Edição 241 - Jornal das Lajes

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Jornal das Lajes

Peregrinos resendecostenses vão a pé até o Santuário Nacional de Aparecida (SP)

A 1º Romaria a pé de Resende Costa a Aparecida aconteceu entre os dias 19 de abril e 1º de maio e reuniu 25 romeiros que percorreram 385 quilômetros. Na chegada ao Santuário Nacional, em Aparecida (SP), os romeiros do grupo “Guerreiros de Maria” foram recebidos por seus familiares e pelo padre Marcos Alexandre, pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Penha de França. “É a fé que nos faz chegar aos pés de Nossa Senhora”, diz Dautre Rezende, um dos organizadores da romaria. PÁG 13

Literatura

O Pequeno Príncipe, obra-prima da literatura, de autoria do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, completou, no último dia 06 de abril, 80 anos de sua publicação. Leia nesta edição artigo do escritor, professor e colunista do JL Evaldo Balbino, que analisa esse clássico da literatura infantil que conquistou e ainda conquista leitores de todas as idades em todas as partes do mundo. “Na simplicidade da linguagem do livro e no seu canto à amizade, ao amor e à essência, o que encontramos é poesia densa. O que vemos é fábula e enredo a serviço de uma abordagem profunda e dolorosa da vida”, escreveu Evaldo.

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Comunidade Quilombola do Curralinho dos Paulas foi lembrada e celebrada no 6º Encontro de Relações Raciais e Sociedade (ERAS)

Alunos da comunidade quilombola participaram do VI ERAS

O evento aconteceu nos dias 26 e 27 de abril no campus São João del-Rei do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais. O ERAS deste

ano teve como tema “Sentidos do aquilombar-se: diálogos, andanças, território e construção de palavras germinantes”. O Encontro de Rela-

ções Raciais e Sociedade foi criado em 2016 e, segundo o IF, tem como objetivo “contribuir para a construção e troca de saberes e experiên-

cias, numa perspectiva de romper com um imaginário socialmente construído sobre esses atores e suas comunidades”. PÁG 11

ANO XX • MAIO 2023 • Nº241 FUNDADO EM 2003 - RESENDE COSTA www.jornaldaslajes.com.br DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Foto: Secretaria de Educação

EDITORIAL

Felicidades a Resende Costa em seus 111 anos de emancipação política

No próximo dia 2 de junho, Resende Costa completará 111 anos de emancipação política. O JL divulga nesta edição a programação dos eventos cívicos e culturais que celebrarão a data histórica. Emancipado de Tiradentes em 2 de junho de 1912, o município de Resende Costa vem se desenvolvendo especialmente no comércio, na agropecuária e, mais recentemente, no setor do turismo de compras.

O artesanato têxtil é, sem dúvidas, o carro-chefe que puxa a economia local, gerando renda e empregos, além de impulsionar outros setores do comércio e de serviços. Não à toa, o governo do Estado conferiu à cidade o título de “Capital Mineira do Artesanato Têxtil”, reconhecendo a importância do artesanato e o que ele representa para a economia e para a cultura resende-costense.

Nos últimos dois anos, no pós-pandemia, importantes ações para o turismo e o artesanato começaram a ser desenvolvidas, entre elas a implantação do Selo de Procedência do Artesanato Têxtil, o estudo técnico da oferta turística na cidade e o projeto da Indicação Geográfica (IG) do artesanato têxtil. Todos eles já foram temas de reportagens especiais do JL. Importante ressaltar que se trata de projetos que são frutos de valiosas parcerias entre o poder público e instituições da sociedade civil organizada. Destaca-se a força da parceria entre a Prefeitura Municipal, o Sebrae, o Sicoob Credivertentes e a Asseturc (Associação das Empresas, do Turismo e do Artesanato de Resende Costa), visando ao desenvolvimento de ações em prol do turismo e da cultura no município. A parceria entre essas instituições revela a convicção de ambas no enorme potencial que Resende Costa tem para se tornar referência em turismo – cultural, de compras, esportivo, rural - na região do Campo das Vertentes.

Destacamos até aqui os setores do turismo e da economia, que vêm alçando Resende Costa enquanto referência de desenvolvimento na região. No entanto, o município possui ainda muitas conquistas a serem comemoradas nestes 111 anos de história. Na agropecuária, vemos um setor prosperando, sobretudo na produção de leite e de alimentos. Na educação, o município é referência. Nossas escolas são modelo de qualidade no ensino, preparando jovens para as universidades e cursos técnicos. Há que se destacar as importantes conquistas na saúde, principalmente o investimento do poder público na manutenção da parceria com o Hospital Nossa Senhora do Rosário. Parceria esta responsável por ajudar decisivamente a conceituada instituição de saúde da nossa cidade, administrada pelas Irmãs Filhas de São Camilo, a manter a excelência no funcionamento e o atendimento aos enfermos de Resende Costa e de cidades da região.

Aliás, sempre que contamos e celebramos a história do nosso município emancipado, é necessário abrir um capítulo especial para exaltar as obras que as Irmãs Filhas de São Camilo (camilianas) realizam em Resende Costa há 69 anos. São quase 70 anos de trabalho missionário dedicado aos enfermos e à saúde em nosso município.

Obrigado, irmãs camilianas, pela dedicação e amor à nobre causa da saúde em nossa cidade!

Se falamos em conquistas, não podemos deixar de apontar desafios que o município ainda enfrenta para oferecer qualidade de vida aos seus cidadãos. Em todos os setores, desde a infraestrutura até a saúde, educação, cultura, esporte e economia, é necessário fazermos uma autocrítica a fim de nos conscientizarmos de que muitas obras ainda precisam ser feitas. Nossa cidade carece, por exemplo, de maiores investimentos em infraestrutura, como saneamento básico, um os gargalos que o poder público vem tentando combater ao cobrar da Copasa a continuidade das obras de implantação da rede de esgoto.

Enfim, assim como nós, quando celebramos nossos aniversários, nossa cidade merece receber os votos de vida longa, de felicidade e prosperidade. Se pudermos contar com uma cidade bonita, organizada, acolhedora e próspera, consequentemente seremos pessoas com qualidade de vida, felizes e acolhedoras. Afinal, somos, sim, produtos do meio em que vivemos.

Seja feliz, Resende Costa, nestes 111 anos de existência! E nós, resende-costenses, continuemos sempre otimistas no trabalho e na construção de uma cidade cada vez mais próspera, feliz e acolhedora.

Jornal das Lajes Ltda

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André Eustáquio Melo de Oliveira, Emanuelle Resende Ribeiro, José Venâncio de Resende, João Evangelista Magalhães e José Antônio Oliveira de Resende.

Os artigos assinados não refletem obrigatoriamente a opinião do jornal.

Opinião

FERNANDO CHAVES*

O PL das fake news, que tramita no congresso, é censura?

O PL (Projeto de Lei) 2630 trata da regulamentação das redes sociais e ganhou centralidade no debate público nos últimos dias. Os defensores do PL afirmam que ele é necessário para garantir um ambiente de debate mais saudável e menos afetado pela desinformação e pelas fake news. Os opositores afirmam que o PL é uma prática de censura e que vai “piorar a internet”. O principal argumento contrário ao PL é fundamentado num relativismo radical, que afirma ser necessário permitir todo o tipo de conteúdo político nas redes, pois não seria possível separar verdade de mentira, sem o viés ideológico da interpretação.

É preciso, no entanto, deixar claro que o foco da proposta de regulamentação não está em nós cidadãos que atuamos nas redes de modo individual e espontâneo. O PL, na verdade, busca regulamentar ações profissionalizadas, automatizadas e irresponsáveis. Para tanto, o PL proíbe contas falsas e robôs, permite melhor identificação dos responsáveis por conteúdos criminosos, impede o disparo massivo de mensagens por aplicativos. Quanto à censura, o PL na verdade reduz o poder de megaempresas como o Facebook censurarem conteúdos (obrigando a justificar a ação e apresentando meios de apelar da decisão). Por essa ótica, o PL não é uma ameaça à liberdade de expressão. Na realidade, o projeto busca colocar regras para a atuação das big techs, as grandes empresas de tecnologias responsáveis pelas redes sociais.

A posição das big techs, naturalmente, tem sido contrária ao PL. Vimos isso claramente nos últimos dias em campanhas de publicidade do Google. Essas empresas bilionárias querem responsabilidade zero pelo que propagam mundo a fora. Não

querem gastar com mecanismos de filtros de conteúdo irresponsáveis e às vezes criminosos. As big techs sabem que a desinformação, as fake news e o discurso de ódio muitas vezes movimentam suas redes, gerando engajamento e produzindo mais lucros.

Como aponta o professor e pesquisador da UNB, Luís Felipe Miguel, “as big techs não querem ser tratadas pelo que de fato são: empresas de comunicação, não apenas de tecnologia. É o conteúdo – que nós produzimos de graça para elas – que atrai os usuários. Então, tais empresas devem assumir as responsabilidades próprias de empresas de comunicação”. Os algoritmos das redes sociais (fórmulas matemáticas que determinam se uma postagem terá mais ou menos alcance e para quem ela será mostrada) precisam ser fiscalizados. Em resumo, o PL propõe reduzir o poder praticamente irrestrito que as big techs têm hoje. Segundo o professor Luís Felipe Miguel, “o medo das empresas é que seja seguido o exemplo da União Europeia, onde o poder público está enfrentando as big techs”.

Na Europa, a partir do segundo semestre, as megacorporações digitais estarão submetidas a regras rígidas, como: fiscalização dos algoritmos por especialistas; proibição de publicidade direcionada a crianças; informação aos usuários sobre quem está promovendo cada anúncio; proibição de que anúncios se baseiem em dados como etnia, religião e orientação sexual; garantia maior de privacidade, segurança e proteção de menores; possibilidade de que usuários optem por não participar dos sistemas de recomendação das redes sociais.

Há críticos do PL 2630 que argumentam que o Estado brasileiro não possui um histórico de

respeito às liberdades democráticas e que nossas instituições públicas não teriam a autoridade ou a credibilidade suficiente para desempenhar o papel de mediação, verificação e regulamentação do ambiente das redes sociais. Certamente esse é um ponto que precisa ser considerado. Porém, mesmo com as deficiências e imperfeições da atuação dos órgãos públicos como agentes reguladores, a necessidade da regulação da internet se impõe diante do cenário atual em que as big techs gozam de um poder quase irrestrito. É preciso garantir que outros agentes (estado e sociedade) possam participar democraticamente da configuração de um ambiente digital mais saudável. Por isso é necessário que a regulamentação não opere estritamente no âmbito estatal, mas garanta a existência de órgãos públicos de mediação e regulamentação permeáveis à fiscalização e à participação da sociedade civil. É possível, sim, colocar alguma ordem no ambiente digital e proteger minimamente a sociedade da desinformação e da incitação ao ódio. As grandes empresas e os opositores ao PL tentam dizer que não é possível regulamentar e que o projeto se trata de censura. Mas não. Nós estamos lidando com megaempresas tão lucrativas que elas podem, sim, arcar com os custos de uma gestão mais responsável dos conteúdos. O PL, então, é uma forma de proteger nossas crianças, nossa democracia e nosso direito de acesso à informação de qualidade. A esfera pública (digital ou não) precisa de regras e não pode ser dominada por megaorganizações privadas que atuam visando exclusivamente aos seus próprios interesses.

*Jornalista, mestre em Comunicação Social pela UFJF.

Chamamento Público para Agricultura Familiar 2023

A Secretaria Municipal de Educação, por meio da Secretária Paula Chaves Teixeira Pinto, torna público o Edital de Chamamento para aquisição de gêneros alimentícios da Agricultura Familiar. Os interessados deverão se apresentar no Setor de Licitação da Prefeitura Municipal de Resende Costa, munidos de suas documentações, no dia 07 de junho às 8h.

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CÂMARA DE RESENDE COSTA INFORMA

Rua Evando Vivas de Resende

De autoria dos vereadores

Luís Fernando da Silva e Elson Antônio Ribeiro, o PROJETO DE LEI Nº 49/2023 dá o nome de RUA EVANDO VIVAS DE RESENDE, a atual Rua Um (nome provisório), situada no bairro Expedicionários. Evando Vivas de Resende nasceu na fazenda do Rio do Peixe – São Tiago, em 15/03/1917 e faleceu em 28/07/2005. Era filho de José de Resende e Antônia Vivas de

Resende. Foi casado com Maria da Conceição Resende e teve 10 filhos. Durante toda sua vida foi fazendeiro, exerceu a função de inspetor escolar da Escola Estadual Sousa Maia (1965-1969) e sempre colaborou com a Prefeitura Municipal, fornecendo cascalho para manutenção das estradas vicinais da região. Contribuía, anualmente, com o Hospital Nossa Senhora do Rosário e o com o Lar São Cami-

lo de Lellis por meio de doação de animais para leilões institucionais.

Também foi um dos sócios fundadores do Parque do Campo, atual Parque de Exposições Prefeito Gilberto Pinto, e ajudou na construção do campo de futebol do antigo Colégio Nossa Senhora da Penha, emprestando tratores para a execução da terraplanagem.

O PL foi aprovado por unanimidade e deu origem à Lei Municipal nº 5.109/2023.

Câmara presente em eventos

- VI ENCONTRO DE RELAÇÕES RACIAIS E SOCIEDADE (ERAS): Promovido pelo Instituto Federal – IF Sudeste, que aconteceu nos dias 26 e 27 de abril, em São João del-Rei.

- 13ª FESTA SERTANEJA DO POVOADO DO BARRACÃO: Realizada entre os dias 21 a 23/04 de 2023.

- XVII FESTA DO CARRO DE BOI DE JACARANDIRA: Realizada entre os dias 28 a 30/04 de 2023.

Outros projetos aprovados em abril

PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 03/2023: Dispõe sobre o Plano de Metas e Prioridades do Legislativo para o exercício financeiro de 2024. Aprovado por unanimidade, o projeto resultou na Resolução nº 450/2023.

PROJETO DE LEI Nº 36/2023: Cria as seguintes vagas na Estrutura Administrativa da Prefeitura Municipal: 04 vagas para o cargo de Professor Apoio e 02 para o cargo de Motorista. Aprovado por unanimidade, o Projeto resultou na Lei Municipal nº 5.105/2023.

PROJETO DE LEI Nº 38/2023: Cria o cargo de Advogado Municipal na Estrutura Administrativa da Prefeitura Municipal. O cargo será provido por servidor público concursado que atenda aos requisitos legais e necessários para a investidura no serviço público. Aprovado por unanimidade, o Projeto resultou na Lei Municipal nº 5.107/2023.

PROJETO DE LEI Nº 46/2023: Autoriza contratação de um técnico em enfermagem por tempo determinado, especificamente para vacinação da gripe e Covid – 19, durante o período de 10/04 a 31/05 de 2023. Aprovado por unanimidade, o Projeto resultou na Lei Municipal nº 5.102/2023.

