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Milú Villela
Maria de Lourdes Egydio Villela (1943), conhecida como Milú Villela, construiu uma trajetória marcada pelo compromisso com causas sociais e culturais, com destaque para a educação e as artes.
Psicóloga, gestora cultural e filantropa, Milú fundou, em 1970, a Escola Caracol, inspirada nas ideias de Paulo Freire e Jean Piaget. No campo educacional, também criou, em 1994, a Associação Comunitária Despertar, voltada para a qualificação profissional de jovens da periferia da Zona Sul paulistana; e, em 2006, a organização Todos pela Educação, referência nacional no incentivo à educação de qualidade.
Na área cultural, sua paixão pelas artes a levou, em 1995, à presidência do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), onde ampliou o acervo da instituição. O êxito de sua gestão motivou, em 2001, o convite de Olavo Setubal, então presidente do Conselho do Itaú, para que ela assumisse a liderança do Itaú Cultural (IC). À frente da organização, Milú reforçou sua missão de ampliar o acesso democrático à cultura e à educação.
Para conhecer mais sobre sua trajetória, acesse miluvillela.org.br.
Milú Villela
Maria de Lourdes Egydio Villela (1943), known as Milú Villela, has built her trajectory on a commitment to social and cultural causes, with a particular focus on education and the arts.
A psychologist, cultural manager, and philanthropist, Milú founded the pioneering school Escola Caracol in 1970, inspired by the ideas of Paulo Freire and Jean Piaget. In the field of education, she also created Associação Comunitária Despertar in 1994, dedicated to the professional training of young people from the outskirts of São Paulo’s South Zone; and, in 2006, the organization Todos pela Educação, a national reference in Brazil for the promotion of quality education.
In the cultural sector, her passion for the arts led her, in 1995, to the presidency of Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), where she expanded the institution’s collection. Based on her successful work at MAM/SP, Olavo Setubal, then chairman of Itaú’s board, invited her in 2001 to assume the leadership of Itaú Cultural (IC). While leading IC, Milú strengthened its mission of broadening democratic access to culture and education.
To learn more about her trajectory, visit miluvillela.org.br.
Espaço Milú Villela
Nomeado em homenagem à psicóloga educacional, gestora cultural e filantropa que presidiu o Itaú Cultural (IC) entre 2001 e 2019 – assim como o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) entre 1995 e 2019 –, o Espaço Milú Villela é dedicado a um recorte de Brasil, isto é, tal qual representado e reinventado na produção artística nacional; nesse sentido, constitui-se como Coleção Brasiliana e trará curadorias centradas na arte moderna e contemporânea brasileira.
A partir de recortes do Acervo Itaú Unibanco, este ambiente propõe a convivência com as obras sob uma atmosfera de pesquisa, preservação, estudo e, principalmente, descoberta dos “diversos Brasis” – expressão usada por Milú para enfatizar uma visão multifacetada do país. Essa perspectiva múltipla do território foi sempre buscada por ela como fazedora inquieta da promoção da arte e da cultura.
Dessa forma, apresenta-se ao público como uma reserva técnica – lugar, geralmente restrito, de resguardo de coleções de arte –, mas uma reserva técnica aberta. Com essas orientações, o Espaço Milú Villela chega para compor um trio com outras mostras permanentes no IC: o Espaço Olavo Setubal, dedicado à história do Brasil, e o Espaço Herculano Pires, focado em numismática.
A exposição que inaugura essa trajetória é Brasil das múltiplas faces. Nela, o curador Agnaldo Farias trabalha com categorias amplas e porosas, cobrindo uma variedade de gêneros (retrato e paisagem, por exemplo) e estilos (Abstração Geométrica e
Informal, Nova Figuração etc.), combinando linguagens e propondo visões diversificadas. Acesse o QR Code para ver conteúdos extras.
O Acervo Itaú Unibanco reúne mais de 15 mil obras, entre pinturas, esculturas, vídeos e outros itens. Além dos espaços Milú Villela, Olavo Setubal e Herculano Pires, essa coleção é apresentada periodicamente na sede da organização, em São Paulo (SP), e em itinerâncias por espaços culturais do país, sempre em recortes temáticos – como livros de artista, videoarte e fotografia moderna.
Em todas essas ações, a proposta é compor um esforço contemporâneo e multiplicador para conhecer e difundir a criatividade brasileira, bem como para fomentar a preservação do seu legado.
Itaú Cultural
The Milú Villela Space
Named in honor of the psychologist, cultural manager, and philanthropist who from 2001 to 2019 was president of Itaú Cultural (IC) – and also of the Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) from 1995 to 2019 – the Milú Villela Space is a floor dedicated to Brazil as it is represented and continually re-imagined in the country’s artistic production. It is therefore devoted to Brazilian artistic and cultural heritage and will feature curatorial projects focused on modern and contemporary Brazilian art.
Drawing on selections from the Itaú Unibanco Collection, the space invites visitors to engage with the works in an atmosphere of research, preservation, study, and – above all – the discovery of the “many Brazils,” an expression used by Milú to emphasize a multifaceted view of the country. As a tireless promoter of Brazilian art and culture, she constantly embraced this plural perspective on our nation.
In keeping with this thrust, the Milú Villela Space is characterized as a collection storage area – typically, a space for safeguarding collections, closed to the public, but in this case, one that is open to visitors. With this orientation, it complements the other permanent displays at Itaú Cultural: the Olavo Setubal Space, devoted to Brazilian history, and the Herculano Pires Space, focused on numismatics.
The exhibition inaugurating this new venue is Brasil das múltiplas faces [Brazil of Many Faces]. In it, curator Agnaldo Farias works with broad, porous categories, covering a variety of genres
(portrait and landscape, for example) and styles (geometric and informal abstraction, new figuration, etc.), bringing together various art movements and offering new perspectives. Scan the QR code to see additional content.
The Itaú Unibanco Collection holds more than 15,000 works, including paintings, sculptures, videos, and other items. Beyond the Milú Villela, Olavo Setubal, and Herculano Pires spaces, this collection is regularly presented at the organization’s headquarters in São Paulo and in traveling exhibitions throughout Brazil, always organized in thematic selections – such as artist’s books, video art, and modern photography.
Each of these initiatives involves a contemporary proposal for catalyzing and spreading awareness about Brazilian creativity, while fostering the preservation of its legacy.
Itaú Cultural
Brasil das múltiplas faces
A esta altura, na terceira década do século XXI, todos estão de acordo sobre a existência não de uma história da arte no Brasil, mas de várias. Movimentos, produções artísticas e artistas tidos como consagrados passaram a ser questionados. O acontecimento mais importante do período recente relacionado com as mudanças de status deve-se ao reconhecimento de vozes antes menosprezadas: as produções afrodiaspóricas, as de raízes nos povos originários, as de artistas que não passaram por educação formal. Todas elas corresponsáveis pela nossa riqueza cultural.
Isso se deu porque os critérios estéticos empregados não eram – porque nunca são – absolutos, dado que o passado é uma invenção do presente e o presente incide sobre o passado: voltamo-nos para ele em busca de respostas às nossas aflições, desejos e esperanças.
Um país multifacetado traduz-se em múltiplas histórias e tradições. Como prova da necessária revisão do nosso passado, sem a qual não consolidamos nosso presente e nosso caminhar rumo ao futuro, selecionamos do acervo de artes visuais do Itaú Unibanco o núcleo que vai de 1889 até o presente, um conjunto de obras capaz de traçar um panorama da nossa produção artística.
Por ser a primeira voltada para essa fração do Acervo Itaú Unibanco, esta exposição – na medida em que se junta à Coleção Brasiliana, apresentada no andar debaixo deste, e a expande – mereceu um tratamento especial, um embrião
de recortes futuros. Daí a opção por uma expografia repleta de obras próximas umas das outras, sugerindo novos arranjos. Um mosaico que você, visitante, montará como quiser.
A mostra prevê a reunião de artistas mediante algumas classificações, mas, lembre-se, elas são fugidias; um bom artista frequentemente não se encaixa direito nelas, ou se encaixa em mais de uma. Nesta exposição, privilegiou-se a porosidade dos termos, a mistura, o contágio, tanto em relação a linguagens artísticas – suportes – como também a semelhanças inesperadas.
Agnaldo Farias
Brazil of many faces
At this point in the third decade of the 21st century, there is broad agreement that there is not just one history of art in Brazil, but many. Movements, artistic productions, and artists once considered canonical have come under scrutiny. The most significant recent shift has been the recognition of previously overlooked voices: Afro-diasporic productions, those rooted in Indigenous peoples, and artists without formal training. All of them have contributed to our cultural richness.
This has happened because aesthetic criteria are never absolute –the past is an invention of the present, and the present reshapes the past. We look back seeking answers to our anxieties, desires, and hopes.
A multifaceted country unfolds into multiple histories and traditions. To clearly show that a revision of our past is a necessary step toward consolidating our present and moving toward the future, we have selected from the Itaú Unibanco visual arts collection a cross-section spanning from 1889 to today that traces a panorama of our artistic production.
Since this is the first exhibition devoted to this part of the Itaú Unibanco Collection – and because it complements and expands the Brasiliana Collection on the floor below – special care has gone into this selection, conceived as an embryo for future shows. An exhibition design was therefore chosen in which works are set close together, inviting new arrangements – a mosaic that you, the visitor, can put together into different combinations in your own way.
Although the exhibition proposes certain groupings of artists, the viewer should remember that these are fluid; an exceptional artist is hard to contain within any one of them, and may belong to several. Here, the emphasis is on the flexibility of the categories and the interplay between them – cross-pollinations among styles, trends and techniques that give rise to unexpected affinities.
Agnaldo Farias
Retratos
Qual é o nosso rosto? O Brasil não possui um único, mas muitos. Nossas feições são o amálgama de raças e etnias e também de esperanças, amores e violências. Nosso país resulta de relações contraditórias, contextos sociais e geográficos distintos – isso para não falar de tradições. O país é extenso, como vasta e variada é a paisagem, e diverso o modo de abordá-la. Assinalamos, portanto, o esforço dos nossos artistas modernos em fazer um retrato do brasileiro longe dos padrões acadêmicos. E, nestes tempos em que a condição climática é um tema crucial, deve-se ter em mente que a natureza está em nós como nós estamos nela: como nos ensinou Roger Bastide, os olhos da Capitu, de Machado de Assis, têm o verde do mar do Rio de Janeiro. Em nome disso a escolha do rosto imponente de autoria de Éder Oliveira e a fotografia de Mario Cravo Neto. Trazemos retratos de épocas e intenções variadas, de feições expressivas, como os de Lasar Segall e até o autorretrato desse artista complexo que é Paulo Nazareth.
Portraits
What is our face? Brazil does not have just one, but many. Our features are an amalgam of races and ethnicities, and also of hopes, loves, and violences. Our nation is shaped by contradictory relationships, distinct social and geographic contexts – not to mention traditions. Our country is immense, as vast and varied as the landscape itself, and diverse are the ways of approaching it. We therefore underscore the efforts of our modern artists in portraying Brazilians beyond academic conventions. And in these times, when climate conditions are a crucial concern, we must keep in mind that nature is in us just as we are in it. As Roger Bastide reminded us, Capitu’s eyes, in the classic novel by Machado de Assis, hold the green of the sea in Rio de Janeiro. In this spirit, we present the commanding face by Éder Oliveira and the photograph by Mario Cravo Neto. We bring together portraits from different eras and with varied intentions, with expressive features such as those of Lasar Segall, and even the self-portrait of that complex artist Paulo Nazareth.

