ÓRGÃO OFICIAL DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA FUNDADO EM 1901
Pureza
DCER Unidos do Ceará reúne mais de 400 participantes durante acampamento estadual
Liderança servidora
Convenção Batista Mineira prepara Encontro de Coordenadores e Presidentes. Não perca o Proclamai 2025
Evento missionário acontece de 01 a 03 de maio, na IB do Recreio, no Rio de Janeiro. A maior prioridade de Deus
Artigo fala sobre o valor da salvação, da cruz e da ressurreição
Notícias do Brasil Batista Notícias do Brasil Batista Missões Mundiais
Observatório Batista
EDITORIAL
Ferramentas para um Ensino que marca gerações
A Escola Bíblica tem sido, ao longo dos anos, um dos pilares da formação cristã nas Igrejas Batistas. É nesse ambiente que crianças, adolescentes, jovens e adultos aprofundam seus conhecimentos bíblicos, amadurecem na fé e aprendem a viver os princípios do Reino de Deus. Por isso, mais do que apenas repassar conteúdo, ensinar na Escola Bíblica é um ministério que exige preparo, dedicação e, acima de tudo, amor.
Pensando em ajudar você, professor ou professora, a transformar suas aulas em experiências marcantes e edificantes, preparamos cinco dicas simples, mas poderosas, que podem fazer toda a diferença na sua prática pedagógica:
1. Conheça sua turma!
Cada classe é única. Os alunos têm ritmos, interesses e necessidades di-
ferentes. Por isso, é essencial investir tempo em conhecê-los. Adapte sua linguagem e seus exemplos para que o conteúdo faça sentido para eles. Uma sugestão prática é utilizar o “mapa de empatia da turma” — uma ferramenta que ajuda a compreender melhor o perfil dos alunos, suas motivações e expectativas. Quanto mais você os conhecer, mais eficaz será o seu ensino.
2. Planeje bem a sua aula!
Uma aula impactante começa antes da sala de aula: começa no planejamento. Utilize as orientações da revista do professor como base e faça as adequações necessárias para o perfil da sua turma. Um bom plano de ensino permite que você administre melhor o tempo, explore os conteúdos de forma mais dinâmica e esteja preparado para lidar com imprevistos.
3. Incentive a participação!
Alunos que participam ativamente aprendem mais. Estimule a interação com perguntas que provoquem reflexão e aplicação prática. Pergunte, ouça com atenção e desafie-os a pensar. Questões como “Como você aplicaria esse texto bíblico no seu dia a dia?” abrem espaço para um aprendizado mais profundo e transformador.
4. Ensine com criatividade!
Recursos visuais, dinâmicas, jogos, encenações e músicas podem tornar a aula muito mais envolvente. Ilustre o conteúdo bíblico com mapas, slides, dramatizações ou vídeos. A criatividade não é inimiga da profundidade — ao contrário, ela pode ser uma ponte poderosa para comunicar verdades eternas.
5. Ore pela sua aula!
Acima de todas as estratégias, o que realmente transforma vidas é a ação do Espírito Santo. Ore antes de ensinar, intercedendo por cada aluno. Peça a Deus que use a lição para tocar corações, consolar, exortar e edificar. E mais: ore com seus alunos no início ou no fim da aula. Isso os incentivará a desenvolver o hábito da oração e reconhecer que a Bíblia é viva e eficaz.
Seja você um professor experiente ou alguém que está começando agora nesse ministério, saiba que cada aula é uma oportunidade única de semear a Palavra de Deus. Que você seja instrumento do Senhor para marcar vidas com o amor, a graça e a verdade do Evangelho.
E aí, qual dessas dicas você vai aplicar na sua próxima aula? n
O JORNAL BATISTA
Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso.
Fundado em 10.01.1901
INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189
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DIRETORES HISTÓRICOS
W.E. Entzminger, fundador (1901 a 1919); A.B. Detter (1904 e 1907); S.L. Watson (1920 a 1925); Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940); Moisés Silveira (1940 a 1946);
Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002)
INTERINOS HISTÓRICOS
Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923).
ARTE: Oliverartelucas
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Vida
Tiago 4.14 faz uma pergunta inquietante aos seus leitores. “Que é a vossa vida? E responde: “Sois um vapor que aparece por um pouco e logo se desvanece”. Nem sempre paramos para meditar no significado desta afirmação do irmão de Jesus. Por mais que vivamos aqui, a nossa vida não passa de um vapor que se evapora em um momento. Os anos passam. Comemoramos mais um aniversário. Recebemos os parabéns da família, dos amigos, às vezes esquecidos pela correria dos dias, e começamos a descobrir que estamos ficando velhos. Para lembrar que os dias estão passando, temos as receitas médicas com os medicamentos que não podemos esquecer a cada dia. As dores normais da velhice nos fazem entender que o corpo está se desfazendo aos poucos. A cada dia morremos um pouco. Basta acordar de manhã, para sentir que os músculos já não são os mesmos de 20 anos antes. As forças físicas diminuem aos poucos. A memória não consegue lembrar do que aconteceu ontem. São os lapsos que ocorrem exigindo mais esforços para lembrar de algo corriqueiro que
ocorreu há pouco. Encontramos alguém no mercado e não conseguimos lembrar o seu nome. Como pastor, isto é normal. No início do ministério era possível lembrar os nomes de todas as ovelhas, inclusive dos familiares que frequentavam os cultos. Agora, isto se torna difícil. É o preço cobrado pelos anos vividos. Em alguns casos, lembramos com facilidade das agressões recebidas, mas esquecemos das boas lembranças que se foram. Estamos ficando velhos e começamos a claudicar no viver diário. Não há como reverter esta situação alarmante. Não há peças no mercado para substituir os neurônios que estão se apagando com o tempo.
Mas, nem tudo é negativo. Você recebe um telefonema de uma ex-ovelha que fica uma hora relembrando os dias passados, quando a Igreja florescia e crescia a cada novo ano. Tudo funcionava com perfeição buscando a glória do Senhor da Igreja. A ex-ovelha relembra as bênçãos recebidas no decorrer do seu ministério. Como as mensagens recebidas serviam de alento na caminhada diária, às vezes difícil, a jornada era penosa, mas, havia alento por crer que o Senhor
é o meu Pastor e nada nos faltará. Inclusive as dificuldades normais da existência.
Aprendemos com o tempo a administrar os óbices da existência, e cada etapa vencida serve de alento para novas investidas rumo à perfeição espiritual. Mesmo sabendo que nunca alcançaremos a perfeição desejada e sugerida pela Palavra de Deus. Mesmo assim, prosseguimos para o alvo sugerido pelo Espírito Santo que em nós habita. Entre as muitas bênçãos que a vida nos oferece está a família. Deus nos deu um(a) companheiro(a) para a jornada diária. Escolhido(a) pelo próprio Senhor da vida. Da união conjugal, Deus nos oferece os filhos, que são herança do Senhor. Herança preciosa que enriquece os nossos sonhos. Os filhos alimentam a esperança de dias melhores, mesmo quando tudo labuta ao contrário. Passamos a crer que na velhice alguém cuidará do nosso fim de vida. Zelará pelo nosso bem-estar e nos auxiliará quando os passos se tornam trôpegos e perigosos. Relembramos o salmista na sua velhice ao dizer: “Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar
o pão” (Sl 37.25). A vida longeva nos permitir confirmar esta verdade bíblica. Deus não abandona seus filhos nem os deixa desamparados.
