JornalCana 329 (Agosto 2021)

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Agosto 2021

Série 2

Número 329

USINAS SE ALIAM À TECNOLOGIA DE BIOMETRIA FACIAL PARA SE ADEQUAREM ÀS NORMAS DA LGPD Sistema também disponibiliza informações e controle sobre a jornada de colaboradores em tempo real, com ganhos de gestão e produtividade




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CARTA AO LEITOR

Agosto 2021

índice MERCADO Bolsonaro libera venda direta de etanol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 O que é preciso fazer para garantir o futuro do etanol, segundo Pablo Di Si, da Volks . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 e 9 Etanol é o caminho para mobilidade sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 EPE lança “Análise de conjuntura dos Biocombustíveis Ano 2020” . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 CerradinhoBio vai construir nova planta de etanol de milho em Maracajú (MS) . . . . . . .12 Raízen estreia na B3 com maior IPO do ano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 Usina Batatais assume gestão da CEVASA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15 Jalles Machado investirá R$ 517 milhões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15

GENTE Fórum Nacional Sucroenergético empossa nova diretoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 Falece viúva do fundador do Grupo Virgolino de Oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 Setor perde Delphino Belodi da Usina Santa Adélia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17

GESTÂO Usinas se aliam à tecnologia de biometria facial para s e adequarem às normas da LGPD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18 e 19 Nova legislação exige adequação das empresas sucroenergéticas . . . . . . . . . . . . . . . . . .20

USINAS Clealco tem lucro de R$ 69,3 milhõe na safra 20s na safra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21 BP Bunge amplia eficiência e registra EBITDA de R$ 3,4 bi na safra 20/21 . . . . . . . . . . . . .22 Guaíra é recomendada em auditoria de recertificação Bonsucro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23 Usina São Manoel capta R$ 100 milhões com emissão de seu primeiro CRA verde . . . .24 Usina Estiva conquista certificação CARB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Cooper-Rubi realiza série de monitoramento ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 Usina Jacarezinho celebra 2.000 dias sem incidentes com afastamento . . . . . . . . . . . . . .26

INDUSTRIAL Fermentação: fatores determinantes para maior ou menor produção do etanol . .28 e 29 Novas tecnologias no processo de fermentação, lições de plantas de milho e desafios do etanol orgânico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 e 31 Válvulas de Respiro promovem o alívio de pressão em motorredutores . . . . . . . . . . . . . .32

AGRÍCOLA Com aumento expressivo na produtividade, Energética Serranópolis amplia área de adubação biológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33 Programa de colheita mecanizada gera ganhos de até 4 quilos de ATR . . . . . . . . . .34 e 35 Biodefensivos (“on farm”) nas fazendas e usinas! Como viabilizar logística com qualidade? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36 Ridesa liberou 21 novas variedades de cana-de-açúcar em evento virtual . . . . . . . . . . .36 Estiagem alerta necessidade da irrigação para garantir longevidade e altas produtividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37 Microbiologia: produtores apostam em pequeno exército na luta pela fertilização do solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38 Novas técnicas de maturação anunciam equilíbrio entre produtividade e acúmulo de açúcar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39 Controle biológico se enquadra na ESG e aumenta demanda na utilização de microorganismos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40 UNESP destaca que a cana tem melhor eficiência na conversão da energia solar em biomassa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 ONS começa a receber oferta adicional de bioeletricidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42

"Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé."

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Nova legislação exige adequação das empresas sucroenergéticas O reconhecimento facial deixou de ser ficção científica e agora faz parte da rotina de várias usinas, graças às suas características de avanço arrojado diante da marcação de ponto tradicional, e o mais importante: possibilitando às empresas ganhos significativos. Além disso, tornou−se um aliado das empresas que necessitam se adequar às normas da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), já que, desde o último dia 1º de agosto, passou a valer a aplicação de sanções da nova legislação. Esse novo episódio das companhias sucroenergéticas é tema da matéria de capa da edição de agosto, que destaca as tecnologias que vêm crescendo em conceito junto aos gestores de RH, como o DT FACEUM, ferramenta de reconhecimento facial produzido pela Dimastec, que vem revolucionando a marcação de ponto nas companhias. “O DT FACEUM vem se consolidando como tecnologia fundamental para a gestão de recursos humanos. Seu banco de dados é armazenado na nuvem, com toda a segurança da LGPD. Atualmente temos 15 usinas em portfólio de clientes que usam a ferramenta”, afirma Dimas Fausto, presidente da Dimastec. Falando de mercado, a edição de agosto mostra uma análise sobre o futuro do etanol, com entrevista exclusiva de Pablo Di Si, presidente da Volkswagem. Como também um resumo dos principais eventos do setor que destacaram a importância do biocombustível, que oferece ao Brasil uma das mobilidades mais sustentáveis do mundo.“O etanol é um dos principais agentes de descabonização do mundo”, disse Evandro Gussi, CEO da UNICA em encontro com executivos da Volks e CTC. Ainda falando sobre o combustível renovável, a edição traz detalhes sobre a Medida Provisória assinada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 11 de agosto, que libera a venda direta de etanol por produtores ou importadores a revendedores varejistas, dispensando a intermediação de agentes distribuidores, o que era obrigatório até a edição da medida. Além disso, destaca as principais iniciativas realizadas pelas usinas no último mês, como a estreia da Raízen na B3; os investimentos em nova planta de etanol de milho divulgados pela CerradinhoBio e os bons resultados financeiros compartilhados por companhias como a BP Bunge Bioenergia e Clealco. Nesta edição o leitor encontra também informações sobre os principais fatores que envolvem a fermentação, com opinião de diversos especialistas no assunto. Já na área agrícola, o controle biológico e seus benefícios são detalhados por um time de primeira linha, com cases de usinas e de produtores de cana em uma série de matérias. É muito conteúdo interessante. Boa leitura!

1 João 5:4

ISSN 1807-0264

carta ao leitor

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“Desenvolver o agronegócio sucroenergético, disseminando conhecimentos, estreitando relacionamentos e gerando negócios sustentáveis"

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MERCADO

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Bolsonaro libera venda direta de etanol Proposta equaliza tributos federais incidentes no etanol anidro nacional e no importado O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assinou, no dia 11 de agosto, a Medida Provisória (MP) que propõe alterações na Lei nº 9.478/1997, a Lei do Petróleo e libera a venda direta de etanol hidratado por produtores ou importadores a revendedores varejis− tas, dispensando a intermediação de agentes distribuidores, o que era ob− rigatório até a edição da medida. Durante cerimônia, que contou com a presença dos ministros de Mi− nas e Energia, Bento Albuquerque, da Economia, Paulo Guedes, e a Minis− tra da Agricultura, Pecuária e Abaste− cimento, Tereza Cristina, foi ressalta− do que a iniciativa propicia maior efi− ciência logística, com benefícios dire− tos aos consumidores, e maior com− petitividade ao setor.Ainda melhora o ambiente regulatório e trata de aspec− tos tributários do setor de combustí− veis automotivos.

Para não haver renúncia de recei− tas, o texto prevê que as alíquotas aplicáveis à venda direta de etanol se− rão aquelas decorrentes da soma das alíquotas atualmente previstas para o produtor ou importador com aquelas que seriam aplicáveis ao distribuidor (Lei 9.718/98). A MP ainda retira a desoneração tributária na venda de ál− cool anidro importado adicionado à gasolina pelo distribuidor quando es− te for importador, hipótese em que não há tributação nessa adição pelas distribuidoras.Tal proposição tem a fi− nalidade de equalizar a incidência tri− butária entre o produto nacional e o produto importado. Em outro eixo, a MP permite

que os postos de combustíveis que optem por exibir a marca comercial de respectivo distribuidor possam comercializar combustíveis de distri− buidor diferente da marca exibida, desde que devidamente sinalizado para o consumidor. Ao flexibilizar a denominada tu− tela regulatória da fidelidade à ban− deira, preservando o direito do con− sumidor à informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, a medida fomenta novos arranjos de negócios entre os distri− buidores de combustíveis e os reven− dedores varejistas. Isso incentiva a competição no setor e estimula a entrada de novos agentes e a realiza−

ção de investimentos em infraestru− tura, o que pode gerar emprego e renda no país. As medidas entram em vigor a partir do quarto mês subsequente à publicação da MP, visando propiciar aos estados tempo suficiente para adequação à mudança proposta no tocante ao ICMS cobrado e aten− der o princípio da anterioridade nonagesimal. A ação está em linha com delibe− rações do Conselho Nacional de Po− lítica Energética (CNPE) e estudos realizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustí− veis (ANP), com o objetivo de au− mentar a concorrência, beneficiando o consumidor final. “O Governo Federal vem traba− lhando para melhorar o arcabouço re− gulatório do setor, com maior plura− lidade de atores, mais dinâmico e mais competitivo. Um arcabouço que visa criar as condições necessárias para os desejados investimentos em infraes− trutura no setor, gerando emprego e renda no País, buscando melhores condições quanto a preço, qualidade e oferta de produtos para o consumidor brasileiro”, afirmou o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.



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MERCADO

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ETANOL VERSUS HÍBRIDOS

O que é preciso fazer para garantir o futuro do etanol, segundo Pablo Di Si, da Volks trico, como e em quanto tempo ele será carregado? Além disso, a conta de luz subiu 52% no último mês [devido à escassez hídrica]. A infraestrutura do país é muito importante. Ela [ajuda a responder] que veículo vamos lançar e se o sistema irá suportar.

Biocombustível tem muito a crescer em tecnologias flex no Brasil e em gigantes como a Índia, afirma o presidente da montadora na América Latina

Ele defende o etanol com unhas e dentes e pre− vê um mercado futuro de crescimento de mercado para o biocombustível, desde que sejam feitas as lições de casa. Em entrevista por videoconferência ao JornalCa− na, o argentino Pablo Di Si, presidente da Volkswa− gen América Latina desde 2017, detalha que lições de casa são essas. Além disso, comenta sobre veículos elétricos, bio− eletricidade e destaca porque o setor sucroenergético será parceiro estratégico no recém−anunciado Cen− tro de P&D em biocombustíveis que aVolks implanta no Brasil. Jor nalCana − Por que o senhor defende o eta− nol em um período no qual as montadoras aceleram investimentos em eletr ificação? Pablo Di Si − A eletrificação avança, mas tem uma parte do mundo, que inclui o Brasil, América Latina e África e países da Ásia, que ficam fora des− te discurso. Existe uma ferramenta que reduz o CO2 hoje, sem que seja preciso eletrificar, investir em in− fraestrutura, que se chama etanol. Em julho último, a Volkswagen anunciou que implantará no Brasil Centro de Pesquisa & Desen− volvimento (P&D) focado para o estudo de soluções tecnológ icas baseadas em etanol e outros biocom− bustíveis. Trata−se de inovação que atesta sua ban− deira pelo etanol. Como foi convencer o board da Volks para f azer este investimento? Em relação a este Centro de P&D, dou muito mais crédito ao time da Alemanha [onde fica o board da empresa] do que a mim. Eles já entendem bem sobre a importância do etanol. Tinham dúvidas, por exemplo, sobre o impacto [em termos de área] da cana e do etanol sobre a soja, se iria eliminar ela e outros alimentos. Explicamos que não. É um pro− cesso de aprendizado para eles e para mim. Então há países que irão eletrificar e outros que irão operar com etanol como forma complementar. Explique mais sobre como irá operar o Centro de P&D. O Centro de P&D é composto por três pilares. Em primeiro lugar tem os motores a combustão, no caso o motor flex. O segundo pilar diz respeito à tecnologia híbrida e o terceiro é o elétrico. Como o Centro irá fornecer tecnologia para

Como já dito, o Centro de P&D trabalhará so− bre a tecnolog ia flex. Nesta linha, será possível am− pliar a adição de anidro à gasolina de atuais 27% pa− ra, por exemplo, 30%? Sim, é possível.

Pablo Di Si defende o etanol com unhas e dentes

outros atenderá países que nos próximos 15 a 20 anos usarão motores a combustão. O melhor exemplo é da Índia, que deve [anun− ciar oficialmente nestas semanas] o motor flex. Isso gera uma oportunidade para hoje em tecnologia. Depois vem a tecnologia híbrida e, em segui− da, a do motor elétrico, a mais complexa. Para tan− to, estamos procurando parceiros. A ideia é como iremos transformar o etanol em uma célula a com− bustível a etanol.

Esta possibilidade de mercado pode incentivar o setor a investir em ampliar a produção de etanol, seja no etanol tradicional (1G) e no de segunda geração (o 2G). O senhor concorda que o setor já pode pla− nejar investimentos? Respondendo do macro para o micro. A indús− tria está com um nível de dívida alto [e é preciso buscar soluções]. Acredito que a produtividade tem que vir, por exemplo, da biotecnologia sem expansão de área. Visitei o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) em Piracicaba e não tenho dúvidas de que nos próximos quatro a cinco anos haverá tecnolo− gias para aumentar a produtividade da cana em 30% a 50% na mesma área plantada. [Assim dá para man− ter] o nível de dívida baixo.

Como o setor sucroenergético, seja com insti− tuições pr ivadas e públicas, seja com empresas, pode par ticipar deste Centro de P&D? Com alguns deles, falamos há mais de um ano. É o caso da UNICA e da Copersucar. Parcerias.Vamos trabalhar de forma transversal, acabou o ‘cada traba− lha um por si’. Veja o caso da produção da cana. Nos últimos 30 anos, ela dobrou, saindo de 300 milhões de tonela− das para 600 milhões de toneladas. É uma prova de ganho de produção e quer melhor parceiro para a indústria automobilística que este [o setor produti− vo]? Temos que trabalhar com parcerias com a in− dústria do agro.

Como o Gover no federal deve par ticipar? Tem a questão das políticas públicas. Aproveito para parabenizar programas como o Combustível do Futuro, do Ministério de Minas e Energia, que olha do poço à roda. Isso é fundamental para a indústria, porque olhamos a foto completa: da usina de cana, que sequestra o CO2, a até ao escapamento. Daí a importância de programas como esse pa− ra fazer as duas indústrias [etanol e automobilística] crescerem. Até porque caso não seja assim, a indús− tria de etanol corre risco. Por isso é preciso debater o assunto abertamen− te, com transparência, com a UNICA, por atores que ajudem a determinar uma política para os 15 a 20 anos. Por isso a política pública é fundamental. Em resumo, eu olharia primeiro as políticas pú− blicas, depois a produtividade e, em seguida, os in− vestimentos.

Em julho, a Volks lançou no Ur uguai o e−Up, modelo elétr ico. Ele virá para o mercado brasileiro? Nós já anunciamos lançamentos de modelos elétricos para os próximos cinco anos. Cada país é um país. No Uruguai, 99% da energia é renovável, onde há 30 anos existe marco regulatório e hoje há excesso de energia. Com isso, os carregadores de eletricidade estão em todo lugar. Não significa, no entanto, que o Brasil não vá ter carros elétricos. Sim, vai. Mas eu posso lançar um carro elétrico no Uruguai e um flex no Brasil como ponte para o elétrico. Se eu trago um modelo elé−

Qual sua opinião sobre a bioeletr icidade, cuja participação ainda é pequena na matr iz energética? No Brasil, 86% da energia é limpa, a maioria graças às hidrelétricas. E a bioeletricidade responde por 8% da matriz. Acho que é hora de ampliar essa participação para 30% e até 40%. Imagine quanto de prêmio essa participação maior irá gerar para as usinas, e quanto irá gerar em impostos. E o impacto positivo na redução de CO2 para o Brasil? Existem pontos positivos em todo lado. O que precisamos é acelerar.


MERCADO

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Brasil sedia Centro de P&D de biocombustíveis O Grupo Volkswagen escolheu o Brasil para sediar − e liderar − um Centro de Pesquisa & Desenvolvi− mento (P&D) focado para o estudo de soluções tecnológicas baseadas em etanol e outros biocombustíveis. Não é só: o empreendimento, anunciado em junho último, ficará no Brasil, mas atenderá mercados emergentes que utilizam energia limpa para combustão e soluções hí− bridas − por exemplo: motor elétri− co ‘abastecido’ por célula a combus− tível de etanol. Mais: com apoio da marca Volks− wagen e previsão de ser instalado na fábrica da montadora em São Bernar− do do Campo, na Grande São Paulo, este Centro “será totalmente inde− pendente no desenvolvimento de tais tecnologias para o Grupo Volkswagen em nível global”, como destaca a em− presa em comunicado. Ademais, com a iniciativa do Centro a empresa “busca minimizar as

mudanças nas plataformas atuais e fo− ca na produção neutra de CO2”. “Sediar aqui no Brasil o novo Centro de P&D para etanol e outros biocombustíveis nos coloca em evi− dência no mundo Volkswagen”, ates− ta, em nota, Pablo Di Si. “Poder liderar, desenvolver e ex− portar soluções tecnológicas a partir do uso da energia limpa dos biocom− bustíveis se caracteriza como uma es− tratégia complementar às motoriza− ções elétrica, híbrida e à combustão a mercados emergentes é um reconhe− cimento enorme para a operação na América Latina.” Em fase atual de formatação, o Centro não tem datas para apresentar as soluções. Mas, como lembra o pre− sidente e CEO da Volkswagen Amé− rica Latina, “vamos atuar em parceria com Governo, universidades e a agroindústria para que possamos tra− balhar com o que há de melhor para o futuro da mobilidade”.

Quem é Pablo Di Si Pablo Di Si assumiu a posição de presidente e CEO da Volkswagen América Latina em 1º de outubro de 2017. Até então, ele presidia e era CEO da Volkswagen Argentina. Iniciou sua carreira no Grupo Volkswagen em 2014. Antes disso, ocupou posições-chave nas áreas de Finanças e Desenvolvimento de Negócios na FCA nos Estados Unidos e no Brasil, onde viveu por 11 anos (nas cidades de São Paulo, Curitiba e Belo Horizonte). Em 2017, completou o CEO Global Program na Wharton, IESE and CEIBS Business School. Graduado pela Harvard Business School (AMP 2011), tem MBA Executivo de International Management pela Thunderbird, School of Management (2002). Formado em Contabilidade pela Northwestern University (1996), Pablo Di Si é também Bacharel em Administração, com especialização em Finanças, pela Loyola University of Chicago (1994). O executivo foi eleito, em abril de 2017, presidente da AHK Argentina (Câmara de Indústria e Comércio Argentina – Alemanha). E antes de investir na carreira profi fisssional, Di Si também investiu, mas como jogador de futebol das categorias de base do Club Atlético Huracán, time de Buenos Aires, capital de seu país natal, a Argentina. E foi por meio do esporte que ele conseguiu uma bolsa de estudos nos EUA. Daí em diante, ele entrou para o universo executivo do qual hoje faz história.