Ayrson Heráclito Bori cabeça de Ogum, 2009 série | series Bori impressão fotográfica sobre papel de algodão | photographic print on cotton paper foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Efrain Almeida
O pagador de promessas, 1998
cedro, veludo e óleo | cedar, velvet and oil foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Regina Vater
Tina América, 1976
fotografia | photography foto | photo arquivo da artista | artist’s archive
Lívio Abramo
Mulata, 1954
xilogravura | woodcut foto | photo Iara Venanzi/ Itaú Cultural


Claudio Edinger
Andaraí, 2010 série | series De Bom Jesus a Milagres ampliação digital | digital enlargement foto | photo
Humberto Pimentel/ Itaú Cultural

Dalton Paula João de Deus, 2022 serigrafia | silkscreen foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Ivan Grilo
País do futuro, 2015 série | series País do futuro (depois de Henschel) impressão sobre papel de algodão, gravação em acrílico e prateleira de ferro | print on cotton paper, engraved acrylic sheet, and iron shelf foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Berna Reale
Ordinário, 2013 vídeo, cor, som | video, color, sound 3min15s imagem frame do vídeo | still image from video

Rosângela Rennó Primários, 1992 fotografia em película ortocromática, acrílico, ferro, gelatina colorida, lâmpada halógena e transformador | orthochromatic film photography, acrylic, iron, colored gelatin, halogen lamp and transformer foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Luise Weiss
Sem título | Untitled, 2001 litogravura | lithograph
foto | photo Humberto Pimentel/ Itaú Cultural

Paulo Nazareth
Sem título | Untitled, 2011
série | series Notícias de América
impressão digital em papel de algodão | digital print on cotton paper
foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Fernando Lemos
Hilda Hilst, 1954 pigmento sobre papel de algodão | pigment on cotton paper foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

A mulher que não é bb, 1973 offset | offset print foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Astronauta, 1969
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Geraldo de Barros
Homenagem a Paul Klee, 1949 série | series Fotoformas gelatina e prata sobre papel | gelatin silver print on paper foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Lasar Segall
Casal do mangue com persiana I, 1929 xilogravura sobre papel | woodcut on paper foto | photo Humberto Pimentel/ Itaú Cultural

Odires Mlászho
Max Schmeling, 2002/2011
série | series Serpentina pigmento jato de tinta sobre papel | inkjet pigment on paper
foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Mario Cravo Neto
O deus da cabeça, 1995/2001 fotografia em brometo de prata selenizada | selenium-toned silver gelatin photograph foto | photo arquivo do artista | artist’s archive

Futebol Gol do Pelé, 1967 tinta em massa e acrílica sobre tela | thick-bodied paint and acrylic on canvas foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Éder Oliveira
Sem título [Amarelo] | Untitled (Yellow), 2015 óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural
Sidney Amaral O trono do rei ou a história do sanitarismo no Brasil (estudo), 2014 aquarela e lápis sobre papel | watercolor and pencil on paper foto | photo Humberto Pimentel/ Itaú Cultural


Tony Camargo FP56, 2010
impressão em jato de tinta sobre tela aplicada em MDF laminado | inkjet print on canvas applied to laminated MDF foto | photo arquivo do artista | artist’s archive

