O SÃO PAULO - edição 3001

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 59 | Edição 3001 | 6 a 12 de maio de 2014

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Arquidiocese vai à casa da Mãe Aparecida, mestra da vida cristã Romaria ao Santuário Nacional de Aparecida aconteceu no domingo, 4, e reuniu grande número de fiéis para, junto ao arcebispo metropolitano, bispos auxiliares e ao clero,

celebrar e bem dizer a Deus pelos trabalhos e atividades da Arquidiocese de São Paulo. A celebração presidida por dom Odilo Pedro Scherer, às 10h, foi momento de, uma vez

mais, render graças pela canonização de São José de Anchieta e de colorir a Basílica com as bandeiras e faixas da Arquidiocese. Aparecida recebe ainda a 52ª

Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que debate, entre outros temas, “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”, com a contri-

buição dos bispos para a construção de um documento, além de apresentar posicionamentos e reflexões sobre as eleições que acontecem em outubro. Páginas 23 e 24

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Monsenhores Garcia e Palau serão bispos auxiliares em SP

Agravam-se os problemas dos refugiados haitianos

Para os trabalhadores o 1º de maio é ‘Dia de luta e luto’

O papa Francisco nomeou na quarta-feira, 30, dois bispos auxiliares para a Arquidiocese de São Paulo. São eles os monsenhores Carlos Lema Garcia, que desde 2010 desempenha o cargo de diretor espiritual da Prelazia do Opus Dei, e José Roberto Fortes Palau, que já foi vigário geral da Diocese de São José dos Campos (SP).

Depois que centenas de haitianos, vindos do Acre, chegaram a São Paulo no mês de abril, uma crise se agravou entre os dois Estados, porém as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes são apresentadas pelo O SÃO PAULO e por entidades que trabalham com refugiados há muito tempo. O jogo de empurra não resolverá o problema.

Para além de uma data de comemorações, o 1º de maio, dia de São José Operário, é uma ocasião para manifestar as lutas e insatisfações dos trabalhadores brasileiros. Na Catedral da Sé, as pastorais sociais denunciaram a exploração e as situações análogas à escravidão, sobretudo de imigrantes.

Páginas 12 e 13

Morre o bispo da terra, dom Tomás Balduino Página 24

Página 10

Dia das Mães: a história de uma migrante Página 11

Página 9

Convocados da seleção serão anunciados dia 7 Página 20

Cardeal e bispo falam das chacinas na Brasilândia Página 18


2 | Fé e Vida |

6 a 12 de maio de 2014 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br Sergio Ricciuto Conte

frases da semana

“Ele sempre esteve preocupado com os pequenos. Foi um homem que viveu pobre, cuidando dos pobres. Será recordado como um dos homens que marcou nossa Igreja, especialmente na questão da terra, na questão indígena.”

Dom Leonardo Ulrich Steiner, sobre a morte de dom Tomás Balduino em Goiás

“O fato não é novidade, pois três semanas após o terremoto [12 de janeiro de 2010] havia constatação de haitianos em cidades como São Paulo. O Estado brasileiro, porém, não estabeleceu nenhum mecanismo de políticas públicas.”

Robson Jean Baptiste, haitiano que vive em São Paulo desde 2012

você pergunta

Espiritualidade

Por que o sexo antes do casamento é pecado?

Jesus não ama a pobreza, mas os pobres Frei Patrício Sciadini

Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação na Arquidiocese de São Paulo

Padre Cido Pereira

Converso desta vez com o Murilo Mendes de Azevedo, de Santana de Parnaíba (SP). Ele pergunta por que o sexo antes do casamento é pecado. Murilo, a resposta é simples. Porque Deus pensou a sexualidade humana como uma forma prazerosa do ser humano, homem e mulher, aprofundarem o amor de um pelo outro, de crescerem e multiplicarem-se. O sexo no projeto de Deus está voltado para o amor e para a criação. Por isso, a sexualidade sem amor, a sexualidade unicamente voltada para o prazer egoísta, é pecado. Sabe Murilo, muita gente pensa no sexo como uma coisa suja. Não, não é. A sexualidade é maravilhosa. Acontece que no mundo hedonista, isto é, no mundo que valoriza o prazer a qualquer custo, o sexo passou a ser banalizado e se tornou até uma forma de exploração da pessoa. Haja vista a exploração sexual da mulher e das crianças, um crime que clama aos céus. Nos dez mandamentos, nós vamos encontrar então os limites que Deus pensou na sexualidade humana. O sexto mandamento diz: “Não pecar contra a castidade!” Peca contra a castidade quem busca o sexo fora do casamento. Peca contra a castidade quem abusa do próprio corpo num prazer egoísta e fechado. Peca contra a castidade quem não respeita o corpo do outro Peca contra a castidade quem vende o próprio corpo. Peca contra a castidade quem paga pelo prazer sexual ferindo a dignidade da mulher prostituída. Peca contra a castidade quem alimenta seu coração com filmes pornográficos e que produz ou comercializa esse tipo de diversão. O sexo, portanto, atinge a sua beleza plena quando realizado por duas pessoas que se amam e unidas em Matrimônio. Antiquado isso que eu estou dizendo, Murilo? Não! Devemos buscar a perfeição no amor. Por tudo isso, eu penso que um casal de namorados, um casal de noivos que se guardam para que, após o casamento cada um seja plenamente do outro, será feliz, muito feliz, porque acertou sua vontade com a vontade de Deus. Fique com Deus, meu irmão! Que ele abençoe você e sua família.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Jesus tem uma clara consciência de sua missão entre nós, sabe por que o Pai o enviou e quer ser fiel. Deus é amor e em Jesus todo o amor do Pai se manifesta plenamente. O amor não é uma palavra de dicionário, vaga, manipuladora e manipulante, mas sim uma realidade que somente se começa a compreender quando nos decidimos vivê-la. Sempre que se aproxima a Páscoa, os pobres invadem o nosso coração e nos perturbam bastante, seja pelas despesas inúteis que fazemos para celebrar “uma boa páscoa”, quando milhões de nossos irmãos celebram uma boa Páscoa, mas sem nada na mesa. E

seja pelo texto do Evangelho, pelo qual ficamos todos tristes em ver o nosso irmão Judas que, por um punhado de moedas, trai Jesus. Ele não amava os pobres, mesmo que tivesse recebido a confiança de Jesus e dos companheiros, era o ecônomo, tinha a bolsa e era encarregado de fazer a esmola aos pobres. Mas João evangelista, com uma palavra seca, liquida o assunto: Judas não amava os pobres, era ladrão. O ladrão ama o dinheiro, as coisas, e por isso não as tendo, as roubava. Não é capaz de ser pobre e de se contentar com o que tem. Uma leitura atenta do Evangelho nos faz compreender que o Evangelho, como toda a bíblia, é cheio não de definições de pobreza, mas sim de pobres. Jesus não ama a pobreza que é indigna, terrificante maldição e destruidora do ser humano. Ele ama os pobres e faz de tudo para ir ao en-

contro deles, para aliviar-lhes o sofrimento. Os pobres que são vestidos em tantas maneiras e formas, pobres como pecadores, longe do amor, pobres sem pão, pobres sem casa. Toda pessoa, cada um de nós é “pobre” e necessita na nossa vida de amor e de força nova para continuar o caminho. O papa Francisco tem dito: “os pobres são o coração do Evangelho”. Amar os pobres, lutar contra o luxo, não é ser comunista, mas sim ser cristãos. É necessária uma conversão, um caminho novo. Diria, me perdoem os estudiosos do Evangelho se digo besteiras, deveríamos falar se nos “tornarmos pobres” à imitação de Cristo, que sendo rico, se fez pobre por amor de nós. Tornar-nos pobres porque damos, mais damos e mais ricos somos, porque o amor aumenta na medida em que é doado e não na medida em que é conservado ciosamente dentro de nós.

palavras que não passam

O povo é o soberano de si mesmo PADRE AUGUSTO CÉSAR PEREIRA

A vida humana na terra é anterior e causa da própria História. A convivência dos povos sempre necessitou da comunicação e o relacionamento humano forçou a pesquisa e a descoberta de meios para comunicar-se. Essa consideração que apresento, embora brevíssima, levou-me a colocar o povo como fonte de comunicação. A iniciativa de Deus de comunicar-se com a humanidade é de tempos imemoriais e de maneiras várias até que Jesus Cristo se tornasse a maneira perfeita e definitiva, como atesta a Bíblia. Se é evidente a preferência de Deus para com o povo, muito mais se destaca a indisfarçável preferência dele pelos pobres. Cito alguns argumentos que me vieram à mente

e ao coração, neste momento em que inicio o estudo deste tópico. Essa é também parte indispensável da fundamentação bíblica da categoria difundida pela Teologia da Libertação, o “Povo dos Pobres”. O fundamento mais importante de todos nessa opção preferencial pelos pobres é a aliança. O Pai escolheu um povo – não uma pessoa – para fazer aliança com ele. Durante a travessia do deserto, educou esse povo para se tornar um povo idôneo, livre, soberano, estabelecido na terra e responsável para se comprometer com ele na proposta divina de um novo céu e uma nova terra no caminho da justiça, da solidariedade e da fraternidade universal. A categoria “Povo de Deus” é considerada como uma das grandes contribuições do Concílio Vaticano 2º para a renovação da Igreja. O Concílio colocou o Povo de Deus como centro de toda a História da Salvação e da Igreja. Assim, a Igreja mergulha no coração da humanidade e todos os povos podem

sentir-se membros da família de Deus. O sinal significativo da excelência do Povo de Deus foi que o Concílio Vaticano 2º, na constituição dogmática Lúmen Gentium (sobre a Igreja), inovou dispondo o Povo de Deus em posição relevante logo em seguida ao capítulo 1, sobre o mistério da Igreja. A própria hierarquia está a serviço do Povo de Deus. O “plano de salvação”, que preocupava o Pai, era em função do Povo de Deus. E o “mistério da Igreja” sinaliza que a missão da Igreja caracteriza-se pelo seu serviço a esse mesmo Povo de Deus (cf. LG 2, 9-17). É impossível pensar a existência e a missão da Igreja sem a centralidade do Povo de Deus. Portanto, é um conceito teológico, porque bíblico e eclesial. Por isso, o Povo de Deus é chamado a integrar a Igreja como sujeito ativo e não receptor passivo da comunicação evangelizadora. O Povo de Deus está incluso como atuante no plano de Deus e no mistério da Igreja.

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Daniel Gomes, Edcarlos Bispo e Nayá Fernandes • Institucional: Rafael Alberto • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Assinaturas: Djeny Amanda • Projeto Gráfico e Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impressão: Atlântica Gráfica e Editora Ltda. • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail• A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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encontro com o pastor

A renovação da Paróquia

Arcebispo metropolitano de São Paulo

cardeal odilo pedro scherer

A Paróquia é o tema principal da 52ª assembleia geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em Aparecida de 30 de abril a 9 de maio. Já na assembleia anual de 2013, o tema tinha sido refletido; dessa vez, voltou mais amadurecido, resultando na aprovação de um novo documento da CNBB sobre o assunto. A insistência no tema pode ter, ao menos, dois significados diversos: que a Paróquia é muito importante para a própria Igreja, e que ela precisa passar por transformações e ser revitalizada. A Paróquia, de fato, tem sido ao longo dos séculos o rosto mais visível e próximo da Igreja; ela é a imagem perceptível daquilo que a própria Igreja é, no seu todo: a comunidade dos batizados, convocados e guiados pela Palavra de Deus, reunidos em torno da Eucaristia e de um ministro ordenado que, como pastor encarregado, os serve e conduz em nome de Cristo Pastor, na comunhão da grande comunidade eclesial. Na Paróquia, os filhos da Igreja expressam e nutrem sua fé, celebram os Mistérios de Deus, organizam e praticam a caridade, inserem-se concretamente nas realidades da comunidade humana na qual vivem, para testemunhar a vida nova e a esperança que vêm do Evangelho. Ainda na Paróquia floresce a vida cristã na riqueza e na variedade dos dons do Espírito Santo e se cuida de transmitir a fé e de viver a dimensão missionária da Igreja. Apesar das muitas críticas feitas à Paróquia, a Igreja não a abandona e continua vendo nessa forma de organização da vida cristã e da missão eclesial uma escolha válida. Ela precisa, é certo, de ajustes e melhorias constantes e é isso que a CNBB está buscando fazer. A vida cristã tem uma dimensão pessoal e envolve diretamente a pessoa, suas escolhas e respostas de fé à proposta de vida segundo o Evangelho.

Porém, não é individualista nem meramente subjetiva, mas vinculada à vida comunitária e eclesial. A cultura do nosso tempo, marcada fortemente pelo individualismo e pelo subjetivismo, também pode contagiar a vida cristã, abandonando seus vínculos comunitários e eclesiais. Nisso haveria uma grave perda. De fato, nós não cremos “do nosso jeito”, nem buscamos dar soluções às questões morais “do nosso jeito”, mas do jeito da Igreja. Já desde o princípio, os apóstolos tiveram a preocupação de transmitir o que viram, ouviram e receberam do Senhor Jesus; e Paulo, em seguida, insiste em dizer: “o que recebi, foi isso que também vos transmiti”. Ele queria destacar que não inventava, de sua cabeça, o que pregava aos outros. E os apóstolos e, depois deles, os Pastores da Igreja, também insistiam em dizer que era preciso viver de maneira coerente com o que se aprendeu do Evangelho, não mais apenas conforme os costumes e práticas do tempo. Assim foi ao longo dos séculos, e assim continua até hoje. O papa Bento 16 lembrou aos jovens, na Jornada Mundial da Juventude, de Colônia (Alemanha), que a fé e a vida cristã não são feitas à maneira de self-service, em que cada um escolhe só o que gosta ou decide o que lhe convém. Nossa fé é ligada à comunidade de fé; a própria Igreja é o “sujeito da fé”; com ela nós cremos e praticamos a vida cristã. A Paróquia precisa, pois, ser redescoberta como o “lugar” da vida comunitária da fé e da vida cristã. O Documento da CNBB a apresenta como “Comunidade de Comunidades”, com muitas expressões pessoais e comunitárias da fé e da vida cristã. A Paróquia precisa favorecer as muitas formas de vida eclesial comunitária, com tudo o que isso significa para as relações mútuas entre os fiéis e, destes, com a comunidade humana plural circunstante. Usando a linguagem do Documento de Aparecida (2007) e da recente exortação apostólica Evangelii Gaudium, do papa Francisco, podemos dizer que também a Paróquia precisa fazer a sua “conversão pastoral e missionária”, para expressar melhor a sua vida e missão nos tempos atuais. E é isso que o novo documento da CNBB orienta a fazer.

agenda do Cardeal

De terça a sexta-feira (dias 6 a 9)

Participação na Assembleia Geral da CNBB

Sexta-feira (9)

teiro São Bento)

Domingo, (11)

11h - Missa em ação de graças pela canonização dos 20h30 - Vigília na Paróquia São José (Jardim Euro- papas João 23 e João Paulo 2º 18h30 - Crisma na Paróquia Santa Bernadete (Repa - Região Sé) gião Belém) Sábado (10) 10h - Crisma na Paróquia Cristo Jovem (Região Segunda-feira, (12) 8h15 - Abertura da Semana Teológica da Pontifícia Lapa) 16h30 - Assembleias das Lideranças da RCC (Mos- Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção

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editorial

Sergio Ricciuto Conte

Democracia e ideologia de gênero “Gênero”. Palavra presumidamente clara, cujo significado sempre foi por todos inequivocamente conhecido. Exprimiria uma classificação de seres, a totalidade da espécie humana e, por fim, a identidade sexual dos indivíduos, não fosse... um emprego totalmente novo do termo. Com efeito, nas últimas semanas, tão ausente do noticiamento televisivo quanto clamorosamente constante nas mídias sociais, a discussão sobre um novo conceito de “gênero” tem ocupado destaque nos debates referentes à tramitação, em fase conclusiva, do Plano Nacional de Educação (PNE). Munidos de faixas, manifestantes de todas as tendências se fazem ouvir. Uns, pensam ser “gênero” a palavra que trará igualdade às escolas; outros, protestam que seria a impossibilitação mesma de qualquer igualdade. Estes últimos, mais numerosos, são respaldados por manifestações solidárias de bispos, padres e tantas outras lideranças, todas unânimes em advertir que “algo” grave está acontecendo. Essa advertência ganha força na medida em que a população se informa que, de fato, é uma linguagem praticamente enigmática a dos “ideólogos de gênero”. Contrariamente ao senso comum, que entende aquele conceito exatamente como o enunciamos acima, esses autores o redefinem de modo completamente diferente, entendendo-o como a construção individual de uma identidade totalmente arbitrária, uma sensação interior de si, indefinida e indefinível, mas à qual se quer dar o sufrágio legal. Num instante, esvazia-se o conceito jurídico de homem e mulher, que, diante da indefinição legalmente definida, significaria qualquer coisa e, no entanto, nada. As consequências disso são difíceis de serem percebidas agora, mas, com o tempo, poderiam ser devastadoras. Para além de qualquer eventualidade futura, no presente, nossas crianças seriam expostas a tais “teorias”. Sim, teorias! Como se a escola fosse um laboratório para a experimentação de hipóteses sociológicas. Obviamente, doutrinados com a ideia de que não possuem uma identidade, os alunos seriam submetidos à uma progressiva desconstrução de sua própria personalidade. E tudo isso com o desconhecimento escandaloso do povo. As leis de um país precisam traduzir os seus retos costumes, assim como são concebidos pelo imaginário de seu povo. Quando vão na contra-mão disso, quando contrariam os valores da nação e, sobretudo, quando os inviabilizam, necessitam, pelo menos, anunciá-lo com clareza, a fim de que haja uma ampla discussão que averigue a sua legitimidade. O jogo democrático deveria purgar toda tentativa sorrateira de infiltração legislativa como um ardiloso abuso, e os representantes do povo deveriam defendê-lo de tais aviltamentos. Às portas da conclusão das votações do PNE, nos unimos às milhares de vozes que requereram a exclusão completa da linguagem de “gênero” de seu texto. Fazemo-lo conscientes de que, assim, serão assegurados os direitos de todo o alunado, pois o respeito pela dignidade humana sempre foi marca característica da educação brasileira, sem que nunca houvesse a necessidade de requintadas discriminações de menos discrimináveis. Aos senhores deputados fazemos votos de que não introduzam essa terminologia imprecisa em nossa legislação. Efetivamente, uma lei não pode dar margem à incerteza, terreno fértil para a injustiça, e, portanto, não pode absorver em seu conteúdo uma linguagem construída para induzir ao engano, para contrariar os valores mesmos daqueles que os elegeram.


