JornalCana 258 (Julho/2015)

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Ribeirão Preto/SP

Julho/2015

Série 2

Nº 258

R$ 20,00

Nova levedura eleva rendimento médio da fermentação em 5% Insumo MSB foi determinante no aumento da fermentação alcoólica em 6,9% na Itapecuru Bioenergia, de Aldeias Altas, MA

Teresa Cristina Vieira Possas comemora o feito, entre o químico Odevaldo Martins e o gerente industrial da unidade, Nelson Ferreira de Melo Jr.


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ÍNDICE DE ANUNCIANTES

Junlho 2015

Í N D I C E ACESSÓRIOS INDUSTRIAIS FRANPAR

COMPONENTES ELÉTRICOS

16 21334385

24

16 35189001

7

ACIONAMENTOS ZANINI RENK

16 39474732

66

AÇOS FRANPAR

16 21334385

81 34718543

20

CONSULTORIA FINANCEIRA E INVESTIMENTO FINBIO

16 32369200

16 35124310

IRBI MÁQUINAS

GRÁFICA

18 36315000

57

16 33039796

62

FEALQ

19 34176600

32

REED ALCANTARA

11 30605000

59

GERHAI

19 34562298

55

CITROTEC 35

44

FERTILIZANTES

17 35311075

3

34 32935100

50

19 34234000

11 47727610

47

17

AUTHOMATHIKA SOTEICA

16 35134000 16 35124310

6 43

DWYLER

11 26826633

33

BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS VIBROMAQ

16 39452825

46

16 30198110

14

19 16 16 19

34343433 35138800 35110100 34343433

36 44 19 36

CARRETAS ALFA TEK

17 35311075

3

CARROCERIAS E REBOQUES RODOTREM SERGOMEL

18 36231146 16 35132600

56 13

16 39452825

46

COLETORES DE DADOS MARKANTI

MC DESINFECÇÃO

DISTRINOX

16 39413367

4, 68

61

ACTIOIL

81 34718543

20

SIMISA ZANINI RENK

11 30432125

16 35124310

39

41 37790060

28

16 35124310

16 39698080

17 32791200

16 21051200

16 21051200 16 35189001

45

62 30883881

ENGETUBO ENGEVAP

60

19 34343433 16 35138800

23

23 7

SOCIUS

16 35124310

41

SOTEICA

16 35124310

43

SOLDAS INDUSTRIAIS COMASO ELETRODOS

16 35135230

26

MAGÍSTER

16 35137200

9

18 36315000

57

SONDAS OBLÍQUAS IRBI MÁQUINAS

SUPRIMENTOS DE SOLDA COMASO ELETRODOS

16 35135230

26

VOESTALPINE BOHLER 11 56948377

40

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 18 36212182

11

DMB

16 39461800

21

TESTON

44 33513500

2

TRANSBORDOS 61

36 44

UBYFOL

34 33199500

PROBOILER

19 34343433

36

PENEIRAS ROTATIVAS

SANARDI

17 32282555

34

VIBROMAQ

16 39452825

ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL

PLANTADORAS DE CANA

ENGEVAP

16 35138800

44

DMB

ETEC ENGENHARIA

34 33346400

4

PROBOILER

19 34343433

36

10

FIBRAS DE VIDRO

PROSUGAR 16 36261531

8

FUNDIÇÃO SIMISA

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS

16 21051200

23

GASIL

81 34718543

16 39466610

20

SCHAEFFLER

19 38129119

AGAPITO

16 39462130

ENGETUBO

19 34343433

VALLOUREC 21

27

12

66

36 51

TUBOS E CONEXÕES APERAM

11 38181821

63

FRANPAR

16 21334385

24

VÁLVULAS INDUSTRIAIS

REDUTORES INDUSTRIAIS BOSCH REXROTH ZANINI RENK

VLC

TUBOS DE CONCRETO 46

11 21195600 16 35189001

42 7

15 33352432

53

FOXWALL

11 46128202

18

FRANPAR

16 21334385

24

VEDAÇÕES E ADESIVOS

ROLAMENTOS

GASES INDUSTRIAIS 6

5

PRODUTOS QUÍMICOS PETROFISA

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

16 39461800

TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES

TROCADORES DE CALOR

NUTRIENTES AGRÍCOLAS

16

16 35134000

38

MONTAGENS INDUSTRIAIS

19 37562755

AUTHOMATHIKA

46

MONTAGENS DE ADUTORAS E RESERVATÓRIOS IRRIGA ENGENHARIA

41 36417200

SOFTWARES

CPFL SERVIÇOS

11 33563100

EMG DO BRASIL

SOLINFTEC 15

67

SEGURANÇA EMPRESARIAL

MOENDAS E DIFUSORES

ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA E SERVIÇOS

ANSELL

CENTRÍFUGAS VIBROMAQ

BASF

MSBIO

SIMISA

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

CALDEIRAS ENGETUBO ENGEVAP HPB ENERGIA PROBOILER

62

DESINFECÇÃO INDUSTRIAL

CALCÁRIO CALCÁRIOS ITAÚ

16 33039796

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO

62 30883881

MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

DECANTADORES GASIL

21

LEVEDURAS

GRUPO FERRANTE

COZEDORES CITROTEC

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

IRRIGA ENGENHARIA

SÃO FRANCISCO SAÚDE 16 08007779070

SECADORES INDUSTRIAIS

16 39461800

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

ARTIGOS DE BORRACHA VEYANCE TECH

DMB

37

CORRENTES INDUSTRIAIS PROLINK

49

LUBRIFICANTES

ÁREAS DE VIVÊNCIA ALFA TEK

SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS 16 21014151

IRRIGAÇÃO

FEIRAS E EVENTOS

GEOCICLO

SÃO FRANCISCO

IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS

EVAPORADOES

CONSULTORIA E ENGENHARIA AGROINDUSTRIAL EVOLUTION

A N U N C I A N T E S

ESTEIRAS TRANSPORTADORAS 38

CONSULTORIA CONTÁBIL E TRIBUTÁRIA

24

ANTI-INCRUSTANTES GASIL

11 28701000

DIRETRIZ CONSULTORES 16 35124310

ACOPLAMENTOS VEDACERT

APS

D E

VEDACERT

16 39474732

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CARTA AO LEITOR

Julho 2015

carta ao leitor

índice Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 e 8 Cana Rápidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Giro do Setor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 Cana Livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12 e 14 Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 e 17

Safra destinada ao hidratado reflete bom momento do etanol

Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . . .18 a 24

Diretriz tributária é fundamental para a competitividade das usinas

Melhoria contínua requer otimização de processos e redução de custo

Corte de executivos cresce no setor

Usinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 a 34

Irrigação dá um refresco para preocupação climática

ESQUECERAM DE MIM

Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36 a 48

Nova levedura aumenta rendimento da fermentação

Retrofit gera diversos benefícios para a cadeia sucroenergética

ENERGIA DE SOBRA

Setor em Destaque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50

Usinas Cruangi e Pedroza são reativadas em Pernambuco

Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .52 Pesquisa & Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . .54 e 55

Baixos investimentos em inovação têm reflexos na produtividade

Ação Social & Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . .56 a 60

Estudo aponta benefícios da redução da alíquota do ICMS de São Paulo

Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62 e 63

Tendência é o desaparecimento do pequeno fornecedor

Saúde & Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .64

5

Falta de plano diretor de segurança expõe empresas a riscos

Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . . .64 e 65

NADA SERÁ DE NOVO “O que é, já foi; e o que há de ser, também já foi; e Deus pede conta do que passou. (Livro bíblico de Eclesiastes 3:15)

Josias Messias

josiasmessias@procana.com

Nada mais será como antes “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”. A canção de Lulu Santos celebrizada por Tim Maia nunca foi tão atual, especialmente quando o tema em questão é gestão de pessoas e de empresas no Brasil. E isto em todos os setores. No caso do sucroenergético, o que está claro é que estamos passando por uma profunda mudança produtiva, proveniente de transformações geradas na conjuntura econômica, no ambiente e nos meios de produção. A mudança mais evidente está no campo, manifestada pela mecanização das operações e suas consequências ainda não totalmente equacionadas, inclusive na indústria. Traz consigo a adaptação ao ambiente produtivo de duas espécies das quais as usinas são altamente dependentes. Tendo um genoma que chega a ser três vezes maior do que o humano, com o agravante de que, em vez de duas cópias de cada cromossomo, há de oito a doze cópias, nem sempre iguais, a saccharum officinarum demonstra ser um organismo complexo e que ainda está longe de “moldar-se” aos padrões desenvolvidos pelos esforços humanos. A segunda espécie é a recentemente denominada pela presidenta como “homem e mulher sapiens”, cujas relações de trabalho vêm oscilando entre o conservadorismo rural e o moderno modelo “free lancer”, apadrinhado pelos incentivos sociais e estimulado pelo aquecimento em outros setores da economia, situação que agora, em tempos de ajuste fiscal, tende a se reverter... Exatamente a alta exposição a estas duas espécies vivas e a fatores complexos e de baixo controle, como clima e mercado de commodities, nos conduzem à quebra de alguns paradigmas no setor, como o conceito de que uma usina é uma empresa simples de gerir. Hoje, os investidores e grupos estrangeiros são os primeiros a reconhecer uma usina como empreendimento de altíssima complexidade, mais exigente do que as indústrias de alta tecnologia, automotiva e petroquímica. Mais do que palavras de um político, os números demonstram que os produtores brasileiros de açúcar e etanol são, de fato, verdadeiros heróis e teriam enorme êxito em qualquer outra atividade econômica. Enfim, são tempos de transformação e mudanças de paradigmas estão evidentes. As empresas e pessoas que estão se adequando melhor a este novo cenário e às dificuldades são aquelas que assumem as mudanças como inevitáveis e antecipam meios de se adaptar e tirar proveito delas. Prosperarão apenas aqueles que estão dispostos a atuar neste novo ambiente mantendo o foco nos resultados, mas sempre receptivos à inovação. Afinal, quase nada mais será como antes.

NOSSOS PRODUTOS DIRETORIA

O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br

NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroenergético de informações relevantes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e organizar eventos empresariais visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor (humano, socioeconômico, ambiental e tecnológico); Democratizar o conhecimento, promovendo o

intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que propicie

parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.

Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Controladoria Mateus Messias presidente@procana.com.br Eventos Rose Messias rose@procana.com.br Marketing Digital Lucas Messias lucas.messias@procana.com.br

www.jor nalcana.com.br

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Editor Luiz Montanini - editor@procana.com.br Editor de Arte - Diagramação José Murad Badur Arte Gustavo Santoro Revisão Regina Célia Ushicawa Jornalismo Digital Alessandro Reis - editoria@procana.com.br

Gerente Administrativo Luis Paulo G. de Almeida luispaulo@procana.com.br Financeiro contasareceber@procana.com.br contasapagar@procana.com.br

PÓS-VENDAS Thaís Rodrigues thais@procana.com.br

Comercial Gilmar Messias 16 8149.2928 gilmar@procana.com.br Leila Milán 16 9144.0810 leila@procana.com.br Matheus Giaculi 16 98142.8008 matheus@procana.com.br

ASSINATURAS E EXEMPLARES (16) 3512-4300 www.loja.jornalcana.com.br atendimento@procana.com.br

PUBLICAÇÕES

EVENTOS

JornalCana - O MAIS LIDO! Anuário da Cana Brazilian Sugar and Ethanol Guide A Bíblia do Setor! JornalCana Online www.jornalcana.com.br BIO & Sugar International Magazine Mapa Brasil de Unidades Produtoras de Açúcar e Álcool

Prêmio MasterCana Tradição de Credibilidade e Sucesso Prêmio BestBIO Brasil Um Prêmio à Sustentabilidade Fórum ProCana USINAS DE ALTA PERFORMANCE SINATUB Tecnologia Liderança em Aprimoramento Técnico e Atualização Tecnológica

Artigos assinados (inclusive os das seções Negócios & Oportunidades e Vitrine) refletem o ponto de vista dos autores (ou das empresas citadas). JornalCana. Direitos autorais e comerciais reservados. É proibida a reprodução, total ou parcial, distribuição ou disponibilização pública, por qualquer meio ou processo, sem autorização expressa. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal) com pena de prisão e multa; conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122, 123, 124, 126, da Lei 5.988, de 14/12/1973).


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AGENDA

Junlho 2015

A C O N T E C E FENASUCRO Considerada a maior feira do setor sucroenergético, a 23ª Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética (Fenasucro), acontecerá durante os dias 25 a 28 de agosto em Sertãozinho (SP). Local de encontro de usinas e empresas de mais de 40 países, a Fenasucro movimentou mais de R$ 2,2 bilhões no ano passado e atraiu cerca de 33 mil visitantes, que conferiram as novidades apresentadas pelos 550 expositores. Expositores e visitantes podem consultar o site para maiores informações: www.fenasucro.com.br

USINAS DE ALTA PERFORMANCE Evento que reconhece as soluções e inovações no setor, o Fórum Usinas de Alta Performance acontecerá no dia 15 de outubro, em Ribeirão Preto (SP). No encontro serão apresentados os casos de sucesso na implantação de ações que facilitem a rentabilidade e competitividade das usinas no curto prazo. A última edição do evento contou com a participação de 20 usinas e grupos.

PRÊMIO BESTBIO

PRÊMIO MASTERCANA 2015 As edições do Prêmio MasterCana em 2015 já estão definidas. No dia 24 de agosto, em Ribeirão Preto (SP), acontece o Prêmio MasterCana Centro-Sul, que tradicionalmente antecede a Fenasucro. No dia 24 de setembro, em São Paulo (SP), acontece o Prêmio MasterCana Brasil. As premiações serão encerradas no dia 19 de novembro, em Recife (PE), com o Prêmio MasterCana Nordeste. Em 2014 o Prêmio MasterCana reuniu em cada edição cerca de 200 personalidades, com 40 premiações. Realizados desde 1988, os eventos MasterCana reúnem representantes de mais de 2/3 da produção brasileira, em momentos de celebração e network diferenciados. Informações através do fone:(16) 3512 -4300 ou e-mail: eventos@procana.com.br

Em paralelo ao Forúm Usinas de Alta Performance, no dia 15 de outubro, acontece o Prêmio BestBIO. A premiação é uma iniciativa independente que incentiva à sustentabilidade através da divulgação e reconhecimento dos melhores cases da bioeconomia brasileira, com ênfase no desenvolvimento e geração de energias limpas e renováveis.

VII SIMPÓSIO TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR Piracicaba (SP) recebe durante os dias 15 a 17 de julho a sétima edição do Simpósio Tecnologia de Produção de Cana-de-açúcar, promovido pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). O evento abordará todo o fluxograma de produção da canaaçúcar, citando os principais desafios e as novidades para otimização da produtividade agrícola. Em 2013 o simpósio contou com 300 participantes. Para esta edição, que conta com mais de 20 palestras durante os três dias do evento, a expectativa é superar o número de inscritos. Mais informações no site: www.simposiodecana.com


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AGENDA

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PRÊMIO MASTERCANA

Na edição 2014 Marina Silva foi uma das homenageadas

Setor prepara-se para as três festas de premiação do MasterCana Toda a cadeia produtiva sucroenergética começa a se preparar para as três cerimônias de entrega do Prêmio MasterCana 2015. A cada ano o MasterCana reúne nos três eventos – Centro-Sul, Norte/Nordeste e Brasil – em torno de 75% da cadeia produtiva sucroenergética nacional para a festa. Composto por empresários, usinas, grupos e os principais players, o principal objetivo do MasterCana Brasil é destacar os mais influentes do setor em âmbito nacional e reconhecer seus méritos. Nessa edição, entendendo a importância do Prêmio MasterCana, a empresa TGM optou pelo patrocínio Master, tornando-se co-

realizadora do evento. As empresas: Sanardi Engenharia, São Francisco Gráfica, CPFL Brasil, Authomathika e Ubyfol são patrocinadoras Standard. O Prêmio tem apoio da empresa Markanti. No dia 24 de agosto, no Espaço Golf em Ribeirão Preto SP, será realizado o primeiro evento, o MasterCana Centro-Sul. Na solenidade, haverá premiação de personalidades, empresários e executivos de usinas, empresas fornecedoras e grupos produtores. A premiação é o evento que abre a Fenasucro & Agrocana 2015, o maior evento técnico-comercial do setor no mundo. Usinas que apresentarem os melhores

cases e indicadores administrativos e produtivos serão premiados com o troféu MasterCana Desempenho. Já as companhias do setor que apresentaram os melhores cases e indicadores nas áreas de responsabilidade socioambiental e gestão de pessoas, receberão o troféu Mastercana Social, oferecido em parceria com o Gerhai – Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria. A premiação e grande festa do MasterCana Brasil acontecerá em 24 de setembro, em São Paulo. Os troféus aos premiados no Nordeste serão entregues também em noite de gala, no Recife, em 19 de novembro. (Veja o serviço completo nesta página).

