já exibido por Julia na Galeria Pedro Paulo Vecchietti e na exposição Impremeditações, realizada no Memorial Meyer Filho, ambos em Florianópolis. Um vídeo que nos ajuda a ver a arte invisível. Raquel Stolf também participou de edições do Contramão. Mantém caderninhos que, a qualquer momento, podem ser expostos: seu processo de criação é a própria obra. Guia-se pelo acaso, como quando um grilo entrou em seu quarto e, ato contínuo, foi incorporado a seu trabalho. Raquel gravou o cricrilar do inseto e depois reproduziu a gravação em carros de som, que circulavam pela cidade nos fins de tarde e à noite, confundindo os moradores. A fita chegou a Belém, onde a performance foi registrada em um vídeo. Nele, conhecemos Bacalhau, o responsável pela execução do som dos insetos na capital paraense. Em vez de carro de som, porém, Bacalhau usa uma bicicleta sonorizada. Uma coisa leva a outra. O vídeo, que a princípio era um simples registro de sua performance, foi parar na Fiat Mostra Brasil 2006, na qual Raquel expôs três bicicletas sonorizadas, disponíveis para quem desejasse pedalá-las. Os trabalhos da artista não são objetos fechados, mas objetos soltos no mundo, que estão sempre a gerar novos trabalhos. Com o abandono das técnicas clássicas das artes plásticas, os artistas não precisam mais de um lugar específico para trabalhar. Diego Rayck desenha não só em seus cadernos, mas nas paredes das galerias, como na série de desenhos Buracos, na qual retrata esburacamentos e escavações ficcionais. Sempre com o mesmo entusiasmo pelo desconforto provocado pelos falsos buracos, repetiu a experiência em outros ambientes. Ele é autor ainda de estranhos “homens paredes” – homens de gesso que emergem das paredes, como se estivessem presos a elas. Estudante de artes visuais, Priscilla Menezes tem um “ateliê” que não usa. Antigo laboratório da mãe, patologista, nele guarda seus trabalhos, além de materiais diversos, como conchas de praias da Grécia, penas, folhas
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