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liturgia e vida

palavra do papa

4º DOMINGO DA PÁSCOA 11 DE MAIO DE 2014

A Palavra e a Eucaristia nos enchem de alegria

Ana Flora Anderson

O nosso pastor A oração deste domingo apresenta o coração do tema da liturgia. A comunidade reunida pede a Deus que ele olhe para seu rebanho. Sabemos que somos fracos, mas o nosso Pastor é a nossa fortaleza. Na primeira leitura (Atos dos Apóstolos 2, 14.36-41), São Paulo levanta no dia de Pentecostes e exorta a multidão a reconhecer que o Jesus que eles condenaram é, na verdade, o Senhor e o Messias que eles esperavam. Diante do arrependimento da multidão, Pedro pede conversão e a aceitação do Batismo. Com esse gesto de fé, eles receberão o Espírito Santo e serão salvos da corrupção deste mundo. A segunda leitura (1 Pedro 2, 20-25) é uma meditação sobre o sentido do sofrimento nas nossas vidas. Jesus, que jamais fez mal aos outros, sofreu por nós e nos deixou um grande exemplo. No decorrer da vida, seremos injuriados, atormentados e ameaçados. Nesses momentos, devemos pedir a Deus a graça de compreender que Jesus assumiu na cruz tudo que é pecado para que possamos ser curados e viver na justiça. O Evangelho de São João (10, 1-10) narra a parábola de Jesus na qual Ele se apresenta como um Bom Pastor. Nós somos o seu rebanho. Quem tiver fé sempre escuta a voz do Pastor seguindo-o com alegria. Muitos tentarão enganar esse rebanho, mas o Pastor nos liberta do mal e garante que veio para nos dar vida em abundância. leituras da semana Segunda-feira (12): Terça-feira (13): Quarta-Feira (14): Quinta-Feira (15): Sexta-Feira (16): Sábado (17):

At 11, 1-18; Sl 41 Jo 10, 1-10. At 11, 19-26; Sl 86; Jo 10, 22-30. At 1,15-17.20-26; Sl 112; Jo 15, 9-17. At 13, 13-25; Sl 88; Jo 13, 16-20. At 13, 26-33; Sl 2; Jo 14, 1-6. At 13, 44-52; Sl 97; Jo 14, 7-14.

SANTOS E HERÓIS DO POVO – 7 DE MAIO

“Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, porque isto é a Lei e os Profetas” (MT 7,12). No dia 7 de maio é o dia consagrado ao “oftalmologista”, o médico que cuida da saúde de nossos olhos. É preciso que se dê especial apoio aos cegos. Que eles sejam tratados comopessoaslivresecapazes. Existem, é verdade, instituições de alto mérito que cuidam dos cegos. Mas eles, os cegos, sempre têm dificuldades, tanto no transporte quanto nos empregos. Que encontrem seu lugar na sociedade e no mundo do trabalho, como pessoas normais, a quem apenas falta à visão e nada mais. No dia 7 de maio, também é o dia dos Mineradores de Prata da América Latina. É importante que eles sejam lembrados, sobretudo por estarmos na semana do Operário. Vamos agora aos santos do dia: temos, em primeiro lugar, uma mulher: Santa Gisela (imagem) da Baviera, Alemanha, do final do século 10. Era casada e teve um filho, também santo: Emérito. Foi ela quem ajudou esse filho na obra de evangelização. E após a morte do marido, Santa Gisela retirou-se para uma abadia de beneditinas. Tornou-se santa, venerada ao longo dos séculos. Fonte: “ Santos e Heróis do Povo”, livro do cardeal Arns

Papa francisco

Em sua reflexão antes do Regina Coeli, no domingo, dia 4, no Vaticano, o papa Francisco falou da Palavra de Deus e da Eucaristia como grandes fontes de alegria cristã. O Evangelho deste domingo, que é o terceiro domingo da Páscoa, é aquele dos discípulos de Emaús (cfr Lc 24, 13-35). Eles eram dois discípulos de Jesus que, após a morte dele e tendo passado o sábado, deixam Jerusalém e retornam tristes e abatidos para a sua aldeia, chamada Emaús. Na estrada, Jesus se colocou ao lado deles, mas eles não o reconheceram. Vendo-os assim tristes, ele primeiramente ajudou-os a entender que a Paixão e a Morte do Messias estavam previstas no desígnio de Deus e preanunciadas nas Sagradas Escrituras; e assim reacendeu um fogo de esperança no coração deles. Naquele ponto, os dois discípulos sentiram uma extraordinária atração por aquele homem misterioso e o convidaram a ficar com eles naquela noite. Jesus aceitou e entrou na casa deles. E quando, estando à mesa, abençoou o pão e o partiu, eles o reconheceram, mas ele desapareceu da vista deles, deixando-os cheios de espanto. Após terem sido iluminados pela Palavra, tinham reconhecido Jesus ressuscitado no partir o pão, novo sinal da sua presença. E

imediatamente sentiram a necessidade de retornar a Jerusalém, para referir aos outros discípulos essa experiência deles, que tinham encontrado Jesus vivo e o tinham reconhecido naquele gesto da fração do pão. A estrada de Emaús se torna, assim, símbolo do nosso caminho de fé: as Escrituras e a Eucaristia são os elementos indispensáveis para o encontro com o Senhor. Também nós chegamos muitas vezes à missa dominical com as nossas preocupações, as nossas dificuldades e desilusões... A vida, às vezes, nos fere e nós andamos tristes com ela na direção de nossa Emaús, voltando as costas para o desígnio de Deus. Nos distanciamos de Deus. Mas nos acolhe a Liturgia da Palavra: Jesus nos explica as Escrituras e reacende nos nossos corações o calor da fé e da esperança, e na Comunhão nos dá força. Palavra de Deus, Eucaristia. Ler cada dia um trecho do Evangelho. Recordem bem: ler cada dia um trecho do Evangelho, e aos domingos ir comungar, receber Jesus. Assim

aconteceu com os discípulos de Emaús: acolheram a Palavra. Participaram da fração do pão e de tristes e desconfiados, se tornaram alegres. Sempre, caros irmãos e irmãs, a Palavra de Deus e a Eucaristia nos enchem de alegria. Recordem bem isto! Quando você estiver triste, pegue a Palavra de Deus. Quando você se sentir por baixo, tome a Palavra de Deus e vá à missa do domingo para comungar, para participar do mistério de Jesus. A Palavra de Deus e a Eucaristia nos enchem de alegria. Pela intercessão de Maria Santíssima, oremos para que todo cristão, revivendo a experiência dos discípulos de Emaús, especialmente na missa dominical, redescubra a graça do encontro transformador com o Senhor, com o Senhor ressuscitado, que está conosco sempre. Há sempre uma Palavra de Deus que nos orienta após nossas debandadas; e por meio de nossos cansaços e desilusões, há sempre um Pão partido que nos faz ir à frente pelo caminho. L’Osservatore Romano

Em sua homilia na Capela da Casa de Santa Marta, na manhã de Sexta-feira, 2, o papa Francisco declarou ter chorado ao ser relatado sobre cristãos que haviam sido crucificados. A Síria está enfrentando desde 2011 a tentativa de extermínio do Cristianismo.

há 50 anos

Frutos do trabalho “Identificamos na contemplação de vitórias, ou tocados pelo fervor de esperanças, costumam os homens reunir-se em torno do simbolismo de certas datas. A que hoje celebramos, o Primeiro de Maio, consagra o supremo esforço da criatura humana para sobreviver e elevar-se, graças aos frutos do trabalho”. Essas foram as palavras que o então Presidente da República, Marechal Castelo Branco, proclamou perante um público, que festejava em frente à Catedral da Sé o Dia do Trabalhador. O se-

manário arquidiocesano O SÃO PAULO deu a capa na sua edição de 10 de maio de 1964 ao discurso do presidente, que tomou como vertentes temas como o sindicalismo, o civismo e ate imigração estrangeiras. A mesma edição contava com um artigo do pronunciamento do papa Paulo 6º sobre o 8º Congresso Internacional da União Médica Latina, realizado em Roma. “Esta a Igreja interessada nos progresso da medicina tanto quanto está interessada no Capa da edição de 10 de maio de 1964 bem do homem”.


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dicas de cultura

literatura

Letícia Sabatella revive tragédias gregas em peça no CCBB Victor Hugo Cecatto - divulgação

Uma releitura contemporânea das tragédias gregas Medeia, Electra e Antígona chega ao Centro Cultural Banco do Brasil. A peça “Trágica. 3” fica em cartaz até 7 de julho, com Letícia Sabatella, Denise Del Vecchio, Miwa Yanagizawa e Fernando Alves Pinto no elenco. Com concepção e direção de Gui-

lherme Leme, o espetáculo retrata as grandes heroínas trágicas em fragmentos poéticos que se correlacionam através da experiência dramatúrgica, sonora e visual. Três peças curtas baseadas em obras de Sófocles e Eurípedes resultam num único espetáculo, contando a história de Medeia, a que mata; Electra, a que manda matar, e Antígona, a que se mata.

O QUE: Trágica.3 QUANDO: Até 7 de julho – segundas e sábados, às 20h; domingos, às 19h. QUANTO: R$ 10 (inteira); R$ 5 (meia-entrada). ONDE: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-SP) - Rua Álvares Penteado, 112. Estação São Bento do metrô.

direito do consumidor

Licença por motivo de doença em família (2) Lendo o artigo 83, da Lei nº 8112/90, referente a essa licença, podemos concluir que são três os requisitos para a concessão desta: 1) que se trate de doença em cônjuge ou companheiro, pais, filhos, padrasto ou madrasta, enteado, ou dependente do servidor: a lei não autoriza a licença quando a doença atinge quaisquer parentes, por mais próximos que seja o vínculo. A doença em um avô ou irmão, por exemplo, não permite a concessão da licença; 2) A doença deve ser comprovada

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por perícia médica oficial; 3) a licença somente será deferida se a assistência direta do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário; Essa licença poderá ser concedida a cada período de 12 meses, observadas as seguintes condições: por até 60 dias, consecutivos ou não, mantida a remuneração do servidor; por até 90 dias consecutivos ou não, sem remuneração. Vale acrescentar apenas que o paragrafo 3º desse artigo dispõe que o início do período de 12 meses será contado a partir da data do deferimen-

to da primeira licença concedida e o paragrafo 4º que a soma das licenças remuneradas e das licenças não remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em um mesmo período de 12 meses, não poderá ultrapassar os limites acima indicados (60 dias, remunerados, e 90, não remunerados), bem como que o artigo 81, inciso I, da mesma Lei nº 8112/90 veda expressamente o exercício de atividade remunerada durante o período de gozo da licença por motivo de doença em pessoa de família. Assim o servidor licenciado não poderá trabalhar, por exemplo, em outra atividade, no período de afastamento.

O livro do sentido, de frei Clodovis Boff A questão do sentido da vida é uma das perguntas mais angustiantes que se fazem hoje, especialmente entre os jovens. É, de fato, a questão humana mais profunda decisiva de todas. De todos os lugares e de todos os tempos. Mas é na sociedade moderna que ela se tornou particularmente urgente e dramática. Baseado nessa afirmativa, frei Clodovis Boff lança, pela Paulus, “O livro do sentido – Crise e busca de sentido hoje (parte crítico-analítica)”. Nele, o autor elenca diversos sintomas da falta de sentido hoje: a depressão crescente, os suicídios em alta (especialmente entre os jovens), a difusão das drogas, a “desnatalidade” deliberada, a banalização do sexo, a violência difusa e o advento da frivolidade. “Tudo isso configura esvaziamento dos valores e desamor pela vida”, explica. A obra, dividida em nove capítulos, aborda o niilismo, que significa falta de sentido, ou seja, falta de um sentido último consistente, verdadeiro, que dê sentido a tudo, inclusive à morte. De acordo com o autor, sem tal sentido, que é como uma âncora existencial, a

vida e as coisas da vida vão a pique e se aniquilam. “Niilismo vem justamente do latim nihil, que significa nada”. A leitura é recomendada a todos, uma vez que a questão do sentido não Reprodução

poupa ninguém. Mas se dirige mais especialmente ao público jovem e aos intelectuais. São esses que sofrem mais de perto a tentação do niilismo e que o difundem para toda a sociedade. Ficha Técnica Título: O livro do sentido – Crise e busca de sentido hoje (parte crítico-analítica). Autor: Frei Clodovis Boff. Coleção: Avulso. Acabamento: Costurado. Páginas: 576. Formato: 16 cm x 23 cm. Área de interesse: Filosofia e ciências humanas.

Ronald Quene é formado em Direito

O SÃO PAULO: UMA EQUIPE TRABALHANDO POR VOCÊ

LOUISE DE VILLIO

Aos 21 anos, a estudante de Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie, Louise De Villio Vicente, é a secretária de redação do jornal O SÃO PAULO desde fevereiro deste ano. “O jornal é a continuação do que eu aprendo na faculdade e extensão do que eu tenho como família, logo O SÃO PAULO representa a minha contribuição para com a sociedade, pois tentamos ao máximo fazer um trabalho humanitário, não somente (in)formar a cabeça para pensar mais, mas também as mãos para agir”.

DJENY AMANDA

Ela já foi catequista e coordenadora do Ministério de Artes da Paróquia Natividade do Senhor, na zona norte, e atualmente participa do Grupo de Animação Missionária Salesiano da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, no Bom Retiro. Aos 19 anos, Djeny Amanda Silva Costa é estudante de Marketing na FMU e desde 2013 atua como auxiliar administrativa do Semanário Arquidiocesano. “Trabalhar no O SÃO PAULO representa alegria e satisfação. É muito bom acordar e ter motivos para trabalhar. Esses motivos são: harmonia, compreensão e trabalho em equipe”.


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direito canônico

fé e cidadania

Mãe Aparecida

Dois papas, dois santos

Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano e professor da Escola Dominicana de Teologia (EDT)

Edson Luiz Sampel

Em muitos atos litúrgicos, não só na santa missa, costumase referir à Virgem Santíssima com o belo cognome “Mãe Aparecida”, em virtude da devoção tributada a Nossa Senhora Aparecida. Nada obstante, ultimamente, em algumas celebrações, quase nunca se pronuncia o nome próprio da mãe de Deus: Maria (forma aportuguesada do aramaico Myriam). O epíteto “Mãe Aparecida” é decerto bonito e carinhoso. Sem embargo, do ponto de vista pastoral e catequético, cuido ser importante voltar a vociferar o vocativo “Maria”, sem deixar de lado a afável expressão “Mãe Aparecida”. Por exemplo, pode-se pregar ao povo deste modo: “Irmãos, a Mãe Aparecida, santa Maria, sempre intercede por nós! Confiemos nela!” Muitos dos devotos de Maria Santíssima são pessoas bem simples. Não poucos acreditam que “Aparecida” seja um nome próprio, como “Cristina” ou “Fábio”, e não o particípio passado do verbo “aparecer”. É sabido que uma imagem de santa Maria “apareceu” aos pescadores no Rio Paraíba, no vale do mesmo

nome; por isso, Nossa Senhora “Aparecida”. Bem, na verdade, “Aparecida” já virou mesmo o nome próprio de enorme número de mulheres brasileiras, nalguns casos em honra da mãe de Deus (“Maria Aparecida”). Outro problema pastoral sério diz respeito ao fato de que boa parcela do povo não sabe que Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Lourdes etc e Nossa Senhora Aparecida são a mesma pessoa. Mais uma razão para deixar as coisas claras e enaltecer sempre o nome da Deípara. Ensina a bíblia sagrada (Is 43,1) que Deus chama cada um de nós pelo nosso nome próprio: Edson, Odilo, Nayá etc. Pelo prenome, Deus chamou a Virgem de Nazaré, através do arcanjo Gabriel: “Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto de Deus.” (Lc 1,30). Todos os membros da Igreja, leigos e clérigos, são convidados a haurir na hiperdulia (nome do culto que se tributa a Maria Santíssima) a fonte inexaurível de santificação. Nesse sentido, o cânon 1.186 recomenda a devoção especial e filial dos fiéis à mãe de Jesus. Sem sombra de dúvida, só quem reza o terço quotidianamente pode testemunhar os benefícios imensos desta augusta devoção. Que Nossa Senhora Aparecida, santa Maria, rogue a Jesus por nós!

Padre Alfredo José Gonçalves

A canonização de João 23 e João Paulo 2º, no dia 27 de abril, representa um desses acontecimentos marcantes na história da Igreja Católica. Aliás, isso corresponde perfeitamente à figura do papa Francisco, ele mesmo um marco que aponta para algumas mudanças de rumo na milenar, mas frágil, “barca de Pedro”. Dois aspectos a serem sublinhados. No primeiro, João 23 – o “papa bom” – abriu as portas e janelas do Vaticano para os ares do mundo moderno, com todas as implicações sociopastorais e políticas. O Concílio Ecumênico Vaticano 2º representa uma Igreja que procura adaptar o próprio ritmo aos desafios da sociedade contemporânea. O espírito da Gaudium et Spes, constituição

pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, será o espírito mesmo de todos os debates e documentos desse evento: “As alegrias e esperanças, as angústias e tristezas dos homens de hoje, especialmente dos que mais sofrem, são as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos discípulos de Jesus Cristo” (GS, nº 1). Ainda sobre a personagem de João 23, não seria exagero falar do “coração materno da Igreja”. Suas cartas encíclicas – Mater et Magistra (1961) e Pacem in Terris (1963) – revelam a preocupação de uma Igreja num mundo de contrastes. De fato, se por um lado estamos em pleno período dos “anos de ouro” do crescimento econômico, por outro o fantasma da Guerra Fria e da destruição atômica não deixam de rondar cidades e casas. Os dois documentos tratam de oferecer alguns suportes éticos para atravessar esses tempos ambíguos. Em segundo lugar, no pontificado de João Paulo 2º as contradições viriam a se agravar, com

a crise da economia mundial, a partir dos anos 1970. A discrepância entre progresso tecnológico e crescimento econômico, por uma parte, e aprofundamento da desigualdade social, por outra, levam o Pontífice a usar todos seus dotes filosóficos e teológicos no combate simultâneo à concentração de renda e à exclusão social de pessoas, povos e nações inteiras. Nesse sentido, o Papa polonês dá continuidade ao programa de seu antecessdor, Paulo 6º, o qual havia publicado a encíclica Populorum Progressio (1967), propondo o desenvolvmento integral como “o novo nome da paz”. Tanto na Laborem Exercens (1981), sobre o trabalho humano, quanto na Centesimus Annus (1991), comemorando um século de Doutrina Social da Igreja, a pedra de toque de João Paulo 2º será a tentativa de ajustar a economia globalizada, não tanto aos interesses do capital financeiro, mas às necessidades básicas dos pobres do planeta. Fotomontagem: Luciney Martins/O SÃO PAULO

espaço aberto

Detalhes sobre a vacina da gripe Médica atuante na Estratégia de Saúde da Família

Cássia Regina

Em 22 de abril foi iniciada a campanha de vacinação contra a gripe (influenza), que irá até dia 9 de maio. A influenza é uma infecção viral aguda que afeta o sistema respiratório, e dissemina-se facilmente. A transmissão ocorre por meio de secreções das vias respiratórias da pessoa contaminada ao tossir, falar, espirrar ou pelas mãos, que após contato com superfícies recém-contaminadas podem levar o vírus direto à boca, aos olhos e ao nariz. A doença pode se apresentar desde uma forma leve e de curta duração, até formas graves e complicadas que podem evoluir para síndrome respiratória grave, levando até mesmo ao óbito. Aplicando essa vacina, a pessoa não ficará imune

anos de idade; Gestantes e puérperas (mulheres no período até 45 dias após o parto); Pessoas com 60 anos ou mais de idade; Pessoas com doença respiratória crônica, tais como: asma em uso de corticóides (moderada ou grave) e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC); Pessoas com doença cardíaca crônica, tais como: insuficiência cardíaca e hipertensão arterial com comorbidades; Pessoas com doença renal crônica, tais como: insuficiência renal crônica, paciente em diálise; Pessoas com hepatopatia crônica, tais como: hepatites crônicas, cirrose; Pessoas com doença neurológica crônica, tais como: AVC com comprometimento respiratório, indivíduos com paralisia cerebral; Diabéticos (Diabetes Mellitus do tipo I ou tipo II em uso de medicamentos); Obesos mórbidos; Transplantados; PorQuem deve se vacinar: tadores de trissomias: Síndrome Crianças entre 6 meses e 5 de Down e outras síndromes. àquelas gripes leves que sempre ocorrem durante o inverno e sim àquelas que podem se complicar. Essa vacina agora faz parte do esquema vacinal, portanto, mesmo depois da campanha será possível atualizar as vacinas em qualquer posto de saúde. A vacinação dos grupos prioritários é fundamental como estratégia de prevenção para a redução de ocorrências da doença, internação e óbitos. Algumas pessoas receberão uma dose e outras duas, com intervalo de 30 dias, em dependência de vacinações prévias. A vacina só é contra indicada em pessoas com histórico de reação anafilática ou alergia grave a ovo de galinha ou reação grave a uma aplicação anterior dessa mesma vacina. Em caso de doenças agudas com febre, recomenda-se adiar a vacinação até remissão completa dos sintomas.


