Jornal de Abrantes Novembro 2018

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ENTREVISTA /

“O maior desafio é adquirir sede própria.” O Orfeão de Abrantes cumpre em Janeiro de 2019 a notável idade de 90 anos. Teve na cidade um papel de primeira importância, que não é possível aqui sequer esboçar. E continua com um trabalho de reconhecida qualidade no campo da música, em especial da música coral. Elisabete Pereira é membro do Coro e do Cant’Abrantes e presidente da Direção. Nestas qualidades, falanos da associação mais distinguida do concelho e do momento que está a viver.

/ MICRO BIOGRAFIA

Como está o Orfeão, com quase 90 anos?

Escola de música Criação: 1992 Alunos: 25 Instrumentos: Guitarra acústica, Guitarra Eléctrica, Piano, Bateria, Baixo, Violino, Saxofone, Flauta transversal e canto Cant’Abrantes: 12 elementos Grupo de Cavaquinhos: 8 elementos

Elisabete Pereira

Naturalidade: Mindelo, Cabo Verde (o pai era militar, ali em serviço) Em Abrantes, há 26 anos No Orfeão, há 20 anos Na direcção, há 10 anos (3º mandato)

Orfeão de Abrantes

Fundação: 20 de Janeiro de 1929 Contacto: 241 371 797 www.orfeaodeabrantes.com orfeaodeabrantes@gmail.com Secções Grupo coral: 12 homens e 16 mulheres Maestro: Tiago Rodrigues Países em que já cantaram: Portugal, França, Bélgica, Espanha e Hungria

Vivo, a trabalhar, confiante e com projetos de futuro, empenhado em ser uma associação ativa.

Como chegou ao Orfeão de Abrantes?

Convidada por um coralista, Vitor Moura, que me vendeu uma casa. Em conversa e porque eu já vinha de outros grupos corais, quando era jovem… vim aqui ter.

E à direção?

Através da Helena Bandos, que me antecedeu. Como ela tinha muitas atividades além do Orfeão, começou a puxar-me para os trabalhos da Direção. Costumava fazer uns jantares em casa dela para os membros da direção e convidava-me sempre. Quando ela saiu… acabei por ficar eu.

Quais os principais projetos do Orfeão de Abrantes?

O que está nos estatutos da associação é o ensino da música e a sua divulgação, em especial a música coral e a música popular portuguesa. Isso faz-se através dos diversos projetos, o Grupo Coral, a Escola de Música e o Cant’Abrantes. E, apenas com um ano, o Grupo de Cavaquinhos.

E o Encontro de Coros do Ribatejo?

Sim, esse é um projeto dos vários grupos corais do Ribatejo e, portanto, nós participamos. Este ano vai ser em Ourém.

Que atração tem cantar em coro?

É trabalhar as vozes em polifonia. Eu sou um trinta avos [uma em trinta elementos], trabalho uma peça, depois cada naipe ou conjunto de vozes ensaia por si, e finalmente, cantamos em conjunto. Gosto muito, sempre gostei. Pegar numa pauta, cantar com quatro ou cinco [conjuntos de] vozes diferentes e conseguir um resultado maravilhoso. É fantástico.

O que representa uma deslocação ao estrangeiro?

Ah!, é – e mais uma vez foi, este ano, à Hungria – fantástico. É sempre o culminar de um trabalho que queremos mostrar a nós próprios – também trabalhamos para nós – mas também mostrar aos outros. Nas idas ao estrangeiro, esses outros têm uma história musical diferente. Na Hungria, a sua história musical é fantástica, muito desenvolvida, e nós vamos mostrar-lhes um bocadinho da música coral portuguesa. Neste ano, num espetáculo apresentámos praticamente só músicas de Lopes Graça.

Como se entra para o coro?

Uma pessoa pode vir à nossa sede, assistir a um ou dois ensaios, e depois se lhe agradar e se tiver

potencialidade, gosto e disponibilidade para os ensaios, um por semana, e as saídas, o maestro faz-lhe um pequeno teste que coloca a pessoa num dos naipes ou tom de voz, e… talvez acabe por ficar. Depois, é trabalho.

Quais os principais desafios?

O mais importante é conseguirmos continuar a trabalhar. Porque em 1929, quando o coro foi criado, as solicitações eram escassas. Hoje, as solicitações são muitas. Por isso, precisamos de ter capacidade de juntar as pessoas e trabalhar com elas. E cada vez mais gente “nova”. E são os jovens que têm mais solicitações e, além disso, terminado o secundário vão estudar para fora e durante vários anos. Por isso, temos de estar sempre a renovar e os novos têm de começar do princípio. O maior desafio, que é um projeto, é ter sede própria. O que está em cima da mesa é comprar o atual edifício, que não é nosso, e fazer dele um centro cultural dedicado à música. Temos a escola de música no edifico Carneiro, de onde vamos ter de sair em breve, e esta seria uma boa solução. Estamos preocupados, porque este projeto está… encalhado.

“O mais importante é conseguirmos continuar a trabalhar”.

Como vai ser a celebração dos 90 anos?

Estamos a trabalhar nisso, e temos já dois pontos do programa. Um, a edição de um livro sobre os 90 anos do Orfeão de Abrantes. O outro, um grande concerto, para o qual estamos a preparar, com orquestra, uma obra de um compositor contemporâneo, a Missa Brevis, de Jacob de Haan, lindíssima. Em ambos os casos, lá para Julho. Outras atividades estão ainda em preparação, entre outras, concertos da Escola de Música e mais um Encontro de Música Tradicional Portuguesa.

Alguns nomes da história do Orfeão de Abrantes Maestros: João Pereira dos Santos, Pinto Ribeiro, Henrique Santos e Silva, e Rui Picado Presidentes da direção: António Cortez, Manuel Dias, Mário Pissarra e Helena Bandos Distinções: Comendador da Ordem de Benemerência - Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo Medalha de Mérito Cultural 1984 - Ministério da Cultura Medalha de Mérito Cultural 1996 - C. M. de Abrantes Sócio Benemérito da Liga dos Combatentes da Grande Guerra Medalha de 50 anos - Sócio Benemérito da Liga dos Combatentes

José Alves Jana Novembro 2018 / JORNAL DE ABRANTES

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