MasterCana Centro-Sul (Desempenho/Social) Dia 24/08/2015 Local: Espaço Golf Festas e Eventos Rodovia Dr. Antônio Duarte Nogueira, Km 316, Anel Viário/Contorno Sul Ribeirão Preto-SP. MasterCana Brasil Dia 24/09/2015 Local: Centro de Eventos São Paulo Center Av. Lineu de Paula Machado, 1088, São Paulo - SP. MasterCana Norte/Nordeste Dia 19/11/2015 Local: Spettus Steak House Av. Engenheiro Domingos Ferreira, 1500 - Boa Viagem, Recife – PE Maiores informações: rose@procana.com.br Fone: 16 3512-4300


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CANA RÁPIDAS

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Holding da CMAA aproveita ao máximo sua área e logística Desde 2006 a holding da CMAA atua por meio de três usinas no Triângulo Mineiro utilizando a cana-de-açúcar como principal matéria-prima para a produção de etanol, açúcar e cogeração de energia elétrica. Nas três unidades da CMAA, todas as áreas do plantio da cana-de-açúcar são colhidas mecanicamente. Com utilização de máquinas de alta tecnologia, não fazem uso da queima dos canaviais para a colheita. Pelo fato das áreas de cultivo estarem próximas das usinas, o custo da logística e transporte é reduzido permitindo o processamento da cana-de-açúcar em uma média de 2 horas após a colheita, o que maximiza a extração do açúcar. As usinas possuem também um leque de vantagens. O solo é altamente fértil, clima favorável ao plantio e relevo topográfico propício à colheita mecanizada; a localização privilegiada próxima a uma importante malha rodoviária e grandes centros consumidores de combustível. Isso proporciona para as usinas da CMAA um senso maior de segurança e estabilidade econômica. Visando garantir a produtividade, a manutenção da qualidade do solo e a geração de novas oportunidades para a região, a CMAA adota o ciclo de plantio que permite a renovação de 20% das áreas de plantio a cada safra, que acontece entre o quinto e o sexto corte, com a plantação de soja, amendoim, entre outras culturas de ciclo. A primeira unidade, a Usina Vale do Tijuco, está localizada no município de

Área externa da Usina Vale do Tijuco

Uberaba, opera desde 2010, devido à proximidade de centros consumidores de combustível, possui uma boa logística, tornando-a mais competitiva no setor. Desde o início, a unidade não utiliza da queima de palha em suas lavouras. A Usina Uberlândia

e a Usina Floresta dos Lobos, são outras duas unidades que estão em fase de implantação e pré-operação, e darão mais ênfase na cogeração de energia elétrica em suas atividades. Na safra 2014/2015 a Usina Vale do

Tijuco moeu mais de 2,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, produzindo 95,9 m³ de etanol e 155.220 toneladas de açúcar. Veja dados completos da usina no Anuário da Cana 2015. (www.anuariodacana.com.br)


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GIRO DO SETOR

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FSC obtém lucro de US$ 15 milhões no triênio Após dois anos em silêncio e prejudicada pela instabilidade do setor, a Fiji Sugar Corporation (FSC) divulga seus resultados financeiros ao mercado. E surpreende ao apresentar um somatório de US$ 15 milhões aos caixas da companhia durante o triênio de 2012 a 2014. Apresentado esta semana aos investidores da FSC, os resultados financeiros da companhia registram lucro de exatos US$ 15,004 milhões, valor acumulado durante o período de 2012 a 2014. A FSC acalma os ânimos do mercado, que resolveu permanecer os últimos dois anos sem abrir suas contas. Dados que agora mostram certa estabilidade da FSC.

Abdul Khan, presidente da FSC

Em 2012 o lucro da empresa atingiu apenas US$ 1,804 milhão, cenário revertido nos últimos dois anos, com lucro registrado de US$ 6,254 milhões em 2013 e US$ 6,946 em 2014.

Conforme informou a companhia, o silêncio foi necessário para evitar que shareholders fossem colocados em posição delicada. Atualmente o governo de Fiji é acionista

China aposta em irrigação para elevar produção de açúcar

Godavari Biorefineries capta US$ 15 milhões para construção de usina A companhia indiana Godavari Biorefineries captou cerca de US$ 15 milhões para expansão de seu portfólio de produtos à base de cana-de-açúcar. A intenção da companhia é fortalecer a entrada de capital através de produtos com viés sustentável. O enfoque é expandir a produção de compostos químicos oriundos do etanol, como o paraldeído, crotonaldeído, acetato de etila e acetaldeído. O montante foi adquirido através de fundo administrado pela Mandala Capital. A primeira etapa desta expansão consiste na construção de uma nova usina, destinada a produção destes produtos químicos e etanol. Na unidade haverá um centro de pesquisa e desenvolvimento com enfoque em otimizar a produção sucroenergética. Composta por três usinas que somam produção anual de 70 milhões de litros de etanol, a nova unidade da Godavari Biorefineries reforçará o atual posto de maior produtor de etanol na Índia.

majoritário da companhia, com 68% das ações da FSC, seguido pela Fiji National Provident Fund e Fijian Holdings. O próximo desafio da companhia será receber o preço máximo para o açúcar demerara em 2017, quando as cotas para o açúcar na União Europeia terminam. Visando driblar o impacto desta medida, a FSC planeja exportar sua produção para os Estados Unidos, Oriente Médio e Japão. A companhia também aposta na diversificação de sua produção para aumentar sua renda. Estão no calendário da FSC a implantação de cogeração, a construção de uma refinaria de açúcar e uma unidade para produção de embalagens.

Projeto está orçado em US$ 1,5 bilhão

Moçambique construirá usina com dinheiro do Kuwait A kuwaitiana Al-Bader International Development Company anunciou investimento de US$ 1.5 bilhão para implantação de unidade produtora de etanol em Moçambique. A usina será construída no distrito de Massingir, localizado no interior da província de Gaza. Conforme informado pelo porta-voz

da Al-Bader, Ali Mahmoud. Segundo o executivo, as obras estão previstas para começar em três meses. Em projeto paralelo, a Al-Bader pretende construir uma indústria para produção de carvão liquefeito. Orçada em US$ 13 bilhões, a unidade será implantada na província moçambicana de Tete.

O segundo maior importador de açúcar do mundo está interessado em aumentar a produção interna da commodity. Preocupada com a demanda doméstica crescente e a baixa tecnologia da atividade canavieira no país, a China vê na irrigação uma possibilidade de conciliar desenvolvimento e produtividade. Guangxi, região chinesa com expressiva tradição canavieira, possui apenas 6% de seus canaviais com algum manejo de irrigação. Segundo relatório elaborado pela National Development and Reform Commission (NDRC), a região precisa elevar este número para 36%, o que possibilitaria a produção de até 75 toneladas por hectare. O atual cenário do setor é desanimador para fornecedores, que preferem realizar a transição para outras culturas a enfrentar as dificuldades produtivas da cana-de-açúcar. Segundo estimativas, a demanda doméstica chinesa pelo açúcar deve alcançar 18 milhões de toneladas em 2020, com possível déficit produtivo de 3 milhões de toneladas. Por esta razão a NDRC adotou como meta implantar a irrigação em 39% dos canaviais das regiões de Guangxi e Yunnan, atualmente estas regiões somam apenas 9%


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Meio ambiente por inteiro

Projeto da Raízen chega às escolas de Barueri

Durante os dias 3 a 12 de junho a Odebrecht Agroindustrial celebrou a Semana do Meio Ambiente com uma série de ações voltadas à destinação adequada de resíduos sólidos. O objetivo foi promover a consciência ambiental e a mudança de comportamento nas comunidades onde a empresa atua. Uma das ações realizadas foi o Cine Energia Social, que exibiu filmes com a temática ambiental para mais de três mil pessoas em todos os municípios atendidos. A empresa também organizou o plantio

de mudas nativas nas escolas municipais de Mineiros (GO) e Perolândia (GO), realizadas pela equipe de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (SSMA) da Odebrecht Agroindustrial do Polo Araguaia. Já em Mirante do Paranapanema (SP), a atividade foi realizada na Oficina Automotiva da Unidade Conquista do Pontal. O Polo Taquari, que engloba as cidades de Costa Rica (MS) e Alto Taquari (MT), teve atividades esportivas, como trilha e cicloturismo, além de um carro-safari, ambas realizadas no Parque Nacional das Emas.

Histórias que ganham o mundo Através do patrocínio da Raízen, a Editora Horizonte levou para as escolas do município de Barueri (SP) a segunda edição do projeto Histórias que Ganham o Mundo. Destinado a alunos e professores, o trabalho tem o objetivo de estimular a produção de textos e ilustrações sobre a crônica, estilo narrativo utilizado na literatura e jornalismo. Os dois melhores trabalhos de cada escola, selecionados por comissão julgadora, irão integrar o livro sobre este projeto, que terá tiragem aproximada de três mil exemplares. Para ajudar os alunos na elaboração dos

trabalhos, uma oficina sobre o tema foi realizada para os professores das escolas participantes. Durante o encontro foram debatidas formas de abordar o tema, os critérios para a seleção dos melhores trabalhos, métodos de construção de textos e ilustrações, entre outros assuntos relacionados ao projeto. “Os professores serão os multiplicadores do conhecimento oferecido por esta edição do projeto. O trabalho em conjunto com os profissionais da educação é fundamental para o sucesso das ações da Fundação Raízen”, explica Lucia Teles, gerente de responsabilidade social da Raízen.

Odebrecht Agroindustrial celebra o ambiente em 4 estados do Brasil

Viva o Peixe

Consciência ambiental

Em comemoração ao dia mundial do meio ambiente, o Grupo Barralcool realizou no dia 5 de junho mais uma edição do tradicional projeto “Viva o Peixe”. Durante o evento, que contou com a participação da diretoria, gerentes e gestores do grupo, a Lagoa Azul recebeu 5 mil alevinos. As crianças do projeto Doce Vida foram responsáveis pela soltura destes peixes. Esta foi a quinta edição do projeto, que antecede a Fest Bugres, festa que ocorre em Barra do Bugres (MT) às margens do rio Paraguai. Realizada no dia 7 de junho, a festa contou com estande do grupo, que distribuiu para a população algodão doce e refrigerantes. Como forma de incentivar o evento, a Barralcool doou um barco para

Para assegurar que os conceitos de sustentabilidade não fiquem restritos apenas à produção sucroenergética, a Usina Coruripe, de Maceió (AL), realiza uma extensa campanha de conscientização ambiental com seus colaboradores, para que estes adotem rotinas mais sustentáveis no dia a dia. Intitulada como Desperdício Zero, a campanha tem foco em evitar o desperdício de água e energia. Para tal, o grupo instalou em interruptores, monitores e ar-condicionados adesivos para alertar sobre a importância de desligar aparelhos que não estão em uso. Engajada no uso eficiente de água, a usina instalou redutores em mais de 1.800 torneiras. Com a iniciativa, a Coruripe pretende reduzir em até 30% o consumo de

Barralcool promove 5ª edição do projeto e apoia Fest Bugres

premiar o terceiro colocado do festival de pesca, além de 20 bolsas, que foram distribuídas pelos realizadores do evento.

água. “A iniciativa começou aqui dentro da Coruripe e queremos replicá-la lá fora. O redutor é uma excelente ferramenta na economia de água, principalmente na atual crise hídrica que estamos passando. Por meio de pequenas atitudes como essa atingiremos grandes resultados”, afirma Allan Pedrosa, coordenador de sistema de gestão integrada.


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Carlos Eduardo de Freitas Vian e Eliana Tadeu Terci, organizadores do Seminário

Esalq revisita os 40 anos do Proálcool Foi realizado no último dia 22 de junho na Esalq, em Piracicaba, SP, o seminário “40 anos do Proálcool: Limites, Potencialidades e Desafios para a Agroindústria Canavieira e o Desenvolvimento Local”. O evento foi organizado pelo pesquisador

Carlos Eduardo de Freitas Vian. A mestre em economia da Esalq, Eliana Tadeu Terci, coordenou a primeira bancada, composta por professores de economia. Eles discorreram sobre as perspectivas da agroindústria canavieira e seu desenvolvimento local. A

segunda bancada foi coordenada pelo pesquisador do IPEA Gesmar Rosa dos Santos. Nela, os pesquisadores avaliaram os limites, potencialidades e desafios do etanol. Na próxima edição, o JornalCana publicará a cobertura do evento.

Além de rei da soja, Olacyr foi ‘rei da cana’ Conhecido como rei da soja, o empresário Olacyr de Moraes, que morreu aos 84 anos na madrugada do dia 16 de junho em São Paulo, foi também em certo período, o ‘rei da cana-de-açúcar’. A partir de 1980, no Chapadão dos Parecis, no município de Nova Olímpia (MT), Moraes empreendeu a Usinas Itamarati S/A, dona de aproximadamente 100 mil hectares de terras no estado do Mato Grosso. Sozinha, a usina chegou a processar 7 milhões de toneladas de cana por safra, que resultaram em mais de 6,3 milhões de sacos de açúcar, 211 milhões de litros de álcool anidro e 128 milhões de litros de álcool hidratado, tornando-

se assim a primeira empresa no mundo em quantidade de cana esmagada por safra. A morte do empresário foi devido a um câncer de pâncreas que, segundo o site oficial de Moraes, foi descoberto no início de 2014. Ele ficou conhecido como ‘O Rei da Soja’ porque se tornou o maior produtor mundial do grão no mundo. “Durante sua carreira chegou a ter mais de 40 empresas nos setores de construção civil, agrícola e exploração de minérios”, diz o site do empresário. Atualmente, ele era dono de importantes jazidas de minérios raros na Bahia, Piauí e São Paulo. Olacyr de Moraes


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Safra destinada ao hidratado reflete bom momento do etanol A maior competitividade do etanol no mercado doméstico, facilitada por políticas de incentivo, tem direcionado a moagem da canade-açúcar para fabricação do biocombustível. Na quarta quinzena da safra 2015/16 o hidratado contabilizava variação acumulada positiva de 20,32% em relação ao período anterior, enquanto o anidro e o açúcar apresentavam baixas de 26% e 12,02%, respectivamente. Dos 4,9 milhões de metros cúbicos de etanol produzidos no período, mais de 70% é de hidratado, que somou 3,48 milhões de metros cúbicos no período. Segundo estimativas da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), das 590 milhões de toneladas previstas nesta safra, 343 milhões de toneladas (58,10%) serão utilizadas para a produção de etanol. Montante que resultará em 27,28 bilhões de litros do biocombustível, sendo 16,33 bilhões de litros de hidratado. Conforme observou Antonio de Pádua Rodrigues diretor técnico da Unica, o mercado está é favorável à venda de hidratado. “O volume comercializado de hidratado segue em alta este ano, mantendo um patamar de quase 1,5 bilhão de litros mensais e preços atrativos em boa parte do mercado consumidor do Centro-Sul”. Valores confirmados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq). O indicador semanal para o hidratado, que mede o valor do litro praticado entre usinas e distribuidoras no mercado spot caiu 2,9% desde a primeira semana de safra no Centro-Sul e a segunda semana de junho.

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Competitivo, etanol volta a ser atrativo nas bombas e impulsiona a safra A demanda interna pelo hidratado cresceu. Mais competitivo, o biocombustível voltou a ser atrativo para motoristas e impulsiona a safra 2015/16. Distribuidoras de combustíveis têm percebido este aquecimento na demanda. O crescimento nos primeiros quatro meses do ano possui média de 33,5% porém cresceu mais de 50% nos meses de março e abril, comparados com 2014. Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), foram comercializados 5,47 milhões de metros cúbicos do etanol hidratado. Na contramão, a gasolina apresentou queda nas vendas pelas distribuidoras. O repasse do aumento global do petróleo ao combustível fóssil, somado à Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) pressionaram a comercialização do produto. No acumulado de janeiro a abril a ANP registrou queda de 3,7%, foram comercializados no período 13,8 milhões de metros cúbicos de gasolina, queda de 525,4 milhões de metros cúbicos em relação a 2014. Segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) foram vendidos 4,3 bilhões de litros de hidratado nos primeiros cinco meses, alta de 36,3% em relação a 2014. Para Cesar Guimarães, diretor de mercado do Sindicom a atratividade da

Cesar Guimarães, do Sindicom: atratividade no preço tem regulado esta demanda

relação de preços entre o etanol e a gasolina tem regulado esta demanda. “Este aumento confirma a preferência do

consumidor pelo hidratado. Motivado por preços mais competitivos em relação a gasolina. Estados como Paraná, São

Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás lideram este crescimento”


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Diretriz tributária é fundamental para a competitividade das usinas Expertise tributária mantém as usinas competitivas diante das constantes alterações na legislação

FINBIO - Finanças e Investimentos em Bioenergia Confira os serviços disponibilizados: ESTRATÉGIA

DA R EDAÇÃO

Neste mês de junho, a Diretriz Consultores e Auditores assinou o contrato de parceria com a Finbio - Finanças e Investimentos em Bioenergia, e passou a ser parte do portfólio do Pró-Usinas, que viabiliza soluções com resultados comprovados, e de curto prazo, no incremento da eficiência e da rentabilidade das usinas e grupos produtores. De acordo com José Henrique de Souza Sant’Anna, sócio da Diretriz, a empresa, que presta consultoria especializada nas áreas tributária e contábil às usinas, possui grande expectativa neste acordo. “O momento é oportuno. As constantes alterações na legislação, a elevada carga tributária e a instituição do Sistema Público de Escrituração Digital e outras ferramentas informatizadas de cruzamento de informações, têm exigido um enorme esforço das usinas para tornar viáveis suas atividades. Nosso trabalho é assessorar as empresas para apurar e administrar os encargos tributários visando minimizá-los dentro das possibilidades previstas na legislação, além de auxiliar nossos clientes com toda nossa experiência e expertise nos atendimentos de fiscalização e nas defesas em casos de autuação”, explica.

REDUÇÃO DE RISCOS A consultoria contábil e tributária preventiva diminui a exposição aos riscos de autuações fiscais e penalidades decorrentes de erros de interpretação da legislação tributária ou da formalização inadequada das obrigações acessórias. Também permite o aprimoramento dos controles internos, o

Reestruturação Empresarial

Governança Corporativa

Fusões e Aquisições

Sucessão

Gestão de Riscos

Estudos de Viabilidade Técnica e Econômica

Centrais de Bioeletricidade

Gestão de Sustentabilidade & Certificações

FINANÇAS José Henrique de Souza SantAnna, Paulo Alves Pinto e Josias Messias

planejamento tributário e a melhoria na qualidade das informações para as tomadas de decisões. No caso da Diretriz, os sócios que compõem a empresa têm significativa experiência em consultoria contábil e tributária, adquirida em muitos anos como profissionais de renomadas firmas de auditoria e empreendimentos dos mais variados setores, especialmente do agronegócio. Paulo Alves Pinto, sócio da Diretriz afirma que, diante da complexidade legal do país e dos pormenores da atividade agroindustrial, as questões tributárias tornam-se estratégicas para a competitividade das usinas e devem agregar valor ao negócio. “Através de técnicas de planejamento tributário, análise de riscos fiscais, reorganizações societárias e estruturação de controles administrativos, a Diretriz apresenta soluções eficazes para promover a melhoria do desempenho dos empreendimentos, sempre personalizadas às características individuais de cada cliente”, elucida. O trabalho da Diretriz é elogiado por diversos clientes do setor sucroenergético.

