JornalCana 328 (Julho 2021)

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Julho 2021

Série 2

Número 328

COLOMBO AGROINDÚSTRIA S/A

MODERNIZAÇÃO QUE CONQUISTA RESULTADOS

Há 6 anos o grupo vem implantando um novo modelo de governança corporativa, com reestruturação societária e profissionalização da gestão




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CARTA AO LEITOR

Julho 2021

índice MERCADO Moagem tem queda de 8,45% até junho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Retomada do setor sucroenergético permanece estável após 1 ano de pandemia . . . . .8 Consumo de combustíveis de Ciclo Otto deverá crescer 7% nesta safra . . . . . . . . . . . . . . .9 Entenda – de vez – porque os biocombustíveis são estratégicos para a eletrificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 e 11 BMW testa motor a etanol para seu carro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12 Volkswagen escolhe Brasil para sediar seu Centro de P&D de etanol e veículos elétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 Combustível do Futuro é um avanço para Brasil liderar a transição energética . . . . . . .14 ESG estende suas raízes ao setor sucroenergético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 e 17

GENTE Empresa de tecnologia para plantas de etanol de milho anuncia diretor executivo para América do Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18 Falece diretor presidente da Usina Sonora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18

USINAS Copersucar conclui aquisição das ações da Alvean . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20 Batatais compra usina eficiente e sem dívidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20 Usina DACALDA realiza primeira emissão do CRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21 Grupo Colombo: modernização que conquista resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22 e 23 Tereos emite sua 1ª debênture de infraestrurura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Usina Coruripe quadriplicou lucro líquido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Enersugar quer triplicar sua moagem de cana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25 Diana Bioenergia deve quadriplicar lucro na próxima safra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 Zilor tem lucro de R$ 447,3 milhões na safra 20/21 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 CRV Industrial renova certificação FSSC 22000 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 Nardini é recertificada pela Bonsucro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28

INDUSTRIAL Inpasa Brasil é certificada no RenovaBio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29 Cocal conclui construção de planta de levedura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 FS inova com sistema BECCS para captura e estocagem de carbono . . . . . . . . . . . . . . . . .31 BioAroeira entra no professo de transformação digital na indústria . . . . . . . . . . . . . . . . .32 Raízen irá construir segunda planta de etanol 2G . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32

AGRÍCOLA Aliado do RenovaBio, tecnologia reduz emissão de CO2 com maior produtividade e melhor rentabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 Novas tecnologias aumentam performance no CTT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36 e 37 Produtores buscam alternativas para desafios da safra 21/22 . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38 e 39 Crise hídrica ameaça indicadores da safra 21/22 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40 e 41

ENERGIA Biomassa pode gerar 1,8 mil GWh em energia adicional já em 2021 . . . . . . . . . . . . . . . . .42

“E Deus é poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda a graça, para que em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que é necessário, vocês transbordem em toda boa obra.” 2ª Carta aos Coríntios, cap. 9, versículo 8

ISSN 1807-0264

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carta ao leitor Andréia Vital - redacao@procana.com.br

Demanda por sustentabilidade coloca etanol no centro do palco Com o propósito cada vez maior de diminuir a dependência do petróleo e reduzir as emissões de CO2, o mundo se rende cada vez mais às externalidades do etanol, resultando no avanço de pesquisas para o uso do produto, especialmente para o incremento da eletrificação. Pensando na sustentabilidade, montadoras como a Nissan, a BMW e a Volkswagen, já informaram que vêm investindo em estudos para conseguir produzir eletricidade a partir do etanol em células de combustível para abastecer seus carros elétricos. Inclusive, o Grupo Volkswagen acaba de anunciar que o Brasil será sede de um Centro de Pesquisa & Desenvolvimento voltado para o estudo de soluções tecnológicas baseadas em etanol e outros biocombustíveis para mercados emergentes, que utilizam energia limpa, para a combustão e soluções híbridas. Neste mês, o JornalCana aborda o assunto em várias matérias, incluindo a continuidade da série que mostra porque os biocombustíveis são estratégicos para a eletrificação. Em entrevista ao jornal, Gonçalo Pereira, da Unicamp, detalha sobre tecnologias como a de células combustíveis a etanol. No contexto ainda da sustentabilidade, o ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque ressalta a importância dos biocombustíveis para o Brasil liderar a transição energética, com a participação cada vez maior do produto na matriz energética nacional. Albuquerque detalha os benefícios do Programa Combustível do Futuro, lançado recentemente pelo Ministério e aprovado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e que direciona o país para uma economia de baixo carbono. Nesta edição, a trajetória de sucesso do Grupo Colombo ilustra a matéria de capa. Com um processo de modernização em curso, a companhia vem, há seis anos, implantando um novo modelo de governança corporativa, com reestruturação societária e profissionalização da gestão. Colocando em prática o ESG, a empresa conquistou recordes na moagem na safra 20/21 e também financeiramente, registrando lucro líquido de R$ 405 milhões no exercício encerrado em 31/03/21. E por falar em ESG, a edição destaca que o conceito estende cada vez mais suas raízes ao setor sucroenergético, fazendo parte do dia−a−dia das empresas do segmento. Em webinar promovido pelo JornalCana, os executivos Gustavo Alvares, CEO da Atvos; Otávio Lage de Siqueira Filho, diretor− presidente da Jalles Machado e Renato Junqueira Santos Pereira, vice−presidente de Açúcar, Etanol e Energia da Adecoagro comentam como as ações realizadas vêm contribuindo para o crescimento das companhias que atuam. Os resultados financeiros de alguns grupos, a compra da Cevasa pela Usina Batatais e outras iniciativas de algumas empresas, como a Raízen, que anunciou a construção da segunda planta de etanol 2G e informações sobre o início da produção de biogás e de levedura do Grupo Cocal também podem ser conferidas neste mês. Na área agrícola, destacamos que a utilização de novas tecnologias voltadas para uma maior integração entre homem e máquina e computadores, aos poucos vai transformando o setor sucroenergético. As ações de Corte,Transbordo e Transporte (CTT) já começam a refletir resultados dessas mudanças. Além disso, trazemos informações sobre as soluções que produtores estão usando para amenizar os impactos da crise hídrica, mantendo assim os indicadores da safra positivos. É muito conteúdo interessante! Boa leitura!

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Financeiro Renata Macena gerentefinanceiro@procana.com.br

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MERCADO

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Moagem tem queda de 8,45% até junho Rendimento agrícola também é menor A quantidade de cana−de−açúcar processada pelas unidades produtoras do Centro−Sul desde o início da safra 21/22 até o final de junho, atingiu 210,93 milhões de toneladas, ante 230,39 milhões de toneladas no últi− mo ciclo agrícola. Segundo a União da Indústria de Cana−de−Açúcar (UNICA), em relação ao número de usinas em operação, 254 empresas re− gistraram produção até 1º de julho, contra 264 unidades em igual data do ano passado. Dados preliminares apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) para junho, considerando uma amostra comum de 60 unidades, re− gistraram produtividade de 80,9 tone− ladas por hectare colhido no mês, an− te 90,9 toneladas observadas no mes− mo período na safra 20/21, represen− tando uma queda de 11% no rendi− mento agrícola. “Estimamos que a área colhida até o momento supera em 2,5% aquela registrada no mesmo período da safra passada. Portanto, a despeito da retra− ção de 8,45% observada na moagem, a

safra 2021/2022 está avançada no Centro−Sul. A quebra acumulada na produtividade até junho (−10,5%) tem se traduzido em recuo de oferta de al− guns produtos”, comenta Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da UNICA. Quanto à qualidade da matéria−

prima processada no acumulado des− de o início da safra até 1º de julho, o indicador de concentração de açúca− res assinala 132,91 kg de ATR por to− nelada de cana−de−açúcar, aumento de 1,39% em relação ao valor da safra 2020/2021. “O clima seco tem prejudicado

severamente a produtividade da cana− de−açúcar colhida, mas por outro la− do essa condição estimulou a concen− tração de açúcares na planta”, analisa Padua. Até 1º de julho, a produção de açúcar alcançou 12,26 milhões de to− neladas, contra 13,35 milhões de to− neladas verificadas na mesma data do ciclo 2020/2021. A fabricação acu− mulada de etanol, por sua vez, totali− zou 9,63 bilhões de litros, sendo 3,42 bilhões de litros de etanol anidro e 6,21 bilhões de litros de etanol hidra− tado. Do total fabricado, 714,99 mi− lhões de litros do biocombustível fo− ram produzidos a partir do milho. “A despeito da queda na moagem de cana−de−açúcar, a produção de etanol anidro segue com crescimento significativo, oferecendo amplo con− forto para o atendimento da deman− da interna”, explicou Rodrigues. No acumulado desde o início da safra 2021/2022 até 1 de julho, o volu− me de etanol comercializado pelas em− presas do Centro−Sul soma crescimen− to de 9,94%, com 7,08 bilhões de litros. Do total, 415,10 milhões de litros fo− ram destinados à exportação (queda de 15,63%) e 6,66 bilhões ao mercado in− terno (aumento de 12,05%).



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MERCADO

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Retomada do setor sucroenergético permanece estável após 1 ano de pandemia Afirmação é da KPMG A KPMG realizou um levanta− mento analisando os quatro padrões de retomada dos 40 principais setores da economia brasileira após um ano de início da pandemia da Covid−19. Se− gundo o estudo, o segmento de açú− car e etanol permaneceu no estágio "transformar para emergir", o mesmo patamar apontado na primeira edição da pesquisa realizada no ano passado. Nesta etapa, estão empresas que se re− cuperarão, mas ao longo de um cami− nho prolongado, exigindo reservas de capital para resistir. "O cenário é de recuperação re− levante da renda do segmento de açú− car e etanol no país este ano. Os mer− cados futuros de açúcar têm gerado oportunidades de fixação de preços para as próximas duas safras em pata− mares atrativos para os produtores. A pandemia não só amplificou os sinais de ruptura que vinham se formando no mercado de combustíveis para fins de transportes no mundo inteiro, co−

mo trouxe mudanças estruturais, de− safios e oportunidades para o segmen− to sucroalcooleiro do Brasil", destaca a sócia do setor de agronegócio da KPMG, Giovana Araújo. De acordo com a KPMG, as prin− cipais tendências para o setor de açú− car e etanol são as seguintes: • Ambiente favorável de preços e a disparidade econômico−financeira entre empresas favorecem as fusões e aquisições; • Tendência de diversificação de fontes de capital, por meio de ope− rações estruturadas de dívida e equity, deve continuar este ano. No− vos agentes da cadeia de valor do açúcar e etanol devem buscar IPO

(Oferta pública inicial); • Os preços de etanol ao longo do ano devem se sustentar em patamares atrativos para os produtores; • A expectativa é de recuperação do faturamento e da geração de caixa operacional das usinas produtoras de açúcar e de etanol, com repercussões positivas esperadas nos níveis de ala− vancagem; O relatório da KPMG traz infor− mações relevantes e um balanço sobre como as empresas vêm respondendo aos desdobramentos desde o início da crise, indicando quatro padrões de re− tomada para os setores. De acordo com a pesquisa, podem ser considera− das em "processo de crescimento", as indústrias e empresas que escalam o pós covid−19 com o comportamento do consumidor favoravelmente alte− rado durante a crise. Já no "retorno ao normal", essas organizações são vistas como essenciais. No terceiro estágio intitulado no relatório como "trans− formar para emergir" que vão mudar modelos operacionais e de negócio para emergirem mais fortes e alinha−

das com as mudanças nas prioridades e nos padrões comportamentais dos consumidores. Por fim, em "reiniciar", essas organizações lutam para se recu− perar da covid−19 devido à demanda permanentemente reduzida por ofer− tas, capital insuficiente para evitar re− cessão prolongada ou má execução da transformação digital. "A análise destaca que líderes de diferentes mercados têm buscado en− frentar esse momento com resiliência, informação e planejamento estratégi− co, de modo a antecipar possíveis en− traves e obstáculos e, assim, obter os resultados esperados mesmo em um período complexo e desafiador. O es− tudo aponta as especificidades dos se− tores abordados, incluindo as tendên− cias, as medidas que as empresas têm adotado para mitigar os reflexos do atual cenário, os principais desdobra− mentos observados neste último ano, as lições aprendidas e os riscos ineren− tes aos mercados", afirma Jean Paras− kevopoulos, sócio−líder de Clientes e Mercados da KPMG no Brasil e na América do Sul.

Consumo de combustíveis de Ciclo Otto deverá crescer 7% nesta safra Estimativa é do ItaúBBA

Com os elevados preços do etanol hidratado desde o início da atual safra e as cotações do açúcar caindo nas últimas semanas, o biocombustível passou a ser mais rentável à usina comparado com o adoçante. Mesmo assim, o ItaúBBA, em seu boletim Radar Agro, divulgado no início de julho,afirma que o impacto na mudança de mix será pequeno. “Há uma grande preocupação em relação ao volume de cana da safra atual, que mesmo sendo consenso que o cli− ma seco terá impacto nesta safra, a quantificação da produtividade ainda tem grande variação entre os players do mercado”, afirma o banco. Segundo o relatório, consideran− do os fatores climáticos que têm in− fluenciado negativamente o volume de cana disponível na safra 2021/22 e as fixações de açúcar já realizadas, o total de etanol a ser produzido, mes−

mo com o incremento da produção proveniente do milho, deverá ser me− nor que o da safra 2020/21. “Esse cenário somado ao avanço da vacinação no país e à aceleração da eco− nomia local, nos faz projetar um aperto relevante no balanço do produto no Brasil.A nossa estimativa é que o con− sumo de combustíveis de Ciclo Otto deverá crescer 7%”, destaca o ItaúBBA. Quanto aos preços da gasolina na bomba, a perspectiva é de que os valo− res deverão seguir a cotação internacio− nal, cenário que aponta para pouco es−

paço para quedas relevantes do valor do combustível fóssil em relação aos pata− mares atuais. Essa nossa visão se apoia na inter− nalização dos preços internacionais com base nas curvas futuras de petróleo e de câmbio.Assim, os preços da gasolina na bomba tendem a oscilar em patamares acima de R$ 5,30/l ao longo de toda a safra, o que implicaria em uma cotação na usina ao redor de R$ 2,90/l. “O risco para esse cenário está atrelado à uma nova onda pandêmica, o que ainda não pode ser descartado e

poderia reduzir as cotações do petró− leo, ou uma valorização mais abrupta do real Importação de etanol dos EUA”, afirma o banco. Vale lembrar que, a informação não oficial do governo dos Estados Unidos diminuir a mistura de etanol à gasolina e de biodiesel ao diesel, já trouxe impactos nas cotações de soja e milho, e caso este fato se torne realidade, os efeitos podem ser direcionados ao etanol e para expor− tação para o Brasil.Atualmente, as im− portações de etanol pelo Brasil prove− nientes dos EUA têm tarifa de 20%. “A paridade de importação dos Es− tados Unidos para o Brasil encontra−se fechada, em função dos altos preços do etanol americano,da tarifa de importação e do câmbio.Entretanto,a nossa análise de cenários mostra que preços de etanol abaixo de USD 1,770/galão e taxa de câmbio inferior a R$ 4,55/USD poderia abrir arbitragem de importação para o CS considerando os preços atuais do etanol anidro em SP de R$ 3,25/l. Entretanto, a curva futura de etanol, por exemplo, aponta preços superiores a esse patamar ao longo da safra”, conclui o banco.


MERCADO

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Afirmação é de José Mauro Coelho, secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME Atualmente, segundo o Ministério de Minas e Energia, 20% do consumo do setor de transporte é de combus− tíveis renováveis e o Brasil tem cami− nhado para ampliar o consumo com o apoio da Política Nacional de Bio− combustíveis (RenovaBio). Ao fazer um balanço sobre bio− combustíveis no país, o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustí− veis, do Ministério de Minas e Ener− gia, José Mauro Coelho, comenta so− bre as perspectivas para o futuro. “O setor de biocombustíveis do Brasil apresentou resultados expressivos em 2020. Os números, como veremos a seguir, mostram os avanços desse seg− mento da economia, o que demonstra a vocação brasileira para a produção e o uso da bioenergia”, disse. O secretário afirmou que, um dos resultados mais relevantes foi o do RenovaBio, a Política Nacional de Biocombustíveis. O RenovaBio, con− siderado o maior programa do mun− do de descarbonização da matriz de transportes, estabelece um mercado de créditos de descarbonização, o nosso CBio. Cada CBio equivale a uma to− nelada de emissões de gás carbônico evitada na atmosfera. Na Política Na− cional de Biocombustíveis, os distri− buidores constituem a parte obrigada a adquirir os CBios. “Nesse sentido, em 2020 foram negociados na nossa bolsa de valores, a B3, cerca de 14,9 milhões de CBios, gerando volume financeiro de mais de R$ 650 milhões. Assim, os distribui− dores de combustíveis cumpriram cerca de 98% da meta de descarboni− zação estabelecida para o ano passado’, esclareceu. Coelho destaca o pujante merca− do de biocombustíveis do Brasil, que conta atualmente com 361 usinas. “Processamos, em 2020, mais de 660 milhões de toneladas de cana e pro− duzimos aproximadamente 34 bi− lhões de litros de etanol. Somos o maior produtor do mundo de etanol a partir da cana−de−açúcar. Mas, além da cana, temos o milho. E a produção desse biocombustível, a partir do milho, cresceu mais de 84% no ano passado, com volume de 2,4 bilhões de litros”, ressalta.