Volks quer se tornar neutra em termos climáticos até 2050 O posicionamento de Pablo Di Si em favor do etanol atesta a linha da Volkswagen, que pretende se tornar neutra em termos climáticos até 2050. Para se ter ideia, a empresa foi a primeira fabri− cante de automóveis a aderir ao Acordo de Paris e planeja eliminar gradualmente a produção de veí− culos a combustão na Europa entre 2033 e 2035. Nos EUA e na China, isso deve acontecer um pouco mais tarde. No entanto, em mercados emergentes como o Brasil, a eletrificação 100% pode demorar ainda mais. Motivos: indisponibilidade de infraestrutura de carregamento, energia renovável e o nível de renda local. Daí vem a bandeira defendida por Di pelos biocombustíveis. Diante a situação é necessário ex− plorar opções alternativas aproveitando os recursos lo− cais que já estão disponíveis hoje. E o uso de biocombus− tíveis é uma estratégia com− plementar para ajudar a in− dústria em mercados emer− gentes a neutralizar as emis− sões de carbono. No Brasil, vários argu− mentos indicam o uso, por exemplo, do etanol. E tudo isso sem afetar o meio ambiente. Estudo publicado pelo World Wildlife Fund (WWF) indica que até 2030, os bio− combustíveis podem suprir

72% da demanda brasileira de combustível apenas pela otimização das pastagens degradadas atual− mente sem competir com a terra necessária para a produção de alimentos. Mais: atualmente pesquisas estão em andamen− to para garantir que essa abordagem permaneça sustentável. Conforme relato da assessoria da Volkswagen, atualmente apenas 1,2% do território brasileiro é utilizado para o cultivo de cana−de−açúcar, com 0,8% para produção de etanol (cana e milho). Quase 92% da produção de cana−de−açúcar é colhida no Centro−Sul do Brasil, e os 8% restantes são cultivados na região Nordeste. Enfim, isso significa que as áreas cultivadas pa− ra a produção de cana−de−açúcar estão localizadas a quase dois mil quilômetros da Amazônia.


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Etanol é caminho para mobilidade sustentável em volumes e condições competitivas só é possível com o avanço tecnoló− gico. E é justamente nesse sentido que o CTC vem atuando ao longo dos seus mais de 50 anos dedicados à pes− quisa”, ressaltou.

Volkswagen, CTC, UNICA e Copersucar destacam importância do biocombustível As externalidades do etanol foram destaque em um evento realizado na sede do Centro de Tecnologia Cana− vieira (CTC) no dia 28 de julho. Na ocasião, os CEOs da Volkswagen América Latina, Pablo Di Si; da União da Indústria da Cana−de−Açúcar (UNICA), Evandro Gussi; do CTC, Gustavo Leite e o presidente do Con− selho de Administração da Copersu− car, Alvean e do CTC, Luis Roberto Pogetti, se reuniram para promover o papel do etanol como um dos princi− pais agentes de descarbonização do planeta e como solução efetiva, pron− ta, acessível e disponível para a mobi− lidade de baixo carbono. O novo SUV premuim da VW, o Taos, abastecido com etanol foi o des− taque do encontro e estavam equipa− dos com a ferramenta Abasteça Cons− ciente, presente no aplicativo Meu Volkswagen, uma calculadora que in− forma ao usuário suas emissões de CO2 e demonstra na prática a contri− buição do etanol para o clima em substituição à gasolina. Os participan− tes do encontro puderam ainda co− nhecer as tecnologias disruptivas do CTC e entender como com ganhos de expressivos de produtividade, o se− tor de etanol está se tornando ainda mais competitivo dentro da nova eco− nomia de baixo carbono. Em comunicado oficial, distribuí− do em 12 de julho, o Grupo VW in− formou que definiu a América Latina como Centro de P&D voltado para o estudo de soluções tecnológicas ba− seadas em etanol e outros biocombus− tíveis para mercados emergentes. “Poder liderar, desenvolver e ex− portar soluções tecnológicas a partir do uso da energia limpa dos biocom− bustíveis se caracteriza como uma es− tratégia complementar às motoriza− ções elétrica, híbrida e à combustão a mercados emergentes, e é um reco− nhecimento enorme para a operação na América Latina”, detalha Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen América Latina. Para Evandro Gussi, CEO da UNICA, nenhum país tem uma mobilidade tão sustentável quanto o Brasil. “O etanol é um dos princi− pais agentes de descarbonização e sustentabilidade no mundo. Hoje, o carro mais básico abastecido com

Indústria da sustentabilidade

Os CEO’s Gustavo Leite (CTC) e Pablo Di Si (Volks) durante evento em Piracicaba - SP

etanol no Brasil é mais limpo do que qualquer carro elétrico euro− peu”, afirmou. Segundo Gussi, a equação não é carro elétrico versus etanol, e sim carro elétrico mais etanol. “O proces− so de eletrificação traz algumas van− tagens e ganhos de eficiência em re− lação ao motor à combustão, mas é preciso resolver o problema da gera− ção de energia elétrica. Se a minha geração de energia elétrica não é limpa, com baixa emissão de carbono, eu não resolvi o problema. O proble− ma é o aquecimento global, não local. Se eu tirar a emissão do carro e man− tiver a emissão ou aumentá−la em uma termoelétrica, isso não resolveu o problema”, explicou.

Para Luis Roberto Pogetti, presi− dente do Conselho de Administração da Copersucar, Alvean e do CTC, ter essa discussão sobre a sustentabilidade do etanol no CTC é bastante apro− priada. Pogetti lembrou que o CTC tem um importante papel na criação de um círculo virtuoso para o setor, indo ao encontro na busca de tecno− logias disruptivas para a cadeia sucroe− nergética e, consequentemente, para a mobilidade sustentável. “O CTC é líder global em ciên− cia de cana−de− açúcar, com uma contribuição histórica para o desen− volvimento da indústria de açúcar, do etanol e da bioenergia. Entre os mui− tos desafios do setor sucroenergético, assegurar a oferta limpa e renovável

“A cana−de−açúcar é a cultura comercial com a maior produção de biomassa e capacidade de captura de carbono global. Dessa forma, a sus− tentabilidade do etanol começa no campo. Desde o início de nossas ati− vidades, proporcionamos importan− tes ganhos de produtividade e redu− ção de custos. A contínua introdução de novas tecnologias à da cana−de− açúcar tem contribuído de sobrema− neira para transformar as usinas em indústrias da sustentabilidade.”, afir− mou Gustavo Leite, CEO do CTC. Praticamente 100% da cana−de− açúcar é utilizada, da colheita à pro− dução de açúcar, etanol e geração de energia, até o reaproveitamento de subprodutos, que são utilizados como fertilizante e componente de ração animal. A cana cobre hoje quase de 10 milhões de hectares, o que represen− ta cerca de 1% da área total plantada do Brasil. Vale ressaltar que os cana− viais estão localizados em áreas a mi− lhares de quilômetros da Floresta Amazônica. O Brasil é o maior exportador mundial de açúcar e produz o etanol, biocombustível com a menor pegada de carbono do mundo, além de bio− eletricidade, quarta fonte mais impor− tante da matriz energética do país. A substituição da gasolina por etanol entre 2020−2035 representará a redu− ção de 1 bilhão de toneladas de CO2, segundo cálculos da UNICA. “Ao longo das próximas décadas, a adoção de sucessivas ondas de no− vas tecnologias elevará significativa− mente a produtividade e a produção de cana no Brasil, sem a necessidade de expansão da área plantada. Com as variedades elite do CTC e com ca− nas geneticamente modificadas, esti− mamos passar das atuais 12,5 tonela− das de açúcar por hectare para 18 a 20 toneladas de açúcar por hectare até 2035. Além disso, plantar cana com sementes sintéticas, onde nossas pesquisas também estão avançando bem, revolucionarão todo o setor e reduzirão drasticamente os custos operacionais e complexidade opera− cional do plantio”, completou o CEO do CTC.


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EPE lança “Análise de Conjuntura dos Biocombustíveis Ano 2020” Documento é único no mundo e uma referência para o setor A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lançou no dia 5 de agosto a 12ª edição da publicação “Análise de Conjuntura dos Biocombustíveis Ano 2020”. A publicação anual apresenta síntese do setor dos biocombustíveis, no qual são analisados resultados e in− dicadores técnico−econômicos do segmento. Participaram do webinar o secretá− rio de Petróleo, Gás Natural e Biocom− bustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), José Mauro Coelho; o presidente da EPE,Thiago Barral, a di− retora da EPE, Heloísa Borges, o coor− denador geral de Extrativismo e Fo− mento às Energias Renováveis do Mi− nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Marco Auré− lio Pavarino, o chefe da Divisão de Pro− moção de Energia do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Renato Godinho, a analista de pesquisa energé−

José Mauro Coelho

tica da EPE, Marina Ribeiro, e Rafael Araújo, consultor técnico da EPE, que realizou a apresentação da publicação. Para José Mauro Coelho, a publica− ção é um documento único e uma re− ferência para o setor, pois faz um balan− ço do setor de biocombustíveis e traz riqueza de informações. “Um país que processou mais de 663 milhões de to− neladas de cana, que produziu mais de 33 bilhões de litros de etanol, fazendo do País o maior produtor de etanol a partir da cana de açúcar, o impulso da produ−

ção de etanol a partir do milho, o Brasil como player no mercado internacional de açúcar, a geração térmica à biomassa, entre outros feitos, demonstram a força e a pujança do setor”, exaltou. A publicação traz os principais pontos para entendimento do mercado de biocombustíveis como a oferta e a demanda de etanol, o mercado do ciclo Otto, a participação da bioeletricidade na matriz elétrica nacional, o mercado de biodiesel, o mercado internacional de biocombustíveis, a emissão dos gases de efeito estufa e o acompanhamento do RenovaBio. “Estamos colocando à disposição da sociedade informações confiáveis, de credibilidade e estruturadas para que todos possam conhecer a realidade so− bre a evolução do mercado de bio− combustíveis no Brasil”, observou Thiago Barral, presidente da EPE Ele foi seguido do consultor do MAPA, Marco Pavarino, que ressaltou o quan− to foi acertada a iniciativa de incluir a agricultura familiar na cadeia produti− va do biodiesel. O RenovaBio e o programa Com− bustível do Futuro foram exaltados no

webinar. “Nas próximas edições da análise, teremos o avanço do diesel ver− de, do etanol de segunda geração, do bioquerosene de aviação, entre outros”, lembrou o secretário, que também fa− lou sobre a matriz de transporte brasi− leira: “Uma matriz única em todo o mundo, com uma participação de 25% de renováveis”. “Esperamos chegar a 2030 com 30% de renovabilidade na nossa matriz de transporte”, destacou José Mauro Coelho. Ao encerrar sua participação, o se− cretário enalteceu a indicação do Brasil, pela Organização das Nações Unidas (ONU), como uma das lideranças no Diálogo de Alto Nível em Energia e como país líder no tema da transição energética. “Transição energética essa que, no Brasil, passa obrigatoriamente pelos biocombustíveis. Esperamos que, com as políticas públicas implementa− das, determinadas pelo ministro Bento Albuquerque, com o nosso Renovabio e com o Combustível do Futuro, pos− samos avançar ainda mais na renovabi− lidade da matriz energética brasileira, com maior produção e maior uso dos biocombustíveis”, apontou o secretário.


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MERCADO

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CerradinhoBio vai construir nova planta de etanol de milho em Maracaju (MS) Unidade terá capacidade para processar 1,1 milhão de toneladas de milho por ano A Neomille, subsidiária de etanol de milho da CerradinhoBio, avança na viabilização de uma nova planta de etanol de milho em Maracaju – MS. Com investimento estimado na faixa de um R$ 1 bilhão, a usina vai gerar mais de 2 mil empregos durante a sua construção e mais 2 mil indiretos após entrar em operação. A usina será instalada às margens da rodovia MS−157 em uma área de 115 hectares. A meta de processa− mento anual é de 1,2 milhão de to− neladas de milho ao final de todo o processo de implantação da usina, com a produção de 510 mil metros cúbicos/ano de etanol, além de sub− produtos como o DDG, ou farelo de milho (310 mil toneladas/ano), gerar 100 Gigawatts de energia e produzir óleo de milho (22 mil metros cúbi− cos/ano). Recentemente, a compa− nhia já tinha anunciado a expansão da indústria de etanol de milho em Chapadão do Céu (Goiás). O termo de acordo do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul com a empresa, garantindo incentivos fis− cais previstos no MS Empreendedor, foi assinado no dia 30 de julho de go− vernador Reinaldo Azambuja e o se− cretário Jaime Verruck, da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, De− senvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar). De acordo com o CEO da Cer− radinhoBio, Paulo Motta, a geografia privilegiada para obter a matéria−pri−

ma e para escoar os produtos, somada ao ambiente de negócios favorável proporcionado pelos governos esta− dual e municipal, foram os fatores de− cisivos para a escolha do munícipio sul−mato−grossense. “Maracaju é a maior produtora de

milho do estado e possui condições favoráveis para aquisição de biomassa e comercialização de coprodutos. O milho da região que predominante− mente é exportado; agora, a partir deste projeto, será processado em Ma− racaju e gerará valor à cadeia e eco−

nomia local. A indústria trará opções de negócios ao agricultor e pecuaris− ta, com parcerias no suprimento de milho, no cultivo de eucalipto e na utilização do DDGs como ingredien− te na dieta animal”, destaca Motta. Para o secretário Jaime Verruck, “o etanol de milho agrega valor ao grão e proporciona maior rendimen− to ao produtor. Deveremos ter uma ampliação em nossa produção do milho, em função da instalação dessa nova indústria e também de outra usina de etanol em Dourados, que ainda iremos anunciar oficialmente nos próximos meses”, comentou o titular da Semagro. De acordo com o cronograma da empresa, a construção terá início no primeiro semestre de 2022, com du− ração estimada de 18 meses, e conclu− são no segundo semestre de 2023.

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Raízen estreia na B3 com maior IPO de ano Recursos provenientes da oferta serão destinados em sua maioria à expansão de renováveis

A Raízen, concluiu no dia 5 de agosto a sua oferta pública inicial (IPO) na B3. A cerimônia de toque de campainha foi realizada no prédio da B3, no centro de São Paulo− SP, e contou com a presença de Gilson Finkelsztain, CEO da B3, e Ricardo Dell Aquila Mussa, CEO da Raízen, além de executivos da empresa e de suas acionistas Shell e Cosan. Mussa afirmou que o resultado da abertura da companhia na bolsa retra− ta que o futuro promete, com um dos maiores IPOs da história da bolsa bra− sileira. “Não foi fácil chegar até aqui, nós temos uma trajetória vencedora, mas também com muitos desafios.Te− mos uma responsabilidade enorme, nosso papel na sociedade é muito grande, temos um negócio sustentável, do campo ao consumidor final, somos protagonistas do mercado de transição energética e vamos redefinir o futuro da energia”, disse o CEO da Raízen no discurso que antecedeu o toque de campainha. A oferta foi realizada nos termos da ICVM 400, no segmento de lista− gem Nível 2 da B3, e teve coordena− ção dos bancos BTG Pactual (Coor− denador Líder), Citi, Bank of Ameri− ca, Credit Suisse, Bradesco BBI, JP Morgan, Santander, XP Investimentos, HSBC, Safra e Scotiabank (Coorde− nadores da Oferta). Os recursos provenientes da ofer− ta serão destinados em sua maioria à expansão de renováveis com a cons− trução de novas plantas de Etanol de Segunda Geração e Biogás, além de investimentos em eficiência e produ− tividade nos parques de bioenergia, e em infraestrutura de armazenagem e logística para suportar o crescimento de volume comercializado de renová− veis e açúcar. A companhia tinha precificado a sua oferta inicial de ações a R$ 7,40 por papel na terça−feira (3), movi− mentando R$ 6,9 bilhões, no maior IPO (oferta pública inicial) do ano no Brasil. O montante inclui a oferta ba− se de 810.811.000 ações preferenciais, mais os papéis suplementares, no total de 121.621.650 papéis. A companhia optou em não exercer o lote adicio−

nal de até 162.162.200 ações. Os bancos BTG Pactual, Citi, Bank of America, Credit Suisse, Bra− desco BBI, J.P. Morgan, Santander, XP Investimentos, HSBC, Safra e Scotia− bank coordenaram a oferta.

