciência cada vez mais clara e comprometida com os valores do Evangelho”. Já Dom Joel Portella Amado, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro e Secretário-geral da CNBB, destacou que a grande contribuição que o Brasil pode dar no caminho rumo a uma Igreja sinodal está nas atuais DGAE: “Eu vejo a sinodalidade acontecendo, por exemplo, quando falamos em comunidades eclesiais missionárias, em que a experiência de fé é vivida em comunidade, baseada, acima de tudo, nos relacionamentos humanos primários, cumplicidade de vida, corresponsabilidade, distribuição de serviços, carismas, ministérios e compromissos com a sociedade e o socioambientalismo”. O aprofundamento do tema central e as indicações para as próximas DGAE, a serem publicadas em 2023, acontecerão na etapa presencial da 59a Assembleia Geral.

DOCUMENTO DE APARECIDA

A memória dos 15 anos da realização da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, em Aparecida, em 2007, também foi tratada nessa assembleia, destacando-se oito pontos do Documento de Aparecida que se refletem nas DGAE: conversão pastoral e renovação missionária; a formação do discípulo missionário e a iniciação à vida cristã; a animação bíblica da pastoral; Paróquia, comunidade de comunidades e comunidades eclesiais missionárias; a piedade popular: lugar do encontro com Jesus Cristo; a Igreja a serviço da vida plena; opção renovada pelos adolescentes e jovens; e a família como espaço de vivência dos valores evangélicos. Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (RS) e primeiro Vice-presidente da CNBB, explicou aos jorna-

listas que, nessa etapa da assembleia, os bispos analisaram os avanços e desafios da Igreja no continente, apresentados no Documento de Aparecida: “Não se trata de reavivar o Documento, mas, sim, de abraçá-lo com sempre mais vigor e entusiasmo por aquilo que ele nos inspira, e, certamente, essas inspirações têm muito a dizer a todos nós nos dias atuais”.

ESTATUTO DA CNBB E MISSAL ROMANO

Os bispos também iniciaram reflexões sobre dois assuntos a respeito dos quais ainda submeterão à aprovação na etapa presencial da assembleia, antes de serem enviados à Santa Sé para aprovação definitiva: a revisão do Estatuto da CNBB e a tradução do Missal Romano. Quanto ao estatuto, os bispos sugeriram revisões de artigos sobre a atuação dos bispos eméritos, do vínculo que a Conferência possui com alguns organismos, da regulamentação dos regionais,

do acordo Brasil-Santa Sé e da estrutura da presidência. Já em relação à revisão da tradução brasileira do Missal Romano, livro que garante a unidade dos textos litúrgicos da missa, os prelados foram consultados especialmente sobre as orações eucarísticas.

MENSAGEM AO POVO BRASILEIRO

No encerramento da assembleia, na sexta-feira, 29, os bispos publicaram a Mensagem ao Povo Brasileiro, na qual destacam a solidariedade para a superação da pandemia e dedicam reflexões sobre a realidade do País, com especial preocupação para o que consideram como uma complexa e sistêmica crise ética, econômica, social e política. Os bispos exortam os governantes a promoverem “grandes e urgentes mudanças, em harmonia com os poderes da República, CNBB atendo-se aos princípios e aos valores da Constituição de 1988”; alertam para ameaças à democracia e ao processo eleitoral; e conclamam a sociedade brasileira a participar das eleições e “votar com consciência e responsabilidade, escolhendo projetos representados por candidatos e candidatas comprometidos com a defesa integral da vida, defendendo-a em todas as suas etapas, desde a concepção até a morte natural. Que também não negligenciem os direitos humanos e sociais, e nossa casa comum onde a vida se desenvolve”. Na coletiva de imprensa, Dom Joel Portella ressaltou que, ao manter a tradição de publicar esta Mensagem, a CNBB demonstra que a Igreja não é autorreferencial nem olha apenas para suas próprias questões: “Temos um compromisso, que decorre da fé, com a realidade do País”, comentou, destacando que a mensagem não se limita apenas a listar os problemas do Brasil – sombras –, mas indica que há caminhos para solucioná-los – luzes. Já Dom Jaime Spengler lembrou que boa parte das reflexões advindas das análises de conjuntura social e eclesial apresentadas durante a assembleia estão expressas na Mensagem e continuarão a ser refletidas por toda a Igreja no Brasil ao longo do ano. Outras temáticas, como as eleições 2022, a Campanha da Fraternidade deste ano, proteção de menores, Lei Geral de Proteção de Dados e grandes eventos que mobilizarão a Igreja também foram colocadas em pauta. A reportagem completa pode ser lida no link a seguir: https://cutt.ly/CGYmub9. (Com informações da CNBB)