FOTO BRUNO SPADAMME

“Brasil avança no setor de biocombustíveis”

José Mauro Coelho

O secretário informa ainda que a produção nacional de biodiesel, em 2020, cresceu 8,7%. E a capacidade instalada, 9,4%, com consumo de 6,4 bilhões de litros, fazendo do Brasil o segundo maior produtor mundial des− se combustível renovável. São 49 uni− dades produtivas em operação no país. O setor de biodiesel também contribui para a inclusão social com mais de 98% do volume comercializado provenien− te de usinas com selo biocombustível social, o que exige a inclusão de agri− cultores familiares na cadeia produtiva. Segundo ele, outro importante combustível renovável, é o biogás, que purificado, leva ao biometano. Em 2020, o país apresentou 638 usinas de biogás em operação, que produziram cerca de 5 milhões de metros cúbicos por dia desse biocombustível. Em re− lação ao biometano, são três usinas em funcionamento, que produziram 330 mil metros cúbicos por dia no último ano.“É importante destacar que a pro− dução de biogás e biometano utiliza como matéria−prima resíduos agroin− dustriais ou provenientes de aterros sa− nitários, contribuindo para a preserva− ção do meio ambiente e no combate ao aquecimento global”, afirma. O secretário comenta ainda que os combustíveis renováveis, os biocom− bustíveis, contribuem para que o país venha a confirmar os cenários previs− tos por programas mais abrangentes e de longo prazo, como o Plano Nacio− nal de Energia, o PNE 2050.“O PNE mostra a importância dos biocombus− tíveis para a descarbonização do setor de transportes. Destaco que o Brasil pratica hoje 27% de etanol anidro na gasolina comercializada no país. Além disso, temos a maior frota de veículos flex fuel do mundo, podendo usar ga− solina e etanol hidratado, em qualquer proporção na mistura”, elucida. Ao falar sobre as expectativas para este ano, Coelho afirma que são mui− to positivas. “Com o avanço da vaci− nação, teremos a diminuição das me− didas de restrição à mobilidade, o crescimento da economia e, conse− quentemente, o aumento do consu− mo de combustível. Importante res− saltar também a recente aprovação, no Conselho Nacional de Política Ener− gética, do Programa Combustível do Futuro. Esse novo programa promo− verá uma ainda maior inserção dos biocombustíveis em nossa matriz energética. Não só no modo rodoviá− rio, mas também no aquaviário e aé− reo. Além do desenvolvimento de tecnologia veicular nacional que pri− vilegia a vocação do Brasil na produ− ção e no uso da bioenergia”, conclui.


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MERCADO

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ETANOL VERSUS HÍBRIDOS

Entenda - de vez - porque os biocombustíveis são estratégicos para a eletrificação Em entrevista ao JornalCana, Gonçalo Pereira, da Unicamp, detalha sobre tecnologias como a de células combustíveis a etanol

Em meio a tanta notícia sobre eletrificação, tem ganhado força as cé− lulas combustíveis a etanol. Não se trata de tema novo, e nem objeto de discussão ou de projeto acadêmico. Para se ter ideia, montadoras co− mo a Nissan e empresas como a Bosch já anunciaram ou desenvolvem pes− quisas sobre essa tecnologia. E trata−se de uma solução cujos resultados são de viés duplo. Isso por− que permite a entrada no Brasil dos motores movidos a eletricidade, que é uma tendência mais do que natural. O outro viés é que contempla o etanol como estratégia para fazer circular es− ses motores. Para entender de vez o que é cé− lula combustível a etanol e sua ten− dência no Brasil e no mundo, Jornal− Cana entrevista Gonçalo Pereira. Formado engenheiro agrônomo, ele é referência internacional sobre o universo de bioquímica e de genética e melhoramento de plantas, temas dos quais possui respectivamente pós− doutorado e mestrado. Na verdade, Pereira empregou − e emprega seus conhecimentos − no setor sucroenergético. Por exemplo: foi VP de ciência e tecnologia na

GranBio e ajudou no desenvolvimen− to do etanol 2G da empresa. E há 24 anos é professor titular da Unicamp, onde, recentemente, passou a integrar time de profissionais que, afirma, foi formado para colocar a “mão na massa” para desenvolver tec− nologias necessárias para a eletrifica− ção por biocombustíveis. Feita a apresentação, segue a en− trevista com Gonçalo. Jor nalCana − Muito se tem f ala− do em célula combustível a etanol. O que é e qual sua viabilidade de im− plantação no cur to prazo? Gonçalo Pereira − Enorme, se ti− vermos as políticas públicas adequa− das. As células SOFC – de óxido só− lido – já existem para várias aplicações estacionárias, que usam diversos combustíveis e convertem em eletri− cidade. Ou seja, não é uma tecnologia que ainda tem que ser desenvolvida, mas uma tecnologia que tem que ser adaptada para o setor automotivo. In− felizmente, a sede da indústria auto− mobilística, onde as decisões são to− madas, não fica no Brasil. E, principalmente na Europa, eles decidiram que vão partir para a ele− trificação tendo a bateria de lítio co− mo reserva de energia. Assim, se tiver−

mos as políticas certas poderemos fa− zer com que a nossa bateria seja o tanque de etanol. Como devem ser essas políticas? Para começar, devemos ter uma política de transporte público basea− do nessa tecnologia. Como ônibus, caminhões e vans são maiores, a ins− talação desses equipamentos é muito mais fácil. Além disso, quando estamos fa− lando de frotas comerciais, o preço do veículo não é o mais importante. Im− portante é o custo do quilômetro ro− dado ao longo da sua vida útil. Ou seja, se o Governo gerar a po− lítica adequada, com incentivos para o desenvolvimento e aplicação das cé− lulas combustíveis para o transporte público, por exemplo, poderíamos ter a compra de frotas baseada nessa tec− nologia, o que incentiva a indústria a investir nas soluções. Assim, um ônibus SOFC, por exemplo, consumiria relativamente menos do que o motor diesel e não teria emissões tóxicas, o que limparia as cidades e contribuiria, de forma extraordinária, para a saúde da popu− lação. Por outro lado, a nossa indústria estaria trabalhando com uma tecno− logia de ponta, o que aumentaria muito a sua interação com a academia e a geração efetiva de novas soluções, que poderiam ser exportadas para o mundo. Voltando ao prazo, se fizermos as coisas certas, daria para ter veículos no mercado no prazo entre 3 e 5 anos. O senhor integ ra um time for ma− do para colocar a “mão na massa” pa− ra desenvolvimento das tecnolog ias necessár ias para a eletr ificação por biocombustíveis. Como irá funcionar? O time vai trabalhar apresentan− do soluções e recebendo as demandas da indústria e da sociedade. É forma− do por empresas e a academia, com profissionais experientes, e de altíssi− mo nível, associados a pesquisadores qualificados.

Não existe solução se não houver problema e os problemas têm que ser trazidos pela indústria. Por outro lado, a associação da in− dústria com a academia, no Brasil, é muito incipiente e cheia de descon− fiança. Com esse time, que temos gente atuando nas duas pontas, temos a pos− sibilidade de quebrar essa desconfian− ça e buscar as soluções otimizadas, no menor espaço de tempo possível, conversando tanto com as empresas como com os formuladores das polí− ticas públicas. É importante observar que esse é um movimento também dentro da Sociedade de Engenheiros Automo− tivos (SAE), que pode trazer um gran− de avanço para o país. Precisamos muito disso. Uma eventual entrada dos carros elétricos a bateria no país, de forma desordena− da, poderá significar a morte da nossa indústria, não só automobilística, mas também a do etanol. É muito importante ficarmos atentos e reagirmos da forma certa, que não seria apenas com as ferra− mentas tributárias, mas com opções tecnológicas desejáveis para o merca− do consumidor.


MERCADO

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O veículo elétr ico é inevitável e o senhor mesmo já relatou que ele é ótimo, mas que a bater ia tem que ser de biocombustível? Por que? O motor elétrico é muito mais eficiente do que o motor a combus− tão. Algo como 2,5X mais eficiente. Assim, é interessante que utilizemos esses motores para movimentar os nossos automóveis. Coisa semelhante aconteceu nas usinas de cana, onde hoje temos boa parte da eletrificação dos equipamen− tos. Portanto, carro elétrico faz muito sentido. Entretanto, o motor elétrico não precisa de ser alimentado por uma ba− teria mineral, como as baterias de lí− tio e cobalto. Elas precisam ser ali− mentadas por uma corrente elétrica, mas essa pode ser produzida de outras formas. A principal forma seria exata− mente as Células Combustível, cuja aplicação automobilística é hoje de dois tipos: PEM e SOFC. Carros equipados com célula PEM já estão no mercado, sendo o Mirai, da Toyota, o modelo mais famoso. Entretanto, essas células utilizam metais nobres como catalisadores (pla− tina, por exemplo), operam a baixa

temperatura e precisam de usar hidro− gênio super puro como combustível. Esse hidrogênio é extremamente caro para ser produzido, armazenado e transportado, além de exigir um gran− de conjunto de equipamentos e nor− mas de segurança. Já com as células SOFC a coisa é diferente. Como assim? Elas são feitas com ferro ou cerâ− mica e operam a altas temperaturas, o que permite a utilização de um hi− drogênio pouco puro, produzido em reformadores de menor porte, que in− clusive podem ser embarcados. Nesse caso, o sistema retira os elé− trons do etanol e formam uma cor− rente elétrica que vai fazer o motor elétrico funcionar. Do ponto de vista prático, o eta− nol seria a bateria e o seu uso dessa forma faz com que o carro tenha mais do que o dobro da eficiência. Ou se− ja, se ao usar o etanol na combustão faria 9 km/l, agora vai fazer 25km/l. O RenovaBio pode impulsionar o universo do etanol e, por consequên− cia, as células combustíveis a etanol? Como?

Muito. Hoje o preço do etanol é 0,70 o da gasolina. Ponto. Se a gasoli− na aumentar, o usineiro vai usar a oportunidade para aumentar o etanol também. Entretanto, se o CBIO se valori− zar, o usineiro vai ter interesse em produzir mais etanol para produzir mais CBIO. Assim, você começa a de− satrelar uma coisa da outra. Por exemplo, pode ser que o pre− ço do CBIO esteja tão bom que vale a pena vender o etanol a 60% do pre− ço da gasolina para escoar mais etanol. Entretanto, para isso o CBIO tem que começar a ser comercializado co− mo se fosse uma moeda virtual.Temos que começar a comprar e vender CBIOs a partir de aplicativos simples, nos nossos celulares. Tem que ser um ativo desejado pelo mercado, que não necessaria− mente entende o que ele significa, mas percebe que ele tem valor e liquidez. Temos que usar o gosto pelo jogo, presente na natureza humana, para va− lorizar essa moeda. Semelhante ao que aconteceu com o Bitcoin, mas de uma forma que faz o bem para toda a so− ciedade, ao ajudar a descarbonizar a atmosfera. Nesse sentido, a entrada de carros elétricos a etanol também poderá ser extraordinária. Considerando a enor− me frota flex que temos, o preço do etanol não poderá subir muito, fican− do no limite do 0,7 da gasolina. Ima− gine agora o consumidor que tem um carro capaz de fazer 25km com um litro de um combustível que tem o preço 30% inferior ao da gasolina? Esse é um imenso atrativo para o mercado consumidor e uma janela de oportunidade para que a indústria lance esses veículos no Brasil. Etanol 2G: como um dos cr iado− res da planta da GranBio, como o se− nhor avalia esse biocombustível no Brasil, agora que a Raízen anuncia sua segunda planta? Melhor impossível. O etanol 2G é a democratização da produção de combustível líquido, que é, como fa− lamos acima, o melhor tipo de bateria que pode existir. Alta densidade energética e fací− lima de transporte. É a isso que se de− ve o sucesso do petróleo. Entretanto, o Petróleo está concentrado em poucos países. Quem não tem, tem que im− portar. Com o etanol de primeira geração aconteceu algo semelhante. Para pro− duzir com eficiência, é necessário ter solo, água e as condições agrícolas adequadas.

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Agora, com a segunda geração, tudo muda. Pode−se aproveitar to− dos os restos agrícolas, assim como restos de floresta, do setor moveleiro, etc. Ou seja, trata−se de um com− bustível que poderá ser produzido no mundo todo. A primeira onda do etanol 2G se deu por causa do aumento do preço do petróleo depois da crise de 2008 e os avanços no desenvolvimento de enzimas e leveduras geneticamente modificadas. Estava tudo pronto e a oportuni− dade incentivou vários grupos econô− micos, por todo o mundo, para fazer imediatamente plantas industriais, re− nunciando às etapas de planta piloto e de demonstração. É importante mencionar que a parte cara do investimento da usina está na etapa de pré−tratamento e movimentação de biomassa. Entre− tanto, como a indústria tinha a expe− riência secular do setor de papel e ce− lulose, que já tinha sistematizado to− das essas operações, ninguém prestou muita atenção a isso. Imaginou−se que seria só contra− tar empresas de tecnologia robustas e experientes e começar a produzir. Po− rém, esses pioneiros não perceberam uma coisa que hoje parece óbvia: as diferenças brutais entre as biomassas. A Indústria de papel e celulose trabalha com madeira, que é muito cara para produzir etanol. A indústria 2G vai trabalhar com palha e bagaço, vinda de cultura de ci− clo curto ou semi perenes, que pos− suem uma estrutura completamente diferentes e reagem da mesma forma. Por exemplo, ao se cozinhar a madeira, as fibras hidratam, mas não dissolvem. Quando se cozinha o ba− gaço, ele vira literalmente um min− gau abrasivo, extremamente difícil de desaguar, transportar ou explodir. Portanto, as soluções iniciais não funcionaram e os altos investimentos, necessários para as correções, deses− timularam novos entrantes. Eles ficaram agora aguardando os pioneiros e o sinal de fumaça, de que os problemas teriam sido ultrapassa− dos, é exatamente esse que a Raízen agora nos apresenta: o anúncio de uma segunda planta. O que posso dizer é que os gran− des gargalos foram ultrapassados, tan− to pela Raízen como pela Granbio, e agora o setor entra em uma nova fa− se. Uma nova usina começa a operar na Europa e os Indianos têm anun− ciado a construção de diversas novas unidades. O futuro parece extrema− mente promissor.


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BMW TESTA MOTOR A ETANOL PARA SEU CARRO ELÉTRICO Projeto visa contribuir com redução das emissões de CO2 A BMW anunciou que está de− senvolvendo um projeto experimen− tal, no qual adota etanol para alimen− tar o motor a combustão do seu car− ro elétrico BMW i3. Esse propulsor funciona como um extensor de auto− nomia para o veículo e permite que o veículo possua o primeiro extensor de autonomia neutro em emissão de CO2. Desenvolvido pela divisão de en− genharia local da empresa em parce− ria com a empresa AVL do Brasil, o protótipo BMW i3 Zero Impact Emission CO2 Neutral Ethanol Ran− ge Extender tem como fonte princi− pal de propulsão o motor original do modelo, totalmente elétrico, com 170cv de potência (125Kw) e 250Nm de torque, que é auxiliado por um motor a combustão de dois cilindros e

650 cilindradas, cuja função é dar uma carga extra às baterias do veículo, em caso de ausência de rede elétrica de abastecimento, estendendo a autono− mia do mesmo em até 60 quilômetros. Nas unidades comercializadas atualmente, esse propulsor sobressa− lente a combustão é alimentado por gasolina, e o etanol pode ser reabaste− cido em estações normais de serviço de maneira prática, possibilitando no− vos deslocamentos. Para viabilizar o experimento, a engenharia do BMW Group Brasil trabalha na otimização de paramentos do cabeçote do motor, aumentado a taxa de compressão, que passou de 10:1 para 14:1, e utilizando a vanta− gem de maior resistência a detonação do etanol para conseguir um aumen− to de eficiência. Como resultado da

substituição da gasolina pelo etanol, há redução na emissão de CO2 na at− mosfera devido ao ciclo neutro de emissões do etanol produzido a partir de cana−de−açúcar, onde há consu− mo de CO2 durante seu crescimento, além do aumento de eficiência por conta do desenvolvimento de um motor modificado, especificamente, para utilização do etanol, permitindo usufruir de suas propriedades. “Esse projeto é mais uma de− monstração desse caráter e mais um passo rumo ao futuro da mobilidade sustentável, e reforça nossa estratégia de avançar em eletrificação”, afirma Herbert Negele, diretor de enge− nharia do BMW Group Brasil. Entre os objetivos da iniciativa estão: au− mentar a atratividade dos veículos elétricos no Brasil e, ao mesmo tem−

po, promover o desenvolvimento de infraestrutura local, os benefícios da matriz energética brasileira como solução de efeito estufa e emissão de poluentes e o desenvolvimento de engenharia local. De acordo com a montadora, não há uma data para a implementação da nova tecnologia nos veículos comer− cializados em série, mas a iniciativa vai ao encontro das premissas globais do BMW Group em garantir a mobili− dade sustentável no futuro. A empresa já assumiu o compromisso de ter 50% das suas vendas globais compostas por carros eletrificados até 2030. Também no mesmo prazo, afirmou que irá re− duzir a emissão de CO2 em 80% na produção dos seus veículos, 40% no uso e 20% na cadeia de fornecedores, quando comparado com 2019.