Novas aquisições Em agosto, a Raízen comunicou também que fechou dois novos acor− dos comerciais para venda de 460 mi− lhões de litros de etanol celulósico pa− ra entrega nos próximos nove anos. Com estes novos acordos, o volume total de E2G já comercializado pela Raízen alcança aproximadamente 1 bilhão de litros, que serão produzidos em plantas a serem instaladas nos Par− ques de Bioenergia da companhia. A empresa é atualmente o único player global com capacidade produ− ção de etanol celulósico em escala co− mercial, e a celebração desses acordos reflete a crescente demanda por fon− tes de energia mais limpa que contri− buam para a descarbonização da ma− triz energética mundial. Além disso, a companhia infor− mou que a Raízen Energia celebrou o Share Purchase Agreement – Contra− to de Compra de Ações (“Contrato”), o qual estabelece os termos e condi− ções para a aquisição de 50% da Bar− cos y Rodados S.A. (“B&R”), socie− dade com sede no Paraguai, pelo montante total de USD 130 milhões, sendo que USD 40 milhões serão pa− gos na data de fechamento e USD 90

milhões serão pagos em 5 (cinco) par− celas anuais, sujeito a ajustes usuais pa− ra este tipo de operação (“Operação”). A B&R é líder no mercado de distribuição de combustíveis no Para− guai, com uma rede de 350 postos re− vendedores. Como parte da Operação, a Raízen sublicenciará o direito de uso da marca Shell para a B&R, cujos postos passarão a operar progressiva− mente sob a bandeira Shell. Adicio− nalmente, na data de fechamento, se− rá assinado também um Acordo de Acionistas, (“AA”) entre a Raízen Energia e os atuais acionistas, que re− gulará as relações das partes como acionistas da B&R. “Nos termos do AA, a Raízen Energia terá o direito de indicar a di− retoria executiva e a maioria dos membros do conselho de administra− ção da B&R, e terá direito a um divi− dendo preferencial, dependendo da performance financeira do negócio” afirma comunicado assinado por Gui− lherme José de Vasconcelos Cerquei− ra, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Raízen. Segundo a nota, a conclusão da operação irá marcar a entrada da Raízen no mercado paraguaio de Marketing & Serviços, integrando a plataforma de operações na América do Sul da Companhia. O fechamen− to da operação está sujeito ao cum− primento de condições suspensivas usuais para este tipo de operação, in− cluindo, mas não se limitando, à se−

gregação e inclusão de determinados ativos da B&R. Também concluiu no mês de agosto, a aquisição da totalidade das ações de emissão da Biosev nos termos estabelecidos no contrato da operação, tendo em vista que todas as condições precedentes foram atendidas, que in− clua entre outras, a conclusão da reor− ganização societária da Biosev e a sua reestruturação do endividamento fi− nanceiro. Como parte da referida transação, a Hédera Investimentos e Participa− ções S.A. exerceu o bônus de subscri− ção emitido por ocasião da Assembleia Geral da Raízen realizada em 1° de junho de 2021, e passou a ser titular de 330.602.900 ações preferenciais de emissão da companhia, representativas de 3,22% do seu capital. A empresa havia recebido a aprovação final do Conselho Admi− nistrativo de Defesa Econômica (Cade) para a compra da Biosev no dia 18 de maio. “A conclusão desta operação con− solida a posição de liderança da Raí− zen no processo de transição energé− tica através da ampliação da oferta de energia mais eficiente, limpa e reno− vável, passando a contar com 35 par− ques de bioenergia e uma capacidade de processamento de 105 milhões de toneladas de cana por safra, propor− cionando uma matriz energética cada vez mais limpa e sustentável”, ressalta a companhia.


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Usina Batatais assume gestão da CEVASA Processo de aquisição da usina foi finalizado no dia 28 de julho A Usina Batatais comunicou ao mercado, no dia 28 de julho, que após aprovação do Conselho de Adminis− tração de Defesa Econômica (CADE), finalizou o processo de aquisição da totalidade das quotas da Central Energética Vale do Sapucaí Ltda (CE− VASA), usina localizada em Patrocí− nio Paulista – SP. “As quotas da CEVASA perten− ciam ao Grupo Cargill e nessa data foram transferidas à Usina Batatais, as− sim como a gestão da empresa”, afir− ma o comunicado. A CEVASA teve a sua primeira safra em 1999 e com o passar dos anos, devido aos constantes investi− mentos em máquinas, equipamentos e em pessoas, cresceu em volume de moagem e melhorou seus rendi− mentos operacionais, ganhando des− taque também na cogeração de energia elétrica. Já a Batatais é uma empresa fa− miliar, com 36 anos de existência e é pautada pelos princípios éticos,

reconhecida por valorizar as pessoas e a comunidade onde atua, manten− do seu compromisso com a susten− tabilidade. “A união das duas empresas tra− rá ganhos de escala e competitivida− de, através do fortalecimento de suas

operações e da troca de conheci− mento e experiência entre os cola− boradores. Como resultado, as novas metas a serem traçadas em conjunto trarão prosperidade às usinas, aos co− laboradores, fornecedores e à comu− nidade em geral”, elucidou a direto−

ria da Usina Batatais. O comunicado ressalta ainda que o objetivo da companhia é manter a transparência durante o processo de integração, assim como reforçar o comprometimento em preservar os compromissos já estabelecidos.

Jalles Machado investirá R$ 517 milhões Capacidade de moagem da companhia passará para 6,3 milhões de toneladas A Jalles Machado anunciou no dia 21 de julho que foram aprovados os investimentos necessários para a ex− pansão em um milhão de toneladas no volume de moagem em suas duas unidades industriais, a Unidade Jalles

Machado – UJM e a Unidade Otávio Lage – UOL, localizadas em Goías. “Os investimentos fazem parte do plano de crescimento da companhia com o uso dos recursos da Oferta Pú− blica Inicial de ações (IPO), conforme mencionado no prospecto do IPO”, afirma a companhia em comunicado enviado ao mercado. Assim serão investidos, ao longo das safras 2021/22, 2022/23, 2023/24 e 2024/25, o total de R$ 517,4 mi− lhões para aumentar o volume de ma− téria−prima disponível e a capacidade

industrial da UJM em 300,0 mil to− neladas e da UOL em 700,0 mil to− neladas, totalizando 1,0 milhão tone− ladas nas duas unidades. Segundo a empresa, do volume total a ser investido, R$ 231,2 milhões serão direcionados para os parques in− dustriais e armazenagem; R$ 148,2 milhões em plantio e maquinários agrícolas; R$ 45 milhões em irrigação objetivando ganho de produtividade, e R$ 93,0 milhões em cogeração de energia na UOL, nas operações de− senvolvidas com a Albioma Codora

Energia. O escopo dos investimentos ini− cialmente previsto foi ampliado, deci− dindo a companhia pela aquisição de uma nova caldeira de maior capacida− de e outros equipamentos de cogera− ção, no valor total de R$ 93,0 milhões. Com a nova caldeira será possível à substituição do recolhimento de palha por volume de bagaço incremental, que possibilitará redução de custos de aproximadamente R$10,0 mi− lhões/ano, processar na UOL até 3,5 milhões de toneladas, ou seja, 500 mil toneladas a mais do que o projeto ini− cial, sem novos investimentos em ge− ração de vapor em eventual novo pla− no de expansão, e maior flexibilidade para a produção de açúcar orgânico e convencional na UOL. Observado o cronograma de plantio e demais investimentos indus− triais e em maquinários, a companhia espera que o volume de moagem adi− cional de 1,0 milhão de toneladas seja integralmente atingido na safra 2024/25. Dessa forma, estima−se que a capacidade industrial das duas uni− dades passará de 5,3 milhões para 6,3 milhões de toneladas.


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GENTE

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Fórum Nacional Sucroenergético empossa nova diretoria Criado em 2003, o FNS tem a participação de 15 entidades da indústria canavieira O presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas do Estado de Minas Gerais (SIAMIG), Mário Campos, tomou posse oficialmente no dia 2 de agosto, como presidente do Fórum Nacional Sucroenergético (FNS), durante a abertura do 14º Congresso Nacional da Bioenergia da União Nacional de Bioenergia (UDOP). O FNS, criado em 2003, tem a participação de 15 entidades da indústria canavieira. Campos substituiu André Rocha, presidente do Sifaeg de Goiás, que realizou por quatro gestões grande trabalho com diversas conquistas para o setor, como o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina para 27% e a aprovação da Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio. O cargo foi transferido pelo então presidente, André Rocha, que agrade− ceu em especial a seu vice−presiden− te, Renato Cunha, a todos membros do fórum e também o apoio que re− cebeu de todo o setor durante seus oito anos de mandato. Rocha ressaltou, também, a con− tribuição do atual presidente, Mário Campos, enquanto membro do fórum, muito técnica e ponderada, que sem− pre se dispôs a missões difíceis no se− tor e tem feito um profícuo trabalho na questão do transporte da cana.“Es− se tema já avançou muito e acredito que terá uma finalização favorável ao setor”, destacou. Mário Campos agradeceu o ex− celente trabalho desenvolvido à fren− te do fórum por André Rocha, e seu vice, Renato Cunha (presidente do Sindaçúcar−PE e Novabio), que per− manece também como vice−presi− dente na atual gestão. Campos chamou a todos para for− mar juntos o futuro do setor, que tem um excepcional potencial de contri− buir ainda mais como fonte de ener− gia renovável e na redução do aque− cimento global. Como, também, da responsabilidade em relação aos mi− lhares de colaboradores e das comu− nidades que dependem do funciona− mento das unidades. “Precisamos discutir junto ao le− gislativo e ao governo, como levar e

Bento Albuquerque

dalcool) congrega o FNS, e por isso, o presidente da entidade, Edmundo Barbosa, manifestou seus cumpri− mentos aos empossados, ao destacar os méritos de Mário Campos, além de sua capacidade de trabalho e de pen− sar na estratégia, sempre com muita habilidade de bom articulador. “Mário dará continuidade e renova as esperanças para o setor sucroenergé− tico, ao assumir a presidência do Fórum Nacional Sucroenergético. O mesmo se pode afirmar em relação ao vice−pre− sidente Renato Cunha, sempre comba− tivo nas causas de interesse dos produ− tores de açúcar, etanol e bioeletricidade. A eles, meus cumprimentos pelas res− ponsabilidades que agora assumem, com a nossa modesta colaboração enquanto membro do FNS”, destacou.

14º Congresso Nacional da Bionergia

Mário Campos

Renato Cunha

consolidar a modernidade do nosso setor para o futuro. Neste sentido es− pero fazer, contando com o apoio de todos, uma gestão tão boa quanto a realizada pelo André Rocha”, afirmou. Segundo o executivo, o Brasil tem a oportunidade de escolher sua fonte energética, pois tem uma grande di− versidade, inclusive na agenda do hi− drogênio, com a inclusão do etanol.

O presidente da SIAMIG ressal− tou, ainda, que a política é feita de es− colhas e o país não pode apostar, se− jam em rotas energéticas ou tecnoló− gicas, sem a inclusão do setor sucroe− nergético e todas as suas potencialida− des de energia renovável, como tam− bém a bioeletricidade e o biogás. O Sindicato da Indústria de Fa− bricação de Álcool na Paraíba (Sin−

O ministro de Estado de Minas e Energia, Bento Albuquerque, abriu o congresso e também chamou para si a responsabilidade em relação ao com− bustível do futuro, com a necessidade de o país aprofundar nas várias plata− formas possíveis, como o etanol, o hi− drogênio, biometano, biogás. Além da conexão com a indústria automobilís− tica para que os veículos tenham con− dições de utilizar todo esse potencial. “É certo que o mundo e o Brasil caminham para uma economia de baixo carbono, nesse processo de transição energética há um contexto que contempla as mudanças climáti− cas e as políticas ambientais que sur− gem como resposta às novas fontes de energia como a eólica, solar e os bio− combustíveis, tendo cada vez maior participação na matriz energética mundial e na brasileira", afirmou. Bento Albuquerque ressaltou ain− da que o setor de transportes será um dos mais impactados com a mudança da matriz energética. “A transição energética global para uma economia de baixo carbono é um processo irre− versível no qual o Brasil está muito bem posicionado, em grande parte graças a nossa produção de bioener− gia", argumentou, citando ainda a im− portância do RenovaBio, que segun− do ele é uma ação pública estruturan− te de longo prazo e que pode contri− buir com a expansão da produção e do uso dos biocombustíveis na matriz energética nacional, além da redução da emissão de gases causadores do efeito estufa.


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Setor perde Delphino Belodi da Usina Santa Adélia Empresário dedicou sua vida de trabalho à companhia

Falece viúva do fundador do Grupo Virgolino de Oliveira Carmen Ruete de Oliveira tinha 93 anos Carmen Ruete de Oliveira, em− presária e viúva do comendador Vir− golino de Oliveira, fundador do Gru− po Virgolino de Oliveira (GVO), fa− leceu no dia 30 de julho, aos 93 anos de idade. Com a saúde debilitada há certo tempo, Carmen estava interna− da no Hospital Israelita Albert Einsten,

em São Paulo. O velório aconteceu na capela localizada no interior da Usina Nossa Senhora Aparecida, onde tam− bém fica a casa na qual a empresária residiu por várias décadas. Nascida em Araras – SP, no dia 7 de novembro de 1927, Carmen casou em 1952, com o industrial Virgolino, com quem teve três filhos: Carmen Aparecida Ruete de Oliveira;Virgoli− no de Oliveira Filho e Hermelindo Ruete de Oliveira.

Delphino Bellodi, da Usina Santa Adélia, faleceu aos 91 anos, no dia 18 de julho. A história de vida do empre− sário foi construída com muito traba− lho e empreendedorismo. Delphino Bellodi deixa a esposa Fulvia Ortega

Bellodi e os filhos Norberto, Adele e Marcelo. O seu sepultamento foi rea− lizado em Jaboticabal – SP. O Empresário dedicou sua vida de trabalho à Santa Adélia, onde come− çou a trabalhar ainda menino. Em co− municado, a companhia afirmou que “Senhor Delphino deixa como lega− do o compromisso com o trabalho digno e justo e exemplo de amor à fa− mília e respeito pelo ser humano”.


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Usinas se aliam à tecnologia de biometria facial para se adequarem às normas da LGPD Sistema também disponibiliza informações e controle sobre a jornada de colaboradores em tempo real, com ganhos de gestão e produtividade

Em vigor desde o último dia 1º, as penalidades previstas na Lei de Proteção de Dados Pessoais (LGPD − 13.709/2018) já podem ser apli− cadas. Aprovada em 2018, ela visa regulamentar o uso dos dados pes− soais. Para o agronegócio, no entan− to, a LGPD pode ser uma oportuni− dade para fortalecer ainda mais a re− lação de confiança entre produtores e organizações do setor, avalia o ad− vogado e sócio do Martinelli Advo− gados, Ricardo Costa Bruno. Mas, para consolidar esta parceria, o setor precisa se adequar às mudan− ças. “Agora, é necessário observar co− mo utilizam os dados pessoais, espe− cialmente aqueles dados que são compartilhados com outras pessoas”, pontua o advogado. O não cumpri− mento da Lei 13.709/2018, destaca Ricardo Bruno, implica desde adver− tências até multas que podem variar entre 0,1% a 2% do faturamento da organização. Na sua avaliação, as organizações que se adequarem à legislação terão mais chances de conquistar e fidelizar mais clientes. Ele observa que o pro− dutor poderá avaliar e apenas fornecer seus dados a empresas que ele consi− derar mais seguras. Nesse sentido, completa o especialista, as organiza− ções precisam fazer o seu dever de ca− sa e cumprir com os protocolos da nova lei. “É preciso consultoria espe− cializada para se adequar à legislação”, frisa Ricardo Bruno.

ano de 2020, 84% dos agricultores brasileiros utilizaram ao menos uma tecnologia digital como ferramenta de apoio à sua produção. Em busca de alta produtividade com rentabilidade, as organizações do agro estão investindo cada vez mais em aplicativos e equipamentos com tec− nologias embarcadas para oferecer aos produtores soluções mais personaliza− das. Para isso, é necessário captar um grande volume de dados. “Se uma instituição está em conformidade com a LGPD, ela pode utilizar esses dados

com toda a tranquilidade e seguran− ça”, sublinha o advogado.

Biometria facial “A lei 13.709/2018 é um gran− de marco jurídico. Ela foi criada pa− ra proteger os dados de pessoas físi− cas”, destaca Ricardo Bruno. O ad− vogado explica que, no processo de regularização da lei em uma empre− sa ou cooperativa, por exemplo, a primeira ação a ser desenvolvida é saber como os dados são trabalhados e qual o destino deles.

Atualização Tecnologias que utilizam dados estão em crescimento no agronegó− cio. Uma pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parce− ria com o Serviço de Apoio às Mi− cro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontou que, só no

Dimas Fausto

Ricardo Bruno explica que co− locar em prática as regras da LGPD depende de uma ação conjunta entre os departamentos das organizações, envolvendo os setores de TI, jurídico, RH, os gestores, entre outros. Entre as tecnologias que entre− gam esse pacote e vem crescendo em conceito junto aos gestores está o DT FACEUM, ferramenta de reco− nhecimento facial produzido pela Dimastec, que vem revolucionando a marcação de ponto nas usinas. Atualmente com 15 usinas em seu portfólio de clientes, Dimas Fausto, presidente da Dimastec, asse− gura que o sistema é totalmente aderente às regras de segurança da LGPD. Não só a tecnologia como também à empresa fornecedora. “Até o final deste ano deveremos retirar nossa certificação ISO 27001, norma padrão e referência internacional para a gestão da Segurança da Infor− mação, assim como a ISO 9001 é a referência internacional para a cer− tificação de gestão em Qualidade”, afirmou Dimas. O DT FACEUM vem se conso− lidando como tecnologia funda− mental para a gestão de recursos hu− manos. Seu banco de dados é arma− zenado na nuvem, com toda a segu− rança da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, assegura.


GESTÃO

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Biometria facial revoluciona a marcação de ponto O reconhecimento facial deixou de ser ficção científica e agora faz parte da rotina de várias usinas, gra− ças às suas características de avanço arrojado diante da marcação tradi− cional, e o mais importante: possi− bilitando às empresas ganhos signi− ficativos. Desenvolvido pela Dimastec, uma empresa dedicada à gestão de pontos e controle de acesso, sediada em Ri− beirão Preto − SP, o DT FACEUM é um ótimo exemplo de inovação nes− te sentido.Trata−se de um revolucio− nário aplicativo que leva mobilidade à marcação do ponto onde quer que o colaborador esteja. O aplicativo pode ser instalado

em qualquer gadget, como smartp− hone ou tablet, para fazer a gestão da jornada de trabalho. Funciona como um relógio de ponto na plataforma digital, que utiliza inteligência artifi− cial e integra−se com qualquer siste− ma ERP do mercado ou que a em− presa já esteja utilizando. Segundo Ewerton Ramires, ana− lista de Sistemas Senior da Usina Rio Amambai Agroenergia, o sistema tem proporcionado muitas facilidades, sem contar uma redução de custo em torno de 15 a 20%, gastos na manu− tenção dos antigos relógios. Atual− mente a ferramenta atende a um grupo de 300 a 400 colaboradores, mas a intenção é que futuramente,

toda a usina seja atendida pelo reco− nhecimento facial. Para Dinael Veiga, supervisor de Recursos Humanos na Vale do Para− ná S.A. Álcool e Açúcar, trata−se de um sistema muito fácil de operar. Ele gera um mapa em tempo real onde foi feito o registro do ponto, dando uma segurança muito grande para a empresa. Ele explica que a usina começou a implantação da biometria facial em 2019. “Porém usávamos um outro sistema, que vinha trazendo algumas dificuldades. Em contato com a Di− mastec, a empresa garantiu que o DT FACEUM se integraria com o siste− ma. E a implantação foi rápida. Em

Éverton Ramires

menos de uma semana ele já estava operando”, disse. Segundo Dinael a implantação do reconhecimento facial se deu de for− ma gradativa até que no mês de abril 100% dos relógios foram substituídos, incluindo a área administrativa e in− dustrial. “Não temos nenhum pro− blema de perda de informação, mes− mo que a ferramenta fique off line, o que ajuda muito no campo, por que existem vários pontos cego, sem sinal de celular”, explicou. O supervisor informou que a usina estuda a utilização da ferra− menta na análise de presença em treinamento e também na entrega de EPI para funcionários.

