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LAYS PEDERSSETTI

QUEM EXPERIMENTOU professor orientador: Anderson A. Costa editora da edição: Lays Pederssetti narradores: Cristiano Martinez Lays Pederssetti Maíra Machado Natacha Jordão Taysa Santos.

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“Liberdade é sentir o vento no rosto, o aroma do café recém passado, é ver as cicatrizes de cada tombo e, ainda assim, querer arriscar um novo esporte radical”.

O Bebop é um jornal experimental produzido pelos alunos da turma A do 4º ano do curso de Comunicação Social (Jornalismo) da Unicentro. A finalidade deste material é informativa, educacional e cultural, sendo expressamente proibida a comercialização. Todos os textos são de responsabilidade dos autores e não refletem a opinião da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste). Contato: jornalbebop@gmail.com Tiragem: 500 exemplares


A arte de ser CARO LEITOR POR LAYS PEDERSSETTI

Passe-me uma bebida, ou talvez duas. Uma pra mim e outra pra você. e nós seremos livres, livres, livres... Para Jack Johnson o conceito de liberdade parece limitado ao conteúdo de uma garrafa de bebida alcoólica. Para mim, vai muito além de medidas consideráveis do que quer que seja. Que coisa fantástica que é a liberdade. Sentimento ao qual não cabem descrições, entretanto, teimosa como sou, vou tentar descrevê-la. Antes de tudo acho que para sentir-se livre o sujeito deve não temer as consequências da liberdade, tampouco deve pensar sobre como ser livre, o que fazer para sentir-se livre. Deve-se apenas ser o que se quer ser e fazer o que se deseja. Sentir-se livre pode significar darse ao luxo de chegar alguns minutos

mais tarde no trabalho, pois você queria contemplar cada passo do seu filho entrando na escola. Sentir-se livre é provar do gosto ácido de uma aventura no domingo à tarde, só para poder sentir o quanto você está vivo. Sentir-se livre é dominar medos indomináveis, mesmo que por poucos segundos. É correr longos caminhos apenas para sentir seu coração acelerar e depois poder saborear uma bela sombra e água fresca. Liberdade é sentir o vento no rosto, o aroma do café recém passado, é ver as cicatrizes de cada tombo e, ainda assim, querer arriscar um novo esporte radical. Liberdade é sair com o cabelo desgrenhado, roupa de limpar a casa, chegar no mercado e desviar os olhares de todo mundo reprovando o

livre seu ‘estilo diarista’. Ser livre é enfrentar os rótulos, os preconceitos, as provocações, assim, de boa, tranquilo, sem julgar por aparências, sem sentir raiva. É saber a doce arte de ignorar quando for preciso, e lutar sempre que for necessário. Eu acho, na verdade, que ser livre é um conceito muito amplo, muito vasto. Pode ter muitos significados diferentes para cada pessoa. O que para mim pode significar viajar pelo mundo, para você pode significar passar dias sem sair de casa, preso a uma coberta e filmes. Muitas pessoas chegam a comparar liberdade com prisão e sim, eu concordo com elas. Liberdade é um estado de espírito, não importa muito o que se passa lá fora e sim, todo o furação que se passa aqui por dentro.

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LANÇADO EM 1973, O DISCO THE DARK SIDE OF THE MOON É UMA DAS REFERÊNCIAS DO ROCK MUNDIAL. À ÉPOCA, O TRABALHO PRODUZIDO PELO PINK FLOYD CHAMOU ATENÇÃO DE CONSUMIDORES E CRÍTICA PELA SUA MODERNIDADE E INVENTIVIDADE. MAS, PASSADOS 40 ANOS, SERÁ QUE AINDA CONTINUA SENDO UMA OBRA FONOGRÁFICA RELEVANTE?

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Ok, ok, ok. Barulho de moedas. Um vocal feminino angustiante. Trilha para Dorothy. Despertadores em polvorosa. Tudo isso (e mais um pouco) foi usado em The Dark Side of the Moon, disco conceitual do Pink Floyd que completa 40 anos de história em 2013. Não sacou ainda? É aquele LP ‘do prisma na capa’. Ou melhor, das músicas Money e Time, que chamam a atenção pelo barulho musical conseguido com coisas inusitadas (moedas tilintando e relógios despertando). Para bem e para o mal, o rock progressivo de Roger Waters, David Gilmour, Richard Wright e Nick Mason encontraria o casamento perfeito entre popularidade e projeto conceitual no famoso disco do prisma (como ficou mais conhecido), em 1973. Não que a banda já não tivesse

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público cativo e sucesso. Afinal, The Dark Side of the Moon era o oitavo trabalho de estúdio, ou seja, o Floyd tinha uma considerável rodagem. Mas o que chama atenção é que o disco do prisma foi um sucesso imediato, segundo fontes oficiais, chegando ao topo da Billboard 200 nos Estados Unidos. Ao longo da história, vendeu mais de 15 milhões de cópias e entrou na lista dos álbuns mais vendidos da história daquele país, também no Reino Unido e na França, com um total de 50 milhões de cópias comercializadas mundialmente até hoje. São números impressionantes, principalmente em se tratando de um trabalho conceitual, que ousava ao investir em barulhos diferentes e sons que não eram produzidos necessariamente num instrumento musical. Além, é claro, da temática, que explora um universo pessoal, angustiante e menos palatável, como cobiça, doença mental e enve-