Nazareth Pacheco Sem título | Untitled, 1997 miçangas e lâminas de lancetar | beads and lancet blades foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural


Almeida Júnior
Violeiro na janela, 1899
óleo sobre tela | oil on canvas
foto | photo
Edouard Fraipoint
Oscar Pereira da Silva
Violeiro caipira, 1918
óleo sobre tela | oil on canvas
foto | photo João L. Musa/ Itaú Cultural

Geraldo de Barros Abstrato, 1949/1977 série | series Fotoformas fotografia em gelatina e prata sobre aglomerado | gelatin silver photograph mounted on particleboard foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Lia Chaia Mil olhos, 2018 vídeo 16:9, cor, áudio | video 16:9, color, audio 1min46s imagem frame do vídeo | still image from video

Leonilson Sem título | Untitled, 1990 acrílica sobre tela | acrylic on canvas foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Mestre Didi
Opá Esin Ati Ejo Meji – uma lança com duas serpentes, 1992 nervura de palmeira, couro, contas e búzios | palm leaf rib, leather, beads and cowrie shells foto | photo Sergio Guerrini/ Itaú Cultural

Amelia Toledo
Impulso de quartzo rosa, 2001 bloco de quartzo rosa parcialmente polido sobre base de cimento | partially polished pink quartz block on cement base foto | photo Humberto Pimentel
Flávio Cerqueira
Avua!, 2013
bronze, madeira e cordão de couro | bronze, wood and leather cord foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Dessemelhança!
O que fazem juntos estes trabalhos? Temos aqui o cartaz da 1a Bienal de São Paulo; pinturas do coletivo indígena MAHKU e de Fulvio Pennacchi; e uma obra difícil de definir – escultura cinética? Pintura/escultura? Aparelho? – criada por Abraham Palatnik. A ideia dessa mistura é brindar à diferença, uma potência da arte brasileira. Em meados do século XVII, o poeta Gregório de Matos lamentava-se de Salvador, capital da colônia: “Triste Bahia! Ó, quão dessemelhante”. Para o bem e para o mal, o país se mantém dessemelhante, mas podemos louvar o aspecto positivo dessa situação: nossa virtude reside na abertura estética a frentes variadas. A dessemelhança social prossegue, é verdade, mas a dessemelhança estética nos leva a confiar no futuro da nossa sensibilidade e da nossa expressão.
Dissimilarity!
What do these works have in common? Here we find the poster for the 1st Bienal de São Paulo; paintings by the Indigenous collective MAHKU and by Fulvio Pennacchi; and a work difficult to define – a kinetic sculpture? A painting/sculpture? An apparatus? – created by Abraham Palatnik. The idea behind this mix is to celebrate difference, a driving force in Brazilian art. In the mid-17th century, the poet Gregório de Matos lamented about Salvador, then the colonial capital: “Sad Bahia! Oh, how dissimilar.” For better or worse, the country remains diverse, yet we can praise the positive side of this condition: our virtue lies in our artistic openness to multiple directions. Social dissimilarity continues, it is true, but artistic dissimilarity leads us to trust in the future of our sensibility and our expression.

Abraham Palatnik
Objeto cinético, 1990-1999
madeira, fórmica, engrenagens, motor, hastes de metal, tinta acrílica e cabo de velocímetro | wood, Formica, gears, motor, metal rods, acrylic paint and speedometer cable foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Coletivo MAHKU
Nabi Baba Masheri, 2023 serigrafia | silkscreen foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Antônio Maluf
1a Bienal do Museu de Arte Moderna, 1951 litogravura | lithograph foto | photo Humberto Martins/Itaú Cultural
Paisagem
Vistas rurais, litorâneas, de morros e cordilheiras. Vistas urbanas, de metrópoles labirínticas e periferias. Em todas há o sentimento dos nossos limites, do nosso corpo, ínfimo diante de territórios imensos. Aqui estão reunidas desde as visões acadêmicas, como as de João Batista Castagneto e Benedito Calixto, passando pelos arrabaldes despovoados das grandes cidades, como os de Francisco Rebolo e Aldo Bonadei, até as atmosferas enevoadas da paisagem serrana de Alberto da Veiga Guignard. O arco prossegue em uma das praias do marinheiro José Pancetti até as edificações ribeirinhas registradas por Luiz Braga em Belém (PA). Há ainda a visão de Antonio Bandeira, realizada quando o Brasil se urbanizava com violência, e que tem afinidade com o cânion de prédios da fotografia de Cristiano Mascaro. Vale destacar a paisagem proposta por Arjan Martins, um mapa da diáspora africana, um dos êmbolos cruéis da construção do nosso país. Por fim, a mesa com garrafas, taças e frutas de Iberê Camargo, representação de uma paisagem doméstica: uma versão reduzida, talvez a mais essencial, do nosso mundo.
Landscape
Rural vistas, coastal views, hills and mountain ranges. Urban scenes of labyrinthine metropolises and their outskirts. In all of them, there is an awareness of our limits, of our bodies – tiny before immense territories. This section presents academic visions, such as those of João Batista Castagneto and Benedito Calixto; the depopulated outskirts of great cities, painted by Francisco Rebolo and Aldo Bonadei; and the mistladen atmospheres of Alberto da Veiga Guignard’s mountain landscapes. The arc continues through one of sailor José Pancetti’s beaches to the riverside buildings captured by Luiz Braga in Belém (PA). We also encounter Antonio Bandeira’s vision, created when Brazil was undergoing a process of violent urbanization, resonating with Cristiano Mascaro’s photograph of a canyon of buildings. Especially noteworthy is the landscape conceived by Arjan Martins, a map of the African diaspora – one of the engines in the cruel process that drove the construction of our country. Finally, we have Iberê Camargo’s table with bottles, glasses, and fruit, a representation of a domestic landscape: a reduced version, perhaps the most essential one, of our world.

Benedito Calixto
Itapema – Santos, 1889
óleo sobre tela | oil on canvas
foto | photo Sergio Guerrini/Itaú Cultural

Benedito Calixto
Prefeitura de São Vicente, s.d. | undated
óleo sobre tela | oil on canvas
foto | photo Sergio Guerrini/Itaú Cultural

Cristiano Mascaro
Avenida São João 01, 1986 impressão com pigmentos pretos de carbono em papel 100% algodão a partir de digitalização de negativo | print with black carbon pigments on 100% cotton paper, based on a digitized negative foto | photo arquivo do artista | artist’s archive

Castagneto
Encouraçado na Baía do Rio de Janeiro, 1898
óleo sobre madeira | oil on wood foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural
José Pancetti
Marinha, 1953
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Benedito Calixto
Porto de Santos, 1890
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Sergio Guerrini/Itaú Cultural


Luiz Braga
Janela Rio Guamá, 1988 pigmento sobre papel fotográfico de algodão | pigment on cotton photographic paper foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural
Rochelle Costi
Casa própria, 1999
série | series Panorâmica (Torres de Satélite) fotografia sobre placa de PVC | photograph on PVC panel foto | photo Iara Venanzi/ Itaú Cultural


Francisco Rebolo Paisagem com crianças, 1973
óleo sobre duratex | oil on hardboard foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Carlos Balliester
Sem título | Untitled, 1900
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Castagneto
Niterói, marinha com barcos, s.d. | undated
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Cássio Vasconcellos Paisagens marinhas #1, 1993 fotografia a partir de colagem de negativos P&B e fita adesiva | photograph created using a collage of black-and-white negatives and adhesive tape foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