Autorização de repasses aprovados em abril

PROJETO DE LEI Nº

48/2023: Autoriza o repasse no valor de R$26.000,00 para o Conselho Comunitário Salva Terra de Jacarandira para promoção da XVII Festa do Carro de Boi do Distrito de Jacarandira. Aprovado por unanimidade, o Projeto resultou na Lei

Municipal nº 5.108/2023.

PROJETO DE LEI Nº

50/2023: Autoriza o repasse no valor de R$197.052,46 para a Associação dos Pequenos Produtores e Trabalhadores Rurais de Resende Costa – ARCOSTA, visando a ofe-

recer suporte e fomento ao meio rural através da aquisição de uma balança rodoviária para auxiliar os produtores rurais em suas atividades econômicas, como na pesagem de grãos e de animais. Aprovado por unanimidade, o Projeto resultou na Lei Municipal nº 5.104/2023.

Autorização de créditos especiais e suplementações aprovados em abril

PROJETO DE LEI Nº

37/2023: Autoriza a abertura de crédito especial no valor de R$47.000,00 para a contratação temporária para o cargo de Advogado Municipal. Aprovado por unanimidade, o Projeto resultou na Lei Municipal nº 5.106/2023.

PROJETO DE LEI Nº

43/2023: Autoriza a abertura de crédito especial no valor de R$13.000,00 para o custeio da alimentação de pacientes em tratamento de doenças renais na cidade de São João del-Rei, por meio do Programa de Tratamento Fora do Município. Aprovado por unanimidade, o Projeto resultou na Lei Municipal nº 5.099/2023.

PROJETO DE LEI Nº

44/2023: Autoriza a abertura de crédito especial no valor de R$45.000,00 para a contratação de empresa especializada na prestação de serviços de assessoria técnica, com o fim específico de captação de recursos junto aos órgãos e entidades que compõem a administração pública federal e estadual. Aprovado por unanimidade, o Projeto resultou na Lei Municipal nº 5.100/2023.

PROJETO DE LEI Nº

45/2023: Autoriza a abertura de crédito especial no valor de R$105.255,79 com o objetivo de executar projeto de calçamento com bloquetes sextavados em ruas do município. Aprovado por unanimidade, o Projeto resultou na Lei Municipal nº 5.101/2023.

PROJETO DE LEI Nº

47/2023: Autoriza a suplementação do orçamento da Secretaria Municipal de Saúde, no valor total de R$242.000,00, para continuidade da reforma dos postos de saúde da zona rural do município, além de aquisição de materiais de consumo para os consultórios odontológicos municipais. Aprovado por unanimidade, o Projeto resultou na Lei Municipal nº 5.103/2023.

PROJETO DE LEI Nº

51/2023: Autoriza abertura de crédito especial no valor de R$35.450,99 para execução de obra de cobertura e reforma da quadra poliesportiva do bairro Nova Resende. Aprovado por unanimidade, o Projeto resultou na Lei Municipal nº 5.110/2023.

PROJETO DE LEI Nº

52/2023: Autoriza abertura de

crédito especial no valor de R$70.000,00 para aquisição de equipamentos que irão compor as montagens das salas das centrais de videomonitoramento municipal, possibilitando a vigilância das áreas públicas. Aprovado por unanimidade, o Projeto resultou na Lei Municipal nº 5.111/2023.

PROJETO DE LEI Nº

55/2023: Autoriza a abertura de crédito especial no valor de R$64.772,04 para o custeio de termo aditivo para a troca de passagens elevadas da Avenida Alfredo Penido. Aprovado por unanimidade, o projeto resultou na Lei Municipal nº 5.114/2023.

PROJETO DE LEI Nº

56/2023: Autoriza a abertura de crédito especial no valor de R$76.000,00 para a aquisição de um veículo de passeio para uso exclusivo no transporte escolar. Alunos portadores de necessidades especiais, cadeirantes e aqueles que moram em localidades de difícil acesso aos ônibus escolares serão beneficiados pelo veículo. Aprovado por unanimidade, o projeto resultou na Lei Municipal nº 5.115/2023.

PROJETO DE LEI Nº 53/2023: Estabelece, em caráter excepcional e temporário, a jornada de trabalho de 06 horas diárias para servidores públicos municipais ocupantes dos cargos de Servente, Motorista e Gari que estiverem lotados na Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos na limpeza urbana, lotados na coleta de lixo e na varrição das vias urbanas, sem prejuízo de seus vencimentos. Aprovado por unanimidade, o Projeto resultou na Lei Municipal nº 5.112/2023.

PROJETO DE LEI Nº 54/2023: Cria o adicional de incentivo por exercício de função, destinado exclusivamente aos servidores ocupantes do cargo de motorista, lotados na Secretaria Municipal de Saúde, que estejam vinculados ao transporte de pacientes do Programa de Tratamento Fora do Município – TFD. Aprovado por unanimidade, o projeto resultou na Lei Municipal nº 5.113/2023.

PROJETO DE LEI Nº 57/2023: De autoria de todos os vereadores da Câmara Municipal de Resende Costa, o projeto fixa o subsídio dos vereadores do município de Resende Costa para a legislatura 2025/2028 no valor de R$3.007,08. Resende Costa tem hoje um dos menores subsídios pagos aos vereadores de nossa região, somados à defasagem dos vencimentos, diante da diferença de aplicação do reajuste do salário mínimo com os índices de correção da inflação. Aprovado por unanimidade, o projeto resultou na Lei Municipal nº 5.116/2023.

PROJETO DE LEI Nº 58/2023: De autoria de todos os vereadores da Câmara Municipal de Resende Costa, o projeto fixa o subsídio do Prefeito Municipal, do Vice-Prefeito Municipal e dos Secretários Municipais para o mandato de 2025/2028. O subsídio mensal do Prefeito Municipal é fixado em R$16.542,22; do Vice-Prefeito Municipal, em R$6.014,15 e de Secretário Municipal, em R$5.262,38. A aumento se dá em decorrência de imposições legais que estabelecem que o município não pode pagar mais que o subsídio do prefeito aos servidores. Desse modo, vêm ocorrendo recorrentes rescisões dos profissionais de medicina em nosso município pela defasagem dos vencimentos dos médicos. Em relação aos Secretários Municipais, Resende Costa vem crescendo muito, aumentando a necessidade de profissionais mais capacitados e experientes. Aprovado por unanimidade, o projeto resultou na Lei Municipal nº 5.117/2023.

Indicações, requerimentos e moções aprovados em abril

- MOÇÃO Nº 02/2023: De autoria do vereador José Cláudio de Sousa Resende, a moção traz uma manifestação de repúdio à decisão do Governo Federal pela saída do Brasil do Consenso Internacional de Genebra. A Moção foi aprovada por unanimidade e encaminhada às seguintes autoridades: Presidente da República, Senador Presidente do Senado Federal, Deputado Presidente da Câmara Federal.

- INDICAÇÃO 02/2023: De autoria do vereador José Assis Sobrinho, a indicação requer que seja estudada a possibilidade de o Executivo Municipal realizar obras de manutenção na Ponte da Restinga de Baixo e na Ponte da Tapera. A Indicação foi aprovada por unanimidade.

JORNAL DAS LAJES • PÁG. 3 ANO XX Nº 241 - MAIO 2023
Vereador Luís Fernando (Guerra), juntamente com as filhas do Sr. Evando, Betinha e Edna, e o vereador Elson (Coló) na votação do Projeto.
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PÁG. 4 • JORNAL DAS LAJES ANO XX Nº 241 - MAIO 2023 GOVERNO MUNICIPAL INFORMA INFORME PUBLICITÁRIO

Sara, a filha de resende-costense na linha de frente do Reszendão 2023

JOSÉ VENÂNCIO DE RESENDE

No curtíssimo prazo, Sara Ethel de Rezende – descendente de família resende-costense – trabalha para que seja um sucesso o Encontro Nacional dos Reszendes – o Reszendão 2023 -, a acontecer nos dias 22 e 23 de julho em Conselheiro Lafaiete; e para isso conta com a parceria dos demais membros da comissão organizadora: o padre Roberto, a Cida (do Dr. Júlio), o Márcio, o Tadeu, o Edson da Cera Luminosa, o Nilson Canuto, o Geraldo Magela e a sua esposa Maria José. Num prazo mais longo, ela tem um projeto de fôlego, aliás dois: escrever um livro sobre a vida de João de Resende Costa e o outro, de “minha linhagem, contando as histórias de família”.

Por volta de 1945, o pai de Sara, Rafael Arcanjo de Rezende, saiu de Resende Costa e foi estabelecer-se em Lafaiete onde o irmão José Rafael de Resende possuía o sítio denominado Coqueiros. “Meu pai afirmava que saiu de Resende Costa fugido. Estava fugindo das moças que queriam se casar com ele. As moças estavam no seu pé... E nós completávamos a história, dizendo que não adiantou ele fugir, pois em suaf uga encontrou uma linda jovem, estatura mediana, pele clara, olhos azuis, gênio forte (contam que era uma das mais bonitas da região), descendente de Ferreira da Fonseca, por quem se apaixonou perdidamente e com quem veio a se casar.”

Rafael Arcanjo é filho de Rafael Fortunato de Resende e de Maria Ismênia, da antiga Fazenda Passatempo. Com o dinheiro da venda de seu terreno e de seu cafezal em Resende Costa, Rafael Arcanjo adquiriu o sítio do irmão em Lafaiete, construiu uma casa nova e se casou, em 1950, com Geralda Ferreira da Fonseca, também, ela, uma descendente de Reszendes, “porém com o gênio forte dos Fonsecas. O seu casamento,que foicelebrado na antiga fazenda Pai Miguel, nos Coqueiros, foi regado a catira dançada por seus irmãos e seu pai”, conta Sara.

Desse casamento, nasceria Sara, em 1971, no sítio dos Coqueiros, povoado de São Gonçalo do Brandão, pelas mãos da parteira dona Maria, tornando-se a 12ª de 15 filhos. Rafael era muito dedicado à família, recorda Sara: “Sempre nos falava de seus irmãos e dos conselhos recebidos de seus pais, dando-nos suas referências

patriarcais como exemplo de vida. Contava, especialmente, sobre sua irmã Cecília, que se casara e que, juntamente com seu marido e seus filhos, resolveu tentar a sorte em Goiás”. Mas a última notícia que o pai de Sara teve de Cecília foi que, durante uma viagem, ela morrera e fora enterrada em beira de caminho nos rincões de Goiás.

Sara é uma apaixonada pelas histórias de família, tanto que “comecei a postar sobre os Reszendes e os Ferreira da Fonseca em páginas da Internet. E Vilma, da cidade de Parauapebas, no estado do Pará, entrou em contato comigo, dizendo ser neta da tia Cecília, a irmã nunca mais vista. Era um elo que estava perdido, mas que foi encontrado devido a essa paixão dos Reszendes de se comunicarem entre si. E minha prima Ana veio a Lafaiete se encontrar comigo. E foi maravilhoso nosso encontro, infelizmente apenas com a memória de nossos pais”. Memória que Sara cultiva de outras formas, como, por exemplo, a visita frequente aos primos que moram em Resende Costa. São eles: Ailtom, Jesus, Nelson, Wanderley e Celso “filhos de Tia Amelia, já falecida. Outros se espalharam pelo Brasil”.

PAIXÃO É a “paixão dos Reszendes” que faz toda a diferença, explica Sara, pois “nos definimos como primos, parecendo sermos ligados por um fio de ouro que, quanto mais nos conhecemos e incluímos outros parentes, mais se fortalece. É mágica e viciante essa paixão dos Reszendes de se comunicarem, sem ao menos se conhecerem pessoalmente. E a Internet me mostrou que não vivemos apenas de comunicação a distância, mas também de um belíssimo achado de raízes perdidas”.

Sara é casada com Edson Geraldo Gonçalves e mãe de dois filhos: Maurício e Marcela. “No meu casamento, três gerações estavam no altar, na capela de São Gonçalo do Brandão: meus pais,

completando Bodas de Ouro; eu, como filha me casando; e Jaqueline, como neta, completando 15 anos. Foi uma comemoração inesquecível, celebrada pelo maravilhoso Padre Osni, com direito a festa no sítio dos Coqueiros. Meus pais já faleceram, mas ainda carrego comigo as boas lembranças de nossas conversas nos almoços de domingo; das orações em família antes de dormir; dos nossos jogos de truco (minha mãe gostava); da aglomeração em frente à pequenaTV, todos juntos; das visitas às famílias mais distantes”

Antes de falecer, sua mãe Geralda pediu que Sara pesquisasse sobre a família e registrasse todas as descobertas. “Desde então, procuro minhas raízes. É uma forma de manter viva a mensagem de amor à família que meus pais queriam que os filhos vivessem. E tenho descoberto coisas tão interessantes que, apesarde não poder compartilhar mais com meus pais, faço como homenagem a eles.”

Na vida profissional, Sara fez cursos de Enfermagem na Escola Técnica Atlas e de RX na Escola Técnica Estec (ambas de Conselheiro Lafaiete), e ainda curso em Tomografia na Escola Técnica Novo Rumo (de Belo Horizonte). Atualmente, ela aplica todo esse conhecimento acumulado na Policlínica Municipal de Conselheiro Lafaiete. Mas ainda sobra tempo: “Em minhas folgas, cuido do meu sítio e ainda me comunico com parentes, pesquisando histórias de família”.

Ela não se considera nem genealogista nem escritora, mas, em conjunto com o primo Ney e outros colaboradores, está fazendo a árvore dos Reszendes no site GeneaMinas*. “Sigo ajudando com pesquisas e árvores. Quero escrever dois livros: um, contando a história de vida de João de Resende Costa – uma história de minha imaginação, com dados de época. E outro, com a minha linhagem, contando as histórias de família. Quero também viajar a Portugal, onde tudo começou.”

Sara já conhece a linhagem direta de João de Resende Costa, “tanto da parte de meu pai como de minha mãe; tenho isso já registrado. E consegui isso através de pesquisas em sites, no livro de Arthur Resende e em investigações com parentes”. Mas ela quer ir além: “Há poucos dias, houve uma reportagem na tevê sobre um teste de DNA, em site genealógico, confirmando uma ligação entre irmãos desconhecidos. Isso nos

instiga, nos anima, no sentido de buscar nossos elos perdidos.”

RESZENDÃO EM LAFAIETE

Sara participou de um único Reszendão: o de Congonhas (MG). “De todos os meus irmãos, eu sou a mais apaixonada. Meus irmãos pegam minha carona nas histórias, deixando pra mim a responsabilidade do resgate de histórias que vou passando para eles. Tanto que fui sozinha a Congonhas, com a cara e a coragem, e lá me encontrei com primos que me fizeram companhia. Então, não me senti sozinha nesse encontro; afinal, somos todos primos.”