lhecimento; assuntos inspirados principalmente pela saída de Syd Barrett, integrante que deixou o grupo em 1968 depois que sua saúde mental se deteriorou. “É um disco que continua sendo futurista. Ele está à frente de nosso tempo”, avalia sem titubear o empresário e músico guarapuavano Leandro Küster. Fã da sonoridade do Pink Floyd desde os 11 anos de idade, quando um amigo o apresentou às músicas do quarteto inglês, Time e The Wall, Leandro credita o segredo do álbum a uma série de fatores: a produção de Alan Parsons (“você percebe a mão dele na mixagem”), a capa (“uma das mais lembradas de todos os tempos”), a temática de questionamento do lado escuro da lua (“ela não tem um ‘lado escuro’”), as letras, os experimentos sonoros, enfim, é um conjunto de fatores que o tornam emblemático.


A bo bater rdo da ia do Comp Floy any, L eand d que n ro diz unca tanto se diver tiu na mú sica

“Se hoje o disco ainda continua fascinando o público, imagine seu impacto há 40 anos!”. Segundo Leandro, os efeitos sonoros e barulhos usados nas faixas foram feitos, à época de gravação do material, todos de maneira analógica. “Hoje existem programas de computador que podem fazer isso. Mas, nos anos de 1970, para conseguir, por exemplo, o barulho de despertadores, na música Time, o Pink Floyd precisou acer-

tar relógio por relógio e cronometrar todo o efeito”. Leandro destaca que a banda foi uma das primeiras a usar sintetizador para conseguir o loop da máquina registradora em Money. “O Pink Floyd pôs para girar uma tigela de barro com um monte de moedas. Eram músicos geniais em fazer isso tipo de experimentação”. Apesar de ser baterista, com experiência na banda Dzarmy, Leandro se identifica musicalmente com o guitar-

rista David Gilmour, que conseguiu criar uma atmosfera especial no álbum, “proporcionando um tipo de sentimento único”. Conhecidos pelo temperamento forte, Gilmour e Roger Waters eram as forças motrizes do Pink Floyd. No disco do prisma, a voz de Gilmour somada à poesia de Waters resultou numa combinação perfeita. É a opinião do músico guarapuavano. “Pra mim, Waters é o maior compositor da história do rock”.

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a lenda SobRe ‘daRk Side oF the RainboW’

que curte Pink Todo mundo ece The Dark Floyd ou conh cil oon (é mais fá Side of the M ve de já ), o sabe apontar que nã elo menos r (p ter ouvido fala ) da famosa da vi uma vez na todas as faixas lenda de que cia das na sequên do disco, toca em de trilha so original, serv de o ic ág M lme O nora para o fi sica de 1939). Oz (versão clás de que vários Reza a lenda longa-metramomentos do osamente é um gem, que curi te m perfeitamen musical, casa ou s ro no so s eito com versos, ef s da as ri vá s de mesmo acorde o tã abalho quaren canções do tr esa. da banda ingl nal, The Dark si r po Não o oon é chamad Side of the M w’, of the Rainbo de ‘Dark Side rtuo que, em po num trocadilh o go como ‘Lad guês, ficaria al , o-Íris’. Ou seja Escuro do Arc Lado Escuro da ao invés de ‘O a Arco-Íris, num Lua’, seria o do te o, à músicareferência, clar ado por Judy trel ma do filme es a, uma sequênci Garland. Tem do filme, em logo no início , agem, Dorothy que seu person e here Over th canta Somew algum lugar do Rainbow (‘Em ). tradução livre Arco-Íris”, em

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A música se tornou um clássico, sendo reprod uzida até hoje, com direito inclusive a uma versão de Eric Clapton. Interessante notar qu e a letra da música expressa o desejo de Dorothy por um lug ar no qual possa ser feliz, alé m do ‘arco-íris’, ou seja, lon ge de toda a sua existência triste e desamparada. No fun do, o filme dirigido por Victo r Fleming e baseado na obra de L. Frank Baum é sobre a busca da felicidade e amizade. Apesar dos fãs insisti rem com a teoria de que o disco quarentão do Pink Flo yd tem tudo a ver com essa trajetória

y e seus de Doroth redentora mem de Leão, o Ho amigos (o ntalho), a banda spa Lata e o E juntos ga de pés e n inglesa The Dark dução de que a pro i pensada e Moon fo Side of th filme. nea partir do charme do e “Esse é o ss iti banda adm eria rd e gócio. Se a p , propósito que fez de bateriso iz d ça”, toda a gra ano Leandro uav ta guarap do que rescentan c a r, Küste sabia uitos anos durante m obre o álbum. as dessa lend ortunia tive a op ade, c n u n “Mas racid erificar ve dade de v o físico tive acess pois nunca e 1939”. urao filme d cilidades s Com as fa


ularirtir da pop gidas a pa ndro ternet, Lea zação da in 43 e um vídeo d descobriu p:// tt (h Youtube h?minutos no tc a be.com/w a www.youtu z fa e g-VAE) qu s v=0gXvVU a e e tre o film conexão en co do prisma. dis músicas do as músicas, a “De tod s Sky é Gig in the The Great com in or comb a a que melh É s. a de cen a sequência nte”. a s impression a prova do ra Para ti r o d m ortage nove, a rep u fazer a lve bebop reso aO de assistir ia experiênc mo o c o d Oz ten kMágico de in p o c ra o dis o n so a h il tr floydiano.