No 22, 1982
gravura | print foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Pancetti
Lavadeiras do Abaeté, 1957
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Arjan Martins
Atlântico, 2016
acrílica sobre tela | acrylic on canvas foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural
Agostinho Batista de Freitas
Roda gigante – parque de diversões, s.d. | undated
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural


Antonio Bandeira Sem título | Untitled, 1960
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo João L. Musa/ Itaú Cultural

Iberê Camargo (Garrafas) Homenagem a Santa Rosa, 1957
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural
Iran do Espírito Santo
Castiçal e vela, 1998
aço inoxidável | stainless steel foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Modernos
Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro, Emiliano Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Candido Portinari, Lasar Segall –devemos muito a esses artistas, pelo seu empenho em atualizar a compreensão deste país imenso e variado. Como formulou o escritor Mário de Andrade, eram três os objetivos de seu trabalho e de seus colegas modernistas: 1) o direito permanente à pesquisa estética; 2) a atualização da inteligência artística brasileira; e 3) a estabilização de uma consciência criadora nacional. Apesar de suscetível a críticas, esse programa foi fundamental para a emancipação da nossa arte, para que traduzir e impactar o mundo fosse adotado como princípio. Muitos artistas se posicionam na afirmação ou na recusa dessas propostas, entre eles Djanira, José Pancetti e Heitor dos Prazeres, com suas maneiras de representar o povo brasileiro.
Modernists
Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro, Emiliano Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Candido Portinari, and Lasar Segall – we owe much to these artists for their commitment to renewing the understanding of this vast and varied country. As Mário de Andrade explained, their work and that of their fellow modernists pursued three aims: (1) the permanent right to artistic research; (2) the advancement of Brazilian artistic intelligence; and (3) the stabilization of a national creative consciousness. Though open to criticism, this program was crucial to the emancipation of our art, ensuring that translation and impact on the wider world could be embraced as guiding principles. Many artists assumed a stance either by affirming or rejecting these proposals, among them Djanira, José Pancetti, and Heitor dos Prazeres, each with their own way of representing the Brazilian people.

Lasar Segall
Emigrantes, 1929/1987 ponta-seca | drypoint foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

José Pancetti
Autorretrato – autorretrato e Marinha [frente e verso], 1938
óleo sobre madeira | oil on wood foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural


Heitor dos Prazeres
Carnaval, s.d. | undated
óleo sobre madeira | oil on wood foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Tarsila do Amaral
Retrato de Luís Martins I, 1933-1937
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Emiliano di Cavalcanti
O grande Carnaval, 1953
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Sergio Guerrini/Itaú Cultural

Emiliano di Cavalcanti
Vendedoras de peixe, 1952
óleo sobre tela fixada em duratex | oil on canvas mounted on hardboard foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Sem título | Untitled, déc. 1950 | 1950s
óleo sobre madeira | oil on wood foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Lasar Segall
A pequena aldeã, 1911
óleo sobre cartão | oil on cardboard foto | photo Sergio Guerrini/ Itaú Cultural
Lasar Segall
Maternidade, 1936/2007
bronze
foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Victor Brecheret
Maternidade negra, 1930
bronze patinado | patinated bronze foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural


Victor Brecheret
Mulher reclinada, déc. 1940 | 1940s
bronze patinado | patinated bronze foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural
As Abstrações (Geométrica e Informal) e a guerra contra a figuração
Por que a arte deve representar algo? Por que deve ficar escorada na realidade, resignada a reproduzir coisas, de paisagens rurais e urbanas a bichos e gentes? A arte abstrata rebelou-se contra isso, dividindo-se em duas tendências: a Abstração Geométrica, também conhecida como concreta e construtiva, e a Abstração Informal ou Expressionista.
As Abstrações irromperam no Brasil na passagem dos anos 1940 para os 1950. Uniram-se contra a arte figurativa, execrada como passadista (baseada em uma concepção de arte que vigorava desde o século V a.C.). No país, uma prova dessa divergência foi a fundação do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), em 1948, cuja exposição inaugural era intitulada Do Figurativismo ao Abstracionismo. Se o título trazia a mensagem subjacente de que havia um antes – a figuração –e um depois – a abstração, presente e futuro da arte –, a mostra propriamente dita não dava margem a dúvidas: não havia nela uma obra figurativa sequer. Porém, se a figuração era o inimigo comum, as relações entre as Abstrações eram, por sua vez, conflitantes.
A fertilidade dessa produção explica sua presença em tantos núcleos: este, intitulado “As Abstrações”, o núcleo “Abstração
Informal” e o setor “Abstrações Geométricas”. Em todos, juntaram-se exemplares históricos de artistas como Maria Leontina, Alfredo Volpi, Arthur Luiz Piza, Ivan Serpa e Mira Schendel, obras realizadas nas décadas de 1950 e 1960 e até trabalhos recentes. E não estranhe se encontrar obras geométricas tanto neste setor quanto em outro. A arte não avança em linha reta. O processo criativo, como todo processo, é permeado por idas e vindas, além de aproximações imprevistas.
Abstractions (Geometric and Informal) and the War against Figuration
Why must art represent something? Why should it remain dependent on reality, resigned to reproducing things – from rural and urban landscapes to animals and people? Abstract art rose up against this conventional notion, splitting into two tendencies: geometric abstraction, also known as concrete art or constructive art, and informal or expressionist abstraction.
The abstractionist artists emerged in Brazil in the transition from the 1940s to the 1950s. They joined forces against figurative art, condemned as backward (based on a conception of art in force since the 5th century BCE). One result of this rupture is seen in the founding of the Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) in 1948, whose inaugural exhibition was titled Do Figurativismo ao Abstracionismo [From Figuration to Abstraction]. The message underlying this title was that there was a “before” – figuration –and an “after” – abstraction, the present and future of art, and the show itself clearly reflected this situation: not a single figurative work was included. Yet if figuration was the common enemy, the relations between the two strains of abstraction were themselves fraught with conflict.
The seminal nature of this production explains its presence in so many sections: this one, titled “Abstractions,” as well as “Informal Abstraction,” and “Geometric Abstractions.” They feature historical works by artists such as Maria Leontina, Alfredo Volpi,
Arthur Luiz Piza, Ivan Serpa, and Mira Schendel – artworks from the 1950s and 1960s as well as more recent works. And do not be surprised to find geometric works here, as well as in other sections. Art does not advance in a straight line. The creative process, like any other, involves detours and reversals, as well as unforeseen convergences.

