O SÃO PAULO - 3100

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4 a 10 de maio de 2016 | www.arquisp.org.br

São Luís de Montfort: missionário e apóstolo da Virgem Maria Divulgação

‘Se não arriscamos alguma coisa por Deus, nada faremos de grande por Ele’ – São Luís Maria Grignion de Montfort, morto há 300 anos Renata Moraes

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Um sacerdote francês, devotíssimo da Virgem Maria, que apesar de ter vivido apenas 43 anos realizou mais de cem missões populares, fundou três congregações religiosas – Congregação dos Missionários Montfortinos, as Filhas da Sabedoria e os Irmãos de São Gabriel - e escreveu vários livros de espiritualidade, entre os quais o clássico “Tratado da Verdadeira Devoção a Maria”. Assim pode ser descrito São Luís Maria Grignion de Montfort (1673-1716). Em 2016, comemoram-se os 300 anos de sua morte e os 50 anos da presença dos Missionários Monfortinos no Brasil. “São Luís Maria Grignion de Montfort santificou-se como missionário itinerante, devorado pelo zelo e evangelização dos pobres. Levava sempre consigo a Bíblia, o crucifixo, o rosário, símbolos e síntese da sua própria experiência espiritual e da mensagem que proclamava: dar a conhecer e amar a Santíssima Virgem para fazer conhecer e amar a Jesus Cristo”, descreveu o Padre Amílcar José Tavares, SMM, no site oficial da Congregação. “Apesar dos poucos anos de vida, Montfort deixou uma herança enorme e valiosa para a Igreja: o seu testemunho de vida missionária itinerante e uma espiritualidade que ultrapassa fronteiras”, destacou, em entrevista ao O SÃO PAULO, o Padre Luiz Augusto Stefani, SMM, superior dos Missionários Monfortinos na Delegação Peru-Brasil. O Presbítero foi o primeiro religioso monfortino brasileiro, sendo ordenado em 1985 por Dom Paulo Evaristo Arns, então arcebispo metropolitano, na Paróquia Nossa Senhora do Retiro, na Região Brasilândia. “São Luís de Montfort tinha a capacidade de integrar missão e espiritualidade. Não dá para saber onde se começa uma e termina a outra. Durante as missões que realizava, compunha cânticos que eram verdadeiras orações de louvor e de contemplação”, destacou o Padre

50 anos dos monfortinos no Brasil

Após o Concilio Vaticano II, o Beato Paulo VI, papa entre 1963 e 1978, pediu que todas as congregações religiosas olhassem missionariamente para os países fora da Europa. “A Casa Geral do Monfortinos começou a receber pedidos de todos os lados para o envio de missionários. Uma dessas solicitações, à época, foi do Cardeal Agnelo Rossi, então arcebispo metropolitano de São Paulo.

A cidade precisava de missionários nas periferias e era um pedido de urgência”, recordou o Padre Luiz Augusto Stefani. Esse pedido foi enviado à Congregação Geral aos Monfortinos da Holanda, que era uma Província com muitos sacerdotes e irmãos, que já haviam enviado missionários para a Indonésia, Colômbia, Portugal e Moçambique. “O convite chegou quando a situação em Moçambique estava se complicando politicamente. Vários monfortinos foram expulsos e tiveram que abandonar o País”. O Presbítero conta que os primeiros missionários monfortinos – Padre Guilherme Kuypers e Irmão Bento - chegaram da Holanda em outubro de 1966 e se instalaram no bairro de Perus, onde construíram a nova igreja matriz da Paróquia Santa Rosa de Lima. “Pouco a pouco, foram chegando outros padres. Um grupo ficou em Perus e um outro foi para a Diocese de Lins, no interior de São Paulo”, detalhou. Em entrevista à reportagem, após a missa que presidiu na sexta-feira, 29, na paróquia dedicada ao Santo na Região

Brasilândia, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, falou sobre a missão de São Luís de Montfort. “A presença dos monfortinos é importante para ajudar na evangelização em todos os sentidos. Eles trazem um carisma especial que é a devoção à Nossa Senhora. São Luís de Montfort foi um grande devoto da Virgem Maria e missionário, que uniu muito bem a fé cristológica e a fé em Nossa Senhora”, afirmou. “É uma riqueza para a nossa Igreja ter mais esse carisma, não somente no Brasil, mas sobretudo em São Paulo”, completou.

Frutos da missão

Em 1967, chegaram os novos missionários monfortinos vindos da Itália e de Portugal. Conforme conta o Padre Luiz, só na Arquidiocese de São Paulo esses missionários ajudaram na constituição de paróquias localizadas nas zonas Norte e Noroeste da Capital paulista: Santa Rosa de Lima, Nossa Senhora da Lapa, São Pedro Apóstolo, São Luís Gonzaga, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora do Retiro, Santa Teresinha (bairro do

saiba mais sobre São Luís Maria Grignion de Montfort São Luís nasceu em 31 de janeiro de 1673, num pequeno vilarejo chamado Montfort, na França, sendo batizado no dia seguinte. Era o filho primogênito de uma família numerosa. Com 11 anos, ingressou no Colégio dos Jesuítas de Rennes. Concluiu o curso de Filosofia em 1692. Sentindo-se chamado ao sacerdócio, em 1693 viajou para Paris, a fim de ingressar no Seminário de São Sulpício, em vista dos estudos teológicos na Universidade Sorbonne. Em 5 de junho de 1700, ele foi ordenado sacerdote; e em julho de 1706, em Roma, recebeu do Papa Clemente XI o título de Missionário Apostólico. O Pontífice pediu para que realizasse missões na França, renovando o espírito do Cristianismo nos fiéis. Montfort teve uma vida dedicada às missões e à devoção à Santíssima Virgem. Ele morreu em 28 de abril de 1716, foi beatificado em 1888 e canonizado, em Roma, em 1947, pelo Papa Pio XII.

Canta Galo), Cristo Libertador, Santa Cruz, Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora Aparecida (na Vila Zatt) e São Luís Maria Grignion de Montfort. A Congregação fundada pelo Santo também se instalou em Minas Gerais e Bragança Paulista (SP), fundando nesta última o Santuário da Virgem dos Pobres, templo mariano dedicado a rezar pelas orações pelas vocações sacerdotais, além de manter igrejas em Atibaia (SP) e Cajamar (SP). Com a ajuda da Congregação das Irmãs Filhas da Sabedoria, os monfortinos atuam na área da saúde e da educação infantil. Em Cajamar, mantêm o Sítio Agar, onde cuidam de crianças portadoras do vírus HIV, acompanhando-as até a maioridade. Lá, as crianças recebem, entre outras coisas, orientação e formação profissional. Recentemente nesse espaço, iniciou-se o projeto de acolhida para idosos, a Casa Luísa. A exemplo de seu fundador, os Missionários Monfortinos anunciam o Evangelho, cuidam da formação das lideranças leigas, preparam as comunidades para os novos ministérios dos leigos, administram os sacramentos, visitam os enfermos e os presos, fundam comunidades e paróquias e acolhem, com carinho especial, as crianças e os jovens. Para comemorar o Jubileu dos 300 anos da Páscoa de São Luís de Montfort e os 50 anos da presença monfortina no Brasil, entre 23 de outubro a 2 de novembro serão realizadas atividades com as paróquias que contaram com o trabalho missionário dos religiosos. Também está previsto o lançamento da primeira edição das Obras Completas de São Luís Maria Grignion de Montfort, em português. Toda a programação será organizada pela Paróquia Santa Rosa de Lima, em Perus, e será divulgada nos próximos meses.


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