Ao contrário, no dizer do salmista: “Na velhice ainda darão frutos, serão viçosos e florescentes, para proclamarem que o Senhor é reto…” (Sl 92.1415ª). O testemunho de uma vida longeva sempre vai engradecer ao Senhor da vida. É bom lembrar sempre que os créditos de uma vida longa devem ser creditados ao Senhor da vida, não aos esforços humanos.
Durante a vida passamos por muitos percalços. São acidentes normais da vida. As enfermidades que os médicos nos desenganaram, pois, a ciência não tinha e ainda não têm recursos para reverter o mal. Mas, o Senhor da vida tinha um propósito para o nosso viver diário e cumpriu o desiderato. A vida é bela e apetecida, diz a poetisa em seu poema sobre a gratidão. Por isso, louvamos ao Senhor da vida pelos anos que nos permite viver aqui neste planeta sofrido. Muito mais há a dizer sobre a beleza da vida. Apenas uma palavra conclui a nossa reflexão: Obrigado, Senhor pela vida; obrigado, Senhor. n
Pr. Julio Oliveira Sanches
Anunciemos o Amor Gracioso
Jénerson Alves
diácono da Igreja Batista Emanuel em Caruaru - PE, poeta cordelista e improvisador
Mote decassílabo de uma linha baseado no tema de 2025 da Convenção Batista Brasileira
Nas mensagens que vêm do coração, O amor é ciência conhecida; Cujo néctar produz o dom da vida No jardim divinal da perfeição. Dos Batistas, a linda Convenção Trouxe um tema bastante valoroso, Que o amor é o elo majestoso, Cintilante, inconteste, tão sutil... Conclamando aos Batistas do Brasil: Anunciemos o Amor Gracioso.
A vingança, a intriga, o ódio, as dores... São retratos da índole hominídea, Mas quem sente o aroma da orquídea Veste a alma de afagos e olores. O Amor vem da Graça e planta flores; Deixa limpo até pântano trevoso! É vocábulo dulcíssimo e precioso, Que não cabe em sumários nem tesauros,
Transformemos feridas em restauros: Anunciemos o Amor Gracioso.
Irmãos todos, sabemos que nós somos,
Porque somos os filhos de um só Pai, A verdade profética que não cai Como a Árvore da Vida agarra os pomos.
Temos células, moléculas, cromossomos, Enfrentamos o claro e o chuvoso, Ao invés do dragão, que é venenoso, Nos curvemos aos pés do Salvador, Que nos guia ao reino do louvor, Anunciemos o Amor Gracioso.
O Amor que falamos é Jesus: Rei dos Reis, do Universo a Majestade, A segunda Pessoa da Trindade, O Senhor que ilumina por ser Luz. Fez-se homem, por nós morreu na cruz, Sob Pôncio, monarca impiedoso, Ressurgiu, sendo assim vitorioso, Sua volta é certeza garantida, O Caminho, a Verdade, a Fé, a Vida! Anunciemos o Amor Gracioso. n
Cristo é o nosso Caminho
“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (Jo 14.6).
Minha mãe costumava dizer: “A inveja matou Caim”. Eu, que frequentava assiduamente a Escola Dominical, no dia que minha professora nos ensinou sobre os irmãos Caim e Abel, achei que havia algo trocado na citação que minha mãe fazia. O texto impresso do livro de Gênesis descrevia a morte de Abel e, não, a morte de Caim...
Quando cheguei à adolescência e levei minha dúvida para a professora da minha classe bíblica, aprendi sobre o poder destruidor do sentimento de culpa. Nunca havia descanso
emocional para Caim. Diz o texto sagrado que Caim virou andarilho “na terra de Node” (Gênesis 4.16). A palavra “Node”, em hebraico, tem semelhança com o termo “andarilho”: caminhante sem rumo, sem esperança, sem paz.
Bem-aventurados somos nós que nos entregamos ao Cristo. Quando Tomé demonstrou sua preocupação quanto ao caminho, “Jesus respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida - ninguém pode chegar até o Pai a não ser por Mim” (Jo 14.6). Pelo fato de encarnar “o caminho”, Cristo nos ensinou qualidade espiritual do nosso comportamento. “Vocês conhecerão os falsos profetas pelas coisas que eles fazem” (Mt 7.20).
membro da Terceira Igreja Batista de Planaltina - DF
Sem sombra de dúvidas, a Páscoa é a data mais importante para o cristianismo. É nela que celebramos a ressurreição de Jesus Cristo; nela celebramos a vitória da vida sobre a morte. Jesus, sendo Filho de Deus, fez-se filho dos homens, para que os filhos dos homens se tornassem filhos de Deus. Com seu sacrifício, pagou a nossa dívida impagável, abriu o caminho para entrarmos no Santo dos Santos por meio do seu sangue e através do véu que foi rasgado, isto é, a sua carne (Hebreus 10.19-20).
Mas a morte não pôde detê-lo. No terceiro dia, Ele ressuscitou. As mulheres foram ao seu túmulo, mas ele estava vazio, e os homens com roupas resplandecentes que lhes apareceram fizeram uma pergunta e uma declaração: “Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou” (Lucas 24.5-6). Tragada foi a morte pela vitória de Cristo Jesus: “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” (I Coríntios 15.55). Jesus venceu a morte! Ele ressuscitou!
Jesus, o cordeiro pascal!
A ressurreição é o fundamento da fé cristã. Paulo disse, em I Coríntios 15.14: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e é vã a fé que vocês têm”. Jesus, com sua ressurreição, além de nos trazer libertação e salvação, nos deu um novo significado para a celebração da Páscoa.
A primeira Páscoa aconteceu lá no Egito. Deus disse a Abraão sobre o exílio e a escravidão do seu povo por quatrocentos anos (Gênesis 15.13), e assim aconteceu. Levantou-se no Egito um Faraó que não conhecia José e, a partir daí, os egípcios começaram a oprimir o povo de Deus com dura servidão por quatrocentos anos. Mas, assim como Deus falou sobre o exílio e a escravidão do seu povo, Ele também falou sobre o juízo que viria sobre essa nação, sobre o Egito.
A história é bem conhecida. Deus, vendo o sofrimento do seu povo, levanta um líder para libertar e guiar o seu povo até a Terra Prometida: Moisés. Diante do Faraó, Moisés transmite a vontade de Deus: “Assim diz o Senhor, Deus de Israel: ‘Deixe o meu povo ir, para que me celebre uma festa no deserto.’” (Êx 5.1). Após a dureza do coração de Faraó diante do pedido do Senhor e de seus sinais, Deus envia
as dez pragas sobre o povo do Egito. Esse é o contexto da primeira Páscoa. Antes da décima praga acontecer, a morte dos primogênitos, Deus institui e orienta acerca da Páscoa (Êxodo 12.1-28). O cordeiro a ser sacrificado deveria ser perfeito, sem defeito; os israelitas deveriam pegar o sangue desse cordeiro e passá-lo nos umbrais das portas. A carne deveria ser comida assada, junto com os pães sem fermento e as ervas amargas. Páscoa, em hebraico, é “Pêssach”, que significa “passar por cima”. E foi isso que aconteceu. À meia-noite, Deus passou por cima do Egito, e todos os primogênitos foram mortos. Mas, na casa onde havia o sangue do cordeiro nos umbrais da porta, não houve morte, assim como Deus havia prometido (Êxodo 12.13). Aquele dia se tornou um memorial para o povo de Deus. Jesus também celebrava a Festa da Páscoa, como um bom judeu (Lucas 2.41). Sua última celebração da Festa da Páscoa foi um marco para nós, cristãos. Reunido com seus discípulos, na noite em que foi traído, Jesus celebrou sua última Páscoa antes da morte. Jesus cumpria a ordenança de Deus ao participar do memorial da Páscoa, mas ali Ele nos deu uma nova ordenança, um novo
memorial: a Ceia do Senhor. Agora, o pão representaria o Seu corpo, que seria partido por nós, e o vinho representaria o Seu sangue, que seria derramado e nos purificaria de todos os pecados.
