20ª Edição

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NA SOMBRA DE CARLA VARELA Nesta 20ª edição tivemos a oportunidade de conversar um pouco com um rosto já conhecido da FFUC e maioritariamente associado às aulas laboratoriais de diversas unidades curriculares do Laboratório de Química Farmacêutica. Fica a conhecer um pouco melhor a Professora Doutora Carla Varela. Por Cátia Almeida e Maria Aquino O Pilão: Estudou na FFFUC. Como foi o seu percurso académico a nível extracurricular? Carla Varela: Fiz sempre estágios de Verão, só no meu primeiro ano é que não. No segundo ano fiz em Farmácia Hospitalar na minha terra natal, em Vila Real, que foi onde descobri que não gostava muito deste ramo porque era um trabalho muito burocrático. No terceiro ano fiz em Farmácia Comunitária e no quarto ano fiz um SEP na Sérvia. O SEP durante o mês de agosto foi uma experiência interessantíssima. Quando selecionei os países pensei: “Tem de ser o país mais improvável possível”, no sentido de ser um país que eu não considerasse para ir passar férias e que tivesse um contexto histórico e cultural muito diferentes de forma a proporcionar-me mais aprendizagens. Fiz lá um estágio em Farmácia Comunitária no qual produzi imensos manipulados, desde óvulos, xaropes, cremes, supositórios, não se parava um minuto! Não fazia atendimento ao público visto que não sabia falar a língua, mas foi uma experiência muito engraçada. Mais tarde, no quarto ano, surgiu a oportunidade de fazer, de forma voluntária, um estágio no laboratório da faculdade com o Professor Doutor Elisiário Tavares e com a Professora Doutora Fernanda Roleira, onde comecei a dar os primeiros passos na investigação. Desde então, nunca mais parei. No entanto, tenho pena de nunca ter experimentado o ramo da indústria, mas visto que o meu interesse pela investigação já estava definido, já não fazia sentido. OP: Realizou, posteriormente, o Doutoramento em Química Farmacêutica. Como descobriu o interesse por esta área? CV: Eu sempre quis ser dentista, mas quando chegou a altura de ir para a faculdade não entrei por uma décima no curso de Medicina Dentária. Recordo-me que nessa altura fiquei muito triste

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e acabei por entrar em Ciências Farmacêuticas como segunda opção, sempre com o intuito de mudar para Medicina Dentária. No entanto, depois do contacto com a Química Orgânica apercebi-me que este curso proporcionava a hipótese de trabalhar em diversos ramos e fiquei desde logo entusiasmada pela variedade de oportunidades e a existência de áreas da investigação que nem conhecia! Tanto era o entusiasmo que, quando ia aos fins de semana a casa, os meus pais aperceberam-se logo que eu já não iria mudar de curso (risos). Foi o que aconteceu e, até hoje, não me arrependo! OP: E como surgiu o Doutoramento? CV: No fim de fazer o estágio eu já sabia que queria fazer o Doutoramento. Na altura o Professor Doutor Elisiário e a Professor Doutora Fernanda aceitaram ser meus orientadores e, ainda que no trabalho sempre tenha feito a minha parte, reconheço que tive um apoio que a maior parte das pessoas que faz Doutoramento não tem, pois foram pessoas incansáveis. O Professor Doutor Saúl veio já mais no final do Doutoramento, e agora somos uma equipa. Como se costuma dizer, “em equipa que vence não se mexe”, e ainda que sejamos poucos somos coesos. Uns têm mais apetência para umas coisas, outros para outras, um faz isto e outro faz aquilo, mas toda a equipa sabe em que pé estamos e isso é importantíssimo. Confesso que fui muito sortuda nessa matéria, o que também faz falta para continuar porque, inevitavelmente, há sempre momentos menos bons, há alturas em que parece que nada corre bem e queremos deitar tudo para trás. Algumas pessoas sofrem mais que outras e eu, claramente, sofro um bocado (risos).


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