Em sua essência, o longametragem estrelado por Judy Garland tem uma atmosfera de tristeza e solidão; principalmente na primeira parte rodada em preto e branco, que vai até o momento quando a casa de Dorothy é levada pelo furacão. Em seguida, a personagem desperta no mundo de Oz, todo colorido e pontuado pelo fantástico. Ao som das faixas de Dark Side, o filme ganha uma

dimensão ainda maior de desolação, mergulhando mais fundo no universo onírico de Dorothy, mesmo não sendo mencionada de maneira explícita nas músicas compostas pela banda inglesa. É incrível como O Mágico de Oz se torna psicodélico (antes mesmo do conceito existir) e abstrato, ainda mais que a história e os diálogos são preenchidos pelos acordes e notas musicais de Dark Side. Por exemplo, na sequência mencionada pelo Leandro, o ritmo de The Great Gig in the Sky segue perfeitamente a dinâmica do filme, como se houvesse uma sincronia perfeita entre eles. O inocente longa-metragem de 1939 se torna soturno e sombrio, como é a visão pinkfloydiana da lua. Claro que a teoria da conspiração alimentada durante anos pelos fãs da banda influencia nessa avaliação. Talvez isso seja o fator preponderante para o elo com O Mágico de Oz. Como diria um dos personagens do filme O Homem que Matou o Facínora (1962), a versão superou os fatos. E parece que é isso que importa no final.

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Conceito de álbum Numa época em que ainda não existia o MP3 e o ouvinte não era inundado com uma quantidade gigantesca de informação, o Pink Floyd fez um Álbum (assim mesmo, com A maiúsculo), ou seja, um disco conceitual. As faixas seguem uma ordem de execução que dão toda uma organicidade ao trabalho. “Não consigo escutar o Dark Side fora de ordem. Gosto de ouvir Pink Floyd quando estou fazendo caminhada na Lagoa das Lágrimas. Mas o disco do prisma tem de ser na ordem original, pois do contrário me incomoda”. A cada vez que Leandro escuta esse disco quarentão, ele descobre novos sons e sentimentos. “Por causa da banda tributo Floyd Company, do qual faço parte, voltei a estudar o som do Pink Floyd. Percebi em Dark Side várias camadas de teclado que foram usadas em todo o álbum”.

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Arquivo Pessoal/Floyd Company

Floyd Company debutou no dia 14 de setembro

Fã confesso de toda a discografia do Pink Floyd, incluindo até mesmo trabalhos sem Roger Waters (caso de The Division Bell), Leandro não consegue ficar apenas com um disco. “Depende muito da época. Teve momentos em que Dark Side era o álbum da minha vida. Mas, em outros, era outro trabalho”. Floyd Company Em 2013, Leandro realizou o sonho de montar em Guarapuava uma banda tributo ao legado do Pink Floyd. “É que a responsabilidade era grande de fazer um som à altura dos ingleses”. Junto com Eduardo Calliari (voz), Tiago Mosh (guitarra e voz), Marcos Gavanski (guitarra) e Diego Ducat (baixo e voz), o baterista montou o projeto Floyd Company, cujo primeiro show é bem recente: 14 de setembro, no guarapuavano London Pub.


Isto é The Dark Side of the Moon Faixas do LP original Lado A 1. Speak to Me (Mason) - 01:30 2. Breathe (Waters, Gilmour, Wright) - 02:43 3. On the Run (Gilmour, Waters) - 03:36 4. Time (incluso Breathe (reprise)) (Mason, Waters, Wright, Gilmour) - 07:01 5. The Great Gig in the Sky (Wright, Clare Torry) - 04:36 Lado B 1. Money (Waters) – 06:22 2. Us and Them (Waters, Wright) - 07:46 3. Any Colour You Like (Gilmour, Mason, Wright) - 03:25 4. Brain Damage (Waters) - 03:48 5. Eclipse (Waters) - 02:03

Pink Floyd é: Roger Waters (baixo, vocal, guitarra, sintetizador VCS 3); David Gilmour (guitarra, teclados, baixo, vocal, sintetizador VCS 3); Nick Mason (percussão, bateria); Richard Wright (teclados, vocal, sintetizador VCS 3). Músicos de Apoio Dick Parry - saxofone Lesley Duncan - vocal de apoio Doris Troy - vocal de apoio Barry St. John - vocal de apoio Liza Strike - vocal de apoio Clare Torry - vocal em “The Great Gig in the Sky” Técnicos de Produção Peter James - assistente de engenheiro de som Chris Thomas - mixagem Alan Parsons - engenheiro de som

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“Com casa cheia, fizemos uma apresentação muito legal, na qual conseguimos captar a essência do Pink Floyd”, acrescentando que o público entrou também na viagem pinkfloydiana. “Tinha uma menina, ao lado da caixa de som, que ficou vidrada o tempo todo”. Leandro revela que para tocar as músicas dos ingleses, seu grupo usou samplers com o andamento cronometrado das músicas originais. “Além de contarmos no vocal com um verdadeiro intérprete, um ótimo baixista e dois guitarristas que se complementavam com a combinação de polidez e crueza”. Música com diversão Aliás, a banda tributo representa para Leandro a descoberta de

um aspecto que ele nunca tinha parado para atentar: a identificação com as sutilezas do baterista do Pink Floyd, Nick Mason. “Estava lá todo esse tempo, pois é uma banda que faz parte da minha vida”. Com muitos anos de estrada no rock and roll local, Leandro aproveita para fazer um balanço de própria trajetória. “Durante toda a minha vida, toquei bateria de maneira concentrada, preocupado em não errar. Eu ficava tenso e me esquecia do mais importante: diversão. Graças ao modo espontâneo e relaxado do baterista do Scorpions [James Kotak], que cospe água para o alto e joga a baqueta, percebi que precisava me divertir”.