Na última ceia, Jesus nos dá uma nova perspectiva da Páscoa. Assim como a história está dividida em antes e depois de Cristo, a Páscoa também está dividida em antes e depois de Cristo. Antes de Cristo, a Páscoa era o memorial da libertação do povo de Israel da tirania do Faraó e da escravidão do Egito. Depois de Cristo, a Páscoa é a ressurreição de Jesus.
Jesus é o Cordeiro pascal (I Coríntios 5.7). Jesus é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (João 1.29). Jesus é o Cordeiro perfeito, que foi sacrificado em nosso favor: “Como ovelha muda, foi levado ao matadouro” (Isaías 53.7). Seu sangue, além de nos redimir e purificar, nos livrou da escravidão do pecado, nos livrou da morte e nos deu uma esperança viva. Jesus, o Cordeiro perfeito, foi sacrificado por nossos pecados. Sua morte nos trouxe vida, e sua ressurreição nos trouxe justificação (Romanos 4.24-25). Aleluia! Louvem ao Senhor! Jesus ressuscitou! O nosso Salvador VIVE! n
Olavo Fe ijó
Alan Ponte
pastor & professor de Psicologia
Planejamento e organização de classes da EBD
Cristiane do Nascimento Silva
Introdução
A Escola Bíblica é uma ferramenta indispensável para o crescimento espiritual da igreja, promovendo o conhecimento bíblico e o fortalecimento da fé. Concordamos que ela é um espaço de formação espiritual contínuo. No entanto, para que esse ministério cumpra seu propósito com excelência, é fundamental investir em planejamento e organização das classes.
1. Planejamento
Ao planejar o funcionamento da EBD, permitimos que tanto professores quanto alunos saibam onde desejam chegar, proporcionando aulas mais eficazes, com temas relevantes para cada período do ano, evitando improvisações e descontinuidade na formação e capacitação de cada aluno.
A Escola Bíblica dominical não começa no dia da aula, mas com a preparação do ano letivo. Toda EBD precisa de:
1.1 Equipe pedagógica bem definida: educador cristão, pastor, diretor, professores e assistentes (podemos chamar de secretários).
1.2 Calendário escolar: sente com sua equipe, monte um plano anual ou trimestral com os temas que serão abordados. É importante durante esse encontro observar datas especiais, como Páscoa, Dia da Bíblia, Dia da Escola Bíblica entre outras datas importantes para a sua comunidade eclesiástica. Lembre-se que a EBD tanto forma crentes como pode ser uma excelente porta aberta para evangelização.
1.3 Bons materiais didáticos e recursos pedagógicos: use revistas de EBD confiáveis (essa escolha não deve ser aleatória de acordo com seus gostos, mas de acordo com as necessidades da igreja), materiais didáticos de editoras cristãs e recursos complementares como vídeos, dinâmicas, músicas e jo-
gos bíblicos. Verifique se o material está alinhado com a doutrina da igreja e com a faixa etária proposta.
1.4 Temas relevantes: além do estudo sequencial da Bíblia, abordem assuntos do dia a dia sob a perspectiva cristã, como família, fé, perdão, identidade, redes sociais e discipulado. Envolver os alunos na escolha de temas pode gerar mais interesse e participação.
1.5 Metodologias diversificadas: deseja que seus alunos não apenas compreendam o conteúdo, mas o apliquem em suas vidas? Então varie os métodos. Alterne entre aulas expositivas, dinâmicas em grupo, recursos tecnológicos e atividades manuais. A diversidade metodológica amplia o engajamento e facilita a internalização da Palavra.
1.6 Divisão de classes
As classes da Escola Bíblica precisam de uma estrutura organizacional onde estejam divididas por faixas etárias (berçário, maternal, pré-escolar, escolar, juniores, adolescentes, jovens, adultos e terceira idade), pois assim, a aula será bem mais compreendida, com uma linguagem e conteúdo que alcançará com maior intencionalidade e propósito o coração do aluno. Sabemos que nem todas as igrejas podem ter as classes divididas por faixas etárias, por questões de recursos humanos e estruturais. Para estas, recomenda-se avaliar quais idades e perfis se combinam adaptando assim o conteúdo.
2. Seleção e preparação de professores
É evidente e extremamente importante que as classes possuam professores que tenham conhecimento bíblico, amem aprender, amem ensinar e amem pessoas. Gosto de salientar esses quatro aspectos porque os vejo como um excelente currículo para seleção de professores. Podemos ser bem mais criteriosos na seleção dividindo em: Requisitos indispensáveis
• Ser chamado por Deus para o minis-
tério do Ensino
• Ter um relacionamento vital e real com Jesus
• Esforçar-se em seguir o exemplo de Jesus
• Encarar o ensino cristão com seriedade
• Ter disposição para aprender
Conhecimentos indispensáveis
• Conhecer a história e a estrutura da Bíblia
• Conhecer doutrinas fundamentais da Bíblia (Deus, Jesus Cristo, Espírito santos, Salvação, Igreja, Escatologia etc.)
• Conhecer as principais regras de interpretação da bíblia (noções de hermenêutica)
• Conhecer a história antiga (povos egípcios, cananeus, judeus, cristianismo primitivo)
• Conhecer a geografia Bíblica
• Ter noções de didática e pedagogia
É possível que você ache esse perfil de professor muito exigente. De fato, ele é criterioso — mas também necessário.
A boa notícia é que em nossas Igrejas há pessoas sedentas por aprender e também por ensinar. Ore, observe, confie: Deus mostrará quem são essas pessoas. Cabe a você oferecer formação continuada, tanto aos professores quanto à direção da EBD. Sem capacitação, é difícil avaliar avanços e corrigir rotas na jornada do ensino cristão.
3. Alinhamento da equipe e avaliação dos alunos
Planejar com objetivo é saber onde quer chegar e é também saber que durante o percurso o objetivo poderá ser ajustado. Vejamos alguns pontos indispensáveis para um alinhamento e avaliação de resultados na EBD:
• Metas claras de acordo com a visão e missão da Igreja ajudarão significativamente o quanto de maturidade espiritual a EBD irá proporcionar aos seus alunos.
• Reuniões periódicas com a equipe para ajustes no planejamento.
• Anotações sobre alunos e suas participações nas classes.
Conclusão
A Escola Bíblica Dominical é um espaço precioso, onde temos a oportunidade de estudar as Escrituras de forma completa, adaptada à idade, à capacidade e à linguagem de cada grupo. Não há outro ministério que atenda tão bem a esses aspectos de forma contínua e acessível.
No entanto, apenas manter a EBD funcionando não é suficiente para garantir o crescimento espiritual da igreja e de seus membros. Para que ela cumpra seu propósito com excelência, é essencial investir em planejamento, na escolha adequada de materiais e professores, no entendimento das faixas etárias e na seleção de temas relevantes para a vida cristã prática.