18 | Papa Francisco | 4 a 10 de maio de 2022 |

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Papa: ‘Estou pronto para ir à Rússia e encontrar Putin’ FILIPE DOMINGUES

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO NA CIDADE DO VATICANO

Quando o Papa Francisco dizia que faria tudo o que estivesse ao seu alcance para ajudar a resolver a guerra entre Rússia e Ucrânia, ele não deu a entender que estaria disposto a ir pessoalmente conversar com o presidente russo, Vladimir Putin. Na terça-feira, 3, em entrevista publicada no jornal italiano Corriere della Sera, o Pontífice afirmou que pediu à Secretaria de Estado do Vaticano que organizasse uma visita, mas não teria recebido resposta. “Pedi ao Cardeal Parolin [Secretário de Estado] que fizesse chegar a mensagem de que estou disposto a ir a Moscou”, declarou Francisco, conforme a reportagem do Corriere. “Não recebemos ainda a resposta. Estamos insistindo, embora eu tema que Putin não possa e não queira fazer este encontro neste momento.” Francisco recordou que telefonou para o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em diversas ocasiões, inclusive logo no início da guerra. “Para Putin, não telefonei, mas havia falado com ele em dezembro, por causa do meu ani-

A proteção dos menores é prioridade para toda a Igreja Vatican Media

versário. Quis fazer um gesto claro, que todo o mundo visse, e por isso fui à embaixada russa.” O Papa recordou que questionou o embaixador sobre os motivos da guerra e pediu: “Por favor, parem”. Ele confirmou que, por enquanto, não vai a Kiev, capital da Ucrânia, e por isso enviou dois cardeais em visita para representá-lo – Michael Czerny, Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e Konrad Krajewski, Esmoleiro Apostólico.

POSSÍVEL CIRURGIA NO JOELHO

Na mesma entrevista, o Papa Francisco comentou sobre sua saúde. Nas celebrações da Semana Santa, por diversas vezes, ele teve que permanecer sentado e não presidiu a cerimônia. “Tenho um ligamento rompido. Farei um procedimento com infiltrações e veremos o que acontece”, disse. “Há tempos estou assim, não consigo caminhar.” Nas audiências gerais de quarta-feira, ele tem cumprimentado as pessoas sentado. No dia 27 de abril, o Pontífice pediu desculpas aos fiéis porque o joelho não melhorou e isso o impede de ficar muito tempo em pé.

Em audiência à Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores (foto), o Papa Francisco afirmou que este tema deve ser uma prioridade em toda a Igreja. “O abuso, em qualquer de suas formas, é inaceitável”, disse, na sexta-feira, 29 de abril. A Comissão deverá ter algumas mudanças, pois, conforme a nova constituição apostólica Praedicate Evangelium, ela passa a fazer parte do Dicastério para a Doutrina da Fé. Para alguns observadores externos, esta alteração levanta questionamentos sobre a influência do Dicastério no trabalho da Comissão,

que nasceu autônoma em sua concepção e com caráter consultivo. Nas palavras do Pontífice, a Comissão vai preservar sua “liberdade de pensamento e de ação”. Defensores da mudança dizem que, ao integrar o Dicastério, a Comissão terá acesso a mais informações e poderá, inclusive, opinar sobre temas de caráter mais sigiloso. O Papa Francisco afirma que o principal papel da Comissão é ajudar a Igreja a enfrentar o problema dos abusos pensando principalmente “no bem-estar e na pastoral das pessoas que sofreram abusos”. (FD)

Francisco aos jovens: Sigam Maria na escuta, na coragem e no serviço Na intenção de oração para maio, mês especialmente dedicado à devoção mariana, o Papa Francisco encoraja os jovens a ouvir como a Virgem Maria. “Ao falar sobre a família, quero começar por me dirigir primeiro aos jovens”, inicia Francisco na mensagem em vídeo com a intenção de oração que

o Pontífice confia à Igreja Católica por meio da Rede Mundial de Oração do Papa. Ele pede para rezar pela fé dos jovens e cita Maria como modelo para poder se identificar na “coragem, escuta e dedicação ao serviço”. “Ela foi corajosa e determinada em dizer ‘sim’ ao Senhor. Vocês, jovens, que querem construir algo novo, um

mundo melhor, sigam o seu exemplo, arrisquem-se. Não se esqueçam de que, para seguir Maria, precisam discernir e descobrir o que Jesus quer de vocês, e não o que vocês pensam que podem fazer”, comenta. E, nesse discernimento, alerta o Papa, além do exemplo de Maria, “é muito útil escutar as palavras dos avós”.