Apesar da complexidade da música do Pink Floyd, o baterista conta que as coisas saíram de maneira natural e relaxada durante a apresentação de estreia de sua banda tributo. Foi uma verdadeira viagem musical. Segundo Leandro, o Floyd Company é o único projeto existente na cidade. Além de fazer shows na região, está nos planos do grupo a realização de um classic álbum em homenagem a Dark Side: a apresentação de todas as faixas, na mesma ordem do LP original. “Só falta a gente achar uma cantora para fazer o vocal de The Great Gig in the Sky”. Enquanto isso não acontece, Leandro e seus amigos continuam fazendo o que mais gostam: ouvir discos como Dark Side e se divertir com o Floyd Company. “É muito bom tocar Pink Floyd”. Le g o st a n d ro a da s de M ason utileza no Fl oy d

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(1968)

(1979)

(1982)

(1973)

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Do hard rock alemão do Scorpions ao progressivo do Pink Floyd, o estúdio britânico de design gráfico Hipgnosis marcou época entre os anos de 1960 e 1980. Dezenas de bandas e artistas contrataram seus serviços para criar capas de projetos gráficos de LPs que entraram para a história. Os trabalhos mais notáveis do Hipgnosis se referem ao próprio Pink Floyd, Wishbone Ash, UFO, 10cc, Bad Company, Led Zeppelin, Yes, The Alan Parsons Project e Genesis. O estúdio de criação era formado por Storm Thorgerson, Aubrey Powell, e, mais tade, Peter Christopherson. O grupo separou-se em 1983, e Thorgerson continuou a trabalhar com design para álbuns até sua morte em 18 de abril de 2013, vítima de câncer, e Powell trabalha com vídeo, mais notavelmente com o The Who. Segundo o blog Nino Lee Rocker (http://ninoleerocker.blogspot.com.br/), o nome do estúdio foi adotado porque passava a sensação de algo novo, “gnóstico”, e com relação a antigas formas de conhecimento. O Hipgnosis ganhou projeção nacional em 1973, justamente com o design criado para The Dark Side of the Moon. De acordo com o baterista Nick Mason, o prisma/pirâmide foi a escolha imediata do Pink, entre as versões apresentadas pelo estúdio. O músico guarapuavano Leandro Küster classifica a capa desse álbum quarentão como “fantástica” e “inexplicável”. “Apesar de simples, a capa de The Dark Side of the Moon é muito for-

te. Tem um ar misterioso e sombrio, que chama a sua atenção para contemplar”. Boa parte das capas feitas pelo Hipgnosis para os LPs, nos anos 60/70, eram bastante abstratas e praticamente “viajavam”, com uma veia psicodélica muito forte. Era uma época de mensagens cifradas e imagens subliminares, que possibilitavam dar vazão à imaginação (acusada muitas vezes de estar sob efeito de ácido). “Em especial, a essência do trabalho de Thorgerson & Powell era o surrealismo, fotos manipuladas elaboradamente (utilizando truques de câmara escura, várias exposições, retoque aerógrafo, técnicas e mecânicas de cortar e colar) foram precursores do que viria, mais tarde, a ser chamado como o nosso conhecido photoshop. Eles usavam principalmente câmeras Hasselblad de médio formato para seu trabalho, o formato de filme quadrado acabava especialmente adequado às imagens que ilustrariam as capas”, diz um dos textos do Nino Lee Rocker. Em entrevista recente a um programa norte-americano de TV, o ex-baterista do Scorpions, Herman Rarebell, comentou que as capas de muitos álbuns da banda foram feitas pelo Hipgnosis. “A gente apresentava as músicas e o estúdio criava um conceito que batia muito bem com nossas ideias. Inclusive, um dos artistas era meu vizinho”, conta, revelando que a capa de Blackout causou muita confusão entre os fãs. “Muitos achavam que o sujeito da imagem era o guitarrista Rudolf Schenker, do Scorpions. Na época, ele usava um bigode parecido. Mas era apenas um dos artistas do estúdio”.

(1976)

o estúdio de criação hipgnosis

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Separados no nascimento Quem narra e fotografa: Lays Pederssetti

