
2 minute read
Roupa nova
from JORNAL DE FATO
Inspirado no clássico da tevê americana “Unsolved Mysteries” e precursor na tevê brasileira de programas documentais sobre crimes reais, a aposta da Globo no “Linha Direta”, no início dos anos 1990, foi frustrada. O programa chafurdava no mau gosto e caiu agradou o público na época. Resultado: ficou apenas três meses no ar. No final da mesma década, o cenário televisivo era bem mais propício para este tipo de produção. Com a proliferação de programas policialescos como “Cidade Alerta”, da Record, e “Programa do Ratinho”, do SBT, em 1999, a Globo resolveu revisitar o formato como resposta à concorrência. Nesta segunda investida, o “Linha Direta” ganhou um tom bem popular e ar de utilidade pública, sendo exibido com sucesso até 2007. Agora, 16 anos depois, o programa volta ao ar, todas quintas, sob o comando de Pedro Bial e com uma proposta artística um pouco mais arrojada e em sintonia com os novos modos de consumir informações. “O mundo mudou muito desde que o programa saiu do ar. Essa hiperconexão que a gente vive hoje ainda não tinha se consolidado naquela época, e isso também tem implicações e consequências na linguagem. Porque hoje é muito difícil qualquer coisa acontecer em uma grande cidade que não tenha sido captada por duas ou três câmeras de segurança ou por alguém com celular. São fatores que determinam a investigação, os registros e o programa como um todo”, explica Bial.
A cada semana, o “Linha Direta” apresentará um crime já solucionado e outro com desfecho ainda em aberto com foragidos da justiça, com o auxílio da dramatização de atores em ambos. Em comum entre os dois casos: o mesmo tipo de crime e motivação. O aspecto social, com a prestação de serviço, segue sendo um dos grandes pilares do programa, que contará com a divulgação de canais de denúncias para ajudar na localização de foragidos e no fornecimento de pistas. Além de conduzir o programa nos Estúdios Globo, no Rio, o apresentador também entrevista eventualmente personagens e/ou testemunhas que tiveram ligações com as vítimas e que possam aprofundar as histórias através de seus depoimentos. “É um formato consagrado. Agora, contamos com um cenário versátil e que nos possibilita filmar de muitas maneiras. Era sucesso no passado e, hoje, esses programas do gênero true crime é uma febre mundial nas mais diferentes formas: seja na tevê, streaming ou nos podcasts”, ressalta a diretora artística Mônica Almeida.
Advertisement
O formato multiplataforma vai liberar conteúdos exclusivos produzidos para complementar os episódios. O “Linha Direta Podcast” apresenta impressões de Bial e depoimentos de bastidores vivenciados por roteiristas, pesquisadores e pela produção do programa. Além disso, tem versão estendida dos casos e mergulha no círculo familiar de pessoas que tiveram ligação com as vítimas. Com publicações semanais, sempre nos dias seguintes à exibição na tevê aberta, o Podcast estará disponível no aplicativo Globoplay e em plataformas de áudio. “Vamos tentar falar com quem já era fã do programa, mas também im - pactar e conquistar um novo público”, acrescenta o apresentador.
O programa de estreia revisita o tenso caso da jovem Eloá Cristina, que foi sequestrada, mantida em cárcere privado e assassinada pelo namorado, crime que ganhou as manchetes em 2008. Os casos exibidos ao longo da temporada, inclusive, seguem em sintonia com pautas representativas e atuais da sociedade, abordando temáticas como feminicídio, violência contra crianças, LGBTfobia e golpes pela internet, entre outros. “A gente vai continuar convocando o público a nos dar pistas que levem à prisão de foragidos da justiça, mas tem uma outra missão muito significativa que é a de acender sinais de alerta e indicar caminhos para quem está em casa assistindo ao programa, e que vai muito além de prender foragidos. O programa tem o poder também de ampliar o nível de consciência quando abordamos essas temáticas”, avalia o redator Marcel Souto Maior.