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Maricultoras potiguares podem cultivar Macroalga

As maricultoras do Rio Grande do Norte ganharam uma nova e importante alternativa de renda com o cultivo da macroalga Kappaphycus Alvarezzi. A ótima notícia consta na emissão de Nota Técnica nº 4/2023, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). É o resultado de dois anos de estudos e articulações para comprovar a viabilidade ambiental no litoral do Rio Grande do Norte.

Para conseguir a liberação, o Estado criou um Grupo de Trabalho coordenado pelo subsecretário de Pesca e Aquicultura da Secretaria Estadual da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (SAPE/RN), David Soares, e formado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), além de colaboradores independentes.

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“O Governo do RN preza pela proatividade e muito diálogo, com foco nos resultados que beneficiem o conjunto da sociedade e com responsabilidade ambiental. O cultivo da Kappaphycus Alvarezii além de preservar nossos bancos de algas nativas, fomentará uma nova atividade aquícola que encontra no Rio Grande do Norte condições climáticas mais favoráveis para o seu desenvolvimento”, afirma David Soares. “O próximo passo, seguindo as condicionantes da Nota Técnica do Ibama, é a comprovação de que esta macroalga não é invasora”, adiantou.

O titular da SAPE/RN, Guilherme Saldanha, comemorou o resultado. “A Kappaphycus Alvarezii tem um potencial incrível para a produção de potássio, usado nos fertilizantes, e de carragenana, muito utilizada na indústria de cosméticos e alimentos. Na gestão da professora Fátima Bezerra nós teremos uma nova atividade econômica gerando emprego e renda para o povo potiguar”, enfatizou o secretário.

Para o professor Dárlio Teixeira, da UFRN, a liberação foi um passo muito positivo. “Agora precisaremos responder a alguns quesitos técnicos relacionados ao manejo, mas todos dentro de nossa área de compe- tência”, explicou.

O professor Maulori Cabral, também da UFRN, ressaltou que o Rio Grande do Norte já está preparado para responder, de forma concreta e objetiva, as questões condicionantes abordadas pela Nota Técnica.

Cultivo está introduzido em mais de 20 países

A Kappaphycus Alvarezii é uma espécie de macroalga marinha robusta e seu cultivo já está introduzido em mais de 20 países. O interesse nessa alga se dá, principalmente, por ser a matéria-prima para a produção de ficocolóides conhecidas como carragenanas.

O potencial do uso das algas marinhas é conhecido mundialmente devido à grande variedade de usos e aplicações industriais que vão desde a alimentação direta em humanos, em animais, em coloides, cosméticos, medicamentos e biofertilizantes agrícolas.

A Kappaphycus alvarezii gera a maior quantidade de biomassa por hectare por ano, quando comparadas com outros sistemas vegetais. O potencial econômico do cultivo destes organismos, uma vez que são sequestradoras de gás carbônico (CO2) a partir da fotossintetização, constitui uma fonte natural de biofertilizantes, que podem favorecer diversas atividades produtivas, a exemplo da agricultura – por meio do plantio para obtenção de alimentos – como para biocombustíveis. O Crédito de Carbono é mais um produto a ser explorado, a médio ou longo prazo, por esta cadeia produtiva.

A macroalga Kappaphycus alvarezii é, principalmente, utilizada como fonte de matéria-prima para a produção de ficocolóides conhecidas como Carragenas, utilizadas como estabilizantes e espessantes na indústria alimentícia (produtos cárneos, bebidas, chocolates, rações, cosméticos, etc.), representando um mercado mundial da ordem de US$ 6,00 milhões anualmente.

“No que se refere ao delineamento de possíveis áreas propícias para o cultivo e as estratégicas que aqui serão usadas para assegurar os critérios de vigilância ambiental no monitoramento da atividade”, concluiu o professor.

Parâmetros para escolha da instalação do cultivo das algas

- Temperatura da água do mar acima de 20°C durante todo o ano;

- Salinidade acima de 25 ppt;

- Zonas protegidas do embate de ondas fortes (preferencialmente, devem ser escolhidas enseadas protegidas);

- Profundidade máxima de 20 metros;

- Áreas livres do tráfego de embarcações e turismo.

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