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Quem nunca avistou alguém que lembrava um ator, cantor, lutador ou qualquer celebridade está convidado para visitar Guarapuava e, de quebra, tirar uma foto com os sósias do Johnny Depp e do John Lennon. É isso mesmo, se você já mora aqui, provavelmente já cruzou com o Acioli Caldas (John Lennon) e o Alex Ferrera (Johnny Depp). Todo ano é a mesma coisa, principalmente para os alunos de Comunicação Social aqui da Unicentro. Quando uma nova turma inicia e tem suas primeiras aulas no Estúdio de TV já surgem os comentários: “olha, ele parece o John Lennon”. Foi assim com a acadêmica Jéssica Lange também. “Eu sabia que ele era parecido com alguém, mas nunca tinha me ligado. Quando entrei no estúdio de TV eu vi o quadro do John Lennon, aí eu notei a semelhança. Depois todo mundo começou a falar e foi ficando cada vez mais claro o quanto eles se parecem”. E é sempre assim, ano após ano. Acioli encara os olhares curiosos dos calouros em relação à sua aparência. Ele conta que os boatos começaram ainda na escola, quando ele tinha 16 anos. “Eu tinha o cabelo meio comprido, usava óculos e daí começaram me chamar de John Lennon”. Os anos foram passando e cada vez mais pessoas percebiam a semelhança, menos ele, que diz não se achar parecido com o ídolo. Sim, ídolo, além de ser parecido com John Lennon, Acioli gosta muito dos Beatles e inclusive toca alguns sucessos no violão, guitarra e contrabaixo e “por incrível que pareça a única música que eu sei tocar no piano é ‘imagine’”. Toda essa semelhança não podia render outra coisa a não ser boas histórias. “Em época de vestibular teve um pessoal de São Paulo que pediu pra tirar foto. Teve

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também uma peça de teatro da Elizabeth Savalla chamada ‘É’ que o camareiro dela era parecido com o Milton Nascimento e daí o pessoal resolveu vir tirar uma foto minha e dele. Em outras cidades que eu vou o pessoal grita na rua, me chama. Às vezes é divertido, às vezes eu me sinto um pouco encabulado, tipo agora” [risos] – se referindo à nossa entrevista. Mas as semelhanças não se restringem aos traços do rosto. “O meu filho nasceu no dia 08 de dezembro de 1990, exatamente 10 anos depois da morte do John Lennon, ele morreu dia 08 de dezembro de 1980”. É por essas e outras que hoje muitas pessoas chamam o Acioli assim, de John Lennon mesmo. Os mais criativos resolveram abrasileirar o nome e aí ficou João Lenha. Mas de um jeito ou de outro, Acioli conta que gosta das semelhanças. “Eu gosto de Beatles, eu tenho muita coisa que o pessoal me manda, recorte em jornal, fotos, quadros, tem dois quadros que eu ganhei de presente, um inclusive tava aqui na parede do estúdio”.

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# O meu filho nasceu no dia 08 de dezembro

de 1990, exatamente 10 anos depois da morte do John Lennon,

ele morreu dia 08 de dezembro de 1980 #


É, não é mesmo, é Alex Ferrera, embora muitas vezes já tenha sido chamado de Johnny Depp ou, inclusive, Jack Sparrow, Edward Mãos de Tesoura... O indivíduo é tão, mas tão parecido com o Johnny Depp que, dizem, as meninas “piram” literalmente quando ele surge. “Já teve caso da menina pedir pra casar comigo, eu disse não eu não sou o Johnny Depp, eu sou o Alex”. E por aí vai... Toda essa história começou em 2001. “Eu já tinha cabelo comprido aí me falaram: ‘olha, você parece o cara do Edward Mãos de Tesoura’, aí eu disse: ‘oh, obrigado’, e a partir daí sempre falaram”.

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y n n h o J

Além de ser parecido com famoso, Alex é vocalista da Banda Sexplose, de Guarapuava, e diz ele que por causa da semelhança com o ator, muitas pessoas acabam indo aos shows para encontrar com ele. Para Alex – e para a banda – é bom, pois acaba se tornando uma forma de difundir o nome do grupo, que, além das apresentações regulares, já tocou em festa de 15 anos e em casamentos por esse motivo.

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Mas vida de sósia de famoso é assim mesmo, o Alex tem muitas histórias engraçadas de todos os lugares por onde vai. “A gente viaja bastante, aí numa dessas cidades eu lembro que chegaram a discutir se eu era o Johnny Depp mesmo ou não, foi bem engraçado. E sempre tem as menininhas de 15 ou 16 anos que ficam histéricas. Teve também um caso no antigo boliche, eu fui lá ver o show dos meus amigos do System of a Down Cover (que o Bebop entrevistou na edição 4), tiraram uma foto e eu apareci no meio. Aí aquela foto rodou a internet, como se fosse o Johnny Depp que estivesse lá”. E com tanta gente falando que um é a cara do outro, o Alex resolveu saber mais sobre o Depp e descobriu que as semelhanças vão muito além da aparência física. “Comecei a assistir os filmes dele, ele toca guitarra também, dizem que o sonho dele na verdade era ter uma banda de rock, aí como ele não conseguiu, um diretor amigo dele convidou pra fazer filmes e ele virou ator. Mesmo assim ele já tocou com Aerosmith, Rolling Stones, e com outras bandas, fazendo participações especiais como guitarrista”.

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# Teve um caso no antigo boliche, eu fui lá ver o show dos meus amigos do System of a Down Cover. Tiraram uma foto e eu apareci no meio, aí aquela foto rodou a internet, como se fosse o Johnny Depp que estivesse lá #


Vila Bela Vernacular

Inspiração

local conheça a história da uma fonte, a Vila Bela Vernacular, criada por uma aluna como trabalho de conclusão de curso. Para realizar a pesquisa, a jornalista fez um ensaio fotográfico para o levantamento dos estilos de letreiramentos populares de Guarapuava. Quem narra: Taysa Santos

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f e d abc klm ghij rstu nopq wky vxz 20 bebop