Em Congonhas, o Padre Roberto Francisco de Resende “pegou a bandeira do Reszendão para trazer para Conselheiro Lafaiete”, conta Sara: “Ele entrou em contato comigo este ano para formarmos uma comissão. E, pelo suporte que estou dando, virei uma espécie de secretária dele, cuidando dos pequenos detalhes até os mais altos níveis da organização”.

Para os próximos Reszendões, Sara defende que haja uma organização quanto a quem vai pegar a bandeira “Ainda está muito aleatório”. Assim, ela espera que se chegue a um “bom acordo”. É que, em Congonhas, “dona Odete (Odete Egg de Resende) simplesmente olhou para o padre e sugeriu que ele pegasse a bandeira. Ele se animou e, assim, Lafaiete se tornou a cidade do Reszendão de 2023”.

Este ano, em Lafaiete, “como sempre, faremos homenagem ao patrono João, mas também consideramos Caetano como um patrono. O português João de Resende Costa foi o primeiro Resende de que se tem registro que chegou ao Brasil, por volta do ano de 1720. Posteriormente, vieram seus irmãos Francisco e Francisca. E também um seu primo, o Caetano de Souza Resende**. E deixaram sua descendência”.

Sara comemora, particularmente, a descoberta de Francisco da Costa, “irmão de João de Resende Costa, que também deixou descendência no Brasil. E, por sinal, um descendente seu é membro de nossa comissão organizadora: Edson Resende (Edson da Cera Luminosa)”. Esse achado é fruto de “minhas pesquisas com Reszendes da minha região, Lafaiete, e também no livro de Arthur Resende, que faz menção ao avô e a tios de Edson”, explica. Há “relato de Francisco ter vindo ao

Brasil anos depois de João, e não há muitos registros dos seus descendentes”.

Sara defende a agregação de todos os Resendes, independentemente de seu local de origem; quer um evento ampliado e inclusivo. “O Reszendão começou em 1999, tendo como referência o patrono João. Todos os Reszendes foram acolhidos como descendentes dele”. Porém, há o “outro ramo de Reszendes, que pertence a Caetano, provavelmente primo de João e que chegou ao Brasil alguns anos mais tarde. O livro de Cláudio Bastos Resende*** é documentado com referências de sua raiz vinda de Caetano. Assim, no Reszendão desse ano, queremos agregar todos os Reszendes, pois, a partir do começo, em Portugal, temos a mesma linhagem”.

ENCOMENDAS DE CAMISAS

Sara identifica uma certa animação para o Rezsendão de Lafaiete, tendo como base, principalmente, as encomendas de camisas. Além do valor da inscrição, “apenas 30 reais”, “aceitaremos doações, pois faremos uma prestação de contas e reverteremos o saldo final para o asilo Dr. Carlos Romeiro, emLafaiete”. E, “Pelas respostas nas divulgações que temos feito, nossos primos estão animados”, mas “a parte da inscrição está muito lenta”.

Por isso, Sara apela a “todos os Reszendes e seus agregados (do Brasil inteiro) para participarem”. Ela acha que o Reszendão deveria “ir muito além de apenas uma confraternização, sendo também um modelo de união, de amor ao próximo, de paz em tempos de guerra. Que seja um marco que exprima cultura, tradições, evolução do ser humano”. E conclui: “Será um momento de confraternizar, recuperando nossas raízes, conhecendo-nos com muita diversão, comendo, dançando, contando nossas histórias”.

*GeneaMinas: https://www. geneaminas.com.br/

**Caetano de Souza Resende é oriundo da Freguesia de Milheirós de Poares, Município de Santa Maria da Feira, região norte de Portugal.

***“Família Resende Rezende – Genealogia das Minas aos Sertões”, 2018, Editora Kelps, Goiânia (GO).

Acompanhe as informações sobre o 23º Reszendão/2023/Cons. Lafaiete/MGno facebook

JORNAL DAS LAJES • PÁG. 5 ANO XX Nº 241 - MAIO 2023
Perfil
Sara, uma das organizadoras do Reszendão 2023

De olho na cidade

Nova sede da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer da Prefeitura Municipal de Resende

No último dia 5 de maio, a Prefeitura Municipal promoveu a inauguração da nova sede da Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Lazer de Resende Costa. A casa, localizada na Av. Ministro Gabriel Passos, nº 8, bonita e muito bem decorada para o evento, naquela manhã ensolarada e de céu azul, recebeu o prefeito municipal, seu vice, vereadores, educadores, além de outras autoridades da cidade. É preciso destacar que a equipe responsável pela Secretaria, formada por oito mulheres, cuidou de convidar professoras da rede municipal de ensino e quatro mestres que, em gestões passadas, ocuparam a chefia da Secretaria, atualmente a cargo da historiadora e também professora, Dra. Paula Chaves.

A nova sede, localizada ao lado da Escola Estadual Assis Resende, deixou para trás um espaço físico limitado, incapaz de oferecer melhores condições de trabalho para a equipe e de atendimento ao público.

O edifício da nova sede tem sua história. Construída no início da década de 1920, o casarão ocupava espaço de mais de 1000 m² e somente possuía como vizinho o prédio da Escola Estadual

Assis Resende. Quem aprecia fotos antigas, sabe do quão espaçosas eram as áreas privadas e logradouros naquela época. A cidade, até poucos anos atrás (1912), antes da construção do sobrado, era uma vila que pertencia ao município de Tiradentes. O desenvolvimento, portanto, tomou impulso com a eleição de prefeito municipal e câmara de vereadores responsáveis pela gestão administrativa da cidade, após sua emancipação.

Ao longo de um século, o casarão que agora abriga a Secretaria pertenceu à minha família. Nele moraram meus avós maternos, Joaquim Pinto Lara e Heloísa Macedo Lara. O casal, como de costume na época, teve muitos filhos, que ali nasceram e foram criados. Desses filhos, três estão

vivos: Gonçalo, Isabel e Lúcia.

Após a morte de meus avós, o imóvel passou a pertencer aos meus pais, Geraldo Melo (19251984) e Terezinha Macedo Lara Melo (1926-2012). Ali moramos durante décadas, até eu e meus irmãos decidirmos colocá-lo à venda, sempre interessados em que ele fosse anexado à Escola Estadual Assis Resende. Víamos ali a chance de a escola ampliar seu

De um ponto de vista

JOÃO BOSCO DE CASTRO TEIXEIRA*

Domingo, 30 de abril, dez horas da manhã: final da Superliga Masculina de Vôlei. Dois grandes times, ambos de Minas Gerais, que haviam derrotado, nas semifinais, equipes de São Paulo. Mais uma vez tivemos uma final “pão de queijo”.

O Itambé/Minas fez uma superliga irregular. Aos poucos foi que conseguiu alcançar o patamar que muitas vezes lhe coube. Chegou à final.

O Sada/Cruzeiro, embora tivesse perdido seu talvez maior expoente, durante a competição, encabeçou sempre a classificação. E a final lhe era devida.

Para orgulho de Minas e dos mineiros, duas grandes equipes.

Mas, na verdade, uma melhor que a outra. Uma diferença tão acentuada que a ninguém passou desapercebida. E, coisa mais notável ainda: a melhor equipe, do Sada/Cruzeiro, entrou em campo como se estivesse disputando a taça pela primeira vez. Que garra! Que luta! Que aplicação! Em consequência: sobrou em quadra e, mais ainda, não deixou o Minas jogar. Literalmente, o Itambé/Minas não conseguiu jogar.

Apaixonado pelo esporte, até porque sou educador – e acho que só isso tenho sido na vida –, fica para mim, dessa disputa final no vôlei masculino, uma lição nada desprezível: em quantas circunstâncias, em quantos momentos da

espaço e passar a atender novas demandas que um prédio muito antigo já não dava conta de oferecer. O governo do estado chegou a propor a compra, porém, depois de tudo acertado entre as partes e faltando uma semana para a assinatura dos papéis, desistiu do negócio. A partir desse momento, a prefeitura começou a analisar a possibilidade de adquiri-lo. E assim o fez. Em dezembro de 2021, a compra foi efetuada. No dia da inauguração da nova sede da Secretaria de Educação, representando meus irmãos e demais membros da família Lara, pude relembrar e relatar momentos ricos, repletos de atividades desenvolvidas naquele espaço. Meu avô, sapateiro e dono do Cartório de Registro de Imóveis que funcionava na parte de baixo da casa, fazia dele, também, ponto de encontro com amigos, enquanto minha avó cuidava do lar e das crianças. No quintal havia um grande pomar, privada seca, caixa d’água, criação de porcos e galinhas. Nele, também, assavam-se biscoitos no grande forno a lenha e produziam-se doces e vinhos de laranja. Nada muito diferente de outras casas do município. De precário, a falta de

fornecimento de água encanada e tratada: era preciso buscá-la em uma das fontes existentes. Também a luz elétrica, muito ruim, que só melhorou com a chegada da Cemig ao município em 1962. Na parte central da casa, além de quartos, sala e cozinha e um banheiro, ficava o arquivo da banda de música, da orquestra e do coral, que tinham o nome de Santa Cecília. Esses grupos musicais de nossa cidade eram dirigidos pelo meu avô, que atuava como maestro, compositor, instrumentista e cantor; e minha avó, como violinista e cantora. Na sala jogava-se truco, falava-se de política e planejavam-se bailes, que aconteciam em residências de amigos, e imensas serenatas que ocorriam com frequência na cidade.

Esse foi, portanto, um lugar alegre, cheio de vida, repleto de muitos prazeres que eram compartilhados com demais parentes e amigos da família. Em minha fala, durante a festa de inauguração, disse que, de certa forma, a casa ainda nos pertence, já que fazemos parte da comunidade que dela agora é proprietária. O espaço leva o nome de minha mãe: Terezinha Lara, visto que

Costa

vida, pessoas, reconhecidamente brilhantes, ou ocupantes de postos com poder próprio inalienável, não deixam que seus subordinados, ou outros que com elas convivam... vivam. Que experimentem quanto é difícil o viver

A disputa final do título da Superliga Masculina de Vôlei era uma competição em que vencer era essencial, isto é, derrotar o adversário.

Na vida, é diferente. Quando na vida se estabelece a competição, quando na vida para vencer é preciso derrotar alguém, a competição estabelecida se constitui em erro imperdoável.

O esporte faz parte da vida. A vida, porém, não se reduz ao

esporte. O esporte é notável recurso para o processo educativo. Este, no entanto, vai bem além da beleza e importância do esporte. O esporte é boa ocasião para que se aprenda a lidar com a frustração. Mas, na vida, a frustração não pode significar derrota. A meu ver, pois, é preciso eliminar do processo educativo qualquer competição, dado que se lida com gente diversificada em suas aptidões. A única competição possível em educação é aquela estabelecida entre uma pessoa e ela mesma. Ela consigo mesma. Como se erra quando no trabalho, na experiência religiosa, na busca da felicidade, da liberdade, estabelece-se quase como

Autoridades municipais e filhos de dona Terezinha Lara em frente à porta de entrada da nova sede da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer

na cidade atuou como professora primária no Assis Resende, professora e diretora da Escola Municipal Conjurados Resende Costa, além de musicista com atuação marcante como organista da Matriz de Nossa Senhora da Penha de França e participante do Coro e Orquestra Santa Cecília, atuando como cantora, regente e violinista.

E que o espírito fraterno de cordialidade, amizade e bons trabalhos permaneça para sempre no Espaço Terezinha Lara.

que uma competição entre os vários atores da vida: o pai que não deixa o filho viver – blinda de tal modo o filho que não lhe sobra espaço para viver; o professor que não deixa o aluno aprender –quer lhe ensinar tudo; o padre que não deixa o fiel duvidar, cobra dele sempre uma fé inabalável; o instrutor do esporte que não admite uma queda da bicicleta, a perda de uma penalidade máxima, o salto mal executado – quer seus aprendizes longe do risco.

Viver é perigoso. Mas, “deixem-me viver”.

*Professor aposentado da UFSJ, membro da Academia de Letras de São João del-Rei.

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Deixem-me viver, jogar, rezar, aprender
Foto: Cássio

ACONTECEU Por Vitória Cristina

Barracão e Jacarandira abrem temporada das festas rurais em Resende Costa

No final de semana dos dias 21, 22 e 23 de abril, aconteceu a Festa do Povoado do Barração. Neste ano, a festa contou com cinco organizadores, sendo eles: Flávio, Eleandro, Ivânia, Zé Geraldo e Eliene. O evento contou também com a participação de bandas e duplas sertanejas.

Flávio, presidente do Conselho Comunitário do Barracão, destacou a importância das festas rurais nesta época do ano. “Acho muito importante porque recebemos pessoas de outras regiões que acabam conhecendo nossa comunidade. Foi muito gratificante fazer parte da organização do evento, principalmente para todos da comissão organizadora. Neste ano, tivemos outro roteiro na nossa cavalgada e o pessoal elogiou bastante, foi bem aceito pelo público que participou do evento”.

Paula Sheylla, digital influencer

country, elogiou a 13ª Festa do Povoado do Barracão. “Estava muito boa. Eu estava na expectativa desde 2019, que foi a última. Por causa da pandemia, a festa veio acontecer de novo só no ano de 2023”.

Na sexta-feira, 21, aconteceu a abertura da festa com dois shows de Igor Penna e da dupla Lipe e Gustavo. “Geralmente, na sexta-feira, costuma ter menos movimento; mas, por ter sido feriado (Dia de Tiradentes), até que houve bastante gente. No sábado, aconteceu a cavalgada. Na chegada, show com Luís Paulo. Na noite de sábado, mais shows: César e Sampaio, Douglas Donare e DJ. Foi uma noite muito agradável, na qual todos se divertiram bastante. No domingo, para fechar, aconteceu o Concurso de Marcha de Equinos, com vários participantes inscritos. Durante todo o evento, houve funcionamen-

to das barraquinhas com comidas típicas de festa de roça, como, por exemplo, o tradicional tropeiro. Enfim, a festa foi muito boa e já estou aguardando a de 2024”, conta Paula Sheylla.

JACARANDIRA

No final de semana dos dias 28, 29 e 30 de abril, foi a vez do distrito de Jacarandira comemorar a tradicional “Festa do Carro de Boi de Jacarandira”. Sebastião, presidente do Conselho Comunitário de Jacarandira e um dos organizadores da festa, falou sobre a relevância do evento para a manutenção da cultural rural. “As festas de roça mantêm viva essa tradição. E, se mantida, podemos relembrar os velhos tempos, dos nossos pais, dos nossos avós”. Ele destacou também a organização e a grande presença do

público no evento. “Este ano apresentou um aumento no nível da organização e da preparação. Em termos de quantitativo de presenças, acredito que tenha mantido a situação de 2019, quando tivemos a última festa. Tivemos algumas novidades esse ano. Uma delas foi logo na abertura: o resgate de uma Jacarandira de algumas décadas atrás, com a mostra de fotos antigas, de várias famílias locais, em vários momentos. Também tivemos o lançamento do aniversário do Distrito, que celebra 80 anos em 31 de dezembro deste ano. E uma terceira novidade foi a reafirmação do nosso Festival de Música Regional, que em sua segunda edição incentivou os artistas locais a se apresentarem para toda a comunidade”.