Luiz Sacilotto
Vibrações verticais, 1952
esmalte sobre madeira | enamel on wood foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Sérgio Sister Caixa 56, 2010
óleo sobre madeira | oil on wood foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Willys de Castro
Ascensão, 1959
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Maria Leontina
Os episódios – VI, 1959
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Edouard Fraipoint

Hélio Oiticica
Metaesquema, 1957 guache sobre cartão | gouache on cardboard foto | photo Sergio Guerini

Franz Weissmann
série | series Brasil, ca. 1960
perfil tubular de alumínio encaixado | fitted tubular aluminum profiles foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Arthur Luiz Piza Rectangle en désordre, 1977 gravura em metal | metal engraving foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Milton Dacosta Em marrom, 1955
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Edouard Fraipoint

Cao Guimarães
Gambiarra 03, 2005
fotografia | photograph foto | photo arquivo do artista | artist’s archive

Mira Schendel
Sem título | Untitled, 1964
óleo sobre papel de arroz | oil on rice paper foto | photo Sergio Guerini/ Itaú Cultural

Hércules Barsotti
Contrários comunicantes, 1971
acrílica sobre tela | acrylic on canvas foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Iberê Camargo Núcleo, 1965
água-tinta (processo do açúcar) | sugar-lift aquatint foto | photo Sergio Guerrini/Itaú Cultural

Lygia Clark
Composição, 1952
guache, nanquim e grafite sobre papel | gouache, ink and graphite on paper foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Sacilotto C 9770, 1997
acrílica sobre tela | acrylic on canvas foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Emmanuel Nassar
Gambiarra amarela, 1998 acrílica sobre tela | acrylic on canvas foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Mira Schendel
Sem título | Untitled, 1963 técnica mista sobre duratex | mixed media on hardboard foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

José Bento Alfabeto, 1994
metal e madeira | metal and wood foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Ubi Bava
Sete quadrados em movimento, s.d. | undated óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural
Hélio Oiticica
Bólide vidro no 13 versão 2, 1964/1965 volume de vidro com estrutura aramada, plástico, conchas e pigmento | glass container with wire mesh extension, plastic, seashells, and pigment foto | photo Humberto Pimentel

Abstrações Geométricas
A Abstração Geométrica, Concretismo ou Arte Construtiva, segundo o “Manifesto Ruptura”, de 1952, era a favor da integração da arte com a indústria. Alinhava-se, portanto, com a política do “desenvolvimentismo”, que incentivava a industrialização no nosso país e que encontrou em Brasília seu ápice. Essa produção gerou uma posteridade importante, do Neoconcretismo à Arte Conceitual.
Aqui, além de exemplares dos pioneiros concretos (Luiz Sacilotto, Lothar Charoux e Hélio Oiticica), há trabalhos em foto de Geraldo de Barros, Thomaz Farkas e José Oiticica. Ao lado deles, marcando contraste com a linguagem fotográfica, esculturas de materialidade densa, como as de Emanoel Araújo, Sérvulo Esmeraldo e José Resende. Destacam-se, ainda, artistas neoconcretos (Lygia Clark, Hélio Oiticica, Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Willys de Castro, Hércules Barsotti e Lygia Pape), os caminhos singulares de Sergio Camargo e a originalidade de Abraham Palatnik.
Geometric Abstractions
According to the 1952 Ruptura Manifesto [Rupture Manifesto], geometric abstraction – also known as concretism or constructivism – was committed to integrating art with industry. It was therefore aligned with the “developmentalist” policy that promoted industrialization in Brazil and reached its apex in Brasília. This production generated an important legacy, extending from neoconcretism to conceptual art.
Here, alongside works by the pioneering concrete artists (Luiz Sacilotto, Lothar Charoux, and Hélio Oiticica), are photographic experiments by Geraldo de Barros, Thomaz Farkas, and José Oiticica. In contrast to the photographic language there are also materially dense sculptures by Emanoel Araújo, Sérvulo Esmeraldo, and José Resende. Notably, this section also includes the neoconcrete artists – Lygia Clark, Hélio Oiticica, Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Willys de Castro, Hércules Barsotti, and Lygia Pape – along with the singular path of Sergio Camargo and the originality of Abraham Palatnik.
Lothar Charoux
Composição, 1959 guache sobre cartão | gouache on cardboard foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural


Sergio Camargo
Sem título | Untitled, déc. 1960/ 1970 | 1960s/1970s madeira monocromada | monochrome wood foto | photo Edouard Fraipoint

Emanoel Araujo
Semi círculos no semi quadrado, 1984 escultura de ferro preto | sculpture in black iron foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural
Amilcar de Castro
Sem título | Untitled, déc. 1990 | 1990s série | series Corte e dobra
aço | steel foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Ascânio MMM
Escultura 3.3, 1978-1989
madeira pintada | painted wood foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural


José Resende
Sem título | Untitled, 1980 ferro, faca de aço e borracha | iron, steel knife and rubber foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural
Marcel Gautherot

Congresso Nacional, Brasília (DF), ca. 1962 fotografia | photograph foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Thomaz Farkas
Telhas, 1947
gelatina e prata sobre papel | gelatin silver print on paper foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural
José Oiticica Filho
Composição óbvia, 1953 pigmento mineral sobre papel de algodão | mineral pigment on cotton paper foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural


Geraldo de Barros Fotoforma, 1951
série | series Fotoformas gelatina e prata sobre papel | gelatin silver print on paper foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural
Geraldo de Barros
Abstrato, 1949/1977 série | series Fotoformas fotografia em gelatina e prata sobre aglomerado | gelatin silver photograph mounted on particleboard foto | photo João L. Musa/ Itaú Cultural


Paulo Pires
Ascension (Ascensão), déc. 1950 | 1950s gelatina e prata em papel fotográfico | gelatin silver print on photographic paper foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Sérvulo Esmeraldo
Tetraedros superpostos, 1986
ferro pintado | painted iron
foto | photo Sergio Guerrini/Itaú Cultural
Abstração Informal
Ainda que a historiografia recente fale muito da Abstração Geométrica, nos anos 1950 a Abstração Informal (ramificada em trabalhos gestuais, matéricos e caligráficos) teve a mesma relevância. As obras de Manabu Mabe, Yolanda Mohalyi, Tomie Ohtake e Flavio-Shiró atestam essa qualidade, e suas pesquisas entram em ressonância com a produção de Jorge Guinle, Dudi Maia Rosa, Siron Franco e o segundo momento, não figurativo, de membros da Casa 7 (Nuno Ramos, Carlito Carvalhosa e Paulo Pasta).
Já Alfredo Volpi, Mira Schendel e Amélia Toledo são pontos de inflexão. Por exemplo, o fato de a obra de Amélia estar fora do núcleo original se deve à natureza movediça de sua poética. A arte não opera nos moldes da ciência. No lugar de respostas precisas, ela oferece perguntas, algumas enigmáticas, sempre estimulantes, convites ao pensamento e aos sentidos.
Informal Abstraction
Although recent historiography has focused heavily on geometric abstraction, in the 1950s informal abstraction – branching into gestural, material, and calligraphic work – was of equal importance. The works of Manabu Mabe, Yolanda Mohalyi, Tomie Ohtake, and Flavio-Shiró attest to this quality, and their investigations resonate with the production of Jorge Guinle, Dudi Maia Rosa, Siron Franco, and the later, nonfigurative phase of Casa 7 members Nuno Ramos, Carlito Carvalhosa, and Paulo Pasta.
Alfredo Volpi, Mira Schendel, and Amélia Toledo stand as turning points. For example, Amélia was not included in the original grouping due to the shifting, restless nature of her poetics. Art does not operate in the molds of science. Instead of precise answers, it offers questions – sometimes enigmatic, always stimulating – inviting both thought and the senses.