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PASTORAL DA PESSOA IDOSA

PASTORAL FAMILIAR

Pastoral tem importante conquista em encontro continental

Curso de noivos: conhecer, compreender e amar o Matrimônio

jairo.fedel@terra.com.br

A Pastoral da Pessoa Idosa (PPI) participou, por meio de sua coordenadora nacional – irmã Terezinha Tortelli, do 10º Encontro do PRAM – Projeto Regional (América Latina e Caribe) de Adultos Maiores (pessoas idosas), que aconteceu nos dias 20 a 25 de novembro de 2013, em Havana, Cuba. Esse encontro contou com a participação de representantes de todos os países que têm projetos ligados ao PRAM: Chile, Bolívia, Peru, México, Panamá, Cuba, Brasil; além de representantes da Cáritas da Alemanha, que

é quem subvenciona o PRAM. No caso da Pastoral da Pessoa Idosa, esta não fazia parte do PRAM porque era exclusivo para projetos ligados à Cáritas, mas os dirigentes desse Projeto vinham demonstrando interesse em conhecer mais sobre a PPI e por isso nos últimos três anos a Pastoral recebia o convite para participar. Durante a realização do 10º Encontro em Cuba, os dirigentes dos países decidiram transformar esse Projeto numa rede, passando assim a uma mudança significativa. Agora, o que era um projeto tornou-se uma Rede Latino-americana e Caribenha. Além de congregar instituições e organizações ligadas às Cáritas,

ficou aberto também para outras organizações afins. Nesse sentido, a Pastoral da Pessoa Idosa passou a fazer parte efetiva dessa organização. Será uma rede comprometida com a promoção da dignidade e dos direitos das pessoas idosas, incentivando seu protagonismo, além de ter como objetivo a construção de uma sociedade para todas as idades e em diálogo com demais organismos civis e entidades públicas. Como resultado do 10º Encontro, foi elaborada a Carta de Havana 2013, que tem por título: “Por uma sociedade inclusiva para todas as idades”. Por Jairo Fedel Arquivo pessoal

Pastoral da Pessoa Idosa passa a integrar projeto regional de adultos maiores, após realização de evento na cidade de Havana, Cuba

PASTORAL INDIGENISTA

Guaranis lutam por terra em São Paulo Coordenador da Pastoral Indigenista da Arquidiocese de São Paulo

Benedito Prezia

Em 24 de abril, lideranças e jovens Guarani das quatro aldeias de São Paulo mais uma vez se manifestaram na capital, caminhando do vão livre do MASP até à praça Roosevelt, no centro da cidade. Foi a segunda manifestação em 15 dias, tendo sido a primeira no Pátio do Colégio, onde nasceu a cidade de São Paulo. Na quarta-feira da Semana Santa, eles ocuparam os jardins internos da igreja dos jesuítas, passando a noite no

local, “ocupando pacificamente esse lugar simbólico, não estamos nos vingando, nem estamos enganando vocês. Queremos apenas surpreendê-los para anunciar que precisamos da demarcação de nossas terras”, indicou um documento por eles distribuído. Esses eventos foram programados devido à proximidade do dia 19 de abril, o Dia do Índio, embora atualmente essa data dispute atenção com o Dia de Santo Expedito e o Dia do Exército. Hoje, muitas comunidades se recusam fazer festa. Como afirma o documento, “Dia do Índio pra nós será o dia [em] que o ministro José Eduardo Cardozo assinar o documento que garante a demarcação das nossas terras tradicionais”. Os Guarani de São Paulo lutam por uma revisão

de limites para as aldeias do Pico do Jaraguá, ao norte da capital, e para a terra Tenondé Porã, na zona sul. Nesse ano, o 19 de abril coincidiu com a Semana Santa, e não seria inoportuno fazer uma ligação entre o que esses povos vivem no Brasil e a Paixão de Cristo. Basta verificar como estão instalados cerca de 600 pessoas no Pico do Jaraguá, cuja área de 2 hectares – a menor área indígena do Brasil – é um símbolo desse drama. Enfim, uma boa notícia: no dia 24, enquanto protestavam na avenida Paulista, foi assinada na Controladoria Geral da União (CGU), a aquisição de uma nova área no interior de São Paulo, para onde deverá ir parte dos indígenas do Jaraguá, fruto da compensação pela construção do Rodoanel. Valeu a luta!

espaço do leitor

Sobre a edição 3.000 do O SÃO PAULO

“Obrigado por eu voltar a ter o nome grafado no histórico e valoroso O SÃO PAULO, mesmo como entrevistado e não como repórter, e pela deferência em me contatarem em um diálogo respeitoso e amigo para um propósito ímpar para mim! Grande abraço!” Adilson Oliveira (pelo Facebook)

“Fiquei emocionada ao ler o jornal. “Meus parabéns a esta bela Aprendi muito nesta casa e sou muito, equipe!” muito grata. Agradeço e nominalmente Padre Zacarias Paiva (pelo Facebook) ao padre Antônio Aparecido Pereira que acreditou em mim. Sai daí com o coraRedação do jornal O SÃO PAULO. ção partido, mas certa de que o trabalho Endereço: Avenida Higienópolis, 890, me chamava para novos desafios. Trago São Paulo (SP), CEP. 01238-000. comigo muito do JOSP e da Igreja, do E-mail: osaopaulo@uol.com.br povo que ele reflete, obrigada”. Twitter: @JornalOSAOPAULO Karla Maria (pelo Facebook)

Facebook: Jornal O SÃO PAULO

Médico de família, professor na Escola Paulista de Medicina e coordenador da Pastoral Familiar da Paróquia Nossa Senhora do Brasil

Valdir Reginato

A decisão de um homem e uma mulher de se unirem por toda a vida, segundo o sacramento do Matrimônio, como caminho da felicidade a dois, sempre é motivo de grande alegria para toda a Igreja! Obedientes à Palavra de Deus, se apresentam com o propósito de constituir uma nova família alicerçada no amor, assim como Cristo desposou a Igreja. Uma família, nas palavras de João Paulo 2º, que seja “Igreja Doméstica”, local de oração e trabalho, de compromisso e de fidelidade, onde as portas estejam abertas à vida que emana do Espírito Santo, na confiança que se espera dos filhos de Deus. Com cuidado maternal, a Igreja tem procurado valorizar essa decisão, propiciando aos noivos um curso que possa apresentar os requisitos necessários para que ambos se unam e permaneçam fiéis a esse compromisso. Um trabalho que procura levar aos noivos alguns dos principais pontos de reflexão: para que possam conhecer, compreender e amar o sacramento do Matrimônio. Certamente, o curso não pode abordar todos os assuntos em profundidade. Igualmente não dispensa uma continuidade. Recomenda-se que deve haver permanência como dever de todo casal que deseja se unir, em liberdade e com fé, ao caminho apresentado por Deus como o início da humanidade e confirmado por Cristo para toda a eternidade. Pelo contrário, o conhecido “curso de noivos” deve animá-los na busca pelo conhecimento e convivência da Palavra. Para tanto, a direção espiritual com um sacerdote, a oração individual e comunitária, assim como a leitura do Catecismo e a frequência à missa, tornam-se imprescindíveis para que se alcance uma preparação mais adequada, e necessária, para o desafio amoroso que se apresenta para eles. Deve, dessa forma, o “curso de noivos” ter um tempo de duração adequado a poder falar do modo cristão de se viver a vida conjugal nos principais temas do cotidiano familiar. Apresentar o Matrimônio alicerçado no conhecimento e na ajuda mútua, generosa, dos futuros cônjuges no âmbito da complementaridade, que procede das diferenças entre o homem e a mulher, com suas virtudes e defeitos. Reforçar a importância do compromisso firmado com as condições sacramentais de fidelidade, indissolubilidade, abertura aos filhos e educação católica; além de uma orientação quanto à paternidade e maternidade responsáveis. Abordar a participação dos parentes nessa nova família, assim como falar de como viver os aspectos econômicos e materiais do lar de modo cristão, torna o curso mais próximo de uma realidade, em que a doutrina, a exemplo das parábolas, fazem os noivos inserir Cristo em todas as suas atividades, santificando o trabalho na vida ordinária; onde não pode faltar o perdão de um recomeçar diário. As recomendações dos detalhes da cerimônia são uma maneira de transmitir a importância da celebração, que deve estar centrada na presença de Deus e não como simples festejo social. Para isso, algumas palavras sobre as escolhas das músicas, decoração, vestuários de madrinhas e da própria noiva evitam constrangimentos durante a realização do casamento. Que não falte nesses cursos a presença de Maria e José, modelos de vida e santidade a todas as famílias, exemplo de convivência e perseverança no amor, que certamente fará parte da união daqueles que buscam em Cristo, o caminho, guiados pela ação do Espírito Santo. Que sejam felizes!


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Mundo do trabalho pastoral operária

O que vale mais: a vida de um operário ou alguns jogos da Copa?

Waldemar Rossi

Na primeira semana de abril, mais um operário foi vítima de acidente de trabalho na construção dos estádios para os jogos da Copa. Novamente no campo do Corinthians, clube popular e de muitas glórias no futebol. Quantos outros já morreram nas inúmeras obras da mesma natureza nos demais estados deste imenso Brasil? E quantos operários perderam suas vidas na construção civil, construção de represas, pontes, edifícios de alto luxo, moradias populares somente este ano? Não se pode dizer que os meios de comunicação social (rádio, tevê, jornais e revistas) tenham sido totalmente omissos, mas é evidente que se destacam apenas os casos de impacto, especialmente aqueles em locais destinados ao circo do futebol da FIFA. E isso porque pode atrasar as obras e não porque há vítimas humanas, pois as vidas humanas só interessam aos donos do capital quando podem trazer lucros. Por isso mesmo, o papa Francisco, em sua exortação apostólica Evangelii Gaudium, condena esse sistema que gera descartáveis entre os seres humanos. Francisco já não condena apenas a geração de excluídos. Vai além, falando em descartáveis, como qualquer objeto que já não tem utilidade. No capítulo 2 da Exortação Apostólica, falando de “alguns desafios do mundo moderno”, Francisco nos chama a atenção para os crimes cometidos contra a vida em favor do lucro: “Assim como o mandamento ‘não matar’ põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, hoje devemos dizer ‘não a uma economia da exclusão e da desigualdade social’” (53/54). E acrescenta outros ‘nãos’ ao sistema vigente: “Não à nova idolatria do dinheiro” (55); “Não a um dinheiro que governa ao invés de servir” (57/58); “Não à desigualdade social que gera violência” (59/60). Assim, no segundo capítulo de sua Exortação, o Papa nos convida a mergulhar nos labirintos de um sistema político e econômico que despreza a vida e valoriza o lucro a qualquer preço; nos convida a ousar enfrentá-lo negando sua lógica e sua prática exploradora e excludente. A carta de Francisco faz eco às suas palavras quando de sua passagem pelo Brasil: “O cristão deve ser revolucionário”. Portanto, é preciso ousar, se juntar aos movimentos que resistem às barbáries que são cometidas e, em mutirão humano, construir outro sistema político, econômico, social e cultural, em que o ser humano tenha a primazia sobre todas as riquezas materiais. Para Francisco, evangelizar não é apenas falar em Jesus Cristo. É, antes de tudo, testemunhá-lo, buscando construir o Reino e sua Justiça.

CAMI

Imigrantes debatem tráfico de pessoas e trabalho escravo CAMI

cami.comunicacao@gmail.com

No sábado, 26 de abril, o Centro de Apoio ao Migrante (CAMI) promoveu um encontro de formação para imigrantes, com um debate sobre tráfico de pessoas e trabalho escravo, a partir da exibição do vídeo de produção da CNBB sobre tráfico de pessoas, da Campanha da Fraternidade de 2014, e um documentário sobre o tema. O objetivo do evento foi capacitar lideranças para enfrentamento do problema. Os participantes, trabalhadores na área da confecção, falaram de situações vividas desde que decidiram sair de seus países, guiados por um sonho e unidos pelo mesmo desejo: melhores condições de vida. Relataram vivências pessoais e realidades desconhecidas para muitos. Completando os relatos, uma encenação teatral ilustrou o processo de aliciamento no país de origem, onde as falsas promessas do aliciador seduzem as pessoas. Na mostra, o aliciador usa mecanismos psicológicos para cativar a vítima nos mais de três encontros que tem com ela e exemplifica a “vida ideal”, seduzindo-a com um amigo que volta do Brasil com grandes conquistas. Assim, os imigrantes identificaram o começo de uma falsa realidade e, em diversos relatos, denunciaram o estado de vida no Brasil, em que a pessoa é reduzida à condição de mercadoria geradora de lucro. Tudo isso, sob a indiferença daqueles que silenciam esse crime. “A pessoa é reduzida à condição de objeto gerador de lucro, destruindo a dignidade e a liberdade da pessoa humana”, afirmou a professora da PUC-

-SP, Dra. Tânia Teixeira, que participou do debate. O coordenador do CAMI, Nelson Bison, alertou sobre os sinais dessa prática: “trabalho exaustivo de mais de oito horas diárias, salários abaixo do mínimo, trabalho sem registro em carteira, situações de servidão e de restrição da liberdade, retenção dos documentos pessoais, ameaças e outras vulnerações de direitos humanos”. Grupos de famílias bolivianas, paraguaias e peruanas empregam seus patrícios, amigos ou família numa rotina de jornadas longas de trabalho na área da costura, em condições desumanas, com baixos salários. O trabalho precarizado é um dos mais graves problemas enfrentados pelos imigrantes que estão nas mais de 20 mil oficinas na Grande São Paulo. A respeito

dessa situação, afirmam eles mesmos que as firmas não pagam aos donos de oficinas o custo real por peça. “A origem desta exploração está nas empresas que terceirizam os serviços sem verificar as condições de trabalho. Nessa cadeia produtiva é que está o problema. Nós recebemos R$ 1 ou R$ 1,50 por peça. Assim não dá para pagar o justo para os nossos trabalhadores”, observou um dono de oficina presente ao encontro. Ao final da atividade, as lideranças fizeram algumas propostas: união e organização da comunidade imigrante; organização e mobilizações com o apoio de parceiros empenhados nessa luta; alertar a população sobre a realidade; realizar campanhas de informação sobre os direitos. Por Assessoria de Imprensa do CAMI

APOSTOLADO DA ORAÇÃO

Apostolado da Oração e Movimento Eucarístico Jovem têm encontro em SP Apostolado da Oração

ana25lucia@ig.com.br

No dia 26 de abril, ocorreu no Auditório das Edições Loyola o 9º Encontro Nacional do Apostolado da Oração e do Movimento Eucarístico Jovem, com a presença de pessoas de vários estados, principalmente São Paulo. O padre Otmar Jacob, secretário nacional do AO e do MEJ, falou sobre “Como fazer a graça acontecer”, sendo o Apostolado uma rede de corações unidos em oração e ação. O Padre citou várias palavras do papa Francisco contidas na encíclica Evangelii Gaudium (EG) e também afirmou: “A igreja ‘em saída’ é uma igreja com as portas abertas... Às vezes, é como o pai do filho pródigo, que continua com as portas abertas para, quando este voltar, poder entrar sem dificuldade”. Ele disse que as pessoas não devem deixar que lhes roubem a alegria da evangelização, que para sair de si devem ter confiança e não deixar que lhes roubem a esperança. O Padre orientou os membros do Apostolado e do MEJ que participem de encontros, retiros, formações do Apostolado e de outros que ocorrem nas regiões e nas paróquias. Houve também a participação do padre Roque Schneider, autor de diversos livros, que falou sobre “Os pequenos e os humildes”, afirmando: “Esta é uma constatação história, milenar: são os corações humildes e simples que mais facilmente se empol-

gam com a riquezas desse coração apaixonado pela humanidade: o Coração de Jesus, oceano de bondade, ternura e perdão inesgotável.” Depois, quem tomou a palavra foi Everson Donizete Araújo Lima, coordenador nacional do MEJ. Ele reiterou os três pilares do MEJ: Evangelho, Eucaristia e Missão, e acrescentou sobre a missão de cada um em ser discípulo missionário de Jesus Cristo para o mundo; e acrescentou que todos precisam levar o amor que têm no coração para o outro. Padre Otmar e Everson citaram trechos do EG: “Prefiro uma igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e pela comodidade de se agarrar às próprias seguranças”.