De acordo com Sebastião, organizar as atrações da festa foi um desafio. “Tivemos de pensar em

todos os públicos presentes, sobretudo na sintonia e energia entre os artistas e os convidados. E quando se via na quadra o público cantando junto, as pessoas dançando com grande alegria, avaliamos que nossas escolhas foram bem realizadas pela organização”. Além disso, ele ressalta como foi gratificante fazer parte da organização do evento. “É um trabalho cansativo, tanto no nível físico quanto no emocional. Um trabalho voluntário, uma doação grande para a comunidade de todos os membros do Conselho Comunitário. Mas é gratificante na medida em que traz alegrias, resgate da tradição da cultura, dos valores, das belezas desse lindo distrito. Escutar netos ou filhos que seguem a tradição do carro de boi dos avós e pais... É uma coisa marcante para nós da organização”, conclui Sebastião.

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Foto: Comissão Organizadora O cantor Douglas Donare se apresentou na Festa do Povoado do Barracão Lira São Sebastião abrilhantou a abertura da Festa do Carro de Boi de Jacarandira A festa no distrito de Jacarandira resgata e preserva a tradição dos carros de boi Carreiro e seu carro de boi na Festa de Jacarandira

Resende Costa completará 111 anos de emancipação política

Prefeitura Municipal organiza programação especial para as celebrações do 2 de junho

ANDRÉ EUSTÁQUIO

No próximo dia 2 de junho, sexta-feira, Resende Costa comemorará 111 anos de emancipação política. Para celebrar a data histórica, a Prefeitura Municipal planejou diversos eventos que acontecerão na sexta-feira e também no dia 3, sábado. O ponto alto das comemorações é a cerimônia oficial de entrega da “Medalha José de Resende Costa” aos agraciados.

Neste ano, as cerimônias acontecerão na rua Gonçalves Pinto, centro da cidade, exceto a Missa em Ação de Graças, que será celebrada pelo pároco de Resende Costa, padre Marcos Alexandre, na igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha de França, na sexta-feira, 2, feriado municipal, às 8h.

O prefeito municipal em exercício, Lucas Paulo, falou sobre o planejamento dos eventos comemorativos ao aniversário de 111 anos de Resende Costa. Um dos objetivos da administração é reforçar o caráter cívico da data.

“Desde a criação da Mostra de

Artesanato e Cultura, o aniversário da cidade sempre foi comemorado junto com ela e, com isso, acabou ficando um pouco de lado essa data tão especial para todos nós resende-costenses. Então mudamos a ideia neste ano. Fixamos a Mostra de Artesanato no feriado prolongado de Corpus Christi, entre os dias 8 e 11 de junho, para darmos também ênfase ao aniversário de emancipação política do nosso município no dia 2 de junho. Para este ano, planejamos um dia completo de programações com atrações pela manhã e também à noite, inovando com a entrega da Medalha José de Resende Costa aos agraciados, às 20h na rua Gonçalves Pinto. E para finalizar, teremos, às 22h, um show com o cantor Wesley Marques”.

CELEBRAÇÕES

Na manhã do dia 2 de junho, após a Missa em Ação de Graças, acontecerá na rua Gonçalves Pinto, às 9h, a cerimônia de hasteamento das bandeiras com a participação da Banda de Música do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha do Exército, que

fará também uma apresentação musical. Após a apresentação da Banda de Música do Exército, dar-se-á a premiação dos alunos vencedores do “Concurso 111 anos de Resende Costa”.

À noite, a partir das 20h, será realizada na Avenida a cerimônia oficial de entrega da Medalha José de Resende Costa, com a presença de autoridades municipais e convidados, além dos agraciados pela principal honraria do município. Para abrilhantar a solenidade, a programação contará com a participação da Banda de Música Santa Cecília, de Resende Costa. Logo após a cerimônia, o cantor resende-costense Wesley Marques fará um show para o público presente na Avenida.

CAMINHADA PASSOS DE JOSÉ

No sábado, 3, acontecerá a 5ª Caminhada Passos de José, que já se tornou tradicional. Os caminhantes se concentrarão na Praça Cônego Cardoso, em frente à Casa dos Inconfidentes, e sairão às 7h30min rumo às ruínas da histórica Fazenda dos Campos Gerais, que pertenceu ao incon-

O verso e o controverso

JOÃO MAGALHÃES

Os parabéns vão agora porque eu estava ausente daqui. Em 2003, Denilson Daher, fundador do JL, encontrou-se comigo e deu-me o exemplar nº 1 (abril de 2003) e perguntou se eu podia fazer a revisão com possíveis correções dos textos para o próximo número. Fizemos juntos a revisão e ele perguntou logo em seguida se eu poderia escrever o editorial do próximo exemplar. Aceitei com prazer, porque já tinha um pouco de experiência, pois coordenei a edição mimeografada de uma revista, “Vozes do Pio XII”, enquanto ela durou. Pio XII era o seminário maior dos padres camilianos, onde cursamos filosofia e teologia.

Para parabenizar e comemorar os 20 anos de nosso JL, optei por transcrever o editorial que escrevi para o nº 2 (maio de 2003), por seu valor para a história do jornal.

“Lembrando a nossos lei-

tores o que dizíamos em nosso primeiro editorial, o jornal nascia, empunhando duas bandeiras muito importantes: a bandeira da imparcialidade e a bandeira da cidadania atuante.

Chegamos ao 2º mês de vida com a mesma proposta, com idêntico entusiasmo: noticiar, comentar, elogiar, incentivar, sugerir, promover os bons eventos e as coisas positivas de nosso município, mas igualmente alertar, apontar, denunciar, cobrar dos responsáveis as falhas que sempre acontecem na sociedade dos homens. Este 2º número cumpre bem esta incumbência dentro de nosso limitado espaço.

E para tanto só nos cabe agradecer a nossos patrocinadores, sem os quais não existiríamos. Graças a eles já crescemos de 4 páginas para 8. Nossos agradecimentos a todos que se disponibilizaram para conosco. De modo particu-

lar aos proprietários da Fazenda das Éguas, que tão bem acolheram nossa reportagem, despedindo-se de nós com aquele gostoso cafezinho mineiro com biscoito frito na bicentenária cozinha: ao professor Adriano, que coordenou a visita, ao prof. João Magalhães(*) que nos levou de carro graciosamente; à professora Luzia, diretora da Escola Estadual Assis Resende; ao Róbson Souza, “gerex”[gerente executivo] do Banco do Brasil; ao sr. Valcides, conhecido escultor de nossa terra: ao Dr. Joaquim de Souza Lima, presidente da Rádio Inconfidentes FM; ao Dr. Donizetti, meritíssimo Juiz de Direito, os quais nos recepcionaram tão afavelmente.

Agradecemos também ao estudante Ígor Maia Moreira pela ajuda prestada na busca de novos patrocinadores; ao vereador Cristiano Moreira pela verificação que fez do relatório da

fidente José de Resende Costa, o pai.

Na chegada aos Campos Gerais, acontecerá uma visita guiada às históricas ruínas da fazenda, consideradas, por Decreto Municipal de Tombamento, patrimônio histórico do município de Resende Costa.

Programação

Sexta, dia 2 de junho

8:00 - Missa em ação de graças na igreja Matriz

9:00 - Evento Cívico na Avenida

- Hasteamento das bandeiras

- Participação das escolas

- Apresentação da Banda do Exército (11º BI Mth)

- Premiações do Concurso “111 anos de Resende Costa”

20:00 - Cerimônia Oficial de Entrega da Medalha “José de Resende Costa” na Avenida Gonçalves Pinto

22:00 - Show com Wesley Marques

Sábado, dia 3 de junho

5ª Caminhada Passos de José

7:00 - Concentração em frente à Casa dos Inconfidentes

7:30 – Saída dos caminhantes rumo às ruínas da Fazenda dos Campos Gerais

câmara”.

Com o decorrer do tempo, devido a sessões como “Gente que fez e faz história”, “Benzedores e curadores da região”, “Jogo aberto”, “Os “turcos”em Resende Costa”, [na realidade, são sírios e libaneses, apelidados de turcos porque emigravam para a América com passaporte turco, uma vez que o Império Otomano dominava a região deles], as colunas tornaram-se cada vez numerosas; as notícias da região e tantas outras matérias, a popularidade e o prestígio de nosso jornal só foram crescendo. Chegou ao constrangimento de não atender pedidos para publicar textos, devido à falta de espaço.

Nunca vi um jornal voluntário e gratuito com tal longevidade e com tanto conteúdo e procura. O sucesso foi grande. Para citar alguns exemplos: O texto sobre o benzedor Emídio do Bengo virou música (“Deus

na terra” – dupla Lourenço e Lourival, versos do Didico Vieira). A série sobre os “turcos em Resende Costa chegou até ao Líbano. A página do texto sobre o Zé Padeiro ficou colada por um certo tempo na sala da residência de um dos seus filhos.

O periódico tornou-se até hoje um documento histórico de nossa cidade. Quem quiser saber de tudo que aconteceu aqui de importante, de 2003 para cá, basta consultar o JL. Posso afirmar porque tenho todos os exemplares. Do nº 1 ao 240. É o que penso. E você?

(*) Agradeço ao Denilson pelo que publicou abaixo do editorial que escrevi a seu pedido. “Agradecimento Especial: A equipe do Jornal agradece de forma especial ao Prof. João Evangelista de Magalhães que muito nos ajudou, em todo momento, para a publicação desta edição”.

PÁG. 8 • JORNAL DAS LAJES ANO XX Nº 241 - MAIO 2023 ArteLucas Lara
CIDADE
Nosso Jornal das Lajes, parabéns pelo seu aniversário de vinte anos!

A teia do mundo

Atos de fé

O homem nasceu para acreditar. Às vezes nem tem esperança... mas acredita assim mesmo.

Na lotérica, o cara acabou de pagar as suas contas e a moça pergunta atrás do vidro:

– Mais alguma coisa?

Mesmo sabendo que não vai ser sorteado, ele leva um bilhete da loteria ou uma raspadinha. Acredita.

Acredita como muitos também acreditam em diferentes coisas, precisam acreditar. É gente que acredita em horóscopo, gente que acredita em promessas de político, gente que acredita em cartomantes... gente que acredita em fofocas... Uma legião de crentes cuja fé não se explica por si mesma: “Por que acredito nisso? Não sei.”

Homo sapiens... homo ludens... e agora o homo credens.

Toda crença se baseia na fé. Por sua vez, a fé demanda atos que a testemunham. Já que somos indivíduos que acreditam, manifestamos sempre os nossos atos de fé.

Um desses atos de fé é a agenda. Escrever na agenda é acreditar que realizaremos algo. Acreditamos tanto que ninguém marca compromisso na agenda escrevendo coisas do tipo: Ir ao jantar de aniversário da Vera... se eu não adoecer. Ou: Fazer a palestra na faculdade... se não cair um raio na minha cabeça. Ou ainda: Comprar

sapatos... se eu não for atropelado.

Outro ato de fé é o despertador. Colocar o despertador pra despertar é acreditar piamente que estaremos vivos no dia seguinte.

O crediário também é um ato de fé. Na verdade, é um ato de fé compartilhado entre quem vende e quem compra. A prestação é a crença de que estarei vivo para pagar até a última. Comprar a prazo é acreditar.

E o convite de casamento? Ele também é um ato de fé. Quem convida acredita que os noivos dirão sim, que o padre não vai enfartar, a igreja não vai cair e os convidados estarão vivos para comparecerem.

Na escola, ensinar conjugação verbal no futuro é um ato de fé: eu amarei, tu viajarás, ele trabalhará, nós iremos, vós tereis, eles dirão... Quem garante?

Mais ainda, dizemos frases que são verdadeiras orações de fé:

– Até amanhã!

– Até logo!

– Te ligo na semana que vem.

– Volto logo. Não sei, caro leitor, se você concorda com a minha crônica. Não sei, leitora querida, se você diria diferente. Podemos marcar uma conversa para falarmos mais sobre isso. Vamos nos encontrar amanhã!

Quer dizer, se...

*JOSÉ ANTÔNIO OLIVEIRA DE RESENDE é professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Artes e Cultura da Universidade Federal de São João del-Rei. Membro da Academia de Letras de São João del-Rei. E-mail: jresende@mgconecta.com.br

Contemplando as palavras

Hora de parar

Fui uma das mais de 50 mil pessoas presentes no Mineirão no último 26 de março para assistir ao show do Skank, o último da carreira vitoriosa do quarteto, agora desfeito. Juntei-me ao grande coral de vozes afiadas e nem tão afinadas, em certos momentos, ao cantar os maiores hits da banda mineira. “Vou deixar a vida me levar pra onde ela quiser. Estou no meu lugar, você já sabe onde é. Não conte o tempo por nós dois, pois a qualquer hora posso estar de volta, depois que a noite terminar...”

Vi muita gente reunida em grupos de amigos. Ou turmas formadas, aparentemente, por gerações de pais, avós e netos em alegres reuniões embaladas pelas músicas dos artistas mineiros, em despedida à altura do trabalho desenvolvido por eles ao longo de seus 32 anos de carreira. E se teve o Garota Nacional, um dos primeiros e grandes sucessos de Samuel Rosa e companhia, não poderiam faltar, é claro, os fãs declaradamente apaixonados, uma legião deles, a maioria vestida com camisetas alusivas ao evento, ostentando bandanas, faixas, cartazes e canecas idem. Posicionados, evidentemente, na fila do gargarejo, pois fãs de carteirinha só admitem ficar bem perto dos seus ídolos, bem na frente, ainda que levantando o pescoço pela pouca distância do palco, os fanáticos pelo Skank fizeram um espetáculo à parte. Indefectíveis eles! E mesmo os desacompanhados ou em duplas fo-

ram só curtição naquelas três horas de uma noite única. Com a emoção e a animação correndo soltas e ao mesmo tempo misturadas, foi difícil segurar as lágrimas quando, sinalizando o que seria o início do fim do show, Henrique, Lelo, Haroldo e Samuel saíram momentaneamente de cena. “Eu não vou embora não! Eu não vou embora não!!”, essa foi a manifestação da plateia num grito uníssono diante do cenário principal vazio. Como resposta em forma de surpresa para quase todos, trazida pelos quatro integrantes do grupo, eis que surgiu para um público em delírio a figura impagável e emblemática de Milton Nascimento, homenageante e homenageado, marcando ainda mais aquele momento já histórico simplesmente por estar ali presente. Mas Bituca, mesmo fragilizado fisicamente, cantou e, pelos poucos minutos em que esteve diante do público, roubou o protagonismo dos donos da festa. “Sem mais eu fico onde estou. Prefiro continuar distante. Em paz eu digo que eu sou o antigo do que vai adiante...”