Flavio-Shiró
Quimeras, 2002
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural
Janaina Tschäpe
Tesa, 2012
aquarela e pastel sobre papel | watercolor and pastel on paper foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural


Viagem para dentro, 1975
xilografia | woodcut foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Paulo Pasta
Sem título | Untitled, 1997
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Manabu Mabe
Poema do rio/Abstrato, 1960
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Arcangelo Ianelli
No 4, 1991
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Sergio Guerrini/Itaú Cultural

Manabu Mabe
Sem título | Untitled, 1958
laca sobre duratex | lacquer on hardboard foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Carlito Carvalhosa
Sem título | Untitled, 2011 pintura sobre alumínio | painting on aluminum foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural


Arthur Luiz Piza
Cosmos vert, 1969
gravura em metal | metal engraving foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Valdir Sarubbi
Sem título no VI – S | Untitled No. VI - S, 1999
nanquim sobre papel | ink on paper foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Siron Franco
Paisagem animal, 1993
série | series Peles
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Sergio Guerini/Itaú Cultural

Jorge Guinle
Sem título | Untitled, 1985 óleo sobre cartão | oil on cardboard foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural
Dudi Maia Rosa Soldado III, 1993 alumínio, percloreto de ferro, resina epóxi e fibra de vidro | aluminum, ferric chloride, epoxy resin and fiberglass foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Sonhos e distorções
Há aqui um desejo de ir além do nosso cotidiano, de uma experiência que pode ser árida e monótona. Este é um espaço dedicado à Abstração Informal – estilo que deixa de lado a figuração e busca a expressividade de formas e cores puras. Seria esse abandono da realidade um surrealismo? Alguns dos artistas reunidos aqui – como Maria Martins e suas visões arrancadas do mangue – podem caber nessa classificação também. Mas a variedade dessa corrente nos pede uma definição mais aberta: há um diálogo com a tradição (Gilvan Samico, Véio, Farnese de Andrade), há a amplitude do trabalho de Carmela Gross e há a crítica de um sonho de futuro por Carlos Zilio, além das contribuições particulares de Luiz Paulo Baravelli. Divergir daquilo que existe, assim, tem mais de um caminho possível.
Dreams and Distortions
This section involves a desire to move beyond daily life, beyond an existence that can be barren and monotonous. Here we find informal abstraction – a style that sets figuration aside in search of expressiveness through pure form and color. Is this abandonment of reality a kind of surrealism? Some of the artists featured here –such as Maria Martins, with her visions pulled from the mangrove – might also fit within that classification. Yet the variety of this trend calls for a broader definition: there is dialogue with tradition (Gilvan Samico, Véio, Farnese de Andrade), the expansive practice of Carmela Gross, and Carlos Zilio’s critique of a dreamed-of future, along with the distinctive contributions of Luiz Paulo Baravelli. To diverge from what exists, then, is a direction that can be pursued on more than one path.
Ismael Nery
Três figuras II, déc. 1920 | 1920s nanquim sobre papel | ink on paper foto | photo João L. Musa/ Itaú Cultural


Iberê Camargo
Sem título | Untitled, 1986 guache sobre papel | gouache on paper foto | photo Iara Venanzi/ Itaú Cultural






Carlos Zilio
Para um jovem de brilhante futuro, 1974/2010 fotografia em preto e branco | black-and-white photograph foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Sem título | Untitled, 1928
aquarela sobre papel | watercolor on paper
foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Marcello Grassmann
Sem título | Untitled, 1953 xilogravura | woodcut foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Roberto Magalhães Batalha II, 1963
xilogravura | woodcut foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Eustáquio Neves
Aberto pela aduana, 2021 edição especial com acabamento manual feito pelo artista | special edition with hand finishing by the artist foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Artur Barrio
Sem título | Untitled, 1973 nanquim sobre papel | ink on paper foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Maria Martins
Sem título | Untitled, 1945 gravura em metal | metal engraving foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Luiz Paulo Baravelli Anjo, 1989
objeto em técnica mista | mixed-media object foto | photo Sergio Guerini/Itaú Cultural

Manfredo de Souzanetto 11/94, 1994
pigmento de terra e resina acrílica sobre tela de juta colada em madeira | earth pigment and acrylic resin on jute canvas mounted on wood foto | photo Sergio Guerini/Itaú Cultural
Carmela Gross

Sem título | Untitled, 1992
madeira pintada | painted wood foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural




Sandra Cinto
Sem título | Untitled, 2001 série | series Noites de esperança acrílica e desenho em ponta-seca sobre madeira | acrylic and drypoint drawing on wood foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Gilvan Samico
A virgem dos cometas, 1991 xilogravura | woodcut foto | photo Humberto Pimentel/ Itaú Cultural

Evandro Carlos Jardim
Sem título [prancha 5], 1988 série | series Figuras jacentes água-forte | etching foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural
Nuno Ramos
Sem título | Untitled, 1997 série | series Afogadas ferro fundido e óleo | cast iron and oil foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Lygia Pape
Sem título [Neoconcreto] |
Untitled (Neoconcrete), 1961/1998
aço cromado | chromed steel
foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Edgard de Souza
Sem título | Untitled, 1997 bronze e gesso | bronze and plaster foto | photo Sergio Guerini/Itaú Cultural

Véio
Os gêmeos, 2013 acrílica e madeira | acrylic and wood foto | photo André Seiti/Itaú Cultural

Por um Brasil urbano, suburbano e rural –Nova Figuração
Os anos 1960 recuperam de forma nova a figura, isto é, a representação artística do real. Trata-se de uma retomada que repercute a tendência neorrealista que, no mesmo período, acometia a Europa e a América do Norte – no caso dessa última, com a pop art. No Brasil, esse movimento respondia à intensidade da vida urbana, à vida e ao imaginário guiados pela indústria do consumo, à compreensão da complexidade de um país desigual, ao conflito entre projetos políticos, à resistência contra a ditadura militar. Recortando essa temática, o Acervo Itaú conta com um elenco significativo de artistas paulistanos: Nelson Leirner, Wesley Duke Lee, Claudio Tozzi e Antonio Henrique Amaral, entre outros. Os cariocas comparecem com Ivan Serpa e Rubens Gerchman, basilares para a expressão dessa atualidade centrada nas massas urbanas, no consumismo e nos ídolos da juventude.
For an Urban, Suburban, and Rural Brazil –New Figuration
The 1960s ushered in a renewed engagement with the figure –that is, the artistic representation of reality. This revival echoed the neorealist tendency that, in the same period, was unfolding in Europe and North America – in the latter, with pop art. In Brazil, the movement took shape in response to the intensity of urban life, to daily existence and imagination shaped by the consumer industry, to the recognition of the complexity of an unequal country, to the conflict between political projects, and to resistance against the military dictatorship. Reflecting these themes, the Itaú Collection includes a significant roster of São Paulo artists: Nelson Leirner, Wesley Duke Lee, Claudio Tozzi, and Antonio Henrique Amaral, among others. From Rio de Janeiro, Ivan Serpa and Rubens Gerchman stand out as foundational figures in expressing this contemporaneity centered on urban masses, consumerism, and youth idols.
Rubens Gerchman
O alegre morador da caixa, s.d. | undated acrílica e colagem sobre placa | acrylic and collage on board foto | photo Sergio Guerini/ Itaú Cultural