Sabemos que não é uma tarefa simples tornar a EBD um espaço cada vez mais atrativo, dinâmico e contextualizado, no qual os alunos possam aplicar o que aprenderam no domingo ao longo da semana. Mas, com um bom planejamento, uma equipe comprometida e muita oração, é plenamente possível alcançar esse objetivo.
Acredito que, se você seguir com dedicação, intencionalidade e fé, verá sua EBD se tornar um ambiente fértil para o amadurecimento cristão e para a formação de discípulos apaixonados pela Palavra.
Referências
ARMSTRONG, Hayward. Bases da educação cristã. 2.ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1994.
TULER, Marcos. Abordagens e Práticas da Pedagogia Cristã. 3.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2011. n
Escola bíblica: um espaço singular para o desenvolvimento da fé
Gleyds Silva Domingues
A ideia de escola vem veiculada com as ações de transmissão do conhecimento e formação humana, contudo, é preciso evidenciar que nem sempre ela atinge estas finalidades de maneira integral por diferentes motivos, tais como a tendência educacional que fundamenta o seu fazer, a precariedade do ensino, a falta de recurso e inovação tecnológica, carência de professores habilitados, ausência de acompanhamento específico, estrutura arquitetônica arcaica que remonta aos séculos passados.
Observa-se, porém, que os fatores apontados são associados a tão requerida qualidade educacional pretendida. O que se esquece é que qualidade educacional está mais para comprometimento, criatividade, investimento e dedicação daquele que exerce sua missão educadora. É claro que os outros elementos precisam ser considerados, mas é na interação entre pessoas que ocorre o processo ensino e aprendizagem.
Se assim o é, existe uma escola de natureza diferenciada. Ela é projetada
para atuar com um conteúdo específico a ser ministrado por pessoas que se apresentam para comunicá-lo. Não há nela uma prerrogativa de certificação a ser requerida. O que existe é a convicção de um chamado para o exercício e missão a serem efetivados.
Esta escola tem uma denominação diferenciada, evidenciando seu propósito. Ainda, é nela que se pode aprender sobre os princípios revelacionais, demonstrando as riquezas da mensagem que transforma mente e coração. De fato, não se busca apenas o conhecimento disciplinar, mas aquele que produz desenvolvimento e crescimento na fé.
O nome deste espaço é “Escola Bíblica”, contendo a especificidade que lhe é atribuída pelas diversas comunidades eclesiásticas (dominical, dinâmica, discipular, formacional), porém, o que importa é reconhecer o seu lugar de relevância na Denominação Batista, principalmente, por apresentar um alvo bem definido: conhecer e glorificar a Deus com todo o seu ser. Portanto, não é apenas uma escola a ser frequentada, mas um lugar de busca, interação, compartilhamento, testemunho,
oração, confronto, posicionamento e, sobretudo, ensino das Escrituras.
As comunidades eclesiásticas batistas ao assegurarem este espaço singular, oportunizam um caminho de amadurecimento da fé. Ainda, propiciam uma perspectiva teorreferente e que pautará a vida daqueles que são alcançados por seu ensino. Por tal motivo, não há como renunciar e nem suprimir a sua existência. Afinal, sem o ensino das Escrituras, não existe possibilidade de se ter solidez nos argumentos frente aos questionamentos e às ideologias defendidas na sociedade.
É preciso que as comunidades eclesiásticas priorizem o ato de ensinar a verdade com esmero, pois ao primar por isso, elas asseguram a expansão do Reino de Deus. Ainda, evidenciam que a relevância está em conhecer a Deus e a sua Palavra. Que, independentemente de outros ministérios, o que é efetivado pela Escola Bíblica torna-se um divisor de águas entre o apropriar-se e significar ou o repetir mecanicamente.
Compete às comunidades eclesiásticas zelarem pela Escola Bíblica. Para isso, necessitam trabalhar arduamente
com as Escrituras, aprofundar o conhecimento, pensar o currículo formativo, reforçar sua identidade em Cristo, oferecendo fontes e recursos didáticos e metodológicos para os que assumem esta tarefa tão essencial. A visão que as comunidades eclesiásticas têm sobre o ensino bíblico, precisa ficar patente em suas ações diárias. Elas não podem perder de vista a essencialidade do processo formativo.
Para finalizar, é preciso reiterar que a Escola Bíblica não é um canal apenas de transmissão de um conteúdo. Antes, ela é portadora de uma mensagem que fará diferença no agora e mais ainda no eternamente. Ao se ter consciência disso, já é possível reconhecer a peculiaridade de sua missão formativa: desenvolver a fé, o caráter de Cristo e a aplicação da Palavra em todas as áreas da vida. Assim, a Escola Bíblica não é uma ideia ou projeto, antes significa um espaço da formação integral consubstanciada nos princípios presentes nas Escrituras. Isso faz toda a diferença no modo como se efetivará a prática de ensino. Concorda? O desejo é: que se amplie a visão e sua efetivação. Deus abençoe. n
Já são 9 anos de Programa VIVER!
Redação de Missões Nacionais
Em 14 de abril de 2016, tinha início o Programa VIVER. Ele foi lançado em Santos - SP, durante a 96ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira. Uma caminhada inaugural pelas ruas da cidade marcou o início de uma trajetória de transformação de vidas. Agora, em 2025, estamos celebrando os 9 anos desse ministério que tem abençoado a vida de crianças, adolescentes e famílias inteiras.
Desde então, o VIVER tem sido um instrumento poderoso de mobilização da igreja para gerar um movimento de vida em resposta ao clamor de uma geração que anseia por um futuro de esperança.
No início deste ano, por exemplo, celebramos mais uma conquista: a inauguração da Casa Viver, em Livramento, na Bahia, em parceria com a Convenção Batista Baiana e a Associação Batista Serra Vale. Esse espaço representa mais do que paredes: é um lar de acolhimento e apoio para as crianças e os adolescentes da região, um ponto de referência para assistência social, oferecendo atividades de educação, saúde e suporte emocional, além de propagar a mensagem da salvação para a nova geração e suas famílias.
A fim de capacitar igrejas a implementarem o Programa VIVER em suas localidades, Missões Nacionais também realiza capacitações. Neste ano, aconteceu um significativo movimento em Timóteo, na região do Vale do Aço - MG. O evento foi promovido pela Coordenadora Nacional do VIVER, irmã Anair Bragança, e contou com a participação do pastor Estevão Viana, representante do VIVER no Sudeste do Brasil; pastor. André Filipe, presi dente da Juventude Batista Mineira; irmã Hélika Ouverney, autora da revista “10 lições para VIVER”; entre outros convidados. Toda a equipe missionária compartilhou conhecimentos valiosos com os participantes por meio de ple-
nárias, oficinas e um painel muito es clarecedor, fortalecendo ainda mais a missão de levar a esperança e o amor de Cristo à nova geração.
O VIVER é mais do que um projeto, é um compromisso com as crianças e os adolescentes do nosso Brasil! Completamos nove anos e queremos avan çar ainda mais, pois há muitas vidas precisando de cuidado, orientação e esperança verdadeira. Ore por esse trabalho, pelos missionários e por todos aqueles que têm sido e ainda serão alcançados por meio dessa obra. n
Igreja Batista em Campo Grande, em Recife - PE, destaca importância da formação de líderes
Nos últimos 15 meses, a IBCG ordenou cinco novos pastores e 15 diáconos.