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Volkswagen escolhe Brasil para sediar seu Centro de P&D de etanol e veículos elétricos Centro será totalmente independente no desenvolvimento de tais tecnologias para o Grupo Volkswagen em nível global O Grupo Volkswagen anunciou no dia 12 de julho, que o Brasil será sede de um Centro de Pesquisa & Desenvolvimento voltado para o es− tudo de soluções tecnológicas basea− das em etanol e outros biocombustí− veis para mercados emergentes, que utilizam energia limpa, para a com− bustão e soluções híbridas. Com isso, a empresa busca mini− mizar as mudanças nas plataformas atuais e foca na produção neutra de CO2. Com o apoio da marca Volks− wagen, este centro será totalmente in− dependente no desenvolvimento de tais tecnologias para o Grupo Volks− wagen em nível global. "Sediar aqui no Brasil o novo Centro de P&D para etanol e outros

biocombustíveis nos coloca em evi− dência no mundo Volkswagen. Poder liderar, desenvolver e exportar solu− ções tecnológicas a partir do uso da energia limpa dos biocombustíveis se caracteriza como uma estratégia complementar às motorizações elétri− ca, híbrida e à combustão a mercados emergentes é um reconhecimento enorme para a operação na América Latina. Vamos atuar em parceria com Governo, universidades e a agroindús− tria para que possamos trabalhar com o que há de melhor para o futuro da mobilidade", detalha Pablo Di Si, pre− sidente e CEO da Volkswagen Amé− rica Latina. A Volkswagen foi a primeira fa−

bricante de automóveis a aderir ao Acordo de Paris e pretende se tornar neutra em termos climáticos até 2050. O Grupo Volkswagen planeja eliminar gradualmente a produção de veículos a combustão na Europa entre 2033 e 2035. Nos EUA e na China, isso deve acontecer um pouco mais tarde. Em mercados emergentes como o Brasil, pode demorar ainda mais para se tor− narem completamente elétrico. Alguns fatores impossibilitam mudanças mais rápidas: indisponibilidade de infraes− trutura de carregamento, energia re− novável e o nível de renda local. É por isso que é necessário explorar opções alternativas aproveitando os recursos locais que já estão disponíveis hoje. O

uso de biocombustíveis é uma estra− tégia complementar para ajudar a in− dústria em mercados emergentes a neutralizar as emissões de carbono. No Brasil, vários argumentos indicam o uso, por exemplo, do etanol. Segundo estudo publicado pelo World Wildlife Fund (WWF) Brasil até 2030, os biocombustíveis podem suprir 72% da demanda brasileira de combustível apenas pela otimização das pastagens degradadas atualmente sem competir com a terra necessária para a produção de alimentos. E já hoje, várias pesquisas estão em anda− mento para garantir que essa aborda− gem permaneça sustentável. Atual− mente, apenas 1,2% do território brasileiro é utilizado para o cultivo de cana−de−açúcar, com 0,8% para produção de etanol (cana e milho). Quase 92% da produção de cana− de−açúcar é colhida no Centro−Sul do Brasil, e os 8% restantes são culti− vados na região Nordeste. Isso signi− fica que as áreas cultivadas para a produção de cana−de−açúcar estão localizadas a quase dois mil quilôme− tros da Amazônia.


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Combustível do Futuro é um avanço para Brasil liderar a transição energética Afirmação é do ministro de Minas e Energia O Programa Combustível do Fu− turo, lançado recentemente pelo Mi− nistério e aprovado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), foi tema da reunião virtual do Conselho Superior do Agrone− gocio (Cosag), da Fiesp, realizada no dia 2 de julho. Jacyr Costa, presidente do Cosag, destacou a relevância do assunto não só para a indústria, mas também para o país e afirmou que o mundo caminha para uma economia de baixo carbono. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ressaltou que o Brasil tem contribuído para essa tran− sição, tendo novas fontes de energia como a eólica, a solar e os biocom− bustíveis têm cada vez maior partici− pação na matriz energética nacional. Entretanto, as incertezas nos pre− ços do petróleo e as tensões geopolí− ticas causam grande preocupação nas políticas públicas voltadas ao setor energético. Com isso, o uso da ener− gia sofre modificações, e, de acordo com o ministro, o setor de transporte poderá ser o maior impactado. Para atender a uma demanda cres− cente de energia, em um cenário de restrições às emissões locais e globais de Gases de Efeito Estufa (GEE), Al− buquerque frisa a importância de au− mentar a eficiência energética e o uso de biocombustíveis. “A matriz ener− gética brasileira é um patrimônio e devemos divulgá−la e fortalecê−la cada vez mais”, enfatizou. Albuquerque afirmou que o Brasil possui matriz energética única: hoje

49% dela conta com participação das renováveis, enquanto, no mundo, a média se encontra em 11%.Atualmen− te, os produtos derivados da cana de açúcar representam 19% da oferta in− terna de energia do país, ou seja, a se− gunda maior fonte. De acordo com dados apresentados pelo ministro, em 2030 a parcela renovável da nossa ma− triz energética permanecerá em pata− mares elevados, o que coloca o país à frente desse processo de transformação. A mudança climática é um dos principais desafios enfrentados pelo mundo. No Brasil, a descarbonização da matriz passa pelo uso de combus− tíveis no setor de transporte. Com as premissas do RenovaBio, os biocom− bustíveis responderão por quase 30% do consumo desse setor em 2030. Alburquerque informou que um dos instrumentos da política de redu− ção de GEE, para a comercialização de biocombustíveis, será o incentivo à emissão de créditos, com vistas à des− carbonização, denominada Cbio [ati− vo emitido por empresas licenciadas, que corresponde a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) a menos

na atmosfera] a fim de cumprir as me− tas que foram estabelecidas, com o preço médio de R$ 43,66 o título.

Combustível do Futuro Além do RenovaBio, considerado o maior programa do mundo de des− carbonização da matriz de transporte, o CNPE instituiu, em abril de 2021, o programa Combustível do Futuro, mais um passo rumo à liderança brasileira na transição energética. O principal ob− jetivo é propor medidas que incre− mentem a utilização de combustíveis sustentáveis e de baixa intensidade de carbono, bem como o desenvolvi− mento de tecnologia veicular nacional. O programa conta com um co− mitê técnico, composto por 15 órgãos, e coordenado pelo Ministério de Mi− nas Energia. Um de seus papeis é pro− por metodologia de avaliação do ciclo de vida completo dos combustíveis, recomendar medidas para uso de combustíveis de referência por parte do consumidor, bem como sugerir ações a fim de fornecer informações adequadas para o brasileiro como in− centivo à escolha consciente do veí−

culo, considerando−se os aspectos de eficiência energética e ambiental. Albuquerque conclui com as me− tas de descarbonização estabelecidas pelo RenovaBio, que visam a redução da intensidade de carbono na matriz de transporte brasileira em 10% até 2030; em 10 anos, 620 milhões de toneladas de carbono evitadas na atmosfera. O encontro também teve a par− ticipação de José Mauro Coelho, se− cretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis no Ministério de Minas e Energia e de outros execu− tivos, como o CEO da Volkswagen na América do Sul, Pablo Di Si, que mostrou os objetivos para descarbo− nização da empresa, ressaltando os benefícios ambientais do etanol e a necessidade em buscar uma solução que tenha escala global. Di Si tem sido um defensor do uso de etanol, afirmando ser um produto fundamental quando se fala em des− carbonização na indústria automobi− lística, pois ele apresenta sustentabili− dade em toda a sua cadeia. Segundo ele, “a Volkswagen do Brasil está adotando o abastecimento com etanol em todos os veículos flex− fuel de sua frota interna, fazendo com que deixemos de emitir cerca de 1.700 toneladas de CO2 por ano na atmos− fera”. Trata−se de uma das ações da companhia, que tem como objetivo obter maior eficiência ambiental, com foco na neutralização de CO2. O CEO da Bosch no Brasil, Be− saliel Botelho também participou do encontro virtual. O executivo desta− cou as diversas rotas tecnológicas para se obter a neutralidade em carbono e a relevância da engenharia brasileira no desenvolvimento destas tecnologias utilizando o conhecimento no uso de biocombustíveis.

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ESG ESTENDE SUAS RAÍZES AO SETOR SUCROENERGÉTICO Mais que uma simples sigla, os conceitos de sustentabilidade, consciência social e governança fazem parte do dia-a-dia das empresas do setor A busca constante por melhores práticas ambientais, sociais e de gover− nança, que são a base do conceito de ESG, desembarcaram do mundo corpo− rativo e vem fixando suas raízes no cam− po. O assunto foi tema da 5º CEO Meeting − ESG A sustentabilidade na prática, promovido pelo JornalCana, no dia 29 de junho. Sob a condução do jornalista e di− retor do grupo ProCana, Josias Messias, estiveram reunidos no evento online Gustavo Alvares, CEO da Atvos; Otávio Lage de Siqueira Filho, diretor−presi− dente da Jalles Machado e Renato Jun− queira Santos Pereira, diretor de Açúcar, Etanol e Energia da Adecoagro. O we− binar foi patrocinado pela AxiAgro; GDT by Pró−Usinas;HRC; Project Builder e S−PAA Soteica. Para Gustavo Alvares, da Atvos, a se− gunda maior produtora de etanol do país e a maior emissora de créditos de des− carbonização (CBios), a questão am− biental faz parte do DNA da companhia e está contemplada em quatro áreas de atuação: a primeira delas na área de mu− dança climática, com redução da captu− ra de carbono e seu impacto na atmos− fera. “Por ano nós evitamos mais de 5 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera, com 100% das unidades cer− tificadas pelo RenovaBio, o que de− monstra a relevância com que tratamos esse tema”, disse. Segundo Alvares essa preocupação com agricultura de baixo carbono, per− mite entre outras vantagens a redução de produtos químicos na terra, um melhor aproveitamento do consumo da água, contribuindo para um controle biológi− co das pragas e também para práticas mais sustentáveis de manejo do solo. O CEO da Atvos também destacou a questão da circularidade, como deter− minante para a redução da emissão de resíduos. A gestão deste segmento é muito importante. “Hoje 98% dos nos− sos resíduos, foram processados, vendidos, reutilizados ou reciclados, reduzindo as− sim o volume de resíduos em nossas operações”, comentou.

Gustavo Alvares

Um outro fator que ele considerou relevante também é o investimento em biodiversidade.“Investimos significativa− mente na plantação de mudas nativas em nossas áreas de atuação. Temos um pro− jeto do Corredor Ecológico na Mata Atlântica em São Paulo, um trabalho fei− to em conjunto com Instituto de Pes− quisas Ecológicas (IPE), entre outros programas de manutenção das áreas de preservação”, disse. Otávio Lage de Siqueira Filho, dire− tor−presidente da Jalles Machado, em− presa situada em Goiás e com 40 anos de atuação no setor, destaca a completa in− tegração da cana−de−açúcar com o meio ambiente. “Eu digo sempre que açúcar e álcool se faz no campo. A in− dústria só extrai o que o campo produ− ziu. E o campo está integralmente liga− do ao meio ambiente. O nosso produto principal, a cana−de−açúcar é espetacu− lar. Ela pega a energia solar e transforma essa energia através da fotossíntese em produto energético líquido: o etanol e sólido: o açúcar, sem insumos, sem po− luição. É interessante demais essa nossa cultura. Se a gente não cuidar do meio ambiente, não vamos ter a cana e sem cana, não temos o nosso produto final. Logo, sem sustentabilidade não teremos condições de produção”, afirmou.

Otávio Lage de Siqueira Filho


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Otavio mencionou a utilização da vinhaça, na redução de adubos químicos, produção de açúcar orgânico, que res− peita o ambiente por não utilizar herbi− cidas, nem inseticidas, controle biológi− co de pragas, colheita 100% mecanizada, entre outras ações. “Nós temos ainda o aproveitamento que pode ser feito do gás carbônico na fermentação. Enfim, nosso Parque In− dustrial é bem administrado. Nas ques− tões ambientais podemos dar exemplos para todos os segmentos industriais em como se produzir respeitando e valori− zando o meio ambiente”, disse. Para Renato Junqueira Santos Perei− ra, vice−presidente de Açúcar, Etanol e Energia da Adecoagro, a sustentabilidade já faz parte da cultura da empresa, que emite relatórios auditados sobre o assun− to. Ele destacou que a pandemia da Co− vid 19, serviu como uma lupa para essa questão. “Estamos vendo o tamanho da crise provocada na saúde pública e cor− remos o risco de problemas na mesma proporção caso não passemos a nos preocupar com a questão do aqueci− mento global. Enquanto alguns países fa− zem turismo da vacina, temos outros sem vacinas para seus grupos prioritários. Lo− go o E, o S e o G da sigla acabam com− prometidos”, afirmou. Pereira destacou que o Brasil se en− contra bem posicionado nesse momen− to de transição energética, porque o eta− nol é um combustível limpo, renovável e que emite 90% menos CO2 que a ga− solina, tendo também papel importante na eletrificação da frota. Considerando o ciclo de vida do combustível que o pes− soal chama “do poço a roda” o etanol é uma opção; é muito limpa e muito mais eficiente do que os veículos elétricos de outras matizes. Ele também destaca o gigantesco potencial na produção de bioeletricida− de. “A Adecoagro gera 75 kwh por to− nelada de cana, o equivalente a uma ci− dade com 1,2 milhões de habitantes”, informou, completando:“O mundo mais limpo e sustentável é um anseio irrever− sível da população e nós estamos no ca− minho certo para tentar atender essa de− manda da sociedade”,

Questão social

Renato Junqueira Santos Pereira

A temática social vem ganhando ca− da vez mais importância e questões como inclusão e diversidade, direitos humanos, engajamento dos funcionários privacida− de e proteção de dados políticas e relações de trabalho relações com as comunidades, são preocupações cada vez mais frequen− tes no dia−a−dia das empresas. Otávio Lage, da Jalles Machado, diz que a empresa tem um olhar social in− tenso, sempre tratando o colaborador como maior patrimônio.“Sem as pessoas não conseguimos ir a lugar algum”, des− tacou. Entre as diversas ações promovi−

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das pela empresa ele destacou a criação de uma escola, que inicialmente atendia aos filhos dos colaboradores e hoje aten− de toda a comunidade. Durante a pandemia, a empresa fez um esforço para triplicar a produção de álcool gel, de álcool líquido que foram doados para a cidade e comunidades vizinhas. Renato Junqueira Santos Pereira, da Adecoagro, também destacou o investi− mento em educação feito pela empresa como a construção de Centros de Trei− namentos, dotados de laboratórios de primeira linha, que contribuem para o desenvolvimento de mão−de−obra pa− ra toda a região.“Para se ter uma ideia, no ano passado, formamos 236 pessoas e 5.179 foram requalificados para o mer− cado de trabalho”, informou. Através de parcerias, a empresa também faz a capa− citação de professores da rede municipal e distribuição de material didático. A questão da redução do número de acidentes de trabalho e a busca da equida− de de gênero também foram abordadas pe− los participantes do webinar. Gustavo Alva− res, da Atvos destacou que 15% dos cola− boradores são mulheres. Apesar de ser uma das maiores médias do setor, o objetivo é ampliar ainda mais e para 2023 a meta é que esse percentual esteja na casa dos 26%.

Governança Renato Junqueira Santos Pereira, da Adecoagro, destacou que a empresa que divide sua gestão através de um Conse− lho Administrativo, que incluem comitês de auditoria, de estratégia, de compen− sação e de risco. A companhia conquis− tou pelo terceiro ano consecutivo o selo “Agromais”, concedido pelo Ministério da Agricultura. Com relação a governança, Gustavo Alvares, da Atvos, destacou que a empresa fez um trabalho de mapeamento de ris− cos, onde foram detectados 109 pontos. “Já demos tratamentos a 71 por cento desses riscos até o ano passado e esse ano devemos fechar com 100%. E o interes− sante é que 69% desses riscos estão liga− dos a ESG, um número bastante repre− sentativo que mostra a relevância desse tema”, ressaltou. Otávio Lage de Siqueira Filho, da Jalles Machado, atribui ao bom trabalho de governança ao longo desses 40 anos, que permitiu a recente abertura de ca− pital da empresa. “Graças a essa transpa− rência, essa preocupação com a gover− nança até hoje mantemos uma ótima re− lação com os nossos sócios. Desde 2014 já fizemos seis emissões no mercado de capitais, fomos pioneiros do nosso seg− mento sucroenergético. Enfim, nós te− mos procurado fazer uma governança com comitês financeiro, comercial, co− mitê de auditoria, integridade.Temos um canal de denúncia fora da empresa, e vá− rios projetos e programas sociais junto à comunidade”, explicou.