Dinael Veiga

Precisão e transparência A tecnologia por trás do DT FA− CEUM é que o torna revolucionário. O sistema oferece precisão, transpa− rência e praticidade à marcação de ponto, pois salva as informações de geolocalização no momento exato do registro.Também possibilita, através de uma demarcação, que o administrador limite áreas onde o ponto pode ser batido, evitando assim que o colabo− rador esteja em outro local durante o expediente. Assim como possibilita dar as entradas e saídas de ponto do cola− borador, por dispositivo e times e re− latórios AFD (Arquivo Fonte de Da− dos) no mesmo dia, para auditoria fis− cal do trabalho. “É um processo muito preciso e rápido. Com o DT FACEUM, o re− conhecimento facial é feito em dois

segundos, o que implica em menos tempo perdido. A tecnologia possibi− lita ter uma série de informações so− bre a jornada de cada colaborador em tempo real, com a marcação de ponto feita de qualquer lugar, como no campo, mesmo no turno noturno ou até se o funcionário estiver em home office. É um ganho muito grande de produtividade e de gestão”, garante Dimas Fausto, presidente da Dimastec. Para fazer o reconhecimento fa− cial, algoritmos de inteligência artifi− cial são usados para detectar diferen− tes pontos faciais como olhos, sobran− celhas, contornos dos lábios, ponta do nariz, entre outros. Com a plataforma de inteligência artificial desenvolvida pela Dimastec, o aplicado reconhece os pontos mapeados e registra. Tam−

bém acompanha as mudanças do dia a dia do colaborador, como corte de cabelo, uso de óculos ou até mesmo envelhecimento. De acordo com Fausto, não há necessidade da empresa investir em infraestrutura para a implantação da solução. O aplicativo pode funcionar no modo corporativo, implantado em um dispositivo que fica na mão de um líder para fazer os registros ou no mo− do individual, sendo acessado pelo próprio funcionário. Além disso, é le− ve e o banco de dados é armazenado na nuvem, com toda a segurança da Lei Geral de Proteção de Dados Pes− soais (LGPD), conforme já citado. Evita também outro problema encontrado no campo, como a falta de conectividade, já que a marcação é

feita no módulo offline. “As informa− ções são armazenadas no cache de memória do celular e quando tiver si− nal, a informação é enviada para o banco de dados”, explicou. O sistema representa ainda redu− ção de custo, pois elimina investimen− tos na aquisição e manutenção dos re− lógios de ponto. “Cada relógio tem um custo de R$ 6 mil, imagina uma usina que tem mil colaboradores, tem que ter no mínimo 50 relógios para fazer a marcação no campo. Estamos falando de R$ 300 mil no mínimo de investimento, fora a manutenção, que é altíssima. Com a interação digital, os tíquetes não precisam ser impressos, pois são eletrônicos e vão direto para o e−mail do colaborador”, detalha o presidente da Dimastec.


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GESTÃO

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Nova legislação exige adequação das empresas sucroenergéticas Penalidades da Lei entraram em vigor em 1º de agosto

Atenta às novas normas exigidas pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) as usinas se preparam, evitando sofrer penalidades, que vão desde advertência e bloqueio de aces− so a banco de dados até aplicação de multa por infração, já que no dia 1º de agosto deste ano, passou a valer a apli− cação de sanções da lei. A LGPD surgiu com a intenção de proteger as pessoas físicas para ga− rantir a elas os direitos fundamentais de liberdade e privacidade, de forma a evitar o tratamento indiscriminado dos dados por parte de pessoa natural ou por pessoas jurídicas, sejam elas públicas ou privadas. Desde o segun− do semestre de 2020, essa transforma− ção vem impactando o mercado de forma bastante positiva. A Atvos não tem dúvida de que a legislação veio para ficar e obrigará as empresas a repensarem como tratar os dados pessoais dos seus clientes, par− ceiros, colaboradores e todos os seus públicos de interesse, no dia a dia. “As empresas do setor sucroener− gético, por exemplo, passam a ter um papel fundamental com a lei ao cum− prirem o compromisso de trazer transparência e, principalmente, forta− lecimento aos direitos da vida privada e à proteção das informações pessoais de cada pessoa física com que se rela− cionam e em todo o processo em que atuam”, afirma Luciano Livino de Melo, responsável por Controles In− ternos e LGPD da área de Riscos e Conformidade da Atvos. Melo lembra que a companhia, assim como muitas empresas no Bra− sil e no mundo, coleta, armazena e processa dados pessoais de usuários internos e externos e esses dados são vitais para o funcionamento do negó− cio. “A empresa sabe que a segurança das informações desses públicos é de importância essencial para todas as transações realizadas e segue rígidos procedimentos para garantir sua inte− gridade”, ressalta. Diante deste novo cenário, há quase um ano, a Atvos vem traba− lhando na adequação à LGPD por meio do engajamento de pessoas

Luciano Livino Melo

Unialco Alcoolvale

processos e sistemas. Com a publica− ção da sua Política de Proteção e Pri− vacidade de Dados, a empresa tem o objetivo de se tornar referência no setor com boas práticas e, principal− mente, em respeito aos direitos de todos os titulares de dados pessoais que se relacionam com a Atvos. De acordo com Melo, os colabo− radores em todos os níveis, da lideran− ça à operação, passam a ter um diálo− go integrando a LGPD à gestão de riscos e, com isso, procedimentos são consolidados, assim como a gover− nança da empresa que, de forma cons− tante e atuante, vai promover o tema em todas as decisões do negócio. “As pessoas são nossos bens maio− res e, como empresa que valoriza ca− da uma dessas pessoas, a Atvos se po− siciona com uma política de privaci− dade e proteção de dados pessoais for− te e aderente à realidade e ao propó− sito do nosso negócio”, conclui. A Unialco Alcoolvale também es− tá atenta à nova legislação. Em agosto, a usina lançou a Campanha Entenda a LGPD. A ação faz parte do Programa

de Comunicação Social da usina, que, por meio de textos e imagens ilustra− tivas no site, painéis de aviso, descan− sos de tela, cartazes e banners, vai in− formar e instruir os colaboradores so− bre os seus direitos e deveres em rela− ção à LGPD. As regras da LGPD valem tanto para pessoas físicas quanto jurídicas (públicas e privadas), servindo princi− palmente para que empresas e órgãos públicos sejam mais transparentes e responsáveis no manejo de dados alheios. “Neste sentido, todas as ações da Alcoolvale são executadas para pre− servar os direitos e deveres dos cida− dãos, de acordo com as leis brasilei− ras”, afirma a empresa. Na primeira semana de março deste ano, a usina realizou a capacita− ção dos colaboradores dos setores Agrícola, Indústria e Administrativo, sobre a nova Lei. Os participantes do Programa Bolsa Qualificação também foram instruídos sobre o assunto. O conteúdo tratado foi redigido pelo es− critório Carreto & Pereira Advogados Associados, parceiro da empresa.

As palestras foram realizadas pelo Controler da companhia, Marcelo Gilberti Vuolo, e pela equipe de Re− cursos Humanos (RH). Ao final das instruções, os colaboradores assinaram os termos de recebimento e o aditivo de contrato que especifica o uso da LGPD na organização. “É importante destacar que a Unialco Alcoovale está devidamente preparada para atender as disposições da Lei, contando com plano de res− posta a incidentes, assim como às no− tificações da ANPD com a docu− mentação técnica e jurídica necessá− rias. A partir de agora, a abordagem da LGPD será constante nos materiais de comunicação da empresa, sendo ex− postas no site, informativo mensal, mídias sociais, murais, telas de descan− so etc”, disse a usina. A Usina Caeté também tem in− vestido no entendimento da nova lei. Em agosto, realizou um evento dire− cionado para todos os colaboradores da matriz e da Unidade Marituba, em Alagoas. O evento, que foi acompanhado pelas plataformas digitais pelos cola− boradores da Unidade Paulicéia, em São Paulo, foi realizado em parceria com a consultoria do escritório His− sa & Galamba Advogados e foi co− mandada pela DPO (Data Protection Officer)/Encarregada dra. Carmina Hissa, atual presidente Nacional da Comissão de Compliance da ABC− CRIM e especialista em Direito Ci− bernético e em Privacidade e Prote− ção de Dados.


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Clealco tem lucro de R$ 69,3 milhões na safra Temporada 20/21 foi a melhor da história da companhia Reportando um lucro líquido histórico de R$ 69,3 milhões e tendo retomado as operações em Clementina, a Clealco divulga hoje o balanço da sa− fra 20/21, onde elevou seu volume de moagem e avançou na geração de caixa e EBITDA. No desempenho financeiro, soma−se à lucrati− vidade do período um fluxo de caixa líquido gera− do nas atividades operacionais de R$ 244,2 milhões, 12% maior que em 19/20, e um EBITDA de R$ 429,7 milhões com margem de 41.6%, 17 pontos percentuais superior ao exercício anterior. Outro fato relevante foi a aprovação do adita− mento ao Plano de Recuperação Judicial por 91% dos credores habilitados, fundamental para o alon− gamento do passivo total do grupo, que passou de 88% para 40% registrados no passivo circulante. Em relação à produção, no período 20/21 a em− presa ampliou a moagem para 5,7 milhões de tone− ladas de cana−de−açúcar, 37% superior ao ciclo an− terior, e produziu 526 mil toneladas de açúcar e 151,6 milhões de litros de etanol, respectivamente 37,5% e 16,6% maior que em 19/20. Contribuiu de forma importante para os resul− tados da Safra a retomada das operações na unidade de Clementina, em junho/20, criando 600 novos postos de trabalho e gerando valor para toda a re− gião frente ao cenário adverso da pandemia.

Gustavo Rodrigues, CEO

“Com uma gestão colaborativa, a confiança do mercado e o engajamento de cerca de 2,4 mil co− laboradores diretos, a Clealco obteve, mesmo no contexto da pandemia, os seus melhores resultados históricos em 20/21, retomando a lucratividade do negócio e avançando em importantes aspectos fi− nanceiros que vinham sendo desafiadores nos últi− mos exercícios”, ressalta Adriano Furtado,VP de Fi− nanças e Tecnologia.

Os resultados refletem as novas diretrizes estra− tégicas da Companhia, com significativas melho− rias operacionais já implementadas sob a condução de Gustavo Rodrigues, que foi nomeado CEO em janeiro/21 após atuação na Diretoria de Operações. A prioridade na valorização de pessoas e na cultu− ra de segurança do trabalho, os investimentos em qualidade e tecnologias nas operações e o relacio− namento transparente com parceiros agrícolas tam− bém são diretrizes relevantes neste novo modelo de gestão da empresa. “Estamos muito orgulhosos e realizados pelos resultados da Clealco em 20/21. Não só por ter− mos obtido números nunca vistos em 40 anos, mas principalmente pela forma como conduzimos a Companhia na direção destes resultados, prezando em primeiro lugar pela segurança no trabalho, pe− lo cuidado e respeito com as pessoas, e por garan− tir a transparência, o profissionalismo e a ética nas relações, sempre com muita energia para colocar em prática o que foi planejado. Com estratégias operacionais, financeiras e comerciais assertivas, conseguimos aproveitar as oportunidades e melho− rar a performance do grupo mesmo frente a ad− versidades. Tenho plena confiança de que estamos no caminho certo e que o time Clealco vai alcan− çar novas e maiores realizações”, declara Gustavo Rodrigues, CEO. Na atual Safra, a empresa tem alcançado resul− tados operacionais e financeiros que superam as ex− pectativas previstas, avançando significativamente na solução de contingências tributárias.


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BP Bunge amplia eficiência e registra EBITDA de R$ 3,4 bi na safra 20/21 Além de registrar aumento de 63% em relação à safra anterior, empresa antecipa anúncio de metas ESG para 2030

Investimentos contínuos, na or− dem de R$ 2,4 bilhões, mudança de mix, entre outros fatores, foram deter− minantes para que a BP Bunge Bio− energia apresentasse resultados positi− vos na safra 2020/21, a sua temporada inaugural após a integração das com− panhias. A empresa registra nesse período um EBITDA de R$ 3,4 bilhões, o que representa um crescimento de 63% sobre a safra anterior, e margem EBITDA de 56%, contra 42% do ci− clo 2019/20, são reflexo do aumento das receitas com a comercialização de açúcar e ganhos de eficiência opera− cional. A moagem total de cana−de− açúcar pelas 11 usinas da empresa so− mou 27,3 milhões de toneladas no período. O ATR médio foi de 137,23 kg/ton, aumento de 6% em relação à safra anterior, resultado das melhores práticas de manejo do canavial. Déficit hídrico e restrições impos− tas pela pandemia foram alguns desa− fios a serem superados. "Mesmo dian− te de um período tão desafiador, com as ameaças da pandemia do covid−19 e da seca na região Centro−Sul do país, realizamos nosso plano de integração e gestão com captura de sinergias e al− cançamos excelentes resultados", ava− lia Mário Lindenhayn, presidente exe− cutivo e do Conselho de Administra− ção da BP Bunge Bioenergia. "O investimento significativo e contínuo em plantio e tratos se refle− te nos ganhos de ATR, por exemplo. Somente na safra passada, foram des− tinados R$ 1,3 bilhão, e vamos seguir investindo em produtividade e tecno− logia agrícola, além de maximizar o uso da capacidade industrial nos pró− ximos ciclos", diz Geovane Consul, CEO da empresa. Devido à alta nos preços do açú− car no mercado internacional, a com− panhia mudou o mix produtivo de suas unidades. O volume comerciali− zado do adoçante chegou a 1,956 mi−

Geovane Consul

Mario Lindenhayn

lhão de toneladas, resultado 55% su− perior ao registrado na safra 19/20. Por conta da priorização do açú− car no mix de vendas, o volume co− mercializado de etanol na safra 20/21 foi de 1,4 bilhão de litros, 12% infe− rior à safra anterior. A participação do anidro no mix de vendas aumentou 6 pontos percentuais, em linha com a estratégia da companhia de focar nos produtos de maior rentabilidade. Houve também aumento de 3% na bioeletricidade exportada ao SIN − Sistema Interligado Nacional, atingindo um total de 1.223 GWh em 12 meses.

buscamos contribuir para que esse mercado tivesse liquidez e para que as metas definidas pelo programa fossem cumpridas. Entendemos que os CBios constituem um mecanismo impor− tante, que estimula o investimento e o direcionamento na sustentabilidade do negócio”, explica Geovane.

RenovaBio No âmbito do Programa Reno− vaBio foram gerados na BP Bunge, na safra 2020/21, mais de 1 milhão de CBios. “Comercializamos todos os CBios gerados em 2020. Com isso,

Metas ESG 2030 Juntamente com seus resultados operacionais e financeiros da safra 2020/21, a companhia também apre− senta seus indicadores ambientais e sociais, seguindo a metodologia GRI (Global Reporting Initiative), em seu primeiro Relatório de Sustentabilida− de e divulga seus compromissos ESG para os 10 primeiros anos de operação, com conclusão em 2030. A iniciativa "Nossos Compromis− sos 2030", alinhada à estratégia de ne− gócios da BP Bunge Bioenergia e aos

ODS − Objetivos de Desenvolvi− mento Sustentável da ONU, organiza metas relacionadas a temas prioritários em pilares: Planeta, Pessoas, Princípios de Governança e Prosperidade. São 15 compromissos estabeleci− dos para os dez primeiros anos de operação, até 2030, e estão relacio− nados ao uso da água, mudanças cli− máticas, eficiência energética, biodi− versidade, capital humano, desenvol− vimento econômico e governança. São metas específicas como: reduzir em 10% as emissões de gases de efei− to estufa na produção de etanol; re− duzir em 10% a água de uso indus− trial captada; plantar 2,3 milhões de mudas de espécies nativas; e atingir taxa zero de acidentes com afasta− mento, entre outras. "Estamos preparados para os pró− ximos ciclos, com uma agenda ESG integrada à estratégia de negócios pa− ra maximização dos investimentos, consolidação das sinergias da integra− ção e captura de oportunidades de mercado. Os resultados da safra 2020/2021 materializam a visão dos nossos acionistas bp e Bunge sobre a união dos seus ativos sucroenergéticos para a formação da BP Bunge Bio− energia. Que nasceu como o segun− do maior player do setor em termos de moagem efetiva de cana−de− açúcar (capacidade de 32,4 milhões de toneladas de moagem na safra 2020/2021), com potencial enorme de contribuição para o desenvolvi− mento do setor, mas também de pro− gresso social, ambiental e econômico para o país”, conclui Lindenhayn.


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Guaíra é recomendada em auditoria de recertificação Bonsucro Desempenho sustentável da área agrícola foi de 100% Certificada pelo selo Bonsucro EU RED desde 20 de junho de 2018, a Usina Açucareira Guaíra passou por auditoria externa de recertificação e foi recomendada a renovação de seu certificado por mais três anos, passan− do por auditorias anuais de monito− ramento para verificação dos cumpri− mentos dos indicadores do “Padrão de Produção Bonsucro”. A auditoria de recertificação ocorreu entre os dias 3 e 7 de maio de 2021, e foi realizada pela certificadora Control Union, através de dois audi− tores credenciados, onde foram veri− ficados todos os padrões e requisitos legais para comercialização do açúcar e etanol produzidos a partir da cana certificada (12.021,83 hectares). Nos dias foram auditados os pro− cessos industriais, agrícolas, adminis− trativos, oficinas automotivas, além de toda documentação ambiental, social e

de saúde e segurança do trabalho. De acordo com Anderson Faria Malerba, engenheiro Ambiental da Guaíra, graças ao empenho e dedicação de toda a equipe, a empresa atendeu com excelência o cumprimento dos indicadores, que avaliam os impactos da produção de cana−de−açúcar na bio− diversidade, no ecossistema e nos direi−

tos humanos, além do cumprimento às exigências legais e a melhoria contínua nos processos de produção. O desempenho sustentável da área agrícola foi de 100% e da indústria 97,56%, uma média de 98,77%. O selo Bonsucro é uma iniciativa global multistakeholder dedicada a re− duzir os impactos ambientais e sociais

da produção de cana−de−açúcar, sem deixar de levar em consideração a ne− cessidade de viabilidade econômica. “Este selo demonstra o compro− metimento da usina com os três pilares da sustentabilidade na produção da ca− na−de−açúcar (viabilidade econômica, social e ambiental) e a melhoria contí− nua nos processos”, conclui Malerba.