Em novembro de 2022, também no Mineirão, Milton já havia feito a sua despedida dos palcos. Seguindo caminho parecido, os rapazes do Skank, porém, radicalizaram, pois, com o perdão do trocadilho, pediram a Saideira, desfizeram-se como conjunto, seguindo cada um o seu caminho. Mas, como a saideira do bar quase nunca é

o último copo de chope ou a última cerveja da noite, bom seria que esse desconforto pelo fim da banda responsável por parte da trilha sonora da vida de tanta gente fosse também apenas a primeira saideira. Um até logo talvez.

A hora de parar. Descontração à parte, cabe aqui uma brevíssima reflexão sobre esse tempo que chega para todos nós. Deixar o trabalho, abdicar de uma atividade prazerosa e ter de adotar uma nova rotina, dar um novo rumo na vida, nada disso é fácil; seja pela necessidade imposta pela idade e/ ou pela fragilidade da saúde, como parecem ser os casos de Milton Nascimento, Rita Lee e tantos outros, famosos ou não, seja pela inquietação revelada pelo desejo da mudança, do crescimento, do novo, como parece ser o que ocorreu com o Skank.

“O fracasso às vezes está em continuar. Muitas vezes a longevidade não é sinônimo de êxito (...). E eu acho que o Skank parando ou acabando, ele se preserva de não virar uma banda velha, requentada, que está ali pela comodidade”, pondera Rosa, então vocalista e guitarrista do grupo hoje já na nossa saudade.

De qualquer maneira e para todos, a hora de dar adeus a uma vida que não é mais possível ter ou que se entende ter se tornado insatisfatória é, sem dúvida, um momento determinante em nossa caminhada. Importante ainda é enxergar outro bom destino pela frente.

JORNAL DAS LAJES • PÁG. 9 ANO XX Nº 241 - MAIO 2023

Retalhos literários EVALDO BALBINO

O pastor amoroso

Ouvi desde criancinha, dentro da igreja, que o homem falando à nossa frente é um cooperador. Isso porque ele, pregando diante de todos nós, coopera com a obra de Deus, dando de graça o que a Graça divina de graça lhe concede.

No púlpito da igreja, sempre erguido em simplicidade, uma voz se ouve. Os quatro cantos da igreja e o entorno dela, tudo é atenção às palavras proferidas. Que em muitas vezes, dependendo do lugar e da época, o templo se enche. Pessoas sentadas, outras em pé nos corredores; e muitasdo lado de fora. Na portada da plataforma de madeira, os dizeres EM NOME DO SENHOR JESUS. Mais acima, na parede atrás da tribuna, novamente a inscrição: EM NOME DO SENHOR JESUS.

Diante desse nome, a comunhão de todos, o tom austero de respeito e silêncio. Os louvores, todos eles, calcados em música instrumental sacra, acompanhada por hinos cantados em uníssono,

num canto congregacional que nos faz sentir o calor divino.

Se o homem ali diante de nós é o cooperador (assim como as faxineiras, os que trabalham nas construções, a porteira e o porteiro, as irmãs da piedade, os diáconos e anciães, os músicos, os encarregados de orquestra, os escriturários, os auxiliares de jovens e menores), esse homem que fala pregando a palavra, então quem fica sendo o nosso pastor?

Diante dessa pergunta, a voz profunda ecoa nos ouvidos de nossas almas: “Eu sou o vosso pastor e nada vos faltará!”.

Frase assim tão meiga, vinda de boca que não admite nenhuma ovelha perdida no campo à mercê de feras, só pode ser mercê de quem ama tanto e incondicionalmente.

Perante a frase EM NOME

DO SENHOR JESUS, todos cantamos louvores e fazemos súplicas, contamos feitos de Deus e nos congraçamos numa multidão desejando uma só coisa: apaziguar tudo o que na vida carece de

Meio Ambiente

ADRIANO VALÉRIO RESENDE

paz.

Com o salmista, vamos dizendo (mental, verbal e gestualmente) que o senhor todo e inteiro é o nosso pastor e que por isso nada nos há de faltar. Nós nos alegramos diante de pastos verdejantes nos quais podemos colocar no chão os fardos pesados, a lã tão emaranhada e cheia de espinhos.

Ainda com o salmista em nossa memória, bebemos água de vida e para a vida e refrigeramos nossas dores. O nosso pastor, o senhor sofrido e vitorioso sobre a morte, leva-nos amorosamente por sendas de justiça e graça. Por amor do seu nome, que é afeto entranhado em nós e por nós, ele nos deixa caminhar pelo vale da sombra da morte, mas dali também nos resgata quando é necessário. Afinal, ele – como ele mesmo que é o pai – nos fere e nos cura. Diante dos olhos da morte, somos eternos. E por isso não tememos mal nenhum. Vamos, mesmo em dificuldade, seguindo o nosso guia com seu bordão e o seu cajado nos consolando.

Calçamentos das ruas de Resende Costa (continuação)

Vamos continuar nossa conversa sobre os calçamentos das ruas de Resende Costa. Falamos que as primeiras ruas a serem pavimentadas foram as da área central (os Quatro Cantos e ruas Gonçalves Pinto, Assis Resende e Padre Heitor) e alguns acessos ao centro. O material utilizado eram pedras medianas de granito/gnaisse, ligeiramente arredondadas, comuns na nossa região. Cabe aqui um destaque sobre esses acessos. A rua Dr. Gervásio era calçada apenas no lado esquerdo de quem está descendo e a Ministro Gabriel Passos possuía pedras miúdas no lado direito e pedras maiores na esquerda. Como esse tipo de calçamento era irregular, o tráfego de pessoas a pé ou a cavalo e principalmente de carros de boi era dificultado.

A mudança do calçamento irregular no centro da cidade aconteceu em meados do século XX, na gestão do ex-prefeito doutor Costa Pinto, quando foram colocados os paralelepípedos de granito. Esse tipo de material, assentado nos anos 70, está ainda visível nas ruas José Jacinto, Joaquim Leonel, Joaquim Pinto Lara, Paulo Silva e partes da Moreira da Rocha. Destaca-se

que os paralelepípedos da Rua Maria Cândida de Andrade (a rua da Prefeitura) foram trocados recentemente por bloquetes devido às deformações no calçamento original após a instalação da rede de esgoto. Já em outras ruas (Rua Sete de Setembro e partes das ruas Moreira da Rocha e Padre Alfredo), o calçamento foi encoberto com asfalto há pouco tempo. Registra-se que esse tipo de pavimento deveria ser mantido inalterado em nossa cidade, pois, além da significativa beleza, ele é histórico, pois representa um estilo de calçamento bastante utilizado no século XX, especialmente nas cidades coloniais mineiras.

Os locais de extração de paralelepípedos e de pedras para meio fio foram vários. O primeiro foi nas proximidades da Picada, na beira da estrada de terra para Coroas, de onde provavelmente veio o material da parte central. A partir dos anos 70, a extração foi feita nos terrenos do Antônio Salomão (bairro Mendes), do Agostinho (perto do Viegas), do João Moreto (perto do antigo Aterro Sanitário) e do bairro Nova Resende. Já os paralelepípedos utilizados no calçamento das ruas do distrito de Jacarandira vieram de

pedreiras do município de Passa Tempo. Deve-se mencionar que atualmente a produção de paralelepípedos a partir do granito está rara em nossa região, uma vez que para retirada do material exige-se licença ambiental e registro na Agência Nacional de Mineração. Acrescenta-se ainda que na maior parte dos afloramentos de granito existente em nosso município, a rocha está sofrendo um processo de metamorfismo para o gnaisse (pedra utilizada na construção civil) e isso impede o corte retilíneo do material e, consequentemente, a confecção de paralelepípedos.

No final dos anos 70, no segundo mandato do ex-prefeito Ocacyr Alves de Andrade, ocorreu a substituição dos paralelepípedos do centro por um pavimento intertravado feito de concreto, o bloquete, que, na época, era sinônimo de modernidade. Parte dos paralelepípedos retirados foi transferida para a Rua Sete de Setembro e seu entorno. O calçamento com bloquete continua sendo realizado até hoje. Inclusive, há uma parceria entre a prefeitura e a Secretaria de Segurança Pública para a produção do mesmo pelos detentos

Na nossa fome, a graça divina nos prepara lauta mesa para que a luta seja às vezes amena. Na presença dos males que nos atacam, temos nossas cabeças ungidas com óleo e beijo forte: o nosso cálice transborda e não se cala, e o nosso canto pula de alegria.

E a encarnação do sagrado se desdobra em bondade e misericórdia, asquais sem dúvida alguma nos seguem em todos os dias e noites das nossas vidas. Nessa certeza, habitamos eternamente a Casa de Deus. Não o templo de pedras e de outras matérias, mas a eterna geografia espiritual que nos olha e que nos espera.

Nosso pastor é tão amoroso, que ele é capaz de deitar sonolento em nosso colo cansado e pedir carinho. Consola-nos, mas também demanda nossos cuidados. Não é assim que nos diz o guardador de rebanhos do poeta

Fernando Pessoa? “Depois ele adormece e eu deito-o. / Levo-o ao colo para dentro de casa / E deito-o, despindo-o lentamente / E como seguindo um ritual mui-

to limpo / E todo materno até ele estar nu. // Ele dorme dentro da minha alma / E às vezes acorda de noite / E brinca com os meus sonhos. / Vira uns de pernas para o ar, / Põe uns em cima dos outros / E bate as palmas sozinho / Sorrindo para o meu sono. // Quando eu morrer, filhinho, / Seja eu a criança, o mais pequeno. / Pega-me tu ao colo / E leva-me para dentro da tua casa. / Despe o meu ser cansado e humano / E deita-me na tua cama. / E conta-me histórias, caso eu acorde, / Para eu tornar a adormecer. / E dá-me sonhos teus para eu brincar / Até que nasça qualquer dia / Que tu sabes qual é”.

Sei de outras leituras possíveis para esse menino eterno de Fernando Pessoa. Mas também sei que, lendo esses versos, não há como sairmos do enternecimento, tal a brandura que nos abrange. Meu pastor, pequenino e grande, cuida de mim e me deixa cuidar te ti! Me deixa te abraçar ao enlaçar meu corpo e minha alma frágeis e errantes! Amemo-nos!

no presídio de Resende Costa. Cabe ressaltar que a qualidade do material usado na fabricação dos bloquetes é importante. A utilização de cascalho em substituição à brita como agregado no concreto não se mostrou eficiente, uma vez que os bloquetes feitos com esse material quebram mais rapidamente.

Outros dois tipos de calçamentos comuns em nossa cidade são as pedras miúdas (pedras quebradas de gnaisse, as mais comuns, ou de granito) e o asfalto. Esse último tem sido bastante utilizado recentemente, especialmente no recobrimento do calçamento de pedras (paralelepí-

pedos ou pedras miúdas). O que aos olhos de alguns moradores é um benefício, ao longo do tempo não é tão vantajoso para a prefeitura. Ficamos com a frase do promotor Marcos Paulo Miranda sobre o asfalto: “(...) sob a ilusória sensação de modernidade e progresso, homogeneízam a paisagem primitivamente pitoresca de nossas urbes, descaracterizam a ambiência do sítio, violam as heranças do passado e agravam os problemas ambientais.”

(Falaremos mais sobre esses calçamentos na próxima edição).

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Fotografia antiga dos Quatro Cantos, atualmente travessa entre a rua Assis Resende e as avenidas Monsenhor Nelson e pref. Ocacyr Alves de Andrade

Comunidade Quilombola do Curralinho dos Paulas é celebrada em evento no Instituto Federal em São João del-Rei

Nos dias 26 e 27 de abril, a comunidade quilombola do Curralinho dos Paulas foi lembrada, celebrada e vivenciada no campus São João del-Rei do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais. Lá aconteceu o sexto Encontro de Relações Raciais e Sociedade (ERAS). O tema da vez por si só já era convidativo: “Sentidos do aquilombar-se: diálogos, andanças, território e construção de palavras germinantes”. O evento, criado em 2016, trouxe para edição deste ano o tema central do quilombo e os sentidos do aquilombamento. O termo “aquilombamento” é cada vez mais atual e representa uma dinâmica importante para o movimento quilombola e para a toda a comunidade afro-brasileira. De forma resumida e despretensiosa, uma vez que é proposta de um diálogo muito mais amplo, podemos dizer que o aquilombar-se é, como indica a comissão organizadora, “expressão que põe em destaque a força e a importância tanto da existência quanto da valoração das comunidades quilombolas”. A ementa do evento nos propôs um debate das temáticas que interseccionam educação, pesquisa, gênero, raça, classe, políticas públicas e lutas pelo território que configuraram os quilombos e as comunidades quilombolas no Brasil. Segundo o IF, o objetivo do encontro foi contribuir para a construção e troca de saberes e experiências numa perspectiva de romper com um imaginário socialmente construído sobre esses atores e suas comunidades. Assim sendo, nosso Quilombo dos Paulas foi convidado de honra e protagonista.

O VI ERAS fez parte do Programa Aquilombar-se, financiado por meio de um edital específico no ano de 2022. O evento, coordenado por Igor Cerri, foi um dos três projetos desenvolvidos pelo programa. As outras duas ações foram realizadas na comunidade quilombola do Curralinho dos Paulas, zona rural do município de Resende Costa. Presentes na escola do povoado, os coordenadores Diogo Matos e Amanda Silveira, juntamente com bolsistas, promoveram o projeto: “Era uma vez no quilombo: contação de histórias, jogos e brincadeiras afro-centradas”. A outra ação projetou produções audiovisuais num cine quilombo. Juliana Rodrigues promoveu o projeto “Câmara Escura: o quilombo quer se ver”. Mas não foi só assim que o Curralinho dos Paulas esteve presente...

CURRALINHO DOS PAULAS, COMUNIDADE REMANESCENTE DE QUILOMBO

Quem não conhece o Curralinho dos Paulas e sua história deveria conhecer. Antes de comentar sobre os projetos e participação no evento, necessitamos falar sobre este povoado. Temos uma comunidade quilombola no município de Resende Costa e poucas vezes nós resende-costenses falamos sobre isso. Mas, afinal, o que é uma comunidade remanescente de quilombo?

Conforme o Art. 2º do Decreto nº 4.887/2003, “consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida”. São, portanto, comunidades tradicionais oriundas daquelas que resistiram à brutalidade do regime escravocrata e se rebelaram frente a quem acreditava serem eles sua propriedade.