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GENTE

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Empresa de tecnologia para plantas de etanol de milho anuncia diretor executivo para América do Sul ções no país, após dois anos de traba− lho, e um greenfield em operação e vários projetos de melhoria – passa a ser agora o diretor de operações para a América do Sul. Em carreira, Bezerra atuou no se− tor de Papel e Celulose, e entrou no setor Etanol de milho no projeto da Inpasa San Pedro, onde gerenciou equipes multidisciplinares de enge− nharia de projetos e trabalhou em to− do o detalhamento da tecnologia da Katzen. O executivo vê com otimismo o cenário para o etanol de milho no Brasil e entende que a tecnologia da Lucas E3 é eficiente para maximizar a produção do biocombustível, princi− palmente, considerando os atuais va− lores de commodities. Além disso, a Lucas E3 iniciou re− centemente um plano de contratação de equipe local para atender a de− manda aquecida em projetos no Bra− sil, Bolívia e Paraguai.

O profissional foi o gestor responsável por equipes multidisciplinares de greenfield em operação no Paraguai A empresa americana produtora de tecnologia para plantas de etanol de milho, Lucas E3, fundada em 2011 pelo ex−vice−presidente da ICM, Inc, Scott Lucas avança no mercado de etanol de milho na América do Sul com greenfield em operação e melhorias realizadas em plantas existentes. Com uma visão otimista sobre os próximos anos, a Lucas E3 aumenta seu quadro de funcionários e reforça a operação para a América do Sul. Apa− rício Bezerra, gestor de projetos e ge− rente comercial que iniciou as opera−

Falece diretor presidente da Usina Sonora Empresário contribuiu com crescimento do setor sucroenergético em Mato Grosso do Sul Francisco Giobbi, diretor presidente da Usina Sonora, de Mato Grosso do Sul, faleceu após sofrer infarto no dia 21 de junho. Giobbi era reconhecido pelo empreendedorismo e em− penho em prol do crescimento da agroindústria canavieira. “O empresário teve partici− pação fundamental na constru− ção do setor sucroenergético no Estado e deixa um legado a ser seguido por todos nós”, afirma a Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul). Colaboradores também manifestaram o pesar pelo fale− cimento do usineiro. “Nestes quase 45 anos de empresa, temos orgulho de ter como principal

fundamento os sonhos, propósitos e objetivos de um homem honrado, profissional dedicado, e um ser huma− no preocupado em fazer de uma ci− dade inteira parte de sua família”, de− clararam em comunicado.



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USINAS

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Copersucar conclui aquisição das ações da Alvean Operação consolida a liderança global no mercado de açúcar da empresa brasileira A Copersucar finalizou no dia 17 de junho, o processo de compra de 50% das ações da Alvean Sugar SL que estavam sob domínio da Cargill, pas− sando a controlar integralmente a companhia, ratificando a sua liderança

absoluta no mercado global de açúcar. Com o desfecho da transação, a Alvean seguirá atuando como empresa inde− pendente, tendo gestão autônoma e governança própria, mantendo suas atividades e a força da sua marca, além de presença e escala globais. Com mais de 14 milhões de tone− ladas comercializadas na última safra, a Alvean reafirmou mais uma vez o seu protagonismo no mercado mundial de açúcar, com cerca de 20% de market share global.A empresa possui operações

comercias em todos os continentes e escritórios nos principais centros de originação, venda e comércio (Genebra, Hong Kong, Bangcoc, Xangai, Bilbao, Miami e São Paulo), o que lhe permite, através de um sistema de logística inte− grada, atender com excelência a clien− tes em todas as regiões do mundo. Luís Roberto Pogetti, presidente dos conselhos de Administração da Alvean e da Copersucar, observa que o mercado de açúcar possui muitas peculiaridades. "Para ter sucesso e ga−

rantir eficiência operacional é preciso ter escala, volume e conhecimento es− pecializado. Ter foco, portanto, é o di− ferencial competitivo e pilar da nossa liderança, reforçada pela capacidade logística de atendimento e distribui− ção das duas empresas". O executivo também observa que a liderança ab− soluta no mercado de açúcar é parte de um plano traçado há mais de dez anos pela Copersucar, de ser o maior e melhor player de açúcar do mundo.

Batatais compra usina eficiente e sem dívidas Negociação já foi aprovada pelo CADE

A Usina Batatais firmou, no dia 18 de junho, contrato de aquisição da to− talidade das quotas da Cevasa, locali− zada em Patrocínio Paulista – SP. A negociação foi aprovada, sem restrições, pelo Conselho Administrativo de De− fesa Econômica (CADE), em docu− mento assinado por Patrícia Sakowski, superintendente−geral substituta do Cade, e publicado no Diário Oficial da União (DOU), no dia 12 de julho. Em comunicado enviado ao mer− cado, assinado por Bernardo Biagi, di− retor presidente da Batatais, a conclu− são da transação deverá ocorrer até o final de julho, quando a companhia as− sumirá as operações da Cevasa e esta− belecerá um modelo de governança visando preservar os compromissos es− tabelecidos, a otimização entre as duas empresas, a continuidade das operações das duas plantas industriais e a susten− tabilidade do negócio a longo prazo.

Registrando recordes de moagem e excelentes números operacionais nas últimas safras, a Cevasa foi preparada para ser vendida, afirmam especialistas. A Cevasa não tem nenhum endivida− mento, um caso raro em se tratando de usina. A Cargill reestruturou toda a dí− vida da companhia e a preparou para que o ativo ficasse completamente de− sonerado para a venda. Além disso, a gestão atual da Ce− vasa, capitaneada por Luiz Paulo Sant´Anna, conferiu excelentes índices agroindustriais para uma usina que, até 2016, apresentava performance abaixo da média. “Hoje é uma empresa mui− to produtiva e está à venda por que a Cargill quer sair do setor sucroener− gético, assim como fez com a Coper− sucar”, lembrou uma fonte. Com moagem de 2,6 milhões de toneladas de cana−de−açúcar e um mix de produção de açúcar de 60%, além de ter comercializado 113 mil MWh de energia, na safra 2020/21, a Cevasa vai contribuir para aumentar o volume de produção da Batatais, que foi de 4,4 mi− lhões de toneladas de cana na tempora− da passada e também reforçar os ótimos resultados da usina, que completou 36 anos de existência em março deste ano.


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Usina DACALDA realiza primeira emissão do CRA Operação vai reforçar o fluxo de caixa da empresa A Usina DACALDA1, localizada em Jacarezinho – PR, realizou a sua primeira emissão do Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA). A operação coordenada e estruturada pelo Banco BOCOM BBM, feita em menos de 30 dias, permitiu que a companhia captasse R$ 40 milhões em sua estreia no mercado de capitais. De acordo com José Luiz Mosca

Jr, CEO da DACALDA, a captação deste recurso é um importante refor− ço para o fluxo de caixa da empresa, permitindo a redução de custos finan−

ceiros e contribuindo para o alonga− mento do passivo de curto prazo. “O sucesso dessa emissão no mer− cado financeiro confere solidez ao

trabalho de governança e profissiona− lização que a DACALDA vem inten− sificando desde maio de 2017 e de− monstra a confiança dos investidores nos valores, no desempenho e nas perspectivas de crescimento da em− presa”, afirmou. O executivo ressaltou ainda a com− petência e profissionalismo das equipes da companhia para o sucesso da emissão do CRA que foi estruturado e liquida− do em tempo recorde. Como também agradeceu ao “Banco BOCOM BBM e toda equipe de Crédito, Comercial e DCM pela confiança, parceria e apoio nesta emissão de CRA”.


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Colombo Agroindústria S/A Modernização que conquista resultados Há seis anos o grupo vem implantando um novo modelo de governança corporativa, com reestruturação societária e profissionalização da gestão. De acordo com o COO/CFO Anderson Roberto Travagini, o novo modelo de gestão teve excelente aceitação dentro do Grupo Familiar onde inclusive, as metas iniciais foram superadas em tempo recorde e, os resultados obtidos têm sido um dos pilares do sucesso alcançado. Ele destaca ainda que o novo modelo de estrutura tem se tornado benchmark no setor, que ainda conta com muitos grupos e estruturas familiares. A Colombo Agroindústria encer− rou a safra 20/21 com recorde na moagem e financeiramente. Os 9,9 milhões processados representam 10% a mais do que o grupo processou no ciclo passado. A produção de etanol também foi expressiva, chegando a 471 milhões de m3; a de açúcar con− tabilizou 650 mil toneladas e a ener− gia, 249 GW. Na temporada, as unidades conse− guiram produtividade agrícola de 83 TCH em canaviais que têm idade média de 3,24 anos. A concentração de açúcar (ATR kg/Ton) foi de 144,0 com rendimento agrícola de 12,0 ton ATR/ha e ART na indústria de 15,97% com Unicop de 2,79. O lucro líquido da empresa apu− rado no exercício encerrado em 31/03/21 foi a R$ 405 milhões, sen− do que no exercício anterior, o lucro líquido ficou na casa dos R$ 216 mi− lhões. O destaque no período vai pa− ra a margem EBITDA Ajustado acima de 50% e com pouca volatilidade, mesmo com as variações de preços do mercado nas últimas safras. A dívida líquida atual da companhia é de R$ 843 milhões. O bom desempenho da Colom− bo Agroindústria foi evidenciado também pela S&P Global Ratings, que no dia 7 de julho, atribuiu a maior nota de rating de crédito de longo prazo em escala nacional à empresa: br AAA. A fundamentação está pautada na robustez da empresa sucroenergética brasileira, que possui elevada eficiên− cia operacional, baixa alavancagem, custo−caixa competitivo, liquidez re− levante, além da diversificação de pro−

dutos e canais de venda no mercado interno e externo, com flexibilidade operacional de produção entre etanol e diversos tipos de açúcar. O rating e sua perspectiva estável são reflexos da dedicação e de todo o trabalho da companhia ao longo dos anos. Os bons números refletem o empenho da organização na busca por maior com− petitividade e rentabilidade.

Governança Segundo Anderson Roberto Tra− vagini, COO/CFO da empresa, nos últimos seis anos, a Colombo passou por uma reorganização societária e de gestão e, agora avança no plano estra− tégico com investimentos em tecno− logia 4.0, como automação de campo e parque industrial, conclusão da pro− fissionalização da gestão, transforma− ção em agroindústria, além da imple− mentação do modelo de governança corporativa aprovado. O primeiro passo dessa mudança foi a sucessão familiar por executivos nos níveis gerenciais e diretivos da companhia que passaram por proces− so de assessment, mentoria e coaching. Foi criado o conselho de administra− ção para estabelecer o elo de ligação entre a família e o negócio, com sete cadeiras para conselheiros familiares e duas para conselheiros independentes. Também foram criados comitês estra− tégicos para apoiar o colegiado, como os comitês de auditoria, riscos, com− pliance e fiscal. A estrutura societária da família também foi reorganizada. Foram cria− das sete holdings familiares para agru− par os diferentes núcleos do clã. Estas holdings passaram a controlar uma

nova holding, a Angelina Participações S/A, que por sua vez tem as ações das empresas operacionais. Além disso, foi reorganizada a estrutura corporativa com a incorporação da Companhia Agrícola pela Usina Colombo, crian− do a Colombo Agroindústria S/A, enquanto o negócio de terras foi se− gregado em uma empresa à parte, a João Colombo Agrícola. As diretorias na agroindústria se− guem diretrizes e políticas de gestão de risco, conformidade e controles internos que asseguram os cumpri− mentos regulatórios e legais, transpa− rência na gestão e mitigação de ris− cos do negócio. Evidência deste modelo foi a implantação da Torre de Controle em 2020, com o objetivo de centra− lizar e garantir as informações de re− sultados dos processos, controle da qualidade e excelência operacional. “Hoje, por exemplo, o CCO – Cen− tro de Controle Operacional insta− lado na unidade de Ariranha recep− ciona e trata as informações das in− dústrias e agrícolas das unidades de forma corporativa, garantindo deci− sões assertivas” comenta.

A finalização de todo esse proces− so de profissionalização da gestão está prevista para janeiro de 2022, quando Anderson Roberto Travagini, atual COO/CFO, assumirá como CEO da empresa, além da promoção de três executivos para as diretorias financei− ra e comercial.

História Na década de 40, no município de Ariranha −SP, a família Colombo construiu o seu primeiro engenho e iniciou a produção de aguardente. Com a crescente produção, a famí− lia transferiu o engenho para a fa− zenda Bela Vista, onde permanece até hoje. Em 1979 fundou a Com− panhia Agrícola Colombo. Na déca− da de 80, descontinuou a produção de aguardente e iniciou a produção de álcool com recursos próprios, quando passou a integrar o Pró−Ál− cool, tornando−se a primeira desti− laria autônoma do Brasil na produ− ção de Álcool combustível. Nos anos 90, começou também a produzir açúcar cristal e construiu uma refi− naria. Todos os investimentos per− mitiram que o Colombo se trans−


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formasse num dos maiores grupos empresariais do setor no Brasil. A Colombo Agroindústria S/A tem sua matriz na cidade de Ariranha e filiais em Palestina e Santa Alberti− na, todas no interior do Estado de São Paulo. Emprega diretamente 5,2 mil pessoas e produz açúcar (VHP, cristal, refinado, demerara e pre− mium), etanol (anidro e hidratado) e energia elétrica. Além do açúcar Ca− ravelas, o segundo mais vendido do país, a empresa produz e embala marcas próprias de diversas empresas brasileiras. Em agosto, lançará mais um produto, o açúcar mascavo.

Mercado Financeiro e de Capitais De acordo com Travagini, a Co− lombo fez em março/2021 (safra 20/21) seu primeiro acesso ao merca− do de capitais, por meio de um CRA Verde, com rating de “brAA+” valida− do pela S&Poor’s, onde os recursos da captação tinham como objetivo au− mentar a produção atual de etanol hi− dratado e cogeração de energia Con− forme relatado, a emissão superou to− das as expectativas (com reservas 1,7x

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Anderson Roberto Travagini

Hélio Luis Pavani

Lucas André Lopes

superior ao volume emitido).Vale re− forçar que a empresa tem capacidade instalada de processamento de cana de 10,5 milhões de toneladas. “Nossa emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), ficou na or− dem de R$ 360 milhões”, informou. Foi relatado ainda que na safra 20/21 a Colombo Agroindústria al− cançou números operacionais e resul− tados financeiros históricos, superando todos os KPIs definidos como metas. Tais melhoras contribuíram e muito para uma nova etapa da Cia., que em julho/21 teve um upgrade de sua nota de rating, alcançando pela primeira vez o rating “brAAA” – es− cala nacional, certificado pela S&Poor’s. De acordo com Travagini, esta conquista é o resultado da soma de todos os esforços dos times e con− tribuirá e muito para os projetos, eta− pas e metas almejadas pela empresa num período de curto e médio prazo. “Com um mix açucareiro e com marca e presença fortes no varejo, a Colombo Agroindústria aproveitou o cenário de déficit global de estoques de açúcares e acessou de forma con− solidada e com maior presença o mercado externo, exportando uma parte de seus produtos acabados, mo− vimento que contribuiu para a recu− peração de melhores prêmios e mar− gens de vendas de seus produtos”, co− mentou Travagini. O executivo expli− cou ainda que a usina exporta 30% da sua produção de açúcares e, os outros 70% são comercializados no mercado interno, onde tem alcançado bons pa− tamares de preços e excelentes mar− gens. Além disso, com a flexibilidade da planta, pode, por exemplo, aprovei− tar o preço quando há atratividade nos preços de comercialização de etanol, virando a chave da indústria no mo− mento oportuno. Para a temporada em curso, apesar de prever a quebra na safra, devido à crise hídrica, as expectativas conti− nuam positivas, com boas oportuni−

dades de preço. “Estamos trabalhando o déficit de que vamos ter com opor− tunidades de mercado, com a compra de cana de fornecedor para atender a demanda”, afirmou. A empresa, ainda, se utilizou dos benefícios do RenovaBio, com a ge− ração de CBIOs que reforçaram seus recursos financeiros.