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Usina São Manoel capta R$ 100 milhões com emissão de seu primeiro CRA Verde Operação está alinhada às políticas de ESG da companhia A Usina São Manoel concluiu a captação de R$ 100 milhões em um Certificado de Recebível do Agrone− gócio (CRA) qualificado como Títu− lo Verde. A operação foi realizada nos termos da Instrução da CVM nº 476, de 16 de janeiro de 2009, conforme alterada (“Instrução CVM 476”), ten− do sido conduzida pelo Banco BTG Pactual S.A na qualidade de institui− ção intermediária líder. O processo foi auditado pela SI− TAWI, organização referência em análise de performance socioam− biental de empresas e instituições fi− nanceiras e pioneira no desenvolvi− mento de soluções financeiras para impacto social. Além dessas organi− zações, a primeira emissão CRA da São Manoel terá a empresa Virgo Companhia de Securitização (nova denominação da Isec Securitizadora S.A.) como securitizadora. Os recursos obtidos com a emis− são serão utilizados para renovação de canavial com foco na produção de etanol, combustível renovável que contribui para redução das emissões dos gases do efeito estufa. Em linha com esse objetivo, a São Manoel possui, desde 2020, a Certificação RenovaBio. A usina reportará, até o venci−

mento da emissão em julho de 2027, a progressão da aplicação dos recur− sos e o impacto ambiental gerado, por meio dos seguintes indicadores: des− tinação efetiva dos recursos para os usos previstos e investimentos tem− porários; divisão percentual entre a produção de açúcar e etanol na safra; geração elétrica – geração e consumo interno (MWh); emissões de gases de efeito estufa com base em análise de ciclo de vida do biocombustível pro− duzido, através da ferramenta Reno− vaCalc; evidência de que a São Ma− noel está em conformidade com a Exigência 2 do critério de Bioener−

gia da CBI: risco de impacto indire− to no uso da terra; evidências que a cana adquirida de terceiros não é proveniente de áreas em que houve conversão de vegetação nativa recen− temente; e avaliação sobre o uso de matérias primas que atendem a me− lhores práticas ambientais e sociais (Exigência 4 do critério de Bioener− gia da CBI). A operação está alinhada às polí− ticas de ESG da companhia, contem− plando os temas de eficiência energé− tica e combate às mudanças climáticas, que compõem os Objetivos do De− senvolvimento Sustentável (ODS),

Agenda 2030, da ONU – Organiza− ção das Nações Unidas. Atualmente, a São Manoel possui capacidade de moagem de 4,1 milhões de toneladas de cana de açúcar por ano, para produção de 260 mil tone− ladas de açúcar, 170 milhões de litros de etanol e 3.500 toneladas de leve− dura no período. São, ao total, 55 mil hectares de cana−de−açúcar, em uma área que abrange 11 municípios. Com sede localizada na cidade de São Manuel, na região central do es− tado de São Paulo, a empresa gera mais de 1.950 empregos diretos e abastece os mercados nacional e internacional.

Usina Estiva conquista certificação CARB Reconhecimento comprova sustentabilidade na produção do etanol A Usina São José da Estiva rece− beu a certificação do Conselho de Recursos Atmosféricos da Califórnia (CARB) pelo reconhecimento da sustentabilidade na produção de eta− nol de cana−de−açúcar. Esta é mais uma garantia da qua− lidade do seu etanol, certificada por um órgão internacional. “Auditada em novembro de 2020, obtivemos a nota de CI (Intensidade de Carbono) de 51,28. Quanto menor a nota, melho−

res as condições de produção agrícola e industrial da usina. O programa es− timula a empresa a buscar melhores tecnologias de processos para uma re− dução ainda maior nos próximos anos”, explica Roberto Silva, coorde− nador de Gestão da Qualidade e Meio Ambiente da companhia. A conquista foi comemorada pela empresa, pois vem de um órgão rigo− roso em suas avaliações. “A Califórnia é o estado norte americano com a le− gislação mais rigorosa do país, e mui− to atenta ao etanol produzido com base na redução das emissões de car− bono”, relata. Segundo Silva, a conquista foi re− cebida com grande satisfação. “Para− béns a todos por mais esta certifica− ção”, finalizou.



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Cooper-Rubi realiza série de monitoramentos ambientais Usina goiana visa proteção ao meio ambiente e da saúde humana Durante o mês de julho, a Coo− per−Rubi, usina localizada em Ru− biataba – GO, realizou monitoramen− tos ambientais, como de água, fauna, ruídos e vibrações e de emissões at− mosféricas. As ações fazem parte das ações para mitigação do impacto da atividade no meio ambiente e na po− pulação da região. Por meio do Programa de Moni− toramento e Conservação da Quali− dade da Água é possível mensurar, identificar e monitorar os efeitos das atividades agrícolas e industriais para o controle ambiental. A fauna nas áreas de influência da usina também passou por um acom− panhamento de seis dias. A ação, que é desenvolvida anualmente, consiste no levantamento e no monitoramento dos grupos faunísticos da região, com objetivo de avaliar a composição e di− versidade da fauna e também com− preender seus comportamentos na

área de influência da Usina. “Essas avaliações permitem que a unidade adote ações de controle para a conservação da fauna, evitando as− sim possíveis alterações nos ecossiste− ma e garantindo a diversidade ecoló− gica das espécies da fauna,”, explica a

bióloga do Departamento Ambiental da Cooper−Rubi, Edilene Leite.

Mais cuidados A Cooper−Rubi ainda realiza uma vez ao ano uma análise dos ruí− dos, vibrações e emissões atmosféricas

do Sistema de Gestão Ambiental (SGA). O monitoramento das emis− sões atmosféricas consiste na coleta de amostras advindas das caldeiras para a avalição de emissão de gás carbônico e particulados. O Programa de Contro− le e Monitoramento da Qualidade do Ar, desenvolvido pela unidade, tem como objetivo principal monitorar promover o controle e minimização da emissão de material particulado e produtos da combustão interna das caldeiras. Toda ação foi desenvolvida por uma empresa parceira terceirizada, que também desenvolveu a avaliação dos ruídos e vibrações. Foram avaliados seis pontos na área industrial e adja− centes a usina, com intuito de avaliar possíveis impactos sonoros a comuni− dade do entorno. Os estudos ambientais são funda− mentais para o bom funcionamento da unidade, mas principalmente para conservação na flora e fauna e para propiciar o bem estar para a popula− ção da região. “O objetivo principal do SGA é a proteção ao meio am− biente e a saúde humana frente aos impactos gerados”, afirma a técnica em Meio Ambiente da CRV Indus− trial, Renata Batistela.

Usina Jacarezinho celebra 2.000 dias sem incidentes com afastamento Marca histórica foi creditada graças ao engajamento dos colaboradores A Usina Jacarezinho, unidade do Grupo Maringá no Paraná produtora de açúcar, etanol e energia, conquis− tou a marca de 2.000 dias sem inci− dentes do trabalho com afastamento no dia 06 de agosto. Para celebrar os mais de cinco anos sem ocorrências com afastamento, di− vulgaremos vídeos com os diretores, vídeos da planta com faixas comemo− rativas evidenciando o resultado, ha− verá um bate−papo on−line com as lideranças e diretores, será servido um cardápio especial no almoço, jantar e ceia, os colaboradores ganharão uma lembrança como agradecimento pelo resultado e participarão de uma sessão

individual de fotos, em respeito às medidas de prevenção à covid−19. “Esse resultado só é possível quando a saúde e segurança do traba− lho são de todos. Hoje, a saúde e se− gurança faz parte da entrega do gestor, do planejamento estratégico e do Ín− dice de Incidentes. Estamos em um nível, em que o gestor entrega a saú− de e segurança, meio ambiente, pro− dutividade, qualidade, prazo e custo. A cultura de segurança é muito mais ampla, e é de todos”, explica a geren− te de Qualidade e Meio Ambiente da Usina Jacarezinho, Márcia Gusi. A empresa evoluiu muito em sis− temas de gestão de saúde e segurança, entre eles: implementação de ferra− mentas aliadas à tecnologia, auditorias e Normas Regulamentadoras, junto com outros conhecimentos, que au− xiliam as tomadas de decisões; treina− mentos dos colaboradores, procedi− mentos operacionais, instrução de tra−

balho e ordem de serviço de seguran− ça, análises de riscos das atividades e dos ambientes e implementações de medidas mitigadoras, como permissões de trabalho, adequação de máquinas e equipamentos com proteções e blo− queios, criação de comitê específico para as Regras de Ouro. A usina conta com gestores que realizam periodicamente treinamen− tos em saúde e segurança do trabalho, primeiros socorros, combate a incên− dios, levantamento de perigos e ava− liação de riscos, cuidados com olhos, mãos, partes móveis e girantes, cam− panhas de prevenção de incidentes e SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho). Possui uma equipe com mais de 100 brigadistas para o combate a in− cêndios, que recebem semanalmente treinamentos para agir em situações de emergência na usina, no canavial e na preservação ambiental.



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INDUSTRIAL

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Fermentação: fatores determinantes para maior ou menor produção do etanol plo, curva de cozimento é um detalhe. Não é uma coisa que temos que mexer sempre. Mas podemos deixar ela bem estruturada uma única vez, e isso já vai servir para todos os momentos, inclu− sive os mais difíceis”, explicou Bruno.

Qualidade da matéria prima, mo− nitoramento analítico, uso de ferra− mentas adequadas e atenção a peque− nos, porém importantes, detalhes no processo de fermentação são determi− nantes para maior ou menor produção de etanol. O assunto foi tema do 9º SINA− TUB − Processos, Fermentação e Pro− dução de Etanol, promovido pelo Jor− nalCana. Dividido em duas sessões, a primeira realizada na quarta−feira, dia 7 de julho, o webinar contou com a par− ticipação de Bruno Francisco, especia− lista de processos corporativo da Tereos; Douglas Mariani, engenheiro químico sênior, especialista de aplicação da So− teica; Higor Santos, coordenador téc− nico da Química Real e Márcio Go− mes, coordenador de processos indus− triais e qualidade da BP Bunge Bio− energia − Unidade Tropical. Sob a coordenação do jornalista e diretor do Procana, Josias Messias, o evento online foi patrocinado pela AxiAgro, HRC, Química Real e S−PAA Soteica. Durante sua apresentação, Bruno Francisco, da Tereos, destacou a impor− tância da qualidade da matéria−prima, ao longo de todo processo da fermen− tação, destacando ações no tratamento de caldo e na fábrica de açúcar.“A ma− téria−prima é bem mais complexa do

que a gente imagina.Temos a palha que gera uma série de dificuldades na ex− tração e pode aumentar a cor do caldo; compostos fenólicos; a própria clorofi− la; terra, concentração de dextrana, en− tre outros fatores que determinam a perda”, explicou. Segundo Bruno, diante de tantas variáveis, é fundamental ter conheci− mento de todo processo para se criar estratégias de operações de acordo com a composição da cana. Como exemplo ele mencionou as canas com alta concentração de AR, comum nessa safra em diversas usinas de várias regiões. O especialistta apresentou duas simulações, onde apenas com a elevação de um ponto percentual na concentração de glico− se e frutose, interfere na produção de etanol de açúcar. “Nós tivemos aí uma queda de 5% no mix, ocasio− nando dificuldades operacionais por− que o AR em altas concentrações di− ficulta o processamento na fábrica, elevando o tempo de cozimento. En− tão nós precisamos fazer a gestão do processo, entender, enxergar os des− vios e tentar ações antecipatórias, ainda mais numa ocasião onde nós temos cana com alta concentração de AR”, explicou o especialista. Bruno também citou a questão do controle através do cozimento. “Preci− samos entender que o cozimento é di− nâmico e a geração de mel está ligada ao esgotamento do licor mãe. Sem um bom esgotamento você gera mais mel. A baixa geração de mel está atrelada a agitação da massa e a saturação. Então se você quer esgotar bem, precisa trabalhar no ponto de saturação do cozimento e ter agitação dentro do vácuo. Caso contrário, você não vai conseguir. É preciso se ater aos detalhes: Por exem−

Em complemento a necessidade de controle e conhecimento de processo o engenheiro Douglas Mariani, da Sotei− ca, empresa especialista em ferramen− tas da indústria 4.0, falou sobre os ba− lanços e como uma ferramenta de in− teligência pode ajudar a garantir que ele seja respeitado. O S−PAA, desenvolvido pela em− presa, é uma ferramenta de alfaiataria, modelado para cada usina. Cada uma tem a sua especificidade. Então é pre− ciso passar a trena em cada pedacinho da usina para entender o que cabe no balanço de cada equipamento. “Oitenta por cento do custo de operação da empresa sucroenergética está na matéria−prima, ou seja, a cana. Então quando se respeita o balanço, se respeita as condições operacionais, se consegue maximizar a produção e equilibrar todo processo”. disse. Em sua apresentação Douglas utili− zou como exemplo o case da Usina da Pedra, que produz anualmente 7 milhões de sacas de açúcar e 674 milhões de li− tros de etanol. Nesta planta, a ferramenta de inteligência, controla o fluxo de car− ga e distribuição, o vapor para cada ce− nário de carga e o balanço e a eficiência determinam o balanço da produção. “É um case bem interessante porque passa um pouco sobre essa visão de dia−a−dia, nascendo de cima para baixo, permean− do toda a planta”, explicou.

Higor Santos, coordenador técnico da Química Real, falou sobre as prin− cipais ações relativas ao controle da contaminação bacteriana na produção de álcool, lembrando sempre a impor− tância de se conhecer as características de atuação dos produtos e o momento mais adequado para se obter maior efi− ciência na sua aplicação. “É importante definir qual é a con−

Bruno Francisco

Douglas Mariani

Higor Santos

Márcio Gomes

A precisão e atenção a pequenos detalhes no processo podem ser o grande diferencial para alavancar a produção

Ferramentas de inteligência

O especialista também ressaltou a importância da integração tecnológica nesse cenário de mercado 4.0. “As fer− ramentas precisam conversar entre si, buscando sempre a forma mais eficien− te de operacionalização da planta in− dustrial”, afirmou.

Controle antibacteriano


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centração de ativos, e a dosagem a ser efe− tuada em relação à população bacteriana presente na fermentação. E acompanhar es− se processo para ir corrigindo a dosagem. A ação dos antibióticos torna as fermentações mais puras e regulares. Eles são essenciais pa− ra o controle da contaminação bacteriana, atuando imediatamente sem afetar a leve− dura. É importante a gente ter esse conhe− cimento também dos tipos de antimicrobia− nos que estamos entrando e qual é a seleti− vidade desse produto”, explicou Higor. Com relação ao melhor momento pa− ra se entrar com a ação do antibacteriano ele explica que o ideal é entrar com o trata− mento antes da bactéria entender o proces− so fermentativo e começar a sua fase expo− nencial de crescimento. Esse é o momento mais indicado para tratamento porque vo− cê ganha tempo de campanha e diminui a dosagem antibacteriana. Um outro aspecto para o qual Higor chama a atenção é a quando se mudam al− guns parâmetros as bactérias começam a mudar. “Quando se mexe no PH da cuba de tratamento, interfere na eficácia dos an− tibacterianos, que contam com uma faixa de atuação diferente para cada quantidade. Por exemplo, o Kamoran em uma cuba com PH de 3.2, consegue 86% de eficácia, o que até é um ótimo resultado. Mas quan− do se trabalha com a faixa de tratamento indicada para esse produto, você consegue obter 95% de eficiência. Então, sempre que for fazer uma alteração, é importante con−

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sultar o fornecedor do produto, para se ob− ter o melhor resultado”, acrescentou Higor.

Ações integradas Para Márcio Gomes, coordenador de processos industriais e qualidade da BP Bunge Bioenergia − Unidade Tropical, as ações integradas de todas as áreas da usina e busca da raiz do problema são fundamen− tais para o sucesso das operações. Localiza− da em Goiás, a unidade tem capacidade pa− ra moagem de 5 milhões de toneladas de cana safra e seu projeto foi concebido com duas linhas de fermentação. “O padrão operacional é muito importante, pois a fer− mentação recebe muitos fluxos. Seja por mel ou com o caldo, todo time industrial tem que estar alinhado em suas ações. Cla− ro, respeitando plano safra, balanço de massa e energia, mas entender que ação de uma temperatura menor, o tempo de cozimen− to maior, pode acarretar um prejuízo imen− so na fermentação. Para reverter um quadro com altos ín− dices de infecção a usina adotou as seguin− tes medidas: lavagem do fermento; moni− toramento analítico; verificação visual de lâminas; cromatografia; controle microbio− lógico e aumento do Brix do mosto. Segundo Márcio Gomes, a adoção des− sas medidas, trouxe como resultado um maior rendimento industrial, a redução da infecção bacteriana, a redução da acidez do vinho e a redução do ART residual no vi− nho bruto.