Durante o encontro, foi informado que em 27 de abril, na Comunidade São Mateus, no Jardim Santa Fé, em Perus, na Região Brasilândia, ocorreu a primeira reunião de mais um grupo do AO, que foi orientado neste encontro pela coordenação arquidiocesana do Apostolado. Padre Neil Charles Crombie, pároco da Paróquia Cristo Rei, e pessoas das várias comunidades estiveram presentes. O Padre disse que já foi diretor espiritual do AO e ressaltou a importância do movimento na Igreja. Também estimulou os associados a participarem nas suas comunidades, e elogiou as pessoas que irão entrar para o AO, lembrando que já são atuantes nas várias pastorais. Por Ana Lúcia Contarelli


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Pelo fim da exploração do trabalho Luciney Martins/O SÃO PAULO

Durante missa na Sé, pastorais sociais denunciaram exploração e situação análoga à escravidão, sobretudo de imigrantes Nayá Fernandes

Reportagem na zona central

Adalit Aidana, 28, tem dois filhos e estava com a família na missa que foi celebrada no dia 1º de maio, na Catedral da Sé, às 9h. Mas a participação de Adalit aconteceu de uma maneira bem inusitada. Ele ficou durante toda a celebração costurando em uma máquina. “O gesto foi para lembrar toda forma de exploração que nós sofremos”, disse. O boliviano mora no Brasil há 8 anos e é dono de uma pequena oficina na zona leste da capital. “Mesmo tendo minha oficina, sofro muito com a fiscalização e o preço baixo que as grandes empresas pagam. Por uma camisa pronta, por exemplo, recebemos R$ 4,50 apenas.” Adalit não estava sozinho. Dezenas de bolivianos, peruanos, chilenos e membros das pastorais sociais da Arquidiocese estiveram na celebração que denunciou o trabalho análogo à escravidão. Outras pastorais como a do Povo da Rua e a Pastoral do Me-

Uma máquina de costura e muitos apelos marcam a celebração na Catedral da Sé, no dia 1º de maio; imigrantes latino-americanos reivindicam seus direitos

nor levaram seus cartazes que ficaram expostos com os mais diferentes apelos de liberdade e o fim da exploração do trabalho. Alguns vestiam camisetas que carregava a frase: “Povo da Rua, o primeiro eliminado da Copa”. O presidente da celebração, padre Tarcísio Mesquita, coordenador do Secretariado de Pastoral da Arquidiocese, lembrou que Jesus de Nazaré aprendeu a profissão de José. “No dia em que a

Igreja lembra São José Operário, é importante rezarmos pela da dignidade do trabalho de cada homem e de cada mulher”, afirmou o Padre. As orações da missa direcionaram-se também por todos os imigrantes que estão no País, que, como dizia um dos cartazes “trabalha para a construção do Brasil”. Padre Júlio Lancellotti, vigário episcopal para o Vicariato do Povo da Rua enfatizou toda a

classe trabalhadora. “Peço pelo nosso povo, tratado com tanta precariedade. Há falta de transporte, de saúde. Rezo também por todos os que são vítimas da opressão, da violência e de maus tratos, para que não desanimem e continuem sua caminhada”. Padre Tarcísio recordou ainda que o dia 1º de maio deu-se devido à lembrança da greve geral, que aconteceu em 1º de maio de 1886, em Chicago, o principal centro in-

dustrial dos Estados Unidos naquela época. Lá, milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Mas, devido às manifestações, passeatas, piquetes e discursos, houve repressão ao movimento com prisões e até mesmo mortes nos confrontos entre os operários e a polícia.

Ato na praça da Sé reúne coletivos de luta por melhorias para os trabalhadores Da Reportagem

Como acontece todos os anos, centenas de pessoas se reuniram na praça da Sé para protestar e pedir melhores condições de trabalho para os brasileiros. Paulo Pedrini (foto), coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo foi um dos primeiros a falar, seguido pelas organizações: Resistência Urbana, Terra Livre, Luta Popular é Quilombo Luta e Classe.

“Lembramos que o 1º de maio é uma data de luta e luto. Luto por todos os que tombaram e deram suas vidas por um mundo melhor, pela justiça e pela igualdade, como Santo Dias Gomes da Silva, que foi assassinado em 1979. Não é uma data festiva sem nenhum compromisso”, afirmou Paulo. A grande questão colocada neste ano foi a criminalização dos movimentos sociais e sindicais. “Diante da Copa do Mundo,

há, a todo o tempo, ameaça de os manifestantes serem enquadrados como terroristas e. Isso só é possível porque mesmo vivendo numa democracia, nenhum Governo conseguiu acabar com a Lei de Segurança Nacional, que é herança da ditadura. Não podemos permitir que aconteça de novo o chamado ‘AI-5 da Copa’. Também é importante lembrarmos as ameaças do tráfico de pessoas e exploração sexual”, reforçou. (NF)

Luciney Martins/O SÃO PAULO


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Paróquias em São Paulo acolhem refugiados do Haiti A ‘Missão Paz’, em São Paulo, recebe doações de materiais de limpeza, alimentos e roupas, sobretudo para o frio. As doações podem ser entregues na rua do Glicério, 225, Liberdade. A Paróquia Nossa Senhora da Luz, no Tucuruvi, também acolheu 50 haitianos. O telefone para contato e doações é (11) 2949 5997.

Um grito distante que agora pretende ser ouvido Com o aumento do se: ‘Mãe, eu tenho força e o mundo é muito grande. Quando eu chegar, número de haitianos Deus vai me ajudar para viver’”. recém-chegados a Mais de 20 mil São Paulo, a mídia haitianos no País Embora a mídia tenha dado videu visibilidade sibilidade para a chegada dos haitianos em São Paulo em abril, a uma realidade devido às polêmicas declarações ignorada que envolveram os estados do Nayá Fernandes

imigração é mais complexa. A ‘Casa do Migrante’, que pertence à ‘Missão Paz’, instituição mantida pelos padres scalabrianos, recebe todos os dias imigrantes que vêm de diferentes países, sobretudo da América Latina, da África e, recentemente, da Síria. Em abril de 2013, o Governo brasileiro revogou o teto anual de 1.200 vistos para haitiaAcre e de São Paulo, a questão da nos. Contudo, o número dos que

chegam ao Acre, hoje, é de cerca de 1.200 refugiados por mês. “Fazemos o trabalho de acolhida e, ao mesmo tempo, verificamos a possibilidade de vagas em outros centros. Também entramos em contato com o restaurante popular ‘Bom Prato’, e damos orientações em questões de documentação”, explicou Simone Gomes dos Santos, assistente social da ‘Missão Paz’. Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Reportagem no centro

“Eu sou do Haiti. Eu sou haitiano”. Assim, Robson Jean Baptiste, 27, começou seu testemunho no seminário Vozes e Olhares Cruzados, em novembro de 2013, na zona sul de São Paulo. Ele chegou a Brasiléia, no Acre, em junho de 2012. “Dia 21 de março, entrei na República Dominicana, peguei um avião até Gana e desci no Equador. Depois de 22 dias, fui de ônibus até Lima até à fronteira. Para entrar no Brasil, um primo dos Estados Unidos [da América] me mandou 150 dólares e eu paguei um táxi até Brasiléia, onde consegui a documentação e fiquei dois meses sem emprego. Mas, meu sonho era vir para São Paulo”, contou Robson. “O fato não é novidade, pois três semanas após o terremoto [12 de janeiro de 2010] já havia constatação de haitianos em cidades grandes como São Paulo. O Estado brasileiro, porém, concedeu apenas o visto humanitário e, até agora, não estabeleceu nenhum mecanismo de políticas públicas”, denunciou o haitiano. O jovem veio para São Paulo com o sonho de estudar, pois a família perdeu tudo. “A casa da minha mãe foi destruída e ela ficou na rua. Então, eu quis sair do Haiti. Minha mãe perguntou: ‘Quem você conhece no Brasil?’. Eu dis-

A imigração nas páginas do O SÃO PAULO

É hora de ‘agir mais e falar menos’ Edcarlos Bispo

Da Redação

“Não é o Governo que decide para eles. Eles diziam ‘eu vou para São Paulo’, ‘eu vou para o Paraná’, ‘eu vou para Santa Catarina’, não é o Governo do Acre que definiu o destino dos imigrantes”. Essa foi a afirmação do padre Onac Axenat, haitiano que, desde 2010, trabalha em uma paróquia do Acre, mas por ser do Haiti ajuda o Governo no conta-

Manuela Martins, do departamento de Recursos Humanos de uma empresa de fabricação de pneus, foi à ‘Missão Paz’ para solicitar mão de obra. “Precisamos de 11 trabalhadores para produção e dois para auxiliar de limpeza. Acredito que, antes de tudo, é uma questão social, pois as pessoas vêm em busca do trabalho para a sobrevivência e com muita garra para trabalhar.” Segundo o senador Eduardo Suplicy, em entrevista ao O SÃO PAULO, os governos estadual e municipal de São Paulo se uniram. “A cidade recebe muitos imigrantes, mas como a situação dos haitianos está precária, houve uma preocupação grande com eles. Aproveito para agradecer ao padre Paolo Parisi”, disse, referindo-se ao diretor do Centro de Estudos Migratórios (Cem) e professor de teologia. A paroquiana da Igreja Nossa Senhora da Paz e voluntária da ‘Missão Paz’, Helena Pina, trabalhou na cozinha durante toda a semana. “Eles começaram a distribuir alguns tickets para o almoço no ‘Bom Prato’, mas o café e o jantar são aqui. Muitos políticos têm nos visitado, mas, na verdade, quem acolhe mesmo e, há muitos anos os imigrantes, é a Igreja”, disse.

to, acolhida e aproximação dos imigrantes. Em entrevista por telefone, o Padre afirmou que dizer que o Governo do Acre está enviando haitianos para São Paulo é uma mentira. “O governo não está enviando, isso está errado e é uma grande mentira. Estou acompanhando os imigrantes que chegam à cidade”. O Sacerdote ressaltou as dificuldades que o Estado passou depois da cheia do rio Madeira.

Segundo ele, o acampamento de Brasiléia estava lotado, não comportava mais as pessoas e sofria com problemas de fornecimento de água e comida. Atualmente, os imigrantes são acolhidos na capital, Rio Branco, um lugar que, segundo o Religioso “é mais espaçoso e mais limpo, têm banheiros, melhores condições e equipes de atendimento”. A situação dos imigrantes no Acre está cada vez mais complicada. Agora começam a chegar

de outras nacionalidades, como senegaleses e dominicanos. E, de acordo com o religioso, desde 2010, já entraram mais de 20 mil imigrantes no País. Padre Onac disse ainda que não se sente à vontade para falar sobre questões dos haitianos, pois acredita que pode ser mal interpretado pelo fato de ser haitiano. Porém, afirma que o Governo do Acre nunca se recusou ou se queixou. Para ele, é hora de “agir mais e falar menos”.

Paróquia é referência para migrantes – abril 2014 (edição 2998) Para quem chega, trabalhar é a verdadeira fome – março 2014 (edição 2993) Jovens migrantes se unem contra exploração humana – março 2014 (edição 2992) Migração forçada gera situações de trabalho degradantes – fevereiro 2014 (edição 2988) Situação de refugiados no País cresce após JMJ – setembro 2013 (edição 2969) Lançamento do livro “Haiti por si” em São Paulo – setembro 2013 (edição 2968) Haitianos são despejados de prédios – maio 2013 (edição 2952) Seminário fala sobre o protagonismo dos migrantes – outubro 2012 (edição 2920) Igreja é porta de acolhida no Brasil para imigrantes – janeiro 2012 (edição 2886) Oficina procura solução para incluir refugiados – março 2011 (edição 2839) Cáritas arquidiocesana é referência para imigrantes junho 2011 (edição 2854)


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Museu da Imigração de SP será reaberto no dia 31 de maio O Museu da Imigração do Estado de São Paulo está com reabertura marcada para 31 de maio, a partir das 10h. Na programação haverá a inauguração da exposição “Migrar: Experiências, Memórias e Identidades”, apresentações de grupos folclóricos e um show com Arnaldo Antunes. Confira a programação completa em www.migramundo.com.

As trancinhas da mama Paula de Angola Fotos: Nayá Fernandes/O SÃO PAULO

A jovem mãe africana veio para o Brasil com a família em busca de uma vida melhor para as filhas

Carregar Aisla Gisele Vicente Garcia, 4 anos, no colo, da rua do Glicério até a estação Sé foi uma experiência que não dá pra esquecer. Icha, como é chamada pela mãe, é angolana e se hospedou com os pais e as duas irmãs, por cerca de um ano (em 2013), na ‘Casa do Migrante’, instituição da Missão Paz que hospeda e auxilia imigrantes que chegam a São Paulo. Foi ali que conheci Paulina João Vicente, a mama Paula. Aquele dia foi programado pelo mediador cultural para visitar a Pinacoteca de São Paulo com outras crianças Nayá Fernandes da ‘Casa do Migrante’, boliviaRedação nas, iraquianas, chilenas. Rosa Vicente Garcia, a Rose, é entre as irmãs, a mais engraçada e ativa, enquanto Gabriela Vicente Garcia, a Gabi, estranhou a correria do metrô e perguntou: “Por que as pessoas correm? Elas estão com medo da polícia?”. Icha, Rose e Gabi são as três filhas da mama Paula, 30, angolana, que veio com o marido e as filhas para o Brasil em busca de trabalho e mais oportunidades de estudo. A mãe, mesmo com todas as dificuldades de viver em uma casa com pessoas de todo o mundo, a maioria homens, não perdeu as características próprias de uma mulher jovem africana. A cena mais comum na chegada à ‘Casa do Migrante’ era a da mama Paula arrumando os cabelos das filhas. As trancinhas, nos mais diferentes formatos e tamanhos, são sempre o penteado mais apreciado pelas africanas. Sempre alegre a participativa, Paula foi muito presente também com acolhida materna na vida de três meninas bolivianas que se hospedaram na ‘Casa do Migrante’ contemporaneamente às angolanas. Um dia, Evely Rodriguez, 9, boliviana, começou a chorar sem parar, porque não gostou de uma determinada atitude de uma outra criança. “Ei, vem cá!” – e abraçou-a com força – “Você precisa ser forte. Não pode chorar assim. Tem que ser forte!”. A mãe da Evely faleceu em um acidente de carro na Bolívia e as três filhas ficaram órfãs de mãe e vieram com o pai para o Brasil. Assim, mesmo sendo um desafio criar os próprios filhos, é com os filhos dos outros que a maternidade brilha.

Mama Paula participa do projeto “Brinquedoteca” junto às filhas Rose e Icha na ‘Casa do Migrante’; Gabi, a primeira das irmãs angolanas, com as amigas bolivianas Evely e Kelly; Rose brinca com tinta e faz arte após a escola; Icha, 4 anos, num momento de questionamento infantil pergunta: “Quando vamos apagar a tinta da parede para começar tudo de novo?”

Parto nas ruas de Luanda Da reportagem

Mama Paula estudou durante o ano que esteve na ‘Casa do Migrante’. Determinada, ela insistia com as filhas para se esforçarem na escola e participar das demais atividades propostas pela Casa. “A Icha eu tive sozinha”,

contou-me em outra ocasião, enquanto fazia trancinhas no meu cabelo com grande agilidade. “Como assim?”, perguntei – conhecendo já um pouco melhor a mãe, que não é de multiplicar palavras. “Quando senti as dores, estava sozinha. E saí para tentar achar alguém que pudesse me

levar ao hospital. Mas, a Icha foi apressada e quando vieram me socorrer, já estava deitada, na rua. Ela nasceu assim, nas ruas de Luanda. Quando chegamos ao hospital, já estava com ela nos braços”, contou a mãe com um grande sorriso no rosto, de quem sabe-se forte o suficiente para cruzar o oceano

com três filhas pequenas por acreditar no futuro delas. Angola se tornou independente de Portugal em 1975 e depois disso viveu uma guerra interna que só terminou em 2002. A capital, Luanda, tem hoje cerca de 4 milhões de habitantes e grandes problemas sociais como a falta de emprego.

Mama Paula deixou a ‘Casa do Migrante’ depois de um ano e alugou com o marido e as filhas uma casinha na Favela do Sapo, zona oeste de São Paulo. “Ela foi corajosa e saiu sem nada daqui. Agora está bem, começando a vida mais uma vez”, comentaram os funcionários da Casa.


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Papa nomeia dois bispos auxiliares par

Fo

‘Não é simplesmente uma tarefa a mais, mas um plano de Deus’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

O SÃO PAULO – Como paulistano, de que maneira analisa a relação da Igreja com a cidade? Padre Carlos – É muito bonito a gente pensar que a cidade de São Paulo começou na Igreja. São Paulo surgiu daquela capela no Pátio do Colégio, naquela primeira missa de 25 de janeiro. A cidade começou com a atividade missionária de José de Anchieta e Manoel da Nóbrega. A Igreja e a cidade estão muito unidas, aliás, é uma forma da cidade crescer: quando a Igreja se expande, ela vai chegando a todos os lugares. São Paulo tem uma raiz profundamente católica.

Após ser nomeado na quarta-feira, 30 de abril, como novo bispo auxiliar de São Paulo, o monsenhor Carlos Lema Garcia, concedeu entrevista ao semanário arquidiocesano.

O SÃO PAULO - Quando o senhor soube que seria bispo auxiliar de São Paulo? Monsenhor Carlos Lema Garcia – Estava na minha casa e soube que tinha recebido uma ligação da nunciatura apostólica. Retornei a ligação e falei com o núncio dom Giovanni D´Aniello, que me disse: “queria comunicar ao senhor, com muita alegria, que o papa Francisco o nomeou bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo. Gostaria de saber se o senhor aceita?”. E eu disse, “mas dom Giovanni, assim, por telefone, direto? O senhor me dá um pouquinho de tempo para pensar, para rezar?” E ele “sim, o senhor reza, o senhor pensa”. Então, passei um dia em oração, me aconselhei com meu diretor espiritual e meditei que não é simplesmente uma tarefa a mais, mas um plano de Deus. No dia seguinte, liguei para o núncio e dei meu consentimento. A partir daí, essa informação ficou reservada até hoje [dia 30]. Foi um intervalo de 21 dias. O SÃO PAULO – O que o senhor visualiza de trabalhos na Arquidiocese como bispo auxiliar? Monsenhor Carlos – O bispo auxiliar não trabalha sozinho, tem tarefas próprias, como o acompanhamento do trabalho do clero, para ajudar que os padres desempenhem bem as tarefas. O bispo também tem a função de presidir a celebração da Crisma, são atividades habituais, além de questões administrativas. Como explicou dom Odilo, ainda será definido o trabalho específico de cada um dos bispos. O SÃO PAULO – De que manei-

monsenhor CARLOS LEMA GARCIA Natural de São Paulo (SP); 57 anos; Ordenado padre pelo papa João Paulo 2º, em 2 de junho de 1985 É doutor em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma;

ra a experiência de atividades na Prelazia Pessoal do Opus Dei vai lhe ajudar na missão de bispo? Monsenhor Carlos– Fiz um trabalho de formação, atendimento e direção espiritual, de pregação de retiro, de aulas de Teologia, de formação para diversos grupos, o trabalho pas-

Nomeado bispo auxiliar de São Paulo, pelo papa Francisco, em 30 de abril de 2014; Integra a Prelazia Pessoal do Opus Dei desde os 18 anos e a partir de 2010 desempenha o cargo de diretor espiritual da Prelazia no Brasil.

toral como sacerdote, de pregação, de atendimento das pessoas, de acompanhamento de trabalhos, organizando todos os anos um curso de atualização teológica para sacerdotes. Acredito que toda essa experiência possa servir diante dos problemas e das necessidades da Arquidiocese.