Segundo o diretor, a unidade San− ta Albertina está tendo uma recupera− ção de 2 MW/hora, seguida da uni− dade de Palestina de 0,3 MW/hora. “O que mais impressiona é que esta− mos economizando vapor e bagaço” explicou. Pavani ressaltou ainda que a uni− dade de Ariranha tem capacidade diá− ria de 30 MW/h com um projeto em estudo de mais 22 MW/h, totalizan− do 52 MW/h e que estão em anda− mento estudos para investimentos na produção de leveduras, biogás e au− mento de cogeração. O diretor Agrícola, Lucas André Lopes, afirmou que graças ao trabalho de sistematização da lavoura e forma− ção de blocos de colheita setoriais, a Colombo Agroindústria vem alcan− çando uma expressiva redução no cus− to de CTT. “Este trabalho é iniciado no planejamento agrícola e busca evi− denciar a máxima colheitabilidade das áreas, aliada a conservação do solo e, juntamente com a logística, define se em campo os melhores traçados para escoamento da produção”. Outro fa− tor de impacto da sistematização, co− menta o diretor, foi a redução drástica do pisoteio, aliada a implementação de tecnologias embarcadas. O resultado consolidado do custo de CTT da safra 20/21 foi de R$ 25,52 por tonelada. O diretor desta− cou ainda o trabalho que vem sendo desenvolvido no controle de pragas, atingindo números bastante significa− tivos. O índice de infestação final de broca da cana−de−açúcar no grupo fechou a safra 20/21 em 0,85%. “A cada 15 dias fazemos o monitoramen− to das áreas, e após isso, caso seja ne− cessário, é realizado o manejo agro− nômico para combater a praga”, ex− plicou Lopes. Com o cronograma em dia e muita disposição de sua diretoria, a Colombo Agroindústria S/A busca registrar mais uma excelente safra, contabilizando novos recordes.

Investimentos e melhorias de processos

De acordo com Travagini, na safra 20/21 a empresa deu mais um passo em seu processo de reestruturação, com a estruturação de “Torre de Controle” (citada anteriormente), que apoiará no controle de metas e resul− tados advindos de operações agrícolas e industriais, modelo este também de− finido como pioneiro no setor. Ainda na safra 20/21 houve um grande movimento de investimentos e melhorias tecnológicas, como reno− vação de frota, tancagem (aumento a capacidade de estocagem de etanol da empresa), mais investimentos em ma− nejo agrícola, como exemplos plantios em sistema de meiose, que contribui− rão e muito para os resultados futuros, conclui Travagini.

Tecnologia S-PAA O diretor industrial Hélio Luis Pavani, falou sobre os investimentos que a empresa vem realizando. “Ano passado fizemos investimentos em to− das as unidades, propiciando um bom índice de automação e de controle industrial. Trabalhamos muito em ci− ma das perdas, inclusive, não desper− diçamos nada de água, o que é um grande diferencial, pois nossas perdas são muito baixas, e temos um traba− lho forte em cima de automação. Es− te ano adquirimos a tecnologia S−PAA para as plantas de Santa Al− bertina e Palestina e, estamos muito satisfeitos com o rendimento que a gente está obtendo lá, principalmen− te da cogeração”, comentou.


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Tereos emite sua 1ª debêntures de infraestrutura Empresa avança em sua estratégia de financiamento sustentável A Tereos Açúcar & Energia Brasil, subsidiária do Grupo Tereos, emitiu sua primeira debênture de in− fraestrutura no valor de R$ 480 milhões. Essa foi a maior transação de mercados de capitais da compa− nhia, sendo a segunda com estrutura verde, dentre as cinco emissões já realizadas pela empresa. A deman− da total pelo título chegou a R$ 640 milhões. O montante financiará investimentos em plan− tio de cana−de−açúcar destinada à produção de eta− nol, incluindo o preparo do solo e tratos culturais. Além do uso dos recursos voltado a investimento em biocombustíveis, conforme previsto pela regula− mentação das debêntures de infraestrutura, a emis− são conta com certificado verde da SITAWI − or− ganização pioneira no desenvolvimento de soluções financeiras para impacto social. Com isso, a Tereos já soma cerca de R$ 1,5 bilhão em financiamentos verdes através de quatro transações realizadas nos úl− timos 12 meses. Com prazo de seis anos, a emissão foi coorde− nada pela XP Investimentos, BTG Pactual e UBS BB, além de contar com a FG/A como assessora fi− nanceira da companhia. A Tereos recebeu rating AA− em escala nacional pela agência de classifica− ção de risco S&P Global Ratings, atestando a soli−

Pierre Santoul

dez financeira da empresa. "A sustentabilidade é um dos principais pilares da Tereos. O setor sucroenergético, no qual estamos inseridos, é renovável em sua essência, pois produz energia limpa com o etanol e a bioeletricidade. Com a emissão da nossa primeira debênture de infraes− trutura com selo verde reforçamos o nosso compro− misso em continuar atrelando os nossos financia− mentos de longo prazo à sustentabilidade", comen− ta Pierre Santoul, diretor−presidente da companhia no Brasil. De acordo com Felipe Mendes, diretor de te− souraria e novos negócios da Tereos, "estamos muito satisfeitos por esta segunda emissão susten−

tável em um intervalo de quatro meses, ambas com grande demanda pelo investidor. Após a emissão desta debênture de infraestrutura, quase 1/3 da nossa dívida bruta é representada por financia− mentos verdes". Na safra 20/21, a Tereos emitiu mais de R$ 1 bi− lhão em financiamentos verdes. Entre as modalidades de financiamentos sustentáveis, destaque para o Green Loan de US$ 105 milhões, realizado em junho de 2020, e considerado o primeiro financiamento sus− tentável do setor sucroenergético brasileiro. A operação foi atrelada a sustentabilidade e a empresa se comprometeu com quatro metas de de− senvolvimento sustentável: redução anual de emis− sões de gases de efeito estufa por tonelada de cana processada; redução anual no consumo de água por tonelada de cana processada; aumento anual da por− centagem de cana certificada; e melhoria na pon− tuação de avaliação formal de critérios ESG. Em março, a Tereos adquiriu financiamento com a Proparco − agência francesa de desenvolvimento − no montante de US$ 30 milhões, investidos na construção de estações de produção de biogás, que permitirão à empresa reduzir as suas emissões de CO2, bem como nas instalações de tratamento de águas residuais. Também, emitiu aproximadamente R$ 350 mi− lhões em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), em operação caracterizada como CRA Verde pela SITAWI, tendo destinado os recursos para a aqui− sição de cana−de−açúcar para a produção de etanol.

Usina Coruripe quadruplicou lucro líquido Companhia conquistou outros resultados recordes na temporada A safra de cana−de−açúcar 2020/21, finalizada em março, foi marcada por resultados recordes na história de 96 anos da Usina Coruri− pe, uma das maiores empresas do se− tor sucroenergético no país, com qua− tro unidades produtivas em Minas Gerais e uma em Alagoas. O fatura− mento de R$ 3,16 bilhões, um au− mento de 28,9% em relação à safra anterior (R$ 2,45 bilhões) e o lucro líquido (que cresceu 331,9%: de R$ 78,3 milhões para R$ 338,3 milhões) são alguns dos destaques das demons− trações financeiras auditadas pela PwC Brasil, divulgadas no dia 1º de julho. A receita líquida cresceu 30,5%, passando de R$ 2,33 bilhões (safra 2019/20) para R$ 3,04 bilhões (sa− fra 2020/21), e o Ebitda chegou a R$ 1,13 bilhão, o que representa um aumento de 16,6% em relação à sa− fra anterior (R$ 967,8 milhões). Em relação à moagem na safra 2020/21 (14,4 milhões de toneladas), houve

Mario Lorencatto: “resultados dessa safra confirmam novo patamar”

uma queda de 1,4% em comparação com a safra anterior (14,6 milhões de toneladas). "Essa pequena redu− ção de volume processado foi com− pensada pela qualidade da cana e obtenção de melhores preços de venda de açúcar e etanol, tanto no mercado interno quanto no exter−

no", explica o presidente da Usina Coruripe, Mario Lorencatto. A produção total de açúcar foi de 22,7 milhões de sacas de 50kg, uma elevação de 12% em relação à safra 2019/20 (20,3 milhões de sacas). Já o volume de etanol produzido (476,6 milhões de litros) foi 5,8% menor que

na safra anterior (505,8 milhões de li− tros). A geração de energia elétrica chegou a 737,2 mil megawatt/hora (MWh), 3,1% a mais que os 714,7 mil MWh da safra passada. A eficiência industrial subiu de 86,78% para 86,94%. "Nossos investimentos cons− tantes direcionados aos canaviais e modernização tecnológica, além do trabalho de uma equipe de colabora− dores engajados, são fundamentais pa− ra os ótimos resultados obtidos", ava− lia Lorencatto. De acordo com o diretor finan− ceiro da Coruripe, Thierry Soret, outra conquista na safra 2020/21 foi relacionada à dívida líquida da com− panhia, que foi reduzida em cerca de R$ 169,5 milhões (−6,01%). "Tam− bém tivemos, no ano passado, avan− ços na avaliação de risco da empresa e a conclusão do reperfilamento da dívida em acordo com oito bancos, o que representou alongamento do fluxo de pagamento e incluiu uma redução no custo dos empréstimos em dólar e em real", ressalta Soret. Ele afirma que os resultados dessa safra confirmam um novo patamar para a companhia e indicam um futuro promissor da “Nova Coruripe”.


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Enersugar quer triplicar a moagem de cana Usina completa um ano de atividades industriais em Ibirarema - SP A usina Enersugar Bioenergia, instalada em Ibi− rarema – SP, completa um ano de operação na pro− dução de açúcar, levedura, etanol e energia elétrica. No ano passado, quando a empresa iniciou ativida− des com a “safra teste”, foram processadas 350 mil toneladas de cana−de−açúcar, para a produção de 21 mil toneladas de açúcar VHP (alto teor de sacarose) e 13 milhões de litros de etanol. Após avaliar as instalações industriais em condi− ções reais de operação, quando foram feitos os ajus− tes necessários, e com um planejamento estratégico para a safra 2021/22, a empresa iniciou a tempora− da atual em meados de maio. “A meta é triplicar a moagem de cana−de− açúcar com o processamento de 7,4 mil toneladas de matéria−prima por dia, para atingir produção de 80 mil toneladas de açúcar, de 30 milhões de litros de etanol e gerar 50 mil megawatts/hora (MWh) de energia elétrica para o SIN – Sistema Integrado Na− cional”, informou Sylvio Ribeiro do Valle Mello Júnior, diretor da usina. O empresário−agricultor, ao lado dos irmãos Dorival e Dirceu Finotti, contrariou as expectativas pessimistas do mercado, mesmo em meio à crise so− cial e econômica causada pela pandemia do novo− coronavírus, ao adquirir a planta industrial paralisa−

Sylvio Ribeiro do Valle Mello Junior

da há quase uma década e em processo de sucatea− mento, quando foi criada uma Sociedade Anônima para gerir o novo empreendimento. Mello Junior ressalta que a ainda curta história da Enersugar já é exemplo de empreendedorismo, crença no trabalho e na produção. “A empresa foi criada com a proposta de atuar no setor agroindus− trial da região Centro Oeste Paulista com moder− nos conceitos de governança que garantem segu− rança nas relações comerciais, fiscais e jurídicas e o melhor ambiente de negócios na aquisição de ma−

téria−prima e comercialização dos produtos sucroe− nergéticos nos mercados nacional e internacional”, explicou. Para conquistar as metas estabelecidas, um volu− me considerável de recursos foi investido na aquisi− ção das instalações e na reforma, readequação e mo− dernização da estrutura desativada, para iniciar a produção industrial em escala comercial e de ex− portação de alimentos e energia com agilidade, qua− lidade e segurança. As diretorias das áreas de produção da Enersu− gar foram mobilizadas para o estabelecimento de in− dicadores e metas e os equipamentos receberam no− vas melhorias nos setores de recepção, moagem e fermentação para garantia de quantidade, agilidade e qualidade nos processos industriais. A rápida evolução da companhia também in− cluiu o aprimoramento na estrutura administrativa e a incorporação de mais de 100 novos funcionários aos quadros da empresa para manter a operação 24 horas durante nos sete dias da semana. A proposta para a safra 2021/22 é um salto significativo no vo− lume de processamento de matéria−prima, atingin− do a marca de 1 milhão de toneladas. Segundo o diretor, internamente, os objetivos fi− xados são de trabalhar com os preceitos da sustenta− bilidade, da responsabilidade social e ambiental e for− mar equipes competentes, bem treinadas, comprome− tidas com os valores da empresa e com segurança e confiança nas relações trabalhistas baseadas no profis− sionalismo e na valorização dos colaboradores e suas famílias.


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Diana Bioenergia pretende quadriplicar lucro na próxima safra Companhia já fixou grande parte da sua produção de açúcar para as próximas temporadas

A Diana Bioenergia deu início na safra 2020/21 a um ciclo virtuoso, re− fletindo todos os esforços para aumen− tar a rentabilidade da operação reali− zados nos últimos anos. Com excelen− tes resultados, a companhia teve lucro de R$ 17 milhões contra praticamen− te zero na safra anterior. O EBTDA ajustado foi de R$ 108 milhões, 35% a mais do que o realizado no ciclo 2019/20. Para a safra em curso, o lucro deve atingir R$ 44 milhões e da safra 2022/23 em diante estabilizar acima de R$ 65 milhões. Esse crescente também é esperado para o EBTDA que deve fi− car acima de R$ 156 milhões, um acréscimo de R$ 48 milhões em rela− ção à safra 2020 /21. Da temporada 2022/23 em diante, a companhia tem como meta estabilizar seu EBTDA acima de R$ 180 milhões. Assim, con− seguirá uma redução importante do seu endividamento, saindo de uma dívida líquida por tonelada de R$ 125/ton

para R$ 30/ton, isso em dois anos. De acordo com Leonardo de Freitas Perossi, diretor Administrati− vo e Financeiro da usina, os excelen− tes números da safra 2020/21 são re− sultados dos investimentos feitos ao longo dos últimos três anos, tanto na área industrial como na agrícola. Tendo como destaque a renovação de 70% dos canaviais, o que possibilitou elevar o TCH para 78,11, represen− tando um aumento de 22% em rela− ção a última safra. Já o ATR chegou a 146,28, um aumento de 16 kg em relação a média das duas últimas safras. Registrando uma eficiência industrial de 89,17% e mix de açúcar acima de 61,98%, a em− presa fechou a temporada moendo 1.375 milhões de toneladas contra 1.200 milhões processadas nas últimas duas safras. “A usina aumentou 87% a sua produção de açúcar VHP, superan− do as 115 mil toneladas produzidos no

ciclo anterior”, disse. O executivo afirmou que a em− presa conseguiu aproveitar as melho− res oportunidades de preço de venda de açúcar, etanol e energia. Assim, já tem fixado para a safra 2021/22, 92,3 mil toneladas de açúcar VHP com preço médio de R$ 1.469,37, equiva− lente a um etanol de R$ 2,51, o que proporciona uma rentabilidade de 26%. E também já fixou para as pró− ximas duas temporadas, sendo 76 mil toneladas para a safra 22/23 com pre− ço médio de R$ 1.520,61 e 38 mil toneladas para safra 23/24 com preço médio de R$ 1.593,94. Perossi ressalta que essas fixações em níveis tão remuneradores para a companhia, dão segurança para en− frentar as oscilações de preços no fu− turo, algo natural no setor de com− modity. Ele comenta ainda que a Dia− na também reforçou o caixa com a venda de 55.409 CBIOs na safra pas−

sada, tendo como previsão vender 63.858 CBIOS no ciclo atual. Além disso, no início de abril, fez a sua 4ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, de R$ 75 mi− lhões, sendo R$ 40 milhões com o Banco Santander e R$ 35 milhões com o Banco Itaú, com prazo de pa− gamento de cinco anos, sendo um de carência e quatro para pagamento. “Com essa operação organizamos de forma definitiva a estrutura de ca− pital da companhia. Não pretendemos fazer mais emissões este ano, mas se ti− ver alguma oportunidade, iremos aproveitar”, esclareceu. Diante de um futuro promissor, a empresa espera processar na safra em curso 1.542 milhões de toneladas, sen− do 941 mil toneladas de cana própria. Reflexo também da renovação dos ca− naviais, a expectativa é que tenha um aumento de TCH na cana própria pa− ra 80,63 ton/ha e ATR de 136,60 kg. Quanto à produção de açúcar VHP, deverá ser de 119.687 mil toneladas e a de etanol hidratado, chegará a 54.918 mil m3, com uma eficiência global de 89,52%. A Diana vai cogerar e expor− tar ainda em torno de 5.625 MWh. “Estamos satisfeitos com os resul− tados que devem ser melhores ainda nesta safra, não só porque a empresa vai moer um pouco mais que o ano pas− sado, mas também porque os preços estão melhores”, conclui o diretor.