Francisco novamente fala da importância de encontrar na mensagem dos avós “uma sabedoria” que irá levar os jovens para questões que vão além do momento atual, dando “uma visão geral das preocupações”, afirma, ponderando que os jovens também precisam ser mais escutados. (por Redação – com informações de Vatican News)


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| 4 a 10 de maio de 2022 | Pelo Mundo/Fé e Vida | 19

Liturgia e Vida

Iraque/Síria Primeira Comunhão de crianças: nova esperança para as igrejas síria e iraquiana Igreja de Qamishli

JOSÉ FERREIRA FILHO

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“A terra que foi atacada há alguns anos pelos militantes do Estado Islâmico, que queriam eliminar os cristãos, hoje se alegra em alta voz. Nossa fé e nossa cruz venceram.” O Padre Karam Shamasha, sacerdote caldeu de Mosul, no Iraque, expressa assim sua emoção pelo que viu acontecer nas cidades da planície de Nínive. O sinal do milagre que provoca sua alegria não é o retorno em massa de todos os batizados que fugiram da região nos últimos anos e emigraram para o exterior, nem a afirmação política de algum partido cristão, mas as fotos dos 126 meninos e meninas das cidades iraquianas de Alqosh e Telskuf que receberam a primeira Comunhão no fim de abril. Em 29 de abril, em Bagdá, capital iraquiana, o Cardeal Louis Raphael Sako, Patriarca da Igreja Caldeia,

também administrou a primeira Comunhão a 16 meninos e meninas na Igreja de Santo Elias. “O dom dos sacramentos e a oportunidade de participar dos mistérios divinos representam a fonte da vida cristã: o Batismo faz o novo nascimento em Cristo, e a Eucaristia – acrescentou o Cardeal iraquiano, citando Santo Efrém, o sírio – é o alimento dos corações para a vida eterna”. No domingo, dia 1º, 45

jovens cristãos ortodoxos sírios receberam a Sagrada Comunhão pela primeira vez na igreja de Qamishli, dedicada à Virgem Maria. A liturgia eucarística foi celebrada por Dom Maurice Amish, bispo ortodoxo sírio de Jazirah e do Eufrates: “Estes meninos e meninas são para nós a esperança do futuro, eles são a nova força vital da Igreja”, comentou. Fonte: Agência Fides

Sangue de São Januário se liquefaz novamente Januário [...] continuamente nos remete ao sangue de tantos pequeninos, inocentes, vítimas do mal, da violência, da má fama, da guerra”. “O sangue ainda corre! Flui na nossa Europa, neste nosso mundo, habitado pela insensatez da guerra, pelo ódio fratricida, pela loucura do irmão que levanta a mão contra o irmão”, afirmou. No entanto, disse também que “há um sangue benéfico, habitado pelo próprio Cristo, que é o sangue de todos aqueles que não desistem, de quem não se dá por vencido, de quem arregaça as man-

gas para ser sinal de luz e esperança, mesmo quando tudo parece escuro ao seu redor”, concluiu. O reputado milagre da liquefação do sangue deste Santo costuma ocorrer até três vezes por ano: no sábado anterior ao primeiro domingo de maio, por ocasião da transferência dos restos mortais do Santo para Nápoles; em 19 de setembro, dia de sua memória litúrgica; e em 16 de dezembro, aniversário da intercessão de São Januário para evitar os efeitos da erupção do vulcão Vesúvio em 1631. (JFF) Fonte: ACI Digital e Catholic News Service

Etiópia Adolescente etíope narra sua odisseia de 16 meses como refugiado O refugiado adolescente da região devastada pela guerra de Tigray, na Etiópia, escapou por pouco de um afogamento no Mar Mediterrâneo. Mesmo assim, parado no convés abarrotado de um barco de resgate, Aber Hageria, 16, já pensava em como ajudar sua família quando chegasse à Europa. “Quero ajudar minha família. Trabalhar na Europa para lhes enviar dinheiro”, disse a bordo do barco-ambulância da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF). “Tenho uma dupla responsabilidade: devolver-lhes o que me deram e tirá-los de uma região onde ainda há conflito”, acrescentou. A guerra de 17 meses entre as for-