O SÃO PAULO – O senhor foi ordenado padre pelo papa João Paulo 2º, também vivenciou o sacerdócio no pontificado de Bento 16 e agora se torna bispo pela nomeação do papa Francisco. Como esses três pontífices lhe inspiram? Padre Carlos – São grandes papas. Eu estudei em Roma e João Paulo 2º fazia uma ordenação todos os anos para o clero da Diocese de Roma e para estudantes de outras organizações que lá estavam. Foram 70 diáconos ordenados presbíteros junto comigo, em 1985. João Paulo 2º levou para frente duas grandes missões: a de efetivar o Concílio Vaticano 2º, tendo um grande feito: a redação do Catecismo da Igreja Católica. Bento 16, que trabalhou 23 anos com João Paulo 2º, deu continuidade, foi um grande pastor, ainda hoje temos muitos textos aprofundados dele; e o papa Francisco está lançando uma grande projeção para a Igreja, está nos animando a sair das paróquias, a ir para o mundo, a não colocarmos limites. Então, a doutrina de João Paulo 2º e de Bento 16, e a expansão apostólica que o papa Francisco pede são motivos inspiradores para meu trabalho agora como bispo auxiliar. (DG)

‘Q

Ainda na quartaras depois do anú para bispo auxili São Paulo, o mo Fortes Palau con PAULO, por te José dos Campos

O SÃO PAUL nhor recebeu a ria bispo auxili Monsenhor Jo Palau – Fiquei de abril, quando vanni D´Aniello que o Santo Pad bispo auxiliar de foi um impacto, consegui assimi colocar a serviç mado para essa o comunicado, e zei e respondi à e a enviei para a consentimento.

O SÃO PAUL pectativas o se Arquidiocese a Diocese de São Monsenhor Jo São Paulo com m tade de trabalhar para aprender m auxiliar o cardea a experiência que bana aqui em Sã Atualmente, sou quia em que só h dos, então aprend realidade nova. S periferias onde eu Claro que isso tu menor do que em te, muita coisa eu ca na Arquidioces

O SÃO PAULO denado quando o papa, também


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ra a Arquidiocese de São Paulo Daniel Gomes

Reportagem na zona oeste

Os dois novos bispos auxiliares de São Paulo, o monsenhor José Roberto Fortes Palau, 49, e o monsenhor Carlos Lema Garcia, 57, nomeados pelo papa Francisco, em 30 de abril, serão ordenados em junho, nos dias 21 e 29, respectivamente. A informação foi apresentada pelo cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, em coletiva de imprensa, na Cúria metropolitana. Pertencente ao clero da Diocese de São José dos Campos (SP), monsenhor José Roberto foi vigário geral daquela diocese entre 2005 e 2013. Já monsenhor Carlos é, desde 2010, o diretor espiritual Prelazia Pessoal do Opus Dei. Dom Odilo anunciou que um dos

bispos será o auxiliar da Região Episcopal Ipiranga – que abrange aproximadamente 800 mil pessoas - e o outro assumirá o Vicariato do Mundo da Educação e da Universidade, criado para ser a presença evangelizadora da Igreja nesses ambientes. A designação das funções de cada um dos bispos ainda será anunciada. Segundo o Cardeal, somente na área de abrangência da Arquidiocese há 1,2 milhão de pessoas ligadas às universidades, e a criação do Vicariato atende ao apelo do papa Francisco para formar especialmente os jovens, a fim de que não sejam absorvidos por mentalidades individualistas, egoístas e de indiferença à vida. Dom Odilo também lembrou que a educação formal e as universidades começaram com a Igreja, mas hoje, segundo ele, está mais difícil

a relação da Igreja com o mundo da Educação, por causa de legislações, porém em países europeus, conhecidos por posturas laicas, há essa interação. Presente à coletiva de imprensa, monsenhor Vicente Ancona Lopez, vigário regional da Prelazia Pessoal do Opus Dei no Brasil, comentou que a nomeação de um padre da Prelazia para bispo auxiliar da Arquidiocese “é uma grande manifestação de confiança do papa Francisco, que tem um grande carinho pela Obra”, afirmou ao O SÃO PAULO, destacando que de um bispo dessa Prelazia “se espera que trabalhe com muita competência, que se empenhe em ser muito diligente e procure executar os encargos com a máxima perfeição profissional que for capaz”.

Quero ser um bispo totalmente voltado para o povo’ Pedro Luvisoto/Diocese de São José dos Campos

-feira, 30 de abril, hoúncio de sua nomeação iar da Arquidiocese de onsenhor José Roberto nversou com O SÃO elefone, direto de São s (SP).

ta profundidade; e o papa Francisco é mais voltado para a pastoral, bem voltado para o povo, está entusiasmando os padres, o povo também está entusiasmado. Então, são três pontífices, cada um com suas características, que acrescentam muito à Igreja.

LO – Quando o sea notícia de que seiar em São Paulo? osé Roberto Fortes i sabendo no começo o o núncio dom Gioo me chamou e disse dre tinha me nomeado e São Paulo. Primeiro, mas graças a Deus eu ilar bem. Desejo me ço da Igreja, fui chamissão. Após receber eu pensei, meditei, recarta do Santo Padre nunciatura, com meu

O SÃO PAULO – Como o senhor vê o papel da Igreja em uma cidade tão múltipla quanto São Paulo? Monsenhor José Roberto – A Igreja, como diz o papa Francisco, tem que ser mãe, estar atenta a todas as dificuldades. Como mãe, deve ir ao encontro dos seus filhos, aconselhá-los, se necessário corrigi-los, enfim, fazer o papel de uma mãe, sempre atenta. São Paulo é um grande centro urbano, tem grandes demandas pastorais, então, a Igreja deve sempre buscar os novos desafios que surgem diariamente neste grande centro urbano.

O – O Senhor foi oro João Paulo 2º era m vivenciou o sacer-

COMUNICADO DE DOM ODILO Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo

otos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

LO – Com quais exenhor vem para a após a vivência na o José dos Campos? osé Roberto - Vou a muita satisfação e vone servir ao povo. Vou muito e também para al Odilo Scherer. Levo e tenho de pastoral urSão José dos Campos. pároco de uma paróhá condomínios fechadi a trabalhar com uma São José tem grandes u também já trabalhei. udo em proporção bem m São Paulo. Certamenu vou aprender na prátiese.

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monsenhor JOSÉ ROBERTO FORTES PALAU Natural de Jacareí (SP); 49 anos; Foi ordenado padre em 6 de fevereiro de 1993, sendo incardinado no clero da Diocese de São José dos Campos (SP). Nomeado bispo auxiliar de São Paulo, pelo papa Francisco, em 30 de

dócio no Pontificado de Bento 16 e agora é nomeado bispo pelo papa Francisco. De que maneira esses pontífices lhe inspiram? Monsenhor José Roberto – A minha dissertação de mestrado, Teologia da Espiritualidade Teresianum, foi justamente sobre um documento do papa

abril de 2014; É doutor é doutor em Teologia Sistemática pela PUC-Rio; Foi reitor do Seminário de Teologia da Diocese de São José dos Campos (SP), de 2000 a 2009; e vigário geral da mesma diocese, entre 2005 a 2013.

João Paulo 2º, a exortação apostólica Pastores dabo vorbis, então, sempre senti uma admiração profunda pela espiritualidade de João Paulo 2º, por sua profundidade de pensamento. O papa Bento 16, eu o admiro por sua coragem quando esteve à frente da Igreja. É um grande teólogo, que escreve com mui-

O SÃO PAULO – Que primeira mensagem gostaria de deixar à população da cidade de São Paulo? Monsenhor José Roberto – Espero servir de todo o coração o povo e o presbitério da Arquidiocese de São Paulo. Pretendo ser um pastor, como pede a Igreja, segundo o coração de Cristo, que acolha os padres, que esteja ao lado deles, que os acompanhe, e venho para ajudar. A intenção é dar minha contribuição em São Paulo. Ao povo, falo da minha dedicação. Fui pároco por muitos anos, tenho um carinho muito grande pelo Povo de Deus e quero ser um bispo totalmente voltado para o povo, como pede a Igreja, um bispo segundo o coração pastoral de Cristo, como pede o papa Francisco, um pastor que conheça o cheiro do povo, que esteja bem próximo. Certamente, vou aprender muito com o povo de São Paulo e com os padres. Estou ai para servir, para acrescentar à Arquidiocese. (DG)

São Paulo, 30.04.14 Aos Bispos Auxiliares Ao Clero, Religiosos(as) Aos Leigos(as) da Arquidiocese de São Paulo COMUNICADO Caríssimos, Tenho a grata satisfação de comunicar a todos que o papa Francisco atendeu ao nosso pedido e nomeou, na data de hoje, dois novos bispos auxiliares para a Arquidiocese de São Paulo: Padre José Roberto Fortes Palau, do Clero da diocese de São José dos Campos (SP). Padre Carlos Lema Garcia, de São Paulo, do Clero da Prelazia Pessoal do Opus Dei. Demos graças a Deus por estes dois novos bispos auxiliares, que servirão à Arquidiocese de São Paulo, juntamente com os outros 5 bispos auxiliares que já servem esta grande e querida Igreja metropolitana. Agradeçamos também ao papa Francisco que os escolheu e nomeou para São Paulo. A ordenação episcopal de Pe. José Roberto Fortes Palau será realizada em São José dos Campos (SP), no dia 21 de junho próximo, às 09h30. A ordenação episcopal de Pe. Carlos Lema Garcia será realizada na Catedral metropolitana de São Paulo, no dia 29 de junho às 11h. Desde já, convido todos a participarem das ordenações episcopais com muita alegria e fé. E rezemos pelos novos bispos auxiliares, pedindo que o Espírito Santo os faça bons pastores para a glória de Deus e o bem da Igreja. Confiamos nossa Arquidiocese à intercessão de Nossa Senhora da Assunção e de São Paulo Apóstolo; e também aos santos, nossos companheiros, que viveram nesta Cidade: São José de Anchieta, Santa Paulina do Coração de Jesus Agonizante, Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, Beato Padre Mariano De La Mata e à Serva de Deus, Madre Assunta Marchetti! Saúdo a todos e peço que Deus os abençoe!

Card. Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo


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Assessores paroquiais participam de encontro formativo Pascom Ipiranga

A Região Episcopal Ipiranga realizou na manhã da segunda-feira, 5, um momento de capacitação das secretárias no Centro de Formação Sagrada Família Francisco David

Colaborador de comunicação da Região

Atendendo o pedido do arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo IPIRANGA Pedro Scherer, ao empenho do processo de renovação pastoral no aprofundamento do processo de Iniciação à Vida Cristã, a Região Ipiranga convidou a Edna Márcia Perez Pires, coordenadora regional da Pastoral Bíblico-Catequética, para dar uma palestra na segunda-feira, 5. Edna iniciou o encontro com a oração inicial e fez uma breve reflexão da passagem bíblica dos discípulos de Emaús. O vigário episcopal para a Região Ipiranga, padre Anísio Hilário, deu as boasvindas às secretárias paroquiais,

Edna Pires Maciel assessora encontro formativo para secretárias paroquiais no Centro de Formação Sagrada Família, na segunda-feira, 5

falou da importância desse encontro e a ativa participação delas no desenvolvimento da formação. Em seguida, Edna introduziu o tema da Iniciação à Vida Cristã usando o Subsídio das Sugestões Pastorais para a implementação da Iniciação à Vida Cristã, preparada pela Comissão Arquidiocesana de Animação Bíblico-Catequética. Disse que sua finalidade é suscitar em todas as paróquias e organizaPascom Ipiranga

ções da Igreja na Arquidiocese de São Paulo uma séria reflexão sobre a Iniciação à Vida Cristã e a busca de caminhos eficazes para realizá-la, dentro de um processo de colaboração das pastorais, reflexões e sugestões recolhidas, resultando na reelaboração das diretrizes para os Sacramentos, como também para a Catequese. Edna sugeriu às secretárias paroquiais que fosse criado um

a evangelização acontece dentro de um sala. A Igreja não deve ser pensada como uma estrutura de edifício e sim um espaço eclesial e laical em vários espaços e ambientes da sociedade atual. Por fim, a Região Ipiranga ofereceu um almoço para as secretárias paroquiais, para incentivar a convivência e a integração entre os trabalhos das paróquias que compõem a região.

Núcleo Cáritas Ipiranga realiza visita a obra social da região episcopal

“Obras Sociais do Jardim Clímax” recebe visita do Núcleo Cáritas Ipiranga

banco de dados entre as pastorais e as secretárias falaram sobre a dificuldade de realizar essa solicitação. Foram debatidas soluções e ideias entre as secretárias para as pastorais de suas respectivas paróquias, respeitando as diversas realidades pastorais. Ela falou, também, sobre a evangelização da Igreja, a pedido do papa Francisco, que deve ser uma Igreja de saída e não uma Igreja de portas fechadas, onde

No dia 24 de abril, o Núcleo Cáritas Ipiranga realizou uma visita a entidade “Obras Sociais do Jardim Climax”, com o intuito de conhecer melhor o grande trabalho assistencial realizado, além de entregar uma doação em espécie para contribuir diretamente com as obras sociais. A entidade, nascida em 1984,

realiza um forte trabalho na região do Jardim Clímax: promove o desenvolvimento global e participativo da comunidade do bairro, por meio de atividades de alfabetização, assistência à infância e juventude, com creche, escola e orientação familiar e profissional. Possui um Centro de Atendimento a Criança e ao Adolescente, cursos profissionalizantes de

Panificação e Confeitaria, Corte e Costura, Informática Básica e Técnicas Administrativas. Todo o atendimento à população é realizado de forma gratuita; são mais de 500 jovens e adolescentes atendidos diariamente. Os cursos são certificados pelo SENAI. Está localizado na rua José Pereira Barreto, 79, e pode ser contatado por e-mail: osociaisjclimax@uol.com.br.

A Provincia de São Gabriel, das Irmas Passionistas está em festa pelo aniversário de

100

anos de Irmã Angélica Fiorese

Será celebrada missa em ação de graças no dia 18 de maio de 2014, às 10h30

Local: Congregação Passionista - Lareira São José. A família se congratula com Irmã Angelica pelos 100 anos de vida.


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Jovens participam de tributo ao papa João Paulo 2º A Pastoral da Juventude dedicou um dia inteiro de louvor pela canonização do pontífice polonês

os jovens por essa iniciativa, e refletiu sobre a canonização de São João Paulo 2º, dizendo: “Teve o terceiro maior pontificado documentado da história (16 de outubro de 1978 – 2 de abril de 2005). Foi o único Papa eslavo e polaco e o primeiro papa que não era italiano. Foi

aclamado como um dos líderes mais influentes do século 20”. Dom Julio ressaltou que João Paulo 2º teve um papel fundamental para o fim do comunismo na Polônia e, talvez, em toda a Europa, bem como significante papel na melhora das relações da Igreja Católica com o Juda-

ísmo, Islamismo, Igreja Ortodoxa, Religiões Orientais e a Comunhão Anglicana. Apesar de ter sido criticado por alguns jornalistas, também recebeu elogios pelo seu ministério apoiado no Concílio Vaticano 2º. Foi um dos líderes que mais viajou na história, tendo visitado 129 pa-

íses durante o seu pontificado. João Paulo 2º beatificou 1.340 pessoas e canonizou 483 santos, quantidade maior que todos os seus predecessores juntos pelos cinco séculos passados. Dom Julio, ao término de sua palestra, agradeceu a todos pela presença e concedeu a bênção. Benigno Naveira