Zilor tem lucro de R$ 447,3 milhões na safra 20/21 Receita de açúcar da companhia cresceu 36% A Zilor Energia e Alimentos teve crescimento de 14,6% da Receita Lí− quida Consolidada, na safra 20/21, atingindo R$ 2,5 bilhões no período, quando comparada com a temporada 19/20. Isso foi possível graças a alta de 36% da receita de açúcar, combinados pela evolução expressiva de 48% na Receita Líquida da Biorigin, que re− presenta 30% da receita total da com− panhia. A empresa conseguiu EBITDA Ajustado de R$ 773,3 milhões, au− mento de 29,7% em relação à tempo− rada anterior, e margem de 31%, re− sultado da combinação de melhoria operacional e rígida gestão de custos e

despesas. O Lucro Líquido foi de R$ 447,3 milhões no encerramento da safra 20/21 versus R$ 148,3 milhões no ciclo 19/20. Segundo o diretor−presidente da Zilor, Fabiano José Zillo, a Zilor con− solidou o processo de mudança ini− ciado em 2019. “Nessa safra, especifi− camente, foram direcionados esforços para o fortalecimento da estrutura de governança, com melhorias nos con− troles internos, melhoria de eficiência operacional, avaliação de melhores al− ternativas para captações de recursos e alocação de investimentos, além da disciplina na gestão de custos/despe− sas, seguindo com o papel de prota− gonista em mais uma página da sua história de 75 anos”, destaca. A Zilor reduziu a Dívida Líquida em 16,7%, atingindo R$ 1.491,4 mi− lhões em março de 2021 ante R$ 1.791,4 milhões em março de 2020. A

alavancagem da companhia, medida pelo indicador Dívida Líquida/ EBITDA Ajustado, apresentou im− portante redução nos últimos dois anos, passando de 5,0x em março/19 para 3,0x em março/20 e atingindo o patamar de 1,9x em março/21. “Essa trajetória demonstra que estamos caminhando rumo à conso− lidação financeira da companhia, com redução expressiva da alavanca− gem e aumento na posição de caixa, abrindo espaço para novas oportuni− dades de investimento. Este ano foi marcado por emissão de dívida no mercado de capitais em condições atrativas, além de trazer oportunida− des de crédito para os nossos Parcei− ros e melhoria na gestão de riscos”, ressaltou o diretor financeiro da Zi− lor, Marcos Arruda. Como parte do processo de alon− gamento da dívida iniciado em 2019,

a Companhia emitiu Debêntures de Infraestrutura em janeiro de 2021, no total R$ 202 milhões e com prazo de vencimento em 5 anos, que somada às demais operações efetuadas durante o ano, refletiu de forma relevante na melhora da posição de liquidez. A companhia lançou o Programa de Financiamento de Parceiros Agrí− colas em junho de 2021, um progra− ma inovador de fomento e financia− mento dos Parceiros, viabilizado por meio de Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), com a captação de R$ 120 milhões. Também fez a estruturação do Programa de Fixação de Preço Futu− ro de ATR (Açúcar Total Recuperá− vel), uma ferramenta de gestão de ris− cos estendida aos Parceiros Agrícolas para mitigar as oscilações de preços do mercado e que permite maior previ− sibilidade de fluxo de caixa.



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CRV Industrial renova certificação FSSC 22000 Norma priva pela segurança de alimentos e aperfeiçoamento de gestão, entre outros fatores A CRV Industrial, usina em Carmo do Rio Verde (GO), re− novou a certificação FSSC 22000, uma norma referencial de Segurança de Alimentos da Ini− ciativa Global de Segurança de Alimentos (GFSI), que é reco− nhecida internacionalmente. A sigla FSSC significa “Food Safety System Certification”, traduzida em “Certificação de Sistema de Segurança dos ali− mentos”. Para isso, a empresa obteve aprovação aos requisitos exigidos descritos na norma do Sistema de Gestão de Segurança dos Alimentos, que monitora e garante a produção de produtos seguros. A segurança de alimentos é uma preocupação mundial que

afeta tanto aos fabricantes quanto os consumidores. Isso é a prática de medidas de segurança permi− tem um melhor controle de todo e qualquer agente que, ao entrar em contato com os alimentos, possa colocar em risco à saúde ou a integridade do consumidor do campo à mesa.“Portanto, a certi− ficação é uma ótima maneira de adquirir novos clientes e aumen− tar a área de atuação”, pontua a engenheira de alimentos da usi− na, Anna Flavielle Azevedo. A unidade goiana da CRV Industrial conta com esse reco− nhecimento desde 2014. “Esta certificação de um novo ciclo é fruto e uma auditoria não anunciada realizado entre os dias 21 a 24 de junho de 2021”, fala Anna Flavielle. A certificação internacional representa que or− ganização certificada possui mais autenticidade e transparência. “Vale ressaltar que os benefícios devem ser pensados não apenas visando os lucros, o que é pecu− liar a toda empresa, mas também pela atribuição de entregar um produto seguro e de qualidade”, explica.

Nardini é recertificada pela Bonsucro Certificado confirma que empresa tem práticas e produtos sustentáveis Nos dias 22 a 24 de junho a Nar− dini Agroindustrial, unidade Vista Ale− gre, passou pela auditoria externa da Bonsucro e obteve sua recertificação. A Bonsucro é uma certificação de Sustentabilidade, e visa atestar o compromisso que a empresa tem com o desenvolvimento econômico, social e ambiental. Sua missão é as− segurar uma produção responsável de cana, gerando valor e bons resultados para o segmento da maior commo− dity agrícola do mundo. A empresa certificadora este ano foi a SGS, representada pelas audito− ras Tatiana Parizotto (de forma re− mota) e Rose Einloft (presencial). Nos dias foram auditados processos industriais, administrativos, agrícolas e automotivos, além de toda docu−

mentação ambiental, de saúde e se− gurança. Com o empenho e a participa− ção de todos, o resultado foi positi− vo, levando a manutenção da certi− ficação. "O selo Bonsucro demonstra o compromisso com a sustentabilidade ambiental e social na produção de cana−de−açúcar pela Nardini. Ru− mo aos seus 50 anos, a Nardini vem desenvolvendo com excelência suas atividades, com o apoio de seus co− laboradores para essa conquista", afirmou Marcelo Bertoletti, diretor da companhia.


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Inpasa Brasil é certificada no RenovaBio Companhia tem capacidade de produzir 1 bilhão de litros de etanol de milho ao ano Com excelência na produção de etanol de milho, a Inpasa Brasil con− quistou no dia 11 de junho, a certifi− cação RenovaBio da Agência Nacio− nal do Petróleo Gás Natural e Bio−

combustível (ANP). Com validade de três anos, a certificação permite a in− dústria emitir os créditos de descar− bonização (CBIOs), com base na sua produção de etanol. As duas unidades da companhia, localizadas em Sinop e Nova Mutum – MT, têm capacidade instalada para produzir 1 bilhão de li− tros de etanol de milho ao ano. “Desta forma, a Inpasa ajuda o Brasil a cumprir com os Compromis− sos Nacionalmente Determinados no âmbito do Acordo de Paris, que deter−

mina uma redução de 43% na emissão de CO² até 2030”, afirma a empresa. Segundo a companhia, a conquis− ta vem na Semana Nacional de Meio Ambiente e soma com as inúmeras ações que a Inpasa Brasil tem realiza− do em favor do equilíbrio entre a ati− vidade produtiva, natureza e socieda− de, por meio de suas estratégias so− cioambientais. De acordo com o supervisor de Qualidade da empresa, Jeremias Salvi− no, a importância da certificação Re−

novaBio é grandiosa e evidencia que as boas práticas desenvolvidas pela indús− tria cumprem com a estratégia con− junta para reconhecer o papel dos bio− combustíveis na matriz energética brasileira, além de validar e comprovar que a Inpasa está no caminho certo. “Essa é uma certificação que pede o engajamento de todos os setores pa− ra produção das informações e evi− dências no processo de certificação, e o time Inpasa está de parabéns pelo belo trabalho realizado”, concluiu.


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Cocal conclui construção de planta de secagem de levedura Unidade terá capacidade de produzir até 40 toneladas/dia A Cocal acaba de finalizar a cons− trução de sua nova planta industrial de processamento e secagem de levedu− ra, localizada na sua unidade de Na− randiba, localizada no interior de São Paulo. As atividades no local devem ter início ainda neste mês de junho. Ini− cialmente, a nova unidade industrial produzirá 30 toneladas/dia, mas pos− sui capacidade para gerar até 40 tone− ladas/dia, sendo que a levedura será destinada à nutrição animal. No vídeo lançado pela empresa, o diretor superintendente da Cocal, Paulo Zanetti, recorda que o projeto surgiu há mais de um ano e, desde en− tão, vem sendo desenvolvido por uma grande equipe de especialistas. “Graças ao empenho dos nossos colaboradores e terceiros que traba− lharam com afinco temos, hoje, mais uma indústria na unidade de Na− randiba, seguindo com o grande propósito da Cocal que é promover o desenvolvimento, gerar emprego e renda para toda nossa região e o se− tor”, disse. A levedura será produzida a partir do creme extraído do processo de fer− mentação alcoólica, realizado nas pró− prias unidades da Cocal, em Narandi− ba e Paraguaçu Paulista/SP, e também da compra de creme de empresas ter− ceiras e de outras usinas da região. De acordo com o gerente indus− trial da Cocal, Geraldo Donizette de Oliveira Homem, o creme de levedu− ra excedente é retirado do processo de fermentação do etanol que, antes, era considerado um resíduo e acabava descartado. Porém, com a nova planta,

ele será aproveitado na produção de levedura seca, que será destinado a empresas do mercado de ração animal. “Além do aproveitamento do re− síduo como agregador, ou seja, que se tornou um novo produto, a planta também terá o biogás produzido pela própria Cocal como fonte de energia e o benefício do valor monetário pa− ra a empresa, bem como a geração de empregos, investimento em tecnolo− gias de ponta e a promoção do desen− volvimento da região”, complementa. “Nosso propósito é gerar susten− tabilidade, aproveitando o máximo de potencial da cana−de−açúcar, ofere− cendo produtos e serviços diferencia− dos”, disse diretor Comercial e Novos Produtos da Cocal, André Gustavo Alves da Silva. Em junho, a companhia começou a operar a sua planta dedicada a pro−

dução de biometano a partir de sub− produtos do setor sucroenergético. A Cocal investiu R$ 139 milhões na unidade, também localizada em Na− randiba − SP, e a expectativa é que a empresa associada da Copersucar, co− mece a produzir biometano em agos− to e, no mês seguinte, tenha início a distribuição. A planta tem capacidade para pro− duzir, anualmente, 33,5 milhões de Nm3 de biogás a partir da vinhaça e da torta de filtro, com potencial para ex− pandir essa produção com a biodiges− tão de palha. Como matéria−prima, serão utilizados 1,5 milhões de m3 de vinhaça, 135 mil toneladas de torta de filtro e 10 mil toneladas de palha. “Com essa produção, a exportação de energia será de até 33,3 mil MWh e a purificação de biogás vai gerar 8,9 milhões Nm3 de biometano. Parte deste biogás será purificado para a produção de biometano, combustível com a mesma qualidade e eficiência do gás natural”, explica André Gusta− vo. Comprimido e injetado no gaso− duto da GasBrasiliano, o combustível irá abastecer as cidades de Narandiba, Pirapozinho e Presidente Prudente. Segundo o executivo, 47% do biogás produzido será utilizado como combustível de motogeradores a gás. “Os outros 53% passarão por um pro− cesso de concentração de metano e convertidos a 8,9 milhões m3 de bio−

metano anuais. Isso irá substituir o diesel na frota da Cocal e abastecer a região, por meio de carretas e do ga− soduto construído em parceria com a GasBrasiliano”, conta o diretor. Economicamente viável, o em− preendimento se mostra uma solução ambientalmente sustentável para o descarte de resíduos e subprodutos agroindustriais, gerando energia elé− trica e combustível limpos. O biome− tano pode substituir o diesel e a o gás natural veicular (GNV) em veículos, além de gás liquefeito de petróleo (GLP) e gás natural em indústrias, re− sidências e comércios. Para o mercado, a nova planta traz um combustível versátil e limpo, e, para o setor sucroenergético, é uma forma de agregar valor aos subprodu− tos gerados na produção do açúcar e do etanol, diversificando o portfólio da empresa e aumentando a rentabilida− de da operação. A cada 335 m3 produzidos de biometano, cerca de uma tonelada de carbono deixa de ser liberada na at− mosfera. “Ele irá substituir o diesel e o gás natural, reduzindo em 95% a emissão de CO2, quando compara− do ao diesel. E com os biofertilizan− tes, a redução será de 75%. Além dis− so, na purificação de biogás, o gás carbônico é separado no processo para produzir CO2 verde”, detalha André Gustavo. Além disso, há expectativa de cre− denciar a nova planta no programa fe− deral de incentivo aos biocombustí− veis, o RenovaBio, no segundo ano de produção. “Para apresentar à ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), os indi− cadores para o cálculo da eficiência energética e o fator de emissão do biometano, é preciso monitorar a operação durante um ano”, explica o executivo. Com a tecnologia disponível para a produção da energia durante os 12 meses do ano – sem riscos de paralisa− ção devido a intempéries climáticas, por exemplo –, o biogás é um produto sustentável e economicamente viável, que tem impactos regionais positivos. “Ao trazer uma fonte de energia alternativa e competitiva para a região, as empresas existentes serão benefi− ciadas, além de motivar novos em− preendimentos a se instalarem aqui, o que impulsiona a geração de empre− gos e a economia local”, conclui o diretor da Cocal.


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FS inova com sistema BECCS para captura e estocagem de carbono Com iniciativa, a empresa seria a primeira no mundo a produzir etanol com pegada negativa de carbono A FS, primeira e maior produtora de etanol do Brasil que utiliza 100% do milho na fabricação dos seus pro− dutos: etanol, nutrição animal e ener− gia elétrica, traz inovação para a in− dústria com projeto de implementa− ção de um sistema revolucionário e ainda pouco utilizado no mundo: o BECCS – Bioenergy with carbon capture and storage (Bioenergia com captura e estocagem de carbono). Com a implementação do BECCS, a empresa não só reduz a emissão de CO2 na atmosfera como, passa a remover CO2 do meio am− biente. O sistema consiste em captu−

rar, comprimir e transportar o CO2 emitido pela fábrica de Lucas do Rio Verde da empresa até um local de ar− mazenamento subterrâneo. O BECCS da FS será instalado na unidade de Lucas do Rio Verde. O lo− cal de injeção do carbono será defini− do por meio de estudos geológicos e sísmicos dentro de um raio de 5km da fábrica e, posteriormente, monitorado ao longo do tempo de utilização. Com a implementação do BECCS a empresa será uma das pou− cas do mundo e primeira do Reno− vaBio a ter uma pegada negativa de carbono. O objetivo da empresa é al− cançar 32 milhões de Cbios emitidos até 2030 com a implementação do seu plano de expansão e desta tecnologia pioneira no Brasil. No mundo, exis− tem hoje 18 projetos de bioenergia utilizando o BECCS. Os benefícios, em termos de ciclo de vida do carbo− no, já foram certificados pelo CARB (California Air Resources Board) pa− ra outras companhias no LCFS (Low Carbon Fuel Standard), o programa de

biocombustíveis da California. “Em nossa busca incansável pela transformação da indústria da qual fa− zemos parte, investimos constante− mente em soluções inovadoras e o BECCS é uma tecnologia importan− te para ajudar a alcançar os objetivos de neutralidade de carbono na luta contra o aquecimento global”, afirma o CEO da FS, Rafael Abud. A adoção do BECCS faz parte de um conjunto de ações que a FS estabeleceu dentro de seis compro− missos de longo prazo (Compro− misso de Sustentabilidade FS 2030) que assumiu com a sociedade. Esses compromissos têm metas correla− cionadas com os Objetivos de De− senvolvimento Sustentável das Or− ganizações das Nações Unidas e em

linha com o Acordo de Paris. Dentre as seis metas, dois com− promissos trazem inovação para a in− dústria: (i) a redução de CO2 por meio de um sistema inovador de cap− tura e estocagem de carbono; e (ii) a promoção de melhoria contínua e transparência nos processos de gover− nança, com a meta de obter a escala máxima em rating ESG com agências líderes no segmento. Essa pontuação foi atingida em março deste ano com a avaliação realizada pela Vigeo Eiris, afiliada da Moodys. Além destes objetivos, a empresa assumiu compromissos de responsabi− lidade socioambiental; redução no consumo de água, resíduos e efluen− tes; educação e desenvolvimento das comunidades e diversidade e inclusão.