O Curralinho dos Paulas foi reconhecido oficialmente como “Comunidade Remanescente de Quilombo” em maio de 2011. O processo iniciou-se em 2009, quando a própria comunidade se autorreconheceu. Pois bem... Para quem quer conhecer mais sobre o Curralinho dos Paulas, tenho duas sugestões. A primeira é visitar a comunidade e conversar com os mais velhos, bebendo na fonte da ancestralidade. A outra é uma sugestão de leitura. Diogo Pereira Matos, coordenador de Assistência Estudantil do IF Sudeste MG, escreveu uma completa e provocativa dissertação em seu mestrado: “Quilombo, Escola e Identidades: um estudo sobre a Comunidade Remanescente de Quilombo do Curralinho dos Paulas do município de Resende Costa/MG”.

DE VOLTA AO ERAS, CURRALINHO DOS

PAULAS PRESENTE Quem chegava ao IF podia desfrutar de um pedacinho do nosso quilombo. A sala do diretório acadêmico deu lugar ao Curralinho dos Paulas. Na porta, um aviso: “Bem-vindo (a) à Comunidade Quilombola Curralinho dos Paulas”, rememorado por uma foto da placa indicativa de patrimônio cultural da entrada do povoado. Lá dentro, estavam expostos diversos trabalhos e fotos dos alunos da Escola Municipal “Professora Rosa Soares Penido”. A ex-

posição contou com a apresentação dos projetos de cine quilombo e de contação de histórias do Programa “Aquilombar-se” e do projeto “Tukinha: Esperanças Quilombolas”. Esse último desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação de Resende Costa, por meio de sua equipe multiprofissional. A sala interativa permitiu que os visitantes conhecessem as atividades desenvolvidas pelos alunos quilombolas e mergulhassem na temática de forma a encontrar e celebrar os sentidos do aquilombamento. Mas não foi somente assim que o Curralinho se fez presença.

O evento foi repleto de representatividade e expressão artística, cultural, estudantil, negra, quilombola. Na plateia, diversos rostos resende-costenses conhecidos. Após sermos energizados pela presença do Congado Nossa Senhora do Rosário e Escravizada Anastácia e da apresentação apoteótica de Ágatha Fiori com seu alterego, afirmação e bate cabelo, a abertura oficial mostrou para que veio. Ao lado de Teresinha Magalhães, diretora-geral da escola, estavam Rosana Machado, João Artur e Alice Neves. Os dois últimos, estudantes negros do ensino médio técnico integrado, reforçando a importância do protagonismo estudantil. Representando o reitor André Diniz, estava Rosana, mulher, negra, mãe, professora, mestra e, atualmente, pró-reitora de extensão do IF Sudeste MG. Em seguida, na mesa redonda, estava Jhonny Felipe Santos, liderança negra e quilombola do Curralinho dos Paulas.

Jhonny foi convidado para falar sobre aquilombamentos e ocupação de espaços de poder. Foi mediado por Lucas Silva, graduando de Filosofia e presidente do Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFSJ. Jhonny compartilhou a palavra com ninguém menos que Andreia de Jesus, deputada estadual de Minas Gerais. Andreia possui uma trajetória de militância por moradia e abolicionismo penal e foi reeleita deputada em um estado que nunca antes em sua história teve uma mulher negra ocupando um cargo como esse na Assembleia Legislativa. A parlamentária rompeu ciclos e hoje avança pela garantia de direitos para o povo preto e do nosso Estado. Para Andreia, é necessário “romper com a margem e trazer para o centro, a missão agora é aquilombar”. Para Diogo Matos, essa representatividade é fundamental. Segundo ele, “trazer para o debate essas questões é importante para que a comunidade possa criar estratégias em conjunto com o poder público, buscando polí-

ticas públicas tanto na perspectiva da melhoria da qualidade de vida, mas, sobretudo, na garantia de direitos que possui enquanto povo tradicional quilombola e que tem o direito e o reconhecimento em lei”.

E não paramos por aí... No dia 27, foi a vez de nossas crianças da comunidade quilombola do Curralinho dos Paulas chegarem até o IF. Eles foram recepcionados para uma oficina de brincadeiras africanas pela arte-educadora Benvinda d’Ângelo e pela resende-costense Rosa Nascimento. Foi desafiador, mas muito bonito, ver os alunos quilombolas ocupando um Instituto Federal, espaço que é também deles. Para Diogo Matos, a presença dos Paulas no ERAS tem um significado muito importante, uma vez que a proposta do evento foi justamente “criar este espaço de debate e reflexão e, sobretudo, um espaço de representação no qual os quilombolas estivessem presentes”. Para além disso, projetos como os que são desenvolvidos pela Secretaria de Educação e pelo IF são de fundamental importância, pois “temos um princípio da educação para as relações étnico-raciais e entendemos que é primordial trabalhar com as crianças uma perspectiva de uma educação antirracista baseada no pertencimento racial, em busca da construção de identidades positivas nesse processo, para que possamos desconstruir e lutar contra o racismo estrutural que está posto na constituição da sociedade brasileira”, alega o coordenador de assistência estudantil de todo o IF Sudeste MG.

PROJETO TUKINHA:

ESPERANÇAS QUILOMBOLAS Além dos projetos desenvolvidos pelo IF, a Secretaria Municipal de Educação de Resende Costa está presente na comunidade quilombola. Segundo Alessandra Guse, assistente social precursora das ações, o “Projeto Tukinha: Esperanças Quilombolas” nasceu do “sonho de se construir dias que em nossa Resende Costa não tenhamos ações racistas”. Com a implantação da Lei nº 13.935/2019, que exige a implantação dos serviços multiprofissio-

nais de psicologia e serviço social na educação básica, uma primeira oficina interventiva foi feita na Escola Municipal “Professora Rosa Soares Penido” durante a semana da consciência negra, em 2022. Foi observado que todas as memórias do que foi um quilombo se perderam e embranqueceram. Parte da observação, também, de que, nos ambientes escolares, o racismo, ainda perverso, tem força e separa, maltrata e exclui os nossos meninos.

Diante disso, propõe-se um projeto que carrega o nome do Sr. Djalma Augusto, o Tukinha, importante liderança comunitária e quilombola, falecido naquele ano. Consideramos que, numa dimensão ancestral, social e cultural, a escola é espaço de conhecimento que os alunos, presente e futuro do quilombo, ocupam. Não obstante, é vital que se tenha um processo educacional e de escolarização como expressão de tais dimensões, com a ampliação de olhares pedagógicos, políticos, afetivos e institucionais, superando práticas e ações dicotomizadas. Sendo assim, o “Tukinha: esperanças quilombolas” propõe intervenções afrocentradas e ancestrais com os alunos da comunidade quilombola. Para Guse, o projeto vem na contramão do cenário que encontramos, “propondo rememorar, conhecer e valorizar para não mais repetir os erros cometidos com aqueles que nos antecederam”. Para encerrar, digo que precisamos urgentemente de ações efetivas para que a certificação quilombola não fique apenas no papel. É imprescindível contribuir para a valorização da identidade quilombola presente no Curralinho dos Paulas. É primordial que haja investimento em políticas públicas reparatórias, como indicados por Diogo, “que visem à melhoria da condição de vida desses atores, bem como de reestruturação física e incentivos para desenvolvimento produtivo e econômico” (MATOS, 2017, p. 61).

* Lucas Lara é estagiário de Psicologia da rede pública de educação no município e servidor da Secretaria de Turismo, Artesanato e Cultura de Resende Costa.

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LUCAS LARA * ESPECIAL
Escola Municipal Professora Rosa Soares Penido presente no IF Sudeste MG

Estudantes da UFSJ são indicados ao Prêmio da Música Brasileira

Duo Aduar foi indicado na categoria Dupla Regional

VANUZA RESENDE

Imagine estar ao lado de artistas como Almir Sater, Alceu Valença, Renato Teixeira, Anitta, Roberto Carlos?! A dupla Duo Aduar, formada pelos estudantes da Universidade Federal de São João del-Rei – UFSJ, Gabriel Guedez e Thobias Jacó, conheceu essa sensação no último dia 25 de abril. Eles estão ao lado de grandes artistas indicados para concorrer ao Prêmio da Música Brasileira, que chega à sua 30ª edição em 2023.

O Prêmio da Música Brasileira dá voz e vez a artistas enquadrados em categorias como MPB e música erudita, por exemplo. A dupla de estudantes da UFSJ está concorrendo na categoria “Dupla Regional”.

Os artistas se destacam pelo trabalho vocal e pelas misturas feitas entre a viola caipira, o violão e a guitarra. Eles já possuem dois álbuns lançados: “Riachinho das Pedras” e “Canções para Vozes Roucas”. O Duo Aduar terá como competidores os mato-grossenses Mayck e Luan e a dupla potiguar

Literatura

EVALDO

“Se dissermos às pessoas grandes: ‘Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado...’, elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma ideia da casa. É preciso dizer-lhes: ‘Vi uma casa de seiscentos mil réis’. Então elas exclamam: ‘Que beleza!’. Assim, se a gente lhes disser: ‘A prova de que o principezinho existia é que ele era encantador, que ele ria, e que ele queria um carneiro. Quando alguém quer um carneiro, é porque existe’, elas pouco se importarão e nos chamarão de criança! Mas se dissermos: ‘O planeta de onde ele vinha é o asteroide B612’, ficarão inteiramente convencidas e não amolarão com perguntas. Elassão assim mesmo. Épreciso não lhes querer mal por isso. As crianças devem ser muito tolerantes com as pessoas grandes”.

No dia 06 de abril de 1943,

Dante Augusto e Artur Porpino, que formam o SampleHate.

A cerimônia do 30º Prêmio da Música Brasileira, com o anúncio dos vencedores, acontecerá no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e será apresentada por Felipe Neto e Lázaro Ramos, no dia 31 de maio. A cantora Alcione será a grande homenageada da edição.

A INDICAÇÃO

Segundo Thobias, a indicação se deve a “Riachinho das Pedras”, primeiro álbum da dupla, gravado no estúdio do Departamento de Música da UFSJ. Cinco, das oito faixas de “Riachinho”, foram registradas durante o projeto de extensão Sons das Vertentes. O trabalho foi parar nas mãos de uma grande gravadora, a Kuarup, que lançou boa parte dos grandes nomes da canção brasileira. “Acho que, por conta desse disco – gestado por estudantes e gravado na própria Universidade –, acabamos por ser indicados”, revela o músico.

A lista de indicações ao Prêmio nas 31 categorias conta com poucos artistas mineiros, apesar de essa ser uma das edições com mais inscritos,

cerca de 10 mil artistas de todos os cantos do país. Na categoria Dupla Regional, o Duo Aduar concorre com Maick e Lyan e SampleHate. Para Thobias, a visibilidade obtida já é quase um prêmio. “Aparecemos ao lado de artistas como Roberto Carlos, Renato Teixeira, Alceu Valença, Anitta, PablloVittar, Chico César e tantos outros”, comemora o artista.

Thobias e Gabriel fazem questão de mencionar, sempre, que são estudantes da UFSJ e o quanto a universidade é parte integrante dessa trajetória. “A UFSJ partilha desse prestigiado prêmio também. A indicação já muda muito a vida do músico. São muitos artistas enormes sendo reconhecidos, junto com alguns no início da carreira, como nós. Termos sido indicados é uma emoção gigante para nós. Na verdade, estamos entre os três artistas que a banca – composta por importantes críticos, como o renomado Mauro Ferreira, de O Globo – selecionou entre os que estão em atividade nesses últimos quatro anos. O Prêmio conta com um conselho permanente de oito personalidades ligadas à cultura

brasileira, todos com poder de voto e responsáveis pelas diretrizes da premiação”, explica Thobias. Gabriel e Thobias se conheceram no curso de Música da UFSJ, definido por eles como “esse espaço de encontros, e não só de ensino, pesquisa e extensão.”

Foi nesse lugar que o trabalho artístico do Duo Aduar começou a frutificar, numa trajetória semelhante à de vários outros cursos da universidade. “É o talento sendo regado pelo estudo, pela técnica musical, por outros estilos de composição, um marco crucial”, afirma o violonista Gabriel. Os dois músicos entendem

que o momento é fruto de esforço consciente e continuado, aliado à alegria de terem sido indicados a um prêmio nacional ao qual concorrem também vários artistas que são referência em sua carreira.

PRÊMIO DA MÚSICA

BRASILEIRA

O concurso de música popular e erudita nacional volta a ser realizado após quatro anos de interrupção e conta com um conselho permanente que inclui, entre outros, nomes como os cantores Gilberto Gil e João Bosco e os críticos Zuza Homem de Mello e José Maurício Machline.

essa voz se dava ao mundo. Era a voz narrativa de Antoine de Saint-Exupéry no livro Le Petit Prince ou O Pequeno Príncipe, saída simultaneamente em inglês e francês. Com lirismo e simplicidade, o livro já foi traduzido para diversos idiomas e é um dos mais lidos do Brasil. E, como toda boa literatura, é lido por leitores de todas as idades, a despeito de ser classificado como literatura infantil.Trata-se de obra que conquistou e conquista gerações há oitenta anos e que é sempre nova no que diz e na forma como diz. Uma criança octogenária dizendo maravilhas, lindas e doridas. Na simplicidade da linguagem do livro e no seu canto à amizade, ao amor e à essência o que encontramos é poesia densa. O que vemos é fábula e enredo a serviço de uma abordagem profunda e dolorosa da vida.

As palavras e as aquarelas do autor vieram para nos dizer de um pequeno príncipe chegado à Terra

e das relações de afeto entre o garoto e o narrador, piloto de avião perdido no deserto do Saara após uma pane em sua aeronave. Se no deserto existem oásis, na narrativa enternecida, triste e alegre de Exupéry os bálsamos também existem, mas trazem consigo não apenas a água que mata a sede e sim também a própria sede que nos atravessa. Na beleza do livro, a dor também tem asua vez.

O volume aborda temas como a infância e a sua criatividade, a vaidade, o orgulho, o autoritarismo, a amizade, os afetos, a dor, a perda, a solidão, a saudade, a morte etc. –enfim, a existência e sua multiplicidade.

Entre abordagens possíveis, podemos sentir no livro o poder do fabular, a fabulação antes de tudo criativa que pode nos fazer encarar a vida e poetizá-la. Poetizar a existência não é simplesmente enfeitá-la, porque a beleza oferecida pela arte se trata de um constructo que

nos diz das difíceis coisas da existência.Crianças, jovens e adultos vivem e existem a realidade. Portanto, não existe, na maior fantasia que se construa, a possibilidade de um desligamento total dessa realidade.