‘Minhas ovelhas escutam a minha voz’ PADRE JOÃO BECHARA VENTURA

Itália Pela primeira vez em três anos, antes de iniciar a tradicional procissão pelas ruas de Nápoles, foi anunciado que o milagre da liquefação do sangue de São Januário se repetiu, como acontecera em anos anteriores. No sábado, 30 de abril, na catedral da cidade, Dom Domenico Battaglia, Arcebispo de Nápoles, ergueu e girou as ampolas que contêm o sangue de São Januário e atestou a mudança. Durante a homilia, Dom Battaglia disse que se vive uma época “complexa” e “difícil”, mas que o milagre da liquefação do sangue “do nosso mártir

4º DOMINGO DA PÁSCOA 8 DE MAIO DE 2022

ças do governo e a Frente de Libertação Popular de Tigray (TPLF, na sigla em inglês) criou uma crise humanitária no norte da Etiópia e provocou temores de fome na região, que está sob um bloqueio há muitos meses, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Hageria foi retirado de um bote sobrecarregado com outras 101 pessoas na costa da Líbia, no dia 23 de abril. Ele é um dos 748 menores desacompanhados resgatados pelos barcos da MSF desde que sua missão começou em maio de 2021. “A guerra começou de repente. Fugi para salvar minha vida. Mas uma vez que saí, não pude voltar. Tigray está completamente isolada pelo

governo central. Não há eletricidade, nem água, nem acesso à comida.” Com dois amigos e um telefone, ele cruzou a fronteira da Etiópia para o vizinho Sudão e, após uma odisseia de 16 meses, acabou chegando à Líbia. Ele pagou 9 mil dólares a contrabandistas para atravessar o Mediterrâneo, graças a um esforço coletivo de seus familiares. “Faz muito tempo que não falo com minha família”, disse. O Mediterrâneo central é a rota marítima mais mortal do mundo. Mais de 1.553 pessoas desapareceram em 2021 a caminho da Europa, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). (JFF) Fonte: UCA News

A imagem do pastor de ovelhas é bastante presente nas Escrituras. Abel, Davi e Moisés apascentavam rebanhos. No imaginário bíblico, um rei ou líder religioso deveria conduzir e proteger o seu povo como um pastor as suas ovelhas. O próprio Deus é comparado a um Pastor que guia as almas dos fiéis: “O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma” (Sl 22,1). Vendo a maldade e a omissão dos líderes que havia estabelecido sobre a terra, o Senhor prometera: “Eu mesmo cuidarei do meu rebanho e dele me ocuparei” (Ez 34,11). Essa profecia se concretizou com a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, que revelou com clareza: “Eu sou o bom Pastor” (Jo 10,11). Cristo é Deus que se fez homem para apascentar pessoalmente o seu rebanho. Não à toa, os primeiros a saber do seu nascimento em Belém foram pastores de ovelhas. Ao ver a multidão que ainda não o conhecia, Jesus afirmou, compadecido, que eram “como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9,36). Justificando a sua caridade para com os pecadores, propôs a parábola da ovelha perdida que foi procurada, encontrada e carregada nos ombros pelo pastor. Não se trata de uma metáfora sentimental! Nosso Senhor indica o traço característico dos seus discípulos: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, Eu as conheço e elas me seguem” (Jo 10,27). Se pertencemos a Jesus, prestamos atenção a seus ensinamentos, por meio da oração e da escuta da sua palavra. Além de ouvi-lo, procuramos pôr em prática o que sabemos. Desse modo, somos capazes de guardar o dom sobrenatural da fé e de não nos confundirmos com a voz enganosa dos erros e modismos do mundo. Não ficamos desorientados, pois reconhecemos, como que por meio de um “faro”, o que é de Deus e o que não é. Por isso, em outra passagem o Senhor diz: “Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18,37). Mas, se Jesus é o Pastor e nós somos “o seu povo, o rebanho que conduz com Suas mãos” (cf. Sl 94,7), para onde afinal Ele nos conduz? Para a vida eterna! Cristo não veio apenas nos mostrar um estilo de conduta, dar a uma vida segura, ou formar uma comunidade com certos objetivos comuns. Os “verdes prados” e as “águas repousantes” (cf. Sl 22) para os quais Ele nos encaminha são o Céu, esse é o fruto de sua Morte e Ressurreição! Por isso, Ele diz: “Eu lhes dou a vida eterna e minhas ovelhas não se perderão” (cf. Jo 10,28); e os Atos narram que “todos os que eram destinados à vida eterna abraçaram a fé” (At 13,48). A salvação nos vem por meio da fé em Jesus Cristo, operante por meio da caridade. Na antiguidade, uma das imagens mais encontradas nos sepulcros cristãos era a de Cristo Pastor. Os primeiros cristãos já sabiam bem que, depois das tribulações desta vida e do purgatório, aqueles que creem “nunca mais terão fome, nem sede. Nem os molestará o sol, nem algum calor ardente. Porque o Cordeiro será o seu pastor e os conduzirá às fontes da água da vida” (Ap 7,16-17).