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BioAroeira entra no processo de transformação digital na indústria Ela é a 63ª usina a adotar a Otimização em Tempo Real (RTO) na cogeração e planta industrial Referência na produção de ener− gia limpa e renovável em sua região, a Bioenergética Aroeira (BioAroeira) produz atualmente etanol anidro car− burante, etanol hidratado carburante, açúcar VHP e energia Elétrica. A usina, que desde o início de suas obras adota medidas que reduzem to− dos os impactos prognosticados como negativos, e potencializa os benéficos a sociedade e ao meio ambiente, avança agora no processo de transfor− mação digital da indústria tornando− se a 63ª unidade produtora a adotar o software S−PAA – único RTO (Oti− mização em Tempo Real) do setor bioenergético no mundo. Quem conta os detalhes é o ge− rente industrial, Luís Fernando Mura− kami. ““Estamos caminhando para era

Equipe industrial da BioAroeira recebe representantes da Pró-Usinas

digital e devemos sempre inovar apro− veitando os recursos tecnológicos dis− poníveis, pois quem não fizer estará em descompasso com o tempo. De certa forma, atrasamos na migração para in− dústria 4.0, porém isto foi necessário para realizar as ampliações industriais anteriormente previstas em conjunto com expansões de áreas agrícolas, am− pliando a capacidade de moagem”. Mas, neste intermédio – explica Murakami – “não ficamos parados e aproveitamos, planejando e preparan−

do a infraestrutura necessária, forma− mos a equipe que irá promover a im− plantação e operação deste projeto e temos certeza que será um sucesso, otimizando a operação industrial e trazendo resultados positivos para Bioenergética Aroeira” No mês de março a Usina Da Mata também avançou no processo de transformação digital da indústria, mas com um componente especial, pois ela tornou−se a 60ª usina a ado− tar o software S−PAA. Um marco pa−

ra a indústria bioenergética, uma vez que esse número mostra o avanço no processo de consolidação das unidades produtoras em usinas 4.0. Usinas e grupos que recentemen− te adotaram o software S−PAA Outras usinas e grupos avançaram no processo de transformação digital e estão entre as 60 usinas que adotaram o software S−PAA. Entre as mais re− centes está a Tereos, que estendeu a tecnologia para as sete unidades do Grupo, com as unidades Andrade e Severínia; a Biosev, com as unidades Santa Elisa,Vale do Rosário e Leme; a Colombo, com as unidades Palestina e Santa Albertina; e a Usina São Do− mingos. Quanto essas 60 usinas represen− tam em números: + de 100 milhões de toneladas de cana por safra; + de 4,8 bilhões de litros de etanol por safra; + de 140 milhões de sacas de açúcar (50kg); 7,9 GWh de bioenergia por ano; Retorno médio de R$ 2.800.000,00 por projeto.

Raízen irá construir segunda planta de etanol 2G Capacidade total de produção da companhia será de cerca de 120 milhões de litros de etanol E2G por ano A Raízen comunicou, no final de junho, que irá investir na cons− trução de sua segunda planta de etanol celulósico (E2G). A unidade será integrada ao parque de bio− energia Bonfim localizado em Gua− riba − SP, que além da produção de açúcar, etanol de primeira geração e energia elétrica a partir da biomas− sa da cana, também abriga a primei− ra planta de Biogás da Companhia, inaugurada em outubro de 2020. Com capacidade instalada para a produção de 82 milhões de litros

por ano, correspondente ao dobro da capacidade de sua primeira plan− ta, a nova unidade deverá entrar em operação em 2023. Com o início da operação des− ta segunda planta, a capacidade total de produção da Raízen será de aproximadamente 120 milhões de litros de etanol E2G por ano. De acordo com a companhia, o anúncio da nova planta atende a crescente demanda pelo produto no mercado internacional, com 91% do seu volume já comercializado em contrato de longo prazo com um player global de energia. “Com o domínio da tecnologia, a Raízen se consolidará como o único produtor mundial a operar 2 plantas de etanol celulósico em es− cala industrial”, afirma Guilherme José de Vasconcelos Cerqueira, dire− tor Financeiro e de Relações com Investidores.



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Aliado do RenovaBio, tecnologia reduz emissão de CO2 com maior produtividade e melhor rentabilidade A substituição das adubações nitrogenadas minerais para o canavial gera mais vigor à planta, aumenta a longevidade da plantação e facilita as operações Aliado do RenovaBio, tecnologia reduz emissão de CO2 com mais produtividade e menos custos substi− tuindo a aplicação de N−mineral no canavial, solução gera mais vigor à planta, aumenta a longevidade da plantação e facilita as operações. No cultivo de cana−de−açúcar, estima−se que 40% da emissão de gás carbônico para atmosfera procede dos fertilizantes nitrogenados minerais que são aplicados. Assim, a busca por ino− vações tecnológicas para eliminação do uso de fertilizantes nitrogenados minerais na canavicultura tornou−se uma meta ambiciosa do pesquisador Flavio Pompei, diretor industrial e responsável Técnico da EUROFOR− TE Agrociências. As inovações para estímulo da mi− crobiota do solo e especialmente da FBN deram origem ao BVBOOS− TER, tecnologia que substitui o uso do N−mineral em lavouras comerciais de cana−de−açúcar. Ensaios e de− monstrações nos últimos 12 anos comprovaram que essas tecnologias são sustentáveis e economicamente vantajosas para a substituição das adu− bações habituais com nitrogenados minerais na cana−de−açúcar, gerando ainda ganhos importantes na produti− vidade de açúcar. Confira os principais benefícios que o BVBOOSTER proporciona ao produtor:

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Aumenta o vigor e produtivi− dade no canavial Aumenta a longevidade do canavial Aumenta o TCH Simplifica operações de cam− po Promove maior lucratividade Favorece a geração de CBio

A substituição da adubação mé− dia e habitual, de 80 a 100 kg de N− mineral/ha em cana−soca, por ape− nas 11 litros de BVBOOSTER/ha, além de ganhos na produtividade de açúcar, da redução em 30 a 40% no montante dos investimentos para adubações e diminuição em 2/3 na movimentação anual de fertilizantes NPK para cana−soca, ainda gera uma redução média de 880 a 1.100 Kg na emissão de gás carbono/ha, quanti− dade equivalente à de 0,88 a 1,1 CBIO/ha−ano. Pelo preço médio atual estimado pelo MME, de R$ 44,58/CBIO, essa substituição pode gerar muito mais sustentabilidade do cultivo e mais um benefício anual de R$ 39,23 a R$ 49,04/ha. BVBOOSTER comprovou ser uma excelente ferramenta para ganhos em CBios, gerando, ainda, mais vigor e produtividade, redução de custo, au− mento da longevidade do canavial e facilidade operacional.



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Novas tecnologias aumentam perfomance no CTT Conceito de conectividade aproxima homem e máquina e contribui para melhora da produtividade e redução de custos

A utilização de novas tecnologias voltadas para uma maior integração entre homem e máquina e computa− dores, aos poucos vai transformando o setor sucroenergético. As ações de Corte,Transbordo e Transporte (CTT) já começam a refletir resultados dessas mudanças. O assunto foi discutido na 4ª Estratégica do JornalCana, realiza− da no dia 16 de junho e que teve co− mo tema: “Inovações e Alta Perfo− mance no CTT”. Sob a mediação do jornalista e di− retor do ProCana, Josias Messias, o webinar contou com a participação de Ariel de Souza, head de tecnologia da Usina São Domingos, João Carlos Rocha Abdo, sócio−diretor da Agroabdo Consultoria, Leonardo Cintra, gerente de mecanização do Grupo Santa Terezinha e Mário Dias, gerente corporativo de mecanização da BP Bunge Bioenergia. Ao longo de quase duas horas, os especialistas apresentaram no webinar um cenário das mudanças que já estão sendo implementadas no setor. O evento foi patrocinado pela AxiAgro; GDT by Pró−Usinas; HRC; Project Builder e S−PAA Soteica. Para Ariel de Souza, da Usina São Domingos, a comunicação tem um papel preponderante nestas transfor− mações, por conta da conectividade. Souza alerta, no entanto, que a chega− da da tecnologia 5G não será a solu− ção mágica que vai resolver todos os problemas. “Na verdade, essa questão do 5G é um mito. O compartilhamento de da− dos no campo dificilmente se dará atra− vés dele. Embora seja uma tecnologia que permite o tráfego de um grande volume de dados, ele tem um limitador que é a distância, que enfraquece o si− nal. Então para o campo, o melhor ain− da é o 4G, que consegue levar um bom volume de dados a grandes distâncias, o que no campo é fundamental. Segundo Souza, o futuro promis− sor da comunicação de dados está na tecnologia satelital. “Hoje uma das maiores empresas que provê serviços

de comunicação é a Telesat, um dos grandes players. Mas também temos a SpaceX através do projeto Star Link e a Amazon que estão investindo forte− mente em quantidade de satélites. A SpaceX, lançou nos últimos anos cer− ca de 1.700 satélites, que tem como missão garantir a comunicação de for− ma global a uma velocidade muito grande. Nós estamos falando em 10 vezes, aproximadamente, a velocidade atual. Em termos de custo, um link de satélite está na faixa dos R$ 3 mil. Já com esse projeto da Srtarlink SpaceX, cai para R$ 600,00. E a tendência é que esse custo fique bem mais atrati− vo e fácil para levar a internet para nossas máquinas no campo. Esse vai ser o nosso futuro”, disse.

Inteligência artificial Ariel também destacou a impor− tância da integração, convergência e padronização na hora de se investir em novas tecnologias. “Hoje você olha na

frente de um trator e vê pelo menos 5 telas. Então precisamos trazer isso pa− ra uma tela única, onde estejam con− centradas todas as informações. A Usi− na São Domingos já vem aplicando a inteligência artificial com um sistema inteligente de colheita, seja no reco− nhecimento facial, no sequenciamen− to de transbordo, com certificado di− gital, despacho eletrônico, tecnologia de mapas de deslocamento, entre ou− tros”, contou. De acordo com o profissional, as novas tecnologias trazem novas possi− bilidades. Mas é preciso trabalhar pes− soas. “Precisamos trabalhar os proces− sos e buscar uma nova forma de ges− tão. Não podemos gerir o futuro com ferramentas do passado. Temos que pensar diferente, temos que ter ferra− mentas diferentes, é isso” finaliza Ariel. João Abdo, da Consultoria Agroabdo, apresentou um software de Logística Otimizada de Colheita − LOC. O sistema se baseia nos pilares

da economia, pois ajuda na redução de custo e também nos recursos huma− nos. A ferramenta tem como foco o planejamento e também a execução de operações. Através de algoritmos e ferra− mentas de pesquisa operacional ele si− mula vários cenários, até chegar aque− le que apresenta o menor custo, faci− litando a tomada de decisões, padro− nizando a forma de trabalho e inte− grando a atuação de diversos setores (topografia, colheita, planejamento). O sistema possibilita a otimização dos pátios de transbordo, gerando módulos de colheitas dentro dos blo− cos, determinando quais talhões per− tencem a cada módulo. Segundo Abdo, na gestão do CTT, o programa auxilia na redução do custo, economia de diesel com a di− minuição da quilometragem do trans− bordo entre outros resultados. Leonardo Cintra, do Grupo Santa Terezinha, onde os custos com o CTT


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Ariel Souza

João Carlos Rocha Abdo

Leonardo Cintra

Mário Dias

representam de 25 a 30% do custo da cana, mencionou as ações voltadas pa− ra a redução de custos. “Após um tra− balho de dimensionamento, são cons− truídos cenários para cada safra. Só pa− ra ter uma ideia, para essa safra nós fi− zemos cerca de 140 planos e mais de 1.500 cenários operacionais. Desta forma, chegamos a um número de 100 grupos de operações com mais de 10 turnos ou sistema de trabalho de acor− do com a capacidade operacional do equipamento. Fizemos uma análise vertical de cargos das pessoas e uma análise horizontal comparando entre as unidades”, disse. Uma ferramenta que nos auxilia muito são os Centros de Inteligência Agrícola (CIA), responsáveis pela ga−

rantia da viabilidade econômica das operações. Ele utiliza um sistema que faz administração e gestão das frotas, fazendo também uma correlação com a produção da lavoura e os postos de serviços operacionais. A tomada de decisão na CIA garante a eficiência na utilização da frota, visando o aumento da produção e redução do consumo de combustível e o dimensionamento as− sertivo na logística operacional. “E são emitidos relatórios com uma diversa gama de apontamentos. Temos todas as informações aí prati− camente just−in−time”, informou Cintra. A usina também conta com um programa que estimula a busca de bons resultados. Esse incentivo cha−

mado PPV, é uma premiação variável considerando segurança, produção, qualidade e custo. “Então, toda equi− pe nossa (comboio, manutenção, o pessoal do CIA além da equipe ope− racional de colheita de transbordo e transporte) recebem esse PPV, que está nos auxiliando muito no au− mento da eficiência operacional no CTT”, afirma. Mário Dias, gerente corporativo de mecanização da BP Bunge Bio− energia, disse que os destaques das operações agrícolas e industriais são monitorados através de um centro de controle operacional localizado em São Paulo. A BP Bunge Bioenergia conta com 11 unidades na região su− deste, norte e centro−oeste do Brasil,

com capacidade de moagem de 32 milhões de toneladas por ano. Co− nhecida como Smart Log, a torre de controle responde pela integração de todas as usinas. São monitorados mais de 1.200 ativos, interface com mais de 4.000 pessoas, 6 sistemas diferentes integran− do mais de 70 frentes de CTT, com cerca de 30 milhões de informações, que se transformam em ações. “Real− mente são os nossos olhos, onde a gente faz a interface com a agrícola e com a indústria. Para se ter uma ideia, para uma parada de transbordo existem 47 motivos. Então existe uma árvore de decisão para os nossos analistas que fazem o monitoramento online de to− do processo”, informou Dias.


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Produtores buscam alternativas para desafios da safra 21/22 Diante da iminência de uma crise hídrica, agravada pela pandemia da Covid-19, o setor sucroenergético busca soluções para manter indicadores da safra positivos

Equilibrar custos e investimentos. Aprimorar a qualidade do produto. Investir em gestão de pessoas. Esses foram alguns pontos abordados por especialistas do setor sucroenergético que participaram da 4ª Estratégica do JornalCana com o tema: Custos, Per− das e Gestão Agroindustrial − Os de− safios da safra 21/22, realizado no dia 2 de junho. Sob a mediação do jornalista e di− retor do ProCana, Josias Messias, o webinar contou com a presença de Denis Arroyo Alves, diretor executivo da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (OR− PLANA); Guilherme Leira, diretor da Support Engenharia; Luiz Antonio Magazoni, diretor industrial da Usina São Domingos e Luiz Paulo Sant'An− na, diretor geral da Cevasa − Central Energética Vale do Sapucaí Ltda. O evento online teve patrocínio da AxiAgro; GDT by Pró− Usinas;HRC; Project Builder e S− PAA Soteica. Para Denis Arroyo, diretor execu− tivo da ORPLANA, que reúne 31 as− sociações com mais de 12 mil produ− tores, na área de cana 90% do custo hoje é fixo. “Então você tem duas maneiras de trabalhar o custo: o reais por hectare que precisa tentar dimi− nuir através das compras, aquisições e operações e o segundo é ganho de produtividade que vai impactar dire− tamente na diluição desses custos. De acordo com pesquisa realizada pela entidade, um dos fatores que im−

Denis Arroyo

plica de forma positiva na produtivi− dade é a rotação de cultura. “Ela cres− ceu da safra passada para essa, alcan− çando 81%, com crescimento da soja e amendoim. Então o primeiro recado é que o produtor investiu em rotação e isso é muito bom. Outro ponto são os tratos culturais. Quando o produtor consegue uma remuneração melhor, como foi no último ano, elevando o controle das pragas. Arroyo adverte, no entanto, que em relação à safra anterior, a produti− vidade será menor. E com base nesses dados a mensagem que ele deixa é: te− remos uma produção menor, uma produtividade menor com reais por hectare, que tende a ser maior pressio− nado principalmente na questão de insumos e custos operacionais.