Ronaldo Robson Luiz pastor da Igreja Batista em Campo Grande, em Recife - PE
No último dia 12 de abril, a Igreja Batista em Campo Grande (IBCG), em Recife - PE, celebrou um marco espiritual: o culto de ordenação do pastor Leandro Rafael ao ministério pastoral. Este momento solene é apenas mais um capítulo de uma trajetória inspiradora. Nos últimos 15 meses, a IBCG ordenou cinco novos pastores — todos egressos do Seminário do Norte — além de 15 novos diáconos e diaconisas. Sob a liderança do pastor Ronaldo Robson Luiz, a Igreja tem se firmado como um verdadeiro celeiro de vocações, assumindo com seriedade o papel bíblico de formar e enviar líderes para o serviço cristão.
A Bíblia é clara ao afirmar que o despertamento vocacional é obra do Espírito, mas também resultado da comunidade que ouve e obedece à vontade de Deus. Em Efésios 4.11-
Consagração de pastores e diáconos na Igreja Batista em Campo Grande, em Recife - PE
12 (A21), Paulo ensina que o próprio Cristo concedeu “uns como apóstolos, outros como profetas, outros como evangelistas e outros como pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado”. Essa edificação se manifesta quando a Igreja local se torna um espaço de discernimento, encorajamento e ca pacitação.
sido vivido na prática. A ordenação de novos pastores e diáconos é reflexo de uma comunidade que investe no discipulado e reconhece os dons que Deus distribui entre os seus. Um dos indicadores de uma Igreja saudável é a sua capacidade de gerar novos líderes, vocacionados e preparados, que vivam
são despertadas, confirmadas e enviadas. Em tempos de tantas distrações e incertezas, é inspirador ver uma igreja local cumprir seu papel profético, formando líderes que ouviram o “vem e segue-me” do Mestre e responderam com fé e disposição.
Que outras Igrejas sigam o exemplo tam vocações, floresce o discipulado e
DCER Unidos do Ceará reúne mais de
400 participantes em acampamento estadual
Essa foi a 19ª edição do encontro.
Departamento Convencional de Embaixadores do Rei da Convenção das Igrejas Batistas Unidas do Ceará
O Departamento Convencional de Embaixadores do Rei da Convenção das Igrejas Batistas Unidas do Ceará (DCER Unidos do Ceará) promoveu, de 21 a 25 de março, o 19º Acampamento Estadual dos Embaixadores do Rei, em Fortaleza - CE. Durante os cinco dias de evento, o departamento trabalhou o tema “Pureza”, com base em Filipenses 4.8. O acampamento recebeu mais de 400 participantes, incluindo 360 em baixadores, de 24 Igrejas. A embaixa da Antônio Teixeira, da Igreja Batista Aliança, foi a campeã do evento.
“Louvamos a Deus pelo trabalho realizado pelos conselheiros em suas embaixadas locais”, destacou o coor denador estadual do DCER Unidos do Ceará, pastor Rubens Sousa. “Somen te através do investimento de tempo, recursos e muita oração foi possível promover o maior acampamento da história do nosso departamento. Toda honra e glória ao nosso Deus pelo privilégio de servir nessa organização que me alcançou e continua alcançando
Liderança servidora é tema de encontro de lideranças das Associações Batistas mineiras
Evento reuniu líderes de todas as regiões do estado.
Kátia Brito
jornalista da Convenção Batista Mineira
Um tempo de comunhão, capacitação e cuidado. Assim foi o Encontro de Coordenadores e Presidentes promovido pela Convenção Batista Mineira entre os dias 2 e 4 de abril, no Hotel Ouro Minas, em Belo Horizonte - MG. O evento reuniu líderes de todas as regiões do estado, acompanhados de suas esposas, em um ambiente marcado pela unidade e pela presença de Deus.
“Olha que alegria participar desse momento histórico inesquecível, uma comunhão tão gostosa, uma interação, um clima de paz, de alegria, de unidade. Como é bom ver os Batistas mineiros assim, trabalhando juntos e avançando na conquista desse estado para Jesus”, celebrou o pastor Samuel Moutta, gerente Executivo de Missões da Junta de Missões Nacionais e preletor oficial do encontro, que conduziu dois momentos de reflexão: uma palestra matinal voltada ao desenvolvimento pessoal e à liderança espiritual e outra, à noite, focada em liderança estratégica e nos desafios do ministério atualmente.
a diferença entre liderar no mundo corporativo e liderar no contexto do ministério cristão. “A nossa liderança no Reino tem princípios espirituais da Palavra de Deus, muitas vezes contrá rios à lógica do mundo dos negócios. Deus nos chama a diminuir para crescer, a se anular, a perder para ganhar...”, afirmou, reforçando a necessidade de unir espiritualidade com capacitação técnica.
O encontro também foi um momento de fortalecimento da visão de serviço mútuo e apoio às igrejas locais. “Estamos aqui num tempo maravilhoso de comunhão e capacitação, para
que saiamos daqui mais preparados para servir cada um dos Batistas deste estado”, declarou o pastor Marcio Santos, diretor-Executivo da CBM. Além das plenárias e treinamentos, os participantes vivenciaram momentos devocionais marcantes, como compartilhou o cantor e líder Josimar Bianchi, responsável pelo Projeto Dedicato da CBM: “Esse encontro é como um cafuné de Deus. Não é só técnico, é para cuidar do papel do pastor e do líder. Tem sido realmente um tempo de cuidado estar aqui com os meus irmãos”.
O pastor Ramon Marcio de Oliveira, diretor-executivo adjunto da CBM tam-
bém enfatizou o papel estratégico dos coordenadores e presidentes na estrutura da CBM. “Esses líderes estão no chão de fábrica, perto da realidade das igrejas. Por isso, a CBM faz questão de apoiar, capacitar e valorizar esses que têm trabalhado oferecendo o melhor para os quase 100 mil Batistas do estado de Minas Gerais”.
A Convenção reafirma, assim, seu compromisso de investir na liderança saudável e na edificação do Corpo de Cristo em todas as regiões de Minas. O encontro não apenas fortaleceu vínculos institucionais, mas reafirmou a missão coletiva: servir com excelência, para a glória de Deus. n
Batistas Brasileiros organizam Igreja em Itanhangá - MT
Luiz Gomes Parente pastor titular da PIB em Itanhangá - MT
No dia 12 de abril de 2025, os Batistas de Mato Grosso celebraram com alegria e gratidão a Deus a organização da Primeira Igreja Batista em Itanhangá, fruto de mais de duas décadas de dedicação missionária, oração e compromisso com a expansão do Reino de Deus.
A presença Batista no município de Itanhangá teve início em 2003, quando o pastor Luiz Godinho de Macedo e sua esposa, a missionária Lídia Correa Godinho, iniciaram encontros evangelísticos e de discipulado em sua própria residência. Com simplicidade, reuniam seus filhos, amigos e vizinhos, lançando as bases do que viria a ser um relevante trabalho missionário na região. Desde os primeiros passos, o trabalho em Itanhangá contou com o apoio direto da Primeira Igreja Batista em Lucas do Rio Verde, que assumiu o compromisso de investir e acompa-
Trabalho Batista na região começou há mais de 20 anos.
nhar o desenvolvimento da missão. Em 2019, com o templo já edificado e a obra consolidada, a missão passou por uma importante transição: o pas tor Luiz Godinho encerrou seu período como líder pastoral, permanecendo como membro ativo da congregação. Na ocasião, assumiu o ministério lo cal o pastor Luiz Gomes Parente, que se tornou missionário conveniado por meio de uma parceria entre a PIB em Lucas do Rio Verde e a Convenção Ba-
tista de Mato Grosso. Com o passar dos anos, a comunidade batista em Itanhangá avançou rumo à autonomia financeira e administrativa, evidenciando maturidade espiritual e compromisso missional. A organização da Igreja foi marcada por um culto festivo, com 49 membros fundadores e a presença de representantes de mais de dez Igrejas Batistas, em um momento de louvor, celebração e gratidão ao Senhor da Seara.