20 | Reportagem | 4 a 10 de maio de 2022 |

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Monsenhor Rogério Augusto das Neves é ordenado Bispo pelo Cardeal Scherer Luciney Martins/O SÃO PAULO

ORDENAÇÃO EPISCOPAL OCORREU EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP); NOVO BISPO AUXILIAR DE SÃO PAULO ESCOLHEU COMO LEMA ‘O SENHOR É O MEU PASTOR’ DANIEL GOMES E FERNANDO ARTHUR

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Há sete anos, os fiéis da Paróquia Nossa Senhora da Soledade, em São José dos Campos (SP), acostumaram-se com o convívio pastoral e fraterno do Padre Rogério Augusto das Neves. Na tarde do domingo, dia 1o, o Sacerdote lá estava novamente, já não mais como Pároco, mas, sim, para receber a ordenação episcopal em sua cidade natal, após ter sido nomeado pelo Papa Francisco, em 3 de março, como Bispo Auxiliar de São Paulo. Monsenhor Rogério, 55, foi ordenado bispo pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo. Também foram ordenantes Dom José Valmor Cesar Teixeira, SDB, Bispo de São José dos Campos (SP); e Dom Moacir Silva, Arcebispo de Ribeirão Preto (SP).

O MINISTÉRIO DO BISPO

Na homilia, o Cardeal Scherer agradeceu ao Monsenhor Rogério por ter aceitado o chamado do Papa Francisco para exercer a missão de Bispo Auxiliar na Arquidiocese: “Monsenhor Rogério, seja bem-vindo para nos ajudar em São Paulo”, expressou. Dom Odilo recordou que Cristo escolheu os apóstolos e os enviou, cheios do Espírito Santo, para anunciar o Evangelho e santificar os povos, missão que também compete àqueles a quem transmitiram este ministério por meio da imposição das mãos, “que confere a plenitude do sacramento da Ordem”. “No Bispo, com os seus presbíteros, está presente na Igreja o próprio Jesus

Ladainha de Todos os Santos. Chegou, então, o momento central do rito de ordenação: a imposição das mãos dos ordenantes sobre a cabeça do eleito, gesto repetido pelos demais bispos, como sinal de comunhão no mesmo ministério, seguida na prece de ordenação. O rito continuou com a unção do óleo do Crisma na cabeça do ordenando, sinal de sua participação na plenitude do sacerdócio de Cristo; e o recebimento do livro dos Evangelhos e das insígnias episcopais: o anel, símbolo da fidelidade à Igreja; a mitra, sinal da santidade da Igreja; e o báculo, sinal do serviço pastoral e cuidado do rebanho.

‘O SENHOR É O MEU PASTOR’

Cristo, Senhor e Pontífice eterno. Pelo ministério do Bispo, é Cristo que continua a proclamar o Evangelho e a distribuir aos que creem os sacramentos da fé. Pela solicitude paternal do Bispo, é Cristo que incorpora novos membros à Igreja. Pela sabedoria e prudência do Bispo, é Cristo que conduz seu povo nesta peregrinação terrena até a felicidade eterna”, afirmou o Arcebispo de São Paulo. Dom Odilo também enfatizou que o bispo “deve distinguir-se mais pelo serviço prestado do que pelas honrarias recebidas”, e que como Cristo, o Bom Pastor, é sua missão velar por todo o rebanho de fiéis, para reger a Igreja em nome do Pai, “de quem és a imagem entre os fiéis”; do Filho, “cuja missão de mestre, sacerdote e pastor, exerces”; e do Espírito Santo, “que dá a vida à Igreja de Cristo e fortalece a nossa fraqueza”.