Benigno Naveira

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO DA REGIÃO

No domingo 27 de abril, a reportagem da pastoral LAPA da Comunicação da Região Lapa acompanhou a Pastoral da Juventude dos setores Rio Pequeno, Butantã e Pirituba durante encontro que reuniu mais de 300 jovens. Eles dedicaram um dia inteiro de louvor ao papa João Paulo 2º por sua canonização celebrada pelo papa Francisco. Às 10h, aconteceu a celebração da missa da juventude na Paróquia Santíssima Trindade, no Rio Pequeno, presidida pelo pároco padre Marcos Roberto Pires, que recebeu os jovens que caminharam em direção ao altar, cantando e levando suas bandeiras. Após recebê-los, padre Marcos disse: “Hoje é um dia muito importante para Igreja que declarou e carimbou dois grandes santos papas: São João 23, que abriu o Concílio Vaticano 2º, e o Papa jovem que trabalhava a juventude, conseguindo Jovens participam de tributo a São João Paulo 2º e, logo após, em procissão, carregam banner do santo pelas ruas do bairro até Paróquia São Patrício que muitos jovens hoje tenham vontade de trabalhar na Igreja, São João Paulo 2º”. palavra do bispo A jovem Mônica Sanches Gomes, da Paróquia Nossa Senhora dos Pobres, que também participou da homenagem, conversou auxiliar da intervenção de Jesus vivo para ção. Naturalmente não podiam Cristo, mas é uma figura muito com a reportagem e destacou que Bispo na que eles chegassem à fé na res- representar todo o mistério: pálida: há algo de Abel que ainda “São João Paulo 2º é um exem- Arquidiocese Região Lapa surreição. eram uma imagem antecipada vive depois de sua morte e que plo de vida, sempre se preocupou Jesus se faz reconhecer com e, portanto, imperfeitas. Quando clama a Deus, mas Abel mesmo com a juventude, que é o futuro Dom Julio Endi sinais realíssimos: “olhai minhas Jesus ressuscitou, então aparece não se apresenta mais vivo dianda Igreja”. Akamine mãos e meus pés. Sou eu mes- claro tudo aquilo que as, narra- te de Caim. Após a chegada da procissão mo”. Aquilo que eles veem é o ções, salmos, relatos, anunciaOutro exemplo: o sacrifício na Paróquia São Patrício, todos foram todos acolhidos pela Querido leitor do jornal O SÃO corpo de Jesus que foi pregado, vam do mistério de Deus: paixão de Isaac. Aqui é a ressurreição que é prefigurada de modo real, equipe da Pastoral que serviram PAULO, estamos no tempo Pas- que foi traspassado. Deus, em e ressurreição de Cristo. Em que sentido as coisas do porque depois do sacrifício Isaac um almoço. Na sequência às cal, que compreende cinquenta Cristo, iniciou uma nova cria15h, participaram da palestra do dias (em grego = “pentecostes”), ção: tomou um corpo humano e Antigo Testamento são figuras está vivo, Abraão recupera seu bispo dom Julio Endi Akamine, vividos e celebrados como um o fez um novo corpo espiritual, imperfeitas? São imperfeitas no filho com vida. Por outro lado, que começou parabenizando só dia: “os cinquenta dias entre mas que está em continuidade sentido de que toda vez que a a morte, a verdadeira morte, não o domingo da Ressurreição até o com o primeiro. morte é representada de modo aconteceu realmente. Abraão ledomingo de Pentecostes devem “Abriu-lhes a mente para a real, a ressurreição não se repre- vanta o braço para sacrificar o fiser celebrados com alegria e júbi- inteligência das Escrituras”. É a senta do mesmo modo. E vice- lho, mas não mata realmente. O agenda regional lo, como se se tratasse de um só e grande revelação do Novo Testa- versa: quando a ressurreição é sacrifício é somente simbólico. Quarta-feira (7) único dia festivo, como um gran- mento: a ressurreição de Jesus dá efetivamente figurada, então é a Muitos símbolos ainda reÀs 10h, reunião de padres do de domingo” Na liturgia domini- um novo sentido, um sentido de- morte que não se representa da presentam de modo preparatório Setor Rio Pequeno, na Paróquia cal, o Evangelho deste período finitivo para as Escrituras. Todas mesma maneira. o grande mistério da Páscoa: a Nossa Senhora Aparecida (rua nos fala das aparições de Jesus as coisas que pareciam enigmáAlguns exemplos: Abel as- história do Povo de Deus, o temJoão MIllam, 288- Jardim Ester). aos discípulos. Jesus em pessoa ticas, obscuras, se tornam lumi- sassinado pelo irmão é figura plo destruído e reconstruído deaparece entre os seus discípulos e nosas, claras, como profecia da de Cristo na sua morte. Depois pois do exílio. Às 14h, reunião para Avaliação é tão inesperado que eles não po- ressurreição de Cristo. da sua morte, Deus diz a Caim: Depois dessa milenar prepada CF na Região ( com todos dem acreditar: pensam que é um Nas Escrituras, de fato, mui- “O sangue do teu irmão clama ração se cumpre definitivamente os representantes paróquias e fantasma. De fato, a ressurreição tas coisas anunciam a ressurrei- a mim”. Abel morto fala ainda. em Cristo o mistério, e se ilumiequipe da CF na Região), na não é invenção, não é criação da ção de Cristo, muitas coisas são Aqui o Novo Testamento viu nam todas as profecias e prefiguCúria da Lapa ( Rua Afonso comunidade. Foi necessária uma figuras da paixão e da ressurrei- uma figura da ressurreição de rações. Sardinha ,62 Lapa).

A Ressurreição de Jesus é a grande revelação do Novo Testamento


16 | Região Santana |

6 a 12 de maio de 2014 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br Manoel Bezerra

Participantes do grupo Terço dos Homens, das seis comunidades da Paróquia Santa Rita de Cássia do Parque Novo Mundo, Setor Vila Maria, reunidos para orar e evangelizar

Terço dos Homens movimenta Parque Novo Mundo Grupo foi constituído para devoção mariana, no intuito de trazer homens para uma presença mais atuante na Igreja

e contou com a presença de doze iniciantes. O Vigário Paroquial apresentou o livro que passaria a ser o manual do grupo: “Os homens rezam o terço”, de autoria do padre Ferdinando Mancílio e o grupo constituído passou a se reunir todas as segundas-feiras e, com o passar do tempo, adotou-se o nome de Terço dos Homens Caminhando com Maria. No dia 28 de agosto de 2011, Diácono Francisco Gonçalves dia de Santo Agostinho, foram Colaborador de comunicação da Região abençoados e receberam a cruz O grupo do Teragostiniana todos os homens que ço dos Homens participavam do grupo original. nasceu nas seis Adotou-se esta data como o dia comunidades da SANTANA anual da entrega da cruz a todos Paróquia Santa os que entrariam no grupo. Rita de Cássia Também o grupo passou a do Parque Novo Mundo, setor Vila Maria, quando o vigário paroquial, frei Regi- palavra do bispo naldo de Abreu Araújo da Silva, OSA, convidou os homens das comunidades para se reunirem para rezar a Nossa Senhora. Frei auxiliar da Reginaldo tinha o desejo de reu- Bispo na nir os homens para uma presença Arquidiocese Região Santana mais atuante na Igreja e ele pensou que o Terço dos Homens poDom Sergio deria ser um instrumento para a de Deus Borges concretização desse anseio. O primeiro encontro aconteceu no dia 20 de junho de 2011, O papa Francisco conclui a exorno salão da Comunidade Nossa tação apostólica, a Alegria do Senhora Mãe do Bom Conselho Evangelho, afirmando que a Igreja precisa de evangelizadores com espírito. Diz ele: “Evangelizadores com espírito quer dizer evanagenda regional gelizadores que se abrem sem Sábado (10), 15h medo à ação do Espírito Santo” Sacramento da Confirmação na (EG 259). Paróquia Santo Antonio (avenida Como modelo de evangelizaProfessor Celestino Bourroul, dor com espírito, o Papa nos apre715). senta a Virgem Maria: “juntamente com o Espírito Santo, sempre Domingo (11), 10h está Maria no meio do povo. Ela reunia os discípulos para invocáSacramento da Confirmação na lo (At 1,14) e assim tornou possíParóquia São Roque (rua João Roque, 114 – Imirim).

ter uma missa mensal com todos os membros e o povo das comunidades. No final de 2012, o grupo já contando com um número crescente de participantes, foi à Romaria Anual do Terço dos Homens à Aparecida, com apoio do Santuário de Aparecida e acompanhamento da CNBB para o Terço dos Homens em todo o Brasil, por meio do arcebispo de Juiz de Fora (MG), dom Gil Antonio Moreira. Os participantes das comunidades ficaram empolgados com esse movimento que se alastra em várias paróquias brasileiras, e assim estiveram também nas romarias de 2013 e de 2014, sempre com a

liderança de frei Reginaldo. Com o passar do tempo, o grupo também assumiu o projeto de rezar o terço, quinzenalmente, aos sábados, nas casas das famílias que solicitam. “Nosso grupo, hoje, conta com 45 membros e convida a todos os homens a fazerem parte dessa caminhada com Maria nas comunidades Nossa Senhora Mãe do Bom Conselho, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora Aparecida, São José Operário, São Vicente de Paulo e São Nicolau de Tolentino”, disse seu coordenador, Manoel Bezerra. A história Terço dos Homens não tem uma única origem. Fala-se que teve início por

volta do ano de 1950 com João Luiz Pozobom, de Santa Maria (RS), hoje em processo de beatificação, que passou 35 anos levando a imagem da Mãe Rainha e Vencedora Três vezes Admirável de Schoenstatt no ombro, visitando hospitais, asilos, presídios, colégios, lares, etc. Outro origem mencionada é de 1936, em Itabi (SE), e tinha como imagem padroeira Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Em 1997, Oneida Araujo presenciou um grupo de homens rezando em Maceió - (Al). e levou a ideia para Jaboatão dos Guararapes, no Recife (PE). Daí se espalhou pelo Brasil. Na Região Santana várias paróquias já constituíram grupos.

tas coisas, ponderando-as no seu coração. Maria sabe reconhecer os vestígios do Espírito Santo de Deus tanto nos grandes acontecimentos como naqueles que parecem imperceptíveis. É contemplativa do mistério de Deus no mundo, na história e na vida diária de cada um e de todos. É a mulher orante e trabalhadora em Nazaré, mas é também Nossa Senhora da prontidão, a que sai às pressas de seu povoado para ir ajudar os outros” (EG 288). Nós, discípulos missionários, neste mês especialmente dedicado à Mãe querida e abençoada, modelo de todos os discípulos missionários, somos convidados a voltar nosso olhar para ela e, com o coração cheio do Espírito Santo, suplicar que nos conceda a força de Deus para seguir o seu exem-

plo e fazer de nossa comunidade, nossa paróquia um “lugar” de irradiação missionária, onde não há espaço para o cansaço espiritual e a falta de sensibilidade em relação aos irmãos, principalmente os mais frágeis. Assim, com a intercessão da Virgem Maria e imbuídos do estilo mariano, seremos verdadeiramente discípulos missionários com espírito, ocupados numa atividade evangelizadora ousada, capazes de buscar novos caminhos e vermos na cidade, no nosso bairro, nas periferias e na rua onde vivemos, grandes oportunidades para levar o Evangelho da alegria, o Evangelho da vida, que vence a morte, para que ninguém fique privado do encontro salvador com o Filho amado de Deus e da Mãe abençoada.

Maria, a Mãe da evangelização! vel a explosão missionária que se deu no Pentecostes. Ela é a Mãe da Igreja evangelizadora e, sem Ela, não podemos compreender, cabalmente, o espírito da nova evangelização” (EG 284). O Santo Padre convida todos os discípulos missionários a olhar para este modelo, a olhar para Maria e fomentar um estilo mariano na atividade evangelizadora da Igreja, onde se reconhece e se acredita na força revolucionária da ternura e do afeto: “Fixando-a, descobrimos que aquela que louvava a Deus porque derrubou dos tronos os poderosos e aos ricos despediu de mãos vazias é a mesma que assegura o aconchego de um lar à nossa busca de justiça. E é a mesma, também, que conservava – cuidadosamente –todas es-


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| Região Sé | 17

Fraternidade e comunhão presbiteral Comissão Regional de Presbíteros auxilia vigário episcopal no cuidado com os padres da Região

mas também no visitar os padres, Participam da Comissão Regional de Presbíteros estreitando os laços de amizade e Membros eleitos Padre Manoel Conceição Padre Anderson Bernardes de missão”, afirma padre Rogério. Padre Antônio Ferreira Naves, Pe. José Augusto Schramm Banzatto Cada setor tem um represenSAC Brasil tante na Comissão de Presbíteros. Padre Admário Gama Padre Rogério de Lima Membros natos: Então, essa proximidade junto Cambraínha Mendes, CP Padre Aparecido Silva (Vigário aos padres do setor é muito imPadre Marcelo Delcin Frei Fabiano Alcides Pereira, Geral Regional) portante para a expressão dessa Padre Eduardo Vieira dos OCD Padre Bartolomeu da Silva Paz comunhão presbiteral e está em Santos (Representante no Regional estreita sintonia com a Comissão Padre Paulo Roberto Membros escolhidos pelo Sul1 da CNBB) Guimarães Vigário Episcopal: Padre José Enes de Jesus Fernando Geronazzo Arquidiocesana de Presbíteros e sua representação no Regional Colaborador de comunicação da Região Padre Pedro Antonio Ariede Padre Cícero Alves de França (Coordenador de Pastoral) Sul 1 da CNBB. Para promover a Arquivo/Centro de Pastoral da Região Sé comunhão e a animação dos mais SÉ de 300 sacerdotes que atuam na Região Episcopal Sé, existe a Comissão Regional de Presbíteros, que, no início deste ano, conta com novos membros. Composta por 15 padres, a Comissão assessora o vigário episcopal da Região, dom Tarcísio Scaramussa, bispo auxiliar da Arquidiocese, nas decisões que envolvem a vida e o ministério dos presbíteros, “cuidando da formação, animação e também de situações particulares que eventualmente algum presbítero venha a ter”. É dever da Comissão de Presbíteros organizar as reuniões mensais do clero, que além de serem As reuniões do clero são uma das atividades organizadas pela Comissão Regional de Presbíteros, como oportunidade de oração, formação e confraternização um momento formativo, são oportunidades de os padres se encontrarem para a oração e convivência. O palavra do bispo mesmo acontece no retiro anual do clero, também organizado por essa Comissão. De acordo com o padre José Bispo auxiliar da ‘houve grande alegria’ (At 8, 8); e profunda adquire maior sensibi- Cada cristão e cada comunidade na Enes de Jesus, coordenador re- Arquidiocese eles, no meio da perseguição, ‘es- lidade face às necessidades dos há de discernir qual é o caminho Região Sé gional da pastoral e, por este tavam cheios de alegria’ (At 13, outros. E, uma vez comunicado, que o Senhor lhe pede, mas todos motivo, membro nato da Comis52). Um eunuco, recém-batizado, o bem radica-se e desenvolve- somos convidados a aceitar esta Dom Tarcísio são de Presbíteros, esse organis‘seguiu o seu caminho cheio de se. Por isso, quem deseja viver chamada: sair da própria comodiScaramussa mo é uma força para o clero. alegria’ (At 8,39); e o carcereiro com dignidade e em plenitude, dade e ter a coragem de alcançar “Graças à Comissão, nós toma‘entregou-se, com a família, à não tem outro caminho senão re- todas as periferias que precisam mos consciência da importância Em Aparecida, ao final da pere- alegria de ter acreditado em Deus’ conhecer o outro e buscar o seu da luz do Evangelho” (EG 20). de nos unirmos como presbí- grinação de nossa Arquidiocese, e (At 16,34). Por que não havemos bem. Assim, não nos deveriam A iniciação deve levar a percorrer teros. A partir da nossa comu- onde participamos da Assembleia de entrar, também nós, nesta tor- surpreender frases de São Paulo este caminho, para gerar verdanhão, nós podemos agir melhor anual da CNBB, dou sequência à rente de alegria”, conclui o Papa como estas: ‘O amor de Cristo deiros discípulos missionários. pastoralmente nas nossas paró- reflexão sobre a iniciação como (EG 5). A vida das primeiras co- nos absorve completamente’ (2 Para ser geradora de missioquias. Seremos bons presbíteros caminho de seguimento de Jesus munidades é iluminadora para a Cor 5, 14); ‘ai de mim, se eu nários, a Igreja também deve perse trabalharmos em unidade”. Cristo, na Igreja. Depois de ter Iniciação Cristã em seus valores não evangelizar!’ (1Cor 9, 16)”. correr um caminho de conversão Padre Rogério de Lima Men- lembrado anteriormente o desta- fundamentais geradores de aleLembrando o caminho feito pastoral e missionária. O Papa des, pároco da Paróquia São Paulo que que a exortação apostólica “A gria: perseverança no ensinamen- por Abraão e por outros grandes expressa o seu propósito com a da Cruz (Igreja do Calvário), é um Alegria do Evangelho”, do papa to dos apóstolos, comunhão fra- homens e mulheres de fé, o Papa EG e a sua esperança: “Não igdos novos membros da Comissão Francisco, dá à Catequese mis- terna, participação na Eucaristia, lembra que a fé lança a pessoa e noro que hoje os documentos não de Presbíteros. Membro da Con- tagógica, como caminho de for- vida de oração! toda a Igreja num caminho de saí- suscitam o mesmo interesse que gregação Passionista, ele ressalta mação e de amadurecimento (cf. O caminho da iniciação pas- da, de desinstalação: “Na Palavra noutras épocas, acabando rapidaque a Comissão impede o isola- EG 160 e 166), quero destacar da sa pelo reconhecimento dos ou- de Deus, aparece constantemente mente esquecidos”. Apesar disso, mento dos padres, sobretudo dos mesma Exortação mais algumas tros, que inclui a abertura para os este dinamismo de ‘saída’, que sublinho que, aquilo que pretendo párocos que, na maioria dos casos, indicações de caminhos necessá- outros, a fraternidade, a solida- Deus quer provocar nos crentes. deixar expresso aqui, possui um moram sozinhos. rios neste processo de formação riedade, o diálogo, e, particular- Abraão aceitou a chamada para significado programático e tem “Uma das atividades da Comis- do discípulo missionário. mente, a vida comunitária, carac- partir rumo a uma nova terra (cf. consequências importantes. Essão de Presbíteros é exatamente ser A alegria marca a experiência terística marcante do discípulo Gn 12,1-3). Moisés ouviu a cha- pero que todas as comunidades presença na vida dos padres. Não do encontro com o Senhor, desde de Cristo, e que exige rupturas mada de Deus: ‘Vai; Eu te envio’ se esforcem por atuar os meios somente nas reuniões de setores, o primeiro momento, e dura por com as tendências fortes de indi- (Ex 3,10), e fez sair o povo para necessários para avançar no catoda a vida. A iniciação, portanto, vidualismo da cultura atual. Esta a terra prometida (Cf. Ex 3,17). A minho duma conversão pastoral e coloca a pessoa nesta dinâmi- é também a dinâmica que leva à Jeremias disse: ‘Irás aonde eu te missionária, que não pode deixar agenda regional ca da alegria. O Papa cita várias missão (Cf. EG 9): “O bem tende enviar’ (Jr 1,7). Naquele ‘ide’ de as coisas como estão. Neste moTerça-feira (6) passagens bíblicas iluminadoras sempre a comunicar-se. Toda a Jesus, estão presentes os cenários mento, não nos serve uma ‘sime quarta-feira (7), 19h30 e estimulantes, e ressalta tam- experiência autêntica de verdade e os desafios sempre novos da ples administração’. ConstituaEncontro Regional de Formação bém a alegria que caracteriza a e de beleza procura, por si mes- missão evangelizadora da Igreja, mo-nos em ‘estado permanente Litúrgica, na Paróquia Nossa vida das primeiras comunidades: ma, a sua expansão; e qualquer e hoje todos somos chamados de missão’, em todas as regiões Senhora da Consoloção (rua da “por onde passaram os discípulos pessoa que viva uma libertação a esta nova ‘saída’ missionária. da terra (EG 25). Consolação, 585, Centro).