A organização da Primeira Igreja Batista em Itanhangá é mais do que um marco local: é um testemunho do poder transformador do Evangelho e da perseverança missionária de homens e mulheres comprometidos com a Grande Comissão. Que esta nova igreja continue sendo instrumento de bênção em Itanhangá, em Mato Grosso, no Brasil e até os confins da terra.
“Ao Senhor seja a glória, por tudo quanto Ele tem feito!” n
Pr. Samuel Moutta foi o preletor oficial do encontro
Organização da Primeira Igreja Batista em Itanhangá - MT
Aaron e Paula Costa missionários no Sul da Ásia
Deus conhece todas as culturas
Vivemos o mês do Ramadã (jejum muçulmano) em março. E como de costume, após o Ramadã eles comemoram o Hari Raya, a maior celebração do país onde estamos, e que também dura um mês. Durante o Hari Raya, as famílias abrem as portas de suas casas e todos são bem-vindos para entrar e compartilhar a refeição, o que é algo extremamente diferente do nosso cotidiano, já que estamos em um país em que a cultura é muito fechada e “novos amigos” nem sempre são bem-vindos. Nos anos anteriores íamos às casas de nossos alunos e amigos, mas desta vez, nosso Pai tocou em nossos corações para fazer algo diferente. Além de irmos às casas, resolvermos fazer o nosso próprio Hari Raya e convidar a todos de nosso projeto para celebrar conosco. Confesso que, no início, tivemos muita insegurança e medo
de eles não virem pelo fato de sermos estrangeiros e de religião diferente. Porém, apesar do medo, sentíamos que Ele estava no comando e nossa função era apenas obedecer. Preparamos tudo. Alugamos algumas mesas e cadeiras, decoramos todo o escritório do projeto com o tema próprio, pedimos comida de um restaurante Halal (como não somos da mesma re-
ligião, eles não podem comer a comida que cozinhamos, eles as consideram impuras) e mandamos os convites. Pedimos muito ao Pai que eles viessem, tínhamos fé que Ele enviaria as pessoas certas, escolhidas por Ele. Porém, sinceramente, a insegurança ainda era muito grande. O grande dia chegou e lá estávamos nós. Vestidos com Baju Kurang
(roupa típica) e esperando. Nosso Pai é maravilhoso! Não parava de chegar gente! Nossos alunos, com suas roupas típicas, acompanhados de suas famílias. Todos comendo, conversando, tirando fotos e aproveitando o jantar. O local ficou pequeno! Precisamos até colocar o nosso totó do lado de fora para as crianças brincarem. Foi maravilhoso! Que tarde/noite agradável!
Muitos deles se diziam admirados de organizarmos algo tão local e igual ao que eles organizariam. Mas nós sabemos que o verdadeiro organizador foi Aquele que criou todas as culturas e as conhece melhor do que ninguém. Nosso Pai é maravilhoso e ouve nosso clamor. E quando dizemos nosso, por favor, sinta-se incluído. O apoio, as ofertas e as suas orações são importantíssimas para nosso trabalho.
Que Deus abençoe você e sua família, e te presenteie com um abril abençoado! Feliz Páscoa! n
Não perca o Proclamai 2025
Evento missionário acontece de 01 a 03 de maio, na Igreja Batista do Recreio, no Rio de Janeiro.
Redação de Missões Mundiais
Missões Mundiais, uma das principais organizações missionárias do Brasil, anuncia com alegria a realização do Proclamai 2025, um dos maiores eventos de mobilização missionária do país. A nova edição acontecerá entre os dias 1º e 3 de maio, na Igreja Batista do Recreio, no Rio de Janeiro, e promete marcar profundamente a caminhada missionária desta geração.
Com o tema “Em todas as gerações Proclamai”, inspirado no Salmo 145.4 — “Que cada geração conte a seus filhos sobre tuas obras e proclame teu poder” — o evento chega renovado, reafirmando o compromisso com a Grande Comissão e desafiando cada participante a se envolver de forma significativa na missão de Deus.
Ao longo dos três dias de programação, os participantes viverão uma experiência transformadora, com momentos de adoração, pregações inspiradoras e testemunhos impactantes de missionários que enfrentaram desde perseguições até prisões por causa do evangelho. A diversidade cultural e a atuação de Missões Mundiais nos mais diversos contextos serão refletidas também nas experiências imersivas e oficinas temáticas, que permitirão um mergulho profundo na realidade dos campos missionários ao redor do mundo.
A programação contará com a participação de pastores e missionários de diferentes países e regiões, entre eles Paschoal Piragine Jr., Fábio Pisa,
Davi Duarte, Peter Wong, Jonathan Ekman, Farshid Fathi Malayeri, Analzira Nascimento, Wander Gomes e João Marcos Barreto Soares, além de missionários que compartilharão seus testemunhos, como Ruth Saraid, Terezinha Candieiro, Monica Felicia, Renata Santos e Denise Santos. Os momentos de louvor ficarão por conta de Martha Keila, Mariah, Alexandre Magnani e do Ministério da Igreja Batista do Recreio
Desde sua primeira edição em 1997, o Proclamai já impactou milhares de vidas, mobilizando igrejas, despertando vocações e conectando pessoas à causa missionária global. Em 2001, o evento reuniu mais de 16 mil participantes no Riocentro, tornando-se um marco na história de Missões Mundiais. Já em 2007, a edição de Manaus inaugurou a transmissão ao vivo e a cobertura digital, expandindo o alcance da missão para o mundo virtual. Durante a pandemia, entre 2020 e 2021, o Proclamai foi realizado online e alcançou milhares de pessoas em diversos países, mostrando que barreiras físicas não limitam o avanço das boas novas.
Mais do que um evento, o Proclamai 2025 será uma oportunidade de renovação espiritual, despertamento vocacional e engajamento com aquilo que está no coração de Deus: levar o evangelho a todos os povos.
Entre os destaques da edição de 2025 estão:
• Grande reunião com a oportunidade única de conhecer missionários que têm feito a diferença em comuni-
dades de todas as partes do mundo. Teremos testemunhos de obreiros que enfrentaram prisões e perseguições por anunciar a Cristo.
• Experiências imersivas, que transportará os participantes diretamente para o campo missionário, permitindo um mergulho nas mais diversas culturas.
• Oficinas temáticas , com debates e treinamentos sobre os grandes desafios do mundo contemporâneo, destacando as respostas que Missões Mundiais tem dado por meio de seus projetos e ações.
“O Proclamai 2025 será mais do que um evento. Ele marcará um novo capítulo na história missionária dos batistas brasileiros, inspirando e desafiando cada geração a se envolver de forma profunda e significativa na obra missionária”, destaca a liderança de Missões Mundiais.