Andando pelas ruas da cidade com os olhos atentos, principalmente pelos bairros, é possível perceber uma grande quantidade de placas e toldos pintados a mão. São pinturas que listam os serviços das empresas, ou transmitem outras informações relevantes para a população, mas todas elas dizem respeito a chamada Tipografia Artesanal Urbana, também denominada Tipografia Vernacular Urbana. São os letreiramentos populares, parte importante da nossa cultura. Recentemente, tendo como inspiração bairros de Guarapuava, a jornalista Katrin Korpash, formada na Unicentro, desenvolveu um trabalho de conclusão de curso intitulado Tipografia e Jornalismo: a Tendência da Inspiração Vernacular. “Desde que decidi que faria uma fonte de inspiração vernacular comecei a observar muros, placas e fachadas carregados de expressividade, que remetem em suas formas ao contexto social e cultural das comunidades em que estão inseridos”, conta Katrin. Em sua pesquisa, Katrin explica que desde o ano 2000 os designers de tipos brasileiros apostam em uma valorização das referências e raízes nacionais. Com inspirações em fachadas,

placas comerciais e muros, que trazem o trabalho de letristas. Assim, os designers estão desenvolvendo fontes tipográficas que revelam e preservam o trabalho desses artistas locais. O designer Pedro Moura tem projetos de criação de tipos de inspiração vernacular. Para ele, os tipos vernaculares são responsáveis por dar sotaque a um conteúdo de texto. “As fontes inspiradas em letreiramentos populares são fundamentais para gerar uma discussão interna dentro do contexto do design brasileiro. Além disso, acredito que todo projeto de comunicação visual interfere no contexto social, e que todo design é uma postura política”. Para a realização da pesquisa e principalmente para a elaboração da fonte, a jornalista Katrin fez um ensaio fotográfico para o levantamento dos estilos de letreiramentos populares de Guarapuava. Fotografou placas,

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fachadas e muros. No total obteve 116 fotografias tiradas nos bairros Boqueirão, Batel, Santa Cruz, Vila Bela e Centro. “Nas minhas saídas para fotografar, percebi que os letreiramentos populares ainda estão consideravelmente vivos em Guarapuava, pois não é difícil achar um letreiro pintado à mão nem no centro da cidade”, ressalta Katrin. Segundo a jornalista, a tipografia é uma parte importante do planejamento visual e com ela, assim como com outros elementos gráficos, podemos gerar a adesão do público ao conteúdo. A parte gráfica de uma matéria, por exemplo, é vista antes que o texto em si, então podemos chamar a atenção para o texto através do layout e uma maneira de fazer isso é criar a identificação do leitor. Desta forma, se o texto abordar algum assunto bem local podemos utilizar uma fonte vernacular, gerando identificação com os membros da comunidade na qual a fonte foi inspirada, já que eles têm contato com esse estilo de escrita.

Desde que decidi que faria uma fonte de inspiração vernacular comecei a observar muros, placas e fachadas carregados de expressividade, local, que remetem em suas formas a contexto social e cultural das comunidades em que estão inseridos,

Evidentemente, seu sentido pode se completar também quando utilizada em contraponto a fontes mais ‘neutras’, como a Arial ou Helvetica.

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De acordo com Pedro, “Nem todo projeto pode ser resolvido pelo tom de voz neutro de uma tipografia global como a Helvetica: existem alguns conteúdos que necessitam de um sotaque bem definido que demonstre de onde veio aquela mensagem, por isso a tipografia vernacular desenvolve um papel tão importante”. Para a produção da fonte Vila Bela Vernacular optou-se por reproduzir a habilidade dos letristas guarapuavanos com o pincel. Katrin teve como principal inspiração as pinturas presentes em três estabelecimentos comerciais. Além disso, os textos apresentaram uma quantidade considerável das letras do alfabeto, o que tornou o trabalho de produção da fonte menos trabalhoso, para uma iniciante em projetos de produção de fontes tipográficas. Por meio dos Softwares Adobe Illustrator e FontLab, as letras e símbolos foram vetorizados e ajustados. Logo após isso, foram configurados os espaçamentos. Ao fim deste processo foi finalizada a fonte Vila Bela Vernacular, a qual tem como característica principal o fato de possuir apenas letras maiúsculas”.

O nome da fonte, claro, faz uma referência a um dos bairros em que havia o estilo da fonte em que me inspirei”, explica Katrin. Sobre seu futuro na área de design Katrin conta que sempre gostou deste tema e pretende ainda fazer uma especialização na área. “Na verdade eu gostaria de me especializar em design e jornalismo. Desde que eu comecei a faculdade esse foi um dos temas que mais me chamaram a atenção, mas ainda não há tantas pesquisas nessa área no Brasil. Acho que ainda há muito temas a serem explorados nesse aspecto”. A fonte Vila Bela Vernacular está disponível para download gratuito no blog tiposguarapuava.blogspot.com.