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Novas tecnologias no processo de fermentação, lições das plantas de milho e desafios do etanol orgânico Assuntos foram debatidos durante o 9º SINATUB Processos, Fermentação e Produção de Etanol

Romper limites e aprimorar o que já vem dando certo. Sim, isso é possí− vel, graças à utilização de novas ferra− mentas tecnológicas que estão contri− buindo para transformar o setor su− croenergético. Entre essas transforma− ções, algumas novas tendências vão se consolidando: a flexibilização das plantas de etanol de cana com etanol de milho, assim como a produção de álcool orgânico. Esses foram os assuntos abordados ao longo da segunda sessão do 9º SI− NATUB Processos, Fermentação e Produção de Etanol, na quarta−feira, 14 de julho. Sob a coordenação do jornalista e diretor do Procana, Josias Messias, o webnário contou a com participação de Daniel Fernandes, engenheiro quí− mico da Soteica, Jaime Finguerut, di− retor do ITC − Instituto de Tecnolo− gia Canavieira e Giovanni Rabesco, gestor de produção de etanol e proje− tos da Goiasa. O evento online foi pa− trocinado pela AxiAgro, HRC, Quí− mica Real e S−PAA Soteica. O engenheiro Daniel Fernandes sustentou que através de inovações tecnológicas como a ferramenta S− PAA, é possível aprimorar os indica− dores de usinas que apresentam uma performance já consolidada. Durante o webinar ele apresentou o case de duas plantas industriais que compro− vam essa nova realidade. Fernandes explica que o S−PAA trabalha basicamente com o conceito de otimização em tempo real. Através de uma técnica de resolução via algo−

ritmo genético, integrada aos recursos disponíveis e um banco de dados de qualidade, é possível definir uma re− comendação de atuação enquanto a planta permanece em operação. Um dos cases apresentados foi o da Usina Palestina do grupo Colombo. É uma usina com indicadores de perfor− mance bem consolidados, tem uma boa gestão, utiliza bem os recursos disponíveis e por ser uma destilaria conta com um fluxo de processos bem direto e objetivo. “É nesse contexto que vamos buscar uma evolução, al− gum extra, um ponto ótimo de ope− ração”, disse. Com base nas informações obti− das, a ferramenta consegue otimizar o controle do vapor, embebição, caldo, aproveitamento do volume disponível no tanque, estabilização da vazão para o decantador, controle de dornas, controle de fermentação. “Existem instalados na planta medidores de va− zão individual para cada uma das dor− nas e aqui o S−PAA calcula com base no histórico mais informações dispo− níveis como a abertura da válvula, o próprio nível da dorna, e com base nisso, passamos a criar esse medidor virtual para seguir o planejamento em relação a fermentação. Mesmo com mais variação na moenda, os resulta− dos mostram menos oscilação no pro− cesso, mais estabilidade e confiabilida− de na operação e padronização das decisões, ou seja, evoluindo um pro− cesso que já era bom”, disse Fernan− des. No segundo case apresentado, de uma destilaria de um dos maiores grupos do Brasil, os objetivos princi− pais eram reduzir o consumo de vapor das colunas, planejamento da deman− da de vinho, reduzir perdas na vinha− ça, entre outros. Após a aplicação da ferramenta, já é possível dimensionar os resultados: maior estabilidade na temperatura de retirada, estabilidade das temperaturas mesmo com a varia− ção na vazão de vinho, padronização

da carga nos aparelhos, estabilidade na qualidade do etanol produzido nas colunas e oportunidade para econo− mia de vapor nas colunas.

O que podemos aprender Em sua apresentação, o diretor do ITC, Jaime Finguerut, fez uma refle− xão sobre “o que o etanol de milho tem a ensinar ao etanol de cana”. Se− gundo o professor, embora ainda seja uma experiência recente no Brasil, o etanol de milho já tem algo a ensinar, principalmente na questão da fer− mentação que é mais eficiente. De acordo com Jaime, a planta de milho é mais simples. Graças ao seu sistema, tem a vantagem de funcionar os 365 dias do ano, ao contrário da fermentação da cana, que só funciona de 200 a 220 dias. O professor tam− bém elencou outros diferenciais de uma planta de milho: matéria prima concentrada, baixa umidade e arma− zenável. “O milho tem 70% de amido, ou seja, açúcar. Então a gente vai ter mui− to menos material, tem pouquíssima fibra, pouca coisa que ocupa espaço dentro da planta. Logo, uma planta com baixo capex, um investimento três vezes mais barato. Em dois anos

você já está produzindo etanol, en− quanto que na cana, são necessários de 2 a 3 ciclos para chegar a produtivi− dade máxima. E esses ciclos são lon− gos, em média de 4 a 5 anos”, disse. O professor destacou também a questão dos subprodutos que agregam grande valor da produção. “Para vocês terem uma ideia, essa ração chamada DDG, mistura da vinhaça evaporada com sólidos secos, vale quarenta por cento do milho. É por isso que as plantas de milho hoje estão conse− guindo funcionar mesmo com o mi− lho duas vezes mais caro do que há dois anos. Porque a ração aumenta de preço conforme o milho e ela cobre quarenta por cento do custo”, expli− cou. Ao final, o professor Jaime apre− sentou alguns pontos com os quais elencou o que se pode aprender com as usinas de milho: Para amortizar in− vestimentos é necessário operar todo ano, a exemplo das usinas flex. “Uma sinergia fantástica. Uma ajuda a outra, porque a cana fornece a biomassa de graça e o milho aumenta a produção que pode até dobrar. Sem contar a manutenção de alto teor alcoólico, fermento de alta atividade, baixa con− taminação de toda planta e pôr fim a valorização de todos os produtos e subprodutos’, finalizou.


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Daniel Fernandes

Etanol orgânico

Com uma produção tímida, a Usina Goiasa, dava em 2010 os pri− meiros passos na produção do etanol orgânico. Até 2016 a produção estava na casa dos 2.700.000 litros. Porém nos últimos três anos esse número vem aumentando e em 2020 a produção superou a marca de 14 milhões de li− tros. E foi para falar sobre os desafios de atender a expansão dessa demanda, que Giovanni Rabesco, gestor de pro− dução de etanol e projetos da Goiasa, participou do 9º SINATUB. A produção é destinada para atender a indústria alimentícia, de be− bidas, farmacêutica e de cosméticos. Segundo Giovanni os desafios já co− meçam no canavial, onde não existe a utilização de nenhum aditivo orgâni−

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Giovanni Rabesco

Jaime Finguerut

co, insumo, herbicida, inseticida, na− da de origem química nem sintética. “No processo de tratamento do caldo as restrições também se man− têm, não sendo permitida a adição de polímeros, baseando−se praticamen− te no processo térmico. Assim, a de− cantação e a fermentação ficam com− prometidas, pois não podemos utili− zar o ácido sulfúrico nem antibióticos de origem química sintéticas. Soma− do a isso, ainda não tenho um disper− sante orgânico. Temos um antiespu− mante, que é basicamente um óleo de soja. Infelizmente, a eficiência desses insumos orgânicos comparada aos sintéticos fica um pouco abaixo”, ex− plicou Giovanni. Com base nisso, os principais desafios encontrados na produção do

álcool orgânico são a contaminação bacteriana e as leveduras nativas. A contaminação é de fato o que nos pega, o que nos tira o sono que contribui negativamente para a nos− sa produção. Além desses fatores também têm floculação e a baixa disponibilidade de produtos orgâni− cos no mercado. Giovanni destacou também que todos esses desafios possibilitam um aprendizado que geram novas opor− tunidades como um mix de levedu− ras, criação de insumos personaliza− dos, engenharia de processos e fer− ramentas como o S−PAA que pro− move estabilidade no processo fer− mentativo. “Esse é o ponto positivo aí do nosso processo que podemos cravar”, concluiu.


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Válvulas de Respiro promovem o alívio de pressão em motorredutores A Heinrichs é o principal fa− bricante de bujões roscados e peças torneadas de precisão na Alemanha. Os mais de 80 anos de experiência permitiram o desenvolvimento de produtos únicos para aplicações em tecnologia de acionamento, hi− dráulica e pneumática. Um destes produtos, que trazem uma solução inovadora no aumen− to de vida−útil de redutores e mo− torredutores, e que são utilizado em condições ambientais particu− larmente extremas é a Válvula de Alívio de Pressão (Respiro), que opera mesmo sob altos níveis de sujeira e poeira, mesmo em céu aberto. Com suas funções, esta Válvula de Respiro é recomentada para uso em ambientes agressivos, como mi− neração e em céu aberto, como exemplos, no processamento de ca− na−de−açúcar o produção de con− creto, etc. A Válvula de Respiro HN Lü− OR serve para aliviar a sobrepres− são interna nos redutores e motor− redutores e assim evitar vazamentos

nos retentores. Ao mesmo tempo, prolonga a vida útil dos óleos e componentes mecânicos. Todas as peças são 100% testadas após a montagem. A característica principal é um sistema de labirinto no Respiro, que evita o vazamento de óleo quando ocorre o alívio da pressão interna e, ao mesmo tempo, impede a entra−

da de umidade e sujeira no interior da caixa de redução. Para aplicações com altos níveis de sujeira ou poeira, a Heinrichs desenvolveu um Filtro Sinterizado que é montado sobre a Válvula Res− piro. Dentro deste filtro, um labirin− to e um filtro sinterizado impedem a entrada de poeira e, portanto, pro− tegem a válvula contra travamentos

por pó. O alívio da pressão interna do redutor ocorre sem restrições. Com a Heinrichs do Brasil, os usuários agora também encontram assistência qualificada no Brasil. Tanto as Válvulas de Respiro como os Filtros Sinterizados estão dispo− níveis em Curitiba – PR e podem ser fornecidas em curto prazo de fornecimento.


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Com aumento expressivo na produtividade, Energética Serranópolis amplia área de adubação biológica A Energética Serranópolis, que fica na cidade de mesmo nome em Goiás, é uma unidade do grupo fa− miliar Ipojuca. Possui aproximada− mente 18.000 ha de área cultivada com cana−de−açúcar e pelo quar− to ano consecutivo mantem em seu manejo a adubação biológica pro− duzida com Microgeo®. O manejo biológico e sustentável foi escolhi− do pela usina como caminho para, além de restabelecer o microbioma do solo e recuperar a saúde ecoló− gica do sistema produtivo, aumen− tar o rendimento médio de produ− tividade agrícola. “Partimos de uma área de me− nos de 2% no primeiro ano, para mais de 16% da área total em cana e cerca de 40% da nossa área de ro− tação de cultura, que são soja e crotalária. Obtivemos ótimos resul− tados, o que determinou a amplia− ção da área de aplicação”, disse Dr. Plínio Duarte, gerente agrícola da Energética Serranópolis. Ele conta que conheceu a tec− nologia em meados de 2013, mas foi em 2017 que viu e ouviu rela− tos sobre a eficiência do produto na

À esquerda, área com aplicação da Biotecologia Microgeo

região, quando participou de visitas técnicas em áreas que já utilizavam Microgeo®. O solo da Energética Serranópolis tem de 12 a 15% de argila e precisava buscar novas tec− nologias para aumentar a produti− vidade de forma vertical. Nas áreas sem aplicação a idade média dos canaviais da usina é de 4,22 anos. Por ser uma região com solo altamente arenoso e com bai− xo teor de matéria orgânica (neos− solo quartzarênico), a expectativa é que, com o uso da adubação bioló− gica, aconteça o aumento significa−

tivo da longevidade dos canaviais. “Nas áreas que já fazemos apli− cação melhoramos a relação C/N e percebemos uma melhoria na aera− ção do solo, impactando na dimi− nuição da compactação. Através de análises de beta−glicosidase e fos− fatase ácida, conseguimos perceber também, um aumento das ativida− des enzimáticas. Temos observado uma aceleração na decomposição da palhada, uma melhoria na CTC, e nos teores de fósforo. O uso da tec− nologia vem aumentando a produ− tividade de nossos canaviais. Cons−

tatamos isso visualmente ao abrir− mos trincheiras. Possui mais colmos, as folhas são mais vigorosas e as raí− zes são bem mais volumosas e pro− fundas. Esse aumento de produtivi− dade vem impactando significativa− mente na diminuição de nossos custos agrícola”, detalha Duarte. No último acompanhamento realizado na Safra 2019/20, a pro− dutividade real das áreas com a Biotecnologia Microgeo® resultou num incremento de 9% em TCH (toneladas de cana por hectare) comparado a área testemunha. O Microgeo® é um compo− nente balanceado, que nutre, regu− la e mantém a produção do adubo biológico que é produzido na pró− pria área do produtor através do Processo de Compostagem Líquida Contínua® (CLC®). A produção no local de aplicação é estratégica, pois parte dos microrganismos en− volvidos no processo são exclusivos e adaptados à localidade. Com isso, ao estimular a microbiota nativa, a adubação biológica atua no condi− cionamento das propriedades físi− cas, químicas e biológicas do solo.


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Programa de colheita mecanizada gera ganhos de até 4 quilos de ATR sem compromisso com o resultado produzido por elas.

Resultado é obtido graças à redução das impurezas vegetais e, consequentemente,o sequestro de sacarose O Clean Cut, Programa de De− senvolvimento de Colheita Mecaniza− da, foi desenvolvido por quatro anos e vem revolucionando a operação agrí− cola de usinas, gerando resultados sig− nificativos. O setor bioenergético, que é um dos principais berços de novas tecnologias eficientes, foi o ambiente de gestação do Clean Cut, que foi conce− bido por meio da HRC Metalização dentro de uma unidade produtora do Grupo Tereos. O programa, integra a cadeia agroindustrial, focando em melhorias de desempenho da colhedora, otimi− zando a qualidade de corte – base (Disco locker e hibrido) e toletes, pro− tegendo a soqueira, melhorando subs− tancialmente a capacidade de limpeza da colhedora; e consequentemente, proporcionando o envio de matéria− prima mais limpa de impurezas vege− tais e minerais. Isso resulta em um ga− nho substancial de ATR, além de re− duzir o consumo de combustível e de consumíveis, como: diesel, facas, facões, pás, rolos e outros. Foi pensado também para oferecer segurança operacional. Além disso, de acordo com a dire− ção da HRC Metalização, o programa de colheita mecanizada tem condições de reduzir em até 80% o número de perdas de tolete (Cana quebradeira) e redução expressiva de impurezas vege− tais e minerais e gerar ganhos de até quatro quilos de Açúcar Total Recupe− rado (ATR). Em entrevista ao Jornal− Cana, Jairo Luis Rubem, gerente ope− racional da empresa, conta os detalhes. JornalCana − Quais as tecnologias e inovações que o programa Clean Cut proporciona? Jairo Luis Rubem − Primeiramen− te, é importante ressaltar que o Clean Cut sintetiza a expertise de 50 anos de colheita mecanizada no Brasil e traz incorporado em seu DNA inovações importantes ao setor Bioenergético mundial, solucio− nando os principais limitadores de per− formance na operação de colheita. O que o prog rama muda nos componentes da colhedora de cana− de−açúcar?

Jairo Luis Rubem

O Clean Cut aplicou engenharia reversa e desenvolveu componentes com geometrias e detalhes que otimizam as colhedoras de cana no processo de co− lheita fazendo uma melhor limpeza da cana, aliviando o sistema hidráulico, permitindo menor esforço para o corte de base, rolos transportadores, rolos pi− cadores e extrator primário. O ponto focal do Clean Cut está nos detalhes que envolvem as etapas en− tre corte e carregamento, onde priori− zamos o desenvolvimento de um novo conceito de corte de base para proteger o canavial e na indústria, deixamos de usar apenas rolos transportadores, que transportava a cana de açúcar até o rolo picador e passamos a ter uma indústria com rolos processadores de cana, ex− traindo impurezas minerais e vegetais Ele alt era o sistem a hidráulico, o motor, ou alguma est r utura da co− lheitadeira? Não. Em momento algum o Clean Cut interfere na funcionalidade origi− nal dos equipamentos, pois todas as pe− ças são desenvolvidas para preservar as condições de montagem e operação determinadas pelos fabricantes, por− tanto não se faz nenhuma intervenção hidráulica ou estrutural na máquina. Esclareça para nós, o Clean Cut é programa ou um kit de peças? O Clean Cut é um programa, criado para o desenvolvimento con− tinuo da Colheita mecanizada. Este programa foi criado a partir do en− tendimento das necessidades do cam− po, com vistas em compreender as demandas e superar os desafios únicos da natureza de cada operação. Tem ainda como base o compromisso com a Economia Circular, não gerando gastos com ativos, e suas peças são re− colhidas para transformação das suca− tas em novas peças. Para isso, é necessário estabelecer uma relação de cooperação com as

equipes de colheita locais e em cada região e onde há sempre um detalha− mento refinado da operação, com foco no que mais importa para geração de resultado e pode ser potencializado pela nossa capacidade de tecnologia e ino− vação, algo que exige flexibilidade da engenharia e também treinamentos operacionais customizados para usuá− rios do sistema Clean Cut. Vocês vendem os componentes? Não vendemos nossos componen− tes, mas sim um programa que garante o fornecimento de componentes cus− tomizados, desenvolvidos para gerar os resultados almejados pelo cliente. Para comprar o Clean Cut é feito um contrato de locação dos compo− nentes, aderindo o cliente ao progra− ma através do pagamento de uma ta− rifa fixa mensal, paga pelo cliente so− mente durante o período de safra. Através desta tarifa, a HRC dispo− nibiliza todo sistema, a reposição de seus componentes e suas atualizações. As atualizações são geralmente inova− ções criadas com a experiência mútua no campo, onde são disponibilizadas aos usuários sem custos extras. Cer to, então ele é um prog ra ma por que coopera para resultados re− levantes? Isso mesmo. O Clean Cut é um programa porque promove a inovação tecnológica contínua de seus compo− nentes onde anualmente são disponi− bilizadas atualizações do sistema, que são custeadas através de uma tarifa mensal que permite a manutenção e desenvolvimento constante a partir de um compromisso de desempenho ca− racterístico da cooperação entre as partes para considerar o que é mais re− levante para os resultados relativamen− te à natureza de cada operação, dei− xando para o passado as práticas de contratos de fornecimento de peças que visam apenas gerar faturamento,

Qual o foco do desenvolvimento e engenhar ia do prog rama? O programa Clean Cut foi desen− volvido com base no dia a dia da co− lheita mecanizada. Possui como foco a proteção do canavial através de um novo conceito de sistema de corte de base (Disco locker e hibrido) aumen− tando a longevidade do canavial, além de priorizar a qualidade da matéria prima entregue pela colheitadeira. Co− mo o sistema trabalha equilibrando o mecanismo da colhedora, há uma re− dução significativa de consumo de die− sel e de consumíveis. Quais são os resultados que as usi− nas podem esperar do Clean Cut? O programa é muito abrangente. Na região de Ribeirão Preto, por exemplo, há um cliente com capacida− de de moagem de 6 milhões de tone− ladas que conseguiu, em um teste comparativo, comprovar o ganho de 7,8 kg de ATR por tonelada colhida. Este resultado foi possível porque o Clean Cut consegue melhorar signifi− cativamente a capacidade e o padrão de limpeza do equipamento. Ao reduzir drasticamente as impurezas vegetais, reduzimos o sequestro de sacarose, proporcionando o ganho importante que mencionamos. Outro cliente na região de Pitan− gueiras que possui 8 colhedoras, me− lhorou sua densidade de carga em mé− dia de 3 toneladas por carreta; como consequência aumentou seu resultado de ATR. Este cliente, por ser usuário que possui experiência com sistema, conseguiu também consolidar uma re− dução de consumo de combustível de 2,5 a 3 litros de diesel por hora de co− lheita máquina. Em outras regiões como a de Olímpia, minimizamos significativa− mente o índice de perdas de toletes, provocadas por canaviais com cultiva− res que possuem a tendência de “cana quebradeira”, reduzindo de toneladas de cana por ha, para centenas de qui− los, algo muito expressivo. O que fica evidente aos usuários do programa é a qualidade do corte de base muito bem definida, com baixís− simos índices de abalo, arranquio, combinada com um aumento na capa− cidade de limpeza da cana de açúcar. Por otimizar o funcionamento da má− quina, o sistema provoca uma redução importante de diesel e consumíveis.


