A história da moda e seus diferentes corpos
© Élisabeth Vigée-Lebrun
O surgimento de muitas tendências teve relação direta com a mudança brusca que a população sofreu nesse período pandêmico
Quadro da monarca francesa Maria Antonieta
O
surgimento da moda se deu no fim da Idade Média e início do Renascimento na Europa, em meados do século XV, onde a roupa era usada para diferenciar as classes sociais. Contudo, a opção de ter diferentes tipos de roupas e seguir um determinado estilo se manteve restrita à nobreza da época ou elite por mais de 300 anos. A sua origem foi no Ocidente, como explica a jornalista e doutoranda em moda Gabriela Cabral: “A moda é um fenômeno ocidental, pois nessa época de seu surgimento, os orientais tinham um apego pela tradição. Já no ocidente tinha essa ideia do novo, do exuberante.” A burguesia queria se diferenciar do resto do povo, que, por razões econômicas, não tinham condições de seguir as tendências da nobreza e sabiam o que iam vestir até morrer. Já os outros, por terem dinheiro, copiavam os nobres, que por sua vez tornavam suas roupas ainda mais detalhadas para evitar essa ação. O maior símbolo da extravagância foi na corte francesa de Versailles, com a rainha Maria Antonieta. É visível que a atitude de criação, inovação e de cópias por outros é o que move até hoje o mercado da moda. “A moda é caracterizada pela novidade”, afirma Cabral.
Com a evolução tecnológica ao longo dos anos, se iniciando na Revolução Industrial, este cenário mudou: as roupas ficaram mais baratas. A industrialização aumentou o número de empregos na cidade, as pessoas poderiam trabalhar nas fábricas. Os trabalhadores começaram a ser incluídos no universo da moda. Além de ter uma inovação e início de um novo ciclo mais rápido, “Na Revolução Industrial você tem uma mudança mais rápida, pois tem o desenvolvimento tecnológico que permite uma produção maior, em menor tempo e que barateia também. Esse sistema da moda começa a girar mais rápido” – a jornalista explica. Mas foi em 1840 que surgiram as primeiras grandes magazines da moda, tornando as inovações acessíveis para todos e se tornaram mecanismo de influência. A relação da mídia e da moda sempre foi bem estreita. Esses veículos de comunicação, após a nobreza, tiveram um importante papel social de influência, ditando as regras da moda, o que era certo ou errado, de bom gosto ou não.
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Por Beatriz Vasconcelos, Larissa Isabella Sousa e Maria Luiza Oliveira
Com o passar dos anos, essas magazines continuaram a existir e foram evoluindo para outras tecnologias. Passaram a ter destaques na fotografia e foi no cinema que grandes marcas da moda se promoveram. “A gente vê a influência das divas de Hollywood na moda. Essa influência é tão grande que chega um momento que os estilistas têm uma parceria com esses filmes” – segundo a doutoranda. Já nos anos 70, ocorre o movimento de contracultura, como, por exemplo, o movimento hippie. Este estilo de roupa se tornou popular para época, mas só se tornou legítimo ao passar por um grande nome da moda. Um movimento que a população começa a ganhar voz para opinar sobre moda no espaço social: “a moda não vem só de cima para baixo, ela vem também da população, o movimento começa a ser apropriado pelos estilistas, e isso, hoje, ainda acontece bastante.” Atualmente, os estilos da moda estão sofrendo grande influência, mas que se intensificam ainda mais com a ascensão das redes sociais, principalmente o Instagram, que é uma grande vitrine virtual. As blogueiras e influencers estão ajudando muito neste meio, como ressalta Cabral: “Um dos grandes impactos dessa mídia é que até então quem podia falar sobre moda eram as jornalistas, mas mesmo antes do Instagram, já com os blogs, essa autoridade da moda não fica restrita às revistas, agora o que a blogueira fala que é legal usar, é o que vai ser a grande sensação.” Nessas redes sociais é perceptível que os perfis de moda que fazem maior sucesso são aqueles que existe uma supervalorização da moda de fora, principalmente estadunidense e europeia. A estudante de moda e influencer Laura Camargo, que utiliza bastante essas redes, exemplifica a questão dizendo que queremos nos parecer com as pessoas do exterior, apesar da cultura e o clima brasileiro serem totalmente
Campanha da Victoria’s Secrets de 2014
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CONTRAPONTO Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo – PUC-SP