No site da empresa constam alguns depoimentos, como o de Ricardo Fontoura de Siqueira, Presidente do Conselho de Administração da Jalles Machado S/A, que afirma: “atualmente, a consultoria tributária é fundamental para manter as empresas competitivas. Por isso recomendo os serviços da Diretriz”. Rinaldo Pereira, CFO da Axial Participações e Projetos Ltda. testemunha que “a Diretriz tem uma forma objetiva e transparente na prestação de serviços de consultoria tributária, que se amolda às peculiaridades de cada cliente”.

QUESTÕES TRIBUTÁRIAS Para Josias Messias, presidente da ProCana Brasil e do Pró-Usinas, o setor sucroenergético apresenta um cenário de desafios econômicos, proporcionando uma demanda por soluções que encontram-se disponíveis e já demonstraram sua eficácia. “Nosso trabalho é facilitar o acesso dos tomadores de decisão a soluções que permitam às usinas superarem os constantes desafios do mercado e permanecerem competitivas e sustentáveis. É o caso dos serviços da Diretriz, que disponibiliza uma

Recuperação Judicial

Renegociação de Dívida

Projetos para Captação de Recursos (Bancos e Fundos)

Assessoria Financeira

GESTÃO

Consultoria/Auditoria Tributária

Governança Operacional

Gestão de Custos

Aumento de Produtividade

Otimização de Processos

Escritório de Projetos (PMO)

Due Diligence

expertise aprovada por dezenas de usinas, sendo eficaz no equacionamento de questões tributárias e na mitigação de eventuais riscos para as usinas”, afirma. Para Paulo Pinto, a parceria com o PróUsinas externa a crença da Diretriz na pujança e capacidade dos empresários e executivos do setor bioenergético em superar desafios e adversidades. “Conhecemos, sobretudo, a potencialidade do agronegócio e temos a convicção de sua importância no cenário socioeconômico e ambiental do Brasil”, finaliza.


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Melhoria contínua requer otimização de processos e redução de custo Gestão da qualidade não deve se restringir a obtenção de certificação e a aplicação de ferramentas R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A implantação de um processo de melhoria contínua extrapola, nos dias de hoje, a obtenção da certificação do sistema de gestão da qualidade ou mesmo a adoção de programas nessa área. Mesmo assim, a conquista da ISO 9000 é ainda considerada como medida fundamental para o atendimento das exigências do mercado. A partir da utilização dessa ferramenta, a empresa organiza o sistema produtivo para entregar os produtos conforme as especificações comercializadas – afirma Josias Messias, presidente do Pró-Usinas, portfólio de soluções voltadas ao incremento da eficiência e da rentabilidade de usinas e grupos sucroenergéticos. Se não for feito isto, haverá perdas, retrabalho – observa. Mas, não é o suficiente. O foco precisa mudar diante do atual cenário de restrição de receita e da necessidade de baixar custo para manter a empresa viável economicamente – enfatiza. É necessário otimizar meios de produção,

Josias Messias: ISO 9000 é ainda medida fundamental para o atendimento das exigências do mercado

que são pessoas, máquinas e insumos. Ou seja, os processos devem ser organizados de forma eficaz, com menor custo, para entregar produtos de qualidade. A capacitação de pessoas é o grande desafio que as usinas estão enfrentando neste novo cenário. “Existe treinamento que não agrega nada, que não está linkado com a estratégia da empresa ou com a necessidade do departamento”, constata Josias Messias, que preside também a ProCana Brasil. Segundo ele, a maneira de aplicar o conceito de qualidade é o conhecimento que falta ao setor. “Até os grandes grupos estão buscando essa expertise. Como é que se consegue otimizar os meios de produção para reduzir custo, entregando os produtos dentro das especificações?” – indaga. Uma das alternativas para isto – recomenda – é a contratação de empresas e consultorias que ultrapassam o nível da gestão do sistema de qualidade e disponibilizam soluções integradas com foco no resultado financeiro da empresa e não apenas em certificações. Essas empresas devem ter, de preferência, resultados comprovados em usinas e experiência em outros segmentos. “É possível fazer essas mudanças com o próprio pessoal da usina. Mas, vai demandar mais tempo e dinheiro. Para encurtar esse caminho, é importante contratar especialistas, ou seja, quem respira melhoria continua 24 horas, tem uma visão privilegiada pelo benchmarking e pelas experiências em todos os ambientes” – ressalta.


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Transformação profunda do setor gera novos desafios Mas, afinal o que precisa ser mudado nas unidades e grupos sucroenergéticos para que ocorra a otimização de processos, a redução de custos e a adoção de medidas que assegurem a competitividade? Para identificar as novas demandas e desafios de usinas e destilarias, é necessário entender, antes de tudo, que o setor está passando por uma profunda transformação, proveniente de mudanças geradas na conjuntura econômica, no ambiente e nos meios de produção – avalia Josias Messias.

A adoção de medidas que possam assegurar a sobrevivência exige entendimento das mudanças que ocorrem na conjuntura econômica, no ambiente e nos meios de produção Apesar da situação econômica ruim no país, se o ambiente de produção continuasse o mesmo, o impacto na atividade sucroenergética seria menor. “O exemplo mais expressivo das mudanças no ambiente de produção é a colheita mecanizada, que trouxe consigo o aumento das perdas no

campo e de impurezas transportadas para a indústria, além de uma série de implicações produtivas ainda não totalmente equacionadas” – exemplifica. Pessoas que trabalhavam dentro de um paradigma e atuavam com muita eficiência, não apenas podem apresentar resistência às mudanças como em diversos casos tornam-se pouco produtivas, perdidas entre os “velhos hábitos” e os novos procedimentos que, por falta de uma metodologia consistente, não

chegam a consolidar-se. “Quando há uma equipe que estava acostumada a trabalhar de um jeito, que era positivo, nem sempre a empresa consegue mudar a cultura, fazendo pessoas assimilarem novas técnicas, mantendo o que já era bom e implantando algumas inovações que são importantes”, comenta. Para equacionar essa situação, existe a necessidade de aplicar uma metodologia tripartite – propõe –, com atuação no ser humano, nos procedimentos e nos sistemas

de informação, criando uma cultura voltada à formação de gestores e multiplicadores da melhoria contínua. Esse trabalho não se restringe a realização de treinamentos – esclarece. O gestor torna-se, neste caso, um especialista em melhoria contínua, levando em consideração a realidade e a estratégia da empresa, apto a identificar e utilizar as ferramentas mais adequadas para cada situação. (RA)


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Equipe deve buscar solução e ter foco na necessidade de resultado

Atitude, procedimento e análise de dados criam ciclo virtuoso

“No ambiente do trabalho e nos ativos que a empresa possui, qual é o tipo de técnica que permite gerar uma melhoria contínua?” – indaga Josias Messias. O presidente do Pró-Usinas afirma que a resposta para este desafio passa especialmente pelos gestores e pelos multiplicadores. “Aquela cultura que tudo na empresa vai ser resolvido pela ISO 9000 ou pelo TPM, por exemplo, não atende hoje as demandas provenientes das mudanças que ocorrem no setor”, afirma.

O primeiro fator que deve ser trabalhado na equipe é a atitude. Depois, vem o procedimento. “Se não tiver atitude não tem procedimento. Ou o procedimento é criado e ninguém pratica. A atitude gera o porquê, a motivação e a necessidade. O procedimento diz quais as ações são necessárias ou importantes para que o resultado seja alcançado”, explica. Quando a equipe tem atitude, o que não falta é ferramenta (procedimento). Para “descobrir” como resolver determinada situação, o que não falta são opções para obter o conhecimento, desde consulta a sites, benchmarking com outras usinas, participação em cursos, – exemplifica. “Em diversos casos, não há necessidade de aplicar uma super técnica de organização da produção, quando um 5S ou um diagrama de Ishikawa pode resolver. Estão querendo, às vezes, reinventar a roda naquilo que é simples”, diz. O desafio é obter valor agregado para as atividades desenvolvidas pela empresa – enfatiza. Ou seja, transformar o procedimento em nível elevado de melhoria contínua. No modelo de melhoria contínua, existe também a necessidade do monitoramento e análise do resultado por meio de sistema de dados e informações. “Se o que é feito não é medido, como é possível saber se melhorou ou piorou? O que está sendo produzido, com que custo, o que determinada área está apresentando de resultado, o que está sendo entregue, o que pode melhorar?” – questiona Josias Messias. Informações confiáveis acabam por criar novos níveis de demanda. “A atitude vai lançar novos desafios, estabelecer novos procedimentos, que vão gerar novos dados. E esses dados serão analisados gerando novos desafios. Este é o ciclo virtuoso”, afirma. Segundo ele, a aplicação desse conceito de melhoria contínua, de forma empírica ou extremamente especializada é fundamental. Só vai sobreviver quem trilhar por esse caminho. (RA)

Mudanças exigem que as empresas fiquem com aqueles que estão dispostos a atuar dentro um novo ambiente e uma nova realidade Segundo ele, muitas usinas trabalham a questão de certificações como a ISO 9000, mas não conseguem utilizá-las como instrumentos de redução de custos e otimização de processos. Para fazer as mudanças exigidas pelo novo momento do setor, é preciso trabalhar a formação dos gestores e multiplicadores. “E isto começa pela motivação e seleção. É o fator preponderante”, diz. E o que não falta são boas técnicas e metodologia para isto. Os gestores e multiplicadores que adotam uma atitude de melhoria contínua vão prosseguir na empresa e devem aprender a escolher profissionais que tenham compromisso com essa nova realidade. As mudanças exigem que as empresas

fiquem com aqueles que estão dispostos a atuar neste novo ambiente – ressalta Josias Messias. “É preciso trabalhar as atitudes das pessoas, levando em consideração o conceito de melhoria contínua. A principal delas é a abertura para a inovação, fora dos ‘livrinhos de receita’. E os treinamentos não devem ser para engessar sistemas mas para liberar o potencial inovador e empreendedor inerente ao ser humano, e criar condições para a equipe superar obstáculos e

resolver entraves, sejam interpessoais ou técnicos”, afirma. De acordo com ele, se todo o ambiente está em mudança, não adianta insistir em ficar padronizando. “O foco deve estar no resultado. Quando a equipe entende a necessidade de resultado, ela encontra a solução”, diz. As usinas, pequenas ou grandes, que estão se adequando melhor ao novo ambiente e às dificuldades, são aquelas em que a equipe tem atitude e foco nos resultados – destaca. (RA)


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Corte de executivos cresce no setor DA R EDAÇÃO

Pressionados por resultados positivos e reduções de custos, executivos do setor encaram uma nova realidade, na qual mudanças estratégicas podem refletir na segurança de seus próprios cargos. Situação experimentada em diversas usinas e grupos, cargos de primeiro escalão começam a sentir os entraves da economia canavieira. O momento é delicado para o setor e por esta razão diversos fatores podem resultar no corte ou substituição de executivos. Alguns grupos, com estratégias definidas, não enxergam em seu principal executivo efetividade na implantação de ações. Em outros casos, as movimentações de fusões e vendas influenciam na mudança de cargos estratégicos, pelo perfil do executivo não encaixar com a nova filosofia da empresa. A possível tendência de incorporações pode também pressionar a troca de executivos, motivada pela implantação de visão estratégica diferente. O CEO possui papel fundamental no alinhamento da posição de acionistas com a condução da usina. Conforme explica Josias Messias, presidente da ProCana Brasil, o momento econômico desfavorável influencia nesta troca de executivos, pela necessidade de respostas mais rápidas para contornar os entraves vividos. “No momento de crise como este as decisões têm que ser mais rápidas. Em cenário de tranquilidade, acionistas possuem maior tempo para decisões, como a mudança de algum cargo estratégico na usina. A situação atual é delicada, pressionando os conselhos a serem mais dinâmicos em suas ações”. Para Renato Fazzolari, diretor geral da Agrho Recursos Humanos, as demissões estão ligadas principalmente à redução de custos. A elevada procura por profissionais capacitados e as expectativas de crescimento do etanol em 2006 resultaram em cargos com elevada remuneração e um número grande de profissionais capacitados neste segmento. “Algumas empresas estão aproveitando para

Renato Fazzolari

reestruturar seu quadro de executivos. Antes de 2008, o setor teve um período de forte crescimento. Como a oferta de emprego foi alta, trouxe consequente inflação dos salários, principalmente dos executivos. Nesta recessão a tendência é haver um achatamento dos mesmos salários”.

AS DEMISSÕES CONTINUARÃO? A recuperação da agroindústria canavieira está prevista por alguns especialistas para ocorrer somente para

2020. Decorrente da crise vivenciada pelo setor cerca de dez usinas devem fechar durante a safra 2015/16, segundo a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica). Políticas positivas para o etanol têm possibilitado melhores perspectivas, porém são incapazes de reverter os severos danos causados à economia canavieira no curto prazo. Neste cenário macroeconômico incerto a possibilidade de cargos estratégicos continuarem a sofrer alterações é real.

Com o segmento enfraquecido e a economia nacional desfavorável ao crescimento, a condução de usinas se tornou uma equação repleta de variáveis e com muitas propostas de solução. Motivos que têm provocado certas trocas de cargos estratégicos, que devem continuar a acontecer. Fontes ouvidas pelo JornalCana afirmam que problemas de gestão tem influenciado na troca de executivos. Embora a falta de entendimento de estratégias entre executivos e acionistas fortaleça este cenário, analistas afirmam que há o entendimento de que esta troca pode desgastar o andamento das atividades internas da empresa. O entendimento de que a situação vivida no setor foi oriunda de políticas prejudiciais aos produtos sucroenergéticos mitiga possíveis demissões, que têm ocorrido com propósitos de redução de custos ou por mudanças de acionistas em operações de fusões e aquisições ou recuperação judicial. A agroindústria canavieira detém executivos com elevada capacitação para condução das usinas, inclusive para combater mais uma crise. “O setor sucroenergético tem características próprias que diferem da maioria. Crises sempre estiveram presentes, esta é mais grave e duradoura, e iniciada por fatores externos. É complicado combater tais entraves apenas com ações gerenciais” explica Renato Fazzolari. Em momento ruim as contratações serão menores e as contas serão acertadas, o que não implica em congelamento das contratações. O mercado está ativo e buscando não somente o fortalecimento do etanol no mercado doméstico, como a expansão da cogeração para incremento de caixa. “Na prática o mercado não deixou de contratar, está apenas desaquecido e em fase de ajustamento, mas com a retomada do etanol o mercado de contratações de executivos irá se regularizar naturalmente”, conclui Fazzolari.


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Da Mata investe alto em tecnologias e em pessoas Resultado da união dos grupos AGP Negócios e Participações e da Brasif Fundo de investimento e Participações, a Usina Da Mata lançou em 2007 a pedra fundamental do Parque Industrial em Valparaíso, SP, tendo sua primeira moagem em 2008. Como seu parque industrial está localizado próximo a uma das maiores áreas de mata nativa do Estado de São Paulo, a unidade é firme na preservação ambiental. Para crescer em produtividade, a empresa investe em tecnologia. Todo o processo de produção é automatizado e controlado através do COI (Centro de Operações Industriais), um dos mais modernos e avançados da agroindústria canavieira nacional. As atividades no campo são monitoradas por um departamento de controle agrícola por meio de softwares e painéis indicadores. A usina conta com um moderno controle de tráfego, responsável por toda logística da frota da unidade, desde o

Usina Da Mata

campo até a indústria. Além disso, a usina possui uma oficina mecânica própria que é responsável por eventuais imprevistos e pela

manutenção dos equipamentos utilizados na safra e entressafra. Além de investimentos em tecnologia a

Da Mata prioriza as pessoas. Em parceria com o Senai, a empresa implantou um projeto que oferece à comunidade cursos de eletricista, instalador residencial, informática básica e soldador de manutenção industrial. Em suas instalações administrativas auditório para cursos e treinamentos e na área de recursos humanos um prédio com ambulatório médico e segurança do trabalho. Os colaboradores têm a oportunidade de participar de palestras sobre cidadania, saúde e segurança do trabalho. O objetivo final da empresa é qualificar mão de obra e inserir os estudantes no mercado de trabalho. Na safra 2014/2015 a Da Mata moeu 2,1 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, produzindo 109,5 m³ de etanol e 107.826 toneladas de açúcar. Maiores informações sobre a unidade podem ser encontradas no Anuário da Cana 2015 (www.anuariodacana.com.br)

Sonho de visionário deu origem à usina no Mato Grosso Localizada no norte de Mato Grosso entre os municípios de Diamantino e São José do Rio Claro a 250 km de Cuiabá, a Destilaria de Álcool Libra é realização do sonho de seu sócio fundador Serafim Adalberto Ticianeli. Pioneiro e empreendedor dos cerrados do Mato Grosso, Serafim Ticianeli chegou a Mato Grosso na década de 70, iniciando as atividades com o cultivo de grãos (arroz e posteriormente a soja). Diversificou depois os negócios para a indústria sucroenergética e criou a Libra. Hoje a Libra tem capacidade de moagem de 1 milhão de toneladas por safra ou 4,5 mil toneladas/dia possibilitando a destilação diária de 600 mil litros de etanol. Na área agrícola possui cana própria, sendo 17 mil hectares de área plantada. O plantio e o corte são feitos de forma manual o que possibilita a geração de inúmeros empregos em época de safra. Mesmo assim

100% da área de cultivo de cana-de-açúcar é mecanizada. A irrigação cobre 20% da área plantada. Para aumentar sua eficiência administrativa e a transparência das informações gerenciais, a empresa começou a fazer planejamentos de recursos empresariais em 2006, consolidando a implantação com a interligação de controles fiscais. A segurança dos trabalhadores é indissociável do conceito gerencial da empresa e trabalhada como dever de todos, implica em medidas e soluções de cada um dos que integram o quadro funcional – do operacional à diretoria. Na safra de 2013/14 moeu cerca de 921,7 de toneladas de cana-de-açúcar e produziu 82.922 m³ de etanol. Os dados desta safra aparecem na edição 2015 do Anuário da Cana (www.anuariodacana.com.br).