Caminhos da Iniciação Cristã à luz da ‘Alegria do Evangelho’


18 | Região Brasilândia |

6 a 12 de maio de 2014 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br Renata Moraes

Dom Odilo e dom Milton Kenan Júnior escrevem mensagem sobre chacinas na Brasilândia Aparecida, 3 de maio de 2014 Caríssimos Padres, Diáconos, Religiosos, Religiosas, Fiéis Leigos e Leigas da Região Episcopal Brasilândia, Na noite de ontem, chegou ao nosso conhecimento, a notícia da morte dos jovens: Igor Caique Silva (17), Cleiton Martins de Oliveira (18), Marcus Vinicius de Oliveira (22), ocorridas no dia dezesseis de abril último, na Praça Sete Jovens, no Jardim Tereza- Jardim Elisa Maria; e de Lucas Otavio da Silva Lima (17) e Matheus Jackson da Silva (17), ocorridas na noite do dia trinta de abril, na Rua Manoel Honorato, Parque Belém, a 650 m. da Praça Sete Jovens. Pela descrição do crime, além dos mortos outros jovens ficaram gravemente feridos; e um deles, vítima do último atentado, continua hospitalizado em estado grave. Queremos, antes de tudo, manifestar às famílias dos jovens mortos nosso mais profundo pesar e nossa proximidade neste momento de dor. Estamos certos de que Deus na sua bondade haverá de acolher estes seus filhos juntos de si e os fará participar da sua alegria eterna. Mas queremos também manifestar à Paróquia Imaculado Coração de Maria, no Jardim Elisa Maria, e à Paróquia Espírito Santo, no Parque Belém, nossa proximidade, neste momento de tensão e medo, animando-as a perseverarem no esforço de fazer prevalecer a cultura da paz sobre toda forma de ódio e violência. Muitas famílias, sobretudo aquelas mais próximas dos jovens assassinados e feridos, provam sentimentos de indignação e dor pela morte destes jovens e pelos ferimentos que alguns outros sofreram; um clima de pânico e total insegurança toma conta das comunidades atingidas. Queremos dizer-lhes que rezamos a Deus por elas; certos que a justiça divina prevalecerá sobre todo medo e sentimento de vingança. Nestes dias da Assembleia da CNBB embora ausentes da Arquidiocese, acompanhamos os fatos e estamos bem unidos a todos na nossa oração. Que Nossa Senhora da Conceição Aparecida interceda por todos, para que a paz volte a reinar nestes bairros atingidos pela violência, que tem vitimado jovens de famílias pobres, que anseiam por condições dignas de vida e de trabalho. Manifestamos nossa esperança de que os crimes sejam apurados e esclarecidos o mais breve possível e os responsáveis por eles sejam responsabilizados perante a Lei. Mas, ao mesmo tempo, fazemos um apelo a todos os homens e mulheres de boa vontade para que se unam numa grande oração pelas famílias que choram seus filhos, invocando de Deus o dom da paz e da harmonia para a população destes bairros tão sofridos; e que, ao mesmo tempo, se empenhem para que os crimes e a violência não sejam tolerados e acolhidos nas comunidades, mas sejam identificados e punidos. Que todos sejamos instrumentos da verdadeira paz!! Dom Odilo Pedro Scherer Arcebispo de S. Paulo Dom Milton Kenan Júnior Bispo Auxiliar de São Paulo Região Episcopal Brasilândia

Por Nossa Senhora do Rosário de Fátima, leigos do Setor Pereira Barreto iniciam a novena da padroeira, com especial devoção no mês mariano

Fiéis celebram abertura do mês mariano na Vila Bonilha No Setor Pereira Barreto, Paróquia iniciou novena em honra de sua Padroeira convidou toda a assembleia a se colocar de joelhos, diante da imagem da Virgem de Fátima, que em 13 de maio Com o lema: “Nossa Sede 1917 apareceu pela primeira vez a nhora do Rosário de Fátitrês crianças, em Portugal, pedindo a ma, ajudai-nos em nossa sua intercessão em favor da conversão conversão”, os fiéis da BRASILÂNDIA de todos. Vila Bonilha, se reuniram Em sua homilia, o Sacerdote falou na abertura da novena. A sobre o tema da noite, indagando sobre missa foi presidida pelo o que o que é preciso ter para uma boa padre Reinaldo Torres, atual pároco, na conversão. “Fé, perdão, amor a Deus, e acima de tudo, fazer silêncio e ouvir a noite do domingo, 4. No início da celebração, o Padre voz de Deus em nossos corações. O proRenata Moraes

Colaboradora de comunicação da Região

cesso de conversão tem que começar dentro de nós”, explanou o padre Reinaldo. Sobre o Evangelho do dia, a passagem dos discípulos de Emaús, o pároco alentou aos presentes para que tenham sempre esperança e que saibam saborear a graça do encontro com Deus. Durante os dias da novena em honra a Nossa Senhora de Fátima, com um tema diferente para cada noite e um padre convidado para presidir cada celebração, os fiéis refletirão a graça e a presença de Maria na vida da Igreja.

palavra do bispo

Mãos unidas em oração Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia

Dom Milton Kenan Júnior

Neste ano, a Assembleia Geral da CNBB coincide com o início do mês de maio, quando por toda parte a Igreja volta o seu olhar para Maria Santíssima, a Mãe de Deus e nossa. É comovente ver o número de fiéis que lotam o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, para pedir, agradecer, invocar a intercessão da Mãe de Deus, e, ao mesmo tempo, reunir-se em torno da mesa da Palavra

e da Eucaristia, num encontro profundo com Jesus. A pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida, com suas mãos unidas, é para todos os que a Ela recorrem uma lembrança e um convite à oração, nos lembrando de que a Virgem de Nazaré foi uma mulher de oração. A oração de Maria revela, na verdade, a grandeza da sua fé, que se traduz num constante dom a Deus: “Na fé da sua humilde serva, o Dom de Deus encontra o acolhimento que Ele esperava desde o princípio dos tempos. Aquela que o Todo-Poderoso fez “cheia de graça” responde pelo oferecimento de todo o seu ser: “Eis a serva do Senhor,

faça-se em mim segundo a tua Palavra. Faça-se, é a oração cristã: ser todo para ele, já que ele é todo para nós” (n. 2617). Num tempo em que tudo parece previsto e planejado, Ela continua a nos dizer que “o todo poderoso olhou para a humildade da sua serva” (Lc 1,48); e o que impossível para os homens, é possível para Deus. Aprendamos com Nossa Senhora, invocando-a neste mês que a ela é dedicado, mas, esforçando-nos para unir também nossas mãos como ela fez, pois quando rezamos com confiança e humildade, Deus cumpre a sua Palavra e nos dá muito mais do que pedimos.


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| Região Belém | 19

palavra do bispo

Espiritualidade Pascal: o Domingo Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém

Dom Edmar Peron

“Em cada semana, no dia a que chamou domingo, a Igreja celebra a Ressurreição do Senhor, como a celebra também uma vez no ano na Páscoa, a maior das solenidades, unida à memória da sua Paixão” (Sacrosanctum Concilium, 102). Mas a cada domingo celebramos a Páscoa? Já não bastaria celebrála uma vez por ano e, assim, ficar livre nos outros domingos para sair da cidade ou ir ao shopping? Bem, que o domingo seja dia de repouso e de alegria, a Igreja não nega (mesmo que a sociedade o apresente cada vez mais como um dia qualquer de

trabalho para muitos homens e mulheres), assim como não deixa de nos convocar para a celebração, reunidos em comunidade. Vejamos alguns textos que podem nos ajudar a meditar sobre esse assunto. A cada celebração dominical, desde a Páscoa, a leitura do Evangelho nos tem proposto o Domingo como dia do encontro com o Ressuscitado. Maria Madalena, “no primeiro dia da semana, foi ao túmulo de Jesus bem de madrugada, quando ainda estava escuro” (Jo 20,1 – Domingo de Páscoa). Os discípulos se reuniram “ao anoitecer desse dia, que era o primeiro da semana” e, depois, outra vez os encontramos reunidos no Domingo e, dessa vez, “Tomé estava com eles” (Jo 20,19.26 – Segundo Domingo da Páscoa). São Lucas nos apresenta Jesus

caminhando com os dois discípulos de Emaús, “nesse mesmo dia”, isto é, “no primeiro dia da semana” (24,1.13 – Terceiro Domingo da Páscoa). Assim, a partir desses evangelhos, podemos dizer que a experiência do encontro com Jesus ressuscitado, que fizeram Maria Madalena, os Apóstolos e os discípulos que iam para Emaús, aconteceu no Domingo. A Igreja, no Concílio Vaticano 2º, resgatou o Domingo como “principal dia de festa, [...] dia da alegria e dia do repouso” (SC 106). Esse é o dia no qual nos reunimos para fazer memória da paixão, ressurreição e glória do Senhor Jesus e dar graças a Deus que em sua “grande misericórdia”, ao ressuscitar Jesus dentre os mortos, “nos fez renascer para uma esperança viva” (1Pd 1,3). E fa-

zemos isso de modo particular pela celebração da Eucaristia, pela qual anunciamos a morte do Senhor e proclamamos a sua ressurreição, até que ele venha (1Cor 11,26 – Oração Eucarística). Podemos, pois, com toda confiança proclamar que o Domingo, pela ressurreição de Jesus dentre os mortos, é o dia que o Senhor fez para nós, dia de exultação e de alegria. Lembro um testemunho. Em tempo de perseguição, no ano 304, em Abitene, atual Turquia, 49 cristãos foram pegos reunidos no Domingo, enquanto celebravam a Eucaristia – o que lhes era proibido pelas leis do imperador Dioclesiano; ao serem interrogados no tribunal sobre tal desobediência, um deles, chamado Emérito, respondeu: “Sine dominico non possumus”, ou seja, nós não

podemos viver sem nos reunirmos em assembleia no domingo para celebrar a Eucaristia. Faltar-nos-iam as forças para enfrentar as dificuldades quotidianas sem sucumbir. Depois de terríveis torturas, os 49 cristãos foram mortos. Eis os mártires do Domingo. Sobre esse assunto, meditemos a homilia de Bento 16, em Bari, no dia 29 de maio de 2005. Desse modo, a espiritualidade pascal inclui a vivência do Domingo: reunir-se para celebrar, alegrar-se no Senhor e repousar. É claro que esse ideal é, em nossos dias, uma profecia daquela liberdade que Deus oferece aos seus filhos e filhas. Como vivemos o Domingo? Deixemo-nos impulsionar pelos mártires de Abitene: sem o Domingo, o dia do Senhor, nós não podemos viver!

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copa do mundo

Chegou a hora da lista final Na quarta-feira, 7, técnico Luiz Felipe Scolari convoca a seleção brasileira para a Copa; novidades são pouco prováveis

Outros praticamente certos são o goleiro Jefferson (Botafogo), os laterais Daniel Alves (Barcelona) e Marcelo (Real Madrid), o zagueiro Dante (Bayer de Munique), o volante Luiz Gustavo (Wolfsburg), o meia Bernard (Shakhtar Donetsk) e os atacantes Jô (Atlético Mineiro) e Hulk (Zenit). Convidados pelo O SÃO PAULO, os jornalistas William Douglas (TV Brasil) e Arthur Kleiber (Portal Terra) opinaram sobre os atletas que podem ocupar as vagas restantes.

Daniel Gomes Redação

Após 15 meses de trabalho e 47 jogadores testados em oito convocações de atletas que atuam no Brasil e no exterior (foram feitas outras duas somente com futebolistas de clubes brasileiros), o técnico Luiz Felipe Scolari, o Felipão, anuncia na quarta-feira, 7, às 11h30, no Rio de Janeiro, os 23 convocados para a Copa do Mundo. No domingo, 4, o técnico repetiu um ritual que realizou antes da Copa de 2002, quando conquistou o pentacampeonato: foi ao Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, em Farroupilha (RS), e participou de uma das missas. “Estou pedindo [a Nossa Senhora], mas não sei se ela vai me atender. Não tem nada de especial. A não ser que os jogadores se apresentem em condições. O resto é com a gente da comissão técnica e com os jogadores. Claro que com a bênção, com a fé naquilo que a gente acredita. É importante, mas a boa vontade, a disciplina, o espírito vencedor, somos só nós que temos”, afirmou em entrevista a uma rádio Gaúcha. Na semana anterior, Felipão disse que ainda tem duas dúvidas para a convocação final. Porém, para a maioria dos analistas, existem mais lugares em aberto: o do terceiro goleiro, que deve ser Victor (Atlético MG) ou Diego Cavalieri (Fluminense); os reservas das laterais, Maicon (Roma) ou

Terceiro goleiro

“Acho que a escolha será pelo Victor, por ter feito um primeiro semestre melhor e ser hoje um dos principais jogadores do Atlético MG” – William Douglas.

Rafinha (Bayer de Munique) pela direita, e Filipe Luís (Atlético de Madrid) ou Maxwell (PSG) pela esquerda; o quarto zagueiro, Miranda (Atlético de Madrid), Marquinhos (PSG) e Dedé (Cruzeiro); e outras duas vagas do meio para frente. Para estas, os cotados são Fernandinho (Manchester City), Lucas Leiva (Liverpool), Philippe Coutinho (Liverpool), Hernanes (Inter de Milão) e Robinho (Mi-

lan). Com menores chances aparecem Lucas (PSG), Alexandre Pato (São Paulo) e Kaká (Milan). Em declarações anteriores, Felipão já confirmou o goleiro Júlio César (Toronto), os zagueiros Thiago Silva (PSG) e David Luiz (Chelsea), os volantes Paulinho (Tottenham) e Ramires (Chelsea), os meias Willian (Chelsea) e Oscar (Chelsea), e os atacantes Neymar (Barcelona) e Fred (Fluminense).

Eliminação nas semifinais - 1974 e 1978 Na Copa de 1974, na Alemanha, o Brasil foi eliminado na fase semifinal, quando venceu a Alemanha Oriental e Argentina, mas perdeu para a Holanda, que seria a vicecampeã, sendo superada pela Alemanha Ocidental. Em 1978, a história se repetiria: nas semifinais, o Brasil venceu o Peru e a Polônia e empatou com a Argentina, que ficou para a vaga para a final, após golear o Peru por 6 a 0, em jogo em que se suspeita da ‘entrega’ dos peruanos. A Argentina foi campeã sobre a Holanda e o Brasil despediu-se da Copa invicto, mas sem o título.

“Eu acredito que o Victor tem mais chances e merece mais. Ele está há um bom tempo jogando em alto nível, além de estar em boa fase. O Cavalieri, ao contrário, não vive mas deve ficar com a reserva” – bom momento” - Arthur Klei- William Douglas. ber “Para os reservas, não vejo neQuarto zagueiro nhum grande destaque. Talvez o “Dedé é o favorito. Uma pena que Maicon, pela direita, se melhorar Miranda, do Atlético de Madrid, na parte física. Na esquerda, o Finão tenha sido testado, ele poderia lipe Luís, do Atlético de Madrid. ficar com esta vaga” – William Seria uma opção mais defensiva e Douglas. um prêmio pelo seu momento no clube” – Arthur Kleiber. “Deveria ser o Miranda. Ele vive grande fase e é muito bom tecni- Do meio pra frente camente. Além disso, e mais im- “Acredito que ele levará um voportante, não vejo neste momento lante reserva, o Fernandinho. Acho nenhum outro zagueiro, tirando os que o time está equilibrado” – três já escolhidos, que reúna mais William Douglas. condições que o Miranda” - Arthur Kleiber. “Acho que o ideal seria um atacante, para completar quatro nomes. Laterais reservas Mas depende muito de como o Fe“Maxwell e Filipe Luis brigam lipão vê o Bernard, por exemplo, pela vaga na esquerda. Filipe está se como meia ou atacante. Indeem um time embalado, vive um pendente disso, acho que deveria ótimo momento. Na direita, Mai- ter um reserva para o Fred, típico con já não é o mesmo de antes, camisa 9” - Arthur Kleiber.


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Igreja pelo mundo

Destaques das Agências Internacionais Católicas BRASIL Papa enviará uma mensagem contra o racismo na abertura da Copa

Padre michelino roberto diretor do o são paulo

CIDADE DO VATICANO O papa Francisco enviará brasileiro Daniel Alves, O que faz Francisco chorar? dou aos cristãos que eles continuam feriu em sua homilia diz respeito aos uma mensagem contra o do Barcelona, durante um Na homilia da sexta-feira, 2 de maio, na Casa Santa Marta, o papa Francisco contou ter chorado diante da notícia de que alguns cristãos foram crucificados recentemente “em um país em conflito”. O Santo Padre recor-

sendo presos e assassinados em nome de Deus por mostrarem o Evangelho e a cruz ao mundo. “Ainda hoje existe essa gente que, em nome de Deus, mata e persegue”, lamentou Francisco. A notícia a que o Santo Padre se re-

relatos e imagens fortes do martírio de cristãos na cidade de Raqqa, ao norte da Síria, divulgadas pelo O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma entidade civil com sede em Londres. Fonte: CNN/ Zenit

Observatório Sírio de Direitos Humanos

racismo no futebol, conforme informações divulgadas pelo governo brasileiro. A mensagem será lida por um jogador da seleção brasileira na abertura da Copa do Mundo, no dia 12 de junho deste ano, na Arena Corinthians. O racismo no esporte, particularmente no futebol, tem sido um tema recorrente na mídia, com grande ênfase nos últimos dias. No domingo, 27 de abril, um torcedor do time espanhol Villareal jogou uma banana contra o jogador

jogo entre as duas equipes. A resposta do atleta foi comer a fruta. O gesto se transformou numa campanha mundial contra o racismo quando o companheiro de time de Daniel, Neymar, postou nas redes sociais uma foto sua também comendo uma banana, junto com seu filho, e etiquetou a imagem com a hashtag #somostodosmacacos. A campanha foi prontamente apoiada por celebridades e anônimos de todo o mundo. Fonte: Zenit

ÁFRICA DO SUL Há 20 anos do Apartheid

“A África do Sul, depois de 20 anos do fim do apartheid, fez grandes progressos no plano da integração entre as várias componentes culturais e raciais do País, mas é preciso fazer mais para combater a corrupção”. A declaração é do cardeal Wilfrid Fox Napier, arcebispo de Durban. Segundo este, durante os últimos anos, houve con-

quistas no entendimento entre as pessoas de raças e culturas diferentes. No âmbito institucional, a Constituição contém garantias de igualdade entre todos. Contudo, no plano politico, ainda é elevado o grau de corrupção e de nomeações para cargos públicos baseados em critérios políticos e não de competência. Fonte: Fides

ÍNDIA A Igreja na Índia pede liberdade de expressão para todos

TERRA SANTA Símbolos cristãos são profanados no e antes de fugir, jogaram tãos não obedecerem. O dia da canonização dos dois papas pedras e cuspiram contra homem que assinou e enHá um mês da visita do papa Francisco à Terra Santa, dois mosteiros beneditinos foram invadidos e profanados na Terra Santa. No ultimo dia 27 de abril, enquanto em Roma o papa Francisco canonizava os papas João 23 e João Paulo 2º, um grupo de jovens, de 13 a 15 anos, vestidos com

trajes de judeus ortodoxos, após apedrejarem a grande cruz de pedra do altar do Santuário de Tabgha, as margens do lago de Tiberíades, a derrubaram e a lançaram ao lago. Depois, invadiram o convento das irmãs beneditinas, onde arrancaram a cruz do altar, viraram bancos e cadeiras

uma mulher que vive no convento. O vigário patriarcal latino para Israel, Boulos Marcuzzo, recebeu uma carta de um extremista que dizia que todos os cristãos devem sair de Israel porque são “idólatras”. A carta avisa que haverá graves consequências se os cris-

tregou a carta é um rabino da região, foi preso mais tarde pela polícia. A Assembleia de Ordinários Católicos da Terra Santa publicou uma carta aberta lamentando as agressões cometidas contra lugares e símbolos cristãos. Fonte: Zenit