O caráter efêmero da vida e a morte, do mesmo modo que atravessam as relações humanas, fazem sombra sobre o narrador-piloto e o seu Pequeno Príncipe. O garoto interage com sua pequena flor em seu asteroide. Interage com os vulcões, com a estrelas, com as pessoas que vai encontrando pelos planetas, com a raposa que lhe dá lição de vida baseada na amizade e nos cuidados que a amizade requer. O menino interatua também com a serpente no deserto, a qual lhe é amiga e lhe oferta, paradoxalmente e caso ele queira, uma mordida,a possibilidade de ele adormecer para o reencontro mais rápido com sua pequena e única flor, porque esta sim sua amiga primeira e eterna. O

pequeno, ao fim e ao cabo, aceita a oferta da serpente.

Eis o modo de dizer, poeticamente, dum tema tão delicado para a humanidade: o suicídio. Apesar do peso do assunto abordado, vemos a mestria de Exupéry na construção de afetos, na busca de raízes que nos plantam numa vida tão sem raízes. Após seis anos da partida do menino, o narrador registra: “Agora já me conformei um pouco. Mas não completamente. Tenho certeza de que ele voltou ao seu planeta, pois, ao raiar do dia, não encontrei o seu corpo. Não era um corpo tão pesado assim... E gosto, à noite, de escutar as estrelas. É como ouvir quinhentos milhões de guizos...”.

Uma das lições que construímos na leitura de O Pequeno Príncipe é a de que os homens são vento, pois não têm raízes. Mas eles, os homens, podem fabular e, juntamente com a fabulação, podem tecer pontes entre si, ramificações entrelaçadas de afetos.

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Foto: divulgação Dupla Duo Aduar, formada pelos estudantes da UFSJ Gabriel Guedez e Thobias Jacó
EDUCAÇÃO
BALBINO
O Pequeno Príncipe de 80 anos: o deserto da realidade e o poço da fabulação

1ª Romaria a pé de Resende Costa até o Santuário Nacional de Aparecida

Pela primeira vez foi organizada uma romaria saindo de Resende Costa com destino ao Santuário Nacional de Aparecida. Foram 12 dias de peregrinação, com o total de 385 km andados por 25 romeiros e carro de apoio com 5 integrantes. No grupo havia peregrinos com idades distintas: o mais novo tinha 12 anos e o mais velho, 72. A saída dos romeiros aconteceu no dia 19 de abril, na capela de Nossa Senhora Aparecida, onde foi inaugurado o Marco Zero do Caminho da fé de Resende Costa a Aparecida. A chegada em Aparecida (SP) foi no dia 1º de maio.

O Jornal das Lajes entrevistou os romeiros Dautre Rezende e José Roberto de Sousa, que fazem parte do grupo “Guerreiros de Maria”. Eles falaram sobre suas experiências e como surgiu a ideia de fazer o trajeto saindo de Resende Costa. “Já tínhamos participado de outras romarias. Pensamos como podíamos ir até outra cidade, caminhar até a casa da Mãe Aparecida, um sonho que vinha em nossa mente havia anos. No ano passado, recebemos essa missão de Nossa Senhora Aparecida na basílica, um momento único de muita emoção, no qual nossa Senhora, diante de um romeiro, pediu que Resende Costa tivesse uma romaria no próximo ano. E missão dada é missão cumprida. Se Deus nos permitir, iremos, sim, todos os anos a pé até a casa de Nossa senhora Aparecida”, diz Dautre.

“Para nós é gratificante. Eu já havia feito o Caminho da Fé, partindo da cidade de Varginha, no Sul de Minas. Nós nos espelhamos muito nessa região; daí, surgiu a nossa vontade de criar o nosso Caminho da Fé. Foram muitas batalhas, viagens para conhecer previamente o itinerário, para ir marcando os pousos, ver os caminhos

por onde iríamos passar... Tivemos o apoio do pessoal da cavalgada, que havia feito essa romaria ano passado. Fomos conhecendo todos os detalhes do caminho e dos pousos para montarmos nossa romaria. Foi muito bacana. Não me esqueço: após a missa de envio lá na capela, descemos, partindo no sentido do Santuário Nacional de Aparecida. Foi muito gratificante”, conta José Roberto. Dautre também fala sobre os obstáculos que eles enfrentaram nesses 12 dias de caminhada e como foi emocionante a chegada na basílica de Nossa Senhora Aparecida. “O nosso maior obstáculo foram os pousos, porque é muito difícil conseguir lugar para tantas pessoas. Mas, no fim, deu tudo certo. As dores musculares e as bolhas nos pés se tornam inevitáveis devido à distância, porém a fé nos leva. Na chegada ao santuário, como sempre, muita emoção, ainda mais porque realizamos o nosso sonho de fazer uma romaria de Resende Costa a Aparecida. E chegar ao santuário, ver nossos familiares, como esposa e filhos, é algo emocionante. E neste ano o nosso pároco padre Marcos estava presente em Aparecida para nos receber. Nos dias de caminhada, a saudade bate forte. Chegar e receber um abraço, sabendo que nossa missão foi cumprida, é emocionante.”

Além disso, Dautre destaca a sua experiência no trajeto percorrido ao longo de 12 dias. “No primeiro dia, em Coronel Xavier Chaves, a família de nossa romeira Rogênia nos acolheu com uma linda recepção. Rezamos, tomamos um café maravilhoso e seguimos. Ao longo dos dias, éramos recebidos com muito carinho nas cidades por onde passávamos, nas comunidades e pelos párocos das cidades. Passamos onde Nhá Chica nasceu, atravessamos a represa e a serra de Camargos, de onde a vista é linda. Nesse dia, fomos recibos pelo padre Lucas Alerson, resende-cos-

tense e pároco de Carrancas. Ele nos acolheu em Carrancas com muito carinho. Em seguida, passamos pelo Santuário de Nhá Chica, em Baependi, e chagamos à região da Serra da Mantiqueira. O dia em que chegamos à divisa de Minas Gerais com São Paulo, foi um dos mais emocionantes. Quando chegamos em frente à imagem de Nossa Senhora Aparecida, que fica na divisa de Minas com São Paulo, em Passa Quatro, o momento foi de muita emoção para todos. E para dar mais emoção ainda, à frente, em direção ao nosso abençoado caminho, a comunidade Canção Nova, onde pudemos passar o dia e descansar muito. Participamos de uma missa linda nesse dia. Por fim, chegamos ao nosso destino, na casa de nossa mãezinha Nossa Senhora Aparecida. Foi uma emoção ver nossos familiares, poder sentar-se no presbitério da basílica, ter nosso pároco conosco e, depois da missa, passar em frente à imagem da padroeira do Brasil e entregar a ela a nossa missão. Reafirmamos à Nossa Senhora que faremos essa peregrinação todos os anos. Foi um momento de muita emoção.”

AGRADECIMENTO

“São de agradecimento a todos que nos acompanharam e rezaram por nossa romaria esses dias Com certeza, a oração de vocês nos ajudou muito, todos vocês estavam conosco. Quero muito agradecer a Deus e à Nossa Senhora por nos abençoarem nesse caminho e também agradecer ao nosso pároco, padre Marcos, pela dedicação e por estar junto a nós desde o início. Meu agradecimento também ao André Tokinho, que nos ajudou muito a realizar esse sonho, fazendo o caminho conosco. Há um ano a cavalgada passou por esse mesmo trajeto. Agradeço o apoio recebido da prefeitura de Resende Costa e também aos nossos parceiros que nos ajudaram na realização desse

sonho. Por fim, agradeço ao pessoal da comunidade da capela de Nossa Senhora Aparecida, de Resende Costa”, disse Dautre, que já planeja as próximas romarias. “Digo ser possível, sim, fazer esse caminho de fé. É o que nos leva, a fé é que nos faz chegar aos pés de Nossa Senhora. O caminho está pronto, é lindo demais e é para todos da nossa cidade e de cidades vizinhas que passarem por aqui. Resende Costa precisa ter mais romarias saindo daqui ao longo dos meses. Será muito difícil termos uma romaria só, é preciso haver mais. Nosso próximo objetivo é identificar o caminho com placas para ajudarem na orientação do trajeto. Embora longa parte do caminho seja feita na Estrada Real, houve dias em que optamos por outros trechos a fim de encurtarmos o trajeto.

José Roberto também deixa um recado: “Estamos sempre caminhando, praticando uma atividade física. Além disso, orações nunca podem faltar em nossa vida. A caminhada é uma prática de atividade física que não é fácil, uma vez que ficamos 12 dias fora, não dormimos direito... enfim, não é como se estivéssemos em casa. Também temos que encarar

psicologicamente o desafio, porque são horas de andança, noites mal dormidas... Porém, como já disse, a atividade física mais a orações são importantes demais.

O pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Penha de França, padre Marcos Alexandre, que presidiu a missa de envio dos romeiros e os recebeu em Aparecida, fala da importância da romaria para Resende Costa. “Vemos a fé do nosso povo, o espírito de oração e piedade que envolveu a caminhada. Destaco o monumento na igreja de Nossa Senhora Aparecida como o marco da saída das romarias de nossa cidade. Além de muito bonito, aquele espaço passou a ser o lugar do envio das romarias. Com certeza, foi um momento de grande emoção: a chegada, o encontro com os familiares foi um momento especial cercado por abraços e lágrimas. Participar da Santa Missa no Santuário Nacional foi especial, ótimo ver os romeiros e tantas pessoas que foram da nossa cidade para rezar e receber os romeiros. Que esta seja a primeira de muitas romarias divulgando sempre a devoção a Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do nosso Brasil.”

JORNAL DAS LAJES • PÁG. 13 ANO XX Nº 241 - MAIO 2023
Romeiros resende-costenses na escadaria da Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida - SP
Romaria
“É a fé que nos faz chegar aos pés de Nossa Senhora”, disse Dautre Rezende, um dos organizadores da romaria e devoto de Nossa Senhora Aparecida.
VITÓRIA CRISTINA

INTEGRAÇÃO

Sicoob Credivertentes realiza

‘Encontro com Gestores Municipais’

“Fomos e sempre seremos parceiros de primeira hora para agentes de desenvolvimento. Isto é, aqueles que buscam o melhor para nossas Comunidades e seu povo. Obrigado por atenderem nosso chamado”. Foi com essa acolhida que João Pinto de Oliveira abriu o Iº Encontro com Gestores Municipais em 20 de abril.

O evento foi promovido pela instituição que ele preside, o Sicoob Credivertentes, em parceria com o Sebrae. Ao todo, mais de 50 lideranças, entre prefeitos e representantes administrativos dos municípios, marcaram presença.

OBJETIVOS

Com mais de 35 mil Cooperados, o Sicoob Credivertentes soma atualmente 25 Pontos de Atendimento em 24 comunidades. Um movimento de sustentabilidade e expansão que mostra a pujança da instituição e demanda, também, formas ainda

COOPERAÇÃO E ARTE

mais efetivas de integração e comunicação. Daí a realização do I Encontro com Gestores Municipais, que teve como pauta central o associativismo visando desenvolvimento coletivo.

Com isso, a reunião se transformou em uma oportunidade extraordinária para debates, cases de sucesso e negócios. “Desde sua fundação, há quase 37 anos, nossa Cooperativa tem como missão fortalecer as comunidades em que atua enquanto impulsiona Cidadania, Autonomia e Desenvolvimento Coletivo. Ao mesmo tempo, acreditamos que o Empreendedorismo é princípio vital. Algo que nos aproxima do Sebrae e, claro, dos objetivos de todos os prefeitos locais enquanto lideranças políticas”, explica o diretor executivo-administrativo do Sicoob Credivertentes, Luiz Henrique Garcia.

“Na prática”, analisa o conselheiro de Administração do Sistema Crediminas, Erivel-

ton Laudimar Oliveira, “ estamos aqui nos perguntando, de maneira muito nobre, como podemos melhorar a vida das pessoas em diferentes áreas, da Social à Econômica. A nal, uma tem impacto sobre a outra”. O mesmo comenta o gerente regional do Sebrae, João Roberto Marques Lobo. “Mais do que nunca, entendemos Avanço e Crescimento como movimentos planejados, capazes de causar Expansão sem perder a Sustentabilidade. Não há começo melhor para a transformação”, acrescenta, fazendo coro ao prefeito de Resende Costa, Lucas Vale. “A Cooperativa é uma grande parceria do município, tanto no que oferece à nossa população enquanto instituição nanceira; quanto no apoio aos eventos e projetos que alavancam, por exemplo, nosso Turismo. Ao reunir gestores municipais, ela fortaleceu esses laços e permitiu interação regional. Foi extremamente proveitoso”, encerrou.

REFLEXÕES

RETER PARA CRESCER

Com filosofia comunitária, humanista e progressista, as Cooperativas exercem papéis fundamentais em todo o mundo. A nal, são agentes excepcionais no fortalecimento da Economia, na autoestima coletiva, no desenvolvimento cidadão. Pode-se dizer, até, que tudo isso con gura tanto sua missão quanto razão de sucesso e pujança.

Errôneo pensar, porém, que essa loso a embrionada nos Probos de Rochdale e globalizada História afora se contenta com tal grandiosidade planetária – algo que, convenhamos, impediria seu pleno exercício, tornando o Cooperativismo um mero conceito. Ao contrário, ele é ação e movimento – especialmente em pequenas e médias Comunidades, onde democratiza o acesso ao capital, desconcentra a renda, fortalece os pequenos negócios, estimula o empreendedorismo, oferece segurança creditícia e intensi ca o bem-estar comum.

No caso especí co de uma Cooperativa de Crédito, há um ciclo virtuoso que começa com a inclusão de desbancarizados ao Sistema Financeiro, se amplia com soluções competitivas e culmina no reinvestimento de recursos nas próprias localidades em que marca presença.

Cooperativa lança ‘Viola Viva’ em São Tiago

“Cada toada representa uma saudade”, cantou Patrício Teixeira na primeira gravação do clássico Tristeza do Jeca, em 1926. Já em 2023, cada dedilhar em uma Viola Caipira será sinônimo de Cooperação. Isso porque, em 19 de abril, o Sicoob Credivertentes lançou o Projeto Viola Viva, voltado ao ensino totalmente gratuito do instrumento para crianças e adolescentes de São Tiago. Para celebrar esse marco Cooperativista e Cultural, Chico Lobo se apresentou para mais de 50 pessoas em pleno Largo do Forno, conhecido cartão-postal e ponto de encontro para a Festa do Café com Biscoito são-tiaguense. O violeiro, compositor e cantador, aliás, será professor na ação. Ao lado dele estarão o multi-instrumentista e cantor local, Altair Alexandre; além do

também violeiro Guilherme Faria.

PROPÓSITO

O Viola Viva é uma das propostas implementadas pelo Sicoob Credivertentes através do Setor de Desenvolvimento Social – e se soma a outros projetos de responsabilidade Social, Ambiental, Memorialística e Pro ssionalizante da Cooperativa. “Estamos, na verdade, resgatando um patrimônio artístico. A nal, a chegada da viola ao Brasil remete à vinda dos próprios portugueses para nossa terra. Ao mesmo tempo, esperamos fortalecer aptidões literárias, cênicas e musicais através de jovens talentos encantados por todo esse universo”, explica o presidente do Conselho de Administração na Cooperativa, João

Pinto de Oliveira.