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Programa Clean Cut da HRC desenvolve disco de troca rápida e resolve problema de corte na colheita mecanizada O disco de troca rápida Locker – componente exclusivo do Programa Clean Cut – é um sistema de corte que dispensa a fixação das facas atra− vés de parafusos e permite fazer sua troca por cima do disco. É um sistema de fácil manejo operacional − com− provado por vários usuários − e segu− ro, que faz o travamento da faca de maneira bem ajustada e simples. Detalhando sobre a segurança e a permanência da faca no disco de tro− ca rápido, o gerente operacional da HRC Metalização, Jairo Rubem, as− segura que a própria força centrífuga colabora para a perfeita fixação no equipamento. “Outro detalhe impor− tante desse sistema é que além da ve− locidade da troca, ele soluciona um grave problema de corte em relação à colheita mecanizada, que é fazer o abalo de soqueiras com um sistema de cunhas socado por baixo”, revela. Ele argumenta que a solução de− riva do fato de que as castanhas de encaixe das facas no disco, foram de− senvolvidas de forma robusta, de mo− do que além de serem práticas na montagem, também permite a troca rápida das facas por peças que estejam

tortas. “Isso evita aquele transtorno de ter que usar um maçarico no disco para retirada das facas. Além disso, o operador ganha mais segurança, pois não precisa mais colocar a peça debai− xo de uma chave ou alguma outra coisa que esteja escapando, uma vez que não há mais necessidade de colo−

car a mão embaixo do disco”, detalha. Essa segurança se dá também − segundo ele − graças à uma mudança onde tanto o destravando da castanha quanto a retirada da faca é feita so− mente por cima do disco. “Isso deixa o alojamento todo liberado para se fa− zer a limpeza e a troca de fixação de

forma fácil. Outro detalhe importan− te − pontua Rubem − é que a casta− nha agora também vem com um pino de fixação na mesma posição que se teria um disco natural e uma área de reforço para se evitar quebras”, con− clui gerente operacional do programa Clean Cut.


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Biodefensivos (“on farm”) nas fazendas e usinas! Como viabilizar logística com qualidade? Segundo estudos da Blink Strategies, o mercado de biodefensivos no Brasil deverá crescer 34% em 2021, e atingir por volta de R$5 bilhões daqui a quatro anos. A liderança no crescimento das taxas de adoção segue com a cultura da soja seguida pela cana−de− açúcar, milho, algodão e café. Os levantamentos mostram que para a produção de cana−de−açúcar, 40% dos biodefensivos já são provenientes de produção própria pelas unidades de produção de cana. Mas, será que o aporte atual de tecnologia pode suportar grandes áreas de manejo? De fato, é possível produzir biodefensivos com qua− lidade e alta performance no sistema de produção própria (“on−farm”)? Sim, já é tanto possível que já é realidade! A tecnologia Multibacter® de multiplicação de microrganismos passa a compor a rotina agrícola a partir do estudo da logística operacional já pratica− da nas unidades de produção. Neste seguimento, a Agrobiológica Sustentabilidade, se destaca como pioneira e líder de mercado ao passo que pondera, para o sucesso de tal prática, os seguintes aspectos: • As estruturas de produção de bioinsumos (“on−farm”), denominadas bio−Salas, levam em consideração as necessidades específicas de cada uni− dade de produção: transporte e abastecimento, im− plementos de aplicação, ritmos operacionais, épocas do ano para cada alvo no manejo.

• As vazões de bioprodução, em litros por dia ou por semana, são planejadas para sistemas práticos e enxutos focados em qualidade e facilidade de ma− nuseio; • Os projetos se aderem à logística operacio− nal sem interferir na rotina já pré−estabelecida de forma que as aplicações de campo levem microrga− nismos com total manutenção das adequadas con− centrações para sua eficácia. • O monitoramento da qualidade é realizado de forma a garantir segurança à grandes extensões de área que, pelo sucesso contínuo do manejo, geram efetivas e expressivas reduções de custos.

Portanto, no correto emprego da tecnologia, me− diante assistência focada em qualidade, a aplicação dos microrganismos associados aos defensivos convencionais, melhora a eficácia dos manejos agronômicos, além de aumentar a vida útil das moléculas químicas por retar− dar a resistência das pragas e doenças mediante sua apli− cação conjunta ou rotacionada com os biodefensivos. Enfim, podemos dizer que a redução de custos, somadas as novas tecnologias para produção, arma− zenamento, transporte e aplicação de biodefensivos (“on farm”), garantem alta performance na prote− ção de plantas e acréscimos significativos na renta− bilidade agrícola.

Ridesa liberou 21 novas variedades de cana-de-açúcar em evento virtual Rede lançou livro 50 anos de variedades RB de cana-de-açúcar e comemorou 30 anos de existência A Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento Sucroenergético (Ridesa) liberou, oficialmente, 21 no− vas variedades em evento online reali− zado no dia 28 de julho. Na ocasião, o presidente da Rede, o reitor da Uni− versidade Federal de Goiás, Edward Madureira, destacou o investimento feito em pesquisas para entregar os no− vos produtos. O coordenador−geral da Rede, o professor Hermann Paulo Hoffmann, explicou que o processo de melhora− mento genético demora em torno de 15 anos, desde o início das pesquisas até a descoberta de uma nova variedade, mas que os pesquisadores contam com avanços tecnológicos para acelerar esse

tempo e contribuir com o setor su− croenergético. A Universidade Federal de Alagoas (Ufai) foi a primeira a expor os produ− tos desenvolvidos pela equipe do Cam− pus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca). O professor Geraldo Veríssimo fez a introdução sobre o processo de melhoramento genético e o engenhei− ro agrônomo Antônio José Rosário Santos detalhou cada uma das seis va− riedades lançadas pela universidade. O cruzamento entre genótipos de interesse é realizado para desenvolver variedades mais produtivas, resistentes às pragas e outras doenças, além de terem maior adaptação aos diferentes solos. Das outras novas variedades, quatro foram desenvolvidas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), cinco pela Federal de São Carlos (UFSCar), três pela Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e cada uma das universida− des federais de Goiás (UFG), Viçosa (UFV), e Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) produziram uma variedade, completando as 21 apresentadas.

Ridesa como fonte econômica para o setor sucroenergético Este ano, a produção das pes− quisas completou cinco décadas e o evento virtual foi uma oportu− nidade para lançar o livro 50 anos de variedades RB de cana−de− açúcar, 30 anos de Ridesa. A Rede é formada por coo− peração técnica de dez universi− dades, que produzem inovação científica para o setor sucroener− gético de todo o país, sendo res− ponsável pelo cultivo de varieda− des em 60% da área canavieira. Somando a safra de 2020, isso equivale a 8,5 milhões de hectares, conforme estimativa da Compa− nhia Nacional de Abastecimento (Conab), representando a contri− buição de mais de 12% na matriz energética do Brasil. A Ridesa substituiu o Progra−

ma Nacional de Melhoramento da Cana−de−açúcar (Planalsucar), li− gado ao governo federal, criado na década de 1970 para promover a melhoria dos rendimentos da cul− tura, no campo e na indústria, pa− ra garantir maior produtividade e resistência às pragas. A Rede tem pesquisadores em todas as regiões produtoras de ca− na−de−açúcar e conta com 72 bases de pesquisas, contemplando Estações de Cruzamento, Estações Experimentais, Centros de Pes− quisas e Subestações de Seleção em parceria com o setor. A parceria público−privada já existia desde o Planalsucar e, hoje, a Ridesa possui 300 empresas conveniadas, o que representa 95% das empresas atuantes na área.


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Estiagem alerta para necessidade da irrigação para garantir longevidade e altas produtividades A irrigação é parte essencial da produção de alimentos desde a des− coberta da agricultura. Porém, em dado momento, houve uma separação entre as áreas. Avanços tecnológicos desenvolveram técnicas para facilitar o convívio com o déficit hídrico, mes− mo que isso afetasse a produtividade, à mercê de fatores climáticos. Por anos, a agricultura se desenvolveu as− sim, mas essa separação vem cobran− do seus resultados. Após a grande seca de 2014, o Brasil, em especial a região Centro− Sul, tem sofrido. Agora, em 2021, passamos talvez pela pior crise hídri− ca da história. A cana−de−açúcar, por exemplo, ocupa uma área de 9 milhões de hec− tares no Brasil, que é o maior produ− tor e exportador de açúcar do mundo, sendo o Centro−Sul a principal região produtora. Segundo estimativas do setor, com a crise hídrica, acredita−se que na sa− fra 21/22 haja uma quebra de 10 a 15% na produção de cana, somente em São Paulo. É como se 7 grandes usinas simplesmente fechassem suas

portas, um dado alarmante. Uma vez separadas, agricultura e irrigação parecem ter se unido como importante ferramenta para combater os cíclicos períodos de estiagem. Dentre as ferramentas, a irrigação por gotejamento é a que mais se des− taca, deixando o produtor no contro− le, sem depender de condições climá− ticas. Além do aumento expressivo de produtividade e longevidade do cana− vial, maior TAH e redução de custos. Sistemas subterrâneos permitem irrigar 100% da área plantada, facili− tando a operação de máquinas no

campo. Além de garantir a quantidade ideal de água e nutrientes através da nutrirrigação, praticamente anulando os impactos climáticos. No Brasil, existem áreas com sis− temas implantados há mais de 20 anos funcionando com excelente desem− penho, sendo, inclusive, possível ope− rar a irrigação, em tempo real, por dis− positivos móveis. Sensores espalhados pelo campo captam dados de solo, desempenho e saúde das plantas, o que resulta na re− dução de custos ao evitar falhas de produção e desperdícios de insumos,

tornando a atividade mais rentável. Há vários resultados de sucesso em usinas da região Centro−Sul que adotaram a tecnologia. Uma unidade em Minas Gerais produziu em 12 anos, sem reforma do canavial, a mé− dia de 90 toneladas por hectare. Após o período, decidiram reformar o ca− navial e mudar a variedade. No pri− meiro ano, obtiveram média de 192 ton/ha. Hoje, no 7º corte, tem média de 147 ton/ha. Em São Paulo, uma usina mante− ve produtividade média de 124 ton/ha em 7 cortes, onde em sequei− ro alcançou−se 79 ton/ha em apenas 5 cortes, reduzindo custos de produ− ção em até 25%. As que adotaram a tecnologia es− tão surpresas com a produtividade atingida, cerca de 220 ton/ha. Em um ano em que muitos estão receosos quanto a quebra. São esses casos que deixam claro que a irrigação sempre fez parte da produção de cana−de−açúcar e de− monstram que o gotejamento forne− ce uma solução muito além da pro− dutividade.


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Microbiologia: produtores apostam em pequeno exército na luta pela fertilização do solo calidade que ali está adaptada a condição local os microorganismos e o melhor resultado vai aconte− cer naquele formato”. Ele explicou que na composição dos adubos biológicos, estão contidos: nutrientes, que favorecem a atividade microbiana nativa do solo; alta biodiver− sidade de microrganismos adaptados ao local de uso, com mais de 300 grupos diferentes, para cada tipo de situação. Entre as vantagens estão a agregação e descompactação do solo, maior infiltração e reten− ção de água e menor erosão do solo. Além da efi− ciência nutricional com maior enraizamento, maior eficiência dos fertilizantes, biossolubilização dos mi− nerais e ciclagem de matéria orgânica.

Bactérias, fungos e outros microorganismos quando bem empregados se tornam importantes aliados para aumentar a produtividade

Bactérias, actinomicetos, fungos, protozoários e vírus. Essa é a turma, que interagindo de forma con− junta, influenciam na fertilização do solo. Controlar essa capacidade de interação, estimulando ou desen− cadeando novas transformações químicas, é um dos novos desafios dos produtores rurais, que buscam aumentar a produtividade, mesmo diante de condi− ções adversas como períodos de restrições hídricas. O assunto foi a pauta da 3ª Maratona CANA− BIO − Fertilidade & Microbiologia do Solo, reali− zado no dia 28 de julho. O webinar contou com a participação de Aloísio Meloni, gerente Técnico Corporativo da Viterra Bioernergia S/A, Antônio Marques da Silva, gerente regional de vendas da Mi− crogeo e Renato Delarco, produtor de cana e sócio da RR Agrícola Renascer. Ao longo de quase duas horas, sob a condução do jornalista Alessandro Reis, do JornalCana, os par− ticipantes apresentaram importantes experiências e reflexões sobre o tema. O evento on−line contou com o patrocínio das empresas Agrobiológica Sus− tentabilidade, AxiAgro, Microgeo, HRC e Wiser. Em sua apresentação Aloísio Meloni da Viterra, empresa com duas unidades de processamento de cana−de−açúcar no Estado de São Paulo (Rio Ver− melho em Junqueirópolis e Unialco em Guararapes) com capacidade de processamento de 6,4 milhões de toneladas/safra, destacou o projeto de implementa− ção de uma biofábrica para a fabricação de adubo. Segundo Aloísio, o trabalho começou com pe− quenos tanques experimentais, e se estruturou pos− sibilitando o aperfeiçoamento no manejo, contri− buindo para redução dos custos com tratos culturais. “Fizemos experimentos com o pessoal da Unesp em Dracena, criamos um sistema todo automatizado, que permite saber a quantidade de cada elemento necessário e a partir daí começamos a montar nos− sos fertilizantes. No futuro a tendência é cada vez mais expandir a microbiologia a fim de melhorar a produtividade e a qualidade nas operações aumen− tando a eficiência”, contou.

Manejo biológico Antônio Marques da Silva, da Microgeo, iniciou sua apresentação com uma questão: Como restabe− lecer o microbioma do solo? Segundo ele, a respos− ta está no manejo biológico, através do qual se po− de alcançar maior eficiência produtiva e garantir au− mento da lucratividade. E o Microgeo, insumo que dá nome a empresa, é uma biotecnologia que resta− belece o bioma.Trata−se de um componente balan− ceado que nutre, regula e mantém a produção con−

Antônio Marques da Silva

Renato Delarco

Aloísio Meloni

tínua do Adubo Biológico através do Processo de Compostagem Líquida Contínua. A empresa trabalha com implantação de biofá− bricas onde são produzidos adubo biológico. “Tra− balhamos basicamente com dois modelos: BIM− Biofábrica Inteligente de Microgeo, que atende áreas de até 5 mil hectares e a BEM − Bioestação de Mi− crogeo para áreas maiores. Os projetos são 100% au− tomatizados e por um aplicativo de celular se tem o controle de toda a operação”, disse. Por conta das variações geográficas, Antonio Marques ressaltou a importância de que cada pro− priedade tenha sua biofábrica. “A gente tem clien− tes ou fornecedor usina e às vezes tem propriedade em Minas tem propriedade de São Paulo tem pro− priedade de outro estado, que já vão trabalhar na lo−

Mundo invisível O produtor de cana e sócio da RR Agrícola Renascer, Renato Delarco, afirmou que esse mundo invisível da microbiologia é muito com− plexo e de fundamental importância para a cul− tura da cana de açúcar. Ele informou que nos úl− timos anos, o grupo vem buscando uma agricul− tura orgânica, e o Microgeo foi uma das ferra− mentas de trabalho adotadas. Como fonte de fertilizante na cultura de ca− na, nós estamos usando um fertilizante organo− mineral que a nossa composição é 600 kg de es− terco de galinha poedeira com npk fechando uma forma 10 5 10. A primeira etapa é a aplicação do Microgeo na palha da cana soca. A segunda é a aplicação de fer− tilizantes organominerais. E numa terceira etapa aplicação de Microgeo. Nessa terceira etapa também inclui a implementação de leguminosas. Por fim, a quarta etapa inclui a desdobra das ruas de meiose, e o uso de Microgeo no Tampador. Delarco também chama a atenção para a ques− tão do nitrogênio, na sustentabilidade dos sistemas agrícolas. “A cana é a segunda maior cultura em consumo de nitrogênio no Brasil e o milho é o primeiro. E no futuro nós seremos cobrados pela quantidade de CO2 que vamos emitir na atmos− fera”, alertou. O produtor ressaltou ainda que somente 30% do nitrogênio é aproveitado em forma de fertilizante para o cultivo da cana, sendo que os outros 70% vem dessa matéria orgânica do solo. “Nós temos três tripés na agricultura: o primei− ro que foi o físico, no início do século com os equi− pamentos agrícolas; o segundo na década de 40/50, com o surgimento dos fertilizantes, a uréia foi um dos primeiros. Só que estamos capenga. Falamos em tripé, mas só estamos com dois pés. Cadê o tercei− ro?”, questionou. De acordo com ele, o terceiro, tão importante quanto os outros e que dá o equilíbrio, é o biológi− co. “Esse ninguém viu porque ele é muito comple− xo, difícil de se lidar, difícil de se entender. Conhe− cemos praticamente tudo relativo à mecânica do so− lo, em termos de fertilizantes pouco se tem a des− cobrir. Agora na microbiologia nós estamos apenas engatinhando. Vamos ter que aprender muito em microbiologia sob o risco de não conseguir avançar na agricultura”, alertou Delarco.