Nelson Leirner
São Paulo 1932, 1967 pintado e montado sobre madeira, com caixa de madeira, vidro e bolinhas de pingue-pongue | painting and assemblage on wood, with wooden box, glass and ping-pong balls foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Antonio Henrique Amaral
Penca com 2 bananas, 1967 óleo sobre duratex | oil on hardboard foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Claudio Tozzi
Cae, 1968
liquitex sobre tela e madeira | acrylic on canvas and wood foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural
Década de 1970, uma década crítica
A Nova Figuração deu margem à crítica ácida à vida sociopolítica, ao enredamento do meio artístico a essa dimensão, aos modos de fazer arte, ao processo de comercialização. Começou o tempo das ações efêmeras sobre a cidade, das performances e dos happenings, da busca de inserções em outros circuitos, como foi o caso da bandeira de Hélio Oiticica e das garrafas de Coca-Cola de Cildo Meireles. Atenção a elas.
É também o momento em que se elevou a cifra mental do trabalho de arte: obras repletas de ironias, ambiguidades e metáforas obscuras a exigirem do público mais inteligência, como acontece com Antonio Dias, Anna Maria Maiolino, Regina Silveira e Clovis Dariano. Concomitantemente veio a redução da presença material, de que são exemplares Regina Silveira, a escultura exígua de Waltercio Caldas e, na fotografia, a desconcertante constatação de Clovis Dariano.
The 1970s –A Critical Decade
New figuration led into a time of incisive critiques – of sociopolitical life, of the art world’s entanglement with it, of modes of artmaking, and of the commercialization process. It was the beginning of ephemeral artistic interventions in the city, of performances and happenings, of efforts to insert art into other circuits – as with Hélio Oiticica’s flag or Cildo Meireles’s Coca-Cola bottles. These works merit particular attention.
This was also a time when the intellectual dimension of artworks was elevated: works filled with irony, ambiguity, and obscure metaphors that demanded a more intelligent reading by the viewer, as do the works of Antonio Dias, Anna Maria Maiolino, Regina Silveira, and Clovis Dariano. The same period saw a reduction in material presence, exemplified by Regina Silveira, the spare sculptures of Waltercio Caldas, and, in photography, Clovis Dariano’s disconcerting revelations.

Cildo Meireles
Zero dólar, 1978
série | series 1984
lito-offset sobre papel-moeda | offset lithography on currency paper foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural
Regina Silveira Desenho preparatório para Masterpieces: in absentia (meret oppenheim), 1993
técnica mista sobre papel | mixed media on paper foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural


Hélio Oiticica
Seja marginal, seja herói, 1986 impressão sobre tecido | print on fabric foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Antonio Dias
Passeata de protesto, 1963 técnica mista | mixed media foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural
Anna Maria Maiolino
Sem título | Untitled, 1971 gravura em metal | metal engraving foto | photo Thiago Chediak

Antonio Dias
Campo de energia, 1991
óxido de ferro, grafite, malaquita e folha de cobre sobre tela | iron oxide, graphite, malachite and copper sheet on canvas foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Clovis Dariano
Cena de cidade, 1977
série | series Paisagem sobre paisagem fotografia | photograph foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Cildo Meireles
Inserções em circuitos ideológicos: 1 Projeto Coca-Cola, 1970 garrafas de vidro | glass bottles foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural


Wesley Duke Lee

Retrato de Sérgio e Leila ou A respeito do casal, 1970 tridimensional de acrílico e armação metálica, duas pinturas em acrílica e lápis sobre tela, e dentro uma escultura em acrílico de mulher com vaso e plantas de plástico | three-dimensional work structured with acrylic panels and metal framing, featuring two paintings in acrylic and pencil on canvas, and an acrylic sculpture of a woman holding a vase with plastic plants inside foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Waltercio Caldas
Sem título | Untitled, 2002 esmalte sobre aço inoxidável | enamel on stainless steel foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural
O velho (a pintura) de novo – a Geração 80
A década de 1980 iniciou sob a expectativa do fim da ditadura. Os anos anteriores pautaram-se pela seriedade, pela importância de se manter experimental, pelo compromisso de seguir avançando. O novo momento começava ressentindo-se desse compromisso: festejava o prazer de pintar e retomava o debate pós-moderno, no qual a visita ao passado era mais que uma possibilidade. Nostalgia ou guinada radical? A pintura de Jorge Guinle, que se enquadra em uma perspectiva crítica ao Expressionismo Abstrato norte-americano, explica-o como um daqueles que puxaram a fila do pessoal da nova década. De Guinle até a materialidade enfática das esculturas de Nuno Ramos, passando pelas de Emmanuel Nassar, este núcleo traz, ainda, obras de Beatriz Milhazes, Leda Catunda, Daniel Senise e Adriana Varejão, em uma linhagem que prossegue por Dora Longo Bahia, chegando à pintura de grande formato de Ana Elisa Egreja.
The Old Gets Renewed –Painting and the 1980s Generation
The 1980s began with the expectation of the dictatorship’s end. In the preceding period, the guiding principle had been seriousness, coupled with an imperative to remain experimental and to keep advancing. But now, a new moment emerged that was weary of that commitment: it celebrated the pleasure of painting and revived the postmodern debate in which revisiting the past was more than a possibility. Was this nostalgia or a transformative pivot? In Jorge Guinle’s painting – framed as a critique of American abstract expressionism – we see a pioneering approach leading into the new decade. From Guinle to the emphatic materiality of Nuno Ramos’s sculptures, passing through those of Emmanuel Nassar, this section also features works by Beatriz Milhazes, Leda Catunda, Daniel Senise, and Adriana Varejão, in a lineage that continues with Dora Longo Bahia and extends to the large-format painting of Ana Elisa Egreja.

Dora Longo Bahia
Sem título | Untitled, 1999-2000 série | series Imagens infectas serigrafia e gravura em metal sobre papel e caixa de papel com impressão tampográfica | intaglio and silkscreen print on paper, with pad printing on paper box foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Catunda A praia II, 1990 acrílica e esmalte sobre madeira | acrylic and enamel on wood foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural
Beatriz Milhazes
Cavaleiros indianos, 1997
acrílica sobre tela | acrylic on canvas foto | photo Iara Venanzi/ Itaú Cultural


Beatriz Milhazes
Rosa branca no centro, 1997 serigrafia sobre papel | silkscreen print on paper foto | photo Sergio Guerini/ Itaú Cultural

Adriana Varejão
Pia de sacristia, 1991
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Leonilson
O Recruta, O Aranha, O Penélope, 1992 bordado sobre feltro costurado em lona | embroidery on felt sewn on canvas foto | photo Sergio Guerini/Itaú Cultural

Daniel Senise
O beijo do elo-perdido, 1991 acrílica e óleo sobre cretone | acrylic and oil on cretonne foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural

Marepe Sem título | Untitled, 2001 fotografia | photograph foto | photo Iara Venanzi/Itaú Cultural
As várias vozes da produção recente
Chamemos a produção recente assim: “As várias vozes”, pois chamá-la de contemporânea é empregar um rótulo cuja serventia foi sendo perdida graças ao uso continuado desse termo desde a década de 1960. Fora isso, contemporâneo refere-se ao agora, seja lá em que tempo for. A novidade dos últimos anos decorre da inclusão de protagonistas que eram mantidos à margem. O detalhe é que grande parte deles vinha produzindo havia muito tempo, mas era eclipsada, oculta, deixada de lado. Em uma sociedade permeada por arbitrariedades, por que a arte não o seria também? Na esteira do debate decolonial, houve, e segue havendo, uma verdadeira explosão de mais vozes, sobretudo as do povo preto e de representantes do povo indígena. Nesta exposição, temos a força expressiva de Rosana Paulino, Arjan Martins e Jaime Lauriano. Encontramos, ainda, pinturas de Jaider Esbell, Denilson Baniwa e Carmézia Emiliano, além do Movimento dos Artistas Huni Kuin (Coletivo MAHKU).
The Many Voices of the Recent Production
The most fitting name for the recent production might be “the many voices” since the word “contemporary” has gradually lost its meaning due to its continuous application since the 1960s. Moreover, contemporary simply refers to the present, whatever time that may be. What is truly new in recent years stems from the inclusion of protagonists who had long been kept at the margins. The point is that many of them had been producing for years, yet were eclipsed, overlooked, left aside. In a society permeated by arbitrariness, why should art be any different? In the wake of the decolonial debate, there has been – and continues to be –an outpouring of new voices, above all those of Black artists and of representatives of Indigenous peoples. In this exhibition, we encounter the expressive force of Rosana Paulino, Arjan Martins, and Jaime Lauriano. We also find paintings by Jaider Esbell, Denilson Baniwa, and Carmézia Emiliano, as well as works from the Huni Kuin Artists’ Movement (MAHKU Collective).