Área externa da Destilaria de Álcool Libra


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Irrigação dá um refresco para preocupação climática Aplicar água e vinhaça nos canaviais é um manejo cada vez mais recorrente. Em cenário no qual o déficit hídrico tem pressionado a produtividade da cana, o uso destes recursos tem proporcionado melhores condições para o desenvolvimento da cana. Uma planta sem a correta disponibilidade de água, além de ter seu crescimento prejudicado, não absorverá as corretas dosagens de nutrientes para seu ótimo desenvolvimento. O papel da água no solo é sinérgico e sua contribuição é revertida em maior produção. Conforme explica Glauber José de Castro Gava pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), a demanda por sistemas que levem água e nutrientes até a planta está aquecida. “Hoje existe uma demanda crescente por trabalhos para implantação de sistemas de irrigação. É possível observar regiões que antes não sofriam com o clima e hoje já sentem o déficit hídrico pressionando a produtividade dos canaviais”. Não somente a seca impulsiona a adesão das usinas por este manejo. Ferramenta importante para incrementar o desenvolvimento do canavial, o fornecimento de água e nutrientes tem crescido como método para alta produtividade. “As usinas possuem grande interesse em utilizar a irrigação para alavancar a produtividade. Nos últimos 15 anos mais de cem projetos-pilotos de irrigação de cana-de-açúcar foram

Irrigação de canavial

instalados em várias usinas pelo Brasil, inclusive muitos destes projetos, com a opção pela irrigação por gotejamento e pelo pivô central rebocável”, explica Rubens Coelho, professor e pesquisador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz

(Esalq/USP). Segundo os pesquisadores, é possível aumento deste manejo nos canaviais. Existe a demanda e a viabilidade de implantação destes projetos. “Embora muito requisitada nestes últimos anos, é consenso entre

profissionais e pesquisadores que o potencial para implantação da irrigação nos canaviais é alto. Com tecnologias capazes de atender as necessidades hídricas e nutricionais da planta, há muito a crescer neste segmento”, explica Gava.


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Líder em irrigação no país, cana possui potencial para expansão do manejo A tecnologia inserida nas ferramentas de irrigação é um dos bons exemplos no qual o binômio sustentabilidade e produtividade é trabalhado em conjunto com a redução de custos. Utilizado amplamente na cana-de-açúcar, este manejo tem elevado espaço para expansão no setor. Entregar a real demanda de água à planta é especialidade do setor sucroenergético. Conforme aponta a Agência Nacional de Águas (Ana), a cana-de-açúcar lidera em área irrigada no país. Atualmente existe 1,7 milhão de hectares com a cultura. Ao todo são 5,5 milhões de hectares; são irrigados no país. O sucesso do manejo na cultura se dá pelo retorno produtivo deste, por esta razão pesquisadores concordam que é válido a implantação da irrigação para mitigar a falta de água no solo. “O custo do projeto é diluído com os ganhos produtivos. A tecnologia permite uma segurança de produção, e ameniza os déficits hídricos tão comuns. Podemos

afirmar que até a vida útil de seu canavial é aumentada com a irrigação”. Pesquisador na área irrigação, o professor Rubens Coelho da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz (Esalq/USP) explica que o manejo facilita a aplicação de técnicas mais modernas no canavial, incrementando a produção. “A obtenção da outorga de uso da água para o empreendimento e o custo inicial de implantação podem ser uma barreira. Porém acredito que a adoção da irrigação plena na cultura da cana-de-açúcar permite reduzir significativamente a área plantada, além de contribuir para a adoção mais rápida de novas tecnologias, como o plantio de mudas prébrotadas” Com melhor desempenho em relação a cana de sequeiro – sem irrigação-, a cana irrigada é mais produtiva e o canavial mais longevo. Por esta razão o manejo, que é destaque na cultura, tem excelente oportunidades de expansão. (WB)

Rubens Coelho, professor e pesquisador Esalq/USP

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Fertirrigação otimiza recursos e acompanha demanda da cana Promover a melhor produtividade através do fornecimento de nutrientes para a canade-açúcar pela fertirrigação é realidade no país. Na fertirrigação nutrientes são solubilizados em água para serem absorvidos pela planta. Destaque nesta prática, a vinhaça tem espaço garantido pela economia e sustentabilidade que gera às usinas. Resíduo oriundo da fermentação alcoólica, a vinhaça possui elevado teor de matéria orgânica. Nociva à fauna de flora de afluentes, este material possui excelente aceitabilidade nos canaviais. O lançamento de vinhaça nos canaviais é prática comum no país. Manejo que alinha sustentabilidade e produtividade, o lançamento deste resíduo no solo resolveu um problema ambiental e melhorou a produção de cana-de-açúcar. “Todas as usinas já possuem alguma experiência com equipamentos de

Glauber José de Castro Gava, pesquisador (APTA)

irrigação na aplicação de vinhaça em aproximadamente 15 a 25 % de suas áreas agrícolas”, afirma Rubens Coelho, professor e pesquisador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz (Esalq/USP). Segundo o pesquisador a introdução deste efluente alinha fornecimento hídrico e nutricional à planta. “A lâmina aplicada por área é baixa, em torno de 40 a 60 mm por ano, caracterizando a chamada ‘irrigação de salvamento’, ajudando a planta a sobreviver em condição de déficit hídrico extremo no solo e contribuindo para incrementar o nível de potássio do solo nestas áreas”. Glauber José de Castro Gava, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), lembra que a aplicação de nutrientes através da fertirrigação otimiza a utilização dos recursos naturais e fornece a real demanda nutricional

pelo vegetal. “Em cultivo fertirrigado a eficiência dos nutrientes aplicados na planta é superior a 80%, enquanto no cultivo convencional este número é de 40 a 50%. Por meio desta tecnologia, é possível aplicar fertilizantes de forma fracionada, realizando um sincronismo entre a demanda nutricional da planta e a aplicação do nutriente, aumentada a eficiência do fertilizante”. Em sistemas com fertirrigação é mais frequente observar produtividade acima de 100 toneladas de cana por hectare. “Além da elevada produtividade, vemos o canavial com vida útil de 8 a 10 anos. A sinergia da fertirrigação tem uma contribuição muito significativa nestes valores observados, pois permite utilizar os adubos de maneira mais eficiente sem perdas por lixiviação ou volatilização, promovendo o maior crescimento das plantas”, conclui Rubens Coelho. (WB)

Equilíbrio de gota em gota Tecnologia israelense de oferta pontual de água e nutrientes à planta, a irrigação por gotejamento oferece segurança no suprimento de componentes essenciais e, asseguram especialistas, seu benefício aos canaviais reflete na rápida amortização do custo de projeto. Na irrigação por gotejamento o sistema é instalado de forma subterrânea, viabilizando qualquer manejo agrícola na superfície. Para Carlos Sanches, gerente agronômico da Netafim, a precisão da tecnologia permite alinhar uso racional de água com incremento produtivo. “Essa tecnologia distribui a água no ponto exato, com a quantidade adequada e no tempo certo. Além disso, a tecnologia também leva outros insumos: como fertilizantes e defensivos agrícolas. Em comparação com outros métodos de irrigação, como aspersão, o gotejamento é bem mais econômico – ajuda a economizar de 30% a 50% da água, com mão de obra, energia e produtos e a aumentar a produtividade em até 200%”. Para Sanches a uniformidade de aplicação do sistema e a manutenção da longevidade do canavial atrelada à

produtividade são grandes vantagens do gotejamento na cana-de-açúcar. “O sistema contempla mais de 95% de uniformidade, permitindo a injeção de fertilizantes na quantidade e na época em que a cultura necessita, além da injeção de defensivos agrícolas para controle de pragas. O incremento de produtividade é um importante benefício, que se mantém alto por um maior número de anos e consequentemente aumenta a longevidade do canavial”. Conforme aponta o gerente, há demanda por esta tecnologia. A expectativa da Netafim é crescer 20% em 2015. “Nosso negócio aponta uma solução contra a crise hídrica. Neste momento de preocupações climáticas, o uso sustentável da água é uma solução para atrelar produtividade e uso otimizado desta”. Com custo de implantação mais onerosa, os resultados produtivos podem pagar as despesas em curto período. “O preço dessa tecnologia é cerca de 20 a 30% mais cara que o pivô central, por exemplo, porém, através do incremento de produtividade o sistema de irrigação por gotejamento se paga em três anos”, explica Carlos Sanches. (WB)

Carlos Sanches, gerente agronômico da Netafim

Tecnologias simplificam irrigação Implantar um projeto de irrigação demanda visão holística do ambiente agrícola. Cada projeto de irrigação é único, para assegurar o bom funcionamento e longevidade deste é preciso saber integrar as diferentes variáveis dos canaviais. Com experiência na implantação de irrigação por gotejamento em mais de mais de 10 mil hectares no mundo, a Netafim facilita o processo de instalação e manutenção de seus sistemas; uma preocupação que é tendência no setor, por minimizar erros e facilitar a operação. “Nossos projetos são 100% automatizados, tanto na irrigação como na injeção de fertilizantes e químicos. Para a manutenção é necessário apenas a limpeza com hipoclorito de sódio periodicamente e a aplicação de trifluralina anualmente. Para operação, não é necessário nenhum especialista, apenas um operador com nível médio, sendo que esse operador pode controlar até 250 hectares”, afirma Carlos Sanches, gerente agronômico da Netafim. Com experiência em engenharia de obras em regime Turn Key para projetos de fertirrigação, como a montagem e construção de reservatórios impermeabilizados para vinhaça e a montagem de adutoras enterradas para condução da mesma, ancoradas com blocos

de concreto, a Irriga Engenharia fortalece o conceito de ampla atuação nos projetos. Conforme explica Wilson Roberto Roma engenheiro agrônomo da Irriga Engenharia, a implantação e cuidado com todas as etapas garantem o sucesso do projeto, medido através da qualidade e longevidade dos canaviais. “Somos focados no regime Turn Key para projetos de fertirrigação, o que possibilita oferecer soluções inovadoras e integradas de engenharia agronômica, garantindo assim a confiança de toda a cadeia”. Wilson aponta que somente com a análise detalhada do projeto, com execução fundamentada no conhecimento técnico e na parceria com seus os produtores é possível ofertar um sistema completo, específico e de fácil utilização. Para Sanches, da Netafim, esta é uma tendência no mercado de irrigação. É preciso facilitar a implantação e possuir equipe capacitada para atender os diferentes tipos de propriedades do país. “Nossa tecnologia pode ser instalada em qualquer topografia e requer apenas que o cliente nos envie um mapa planialtimétrico para que o departamento de engenharia dimensione o projeto, contemplando máxima eficiência operacional e utilizando as variáveis edafoclimáticas da região”. (WB)


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CTC lança programa exclusivo de assistência técnica CTC Valoriza vai auxiliar as usinas no correto manejo do cultivo de cana-de-açúcar A partir desta safra, os clientes do CTC - Centro de Tecnologia Canavieira poderão usufruir dos principais serviços de consultoria especializada que a empresa possui. Com o objetivo de auxiliar as usinas no correto manejo do cultivo agrícola de cana-de-açúcar, os técnicos e especialistas estarão à disposição dos clientes por meio do programa CTC Valoriza. “Reestruturamos nossa área de

assistência técnica e lançamos o CTC Valoriza para atender de forma adequada aos clientes do CTC. Funcionará como um programa de pontos. Assim que acumulados os pontos correspondentes ao serviço desejado, a usina deverá solicitar o serviço por meio da área restrita do site www.ctc.com.br”, explica Jorge Donzelli, gerente de Assistência Técnica do CTC. São vários os serviços disponíveis. Entre eles, destacam-se, por exemplo, a elaboração do plano agrícola, suporte no plantio e colheita mecanizados, planejamento de viveiros e técnicas de multiplicação de canade-açúcar, CTCSat, adubação mineral e uso de resíduos e consultoria em pragas e doenças. “Ao longo dos nossos 45 anos de história e dedicação ao setor, adquirimos conhecimento e profissionais extremamente especializados em cada parte do processo produtivo. Nossa proposta é proporcionar cada vez mais benefícios aos nossos melhores clientes”, conclui Donzelli.

SOBRE O CTC

Jorge Donzelli: como um programa de pontos

O CTC – Centro e Tecnologia Canavieira atua há mais de 40 anos no desenvolvimento e comercialização de tecnologias inovadoras para o setor canavieiro. As pesquisas abrangem os elos da cadeia produtiva de cana-de-açúcar, álcool, açúcar e bioenergia, permitindo agregar valor às diversas etapas do processo e contribuindo com a evolução sustentável do setor.

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ESQUECERAM DE MIM Nematóides continuam a ter destaque negativo na queda de produtividade dos canaviais Obter produtividade acima de cem hectares exige olhar amplo ao canavial. Por esta razão é preciso atentar para todas as possíveis variáveis que possam reduzir o desenvolvimento vegetal da cana-de-açúcar. Consideradas pragas de elevada importância econômica, os nematóides têm interferido na produção e muitas vezes sem ser notados. Com atuação no sistema radicular da planta estes prejudicam a absorção de nutrientes e pela eliminação de toxinas provocam galhas nas raízes da cana. Responsáveis por reduzir a produtividade em cana planta (1º ciclo) em até 50% e a cada posterior ciclo em mais 20%, sua permanência reduz a longevidade dos canaviais, forçando a reforma antecipada da área. Preocupados em alertar sobre a influência de nematóides na redução produtiva da cana, pesquisadores e profissionais discutiram no dia 26 de maio, durante a 3ª reunião do Grupo Fitotécnico de Cana, no Instituto Agronômico de Campinas (IAC) em Ribeirão Preto (SP) soluções para identificar e combater a praga. Marcos Landell, coordenador do grupo, afirmou que temas como este são essenciais para apresentar para as equipes agrícolas das usinas ferramentas para identificar e combater praga com expressivo impacto no desenvolvimento dos canaviais. “Temos abordado no grupo Fitotécnico temas que estão correlacionados a alta produtividade. Os nematóides têm uma interferência silenciosa na produção da cana. O ataque acontece no sistema radicular, limitando a absorção de água e nutrientes”. Leila Luci Dinardo-Miranda, pesquisadora do IAC, explicou a importância de identificar e controlar nematóides. “Temos poucas variedades de cana resistentes. Além de raras, possuem resistência a apenas uma

Leila Luci Dinardo-Miranda, pesquisadora do IAC

espécie de nematóide. Um problema para nós, pois é recorrente a presença de mais de uma espécie de nematóide nos solos”. A pesquisadora apontou quatro espécies - Pratylenchus zeae, Meloidogyne javanica, M. incognita e P. brachyurus - com importância para os canaviais do país. Atualmente a mais presente é a P. zeae, que apareceu em 97% das amostras coletadas no instituto. Leila ressaltou a importância da amostragem antes de qualquer decisão sobre o manejo. “É um erro aplicar qualquer produto sem real conhecimento da incidência de população no solo. Outro erro comum é tratar as coletas de amostragem como se fossem amostras de solo. Estamos lidando com organismos vivos, o condicionamento deve ser adequado e a amostra deve conter raízes e solos destas”. Quanto a época de amostragem, a pesquisadora recomenda que aconteça um mês após as chuvas. “O ideal é coletar em épocas com maior umidade, quando a população de nematóides é alta no solo”.

Canavial atingido por nematóides

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Vencer a crise é questão de investimento e perseverança Importância de continuar a investir dá o tom do 11º Agronegócio Copercana; evento foi vitrine de produtos e tecnologias A esperança de um ano melhor para o setor sucroenergético marcou o 11º Agronegócio Copercana, realizado de 23 a 26 de junho em Sertãozinho, SP. Ao dar as boasvindas aos participantes, o diretor da Copercana, Pedro Esrael Bighetti, falou sobre a importância de se investir no momento de crise e exaltou as inaugurações realizadas pela cooperativa este ano. O presidente da Canaoeste e Orplana, Manoel Ortolan, agradeceu as empresas parceiras e citou as dificuldades climáticas, trabalhistas e condições adversas enfrentadas pelo setor, frisando que os momentos difíceis irão passar, a exemplo de outros pelo qual, com perseverança, enfrentou o segmento. Também enfatizou a importância do produtor investir apenas no que é preciso. Diante disso, disse, a Copercana e Canaoeste possuem agrônomos à disposição do cooperado para orientá-lo no manejo de sua lavoura. Ortolan fez ainda uma referência a uma palestra do ex-ministro Roberto Rodrigues, sobre o ipê que floresce em meio a um cenário adverso, contexto a ser alcançado pelo setor sucroenergético. Ao finalizar, fez referência aos 70 anos da Canaoeste, data que será comemorada no dia 22 de julho. Já Antonio Eduardo Tonielo Filho exaltou a parceria da feira com o Ceise Br, do qual é presidente, lembrando que a indústria e a agricultura são importantes para a economia e juntas lutam por investimentos e melhorias. Tonielo Filho também parabenizou a Canaoeste pelas suas sete décadas. O prefeito de Sertãozinho-SP, José Alberto Gimenez (PSDB), elogiou a família Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, que se une para a realização da feira, dando

Autoridades e convidados participaram da abertura oficial da feira

oportunidade aos produtores rurais com condições de parcelamento e financiamento. "Eu acredito demais no setor sucroenergético, já passamos por muitas crises e vencemos" alegou o prefeito, destacando que mesmo com a crise, a produção de cana-de-açúcar irá crescer 10% neste ciclo. O presidente da Copercana e Sicoob Cocred, Antonio Eduardo Tonielo, ressaltou o crescimento da feira nos últimos cinco anos, lembrando que o evento já se tornou tradição dentro do Sistema, um dos motivos pelo qual os produtores aguardam a ocasião para realizar suas compras. Segundo ele, 2015 será mais difícil em questão de financiamento, mas apesar dos juros altos, a Copercana não vai medir esforços para estar ao lado do produtor e oferecer bons negócios. "Precisamos dar sustentação para o nosso

pessoal" disse Tonielo, convidando todos a visitar a feira. A cerimônia ainda contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Sertãozinho, Silvio Blancacco (PSDB), de vereadores, Nilton César Teixeira, o Niltinho, e João Sanches; do secretário de Indústria e Comércio de Sertãozinho, Carlos Roberto Liboni, do presidente da (Acis) Associação Comercial e Industrial de Sertãozinho, Geraldo Zanandréa. Como também de Adolfo Benedetti Neto, que na ocasião representou o secretário de Agricultura, Arnaldo Jardim, além de diretores do Sistema, entre outros. A movimentação intensa animou os expositores. Produtores rurais de diversas cidades do interior de SP visitaram a feira Agronegócio Copercana, em busca de novidades e condições vantajosas de pagamento. Segundo Breno Henrique de

Souza, agrônomo da filial da Canaoeste de Descalvado-SP, a participação dos associados no evento já virou tradição, sendo que este ano, uma comitiva de 38 fornecedores de cana daquela região, estiveram na feira em busca da tecnologia, melhores preços e parcelamento disponíveis. Já a caravana de Santa Rosa de Viterbo, dessa vez bateu recorde, de acordo com o gerente da filial, Mauro Donizeti Alves Pereira. “Alugamos um ônibus todos os anos para visitar o Agronegócio Copercana e dessa vez, trouxemos 49 cooperados e clientes da filial sendo que vieram 25 pessoas, em 2014”, disse ele, contando que vários negócios foram fechados nesta tarde. Outro detalhe marcou a vinda da comitiva na feira este ano: é que dois participantes foram sorteados na ocasião. Em 2016, a feira já está agendada para o período de 21 a 24 de junho.


