365 dias de sonho vivo: atletas olímpicos mantém a esperança em meio a um ano de incertezas
© Reprodução/Twitter @Tokyo2020
Adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio afeta psicológico, rendimento e coloca importância cultural do evento em risco
“A chama olímpica continua iluminando o mundo do Japão! O caldeirão já está aceso para o início do #OlympicTorchRelay, cerimônia da Prefeitura de Fukushima.”
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Por Isabella Pugliese Vellani, Maria Sofia Aguiar e Rafaela Guazzelli Dionello
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o dia 26 de fevereiro de 2020, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso de um paciente contaminado pela COVID-19, em São Paulo. Enquanto tudo era cercado de incertezas e novidades, governos de todo o mundo buscavam a forma mais eficaz de conter o novo vírus. Pouco menos de um mês depois, Thomas Bach, presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), revelou que os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 seriam adiados em um ano, sob alegação de ser inviável a realização do evento em um contexto de pandemia.O anúncio foi feito quando o mundo ainda contabilizava 9.596 mortes. E foi aí que a dúvida surgiu: o que iria acontecer com os atletas e como essa decisão impactaria o esporte? Hoje, com os Jogos previstos para julho, o número ultrapassa a triste marca de mais de 2,7 milhões de mortes e 123 milhões de casos. Apesar da sensatez na decisão do adiamento, não se pode negar as consequências que isso causou e ainda causa para os atletas e para o esporte. A necessidade dos treinamentos em casa foi uma das grandes adversidades que esse adiamento resultou. “Nós precisamos treinar, precisamos dar o nosso melhor na competição. Eu
acho que seria injusto num país onde as pessoas estão completamente proibidas de sair de casa, eu tendo a possibilidade de treinar em casa (...) competir com pessoas que moram em um apartamento e não tem [oportunidade de treinar em casa]. Vamos batalhar. O sonho continua!”, disse o atleta do arremesso de peso Darlan Romani, em depoimento à ESPN Brasil. Para manter o bom rendimento e alta performance, atletas profissionais precisam realizar treinos diariamente. Em uma situação de pandemia, por não poderem praticar suas modalidades nos centros de treinamento, eles não utilizam equipamentos ideais e não são supervisionados pessoalmente por médicos, fisioterapeutas e treinadores. O conjunto desses fatores antecedem quebra de ritmo e lesões, as quais podem definir a participação de um esportista nos Jogos. Dessa forma, há uma frustração que pode desencadear em ansiedade e depressão. O que também pode vir a ser um desgaste emocional são as perdas de patrocinadores – afinal, os campeonatos estão paralisados e não seria possível um retorno financeiro ao competidor.
CONTRAPONTO Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo – PUC-SP