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Propostas de aumento de salários
from JORNAL DE FATO
Em 2020, a mesma denúncia foi enviada ao MPT, que arquivou o caso porque já havia passado muito tempo. Agora, a denúncia voltou ao radar da Justiça e foi vinculada à investigação principal, tocada pelo MPT no Rio, que instaurou um Inquérito Civil para investigar as denúncias da mídia.
O denunciante contou ao GLOBO que ao menos quatro gerentes costumavam oferecer aumentos salariais para as funcionárias em troca de favores sexuais. A. confirma que mais de um deles tentou ter um relacionamento com ela e que os cargos eram usados como forma de atrair as mulheres.
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Todas as trabalhadoras consultadas descrevem um ambiente de trabalho de abusos normalizados, principalmente de homens que ocupam cargos superiores a elas na hierarquia da empresa.
Em 2015, B. começou a ser perseguida na plataforma por um funcionário. Sempre que abria a porta do camarote (nome dado aos quartos), ele estava lá. Os dois nunca se falaram pessoalmente, mas o homem mandou várias mensagens no Facebook falando sobre sexo.
Ela respondeu que não queria contato e ameaçou fazer reproduções da tela para denunciar. Depois, teve medo e não procurou a Ouvidoria. A técnica em segurança do trabalho lembra que foi assediada pela primeira vez logo no seu primeiro embarque. De noite, estava sozinha no quarto e um homem telefonou gemendo.
— Ele ligava e eu sempre desligava. Mas, um dia, ele disse que eu estava sozinha e falou: “talvez eu te visite”. Passei a dormir com uma chave de fenda embaixo do travesseiro para me proteger.
C., que trabalha na empresa há onze anos, disse que teve medo na sua primeira noite em - conT. da
Anos mais tarde, C. se ofereceu para ser testemunha em um caso de assédio contra uma terceirizada na plataforma. Um mestre de cabotagem havia agarrado e tentado beijar a funcionária dentro da sala de segurança. Na hora, a mulher “deu um murro” nele e ameaçou denunciar. O homem respondeu que ela já “queria isso há muito tempo”.
— Ela pediu para nunca mais voltar. Esse mestre de cabotagem era um homem nojento, de comentários maliciosos. Ela não quis denunciar porque ele tinha muitos anos de empresa, mesmo que fosse terceirizado também.
Outro caso aconteceu com um coordenador de produção que colecionava denúncias de assédio moral na Ouvidoria, conta C. O camarote em que ele dormia ficava ao lado do feminin o e as paredes eram finas. Toda noite o homem conversava com a amante sobre sexo, dizendo o que gostaria de fazer com ela na cama.
— Neste dia, ele estava bravo comigo e disse no telefone que mulheres que embarcam não têm, e diz o nome do órgão sexual, para “dar jeito nelas”. Minha colega de camarote disse que a gente “cairia” se denunciássemos, então ficou entre nós.