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Nova levedura aumenta rendimento da fermentação Em momento de elevação do consumo de etanol, MSB turbina faturamento de usinas na luta contra os efeitos da crise

Itapecuru Bioenergia Rendimento da fermentação Safra 2014/15* 86,75%

Safra 2015/16* 92,74%

Aumento de 6,9% *35 dias iniciais de safra

R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

O surgimento de uma nova levedura que possibilita o aumento médio do rendimento da fermentação alcoólica em 5% está criando condições para ampliar os ganhos financeiros na produção de etanol em usinas e destilarias. Selecionada, estudada e testada pela Microserv Bio, de Maceió, AL, essa levedura foi determinante para a elevação de 6,9% no rendimento da fermentação na Itapecuru Bioenergia, de Aldeias Altas, MA, na comparação entre a safra passada e a atual. Com o reaquecimento do consumo de hidratado, a elevação da eficiência da fermentação está sendo considerada altamente estratégica para “turbinar” o faturamento de unidades e grupos sucroenergéticos que buscam alternativas para enfrentar os efeitos da crise econômica e setorial. A utilização dessa levedura produtiva é um dos destaques de um pacote tecnológico que pode dar um novo fôlego às finanças de

Teresa Cristina Vieira Possas, entre o químico Odevaldo Martins e Nelson Ferreira, gerente da Itapecuru

usinas e destilarias. Deve ser acompanhada de boa assepsia, controle eficaz da contaminação, inclusive com o emprego de um método de diagnóstico rápido e preciso – disponível no mercado – usado para quantificar a população bacteriana no processo fermentativo. Batizada com o nome de MSB, a nova levedura – que transforma menos ART em mais etanol – tem o seu desempenho

comparado a um milagre, segundo Teresa Cristina Vieira Possas, diretora da Microserv Bio, que faz parte do portfólio do Pró-Usinas, que viabiliza soluções voltadas ao incremento da eficiência e da rentabilidade de unidades e grupos sucroenergéticos. Teor alcoólico mais elevado em relação às leveduras mais famosas no mercado, produção de pouca espuma e condição muito rápida de multiplicação são as principais

características da MSB, afirma Teresa Cristina Possas. Consegue fazer cinquenta toneladas em cinquenta horas – ressalta. “Tivemos a oportunidade de colocar essa levedura em dez usinas”, informa. A MSB foi “descoberta” em uma unidade de Mato Grosso do Sul após dois meses de safra e começou a ser utilizada, a partir de 2010, em usinas dos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Sergipe e Maranhão.


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Mudança eleva eficiência na Itapecuru Bioenergia em 6,9% Além de interferir no rendimento, nova levedura possibilita redução da espuma e eliminação dos transbordamentos A Itapecuru Bioenergia começou a utilizar a levedura MSB em meados de agosto, na safra 2014/15, devido à baixa eficiência industrial de recuperação, informa o químico dessa unidade maranhense, Odevaldo Martins. Essa medida foi determinante para que a Itapecuru já tivesse um incremento de 6,9% na eficiência da fermentação. Nos primeiros 35 dias da safra 2015/16, o índice foi de 92,74%. No mesmo período da safra anterior, a eficiência da fermentação ficou em 86,75%. Além disso, a fermentação na Itapecuru teve pico de 9% no aumento de rendimento

Odevaldo Martins: MSB possibilitou expressiva redução nas perdas

devido à continuidade no processo, associado a uma levedura que se adaptou às condições de operação da unidade, conforme explica o químico da usina. Segundo ele, a levedura utilizada anteriormente estava apresentando formação excessiva de espuma, ocasionando transbordamento nas dornas. E isto gerava, além das perdas de A utilização da levedura MSB proporcionou mosto em redução de gastos com insumos na usina Itapecuru: fermentação (leveduras, mosto de Antes da MSB Após a MSB alimentação, Dispersante 900 g/m³ 300 g/m³ nutriente, álcool), Antiespumante 1240 g/m³ 500 g/m³ alto consumo de

Economia de insumos

dispersante e antiespumante. As altas temperaturas, que são características da região, agravavam ainda mais a situação. O uso da MSB não foi benéfico apenas para o rendimento da fermentação. Com a produção de pouca espuma e, consequentemente, a eliminação dos transbordamentos nas dornas, a MSB possibilitou expressiva redução nas perdas, incluindo a própria levedura, mosto de alimentação, antibiótico, nutriente, etanol – detalha Odevaldo Martins. No caso de dispersante, a quantidade utilizada, antes da MSB, era de 900 g/m³, e depois do uso da nova levedura, teve uma redução para 300 g/m³. O mesmo aconteceu com o antiespumante que registrou uma queda de 1.240 g/m³ para 500 g/m³. Além da utilização da MSB, a manutenção industrial da Itapecuru procurou corrigir os problemas que geravam descontinuidade, visando a melhoria da performance da fermentação – observa o químico da usina. “Com a assessoria da Microserv Bio expandimos os procedimentos do sistema de assepsia, melhoramos a qualidade do mosto de alimentação, alteramos a metodologia adotada para utilização de bactericidas e antibióticos”, revela. Houve também mudanças no procedimento da fermentação com treinamentos e implantação de técnicas microbiológicas – afirma.

MSB torna-se trunfo importante para a melhoria da performance A nova levedura tem sido um trunfo importante para otimizar a produção de etanol. A diretora da Microserv Bio, Teresa Cristina Possas, sempre opta pela MSB quando há necessidade de melhorar o rendimento da fermentação nas unidades sucroenergéticas – atendidas pela empresa –, onde não houve a escolha de uma levedura específica. “E o resultado é sempre muito bom. Essa levedura geralmente predomina na fermentação” – destaca.


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Multiplicação da levedura Uma das dificuldades superadas pela Microserv Bio é quanto à necessidade de fermento necessária para dar o start na fermentação. “A partir de apenas 5 litros de composto contendo a MSB, produzidos pelo laboratório em Maceió, hoje, conseguimos multiplicar em cinquenta toneladas com apenas cinquenta horas na usina” – ressalta. A “descoberta” da MSB não ocorreu por acaso. É resultado de muita pesquisa. A Microserv Bio avalia, de maneira sistemática, amostras de várias usinas para selecionar leveduras. Aliás, Teresa Cristina Possas começou a realizar este tipo de trabalho em 1996, quando era funcionária de uma usina de Alagoas. Além do uso de uma levedura selecionada – que apresente características diferenciadas como a MSB –, existe a necessidade da adoção de diversos cuidados para a obtenção de resultados positivos no processo fermentação. O controle da temperatura é fundamental. “Toda levedura fica rugosa quando a temperatura passa de 35ºC na fermentação”, observa a diretora da Microserv Bio. Nem a MSB está livre desse problema, caso não haja o

controle. “E perde o seu potencial se a temperatura estiver constantemente alta”, alerta. O recomendável é mantê-la – afirma – no máximo a 33ºC. A boa assepsia nas moendas, nas tubulações de caldos, nos trocadores de calor é fundamental para controlar a contaminação bacteriana. Segundo ela, o ideal é utilizar água com temperatura a 80ºC na assepsia, adotando-se as medidas preventivas necessárias para que sejam evitadas queimaduras nos operadores desse sistema. Existe usina que faz a aplicação de água com 65% por precaução em relação a acidentes. Mas, isto pode interferir na eficiência do processo devido à assepsia inadequada – comenta. No caso de contaminação, é necessário usar antibiótico específico para cada situação. A Microserv Bio faz inclusive um trabalho voltado à avaliação do nível de contaminação, do tipo de bactéria existente e do melhor antibiótico a ser aplicado. A redução das impurezas minerais e vegetais, transportadas do campo para a indústria é uma preocupação das usinas e destilarias, visando a diminuição da contaminação em todo o processo – diz.

Levedura em cuba no início de crescimento em volume


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Contaminação bacteriana provoca perda significativa de etanol Somente a adoção de controle rigoroso, com a utilização de uma metodologia de diagnóstico confiável, possibilita a obtenção de resultados positivos O controle microbiológico é essencial para uma fermentação de alta performance, enfatiza o biomédico Mário César Souza e Silva, diretor da MC Desinfecção Industrial, que também integra o PróUsinas. Para isto, é importante contar com uma metodologia precisa para diagnosticar o nível exato da contaminação bacteriana – afirma. Se for utilizada uma tecnologia eficaz de diagnóstico em um projeto de controle microbiológico rígido, é certeza que se consegue produzir muito mais etanol – destaca. Caso contrário, as perdas podem ser muito significativas. Afinal, os maiores prejuízos proporcionados pela contaminação bacteriana são a degradação da sacarose e a formação dos ácidos láticos e acéticos que provocam perda de açúcar para a conversão em etanol e intoxicação das

leveduras. Quando há uma relação de 108UFC/ml – Unidade Formadora de Colônias/mililitro de levedura por 106UFC/ml de bactérias, nas dornas de fermentação, ainda está se obtendo um certo controle da contaminação bacteriana – constata o diretor da MC. As perdas, neste cenário, são menores. Caso seja mantida essa relação entre leveduras e bactérias, uma dorna com um milhão de litros a serem fermentados consegue uma produção de 10% de etanol, ou seja, 100 mil litros a cada oito a dez horas – exemplifica. E este resultado é obtido com a adoção de controle rigoroso com a utilização de uma metodologia de diagnóstico confiável – observa. Se a contaminação estiver em 107UFC/ml de bactérias, o rendimento fermentativo tem uma queda para 8%, o que equivale a uma produção de 80 mil litros de etanol para uma dorna de um milhão de litros. E em 108UFC/ml chega-se no máximo a 6% de produção, que é muito baixa – detalha –, ou seja, 60 mil litros a cada período de oito a dez horas. A contaminação elevada acaba gerando perdas significativas em todo o processo, pois as bactérias consomem matéria-prima (sacarose) e afetam a produção de açúcar e etanol.

Mário César Souza e Silva, diretor da MC Desinfecção Industrial

Controle Microbiológico da Fermentação x Rendimento da Fermentação Nível de contaminação bacteriana no Vinho Diagnóstico pelo KIT MC

Rendimento da Fermentação

106 107 108

91-92% 90% 88%

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Microscopia por bastonete ainda é usada no setor Lactímetro não é um bom quantificador da microbiota bacteriana contaminante do processo, segundo especialista da área É fundamental a utilização de uma metodologia de diagnóstico da contaminação bacteriana que seja correta e disponibilize um valor confiável – enfatiza Mário César, da MC Desinfecção Industrial. Segundo ele, este procedimento não ocorre, no entanto, na maioria dos casos.

Bactérias x etanol A produção de etanol em uma dorna, com capacidade de um milhão de litros e 108UFC/ml de leveduras, registra queda conforme aumenta a população de bactérias: Contaminação bacteriana

Produção de etanol (em litros, por período de oito a dez horas)

106UFC/ml 107UFC/ml 108UFC/ml

100.000 80.000 60.000

Fonte: Mário César Souza e Silva, diretor da MC Desinfecção Industrial

A ferramenta quantificadora mais precisa do nível de contaminação bacteriana é o plaqueamento O setor sucroenergético brasileiro ainda usa, em diversos casos, a microscopia por bastonete que é considerada ultrapassada – revela. “Essa metodologia não acusa pelo microscópio o nível verdadeiro da microbiota contaminante”, esclarece.

Mário César Souza e Silva, da MC Desinfecção Industrial e colaboradora química em seu laboratório

Em relação à técnica do lactímetro – também empregada para avaliar a contaminação bacteriana –, ele observa que esse procedimento não mede ácido lático total e que não são todas as bactérias contaminantes fermentadoras que produzem o ácido lático. “O lactímetro não é um bom quantificador da microbiota bacteriana contaminante do processo”, afirma. Na opinião dele, é obrigatória, no controle microbiológico, a utilização de uma ferramenta quantificadora confiável do nível de contaminação bacteriana. “A mais precisa é o plaqueamento”, ressalta. Mas, ocorreu um equívoco na maneira de aplicar essa tecnologia no setor sucroenergético – alerta. “As bactérias do processo de fermentação são exigentes. No ambiente em que elas vivem há aspectos nutricionais e físico-químicos, como temperatura e o pH. Quem faz plaqueamento não utiliza os meios de cultura corrigidos. Usa água esterilizada e, às vezes, utiliza água peptonada, mas não corrige pH e outros aspectos”, comenta. Esses procedimentos são contrários ao conceito básico da técnica de plaqueamento. “Qualquer ser vivo para se expressar nas placas de petrifilm precisa de alimento e de condições essenciais para a vida dela”, ressalta. Se não houver a correção das condições nutricionais e ambientais para a aplicação da metodologia de maneira correta, há chance da bactéria não crescer e, em consequência disso, ocorrer a obtenção de um diagnóstico falso.


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Kit MC faz diagnóstico da microbiota com precisão e rapidez Ferramenta é uma vitória da microbiologia contra o tempo, pois gera resultado em trinta minutos a uma hora Com a finalidade de disponibilizar uma avaliação precisa da contaminação bacteriana, a MC Desinfecção Industrial lançou o Kit MC de Diagnóstico Rápido, que pode ser utilizado para quantificar os níveis de bactérias nos seguintes caldos do processo: primário, misto, mosto de alimentação, PCTS, fermento tratado e não tratado, dornas em fermentação, dorna pulmão, tubulações. Essa ferramenta tem um papel importante para estancar a quantidade de etanol que sai pelo “ralo” da destilaria devido à competição das bactérias com as leveduras pela sacarose. “A metodologia do Kit é validada por plaqueamentos devido à sua precisão em quantificar a microbiota bacteriana contaminante do processo, produtoras ou não de ácido lático. Essa ferramenta é uma vitória da microbiologia contra o tempo. O resultado em petrifilm que sai

em 48 horas em outros métodos, com o Kit MC ocorre em trinta minutos a uma hora”, destaca. O diagnóstico, em menor tempo, proporciona um ganho com a intervenção mais rápida, pois a contaminação bacteriana pode ser controlada com maior agilidade. Além disso, o diagnóstico preciso do Kit MC possibilita a utilização de uma quantidade específica, para cada caso, de antimicrobiano e antibiótico. “Vai haver uma dosagem de acordo com o nível de contaminação, nem mais nem menos”, enfatiza. A precisão no diagnóstico gera também benefícios ambientais. Evita a utilização de antibiótico de forma indiscriminada, como ocorre em diversas unidades sucroenergéticas, o que favorece o desencadeamento do fenômeno da resistência bacteriana aos produtos utilizados. O mesmo acontece quando há a dosagem de uma quantidade menor que a necessária, constata. “Verificamos na prática a resistência quando utilizamos o produto e a ppm que estávamos acostumados a dosar e não temos mais efeito biocida e o nível de contaminação não cede. Resistência bacteriana aos antibióticos é um problema grave na saúde pública”, diz.

Procedimento de plaqueamento para leveduras

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Controle eficaz possibilita redução na utilização de insumos O uso de tecnologia adequada e eficiente cria, de maneira geral, uma melhor condição de produtividade e, em consequência disso, de lucratividade. Alguns estudos, realizados por Mário César Souza e Silva, demonstram que um bom controle, além de proporcionar o aumento da produção de etanol, possibilita a diminuição sensível, de três a cinco vezes, dos insumos – antibiótico, antiespumante – gastos na correção. Para a obtenção de um diagnóstico mais preciso e um controle mais específico é necessário também rastrear a matéria-prima em diversos pontos do processo de produção. Além de disponibilizar o Kit de Diagnóstico Rápido, a MC oferece um programa de

gerenciamento estatístico por regressão linear, ou seja, um estudo mais aprofundado de estatística que possibilita a checagem dos principais pontos críticos de contaminação de todo o processo. “Pegamos uma série de pontos do processo de fermentação, cruzamos com o nível de contaminação bacteriana e analisamos os resultados de acordo com o rendimento fermentativo”, diz Mário César. E, a partir desse rastreamento, com o uso do Kit, torna-se possível o monitoramento de pontos específicos, o que cria condições para a adoção de medidas corretivas ou preventivas por meio da dosagem de produto – explica.

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RELAÇÃO ESTIMADA ENTRE NÚMEROS DE BACTÉRIAS E RESPECTIVAS PERDAS EM ETANOL BACTÉRIAS PERDAS DE ÁLCOOL PERDAS DE ÁLCOOL UFC/ML ** %V/V *** Galão e litros 105 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .0,1- 0,2 . . . . . . . . . . . . . . . . . .80.000 – 302.800 106 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .0,2 - 0,4 . . . . . . . . . . . . . . . . .160.000- 605.600 107 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .0,6 - 1,0 . . . . . . . . . . . . . . . . .400.000 -1.514.000 108 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .0,9 – 1,2 . . . . . . . . . . . . . . . .480.000 – 1.816.000 109 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1,0 – 1,5 . . . . . . . . . . . . . . . .600.000 – 2.271.000 * Perda máxima calculada em uma produção de 151.000 m3 / ano ou 40.000.000 galões/ano ** Metodologia de Plaqueamentos para bactérias fermentadoras. *** Estudo Estatístico de Tendências Nottingham University UK

Perda pode chegar a 1,5 milhão de litros com 107UFC/ml de contaminação Um estudo feito pela Universidade de Nottinggam, na Inglaterra, encomendado por produtores de álcool de uísque do Reino Unido, demonstra que uma contaminação bacteriana de 107UFC/ml representa uma perda de 1,514 milhão de litros de álcool, informa Mário César. Este total multiplicado pelo preço do litro de etanol, em torno de R$ 1,30, pode significar um prejuízo de aproximadamente dois milhões de reais para uma usina brasileira, calcula o biomédico. De acordo com esse trabalho, para a obtenção de um resultado satisfatório no controle da contaminação, a população de

bactérias não deve ultrapassar 105UFC/ml. Na Europa e nos Estados Unidos, 106UFC/ml de contaminação já é considerada elevada – afirma. “Para fazer o controle e reduzir a contaminação, em diversos países, ocorre o uso de ferramenta de plaqueamento para a obtenção de diagnóstico preciso”, enfatiza.