Segurança no Trabalho Para Guilherme Leira, diretor da Support Engenharia, que desenvolve um trabalho de diagnosticar a área industrial, na busca de ganhos, sem que seja necessário a injeção de mui− tos recursos, uma questão muito im− portante é atenção com a área de Se− gurança no Trabalho. “É preciso for− talecer alguns conceitos básicos como: identificação dos possíveis perigos, avaliação dos riscos, elaborar um pla− no de mitigação para anular a mate− rialização do incidente ou acidente, treinar as pessoas envolvidas e acima de tudo desenvolver a cultura de cui− dar uns dos outros. Com relação a perdas no proces− samento industrial, Leira destacou que elas ocorrem com maior incidência na fermentação, seguidas pelo bagaço e

Guilherme Leira

na sequência pelas perdas indetermi− nadas. Lembrando também das ocor− rências das águas residuárias, água dos multijatos, da lavagem de esteiras, tor− ta e destilação. Segundo Leira, boa parte dessas perdas pode ser reduzida, sem a elevação de custos, desde que haja um bom trabalho de gestão e planejamento das ações. “Tem gente que reclama que não tem dinheiro, que não dá para com− prar, que não sei o que, e quando vo− cê faz uma análise dentro da área in− dustrial, você começa achar pontos que não é possível que alguém não tenha visto aquilo. E eles são pontos que te trazem um ganho muito gran− de, que trazem o equilíbrio do pro− cessamento”, afirmou. Em tempos de redução de custos, a Usina São Domingos vem apostan− do na simplicidade, transparência e envolvimento dos profissionais, para manter a produtividade e o equilíbrio de suas receitas. Prestes a completar 69 anos, a São Domingos foi a primeira usina de açúcar da região de Catan− duva e ao longo desse período vem se destacando no desenvolvimento de processos sustentáveis em bioenergia. Segundo o diretor industrial, Luiz Antônio Magazoni, a usina bateu al− guns de seus recordes na safra do ano passado: 2.600.368 toneladas de moa− gem, com a produção de 230.000 to− neladas de açúcar, batendo também o recorde de produção de energia com 21.521 Mwh. Apesar desses dados po− sitivos, Magazoni adverte que a crise hídrica que se avizinha neste ano, com

certeza vai trazer muitas dificuldades. “Em 2021 tivemos uma chuva de re− posição em janeiro e fevereiro, e des− de março as águas se foram e ainda não voltaram, e estamos vivendo uma época seca. Uma das alternativas encontradas pela usina, foi a utilização de um co− quetel de enzimas, para melhorar a qualidade do produto. Quando a cana vem deteriorada para fazer a cristali− zação na fábrica é muito difícil. E a enzima nos permitiu operar bem no ano passado e terminar a safra legal. Em 2020 a companhia trabalhou com um índice de pureza da cana na casa de 86,10%. E até a segunda quin− zena de maio deste ano, o índice de pureza está em 83%. “Veja bem os

Luiz Antonio Magazoni

Luiz Paulo Sant'Anna

Coquetel de enzimas


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equipamentos são os mesmos, as pessoas são as mesmas, porém a pureza está três pontos percen− tuais abaixo e isso acaba afetando a qualidade. Com relação a nosso Mix, na segunda quinzena de maio do ano passado, estávamos com um Mix de açúcar de 67%, e nesse mesmo período deste ano ele caiu para 65%. Com a utilização da enzima, o diretor infor− ma que conseguiram manter no ano passado um bom nível de RTC, que também foi histórico, pois alcançaram 93,36%. “E estamos mantendo uma boa média também nessa quinzena de maio, em comparação ao mesmo período do ano pas− sado com 94,70%. Isso é resultado do envolvi− mento de toda a equipe. Estamos mantendo a maior constância possível, fazendo um trabalho bacana na lavoura no combate as impurezas, e en− fim todo esse comprometimento tem contribuí− do para que esses números estejam bons”, finali− zou Magazoni. Em sua apresentação o diretor geral da Ceva− sa, Luiz Paulo Sant'Anna, defendeu um planeja− mento das ações dividido em três setores: Estra− tégico, que envolve a alta administração e onde são abordados: visão da empresa, orientação ex− terna, ações de longo prazo, planos gerais e ob− jetivos genéricos. O Tático, que abrange gerente e supervisores, centrado nas principais ações do departamento, e por fim o Operacional, que in− clui os coordenadores, líderes e operadores, que trabalham com foco no curto prazo e busca de resultados específicos. “Não se consegue fazer gestão e trabalhar desafios, sem que haja o envolvimento de pes− soas, o que envolve além do aspecto técnico in−

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dustrial, também o emocional e comportamen− tal. O medo provocado pela pandemia deixou as pessoas muito vulneráveis emocionalmente. Estamos vivendo um período bem atípico. Vo− cê olha para Ribeirão Preto e tem lockdown. Você olha para Franca: lockdown.Você olha pa− ra Batatais: lockdown. Aí você olha para o nos− so time e fala: como é que você vai pegar toda aquele trabalho técnico planejado para fazer acontecer esses indicadores, se as pessoas estão lidando com isso. Pessoas com sentimentos, me− do e aflições”, elucidou. Diante desse cenário, o diretor comentou que o objetivo do trabalho comportamental foi de trazer mais equilíbrio, pensando na família que é o que realmente importa. Esse trabalho inclui ainda o aspecto religioso já que os colaboradores estavam sentindo falta do culto ecumênico, que deixou de ser feito para evitar aglomerações. E para preencher essa lacuna, esse trabalho foi di− luído em turnos. “Buscamos um trabalho voltado para a atenção total, como uma maneira de trazer um pouco de alento e conforto para as pessoas que estão realizando aquele plano de negócio que você tanto deseja”, afirmou. Segundo Sant'Anna, o programa inclui tam− bém um trabalho de simplificação dos dados de perdas para que todos possam se conscientizar pa− ra ter uma dimensão real. “Ao invés de passarmos dados percentuais, nós transformamos esses nú− meros em bens. Por exemplo, ao invés de infor− mar apenas o percentual 2.13, por exemplo, trans− formamos isso em equivalente a 194 cestas bási− cas. Para que os operadores possam assimilar os dados técnicos com mais facilidade”, conclui.


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Crise hídrica ameaça indicadores da safra 21/22 Apesar da perspectiva da elevação dos custos, a rentabilidade dos produtos traz esperança para os produtores

Avançando no debate sobre cus− tos, perdas e gestão agroindustrial em relação à safra 21/22, a 4ª Estratégica do JornalCanal, realizada no dia 9 de junho, reuniu um seleto grupo de profissionais e pesquisadores do setor sucroenergético para debater os im− pactos que já estão sendo sentidos pe− lo setor. O grupo formado por Eder Paz, da área de Controle e Qualidade da Usina São Domingos, Helton de Oliveira, gerente industrial da Usina Santa Adélia, João Rosa (Botão), pro− fessor e gestor de Novos Projetos do Pecege e a professora universitária na FCAV/Unesp, Márcia Mutton, deu prosseguimento ao segundo webiná− rio com essa mesma temática. Sob a mediação do jornalista e di− retor do ProCana, Josias Messias, o webnário contou com o patrocínio da AxiAgro; GDT by Pró−Usinas;HRC; Project Builder e S−PAA Soteica. Ao longo de sua explanação, Eder Paz, da Usina São Domingos, apresen− tou alguns números que apontam uma evolução na capacidade de moagem das usinas da região centro sul, em relação à safra 19/20. Passando de 590 para 605 milhões de toneladas, um aumento de 2,56%. Neste período também se regis− trou um aumento de 4.44% no ATR, que passou de 138,57 para 144,72 kg, o que possibilitou a operação das plantas industriais por mais tempo. Paz informou que o custo de uma

Eder Paz

planta de médio porte parada está em torno de 18 mil dólares a hora. Por is− so, é importante manter essa unidade processando, com utilização de 100% da sua capacidade instalada, como se diz no jargão manter a “planta topada”. O gerente industrial da Usina San− ta Adélia, Elton de Oliveira destacou que as ações da usina se baseiam no tripé: pessoas, estratégia e operações. Com 84 anos de existência a usina conta com duas unidades nas cidades de Jaboticabal e Pereira Barreto.A capaci− dade de produção na safra 2020/2021 foi de 137 mil toneladas de açúcar, 322 milhões de litros de etanol, além da co− mercialização de 58,8 MWh por tone− lada de cana de energia exportada, to− talizando uma moagem de 5,8 milhões de toneladas de cana. Em 2015 a usina dá início a im− plantação do programa de gestão VOAR (Valorizar a Operação e Au− mentar os Resultados), baseado no sistema Toyota de Produção. Um pro− grama muito focado no chão de fá− brica, sempre buscando a melhoria das operações. Através da implantação do pro− grama “Kaizen Tempo é Dinheiro” foram identificadas pelo menos 146 oportunidade de melhorias, sendo que muitas delas implantadas trazendo re− sultados bastante satisfatórios como: roteiro de inspeções preditivas; iden− tificação e padronização da manuten− ção preventiva; registro histórico de

parâmetros operacionais; padronização de ferramentas de manutenção; trei− namento de manutenção preditiva para operação; entre outros. Em 2021 a Santa Adélia foi uma das empresas finalistas da 5ª edição do prêmio Kai− zen Brasil, na categoria Excelência de Produtividade. Para o professor do Pecege, João Rosa, o Botão, a palavra desafiadora é a que melhor define a safra 21/22. Um dos detalhes que ele chama a atenção é que a quebra de safra, consenso ge− ral entre todos analistas, não será a mesma para todos. Uns deverão sentir mais e outros, sentirão bem menos. “A questão da quebra de Safra a gente vê nos grupos de WhatsApp, nos fóruns de discussão, ou mesmo em lo−

cais que a gente conversa né, a depen− der da região estão falando em índices de 15 a 20%. Eu também acho que a depender da região, esse número deve acontecer. Se você pegar realmente o noroeste Paulista, a região para cima de Rio Preto, ali em Araçatuba, entrando no Triângulo Mineiro, ali realmente eu acredito em algumas quebras mais acentuadas de Safra. devido a questão climática. Mas o que não pode acon− tecer é tomarmos a nossa situação co− mo um cenário para o setor com um todo, explicou.

Helton de Oliveira

João Botão Rosa

Márcia Mutton

Sistema Kaizen

Pecege prevê quebra Segundo Rosa, é importante ob− servar que algumas regiões não estão tendo quebra de safra. No Mato


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Grosso do Sul, em Assis e essa re− gião aqui mais do bico de Presi− dente Prudente, mais no bico do Estado de São Paulo. O pessoal aqui não está sinalizando por enquanto a questão de quebra de safra. Pelo contrário, você vai pegar algumas regiões aí, onde o pessoal tá moen− do 10, 15, até 20% a mais. Até em função disso é que o Pecege soltou um impacto de quebra de safra prevista, em torno de 5 a 6%, com uma previsão de moagem de 580 milhões de toneladas para o centro do Sul. Com relação ao aumento de custo de produção, a perspectiva é que ele fique entre 8 e 10%. Já os custos industriais devem subir na casa de 17%. O professor lembra, no entanto, que o que vale na verdade é a ren− tabilidade. Nós estamos em um ce− nário de preços, acho que jamais vistos.Extremamente atrativos do açúcar, etanol e bioeletricidade e nós estamos falando aqui, pelo me− nos no Pecege, de uma previsão em torno de R$ 1,00 por quilograma de ATR gente por exemplo traba− lhou com esse cenário aqui em abril um câmbio de 5,44 estão vendo câmbio melhor agora. “Nem tudo está ruim. Vai subir o custo? Sim vai, mas felizmente os preços estão subindo num patamar

maior. Imagina que nós estamos com ATR de R$1,00 por quilogra− ma e estava com 0,77 no fecha− mento da safra. Então é uma safra desafiadora em termos de custos, mas felizmente acredito que o setor vai colher bons frutos em termos de margem”, finaliza João Rosa. A professora da FCAV/Unesp, Marcia Mutton destacou aspectos que contribuem para a perda da qualidade da cana, comprometendo a produção. “Quando agrícola e in− dústria começam a se relacionar ocorrem perdas,e toda vez que nós experimentamos perdas, nós vamos ter um efeito negativo ou menor sobre as eficiências e com isso um aumento de custo do produto im− pactando no êxito da empresa”, ex− plica a pesquisadora. No processo de produção de cana além das reações fisiológicas normais: brotação, desenvolvimen− to do sistema radicular, perfilha− mento, crescimento, biossíntese e maturação, nós temos que conside− rar principalmente o florescimento e isoporização que são eventos muito importantes e que tem com− prometido a qualidade. De acordo com Márcia, ao lon− go dessa produção nós vamos ver que essa planta está sujeita a estres− ses que podem ser bióticos ou

abióticos. Nessa safra nós estamos observando especialmente a ação de dois fatores abióticos em especial falta de água e excesso de tempera− tura além disso a seca, junto com temperaturas elevadas, presença de níveis inadequados de nutrientes no solo e excesso de luminosidade co− mo a gente tem observado nesta safra são parâmetros que têm deter− minado a redução significativa na produção com qualidade. “Nós tivemos diferentes níveis de precipitação nas regiões produ− toras de cana em São Paulo no Ma− to Grosso, Goiás em algumas re− giões essa precipitação acumulada foi de 1.300 mm. Quando a gente observa a previsão e o que tem ocorrido na safra 21/22 nós vamos verificar que essa precipitação é da ordem de 882 mm sendo muito mais grave para algumas regiões”, esclarece Márcia.

Déficit pluviométrico Então nós vamos ver, por exemplo que na região de Ribeirão Preto a precipitação para a safra 20/21, está na ordem de 841mm então nós temos um déficit da or− dem de 500 milímetros mesmo ca− so de Piracicaba região próxima por exemplo da média do Estado de São Paulo de Jaú a Catanduva por

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exemplo com valor de um pouco menores então mostrando que essa diferença ela vai provocar essa mu− dança de comportamento de qua− lidade de matéria−prima e de pro− dutividade Então realmente não são todas as regiões que estão apresen− tando problemas com qualidade de matéria−prima algumas apresentam uma situação um pouco melhor. Então, quando consideramos essa cana chegando para ser proces− sada na indústria, nós vamos perce− ber que teremos uma cana com uma composição químico tecnoló− gica diferente variável, e não é para melhor. Então analisando a safra 21 22 Nossa observando quebra de produtividade em tonelada de cana por hectare que variam de 5 a 20% dependendo da região. Outro problema apontado por ela, é a densidade de cargas.“Quan− do eu levo uma cana isoporizada eu estou levando o maior volume e esse custo de transporte ele vai ser impactado porque eu estou jogan− do na moenda, uma cana que tem volume, mas que não necessaria− mente tá levando açúcar então a consequência é que é o transporte vai ser impactado, o volume de car− ga aumenta mais a qualidade da matéria−prima que chega na moenda não é a desejada.


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Biomassa pode gerar 1,8 mil GWh em energia adicional já em 2021 Neste ano, a capacidade seria algo em torno de 3.500 GWh de energia adicional Em um cenário de escassez de água nas usinas hidrelétricas nas re− giões Sudeste/Centro−Oeste do país, as usinas de cogeração a biomassa têm capacidade de gerar uma produção adicional de energia a curto prazo que vai além dos contratos vigentes nos mercados regulado e livre. Só neste ano, a biomassa consegui− ria atingir um total de 1.800 GWh de energia adicional, a partir de julho. Em 2022, este número pode chegar a 3.500 GWh. As estimativas são de levanta− mento realizado em conjunto pela As− sociação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) e a União da Indús− tria da Cana de Açúcar (UNICA). O estudo aponta que essa ener− gia adicional pode vir de pelo me− nos 100 empreendimentos. “Só em 2022, poderíamos gerar o equiva− lente e a um hidrelétrica de 800

MW em capacidade instalada”, ex− plica o presidente executivo da Co− gen, Newton Duarte. “A complementariedade às hidre− létricas é justamente uma das caracte− rísticas da cogeração movida a bagaço da cana. A produção das usinas ocorre justamente no chamado período seco das hidrelétricas, entre abril e novem− bro. Nesses meses, quando as hidrelé− tricas não conseguem armazenar água,

é justamente quando as usinas a bio− massa atingem o pico de sua produ− ção”, destaca o presidente da Cogen. “É válido lembrar que a cogeração a biomassa de cana−de−açúcar tem contribuído para uma economia de 15 pontos percentuais no nível dos reser− vatórios das hidrelétricas do subsiste− ma Sudeste/Centro−Oeste, que re− presenta o principal mercado consu− midor do país”, ressalta Leonardo Caio Filho, diretor de Tecnologia e Regu− lação da Cogen. Em diálogo com o governo, a Co− gen e a UNICA prepararam um estu− do sobre como o setor de biomassa poderia contribuir para elevar a oferta energética e mitigar as dificuldades do país com a falta de chuvas, que reduz a capacidade de geração hidrelétrica. A sondagem foi feita com algumas das principais usinas de cana−de−açúcar, que responderam se teriam condições de ampliar a oferta no atual cenário de escassez de energia hídrica. No país, a cogeração conta com 627 usinas com 19,01 GW de capaci− dade instalada — o que corresponde a mais de 10,8% matriz elétrica brasilei−

ra (175,7 GW) e equivale a 1,36 usi− nas hidrelétricas de Itaipu (14 GW). Deste total, 62,4% representam a cogeração a partir do bagaço da cana− de açúcar. Já cogeração movida a gás natural ocupa uma fatia de 16,6%. Em terceiro, com 14%, está o licor negro (subproduto do processo de trata− mento químico da indústria de papel e celulose). Outras fontes completam o quadro. A cogeração em operação comer− cial no Brasil teve um incremento de 115,3 MW de fevereiro maio de 2021, entre novas usinas e ampliações de ca− pacidade instaladas. No ranking por unidades da federação, o Estado de São Paulo lidera a lista com 249 usinas e 6.940 MW instalados, perfazendo 36% do total nacional. Em segundo está o Mato Grosso do Sul, com 28 usinas e 1.891 MW insta− lados, correspondendo a 9,4% do país. Entre os cinco setores industriais que mais usam a cogeração estão o Sucroe− nergético (11.893 MW), Papel e Ce− lulose (2.515 MW), Petroquímico (2.275 MW), Madeireiro (766 MW) e Alimentos e Bebidas (624 MW).




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