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Novas técnicas de maturação anunciam equilíbrio entre produtividade e acúmulo de açúcar Sugar Plus tem sido uma boa alterna− tiva para o grupo, principalmente de− vido à cultura da cana ter muitos vi− zinhos com as culturas do milho e do sorgo. E que o Riper passou a ser uma alternativa para canas que não com− pletaram seu ciclo (com todo poten− cial), agredindo menos a cultura e preservando a produtividade agrícola.

Pesquisadores e produtores apontam um novo complexo nutricional que vem auxiliando a vencer esse desafio

Indústria de transformação Acumular açúcar e manter a produ− tividade é um dos desafios do processo de maturação da cana. Mas vencer esse de− safio já não é uma realidade tão distante. Algumas soluções já despontam no ho− rizonte e trazem perspectivas animado− ras para o setor sucroenergético. O as− sunto foi um dos temas abordados du− rante a 3ª Maratona CANABIO − Ino− vações em Nutrição e MaturaçãoVege− tal + Foliar realizada no dia 29 de julho. Com a participação de Carlos Crusciol, professor titular da UNESP de Botucatu; Renato Rosa, gerente de pla− nejamento e desenvolvimento na Usi− na Vale do Verdão e Sérgio Castro, pes− quisador da Agroquatro−S Experimen− tação Agronômica Aplicada, o evento apontou algumas dessas soluções já em aplicação. Com mediação do jornalista Ales− sandro Reis, do JornalCana, o webinar teve patrocínio das empresas Agrobio− lógica Sustentabilidade, AxiAgro, Mi− crogeo, HRC e Wiser. Segundo Sérgio Castro, da Agro− quatro−S, a maturação nutricional é uma nova tecnologia que tem como foco agregar produtividade e açúcar. “Maturador é um produto que aplicado na cana−de−açúcar no final do seu ciclo de desenvolvimento diminui a taxa de crescimento vegetativo sem afe− tar o processo fotossintético de modo que haja saldo de produtos fotossinteti− zados e os quais serão transformados em sacarose e armazenado. A aplicação de

maturadores, no entanto, prejudicava a taxa de crescimento em detrimento do acúmulo de sacarose. Porém estamos evoluindo e a maturação nutricional permite acumular sacarose sem atrapa− lhar o crescimento da planta”, informou. A tecnologia da maturação nutri− cional consiste no emprego de nu− trientes com foco em agregar açúcar e a planta acumular biomassa, ou seja, pch e PH ao mesmo tempo. Entre es− ses nutrientes estão o nitrogênio, zin− co, boro, magnésio e potássio. Segun− do Castro, o importante é entender qual desses nutrientes devem ser apli− cados, buscando sempre formular concentrações que tragam acúmulo de sacarose e produtividade. O pesquisador apresentou alguns trabalhos que demonstram o êxito da aplicação. Segundo Sérgio uma impor− tante vantagem da maturação nutricio− nal pode ser sentida nas “janelas de co− lheita”, pois o tempo necessário para que a tecnologia nutricional atinja seu ápice é de 28 dias, um período bem menor que os 35/50 dias dos matura− dores químicos, possibilitando uma fol− ga no manejo da usina. Segundo Sérgio, o canavial ideal para receber esse tipo de manejo é o de início de safra (março a junho) na região centro−sul do Brasil.

Renato Rosa, da Usina Vale do Verdão, localizada no sudoeste de Goiás, com quatro unidades e uma produção estimada em 7,8 milhões de toneladas de cana, falou sobre o ma− nejo de maturadores ao longo de 2021 na usina. Ele explicou que a metodologia consiste em “conversar” com a cana. “Não estou falando de dados estatís− ticos, mas sim ir a campo marcar a ca− na e acompanhar seu ritmo de cresci− mento. Para isso utilizamos ferramen− tas comuns: calculadora, paquímetro e uma trena simples. O desenvolvimen− to da planta é acompanhado em três épocas diferentes de colheita, e seus crescimentos são acompanhados nas três épocas. Anualmente o crescimen− to é acompanhado sempre em um mesmo local, portanto a referência é sempre em um mesmo solo e am− biente de produção”, explica. Ao longo de sua apresentação Rosa apontou fatores hídricos e de temperatura que interferem em todo o processo. Os números apontaram que o ano agrícola não foi propício para a maturação no início da safra, pois a cana estava com idade crono− lógica e não com idade fisiológica ideal para a maturação. O maturador

Carlos Cruciol

Renato Rosa

Sérgio Castro

Usina Vale do Verdão

O professor titular da UNESP de Botucatu, Carlos Crusciol, falou ao longo da sua apresentação sobre a nu− trição foliar, que vem evoluindo nos últimos anos. “Dos anos 70 até a pri− meira década do ano 2000, essa tec− nologia não evoluiu muito. A maioria das pessoas comprava o “foliar” por− que o balde era muito bonito. Você comprava mais pela embalagem cha− mativa do que pela funcionalidade da tecnologia. Isso acontecia, pois até en− tão, não se tinha conhecimento de como fazer o nutriente ser absorvido pela folha”, elucidou. De acordo com ele, o que acon− tece hoje na agricultura de maneira geral não só em cana−de−açúcar, é adubação foliar complementar. “Quando a gente fala de hidrogênio e até dos micronutrientes a gente pode estar complementando uma parte via folha. Mas a melhor forma de nutrir a planta e para atender toda essa de− manda vai ser via solo”, afirmou. O professor questiona e explica: “Então por que está crescendo tanto a adubação foliar? Porque essa adu− bação foliar está entrando como es− timulante e para o equilíbrio do me− tabolismo. Estou pegando uma pe− quena faixa da fase fenológica dela lá no final provocando um estímulo com aqueles nutrientes e tendo um ganho de ATR, equilibrando uma la− voura numa bacia de vinhaça que es− tá muito saturada de potássio, pode aumentar 10 toneladas de cana, por− que estou melhorando o metabolis− mo foliar celular”, disse. Segundo ele, a fábrica de uma planta não está na raiz, não está no colmo. A indústria de transformação de uma planta é a folha. “A raiz é uma mineradora. Ela vai lá e pega água, minerais, inclusive metais e leva para a indústria de transformação que é a fo− lha. Então quando eu faço essa adu− bação foliar estou provocando estí− mulo. Por isso, que em pequena quantidade a nível celular e para o equilíbrio, podendo ganhar ATR e ter ganho de TCH”, conclui Crusciol.


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Controle biológico se enquadra na ESG e aumenta demanda na utilização de microorganismos Segmento em expansão

O mercado de biotecnologia está aquecido e deve movimentar mais de 11 bilhões de dólares em 2025 As métricas da ESG também se estendem ao controle biológico e manejo integrado de pragas, devido ao seu forte apelo ambiental. A área de biológicos vem crescendo de forma exponencial. Em 2018, o mercado global movimentou cerca de U $4 bi− lhões de dólares e estima−se um cres− cimento de 16% ao ano, devendo movimentar em 2025 cerca de U $11 bilhões de dólares. O Brasil também vem acompa− nhando essa tendência, graças, entre outros fatores, à profissionalização da indústria de biológicos que vem apre− sentando resultados satisfatórios no controle de pragas e doenças. O assunto foi tema da 3ª MARA− TONA CANABIO − 2ª SESSÃO − Controle Biológico & Manejo Inte− grado de Pragas, realizada em 04 de agosto, promovida pelo JornalCana. Participaram deste webnário El− ton Martins, gerente de cana na Agrobiológica Sustentabilidade, Gui− lherme Mantovani, especialista Cor− porativo em Manejo de Pragas e Doenças da Raízen, Lars Shcobinger, sócio diretor da Blink Strategies e Paulo Gutierrez, especialista em de− senvolvimento técnico e experimen− tação agrícola da Tereos. Com mediação do jornalista Ales− sandro Reis, do JornalCana, o evento teve patrocínio das empresas Agrobio− lógica Sustentabilidade, AxiAgro, Mi− crogeo, HRC e Wiser. Elton Martins, gerente de cana na Agrobiológica Sustentabilidade, uma das indústrias do setor, falou sobre a missão da empresa em ofe− recer soluções biológicas para um manejo mais seguro, eficiente e ren− tável. “Nossos pilares foram sele− cionados para inovação, sustentabi− lidade com garantia de qualidade de todos os nossos processos e produtos e cada vez mais aumentar a seguran− ça dentro dos empreendimentos agrícolas”, disse. Com base nas metas ESG, Elton elencou alguns pontos importantes: Fixação de CO2 e fotossíntese; redu−

Elton Martins

Guilherme Mantovani

Lars Shobinger

Paulo Gutierrez

ção de emissões e qualidade do solo; ambiente regenerativo e longevidade dos canaviais; eficiências de fertilizan− tes e redução de custo; redução de emissões de óxido nitroso (N2O); longevidade de moléculas químicas e racionalização; menores riscos am− bientais e para os colaboradores.

“Esse sistema conjugado que hoje a gente vem trabalhando, permite a aplicação de diferentes produtos sejam químicos ou biológicos de maneira segura, garantindo uma eficácia e efi− ciência agronômica muito maior do que os métodos convencionais no sentido do manejo”, disse. Outro projeto que o especialista destacou nos tratos culturais é o sis− tema de corte de soqueira conjugado. “O sistema de aplicação está prepara− do para diversificar o uso de táticas e vazão no manejo de sphenophorus levis, com sistema individualizado 70/30. Isso nos dá uma flexibilidade muito grande e uma maior oportu− nidade de ganhos agronômicos no controle de pragas de modo geral”, explicou. Segundo ele, esses dois sis− temas asseguram uma redução na reentrada na área, maximização da eficiência agronômica e uma redução de custos. “Um terceiro projeto que a com− panhia vem conduzindo é a produção dos biodefensivos. Uma ala trata de microorganismos com um alvo espe− cífico e outra ala para aqueles mais generalistas. Ele tem o objetivo de complementar e potencializar os re− sultados agronômicos pretendidos no manejo de fitossanidades, fisiologia ou nutricional”, explica.

Multibacter Entre as soluções apresentadas pela empresa, no quesito cana−de−açúcar o carro chefe é o Multibacter. Trata− se de uma tecnologia de produção própria chamada de “on farm”. Nós temos basicamente um biorreator e o meio de cultura e utilizamos diversos inóculos, espécies de bactérias para fi− nalidades diferentes dentro do sistema de produção. Guilherme Mantovani, da Raí− zen, destaca que a empresa, além da questão ambiental, social e de gover− nança vem trabalhando com a sus− tentabilidade no manejo integrado de pragas e doenças. De acordo com Mantovani, na área de fitossanidades, a vinhaça vem ganhando cada vez mais um protago− nismo na companhia em razão da sua multiutilidade dentro da lavoura, nu− ma economia muitas vezes de adubo mineral. Servindo também como veí− culo para manejo de pragas e doenças.

Lars Shcobinger, diretor da Blink Strategies, falou sobre o crescimento do mercado de controle biológico. De acordo com Lars, trata−se de um fe− nômeno de proporções globais. Em 2018, esse mercado movimentou cer− ca de U$3,8 bilhões e estima−se que em 2025 estas cifras estejam na casa dos U$11 bilhões de dólares. “Existe uma grande pressão de consumidores cada vez mais preocu− pados com o consumo de alimentos produzidos basicamente com produ− tos orgânicos. Tem inclusive movi− mentos políticos importantes na França, Suíça e em alguns outros paí− ses da Europa, sinalizando a data limi− te para o uso de soluções químicas. Is− so tudo abre uma fronteira muito fa− vorável para produtos biológicos. E obviamente também, cada vez mais existem conhecimento e domínio técnico desses produtos. E tudo isso vai criando um momento favorável para o crescimento da adoção dessas soluções”, explicou. Segundo Lars, o mercado on farm brasileiro está em plena expansão, pu− xado por grandes agricultores de soja, milho, algodão e também da cana. Entre os fatores que contribuem para esse crescimento estão o baixo inves− timento inicial, a baixa complexidade de produção, lembrando que o pro− cesso de fermentação é simples e en− tre grandes produtores a troca de in− formações é grande e em muitos ca− sos com apenas um profissional dedi− cado na propriedade rural, já é possí− vel promover a produção on farm. Ele elencou ainda a grande diferença de custo entre produtos industrializados e on farm, que variam de 400 a 1.000% e também a percepção de que os pro− dutos on farm garantem a mesma qualidade dos produtos industriais. Paulo Gutierrez, da Tereos, desta− cou a utilização dos drones no con− trole biológico e manejo integrado de pragas. “A liberação realizada pelo drone é automatizada, e georreferen− ciada, garantindo homogeneidade e rastreabilidade na aplicação, resultan− do em maior eficácia no controle. A mão de obra dentro de uma usina tem diversas demandas como levantamen− to populacional, acompanhamento de massa verde, uma capina manual, composição de uma rua, enfim, o drone libera essa mão de obra e a dei− xa disponível para outras atividades, além de proporcionar um maior ren− dimento operacional”, explicou.


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UNESP destaca que a cana tem melhor eficiência na conversão da energia solar em biomassa Os experimentos foram realizados em dois ambientes de produção no Brasil A cana−de−açúcar é uma cultura com grande potencial para produção de bioenergia devido ao seu alto potencial de conversão de energia solar em bio− massa. Entretanto, a interação entre o ambiente de produção e a cultivar es− colhida é um dado fundamental para a eficiência produtiva do cultivo. Um estudo desenvolvido por pes− quisadores da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, câm− pus de Botucatu – SP, respondeu a duas questões que permaneciam pou− co estudadas sobre esse tema: qual a eficiência da cana−de−açúcar em converter a energia solar interceptada pelas folhas em biomassa? Como essa eficiência é influenciada pelo ambien− te de produção e pelas cultivares? Os resultados do trabalho foram publicados em julho pela revista Re−

Alexandrius Demoraes Barbosa durante o experimento

newable and Sustainable Energy Re− views, uma das mais bem conceitua− das na área de energias renováveis e sustentabilidade. O objetivo do traba− lho foi avaliar a eficiência da conver− são da energia solar em biomassa, bem como a energia disponível por área (hectare) e a produtividade dos col− mos, em função do ambiente de pro− dução em diferentes cultivares.

Os experimentos foram realizados em dois ambientes de produção no Brasil, nos municípios de Prado Fer− reira, Estado do Paraná (Ambiente Produtivo A) e Presidente Bernardes, Estado de São Paulo (Ambiente Pro− dutivo C), utilizando três cultivares de cana−de−açúcar (SP80−3280, RB855156 e RB867515), em dois ci− clos de cultivo. “De maneira geral, observamos que a eficiência da conversão pode aumentar em 51,3% em função do ambiente de produção e da cultivar utilizada. A eficiência em converter energia solar em biomassa foi em mé− dia de 3,8% na cana planta (primeiro corte) e 3,3% na cana soca (segundo corte) em Ambiente de Produção A, e de 2,9% e 2,2%, respectivamente, em Ambiente de Produção C”, explica o professor Marcelo de Almeida Silva, coordenador estudo e do grupo de pesquisa do Laboratório de Ecofisio− logia Aplicada à Agricultura da FCA/UNESP. “Além disso, também registramos que a interação entre o ambiente de produção e a cultivar escolhida causa

variação de 75,80% na produtividade do colmo, e a produtividade da biomassa é menos afetada pelo déficit hídrico do que a produtividade do colmo”. Em termos de aplicabilidade, os resultados demonstram quantitativa− mente a importância da correta alo− cação de cultivares nos ambientes de produção. “É fundamental ter atenção ao manejo varietal, aquele que con− templa a interação com o solo, épocas de plantio e de colheita, entre outras condições, para se obter a melhor efi− ciência na conversão da energia solar em biomassa e explorar ao máximo o potencial produtivo de cada cultivar de cana−de−açúcar”, salienta o docente. A pesquisa foi tema da tese de Alexandrius de Moraes Barbosa, que realizou seu doutorado no Programa de Pós−Graduação em Agronomia: Agricultura, na FCA/Unesp, com bolsa Fapesp, sob orientação do pro− fessor Marcelo Silva. Atualmente, Bar− bosa é docente da Unoeste Também são autores do artigo Rafael Rebes Zilliani, Carlos Sérgio Tiritan (ambos da Unoeste) e Gustavo Maia Souza (Universidade Federal de Pelotas).


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ENERGIA

Agosto 2021

ONS começa a receber oferta adicional de bioeletricidade Medida atende portaria do Ministério de Minas e Energia As usinas termoelétricas à biomassa, típicas do setor sucroenergético, podem ofertar ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a partir desta quarta−feira (4), a geração adicional de bioeletricidade. A medida atende portaria do Ministério de Minas e Energia (MME) e visa o atendimento ao Sistema Interligado garantindo o fornecimento neste momento de escassez hídrica, com térmicas sem custo variável unitário. Para o gerente de Bioeletricidade da União da In− dústria de Cana−de−Açúcar (UNICA), Zilmar Souza, o mecanismo criado pelo MME contribuirá para a “biomassa poder ajudar o Sistema Interligado, ainda mais do que ajuda, como neste cenário de escassez hídrica, com uma energia renovável e sustentável”. As ofertas adicionais de geração poderão ser apresentadas até 2022, o que permitirá também um planejamento melhor dos excedentes de geração pela biomassa na safra seguinte. Mesmo a moagem canavieira acumulando queda de 7,36%, desde o início do ciclo 2021/2022 até a primei− ra metade de julho, a geração de energia pela biomassa à rede já foi de 12,2 mil GWh neste ano, equivalente a 16% de toda a geração de energia elétrica pela Usina Itaipu em 2020 ou a atender 6,3 milhões de residências, além de reduzir as emissões de CO2 estimadas em 3,4 milhões toneladas, marca que somente seria atingida

com o cultivo de 24 milhões de árvores nativas ao lon− go de 20 anos. “A portaria é importante também porque estabe− lece que essas ofertas adicionais de geração pela biomassa não estarão sujeitas à inadimplência nas liquidações fi− nanceiras no Mercado de Curto Prazo, que se encon− tram judicializadas desde 2015. Na última liquidação, os credores que não possuem liminares relacionadas ao ra− teio da inadimplência receberam apenas 14% de seus créditos, o que desestimula sobremaneira qualquer ge− ração extra pela biomassa”, pontua Souza. Para mais informações e envio das ofertas, os agen− tes representantes das térmicas enquadradas pela Porta− ria Normativa Nº 17/GM/MME podem acessar o si− te do ONS.




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