PRÓ-USINAS A Microserv Bio e a MC Desinfecção fazem parte do Programa Mais Etanol do PróUsinas, que viabiliza soluções voltadas ao incremento da eficiência e da rentabilidade das usinas e grupos sucroenergéticos.


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Retrofit gera diversos benefícios para a cadeia sucroenergética Projeto possibilita a modernização de plantas, confiabilidade operacional e venda de excedente de energia R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A árdua batalha das unidades e grupos sucroenergéticos pela sobrevivência já não mais é novidade. A busca por alternativas visando a superação das dificuldades está, no entanto, entre as prioridades que integram a agenda positiva do setor. Um caminho para isto pode ser inclusive o projeto retrofit, desenvolvido pela TGM, com sede em Sertãozinho, SP, que possibilita a modernização de plantas industriais, proporcionando confiabilidade operacional, redução de custo, venda de excedente de energia e geração de caixa. Os benefícios deste projeto não estão voltados exclusivamente para usinas e destilarias. Movimenta toda a cadeia produtiva sucroenergética, de acordo com informações do diretor da TGM, Antonio Gallati. Além disso, possibilita acréscimo de energia elétrica ao país – que pode chegar até 9,5 GWh –, gera emprego e impulsiona negócios, como atividades de hotéis, restaurantes e comércio em geral nas cidades das regiões de usinas que passarão por esse processo de retrofit. Atualmente 230 unidades precisam ser

modernizadas no país, conforme levantamento da TGM. Mas, de imediato, noventa delas apresentam condições para oferecer garantias e ter acesso à linha de crédito disponibilizada pelo BNDES. A empresa de Sertãozinho tem feito contatos com o Ministério de Minas e Energia e a Secretaria de Energia do Estado de São Paulo para que sejam viabilizadas linhas de transmissão e conexões com as subestações onde serão disponibilizadas excedentes de energia geradas pela biomassa da cana. Essa incumbência tem sido das unidades sucroenergéticas, o que dificulta a participação delas em projetos nessa área – comenta Antonio Gallati –, pois o custo por quilômetro da linha de transmissão está em torno de quinhentos mil reais. Do BNDES, a TGM já teve a sinalização que o retrofit terá a mesma linha de crédito que já é disponibilizada para grandes projetos de geração de energia elétrica, com prazo de pagamento de até vinte anos e juros em condições especiais. “Pedimos também ao governo a garantia de um preço viável de energia no leilão que pague o investimento”, diz. Segundo o diretor da TGM, o projeto retrofit conta com a parceria do Ceise Br – Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis, que tem viabilizado, por exemplo, contatos com os órgãos públicos. Além disso, tem o apoio, entre outros, da Prefeitura de Sertãozinho e do secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim.


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Área externa de uma termelétrica de bagaço de cana: exemplo moderno de retrofit

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Equipamentos antigos comprometem confiabilidade da planta O retrofit é um bom negócio para usinas e destilarias. Permite que o ganho financeiro, proporcionado pela exportação de energia, pague o investimento e ainda gere “caixa”, pois a parcela do financiamento é menor do que a receita da venda de bioeletricidade, observa o diretor da TGM, Antonio Gallati. “E, com isto, a usina começa a ter fôlego para poder se sustentar”, comenta.

Trabalho avalia a necessidade de substituição ou modernização de caldeiras, com o objetivo de aumentar a produção de vapor Em termos técnicos, a TGM é responsável pela administração do projeto de retrofit. Examina a planta inteira e avalia até a produção da lavoura para saber quanto a usina terá de cana, quanto vai processar, quanto produzirá de etanol e de açúcar – detalha. Essa empresa de Sertãozinho desenvolve também o projeto de engenharia do retrofit. Faz inclusive o balanço térmico da unidade industrial. Repassa para a usina quais os equipamentos e serviços que precisarão ser adquiridos de outros fornecedores. “O trabalho da TGM abrange fornecimento de turbinas, redutores e mão de obra para instalação e

manutenção de equipamentos, revisão e o start up da planta”, afirma Antonio Gallati. Segundo ele, existem muitas plantas que estão sem condições de terminar uma safra com confiabilidade. “Os equipamentos são antigos, de baixa eficiência, gastam mais para produzir o etanol e o açúcar do que gastam as plantas modernas”, compara. Além de serem menores, essas plantas têm um custo maior. “É lógico que perdem a competitividade”, ressalta. Neste trabalho de retrofit, ocorre a avaliação – exemplifica – da possibilidade de substituição da caldeira de baixa pressão por outra de média pressão. Ou ainda se deve ser feita a modernização do equipamento já existente, o que inclui o aumento de sua capacidade. Nos casos em que a caldeira é muito antiga, não apresentando condição para o serviço de caldeiraria nem de segurança operacional, a troca é recomendada. O retrofit geralmente não utiliza equipamento de alta pressão, para na media pressão, usando, por exemplo, uma caldeira moderna de 42 kgf/cm² – revela. A finalidade do retrofit é dar condição para esses equipamentos entrarem em operação de forma confiável, aumentando a capacidade e melhorando a eficiência deles. “Se uma caldeira está consumindo muito bagaço por tonelada de vapor, com a melhoria da eficiência, há menor gasto de bagaço e maior produção de vapor”, comenta. (RA)


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Projeto possibilita redução de custos operacionais de usinas O trabalho de retrofit abrange, entre outras iniciativas, a avaliação dos acionamentos de preparo e moagem. Nas moendas podem ser instalados planetários e motores elétricos – observa Antonio Gallati. Pode ocorrer também uma melhoria dos equipamentos utilizados no processo de fabricação para que ocorra uma redução do consumo de vapor por quilo de açúcar ou litro de etanol – diz.

Cinquenta milhões em média para cada retrofit, fora a linha de transmissão, são suficientes para aumentar a eficiência “Com essa modernização, sobra vapor para a geração”, constata. Mas, pode haver necessidade também de utilização de novas turbinas e geradores, de maior capacidade. A partir disso, vai ser possível gerar a energia da própria planta e mais um excedente – afirma “É um custo baixo para a modernização completa da planta industrial. Há também

Casa de força de termelétrica

uma redução de custos operacionais que possibilita a elevação da competitividade do açúcar e do etanol”, enfatiza. Cinquenta milhões em média para cada projeto, fora a linha de transmissão, são suficientes – informa. “Estamos trabalhando com algumas usinas que vão fazer o retrofit com o financiamento disponível para a modernização da planta industrial. Essas unidades vão bancar a linha de transmissão”, diz.

Se não houver, no entanto, a viabilização da conexão à rede por parte do governo, o número de projetos de retrofit deverá ser bastante reduzido – prevê. Dois exemplos consolidados de projetos de retrofit, realizados pela TGM no ano passado, são os das usinas Santa Lúcia e São João, ambas localizadas em Araras, SP. As duas unidades já estão entregando o excedente de energia na safra 2015/16. (RA)

Modernização vai criar emprego para muita gente Com o retrofit, uma usina, com capacidade de moagem em torno de 1,5 milhão de toneladas, pode ter o incremento entre 10 e 20 megawatts/hora de energia, calcula Antonio Gallati “Caso o retrofit seja feito em dez usinas por ano, já vai gerar emprego para muita gente. É um movimento enorme”, diz. Considerando somente as noventa usinas que têm possibilidade de acesso imediato à linha de crédito do BNDES, haverá trabalho para quase dez anos. “A ideia é fazer isto de maneira bem planejada”, afirma. Se cada usina tem duas ou três caldeiras, haverá demanda de serviços para vinte caldeiras – novas ou recuperadas –, em média, por ano. “Vai ter trabalho para todas as fábricas de caldeiras”, observa. O retrofit beneficiará toda a cadeia, incluindo empresas de siderurgia, tubos e conexões, válvulas, parafusos, porcas, arruelas, tratores e máquinas para a lavoura, fábricas de caldeiras, redutores, turbinas, moendas, acionamentos, motores, inversores, painéis, fios, cabos, postes, entre outras. Devido à necessidade de uma grande quantidade de itens, é necessário comprar do Brasil inteiro para atender a demanda das plantas industriais – destaca. (RA)


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ENERGIA DE SOBRA Energia produzida e consumida pelas usinas dobrou e a vendida à Rede aumentou 2.000% em dez anos I SAC ALTENHOFEN, DE VALINHOS, SP

Nos últimos dez anos, de 2005 a 2014, a energia produzida e consumida pelas próprias usinas dobrou, de 6,6 GWh para 13,2 GWh. No mesmo período a bioeletricidade exportada e vendida à Rede teve aumento de quase 2.000%: saiu de 1,1 GWh para 19,4 GWh. Estes números transformam de vez o Brasil no maior gerador mundial de energia obtida a partir da biomassa da cana-de-açúcar — recentemente atingiu a marca histórica de 10 mil MW de potência instalada. Porém, trazem um intrigante paradoxo: se, por um lado o país possui grande capacidade energética, de outro, a expansão do setor sucroenergético, embora a princípio pareça imensa, ainda está longe do que poderia ter alcançado e alcançar no País. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), divulgou que em 2010 a fonte da biomassa foi responsável pela instalação de 1.750 MW. Contudo, a previsão para 2015 é que a mesma fonte seja responsável por apenas 633 MW, o que corresponde a 36% do que foi instalado há cinco anos atrás. A estimativa de acréscimo de potência para os anos 2016 a 2018 será em torno de 256 MW. Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da Unica, acredita que o Brasil precisa definir o papel de longo prazo da bioeletricidade, e também do etanol, na matriz energética brasileira. Para ele, devese definir condições necessárias que estimulem o aproveitamento do potencial energético da biomassa da cana e evite essa descontinuidade anual, presente desde 2010. Entretanto, de acordo com Souza, a criação do produto térmico – separando bioeletricidade das eólicas nos leilões regulados –, a partir de 2013, e a melhora do preço teto nos leilões sinalizam boas perspectivas para a energia elétrica obtida a partir da biomassa. Ainda, assim, ele entende que há necessidade de melhorar o ambiente institucional de forma consolidada e contínua, com o objetivo de estabilizar regras e segurança a fim de estimular novamente o retorno da bioeletricidade aos leilões regulados. Zilmar de Souza pondera: “Até que esse processo de melhoria das condições institucionais avance e se consolide devemos evitar o retorno à política do Stop and go ou go and stop. Precisamos parar com a ideia de melhorar as condições nos leilões e depois voltar tudo para trás. Nisto está a importância de continuamente tornar melhor

Zilmar de Souza

o preço nos leilões e as demais condições institucionais que possam dar mais competitividade à bioeletricidade (tratando as questões de financiamento, tributos, conexão e uso da rede, regras de comercialização, etc).” Souza também reconhece que o governo sabe do potencial da bioeletricidade brasileira e que pode contar com esta fonte, como contou em 2014. Na época, a energia elétrica ofertada para o SIN (Sistema Interligado Nacional) pela fonte da biomassa da cana foi de cerca de 20 mil GWh. Isso representou pouco mais de 4% do consumo de energia elétrica no país. Naquele ano a participação do setor sucroenergético na Rede quase dobrou enquanto o País passava pelo período seco e crítico. A oferta da energia gerada pela biomassa significou poupar 13% da água nos reservatórios das hidrelétricas do submercado elétrico Sudeste/Centro-Oeste. Esse exemplo demonstra a importância do desenvolvimento e expansão da bioenergia no Brasil. “Não fosse ela o país teria enfrentado uma grande crise elétrica no período seco do SIN”, lembra, com razão, Zilmar de Souza. As estimativas da Unica revelam que a possibilidade de estabelecer diretrizes de curto prazo vai estimular maiores investimentos por parte de outras unidades na geração de bioeletricidade. A biomassa pode aumentar sua oferta ao sistema interligado de 3.000 GWh para aproximadamente 5.500 GWh na mesma safra, sem aumentar a capacidade instalada. Porém, deve haver medidas econômicas capazes de tornar viáveis as operações e aproveitamento de biomassa própria e de terceiros. Mas, com a diminuição do PLD (Preço teto de Liquidação de Diferenças), neste ano, muitas oportunidades não foram aproveitadas por causa do elevado custo das biomassas, na maioria associada ao transporte complementar até às usinas, cujas distâncias chegam a ultrapassar 300 km.

Em 2014 havia cerca de 376 usinas sucroenergéticas em operação no Brasil. Destas, 47% delas exportaram quase 20 mil gigawatt-hora de energia elétrica para a rede. Zilmar observa que as 199 usinas que não exportaram podem passar pelo processo de retrofit ou de reforma do parque termoelétrico. Sugere um programa de eficiência energética para a modernização das usinas não cogeradoras, onde até as cogeradoras agregariam uma oferta significativa para o sistema interligado. Para isso acontecer há necessidade de significativos investimentos por parte do setor sucroenergético: troca de caldeiras de baixa pressão, turbo-geradores, equipamentos e adaptações para aproveitar melhor a palha, são alguns exemplos que precisam ter uma rentabilidade adequada. Sobretudo, por conta de não estar ocorrendo um crescimento da moagem de cana-deaçúcar, fato que poderia ajudar a melhorar a competitividade dos projetos de bioeletricidade, argumenta Souza. Enfim, em 2014 a geração de energia elétrica poderia ter sido até sete vezes superior se houvesse total aproveitamento da biomassa existente. Isto mostraria a eficácia do potencial técnico desta fonte renovável e sustentável que é a cana-de-açúcar, conclui Zilmar de Souza.

USINAS RECEBEM SELO No início deste ano de 2015 a Unica e a CCEE lançaram o Selo Energia Verde que certifica usinas que produzem energia elétrica a partir da biomassa da cana-deaçúcar. Certificaram recentemente mais 30 usinas que produzem bioenergia para consumo próprio e distribuição para o SIN – Sistema Elétrico Nacional. O total de unidades certificadas hoje é de 43 (veja quadro das certificadas nesta página). As usinas que receberam esse prêmio são associadas à Unica e participam do Protocolo Agroambiental do estado de São Paulo, que determina critérios econômicos e sustentáveis na produção de energia desse segmento. A certificação dessas usinas é resultante do fato de que elas atenderão 2,5 milhões de consumidores residenciais no ano de 2015, evitando a emissão de mais de 2,4 milhões de toneladas de CO2. Segundo Zilmar de Souza, as usinas que detém o selo Energia Verde pouparão ao longo de 2015 cerca de 3% da água dos reservatórios da região Sudeste/CentroOestes, que é responsável por 60% do consumo brasileiro. “O consumidor no mercado livre, preocupado com o consumo responsável, ao adquirir bioeletricidade de uma unidade produtora participante do Programa de Certificação, ajuda a manter a nossa matriz energética sustentável e contribui para o desenvolvimento dessa importante fonte renovável que é a bioeletricidade”, encerra Souza.

Relação de unidades produtoras e consumidoras de bioeletricidade que receberam o selo Energia Verde (até 20 de junho de 2015): 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43

Açucareira Quatá S.A. Açucareira Zillo Lorenzetti S.A. Alta Mogiana Bioenergética Santa Cruz 1 Bioenergia Barra Ltda - Raízen Energia S.A. Biosev S.A. - Ldc Bio I0 – 4090 Biosev S.A. - Ldc Bio Passa Tempo I5 – 11072 Biosev S.A. - Ldc Lp 1 LF10 – 4012 Cerradinho Bioenergia S.A. - Ute Porto das Águas Cocal Comércio e Indústria Canaã Açúcar e Álcool Ltda. Cocal Termoelétrica S.A. Glencane Bioenergia S.A. – Ute Rio Vermelho J. Pilon S.A. Açúcar e Álcool Mogiana Bioenergia Monteverde Agro-Energética S.A. Nardini Agroindustrial Ltda. Paranapanema UMOE Pedro Afonso Açúcar e Bioenergia S.A. São Martinho Energia S.A. São Martinho S.A. Usina Barra Grande de Lençóis S.A. Usina Boa Vista S.A. Usina Iracema Usina Moema Açúcar e Álcool Ltda. UTE Amandina UTE Angélica UTE Guarani Cruz Alta UTE Monte Alegre UTE Noroeste Paulista UTE Potirendaba Pitangueiras Açúcar e Álcool Ltda. Cosan Centroeste Açúcar e Álcool Ltda. Bioenergia Caarapó Ltda. Bioenergia Costa Pinto Ltda. Bioenergia Gasa Ltda. Bioenergia Rafard Ltda. Bioenergia Univalem Ltda. Bioenergia Maracaí Ltda. BCE – Buritizal Central Energética S.A. CENI – Central Energética Nova Independência S.A. Cerpa – Central Energética Rio Pardo S.A. Bioenergia Barra Ltda. – Filial Bonfim Bioenergia Barra Ltda. – Filial Ipaussu


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Gerson Carneiro Leão, Alexandre Andrade Lima e Renato Cunha: defensores do setor pernambucano

Usina Cruangi deverá moer 400 mil toneladas em 2015/16

Usinas Cruangi e Pedroza são reativadas em Pernambuco As Usinas Cruangi e Pedroza voltarão a participar da safra de cana-de-açúcar em Pernambuco. Após articulações entre representantes de usinas e fornecedores, as unidades devem processar em 2015/16. Com a reativação Pernambuco deve processar 700 mil toneladas a mais nesta safra. Diretores da Usina Cruangi assinaram um contrato de arrendamento da empresa com a Cooperativa da Associação dos Fornecedores

de Cana de Pernambuco (COAF). Alguns dos envolvidos nestas reativações são Alexandre Andrade Lima, presidente da Unida e da AFCP – Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco, Gerson Carneiro Leão, presidente do Sindicape – Sindicato dos Cultivadores de Cana-deAçúcar de Pernambuco e Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar PE - Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de

Pernambuco. O trio, com apoio político e de outros entusiastas do setor sucroenergético pernambucano, não mediram esforços nos últimos meses para reativarem estas unidades. Parada por três safras consecutivas, a reativação da usina está orçada em R$ 3 milhões. A previsão é de que o processamento da cana comece em outubro, seguindo a safra nordestina. Segundo a COAF a unidade deve

processar 400 mil toneladas de cana em 2015/16. Também arrendada por uma cooperativa de produtores, a Usina Pedroza, parada há uma safra, deve voltar a moer em outubro deste ano. Com capacidade para processar 300 mil toneladas de cana a unidade receberá canade-açúcar de produtores de Ribeirão, Primavera, Catende e parte de Palmares.