RITOS DA ORDENAÇÃO

O rito de ordenação episcopal teve início após a proclamação do Evangelho, com a invocação do Espírito Santo. Depois, aconteceu a apresentação do sacerdote eleito para o episcopado e foi lido o mandato apostólico pelo qual o Papa Francisco o nomeou bispo da Igreja. Após a homilia, o Monsenhor Rogério foi interrogado por Dom Odilo quanto à sua fé e a futura missão, manifestando os seus propósitos, dentre os quais, o de desempenhá-la até a morte, anunciar o Evangelho com fidelidade, conservar a tradição recebida dos apóstolos, a comunhão com o colégio episcopal e obediência ao Papa. Na sequência, o Bispo Eleito prostrou-se diante do altar, enquanto foi invocada por toda a assembleia a Prece Litânia, também conhecida como

Após a comunhão, Dom Rogério deu a sua primeira bênção episcopal aos fiéis, passando pelos corredores do templo e pelas laterais do lado externo da igreja. De volta ao presbitério, proferiu suas primeiras palavras como Bispo. Ele agradeceu aos familiares, amigos, colegas do clero da Diocese de São José dos Campos e aos estudantes aos quais lecionou Direito Canônico nos últimos anos, área na qual é mestre e doutor. Dom Rogério confidenciou que desde que recebera a notícia de que seria nomeado bispo, experimentou dois sentimentos: o de perda – “porque Deus me deu a graça de trabalhar com aquilo que amo e de amar aquilo que faço; e senti ao saber da nomeação que teria que deixar tudo isso para fazer outra coisa”; e o de medo, não daquele que se apavora diante dos fatos, mas dos que se reconhecem pequenos perante Deus e a tarefa de pastorear o povo. “A superação do medo vem pela confirmação da confiança em Deus”, ressaltou o novo Bispo, comentando, ainda, que superou o sentimento de perda a partir da paz, que, conforme lembrou, é o dom do Ressuscitado. “É no Espírito que nós encontramos a paz necessária para superar o medo e para vencer a insegurança das perdas”, enfatizou Dom Rogério, que escolheu como lema episcopal “O Senhor é o meu Pastor” (cf. Sl 23,1).

‘Estou ansioso por conhecer o povo santo de Deus que mora em São Paulo’ Ao fim da celebração, Dom Rogério Augusto das Neves teve a oportunidade de agradecer aos familiares, bispos e padres e aos fiéis da Paróquia Nossa Senhora da Soledade, da qual foi pároco por sete anos e colaborou para a reforma do templo. Geisila Maria de Oliveira, que fez a primeira leitura na missa, estava visivelmente emocionada. “Ele é um pai para nós, um exemplo de uma pessoa humilde e companheira. É aquele a quem se pode estender a mão pedindo ajuda e ele prontamente o faz, sem pensar”, afirmou a paroquiana ao O SÃO PAULO.

Também muito emocionado, Rodolfo Aparecido das Neves, irmão do novo Bispo, levou o báculo pastoral de Dom Rogério durante o rito da ordenação. “Ele reúne os requisitos de seriedade, honestidade e os dons que Deus lhe deu para ser Bispo. Estou certo de que ele vai honrar esses dons, como já demonstrou ao longo de seus trabalhos”, comentou ao lado de suas irmãs, Rita de Cássia e Rosângela, e do pai, Orlando das Neves. A mãe de Dom Rogério, a senhora Helena Augusto, já é falecida. Enquanto abençoava o povo na parte final da missa, Dom Rogério encontrou

o Padre José Edward Padoan. O Sacerdote foi responsável pela animação vocacional do agora Bispo e o acolheu no Seminário Diocesano Santa Terezinha. Em seu agradecimento, o Prelado se emocionou ao falar sobre o Padre Padoan: “Eu fui coroinha dele, desde pequeno, e por muito tempo”. Padre Paulo Renato Campos, comentarista da missa, expressou sua alegria em participar da ordenação do colega de presbitério. “Ele é um homem de Deus preocupado com o povo. Que o ministério dele seja frutuoso!”, desejou. Em entrevista à reportagem, Dom

Rogério falou sobre sua expectativa para a posse do ofício de Bispo Auxiliar na Arquidiocese, o que acontecerá no domingo, 8, durante a celebração em que o Monsenhor Cícero Alves de França será ordenado bispo na Catedral da Sé. “O acolhimento que recebi dos bispos auxiliares e do senhor Cardeal até agora me fazem ter a certeza de que não estou sozinho, de que haverá muitas pessoas para colaborar comigo. Estou ansioso por conhecer o povo santo de Deus que mora em São Paulo. Tenho certeza de que será tão caro para mim como o povo que tive até aqui”, concluiu.


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