Algo semelhante comenta o violeiro Chico Lobo, expoente dessa arte que guiará os aprendizes. “Para mim, que completo 60 anos de vida e 40 de carreira, essa parceria tem um signi cado muito especial. É emocionante rever tantas raízes, inclusive as minhas, enquanto desenvolvemos Cidadania, valores de Amizade, Cultura e Pertencimento para novas gerações”, diz.

DINÃMICA

O Projeto Viola Viva acontecerá semanalmente na sede do Instituto Tiago Apóstolo, em São Tiago. Na iniciativa-piloto, serão formadas três turmas com no máximo quatro alunos na faixa etária entre 10 e 15 anos. O ensino será totalmente gratuito.

Em outras palavras, um Ponto de Atendimento (PA) Cooperativista retém a poupança local, desobrigando moradores de se deslocarem às cidades vizinhas para realizar serviços nanceiros e levarem para lá seus investimentos. Cabe mencionar, claro, seu fator empoderador. A nal, como ultrapassa as frias barreiras mercadológicas e participa das Comunidades em que se insere, o Cooperativismo promove ações sociais, culturais e ambientais em prol da população, reduzindo desigualdades. Fica clara, portanto, a importância do relacionamento nanceiro entre Municípios e Cooperativas – anal, visam em áreas distintas os mesmos resultados e o mesmo desenvolvimento para sua gente. Há, inclusive, uma vasta Legislação com amparo regulamentar emanado tanto de autoridades legislativas quanto monetárias do País. Tal apoio mútuo, estimulado por instituições nacionais, culmina em bem comum e precisa ser fortalecido. O Sicoob Credivertentes acredita nisso e faz sua parte.

PÁG. 14 • JORNAL DAS LAJES ANO XX Nº 241 - MAIO 2023 Informe Publicitário

REGIONAL

Ciclistas percorrem mais de 300 km até a cidade de Aparecida do Norte

Grupo de 7 pessoas fez o percurso durante cinco dias no mês de abril

VANUZA RESENDE

Um grupo de ciclistas de Resende Costa percorreu 318 km pelo Caminho da Fé até chegar a Aparecida do Norte (SP), onde se encontra o Santuário Nacional dedicado à padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Um dos participantes, o agente de atendimento do Sicoob Credivertentes, Diego de Resende Pinto, 36, contou como surgiu a ideia de realizar o percurso de bike. “Assisti a alguns vídeos feitos por ciclistas que eu sigo no YouTube. Interessei-me pelo Caminho da Fé. Com isso, fui procurar saber sobre o mesmo. Conversei com alguns ciclistas aqui de Resende Costa que já fizeram o trajeto do Caminho da Fé há um tempo. No ano passado, surgiu a vontade de fazer a cicloviagem. Falei disso com um amigo, o Vinicius, que topou a ideia de fazermos o passeio. Chamamos mais alguns amigos e programamos a viagem do Caminho da Fé, que aconteceu no mês de maio/2022. Foi tão gratificante a cicloviagem que resolvemos voltar esse ano”. Em 2023, o grupo foi formado por sete pessoas, sendo cinco ciclistas – (Diego, Ésio, Fábio, Hugo e Vinicius) e duas pessoas no apoio (Pedro e Denilson). Diego explica que o Caminho da Fé é composto de vários ramais que se ligam ao ramal principal. O principal começa na cidade de Águas da Prata – SP e finaliza em Aparecida do Norte –SP. “Fizemos o percurso principal, que é formado por cidades e distritos do estado de São Paulo e Minas Gerais. Gastamos cinco dias, de 21 a 25 de abril, para percorrer 318 quilômetros, com altimetria de 8.500 metros acumulados”, detalha o ciclista.

FÉ EM NOSSA SENHORA APARECIDA ALIADA A UM CAMINHO DE TIRAR O FÔLEGO

Para Diego, a pluralidade do

percurso faz com que o caminho seja percorrido por diferentes ciclistas. “É como todos que foram falam: “Quem vai uma vez sempre quer voltar.” É uma enorme experiência, tanto para aqueles que vão com o propósito de só curtirem o esporte e as paisagens, como para aqueles que, além de curtirem o esporte e as paisagens, também vão movidos pela fé e espiritualidade.

O Caminho da Fé é composto por paisagens lindas. Em cada cidade nas quais passamos encontramos um povo acolhedor que vivencia o caminho. Os desafios diários com altimetria elevada (morros que não acabam mais, cansaço de dias acumulados em cima da bike) fizeram com que ficássemos mais fortes para o dia seguinte”, detalha o agente de atendimento da Credivertentes. Essa, inclusive, não foi a única cicloviagem do grupo. Em 2022, eles foram até Congonhas e, nesse ano, já estão se programando novamente. Os amigos de pedal também estão planejando uma cicloviagem pelo Caminhos de São Tiago – que liga a cidade de Ouro Preto a São Tiago, passando, inclusive, por Resende Costa.

Além dos atrativos naturais, Diego destaca que o caminho também foi escolhido pela devoção à padroeira do Brasil. “Quando o Vinicius e eu resolvermos ir, pensamos, sim, na religiosidade, já que sou devoto de Nossa Senhora Aparecida. Aliamos a fé ao esporte que amamos praticar. Hoje vejo muita gente indo pela prática do esporte e pela superação da alta altimetria. Falando por mim, sinto no caminho uma coisa mística muito forte. A fé em Nossa Senhora Aparecida está presente em todos os locais. Sinto a presença dela a todo momento”, declara o devoto.

PREPARAÇÃO PARA O PERCURSO

Para percorrer o trajeto, a preparação foi intensa. Diego, que sempre que pode está sobre duas rodas, destacou a preparação.

“Foram muitos dias de treinos, principalmente treinos em morros. Já pedalo duas vezes por semana. Depois do Carnaval, intensifiquei meus treinos. Passei para três dias de treino (no mínimo) e sempre fazendo treinos com altimetria elevada (treino com morros maiores). Procurei treinar, também, em dias seguidos, uma vez que passaríamos cinco dias seguidos em cima da bike”, explica. Aqueles que estão pensando em percorrer o Caminho da Fé devem levar em conta o trajeto. “O percurso é muito desafiador, com uma altimetria muito elevada. Quando não estamos subindo paredões, estamos descendo morros íngremes que exigem muito da nossa concentração e força. Entretanto, a cada mirante que chegávamos éramos recompensados pelas lindas paisagens. Acredito que todos consigam fazer o caminho. No entanto, para que não seja tão sofrido, é necessário um bom treino antes. Também é essencial, durante o percurso, que cada um siga no seu ritmo. Não adianta querer andar no ritmo dos outros ciclistas, pois que as chances de “quebrar” são muito grandes”, aconselha Diego.

A PRÁTICA DO CICLISMO

Por fim, Diego destaca o aumento da prática do esporte. “O ciclismo cresceu muito nos últimos anos, o esporte vem ganhando inúmeros praticantes, seja ele para o lazer ou para competições. Aqui em Resende Costa não foi diferente. Vejo um grande número de pessoas que começaram a praticar o ciclismo. É um esporte muito prazeroso, pois, além de trazer benefícios para a saúde, nos proporciona conhecer percursos com paisagens incríveis”.

Devido aos inúmeros benefícios da prática esportiva, o número de adeptos do ciclismo é tão expressivo. Para quem está há algum tempo envolvido com as cicloviagens, como é o caso de Diego Resende, a recomendação é viver a experiência, que, inclusive, foi compartilhada na página do Instagram do qual ele é fundador, a “Uai de Bike”. “Recomendo a todos os ciclistas fazer o Caminho da Fé. Subir as serras dos Limas, Teodoros, Caçador, o famoso morro do Sabão, chegar à porteira do Céu e conhecer a famosa Serra da Luminosa. Não se pode deixar de conhecer, também, pessoas icônicas do Caminho da Fé, como a Dona Inês, Dona Gonçalina, Dona Natalina, Maurão, Jucemar, Poka etc. São tantas paisagens e pessoas bacanas que todos que fazem o Caminho se surpreendem positivamente com ele e sempre desejam voltar. Seja pela parte espiritual, seja pela parte esportiva, faça e viva o Caminho da Fé, curta cada momento, cada paisagem,

A Escola Estadual João dos Santos, uma das mais antigas e tradicionais de São João del-Rei, vai ser totalmente reformada e reformulada. A instituição foi contemplada pelo Governo de Minas e vai receber investimentos que somam mais de R$ 8 milhões.

Para que as obras aconteçam, a diretora de edificações e infraestrutura do Departamento de Edificações e Estrada de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG), Débora Dias, solicitou apoio no trânsito à Prefeitura Municipal de São João del-Rei, nas avenidas Eduardo Magalhães e Tiradentes, principalmente, na Tiradentes, pois o ponto de ônibus que se localiza nos fundos da escola terá de ser transferido para outro local. O prédio, situado naquele ponto, será demolido.

O prefeito de São João del-Rei, Nivaldo de Andrade, disse, em entrevista à Rádio Emboabas, que vai contribuir com o

andamento das obras, sobretudo para acelerar o processo. Isso para evitar que os alunos fiquem por muito tempo estudando em outro local.

INTERDIÇÃO DA ESCOLA

A escola chegou a ser interditada parcialmente pelo Corpo de Bombeiros em 2019. A medida foi tomada porque algumas salas de aula estavam com trincas nas paredes e também com vazamento em algumas calhas, causando danos à estrutura do prédio histórico. À época, os alunos foram remanejados para outras salas. No entanto, desde a volta às aulas depois da pandemia, a escola foi totalmente desocupada e os alunos, que estavam matriculados na instituição, foram remanejados para outro espaço.

ALUNOS ILUSTRES

Importantes nomes da história do país já passaram pela Escola Estadual João dos Santos. Dentre eles, o ex-presidente do Brasil, Tancredo Neves, e o ex-procurador geral da República, doutor Aristides Junqueira.

JORNAL DAS LAJES • PÁG. 15 ANO XX Nº 241 - MAIO 2023
VANUZA RESENDE
Escola João dos Santos em SJDR vai ser reformada – obra está avaliada em oito milhões de reais
ROMARIA
Foto: Divulgação E.E João dos Santos Fachada do histórico prédio da E. E. João dos Santos, que passará por reforma Em Águas da Prata, início do Caminho da Fé Ciclistas resende-costenses percorreram o Caminho da Fé, rumo ao Santuário Nacional, em Aparecida - SP cada cidade pela qual passar e cada pessoa que encontrar durante o percurso. Garanto que você vai querer voltar outras vezes”, finaliza.

Parceria entre o município de Resende Costa e o Cruzeiro Sada Vôlei oferecerá aulas gratuitas de vôlei

através do esporte.

Os resultados vão além dos títulos e troféus, além de todas as conquistas da equipe profissional do Sada Cruzeiro. Eles também servem como um grande estímulo para alunos que aprendem a jogar vôlei nas escolas e participam de projetos esportivos desenvolvidos pelo Sada Cruzeiro em Minas Gerais.

Os jovens que se destacam nesses programas podem ter a chance de ingressar nas categorias de base do clube (que é um dos principais formadores de atletas no Brasil). E as meninas que demonstram talento são direcionadas para um projeto mais avançado, com equipes de competição. Também são encaminhadas para clubes profissionais.

Desde 2010, a equipe possui uma parceria com o

Sesi-MG para desenvolvimento do Projeto Sada Vôlei Sesi, que oferece aulas gratuitas de voleibol para crianças e jovens, de ambos os sexos, em algumas cidades do

estado.

Nos últimos anos, a Associação Social e Esportiva Sada, que faz a gestão da equipe profissional do Sada Cruzeiro, tem ampliado a

atuação dos projetos sociais e esportivos e novas unidades foram abertas. Nelas, meninos e meninas de 7 a 17 anos aprendem a prática do voleibol e vivenciam a cidadania

A ideia é a de que o projeto chegue em breve a Resende Costa, como destaca o prefeito em exercício Lucas Paulo. “É um projeto que chegou a São João del-Rei e sobre o qual procuramos saber mais. É totalmente gratuito para as crianças e contempla uniforme, bola e rede, por exemplo, além de oferecer estrutura de profissionais. As crianças também têm a oportunidade de acompanhar jogos e participar de campeonatos entres as cidades que fazem parte do projeto”.

RECURSOS

O investimento por parte do poder público é de R$47.000,00 anuais. De acordo com Lucas, a prefeitura está em fase final de elaboração do contrato a fim de que o projeto seja implantado logo.

Otávio Ribeiro conquista Medalha de Prata no Brasileiro de Jiu-Jitsu

Ele levou mais uma! Otávio Ribeiro, sem dúvidas, é um dos atletas de Resende Costa que mais compete em torneios de nível estadual, nacional e até internacional.

E, em mais um campeonato, Otávio voltou para casa com medalha.

No dia 05 de maio, no Ginásio José Corrêa, em Barueri, São Paulo, aconteceu um dos eventos de grande importância do calendário esportivo do país: o Campe-

onato Brasileiro de Jiu-Jitsu. Entre os mais de 8 mil atletas inscritos do Brasil e do exterior, Otávio, da equipe Bauer Team, competiu na categoria faixa marrom master 1 - peso pena, com 70kg. Na disputa de três lutas de alto nível, Otávio conquistou a Medalha de Prata.

O atleta comenta sobre a participação dele no campeonato. “Mesmo vindo de uma derrota indigesta no final de janeiro no campeonato euro-

peu na França, eu estava animado para lutar no brasileiro em São Paulo. Fiz ao todo 3 lutas duríssimas contra atletas de alto nível técnico. Inclusive, disputei a final com um atleta dos Estados Unidos”.

Otávio agradece aos amigos e patrocinadores que o apoiaram na competição. “Quero agradecer a Deus por me dar forças. À minha família por todo o suporte, minha equipe Bauer Team,

meus amigos de treinos e meus patrocinadores por me apoiarem. Agradeço a WKY Comercial, meu patrocinador Master. E aos demais: Barka Store, Churrascaria Ramona, Melo Contabilidade, Moe’s Bar, Supermercado Resende Costa, Planeta Motos, Alessandro Telinhas, Irapê Alumínios. Agradeço ainda à Prefeitura Municipal de Resende Costa pelo apoio”. V.R.

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O lutador de Jiu-jitsu Otávio Ribeiro é medalhista de Prata no Brasileiro da modalidade
Representantes do poder público e do vôlei de Resende Costa se reuniram com dirigentes do Sada - Cruzeiro em São João del-Rei Foto: arquivo pessoal
Foto: divulgação

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