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quem narra: natacha Jord達o

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-Davi y e l r a H

S O N A 110

m e e d rda

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s a d o r duas , NADA MENOS AIS

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Grupo de amigos ao final da Cordilheira dos Andes, acesso a cidade de São Pedro do Atacama, Chile. Arquivo Pessoal de Sidão

Juntos, dois amigos rendem várias histórias, isso não é novidade. Agora tente imaginar uma cena: dois jovens, um com 20 anos, Arthur Davidson; outro 21, William S. Harley, juntos na cidade de Milwaukee, Estados Unidos, fácil? Mas a data é 1901. Imagine pessoas comportadas, ruas movimentadas, alguns poucos carros, pois o mercado de veículos estava começando a crescer. Os

jovens trajando roupas em tons cinzas ou bege, talvez algum esteja de suspensórios, ou também não precise, e tudo isso ao som de Down by the Old Mill Stream, a música que era a sensação do momento. Os dois jovens eram muito criativos e inquietos. Harley era projetista, Davidson fazia moldes para peças mecânicas em uma fabrica de automóveis. Certo

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dia resolveram deixar a vida um pouco mais interessante. Queriam, na verdade, chegar ao lago da cidade mais rápido para curtir a calmaria de uma boa pescaria. Assim, com a ajuda do irmão mais velho de Davidson, Walter, que pela história a seguir podemos dizer que gostava de uma boa gambiarra, se juntaram em um galpão pequeno construído no terreno dos pais de Davidson e começaram a desenvolver um projeto que acabaria por ser sinônimo de liberdade por, pelo menos, 110 anos. A história desses três jovens e mais um dos irmãos Davidson, Willian, conhecido por saber fazer uma boa venda, alimentaram o sonho de muita gente, e muito homem barbudo. Agora esqueça o som vanguardista do rádio de madeira e dê lugar ao ruido feito por um carburador, que podia estar montado errado, mas ninguém se importou, porque o ruido era único. Pronto, a partir de agora você não conseguirá mais imaginar os jovens de cabelos lambidos penteados para a direita, mas sim bandanas no lugar das boinas, jaquetas de couro no lugar de suspensórios, alguns sons de metal batendo e é claro aquele capacete que só quem

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está sentado em uma motocicleta Harley-Davidson pode torná-lo em algo de estilo. Porém, até chegar à motocicleta de hoje, devemos retomar que ela não passava de uma bicicleta parecida com as Barras Forte que usamos, porém, mais forte, com pneus brancos, é claro, afinal, o estilo veio de berço, quero dizer, galpão. No primeiro ano a Companhia alimentada pelo sonho dos meninos e algum dinheiro emprestado do tio de Davidson (sim, tudo era feito em família) eles venderam três motocicletas; no ano seguinte 20 e a partir daí o negócio não parou mais de crescer. A Primeira Guerra começou e lá estava a Harley junto com os soldados. A guerra terminou e o sonho americano continuou. A Segunda Guerra, a Grande Depressão, nada parou a empresa, que aliás cresceu muito durante a Segunda Guerra, vendendo mais de 90 mil exemplares para o exército americano. A história continuou. A moto foi ganhando o design que é tão amado e fazendo fãs. No ano de 1947, os motociclistas começaram a ser rotulados como “bagunceiros e fora da lei”, e o cinema amplificou essa ima-


gem. Ao invés de se preocupar, a empresa resolveu aproveitar a onda e construir uma estilo de vida pautado em motos. No ano de 1956, Elvis Presley apareceu na capa da revista da Companhia ao lado da tão admirada Harley. Não dá pra saber quem foi o mais admirado, e assim o estilo em prol da liberdade da motocicleta apareceu. Ela ultrapassou países, chegou ao Brasil, Paraná, Curitiba, Guarapuava reunindo pessoas e sonhos. Sidão, harleyro residente da capital paranaense, sabe bem desse sentimento que aproxima homem e máquina em busca da liberdade e de uma mente livre de preocupações, pelo menos enquanto esta pilotando. Sidão junto com outros quatro amigos e a esposa Dulce tem um sentimento tão grande pela máquina que já virou paixão, fundadores da 1° Republica Harley de Curitiba, suas palavras são regadas de detalhes e sentimentalismo quando fala da moto. “Pilotar uma motocicleta não é um hobby como a grande maioria pensa e também não é amor, é paixão pura, é aquele dia, aquele momento, é tudo único. Você marca uma viagem, aguarda ansioso a data chegar. Você também pode

simplesmente acordar, pegar a moto e sair. Pilotar sozinho ou acompanhado, de todo jeito vale, desde que esteja sentado em uma motocicleta.”Pilotar sozinho é uma excelente terapia. Você vai além do imaginável. Mas pilotar em grupo é emocionante, indescritível e cada um tem sua própria sensação”, descreve Sidão. Há vários encontros de motociclistas. De acordo com Sidão “Para participar dos grupos ou de encontros você precisa ter o espírito de motociclista. Quem já foi em encontros e não gostou não retorna, quem foi e amou não para de participar e é capaz de atravessar o país, como está acontecendo com os harleyros que vem do Paraguai, da Argentina e do Uruguai para o Brasil”. Os grupos e encontros são formados em todo o lugar. Em Guarapuava não é diferente. A paixão pelas motocicletas formou o grupo Bugres, que conta hoje com 34 pessoas, todos acima de 40 anos. Para Carlão dos Correios, como é conhecido na cidade, faltam palavras para descrever o sentimento de liberdade que só quem pilota uma motocicleta sabe. “Difícil descrever, não tem como colocar

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Viagem em grupo ao Arizona, Estados Unidos. Arquivo Pessoal de Carl達o

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em palavras a sensação de liberdade que a moto te proporciona, é prazeroso”. Carlão ainda tentando colocar em palavras sua paixão pela moto, é bem direto quanto a união de amigos que pilotam juntos. “viajar em grupo é muito bom, eu prefiro viajar acompanhado. Em Guarapuava todos os sábados nós nos encontramos em algum posto da cidade [Os Bugres], todos aparecem”, conta com orgulho do grupo que pertence a 13 anos.

