Respeito não é privilégio, é direito Criação de políticas e redes de apoio dentro das empresas para combater o assédio no ambiente corporativo é uma realidade que precisa ser concretizada
Por Patrícia Mamede e Victoria Mercês
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É importante dizer que inúmeras vítimas não reportam o crime muitas vezes por medo, vergonha ou até mesmo por se sentirem responsáveis e culpadas de alguma forma pelo que aconteceu, portanto é difícil estimar um número exato para o assédio. Como ratificou Yasmin Morais, colunista da revista Toda Teen e criadora de conteúdo da página Vulva Negra, “Quando nós adentramos a esfera trabalhista, nenhuma hierarquia de poder que vigora na sociedade, é estagnada. Todas elas permanecem”. Exemplificando, dessa forma, a situação da mulher negra, que sempre teve seu corpo hipersexualizado e diminuído perante a sociedade. Apesar da nova maneira de trabalho em home office, imposta pela pandemia da Covid-19, as mulheres que ocupam os ambientes corporativos ainda se sentem inseguras, mesmo no formato remoto. Durante o isolamento social, o LinkedIn reportou um aumento de 55% das situações de assédio no ambiente online, estatística que impressiona ao tornar perceptível a ausência de um local em que as mulheres se sintam tranquilas. Só em 2001, pela lei 10.224, art. 216-A, o assédio sexual foi decretado como crime, podendo levar de um a dois anos de
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cupado ainda em sua maioria por homens, o ambiente corporativo é um local que reforça e perpetua o machismo e o sistema patriarcal da sociedade, tornando-se muitas vezes, um local conveniente para que o assédio sofrido pelas mulheres se mantenha. Existem três tipos de assédio: moral, que se dá pela exposição, humilhação e/ou constrangimento repetitivo e prolongado; psicológico, que se dá através do bullying e abuso emocional; e por fim, o sexual, que é derivado de condutas baseadas na prática sexual não consentida. Embora todas as mulheres possam estar sujeitas a tais violações, estas ocorrem em maior frequência com mulheres que assumem cargos tidos como inferiores nas empresas, como as assistentes, as quais estão sempre sujeitas as demandas de seus superiores. Segundo o site Think Eva, que reportou as situações de assédio por uma análise estatística, 52% das mulheres que são assediadas sexualmente dentro das empresas são negras; o que prova que o assédio está intrinsecamente ligado à questão racial e econômica das vítimas. O assédio sexual sempre fez parte da realidade da mulher. Segundo a pesquisa pelo menos 47% das mulheres já foram assediadas no trabalho.
Assédio. sexual vai. além do. contato físico.
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CONTRAPONTO Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo – PUC-SP