O Proclamai 2025 acontece nos dias 1º a 3 de maio, na Igreja Batista do Recreio, no Rio de Janeiro. Para se inscrever, acesse www.missoesmundiais.com.br/proclamai2025 Confira a programação no site www.missoesmundiais.com.br n
Culto no Centro Batista reforça a comunhão entre as equipes das organizações
Culto teve um tempo especial de intercessão pelos enlutados, enfermos e pelas necessidades missionárias.
Estevão Júlio
jornalista na Convenção Batista Brasileira
Na manhã desta quarta-feira, 16 de abril, a capela do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB), no Centro Batista, foi palco de mais um culto abençoado, marcado por adoração sincera, reflexão bíblica e comunhão. A programação teve início às 11h, reunindo colaboradores da CBB e organizações em um momento especial de gratidão e entrega ao Senhor.
A abertura foi conduzida com os cânticos “Vim Para Adorar-Te” e “Teu Amor Não Falha”, seguidas de uma oração de consagração.
O pastor Fernando Brandão, diretor-executivo da Convenção Batista Brasileira (CBB), trouxe uma palavra de saudação.
Em seguida, foram compartilhados os avisos institucionais, com destaque para as ações da Junta de Missões Nacionais (JMN), da Convenção Batista Brasileira (CBB) e da Junta de Missões Mundiais, como o Proclamai, que será realizado de 1 a 3 de maio, reforçan
Tempo de louvor e adoração entre as equipes das organizações CBB no Centro Batista
do o compromisso com a proclamação do Evangelho em todo o mundo.
O culto também contou com um tempo especial de intercessão, quando as equipes oraram pelos enlutados, enfermos e pelas necessidades missionárias.
A mensagem bíblica foi ministrada pelo pastor Daniel Ventura, diretor-executivo da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB), com base em João 21, trazendo reflexões profundas sobre a caminhada cristã. Entre os pontospre as coisas acabam como sonhamos ou planejamos (João 21.3); que muitas vezes não reconhecemos a presença de Deus conosco (João 21.4); que nãomos ser (João 21.7); que as bênçãos de Deus nem sempre caem prontas do céu (João 21.9-10); e que o amor verdadeiro não está desvinculado de -
nhão e fortalecimento espiritual entre -
Momento de palavra e oração no Culto no Centro Batista
Culto é sempre realizado na Capela do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil
A necessidade de mentoria
Uma das maiores necessidades hoje, na perspectiva da liderança cristã, é a mentoria. Seremos melhores líderes à medida que caminharmos com outros irmãos mais maduros do que nós para nos ouvir e nos assistir ética, emocional e espiritualmente. O mais experiente cuidando do menos experiente. O mentoreado, menos experiente, prestará contas da vida, da família e do ministério. Na Bíblia temos vários exemplos de cuidado: Eli e Samuel; Elias e Eliseu; Paulo e Timóteo; Barnabé e João Marcos. Nestes exemplos a iniciativa foi do mais velho, pois mentorear é assistir, encorajar, ensinar e acompanhar bem de perto, sabendo ouvir com atenção e oferecendo preciosas orientações. Segundo Aurélio, mentor é a “pessoa que guia, ensina ou aconselha outra; guia, mestre, conselheiro”. Tendo alguém a quem prestamos contas erramos menos, ficamos mais refratários aos erros altamente prejudiciais. Crescemos à medida que compartilhamos a vida pessoal, a fé, as
necessidades, as expectativas e os sonhos com pessoas maduras, discretas e confiáveis.
A atividade de cuidar do outro traz benefícios para o mentor – uma pessoa madura na fé, de confiança e disposta a servir. O mentor contribui para o crescimento daquele que está sendo cuidado, trazendo o sentido de responsabilidade e aperfeiçoamento da vida pessoal, da vida familiar e da vida ministerial. Os benefícios são tremendos para ambos os lados considerando as famílias e comunidades envolvidas. Sabemos que há muitos líderes feridos que não experimentaram o cuidado de alguém de carne e osso. Deus usa homens e mulheres para serem bênçãos na vida de outros. Como é relevante prestarmos contas a alguém que é mais maduro, sabe ouvir e nos aconselha com sabedoria!
Nos exemplos bíblicos que foram dados, todos foram ricamente abençoados, pois houve uma contribuição mútua. Há muitos líderes imaturos por falta de iniciativa e medo na direção de pedir a Deus alguém que os acompa-
nhe, que seja mais experimentado da fé. Ainda há desconfiança e preconceito, que impedem uma assistência mais expandida e comprometida. Pecamos por falta de iniciativa de ambas as partes. Mentoria é relacionamento pessoal que tem implicações coletivas, sociais. Ela ajuda nos desenvolvimentos espiritual, ético, psíquico, emocional e físico. Só traz benefícios. O mentor deve utilizar a Palavra de Deus como vade-mecum na sublime tarefa de formar o caráter de Cristo Jesus na vida daquele que é ministrado, que recebe a mentoria. O acompanhamento terapêutico deve ser o mais informal possível. O mentor deverá tratar de coisas profundas sempre na perspectiva dos valores do Reino de Deus expostos nas Escrituras Sagradas. Aquele que é cuidado hoje pode ser um mentor amanhã. Isto vale dizer que os mentores de hoje formam mentores do futuro. Uma rede de bênçãos para a Igreja e a sociedade. Quem deve ser o mentor ou a mentora? Aquele ou aquela que tem um forte compromisso com a Palavra de Deus, com a oração, a família e igreja,
que tem uma visão bíblica do Reino de Deus. Deve ser uma pessoa firme em suas convicções, possuindo um caráter de integridade e valores a toda a prova. Toda a sua formação pessoal será muito útil no processo do cuidado. Nos países desenvolvidos a mentoria cristã já está muito desenvolvida, pois já é uma prática cristã respeitada. O acompanhamento terapêutico deve ser com base no amor, na perseverança, justiça, verdade, solidariedade, piedade e no compromisso com a excelência cristã, com os valores ensinados pelo Senhor Jesus. O mentor deve ter a fé de Abraão, a persistência de Jacó, a integridade de José, a coragem de Davi, o amor de João e a consciência de missão do apóstolo Paulo. A pessoa que cuida está comprometida com o Evangelho da graça, o Evangelho das insondáveis riquezas de Cristo, expressando a graça e a disciplina do Evangelho. A sua vida está centrada em Cristo Jesus. Que sejamos mentores para que a liderança e a igreja sejam relevantes neste mundo e a glória de Deus se manifeste entre nós! n
Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob
OBSERVATÓRIO
A maior prioridade de Deus - a vida (parte 2): o valor da salvação, da cruz e da ressurreição
Lourenço Stelio Rega
No artigo anterior, procuramos reposicionar o centro da mensagem bíblica e da prioridade de Deus demonstrando que antes do Plano Redentor de Deus temos o Plano da Criação, que de fato deve ser considerado prioritário de modo a que a partir desse Plano possamos compreender toda ação divina em relação à história, ao Universo, à vida humana. Isso nos deve levar a revisão mais profunda de nossa construção teológica clássica e até mesmo de nossa compreensão da vida, de nossas ações, prioridades, planos e projetos eclesiásticos, missionários, atividades etc.
Ao final da última coluna, procuramos também demonstrar que a salvação não é o fim para o qual Deus nos criou. Aliás, a própria teologia clássica demonstra que o objetivo de nossa criação foi para a glória de Deus e isso procuramos explicar fazendo conexão especialmente com o que Jesus nos ensinou sobre os dois grandes mandamentos, além de fazer conexão com a própria natureza criada. Por outro lado, se Deus nos criou apenas para sermos salvos, corremos o risco de tornar Deus culpado pelo nosso fracasso e rebelião, para que, então, houvesse motivo para nossa salvação. Numa linguagem simples, “a conta não fecha”.