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Plano de exportações é elogiado pelo agronegócio O Plano Nacional de Exportações (PNE), divulgado no último dia 24 de junho pelo governo federal, foi bem recebido pela maioria das entidades de classe do setor agropecuário, que veem nele oportunidades para expandir os mercados e fortalecer a atividade, que responde hoje por 21,3% do PIB nacional e por 43% das exportações brasileiras. Em 2014, as vendas externas do setor totalizaram US$ 96,7 bilhões. O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, disse que o Plano Nacional de Exportações (PNE) beneficiará o agronegócio brasileiro, em especial a agroindústria. – Precisamos agregar mais valor e não simplesmente exportar produtos primários. Esse plano veio ao encontro dos nossos anseios, da agropecuária brasileira – afirmou Martins. Ele informou que a CNA participou das discussões e elaboração do plano e disse que todos os pontos propostos pela entidade foram considerados. Dentre eles estão a entrada dos produtos brasileiros em mais países, a busca por mais acordos comerciais, o fortalecimento da atuação brasileira em organismos internacionais e a remoção de barreiras tarifárias,

PNE é positivo para o setor, acredita Elizabeth Farina Representantes do setor sucroenergético disseram que o PNE é positivo por colocar a busca por novos mercados como uma das prioridades. A presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Elizabeth Farina, disse que o país detém 50% do comércio mundial de açúcar e será beneficiado pelas medidas de “desburocratização e facilitação das regras de operação” para os embarques. Para Jorge dos Santos, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindalcool-MT), a questão tributária também precisa ser atacada. – O certo é estornar os débitos de rotatividade, como PIS/Cofins e ICMS. Se isso será permitido a partir de agora, é o reconhecimento de uma falha que havia. Não há dúvida de que você não exporta impostos – disse.

Elizabeth Farina quer desburocratização nas regras de operação para os embarques

João Martins, presidente da CNA: plano beneficiará a agroindústria

sanitárias e fitossanitárias. Para o diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de

Sucos (CitrusBR), Ibiapaba Netto, há uma preocupação real do governo federal com os exportadores. A ministra da

Agricultura, Kátia Abreu, deixou isso claro, na reunião com representantes de setores exportadores do agronegócio. – Se avaliarmos o Plano Safra e o Plano Nacional de Exportações, o que vemos é um movimento no governo para prestigiar o setor que traz mais resultados para a economia – afirmou. Da reunião com Kátia Abreu participaram representantes dos setores de café, frutas, carnes, etanol, lácteos, suco de laranja, entre outros. O presidente executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, por sua vez, destacou dois pontos do plano: a reforma do PIS/Cofins e o compromisso em firmar acordos comerciais com países importadores. – A ideia é reformar o PIS/Cofins para que seja quase um título de crédito da empresa, algo negociável, visível. E não como é hoje – afirmou o presidente da entidade, em referência ao conceito de “crédito financeiro” relativo às contribuições, parte da agenda de reforma tributária. Na divulgação, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro Neto, reforçou o compromisso do governo com esta mudança no início de 2016.

CNA debate na Câmara dos Deputados crise no setor sucroenergético A Câmara dos Deputados realizou no dia 10 de junho, Comissão Geral para debater a crise do setor sucroenergético, a pedido do deputado JHC (SD/AL). O presidente da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ênio Jaime Fernandes Júnior, participou do debate. Ele defendeu que setores que dependem da produção de cana-de-açúcar devem se unir. Participaram do evento representantes de diversos setores envolvidos na cadeia produtiva da cana-de-açúcar. Foi consenso entre os debatedores, a formalização de cobrança ao Governo Federal de uma política clara para o setor, com definição do papel do etanol na matriz energética brasileira. Os deputados e representantes dos setores produtivos e dos trabalhadores lembraram os problemas vividos desde a crise financeira de 2008, que levaram ao fechamento de 60 usinas de cana, além de outras 50 que estão em recuperação judicial. Uma das soluções propostas, o retorno da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE, foi atendida. Contudo, o valor adotado não satisfaz plenamente as expectativas do setor. Há o entendimento de todos os participantes no encontro que a CIDE precisa ser atualizada. “A nossa principal meta é construir uma sociedade proativa, que proporcione renda, crescimento e desenvolvimento. A

principal proteção social do País é o seu desenvolvimento e o agronegócio vem demonstrando essa capacidade”, disse o Presidente da Comissão Nacional de Canade-Açúcar da CNA. O desenvolvimento do agronegócio tem sido comprovado pelo aumento do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, nas cidades que têm atividade rural ativa. Ênio Fernandes citou como exemplos as cidades de Rio Verde (GO) e Petrolina (PE), onde o IDH

aumentou em 14% e Rondonópolis (MT), que viu seu IDH crescer em 10%. Ênio Fernandes também destacou a atuação e a larga experiência no setor rural da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, que tem sido importante interlocutora com o setor produtivo nacional. Por fim, Ênio destacou a disposição da CNA para o debate e para contribuir com propostas de soluções que levem ao desenvolvimento do País.


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Baixos investimentos em inovação têm reflexos na produtividade ANTONIO SCARPINETTI/ASCOM UNICAMP

Estudo realizado pelo Nagise sobre o tema faz parte do livro "Futuros do bioetanol: o Brasil na liderança?" R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Os investimentos feitos por unidades e grupos sucroenergéticos em inovação tecnológica, nas áreas agrícola e industrial, ainda são relativamente baixos, afirma Sergio Salles Filho, coordenador do Nagise – Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação do Setor Sucroenergético, com sede na Unicamp – Universidade Estadual de Campinas, que realizou levantamento sobre o tema em 2013 e 2014. A falta de investimento em inovação gera algumas consequências para a atividade sucroenergética, como: redução da produtividade, baixa eficiência no processo de produção, aumento das perdas nas áreas agrícolas e industrial. “O setor se move lentamente em assuntos referentes a ganhos de produtividade. O Brasil tem hoje uma média de produção industrial de seis mil litros de etanol por hectare. Poderia aumentar isto. Na área agrícola, a produtividade está entre 65 e 68 toneladas por hectare (TCH). Poderia

Sergio Luiz Monteiro Salles Filho: o setor se move lentamente

estar, sem grandes mudanças tecnológicas, em 80 TCH”, comenta Sergio Salles, que é professor do Instituto de Geociências da Unicamp e coordenador do Núcleo. O estudo do Nagise contou com a participação de 58 empresas do setor das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste e teve apoio da Finep – Financiadora de Estudos e Projetos. Antes do envolvimento direto com as unidades e grupos produtores, o Nagise realizou um trabalho sobre aspectos

econômicos, de emprego, logística, meio ambiente, certificação, entre outros temas relacionados à atividade sucroenergética. Todo esse levantamento deu origem ao livro "Futuros do bioetanol: o Brasil na liderança?", redigido por dezessete especialistas ligados ao Núcleo, cuja rede conta com a participação da Embrapa Agroenergia, da Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar, da UFPE – Universidade Federal de Pernambuco, do IAC – Instituto

Agronômico, de Campinas, e da FEA/USP – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, Campus de Ribeirão Preto. Lançado em fevereiro, o livro conta com nove capítulos, sendo dois deles voltados exclusivamente à questão da inovação tecnológica. Os outros são dedicados a uma análise do setor no Brasil e no mundo. A coordenação é de Sergio Salles Filho, que é um dos autores desse trabalho.


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Empresas mais ousadas valorizam desenvolvimento tecnológico Algumas unidades e grupos entendem que investimento em inovação é uma saída para a superação da crise Apesar dos baixos investimentos em inovação, o setor conta com unidades e grupos que realizam um trabalho de desenvolvimento tecnológico mais ousado. Essas empresas – que representam 20% do total avaliado no estudo do Nagise – têm pessoal próprio que atua na gestão de inovação, realiza investimentos sistemáticos nessa área e usam o tema da inovação em seu planejamento, constata Sergio Salles Filho. Entre as empresas envolvidas com a gestão da inovação, a metade delas apresenta um comportamento ainda mais ousado, entendendo que a crise no setor se resolve justamente com mais investimentos nessa área – revela o coordenador da pesquisa. “Fazem aquilo que a gente chama de ‘correr para frente’. Percebendo o momento mais difícil, acabam ampliando os investimentos para obter lá na frente ganhos de produtividade e

aumento da eficiência. E vão buscar na inovação, justamente, a saída para a crise”, ressalta. Segundo ele, há um conjunto de empresas – que representa aproximadamente 40% do total avaliado – que está começando a entrar nesse assunto, mas não possui nada estruturado. Existe ainda outro conjunto de 40%, que não realiza nenhum trabalho nessa área. “O primeiro contato dessas empresas com o sistema de gestão da inovação ocorreu, justamente, com o estudo do Nagise”, afirma. O Núcleo tem feito inclusive um trabalho com algumas usinas que estão interessadas em iniciar atividades ou investir mais na área de inovação – informa. Diversos motivos explicam a resistência de parte das empresas do setor à inovação. Algumas delas apresentam um perfil mais conservador. Nos últimos anos, as dificuldades econômicas também afetaram as iniciativas nessa área. “Em um momento de crise, quando as margens das empresas se estreitam muito, há um corte de custos e de investimentos”, observa. (RA)

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Pesquisas incluem novos modelos de negócio As empresas mais ligadas à questão da inovação apresentam atividades distintas nessa área. Existem aquelas que são compradoras de novas tecnologias, as que desenvolvem trabalhos em parceria com centros de pesquisa – exemplo disso ocorre na área de melhoramento genético da cana – e até as que são mais inovadoras, investindo no etanol de segunda geração e em novos modelos de negócios, de acordo com Sergio Salles Filho. Outras unidades e grupos, em função da crise do etanol, acabaram investindo no tema energia elétrica e no desenvolvimento de novos produtos. “Encontramos algumas empresas que reduziram a dependência da dobradinha açúcar e etanol, apostando na diversificação da produção e buscando produtos de alto valor agregado”, afirma. Entre os principais gargalos tecnológicos no setor, ele destaca as demandas da área agrícola que representa em torno de 70% dos custos de produção da atividade sucroenergética. “Os níveis de produtividade da cana, embora tenham melhorado no Brasil nos últimos vinte anos, ainda são baixos”, enfatiza. Segundo ele, há também um conjunto de inovações não tecnológicas, que são as mudanças organizacionais, gerenciais, de comercialização, logística, marketing, entre outras, que também podem elevar os níveis de eficiência e de desempenho nas empresas. “Essas inovações são importantes e relativamente baratas, exigindo investimento basicamente em capital humano. A maioria delas não é adotada”, diz. (RA)


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Estudo aponta benefícios da redução da alíquota do ICMS de São Paulo Cerca de um milhão de profissionais registrados I SAC ALTENHOFEN, DE VALINHOS, SP

Por meio das alíquotas de ICMS diferenciadas para o etanol (12%), o estado de São Paulo recebeu vários impactos positivos no consumo do biocombustível e na economia estadual e nacional. Doutores da USP — Universidade Estadual de São Paulo e Pesquisadores do CNPq — Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, divulgaram estudos acerca dos impactos sociais referentes ao aumento da demanda do etanol e o papel da tributação diferenciada dos combustíveis no desenvolvimento econômico do estado de São Paulo. Desde o ano 2000 a principal política de intervenção do governo federal no mercado de etanol foi a incorporação do imposto sobre o consumo da gasolina, a Cide. Determinados estados brasileiros apresentaram uma alíquota sobre o ICMS superior para a gasolina em relação ao etanol, tornando o preço do biocombustível mais atraente para o consumidor final. O etanol hidratado ficou mais competitivo frente à gasolina principalmente pelo aumento da frota de veículos flexfuel. O consumo relativo do etanol cresceu em relação ao início da década, principalmente nos estados que adotaram alíquotas de ICMS diferenciadas entre os dois tipos de combustíveis. O estado de São Paulo responde por mais da metade do consumo do biocombustível, bem como estados como Paraná, Goiás, Rio de Janeiro – exceto Minas Gerais –aplicam um percentual do ICMS inferior para este produto em relação ao da gasolina C. É válido lembrar que São Paulo produz cerca de 60% do etanol do país. Deste modo, os benefícios oriundos da maior demanda de etanol hidratado ficam no próprio estado. De acordo com o estudo a atual política de menor alíquota de ICMS sobre o etanol hidratado – em detrimento à da gasolina C – adotada no estado de São Paulo mostrou-se bastante favorável

Márcia Azanha, da USP: o setor tem duas grandes responsabilidades

econômica e socialmente, tanto dentro do estado quanto no restante do país. O estudo conclui que a redução na arrecadação pode trazer benefícios superiores ao originado pelos gastos do governo e que a política paulista de tributação diferenciada pode servir de exemplo para outros estados e países.

“O setor tem duas grandes responsabilidades: reduzir os custos e mostrar para a sociedade os benefícios ambientais, sociais e econômicos da produção e uso do etanol, de forma que sejam adotadas políticas que ampliem sua produção e consumo”, observa Márcia Azanha, doutora em economia da USP.

De acordo com os pesquisadores, os benefícios podem ser observados nas seguintes varáveis econômicas: valor da produção da economia, PIB, número de pessoas empregadas e no valor da remuneração paga aos empregados. Os estados que adotaram um diferencial tributário maior do ICMS, tiveram consequentemente aumento na concorrência do biocombustível em relação à gasolina. Devido à ampliação da frota de veículos flex no Brasil, a concorrência aumentou. Conclui-se então que o etanol é um grande mercado nacional e é visto no exterior como a melhor opção para combustível renovável. Em aspectos sociais o principal fator é a crescente geração de empregos, tanto na área industrial quanto na área agrícola. Dados da Relação Anual de Informações Sociais indicam que em 2010 havia 1.181.846 empregados formalmente registrados nas atividades canavieiras. Hoje este número está próximo de 1 milhão de profissionais formalmente registrados. Por seu baixo teor de emissão de CO2, o etanol se mostra eficaz como biocombustível renovável e sempre é visto positivamente no centro das discussões ambientais no mundo inteiro. (IA)


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Modelo paulista de tributação diferenciada poderia servir de exemplo para outros estados

Cinthia Cabral da Costa: O estado de Minas Gerais também já está sendo beneficiado

De acordo com a doutora em Ciências da USP, Cinthia Cabral da Costa, a política adotada pelo estado de São Paulo de tributação diferenciada pode servir de exemplo para outros estados. Segundo Cinthia “Foi também realizado um estudo para o estado de Minas Gerais, e o governo mineiro alterou a diferença da alíquota de ICMS entre gasolina e etanol hidratado, em favor do etanol: em 2011 a alíquota de ICMS da gasolina passou de 25% para 27% e do etanol hidratado de 25% para 22%. Em 2012 o governo mineiro provocou nova

redução na alíquota do ICMS do etanol hidratado para 19%.” Entretanto, neste período, políticas de âmbito federal agiram contra o aumento do consumo do etanol hidratado e o benefício dado pela política mineira foi minimizado. Não há estudos ainda indicando os benefícios que esta política provocou em Minas Gerais. Contudo, nos últimos dois meses ainda que seja um período de tempo curto para avaliação, o consumo de hidratado cresceu consideravelmente no estado mineiro. (IA)

Política equivocada impactou severamente a competitividade do hidratado O estudo realizado pelos doutores da USP e por pesquisadores do CNPq aponta que é necessária a definição de regras claras sobre a formação de preços, tributos, financiamentos para que os agentes possam avaliar de forma mais precisa os riscos dos investimentos no longo prazo. Se a política adotada na diferenciação entre as alíquotas de ICMS para o etanol hidratado e a gasolina acontecer no sentido de aumentar a alíquota da gasolina, o preço dos combustíveis aumenta, gerando inflação. Se acontecer no sentido de reduzir a alíquota do etanol hidratado sem alteração na alíquota da gasolina, o governo reduz sua arrecadação tributária. Os governos federal e estadual não raro atuam de maneira contraditória. Nos estados a atuação governamental é nula, aumentando a diferença nas alíquotas de ICMS entre etanol hidratado e gasolina. Segundo o pesquisador do CNPq, Joaquim José Martins Guilhoto, em relação ao governo federal nos anos recentes a prioridade foi o controle da inflação através dos preços da gasolina. “Dada a necessidade de importação da gasolina (na maior parte do tempo a preços mais altos do que os preços praticados internamente, inclusive com prejuízos à Petrobrás), o governo federal foi reduzindo as alíquotas da Cide, para que os preços ao consumidor não tivessem aumento e impacto inflacionário, chegando a zerar a alíquota da Cide sobre a gasolina em 2012”. Esta política impactou severamente a competitividade do etanol hidratado, cujos custos subiram bastante nos anos recentes, não podendo ser repassados ao consumidor, visto que o custo da gasolina limita o aumento do preço do etanol. Até 2010 o preço da gasolina no Brasil ficou maior ou igual ao preço no internacional. Esse fato permitiu que o

Joaquim José Martins Guilhoto: erro foi tentar controlar inflação pelos preços da gasolina

etanol se tornasse mais competitivo, assegurando a sua expansão no mercado. Mas de 2011 a 2014, o direcionamento da política governamental tornou-se evidente e o preço doméstico da gasolina passou a ser subsidiado pelo governo federal, com reflexos negativos sobre a demanda de etanol hidratado, aponta o estudo.

