JornalCana 258 (Julho/2015)

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JC 258

6/27/2015

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Julho 2015

PESQUISA & DESENVOLVIMENTO

Empresas mais ousadas valorizam desenvolvimento tecnológico Algumas unidades e grupos entendem que investimento em inovação é uma saída para a superação da crise Apesar dos baixos investimentos em inovação, o setor conta com unidades e grupos que realizam um trabalho de desenvolvimento tecnológico mais ousado. Essas empresas – que representam 20% do total avaliado no estudo do Nagise – têm pessoal próprio que atua na gestão de inovação, realiza investimentos sistemáticos nessa área e usam o tema da inovação em seu planejamento, constata Sergio Salles Filho. Entre as empresas envolvidas com a gestão da inovação, a metade delas apresenta um comportamento ainda mais ousado, entendendo que a crise no setor se resolve justamente com mais investimentos nessa área – revela o coordenador da pesquisa. “Fazem aquilo que a gente chama de ‘correr para frente’. Percebendo o momento mais difícil, acabam ampliando os investimentos para obter lá na frente ganhos de produtividade e

aumento da eficiência. E vão buscar na inovação, justamente, a saída para a crise”, ressalta. Segundo ele, há um conjunto de empresas – que representa aproximadamente 40% do total avaliado – que está começando a entrar nesse assunto, mas não possui nada estruturado. Existe ainda outro conjunto de 40%, que não realiza nenhum trabalho nessa área. “O primeiro contato dessas empresas com o sistema de gestão da inovação ocorreu, justamente, com o estudo do Nagise”, afirma. O Núcleo tem feito inclusive um trabalho com algumas usinas que estão interessadas em iniciar atividades ou investir mais na área de inovação – informa. Diversos motivos explicam a resistência de parte das empresas do setor à inovação. Algumas delas apresentam um perfil mais conservador. Nos últimos anos, as dificuldades econômicas também afetaram as iniciativas nessa área. “Em um momento de crise, quando as margens das empresas se estreitam muito, há um corte de custos e de investimentos”, observa. (RA)

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Pesquisas incluem novos modelos de negócio As empresas mais ligadas à questão da inovação apresentam atividades distintas nessa área. Existem aquelas que são compradoras de novas tecnologias, as que desenvolvem trabalhos em parceria com centros de pesquisa – exemplo disso ocorre na área de melhoramento genético da cana – e até as que são mais inovadoras, investindo no etanol de segunda geração e em novos modelos de negócios, de acordo com Sergio Salles Filho. Outras unidades e grupos, em função da crise do etanol, acabaram investindo no tema energia elétrica e no desenvolvimento de novos produtos. “Encontramos algumas empresas que reduziram a dependência da dobradinha açúcar e etanol, apostando na diversificação da produção e buscando produtos de alto valor agregado”, afirma. Entre os principais gargalos tecnológicos no setor, ele destaca as demandas da área agrícola que representa em torno de 70% dos custos de produção da atividade sucroenergética. “Os níveis de produtividade da cana, embora tenham melhorado no Brasil nos últimos vinte anos, ainda são baixos”, enfatiza. Segundo ele, há também um conjunto de inovações não tecnológicas, que são as mudanças organizacionais, gerenciais, de comercialização, logística, marketing, entre outras, que também podem elevar os níveis de eficiência e de desempenho nas empresas. “Essas inovações são importantes e relativamente baratas, exigindo investimento basicamente em capital humano. A maioria delas não é adotada”, diz. (RA)


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