COREIA DO SUL Obama a Seul: Kim Pyongyang é a ameaça cações do regime de Pyon- juntamente com a Sra. Premais perigosa para a Ásia-Pacífico gyang. Diante da possibi- sidente Park, novas formas O presidente norte-americano Barack Obama afirmou que a Coreia do Norte representa a situação mais perigosa e instável de toda

a região da Ásia-Pacífico e que os Estados Unidos permaneceram “ombro a ombro” com o Coreia do Sul para enfrentar as provo-

lidade de que a Coreia do Norte esteja preparando um novo teste nuclear (o quarto), Obama afirmou que o governo americano estuda,

de pressionar Pyongyang e que provocações militares acentuarão o isolamento da Coreia do Norte. Fonte: Ásia News

Juntamente com outros membros do clero, o Arcebispo de Mumbai, Oswald Gracias, interveio na polêmica desencadeada por nacionalistas hindus contra o reitor de uma faculdade católica daquela cidade, reiterando que “todos têm o direito de expressar a sua opinião”. O reitor, Padre Frazer Mascarenhas, SJ, – sacerdote jesuíta, publicou uma reflexão sobre as eleições gerais no site da faculdade de São Xavier, a qual preside. O Partido Nacionalista Hindu BJP (Bharatiya Janata) exigiu da Comissão Eleitoral que apagasse o post. O artigo de Padre Mascarenhas traz perguntas como: “O que constitui o desenvolvimento humano e como ele deve ser feito?”, referindo-se ao chamado “modelo de Gujarat”, um Estado em pleno desenvolvimento e agora livre das tensões étnicoreligiosas. Pe. Mascarenhas

questiona: “É o crescimento de um grande negócio, fazendo enormes lucros e atingindo alta produção o que queremos? Ou é qualidade de vida para o maior número possível de pessoas, em termos de bens e serviços básicos a preços acessíveis, bem como a liberdade cultural dos grupos sociais que compõem uma Índia pluralista?”. Os nacionalistas do BJP reagiram com grande alvoroço ao texto do padre, mas, de acordo com o também sacerdote Errol Fernandes, SJ, que lidera o setor comercial da mesma faculdade, “numa democracia todos têm o direito de expressar opinião. Isso sempre deve ser feito com dignidade”. Ele diz que o “Padre Frazer não impôs sua visão a ninguém, e aqueles que lerem o artigo são bem-vindos a oferecer seus pontos de vista”. Fonte: Ásia News


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passa tempo

Seminário reúne comunicadores de Igreja em Roma Rafael Alberto

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

Mais de 300 pessoas do mundo todo participaram do 9º Seminário Profissional de Escritórios de Comunicação da Igreja, promovido pela Faculdade de Comunicação Institucional da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma, entre os dias 28 e 30 de abril. Durante o encontro, que teve como tema “Comunicação da Igreja: estratégias criativas para promover uma mudança cultural”, os profissionais contaram com palestras centrais e a apresentação de projetos bem sucedidos dos escritórios de comunicação de diversas entidades e instâncias eclesiais. O destaque do encontro ficou para a palestra de abertura, proferida pelo cardeal Timothy Dolan, arcebispo de Nova Iorque, nos Estados Unidos. O Arcebispo falou sobre os desafios culturais para os comunicadores da Igreja e propôs “sete observações” sobre como realizar uma comunicação institucional eficaz, fazendo referências constantes à experiência que adquiriu no contato com a imprensa. O cardeal Dolan exemplificou situações em que pôde mostrar uma atitude original e positiva da Igreja, em vez de ir para a linha da condenação. O Arcebispo também destacou a importância de se ter “um verdadeiro senso de profissionalismo em tudo o que fazemos, já que o modo de dizermos algo é tão importante quanto o que dizemos”, explicou. Chamou a atenção o fato de o Cardeal explicar que quando concede entrevistas já vai dando as respostas com o pensamento sobre que possíveis títulos aquelas frases podem gerar. Para o Arcebispo, é preciso ser o mais sucinto possível ao falar com a imprensa, pois isso evita que o pensamento seja modificado. “Temos que já dar as nos-

sas respostas editadas, sem enrolar trabalho de comunicação aumentou bastante com a espontaneidade muito”, disse. de Francisco e explicou como lida Igreja precisa de leigos na com os jornalistas quando há situações de crise na Igreja. comunicação “Já passaram os tempos em que O pontificado do papa Franbispos velhos, gordos e carecas cisco e sua relação com a comucomo eu eram os melhores porta- nicação também foram abordados vozes da Igreja: precisamos de durante o seminário em mesas leigos competentes que a represen- como a de um grupo de jornalistas tem”, disse o cardeal Dolan. chamados “vaticanistas”. Segundo Além disso, o Purpurado insis- eles, o potencial de comunicação tiu na importância de não esquecer do papa Francisco fez com que a que a comunicação principal da Igreja reassumisse um papel de Igreja deve ser Jesus Cristo e sua importância sem igual em todo o mensagem, ao explicar, por exem- noticiário internacional. plo, que nunca concede uma entrevista sem citar o nome de Jesus e Ponto de Vista que, ao atender jornalistas, deixa Apesar de todo o avanço, a comunicação institucional da Igreja sua cruz peitoral bem a vista. ainda tem muitos pontos de fragiOutras temas lidade. Participar de um seminário O seminário contou, ainda, com internacional faz constatar que, em outras duas grandes palestras, com muitos países, a Igreja ainda tem o arcebispo de Lyon, na França, uma visão limitada em relação à o cardeal Philippe Xavier Ignace comunicação. Barbarin, e com o porta-voz do Casos de sucesso apresentaVaticano no pontificado do papa dos durante o Seminário, como a João Paulo 2º, o professor Joaquim assessoria de imprensa da Jornada Navarro-Vals. Mundial da Juventude realizada Barbarin falou sobre a experi- no Brasil, ou o de uma Conferênência que teve na França quando cia Episcopal que tem como prinda discussão sobre o casamento cipal ferramenta de comunicação homossexual. O Arcebispo fez um institucional uma conta no Flickr, relato detalhado dos muitos emba- mostram que ainda há muito estes que teve com a sociedade e os paço a ser conquistado, sobremeios de comunicação. tudo com a melhoria em termos Já Navarro-Vals falou sobre o de profissionalizar aqueles que poder comunicativo do papa João trabalham com a comunicação na Paulo 2º e da santidade do Pontí- Igreja. fice. Vals contou detalhes sobre Outro ponto frágil percebido seu relacionamento pessoal com o é o da dificuldade de a Igreja lipapa polonês. dar com temas delicados, como o casamento entre pessoas do mesPapa Francisco mo sexo, o aborto e o uso de preNo ultimo dia do seminário, os par- servativos. Nesse sentido, foram ticipantes estiveram na audiência dados bons apontamentos durante geral com o papa Francisco e, em o seminário, como, por exemplo, seguida, visitaram a Sala de Impren- encarar e dizer a verdade para a sa da Santa Sé, quando tiveram a mídia antes que ela descubra a sua oportunidade de ouvir uma palestra própria verdade sobre algum procom o padre Federico Lombardi, blema eclesial. atual porta-voz do Vaticano. Por Rafael Alberto/Secretário de Comunicação da Arquidiocese de São Paulo Padre Lombardi falou como o


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O Golpe Militar de 1964 e a Igreja Católica entre apoio e resistência O fórum de participação da 5ª Conferência de Aparecida convida para a mesa redonda com dom Angélico Sândalo Bernardino, José Oscar Beozzo, José Cardonha e Roberval Freire sobre o Golpe Militar de 1964 e a Igreja Católica. O evento será na Paulinas Livraria (rua Domingos de Morais, 660), quarta-feira, 14, às 19h. Informações (11) 3105-1680.

‘Comunidade de comunidades: uma nova paróquia’ volta a ser tema da Assembleia dos Bispos Encontro que acontece até o dia 9 recebe contribuição dos prelados e produzirá documento para a Igreja do Brasil Edcarlos Bispo

construção de um documento que seja “muito bem trabalhado”. “Iremos para a votação, mas ainda podem ser feitas sugestões de mudança. Será um texto que dará grande contribuição para a evangelização da Igreja no Brasil”, afirmou o Bispo. “A paróquia atualmente tem suas dificuldades, especialmente no meio urbano. É importante que as paróquias possam realmente se organizar em comunidades e

o documento precisa fazer isso”, destacou dom Leonardo. O arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta, afirmou que a beleza do documento está no fato que ele atualiza as questões da paróquia. “A paróquia, além de sua matriz e capelas, tem essa presença mais junto ao povo, seja com pequenas comunidades, CEBs, grupos de reflexão, círculos bíblicos, além da questão geográfica, existe comunidades

que não são geográficas como de jovens, casais, sociais e os mais diversos e devem estar em comunhão com a paróquia”. Para além do tema central, muitos assuntos são discutidos durante a Assembleia, tanto nas coletivas de imprensa quanto nas plenárias que os bispos participam. Sobre esses temas, os bispos afirmaram que haverá um posicionamento a cerca das eleições que acontecerão em outubro deste ano.

Dom Leonardo garantiu que os bispos não farão apenas uma nota, mas que terão um posicionamento mais longo e até mesmo, com orientações, análises e reflexões. Por sua vez, dom Orani destacou que qualquer posicionamento faz parte de orientações ainda mais amplas que a Igreja já tem dado a seus fiéis. “Nossa responsabilidade é eleger bem as pessoas para governar nosso País”. Luciney Martins/O SÃO PAULO

especial a Aparecida (SP)

Cerca de 350 bispos participam da 52ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, na cidade de Aparecida (SP). O encontro que teve início em 30 de abril, seguirá até a sexta-feira, 9, e debate, como eixo principal, as questões da renovação paroquial, que deu origem ao estudo 104 da CNBB: “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”. A temática, abordada no Conselho Episcopal Latino-americano e do Caribe (Celam), em 2007, e que está fortemente presente no Documento de Aparecida, foi abordada na 51ª Assembleia, em 2013, é retomada neste ano com uma nova redação, que contou com as contribuições dos leigos, após ser estudada nas dioceses e regionais. A proposta é que o texto seja aprovado como um documento da CNBB. Para o secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, existe interesse dos bispos na participação da Assembleia e na contribuição para a No domingo, 4, bispos na 52ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil participaram da missa em ação de graças pela canonização de José de Anchieta

Líderes religiosos participam da celebração da Páscoa Judaica Diego Monteiro

Especial para O SÃO PAULO

A resistência é grande, mas as religiões, a cada dia, procuram estreitar os laços do respeito mútuo em favor do diálogo. Uma constante tentativa para libertar a humanidade do egocentrismo religioso. Mesmo que timidamente, diversas denominações religiosas têm partilhado, umas com as outras, suas tradições. Como aconteceu na noite de terça-feira, 29, na Paróquia Cristo Rei, na Região Episcopal Belém, onde

cristãos, muçulmanos, espíritas e budistas celebraram com os judeus o Pessach (Passagem) - a Páscoa Judaica - festa que lembra a libertação do povo hebreu, que era mantido como escravo no Egito antigo. Cônego José Bizon, responsável pela Comissão do Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da Arquidiocese de São Paulo e diretor da Casa da Reconciliação, explicou ao O SÃO PAULO que no Pessach judaico recorda-se o cordeiro imolado, com cujo sangue foram marcadas as portas dos israelitas; Já na Páscoa cristã,

o cordeiro imolado é Jesus Cristo, “aquele que tira o pecado do mundo e que dá a vida”. Ao ser questionado se a liberdade religiosa ainda vive um momento de escravidão, Raul Meyer, presidente do Centro da Cultura Judaica (CCJ), disse que “existem pessoas em diversas religiões que acham que só eles têm o dom da verdade. São radicais, que acham que a religião deles é a única que vale. Isto frustra a ideia divina de que todos os seres humanos sejam iguais”. E falou mais: “Não vivemos em época de escravidão, mas ainda falta que

cada um se liberte da sua escravidão individual”. Para o sheik Houssam El Boustani, diretor do Departamento Religioso do Instituto Futuro, há uma tentativa de difamação da religião islâmica, principalmente por parte da imprensa, que insiste em destacar fatos isolados sobre uma “meia dúzia” de seguidores, que interpretam erroneamente os ensinamentos do Islã. “Ninguém pode manchar a Palavra de Deus, ninguém! Podem tentar, mas alcançar, nunca!”. E concluiu: “Peço a Deus que ilumine a mente, o coração, o espírito e o caminho dessas pessoas para en-

contrarem a verdadeira Palavra de Deus Altíssimo”. Se desde o êxodo os judeus celebram sua libertação da escravidão, as religiões ainda buscam libertar-se para o diálogo, em busca de uma sociedade fraterna, de acordo com a sua fé. Cônego Bizon acredita que “o diálogo inter-religioso dá pequenos passos. Encontra resistência de todos os segmentos das religiões monoteístas. Há pessoas de boa vontade que se dedicam a esse trabalho, mas existe, sim, a intolerância de um contra o outro, em todo o mundo”.


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Em romaria, Arquidiocese vai a Aparecida Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

A luz do tema: “Com a Mãe Aparecida, mestra da vida cristã”, milhares de fiéis se reuniram no Santuário Nacional Edcarlos Bispo

Enviado especial a Aparecida

A Casa da Mãe Aparecida se tornou a casa da família de Rita Mendes Feitosa Peixoto e de mais milhares de romeiros e romeiras da Arquidiocese de São Paulo, que no domingo, 4, foram ao Santuário Nacional para a 113ªRomaria Arquidiocesana à Aparecida, que este ano teve como tema: “Com a Mãe Aparecida, mestra da vida cristã”. Junto ao arcebispo metropolitano, dom Odilo Pedro Scherer, bispos auxiliares – incluindo os nomeados pelo papa Francisco, na quarta-feira, 30 –, padres, diáconos, seminaristas e grande número de fiéis, a Arquidiocese

lotou a Basílica de Aparecida na celebração das 10h e a coloriu com bandeiras e faixas. Rita, da Paróquia San Gennaro, na Mooca, foi a responsável pelo ônibus de sua comunidade. Com ela, foram a Aparecida seus dois filhos, o marido de sua filha, os netos e a família do genro. Os romeiros saíram da Paróquia às 5h50. Para ela foi uma grande satisfação orga-

nizar o ônibus da San Gennaro. “O servo do Senhor só se sente bem quando está junto com a mãe. Eu agradeço a oportunidade que o filho dela me dá de estar aqui e trazendo as pessoas”, afirmou Rita com um largo sorriso. Durante a homilia, o Cardeal refletiu sobre o Evangelho (Lc 24,13-35) e destacou que os dois discípulos saíram desanimados e sem esperança de Jerusalém, po-

rém, logo após o encontro com Cristo, voltaram felizes e alegres para anunciar que o mestre havia ressuscitado. Para dom Odilo, acontecem duas romarias: a primeira é a do desânimo – os discípulos que fogem de Jerusalém –, e a segunda a do anúncio – após o encontro com Jesus, voltam para anunciar a sua ressureição. De acordo com o padre Tarcísio Marques Mesquita, coorde-

nador do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, foram cerca de 260 ônibus que saíram da Arquidiocese e foram para Aparecida. Para o padre, a romaria é um sinal que a Arquidiocese “tem como uma de suas pautas viver o exemplo de Maria, que congrega, reúne, coloca em peregrinação e nos desafia a uma vida pastoral engajada”. “Eu creio que reunir uma quantidade significativa de nossos agentes de pastoral leigos e o clero aqui é trazer um pouco de tudo isso diante de Nossa Senhora e abastecer-se do exemplo dela pra levar muito mais do que aquilo que trazemos”, afirmou o Sacerdote. Do lado de fora da Basílica, um grupo do Caminho Neocatecumenal, da Paróquia Menino Deus, fazia uma grande roda e cantava as músicas típicas do grupo. De acordo com um dos membros do grupo, a Paróquia foi em romaria com cinco ônibus, estava muito animada e feliz por participar da Romaria Arquidiocesana.

Dom Tomás Balduino: uma vida pelas questões agrária e indígena Luciney Martins/O SÃO PAULO

Daniel Gomes e Edcarlos Bispo Redação

Aos 91 anos, o bispo que ajudou a fundar o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em 1972, e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975, retornou à Casa do Pai: na noite da sexta-feira, 2, dom Tomás Balduino, bispo emérito da Diocese de Goiás, faleceu em Goiânia (GO), em decorrência de problemas cardíacos e de um câncer. “Dom Tomás foi uma presença muito fecunda na Igreja do Brasil. Ele sempre esteve preocupado com os pequenos. Foi um homem que viveu pobre, cui-

dando dos pobres. Sempre será recordado como um dos homens que marcou nossa Igreja, especialmente na questão da terra, na questão indígena, como outros bispos brasileiros, e preocupado com as Comunidades Eclesiais de Base”, afirmou, ao O SÃO PAULO, dom Leonardo Ulrich Steiner, bispo auxiliar de Brasília e secretário Geral da CNBB. O corpo de dom Tomás Balduino foi sepultado na segundafeira, 5, na Catedral Nossa Senhora de Santana, na Diocese de Goiás, onde foi bispo titular entre 1967 e 1999. Antes, entre 1965 e 1967, foi o prelado de Conceição do Araguaia (PA).

“Dom Tomás lutou por toda sua vida pela defesa dos direitos dos pobres da terra, dos indígenas, das demais comunidades tradicionais, e por justiça social. Nem mesmo com a saúde debilitada e internado no hospital ele deixava de se preocupar com a questão da terra e pedia, em conversas, para saber o que estava acontecendo no mundo”, manifestou a CPT, em nota divulgada em 3 de maio. O Bispo sempre estimulou reflexões sobre as demandas agrárias do País, como em maio de 2012, durante um seminário, na capital paulista, quando afirmou em entrevista ao O SÃO PAU-

LO. “A reforma agrária é uma coisa conhecida mundialmente. Eu acredito que essa política global não se faz com remendos, com busca de remédios e outras receitas: se faz com enfrentamento ao poder agressor, ao poder que está destruindo e que a gente sabe identificar onde se coloca o agronegócio, tendo o governo por trás, e depois os grandes países do consumo. Precisaria haver uma mobilização internacional. Uma coisa que reunisse todas as entidades, todas as Igrejas. Precisaria reunir todas as pessoas de boa vontade para um grande referendo mundial para ver se modifica essa política”.


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