Claudia Andujar
Desabamento do céu/O fim do mundo, 1976/2011 série | series Sonhos Yanomami fotografia | photograph foto | photo Humberto Pimentel

Rodrigo Braga
Mortalha mútua 1, 2013 impressão com tinta pigmentada mineral sobre papel canson Platine Fibre Rag 310 g | mineral-pigmented ink print on 310 g Canson Platine Fibre Rag paper foto | photo Humberto Pimentel

Rubem Valentim
Emblema, 1968
óleo sobre relevo em madeira | oil on wood relief foto | photo João L. Musa/Itaú Cultural

Lygia Pape
Olho do guará, década de 1980 | 1980s tecido, cartão e neon | fabric, cardboard and neon foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Rosana Paulino
Eva no 1, 2014
série | series Adão e Eva no paraíso colagem, grafite e acrílica sobre papel azul | collage, graphite and acrylic on blue paper foto | photo Humberto Pimentel


Rubens Gerchman
SOS, 1967/1968
óleo sobre tela, madeira e alumínio | oil on canvas, wood and aluminum
foto | photo João L. Musa/ Itaú Cultural
Rubens Gerchman
Sem título [Che Guevara], 1967
acrílica sobre papel | acrylic on paper
foto | photo João L. Musa/ Itaú Cultural

Ana Maria Pacheco
Estudos para bandidos [Antonio Conselheiro], 2000 monotipia | monotype foto | photo Sergio Guerrini/Itaú Cultural

Jaime Lauriano
Novus Brasilia Typus: invasão, etnocídio, democracia racial e apropriação cultural, 2016 pemba branca e lápis dermatográfico sobre algodão preto | white chalk and dermatograph pencil on black cotton foto | photo arquivo do artista | artist’s archive

Denilson Baniwa
O canto do sabiá, 2024 acrílica, pastel oleoso e colagem sobre tela | acrylic, oil pastel and collage on canvas foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Carmézia Emiliano
A ceia do índio, 2024
óleo sobre tela | oil on canvas foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Jaider Esbell
Sem título | Untitled, 2019 ecoline dourado sobre papel | gold Ecoline on paper foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Ana Elisa Egreja Bahia & Bauhaus, 2022
óleo, tecido, madeira e persiana sobre tela | oil, fabric, wood and Venetian blind on canvas foto | photo Humberto Pimentel/Itaú Cultural
Outras obras |
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Sonhos e distorções | Dreams and Distortions
Farnese de Andrade
Meu tio fotógrafo, 1982 madeira e fotografia resinada | wood and resin-coated photograph
Ficha técnica |
Espaço Milú Villela
Credits
Brasiliana: Arte Moderna e Contemporânea | Brasiliana: Modern and Contemporary Art
Brasil das múltiplas faces | Brazil of many faces
Concepção e realização | Conceived and produced by
Itaú Cultural
Curadoria | Curated by Agnaldo Farias
Projeto expográfico | Exhibition design
Daniel Winnik
Projeto de acessibilidade | Acessibility design
Itaú Cultural
Fundação Itaú
Conselho Curador | Board of Trustees
Presidência | President
Alfredo Setubal
Vice-presidência | Vice Presidents
Ana Lúcia de Mattos Barreto Villela e | and Maria Alice Setubal
Conselho | Board
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Presidente da Fundação | Foundation President
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Itaú Cultural
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Criação e Plataformas | Creative and Platforms
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Teia Documenta (terceirizada | outsourced)
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Edição e produção de conteúdo | Content editing and production
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Projeto gráfico | Graphic design
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Comunicação visual | Visual communication
Guilherme Ferreira e | and Iara Pierro de Camargo (terceirizada | outsourced)
Supervisão de revisão de texto | Proofreading coordination
Tatiane Ivo
Revisão de texto | Proofreading
Karina Hambra e | and Rachel Reis (terceirizadas | outsourced)
Tradução | Translation
John Norman (terceirizado | outsourced)
Mediação Cultural | Cultural Mediation
Gerência | Manager
Tayná Menezes
Coordenação de educativo | Education coordination
Mayra Oi Saito
Coordenação de atendimento | Relationship coordination
Zelia Peixoto
Educativo | Education
Ana Beatriz Carvalho, Bianca Martino, Edinho Santos, Edson Bismark, Gleice Kely, Julia Fernandes, Matheus Maia, Mônica Abreu Silva, Rafael de Oliveira e | and Vitor Narumi
Atendimento | Relationship
Amanda Rocha, Fefa Ferreira, Matheus Paz, May Pardinho,
Victor Soriano e | and Vinícius Magnun
Infraestrutura e Produção |
Production and Infrastructure Management
Gerência | Manager
Gilberto Labor
Coordenação de produção de exposições | Exhibition production coordination
Vinícius Ramos
Produção | Production
Carmen Fajardo, Érica Pedrosa, Iago Germano, Rodrigo Auba (estagiário | intern), Sara Moreira (estagiária | intern) e | and Wanderley Bispo
Projeto de iluminação | Lighting design
Fernanda Carvalho (terceirizada | outsourced)
Consultoria Jurídica | Legal Counsel
Gerência | Manager
Julia Baptista Rosas
Coordenação | Coordination
Daniel Lourenço
Advogados responsáveis | Project lawyer
Carlos Eduardo do Nascimento Garcia e | and Matheus Paz
Agradecimentos | Acknowledgments
A todos os artistas, por suas inteligências e sensibilidades, e Yopanan Rebello. | To all artists, for their intelligence and sensibilities, and Yopanan Rebello.
O Itaú Cultural (IC) e a curadoria agradecem a todos os fotógrafos que cederam imagens e a todos os artistas, sucessores e colecionadores que autorizaram a exibição de suas obras e as emprestaram para a exposição. | Itaú Cultural (IC) and the curators are grateful to all the photographers who granted images and to all the artists, successors and collectors who authorized the exhibition of their artworks and lent them to the exhibition.
Foram realizados todos os esforços para encontrar os detentores dos direitos autorais incidentes sobre as imagens/obras aqui expostas e publicadas, além das pessoas fotografadas. Caso alguém se reconheça
ou identifique algum registro de sua autoria, solicitamos que entre em contato pelo e-mail atendimento@itaucultural.org.br. | IC made every effort to find the holders of copyrights on the images/artworks shown and published here, as well as the people appearing in photographs. If you identify some work of your authorship, please contact us by email: atendimento@itaucultural.org.br.
O IC integra a Fundação Itaú. Saiba mais em fundacaoitau.org.br. | IC is an integral part of the Itaú Foundation. Find out more at fundacaoitau.org.br