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ide to R e v i L

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A escolha da moto condiz com o espírito de liberdade. O Harleyro de Curitiba possui uma Street Glide, modelo touring, desenvolvida para rodar na estrada. “Fiz esta opção pois viajo muito e não utilizo na cidade, mas já tive uma Heritage que serve para cidade e estrada e apesar de pouco tempo fazendo isso não quero mais parar. Estou nesta caminhada a apenas 2 anos, mas sei que não sairei nunca mais!” Os modelos são diversos, os sentimentos também, mas a paixão pela moto todos compartilham.

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Cola, tesoura, papel, tinta e muita inspiração, é disso que Carlos Eduardo de Andrade, 21, estudante de Análise de Sistemas, precisa para criar suas obras. O gosto pela arte já vem de infância, mesmo que fossem rabiscos e desenhos abstratos sem muito significado. Há quem diga que o estilo não mudou muito, mas para os olhares mais críticos há muito mais do que se supõe. Cores, sentimentos e palavras, artefatos que expressam raiva para alguns, euforia para outros. Nesta edição do Bebop você vai conferir alguns dos trabalhos do Carlos Eduardo, mas se o conteúdo da edição não for suficiente, você pode ver muito mais no vistaminhasmaos.tumblr.com.

quem entrevista: anderson costa e lays pederssetti

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BEBOP - Como você descreve hoje seu trabalho artístico? Você trabalha alguma temática ou conceito em especial? E quais são suas principais influências? Perguntas relacionadas à temática do meu trabalho, inspiração, conceitos, entre outras, sempre serão extremamente complicadas de se responder, para mim pelo menos, tenho receio de sempre responder da mesma forma em todas as vezes que me perguntarem. Assim como a temática pode mudar de obra para obra, a resposta poderá mudar de pergunta para pergunta, talvez isso soe extremamente confuso para alguns (e realmente é). A inspiração surge com situações diárias, filmes vistos, livros/trechos lidos, músicas e principalmente sentimentos (bons e ruins). BEBOP - Poderíamos chamar teus trabalhos de uma forma de ilustração dadaísta? Você se identifica, de fato, com esse movimento ou mesmo com algum dos artistas que o integravam? Não sei se encaixariam na definição pura do Dadaísmo (o que é a “definição pura do Dadaísmo”?), já que por várias vezes recorro às outras escolas, mesmo sem querer. Mas sim, me identifico com vários artistas desse movimento. Gosto bastante de Surrealismo também e considero o Magritte como um dos meus artistas preferidos. Talvez meu trabalho se assemelhe mais com os do Robert Rauschenberg, que utilizava diversos materiais e técnicas para compor seus trabalhos, e outros que não pareçam com nada. BEBOP - Sobre as técnicas utilizadas, poderia nos contar como os trabalhos são produzidos e falar sobre seu ambiente ou momento criativo? Os trabalhos são produzidos da forma mais espontânea possível: jogando elementos, colando, rasgando, pintando sem se preocupar com estética ou sujeira. Gosto de usar revistas antigas, que contenham materiais de astrologia, história e ciência – são as figuras mais visualmente favoráveis aos meus trabalhos. Algumas obras são meros acidentes envolvendo tinta derramada pela mesa ou papel rasgado por excesso de cola.

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BEBOP Você já fez exposições? Você já teve a oportunidade de verificar a repercussão do seu trabalho? Sim. Já participei de pequenas exposições dentro e fora de Guarapuava, até pouco tempo atrás alguns dos meus quadros estavam expostos em uma faculdade da cidade. Vejo a repercussão através dos contatos que fiz, desde artistas de outras partes do Brasil até donos de espaços culturais onde as exposições são realizadas, na minha opinião essa é a melhor repercussão. Já lancei zine com a ajuda de coletivos de outras cidades, já fiz capa de álbum para projetos musicais de amigos, cartazes de show, etc. Para mim isso é realizador. BEBOP - Que tipo de reações você realmente recebe das pessoas em relação às tuas obras? As reações mais diversas. Comentários como: “Seu trabalho remete à raiva”, “O que você quis dizer com isso?”, “Qualquer um pode fazer isso”. Varia de pessoa para pessoa, algumas reparam mais nas cores, outras no que está escrito, outras na ofensa que aquilo causa ou no jeito que o papel foi rasgado. BEBOP - Você vende ou venderia originais? Nunca vendi. Não me apego emocionalmente ou materialmente aos trabalhos, apenas não sei colocar preço nelas. As obras contam materiais extremamente baratos (na maioria das vezes), logo, não consigo imaginar um preço de venda. Sou encorajador da troca. BEBOP - Por fim, gostaria que você falasse um pouco sobre tua trajetória enquanto artista, como começou, o que mudou com o tempo e, claro, suas pretensões enquanto artista. Comecei no final de 2010, fazendo cartazes de shows, mas desde criança gostei de desenhar (mesmo não sabendo). Os cartazes e as capas de cds me apresentaram a colagem, e partir daí tentei me aprofundar no assunto. Com o tempo fui colocando outros elementos nas obras, tudo isso sem se preocupar em fugir do “foco”. Essa pequena mudança de rumo me proporcionou as exposições, publicações, etc. Enquanto artista só pretendo continuar fazendo meus trabalhos.

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Bebop e a edição da


para quem quer concluir a cruzada

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