Em 2014 a Cide retornou, melhorando a competitividade do etanol nos postos. Entretanto, dado o cenário de baixo nível do preço internacional da gasolina e o longo período de desincentivo ao etanol hidratado no país, o retorno da contribuição pode ainda não ser suficiente para recuperação do setor. (IA)


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Nova Produtiva conscientiza colaboradores a preservar o ambiente em Astorga A Cooperativa Agroindustrial Nova Produtiva tem se destacado em Astorga, Paraná, em razão de seu trabalho de recomposição das matas ciliares em áreas onde cultiva a cana-de-açúcar. Nascida da vontade e determinação de um grupo de produtores, tal como reza a cartilha do cooperativismo, a unidade concentra atenção em iniciativas que visem maior produtividade, rentabilidade com menor custo e maior qualidade de vida por meio da união de seus cooperados. A cooperativa realiza anualmente plantio de mudas de árvores nativas da região, através do Econova. O programa Econova, da própria cooperativa, tem objetivo de informar e fortalecer a conscientização do indivíduo quanto à relevância do papel de cada um nos processos de reconstrução e preservação do meio ambiente. As ações da Nova Produtiva são fundamentadas na democracia, na

Cooperativa Agroindustrial Nova Produtiva

participação e na transparência de seus atos, buscando o desenvolvimento e a melhoria das atividades da região, além da

otimização de resultados aos cooperados. Nestes últimos anos a Nova Produtiva tem incorporado em seu planejamento ações

que possibilitam a garantia de sustentabilidade de suas atividades e promove a educação ambiental da comunidade. Outras ações também fazem parte do programa da Nova Produtiva: monitoramento de efluentes líquidos e gasosos do setor industrial e de silos de armazenagem e secagem de grãos in natura, licenciamentos ambientais de todas as atividades da cooperativa, autorizações de queima da palha da canade-açúcar, averbações de reserva legal das áreas próprias, programa de gerenciamento de resíduos sólidos e coleta seletiva, redução de consumo de água e energia elétrica. Na safra de 2013/14 moeu cerca de 817,7 mil toneladas de cana-de-açúcar e produziu 62.089,00 m³ de etanol. Os números desta safra da Nova Produtiva aparecem no Anuário da Cana, que está sendo lançado neste mês de julho.

Usina amplia os horizontes da educação em Sonora Assim como algumas outras cidades do país, a de Sonora foi fundada a partir da vila construída para alojar os funcionários no interior do Mato Grosso do Sul, quando a Usina Sonora começou a ser construída, na metade dos anos 70. Desde então, a usina assumiu como que uma responsabilidade pelos cidadãos e partiu para trabalhar em prol da cidade junto ao poder público. Assim, a empresa está sempre atenta à comunidade que a circunda. Interage através de projetos, ações e programas que levam maior qualidade de vida e inclusão social. Faz promoções de eventos esportivos e sociais no centro esportivo que a própria usina tem, por exemplo. A unidade oferece aos colaboradores e à comunidade programas de alfabetização para jovens e adultos. Para os que trabalham na usina, com a parceria do Senai, oferece cursos de técnico em mecânica, técnico em açúcar e álcool e técnico em eletrotécnica.

Também participa do programa Jovem Aprendiz, incentivando os alunos a fazer cursos de inglês e de informática. Em 1998 a empresa ganhou da Fundação Abrinq o título de “Empresa Amiga da Criança” por possuir um programa de apoio à creche, atendimento biopsicossocial na educação infantil e atividades de informática para as crianças. Possui atendimento médico e odontológico para os pequenos. Acompanha as colaboradoras que são mães ou gestantes, auxiliando-as com alimentação. Desenvolve projetos de Esporte solidário e promove concursos de desenho no dia das crianças. Na safra 2014/2015 a Usina Sonora Estância moeu 1,6 milhão de toneladas de cana-de-açúcar, produzindo 85.769 m³ de etanol e 74,1 mil toneladas de açúcar. Os números desta safra da Usina Sonora aparecem no Anuário da Cana, que está sendo lançado neste mês de julho.

Usina Sonora Estância


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Tendência é o desaparecimento do pequeno fornecedor Há um número crescente de plantadores de cana arrendando suas terras para indústrias e a produtores maiores

Regulamentação da terceirização pode se tornar aliada do produtor

R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A crise setorial, e agora a conjuntural, tem provocado grandes dificuldades para a sobrevivência de unidades e grupos sucroenergéticos nos últimos anos. Para os fornecedores de cana, que teoricamente possuem um menor “fôlego” financeiro, a situação se torna ainda mais complicada. “A usina com dificuldade entra em recuperação judicial. E o fornecedor de cana, com problemas financeiros, acaba ‘quebrando’ ou parando. Os pequenos estão sumindo”, constata José Coral, presidente da Afocapi – Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba. Segundo ele, dos oitenta pequenos produtores de cana do município de Charqueada, SP, existem apenas dez atualmente. Os outros deixaram o setor. Em Piracicaba, também houve diminuição. “Os pequenos estão arrendando, mudando de atividade, trabalhando com gado de leite”, exemplifica. Há um número crescente de

José Coral, presidente da Coplacana: “Os pequenos estão sumindo”

fornecedores arrendando suas terras para as indústrias e para produtores maiores que precisam ter escala, afirma Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, presidente da Canaoeste – Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo. “As usinas estão dando preferência, em diversos casos, a fornecedores que conseguem, com maior estrutura – inclusive para colheita e transporte – colocar a matéria-prima dentro da indústria”, observa. A consolidação desse quadro confirma a tendência de desaparecimento do pequeno fornecedor de cana. “Ele está migrando, nos

casos em que não ocorre o arrendamento, para outras culturas, como soja e amendoim ou para a pecuária em algumas regiões, como no Oeste de São Paulo”, diz. “A tendência é de concentração tanto na indústria como entre os produtores”, ressalta Manoel Ortolan, que preside também a Orplana – Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil. De maneira geral, quem permanece na atividade, tem feito isto com dificuldade. “Não está comprando mais nada, não está investindo em maquinário. Tem procurado sobreviver”, afirma.

Na luta pela sobrevivência, o projeto de lei que regulamenta a contratação dos serviços terceirizados – que está sendo discutido no Congresso Nacional – pode se tornar um aliado dos fornecedores de cana. “Para o produtor de cana, principalmente os pequenos, é imprescindível terceirizar serviços. Tem época que é preciso de mais pessoas; e em outras, não há necessidade”, diz Manoel Ortolan. Na opinião dele, a regulamentação precisa estar, no entanto, bem definida. “A empresa contratada como terceirizada tem que arcar com os pagamentos e as obrigações. Isto não pode ficar com o produtor caso não seja cumprido pelo terceirizado”, observa. De acordo com ele, o produtor precisa terceirizar, em diversos casos, a colheita e o plantio. “Vamos fazer toda a movimentação para que o projeto seja aprovado”, enfatiza. (RA)


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Problemas com atraso de pagamento devem se agravar Queda do rendimento agrícola e custo de produção também afetam a sobrevivência dos fornecedores de cana Os efeitos da crise estão “apertando o cerco” à sobrevivência de fornecedores de cana. A falta de pagamento por problema de caixa das unidades sucroenergéticas deverá se agravar na safra 2015/16 devido ao crédito mais restritivo e juros mais elevados, prevê Manoel Ortolan, da Canaoeste. “Diversas usinas em situação complicada, que vinham pagando tudo regularmente, devem reduzir o percentual de adiantamento ou jogar alguma coisa para frente. A gente gostaria que não fosse assim. Mas, pela conjuntura, a situação deverá piorar”, avalia. Os fornecedores de cana têm enfrentado diferentes problemas. “Há regiões onde os pagamentos estão em dia. Existem casos de falta de pagamento, principalmente em regiões onde ocorre o fechamento ou a entrada em recuperação judicial de usinas”, detalha. Antes da recuperação, o que estava atrasado é pago de acordo com o que é definido em cada processo, Mas, após o início da recuperação, a empresa é obrigada

Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, presidente da Canaoeste: usinas querem serviço completo

a fazer os pagamentos por exigência desse recurso jurídico – esclarece. “Em função dos grandes grupos, que não atrasam, ainda deve estar predominando o pagamento em dia”, acredita o presidente da Orplana, que não tem, no entanto, um levantamento exato dessa situação. Além disso, a questão da produtividade agrícola tem se tornado outro complicador.

“Estamos indo para a quinta safra, sem chegar a oitenta toneladas por hectare, o que impacta no custo de produção”, comenta. Aliás, o custo elevado tem sido um fator de desequilíbrio na luta pela sobrevivência. Está em R$ 78,00 por tonelada de cana, segundo a Orplana. E o pagamento tende a ficar na faixa de R$ 62,00 a R$ 65,00 – avalia.

A crise afeta também, em diversos casos, as finanças das associações dos fornecedores. A própria Orplana tem repensado o seu orçamento – revela Manoel Ortolan. Os produtores geralmente pagam uma taxa em função do preço da tonelada de cana. Mas, isto varia de associação para associação. “Praticamente em todas as associações houve redução do volume de cana que gera o valor da taxa. Isto ocorreu em parte pela seca severa do ano passado. Mas, muitos produtores deixaram de contribuir, porque arrendaram suas terras. E até estão saindo das associações, porque a renda está encurtando”, afirma. De uma maneira ou de outra, as próprias entidades e cooperativas têm ajudado os produtores a enfrentarem os efeitos da crise. A Afocapi, por exemplo, disponibiliza assistência técnica e a Coplacana – Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo, também sediada em Piracicaba, oferece assistência creditícia, incluindo financiamento para adubo e herbicida. “E para os que estão começando lavoura com cultura nova, como milho e soja, damos sementes, fertilizantes e defensivos e depois recebemos em grãos”, detalha José Coral, que é vice-presidente da Coplacana, além de presidir a Afocapi e a Cocrefocapi – Cooperativa de Crédito Rural dos Fornecedores de Cana e Agropecuaristas da Região de Piracicaba. (RA)


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Falta de plano diretor de segurança expõe empresas a riscos DA

R EDAÇÃO

Os baixos investimentos em segurança pública refletem na indústria de etanol e açúcar. Responsável por movimentar cargas e produtos de elevado valor às usinas se deparam com mais um gasto, a proteção de suas equipes e bens contra a ação de criminosos. Notícias reportando a presença do setor como vítimas em episódio de assaltos e até sequestros têm acontecido com maior frequência. Seja por admitir erros no planejamento da segurança das equipes ou do patrimônio ou por ser apenas vítima de um sistema nacional falho, o sucroenergético repensa a proteção de seus ativos e de pessoal. Para Celso Bonfante, diretor da Socius Soluções em Serviços Facilities, é necessária a elaboração de uma estratégia neste segmento, para que usinas não sejam surpreendidas com gastos extras. “Por não ter um plano diretor de segurança, as empresas não conhecem seus riscos, sendo assim, esses riscos não são gerenciados, e não há identificação do montante das perdas”, afirma. Abalada pela real ameaça de

sequestros, a segurança de executivos e gestores tem sido repensada nas unidades. Vítimas de elevada visibilidade, os profissionais devem tomar precauções para dificultar a ação dos criminosos. O primeiro passo é proprietário, herdeiro ou profissional executivo ter consciência de sua atratividade para o crime organizado, independentemente de estar ligado a uma grande corporação ou simplesmente possuir influência na comunidade, observa Bonfante. Como os executivos estão inseridos em

cenários diversificados, é de extrema importância que estas análises sejam realizadas por profissionais capacitados. Para Celso Bonfante, mudanças na rotina podem trazer certa segurança. “É necessário o desenvolvimento de um plano de segurança específico para cada perfil, porém cuidados como a definição de rotas alternativas no trajeto diário e a restrição da agenda apenas às pessoas de confiança podem dificultar tentativas de sequestro”. Fontes do setor afirmam existir a

movimentação pela criação de departamentos dedicados ao planejamento da segurança e monitoramento das empresas. “Já existe o trabalho para criação de uma área dedicada a gestão deste segmento. Infelizmente percebemos que é preciso se preparar para evitar possíveis perdas e a exposição de nossos colaboradores a eventuais perigos”, explica uma fonte que preferiu não ser identificada. Investimento que seguramente refletirá em menores custos ao final da produção. Bonfante explica que estes são necessários e podem evitar perdas de cargas e produtos agrícolas. Situação que representa maiores gastos em curto prazo para as usinas. “O grande problema é que como não é uma atividade que interfere diretamente na produção, acaba-se por levar em consideração apenas o lado financeiro, sendo que nem sempre o custo menor gera o melhor benefício”. Segundo o diretor, os elevados custos com a implantação de seguros e vigílias inibem a criação de sistemas de segurança. “Os custos desestimulam essa prática. Infelizmente as usinas partem para a contratação de serviços de segurança patrimonial oferecidos por empresas especializadas”.

Celso Bonfante, diretor da Socius: Caixas eletrônicos atraem as quadrilhas

Cuidados básicos podem evitar assaltos e sequestros Afastadas do perímetro urbano, com certo distanciamento das centrais de policiamento municipais, usinas estão mais vulneráveis à ação de criminosos. Para inibir a ação destes, diversas rotinas são repensadas dentro e fora da indústria. Existem inúmeras quadrilhas especializadas em assaltar caixas eletrônicos. Por esta razão é cada vez menor o número destas máquinas dentro das usinas. Instrumento que facilita a vida dos colaboradores, estes caixas são imãs para estas quadrilhas, que vislumbram usinas pela proximidade com rodovias e falta de segurança. “Usinas devem ter cuidado com a

disponibilidade de caixas automáticos internos, pois estes são um atrativo. O problema é a movimentação de dinheiro”, explica uma fonte ouvida pelo JornalCana. Muitas vezes o valor do produto é um atrativo para estas quadrilhas. O roubo de agrotóxicos tem se tornado rotineiro. “O produto é atrativo e de fácil repasse. Máquinas agrícolas, caminhões e insumos, como fertilizantes e defensivos, além da produção de etanol e açúcar, possuem alta liquidez e não necessitam de certificados de origem”, observa Celso Bonfante, diretor da Socius. “O melhor é manter estes produtos em

locais com maior movimentação de pessoas, inibindo os furtos, além de reservá-los em local com maior segurança”, aconselham fontes que lidam diariamente com furtos de insumos, principalmente agrotóxicos. “Já vivenciamos a ação de quadrilhas fortemente armadas em busca destes defensivos. Nossos colaboradores foram amarrados e todo o lote levado”, relata outra fonte. Profissionais que lidam com o planejamento da segurança interna alertam para evitar elevados estoques destes produtos. “As usinas podem optar por manter o estoque no fornecedor e deixar o mínimo na empresa. Mesmo este pouco deve ser

armazenado pensando em dificultar qualquer ação. Nada de deixar próximo às saídas da usina”. Neste momento de insegurança o planejamento das possíveis ameaças facilita a compreensão dos gargalos na usina, inibindo e evitando novas ocorrências. “O correto seria empregar a inteligência no desenvolvimento de processos e analisar o escopo necessário para essas atividades. Identificar os riscos potenciais e definir um plano de treinamento baseado nas atividades e políticas internas é essencial. Porém, o mais importante é definir um plano diretor de segurança”, conclui Celso Bonfante. (WB)


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Zanini Renk é líder absoluta em redutores para cogeração de energia Pioneira no fornecimento de redutores para cogeração de energia, a Zanini Renk tornou-se referência mundial no fornecimento de turborredutores e multiplicadores de velocidade para este tipo de aplicação. Com tecnologia alemã e diversas melhorias realizadas pela equipe de inovação da empresa mais de 1.300 redutores estão em operação em diversas centrais térmicas e hidrelétricas da América Latina. Clientes como a Odebrecht Agroindustrial estão substituindo seus antigos equipamentos pela tecnologia Zanini Renk. No total serão 11 turborredutores instalados nas diversas unidades do grupo que buscam por disponibilidade operacional. De acordo com o diretor da área de tecnologia, geração de energia elétrica e automação da Odebrecht, Rogério Carlos Perdoná, a empresa busca firmar parcerias tecnológicas e de confiabilidade, por isso optaram pelos equipamentos da Zanini Renk. Dentre os redutores fornecidos para a Odebrecht, a Zanini Renk vai instalar duas unidades de seu mais recente lançamento TurboMax – um projeto inovador que busca excelente performance operacional com maior capacidade de absorver altos torques de curto circuito, protegendo o conjunto turbina, redutor e gerador contra possíveis vibrações ressonantes do sistema devido à baixa rigidez torsional do conjunto mecânico. Mauro Cardoso, presidente da Zanini

Renk, se demonstra muito confiante com as vendas de redutores para o mercado de Geração de Energia e afirma: “Somos a única

empresa no Brasil com know-how e tecnologia consagrada para fornecer estes redutores”.

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Irriga Engenharia desenvolve projetos sustentáveis para o aumento da produtividade A Irriga Engenharia, atua no setor colaborando diretamente na destinação da vinhaça na própria cultura de cana, por meio do sistema de adução para a fertirrigação, com engenharia de obras em regime Turn Key; instala tubulações enterradas de PRFV e RPVC de grandes diâmetros; também constrói reservatórios impermeabilizados para vinhas e águas residuárias; instala caixas de monitoramento e inspeção; monta travessias de APP, casas de bombas e pátios de carregamento. As conexões recebem ancoramento que resistem a eventuais esforços longitudinais ou transversais. Isso garante que as tubulações e conexões absorvam os esforços resultantes das pressões exercidas pelo fluido, cumprindo assim os padrões e normas da ABNT. Ao mesmo tempo que suas técnicas impedem que a vinhaça seja jogada nos rios, possibilitam a fertilização dos solos agrícolas e proporcionam aumentos consideráveis de produtividade e redução de custos com fertilizantes minerais. Com segurança e qualidade a Irriga Engenharia instala produtos de qualidade mantendo a segurança coerente às condições e aos objetivos propostos. Suas normas técnicas aplicáveis, na execução, contemplam diretrizes mínimas de largura e profundidade da vala, como leito e laterais compactadas para o assentamento da tubulação, de forma que proporcione longevidade no investimento. Irriga Engenharia 62 3088.3881 www.irrigaengenharia.com.br

Empresa gerencia e projeta sistemas de fertirrigação em regime Turn Key


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