Então, afinal para que serve a salvação? Pergunta importante, pois dela depende a valorização da obra evangelizante e missionária, que muitas vezes passou a ser a mensagem central da Bíblia, por consequência catalisou as prioridades de nossa mensagem, dos programas, dos eventos, dos planos concretos das igrejas, da vida do cristão etc.
Num primeiro momento, quando discutimos que a salvação não é o fim para o qual fomos criados, temos uma sensação de preocupação quanto à sua veracidade, pois há tanto tempo assim fomos ensinados, assim temos atuado. Mas se colocamos os fatos em seus devidos espaços, conseguiremos não apenas compreender melhor as Escrituras, o coração de Deus, e seu Plano para a vida e para o mundo, bem como reposicionarmos e equalizarmos nossa compreensão e prática sobre a vida da igreja, a vida cristã e, até mesmo, aprofundar e aperfeiçoar
ainda mais a mensagem evangelizante e missionária.
Então, em vez ser o fim último para o qual o Evangelho existe, o fim para o qual existimos, para a existência da igreja e tudo o mais, a salvação é “O” meio para nos trazer de volta para o plano original de Deus na criação, pois, com a queda ou rebelião, entramos num território de rebeldia contra o Criador, provocando afastamento desse plano original e nos destinando à extinção. Em Gênesis 3.15, que os teólogos chamam de “protoevangelho”, temos a promessa de Deus de nos recuperar como raça humana por meio de um descendente da mulher, que, no restante da Bíblia, aponta para Jesus – o Filho de Deus -, que foi entregue para esta missão recuperadora do ser humano e da criação por meio do amor de Deus à vida, à nossa vida (Romanos 5.8).
Estávamos condenados à morte eterna, Jesus, ao morrer na cruz, o faz em nosso lugar. A Teologia apresenta diversos conceitos para explicar isso, como “morte expiatória”, “morte substitutiva” etc. A justiça (retidão) divina unida ao seu amor pela vida redundou num ato de justificação (Romanos 5). Temos aqui o perfeito equilíbrio entre a justiça punitiva e o amor restaurador. Então, a morte de Jesus na cruz tem significado fundamental, de modo que sem ela não seria possível ter nossa “conta” quitada perante a justiça do próprio Deus, da própria lei natural que Deus criou para este Universo.
O ser humano é convidado a se arrepender de seu estado de rebeldia e afastamento do Criador e crer na suficiência da obra redentora de Jesus. Sem isso não é possível dar continuidade ao processo de recuperação da vida ao estado original do Plano da Criação. Por isso, podemos também chamar a salvação de “recuperação”, pois, assim reforçamos o significado da palavra “salvação” para que não fique desgastado na semântica do mundo contemporâneo.
Em Lucas 9.23 temos o chamado de Jesus “se alguém quiser vir após mim negue-se a si mesmo, a cada dia tome a sua cruz e siga-me”. Texto que normalmente tem sua interpretação reduzida a um caminho que aponta apenas para a crucificação, para o Calvário. Mas temos de ir mais além, seguir Jesus tomando a cruz é de fato
seguir a trajetória completa que, a partir do caminho à sua crucificação, prosseguiu. Ele foi crucificado, morreu, foi retirado do madeiro, foi transportado ao sepulcro, foi sepultado, mas ao terceiro dia ressuscitou, demonstrando o seu poder não apenas sobre a morte, mas para dar vida – a prioridade maior de Deus.
Em Rm 6.4 temos exatamente este ensino em que somos desafiados por Paulo que devemos nos considerar crucificados, mas também ressuscitados para nova vida e até oferecer nossos membros (nosso corpo, nossa vida, nosso projeto de vida etc.) como instrumento da justiça (Rm 6.18). Mas Paulo também nos ensina que o evangelho sem ressurreição é sem valor (1 Co 15), pois, sem ela Jesus seria como qualquer herói religioso foi – apenas um líder morto, sem vida. Jesus venceu a morte para nos dar vida.
Com o correr do tempo nosso pensar teológico e prático foi valorizando a cruz e deixando em nota de rodapé a ressurreição, de modo a se tornar comum a afirmação de que o centro da história humana é a cruz. Por que não considerarmos que o centro da história humana é a Criação e que na recuperação do ser humano temos um centro na história completa de Jesus cujos componentes essenciais se completam – a encarnação, a cruz, a pedra removida do sepulcro, a sua ascensão e a sua futura volta?
Sem cruz não haveria ressurreição, sem ressurreição o evangelho seria inútil. Então a soma de todos destes “macroeventos” redunda na recuperação do ser humano para a vida. Daí a importância da salvação, que se tornou real pela encarnação, cruz, ressurreição, ascensão e volta, de modo que sem o que podemos chamar de “EVENTO-JESUS” completo não haveria como retornar para o caminho original de onde nos afastamos.
Por isso mesmo, a salvação é um meio e não um fim em si mesma. A salvação nos coloca de volta lá no mesmo ponto de onde abandonamos o Criador, pois para Deus não há atalhos. Do jeito como temos concluído ser a salvação o ponto de partida e não um meio, estamos olhando para o futuro, para a escatologia projetando nossas vidas apenas para as ruas de ouro da Nova Jerusalém, em vez de recomeçar lá atrás na história da Criação e reini-
ciar nossa vida para a glória de Deus. Pensar na salvação como um fim é tentar começar a compreender a história humana a partir da queda e não do seu próprio começo – no coração de Deus, na Criação, a origem de tudo, da vida, que é a prioridade de Deus. Isso tem consequências importantes, mas também que nos levará a um caminho mais efetivo da vivência cristã, da planificação da vida eclesiástica, da redescoberta de inúmeros fatos bíblicos que trarão significados mais profundos para a compreensão da Palavra de Deus, bem como para a efetividade do evangelho no cotidiano e, até mesmo, a necessidade de profunda revisão na compreensão do papel da Igreja.
O texto de Romanos 6.4 é profundo em mostrar essa trajetória que tem início no momento de nossa conversão: “Fomos, pois, sepultados com ele [Jesus] na morte […] para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida
Esse é o Evangelho profundo e completo, garante o futuro, e nos apresenta o desafio da transformação da vida desde o momento da conversão, um retorno ao Éden antes da rebelião.
Utilizando uma abordagem mais recente pela visão missional e aproveitando a expressão do missiólogo Ed Stetzer quando afirmou que “se vivo uma vida missional, vivo uma vida moldada pela missão de Deus”, eu poderia dizer que, a partir de minha conversão, o meu projeto de vida é agora o projeto da missĭo Dei (missão de Deus) e eu me entrego como ferramenta de Deus para que ele em sua missão de restaurar toda criação e criatura, me tenha como seu instrumento e isso me leva a pensar em minha vida como sal, luz, como uma vitrine e tradutor do Reino de Deus.
Se cada pessoa que se converter for orientada e assumir esse plano de vida, já imaginou como teríamos Igrejas mais fortes, dinâmicas, um trabalho evangelizante e missionário mais efetivo demonstrando as Boas Novas em palavras, mas também em ações, em vidas atrativas e transformadas?
Que tal colocar seu projeto de vida diante do projeto missional de Deus para ser seu instrumento em transformar esse mundo caótico e sem Deus? n