Tribuna do Espiritismo - março de 2018

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ÓRGÃO MENSAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA PARA TODO O BRASIL • MARÇO DE 2018 • ANO 5 • Nº 54 • 14.000 EXEMPLARES • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.institutocairbarschutel.org – www.associacaochicoxavier.com.br

Somos construtores de nós mesmos Educação transformadora, que alie criatividade num processo dinâmico e participativo em proposta metodológica diferenciada é o grande segredo na instrução intelectual quanto nas atividades espíritas de nossas instituições

Foto: https://brocku.ca/brock-news/

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ESCOLA DO SENTIMENTO é lançada em Araraquara (SP) Com os educadores Marcus De Mario e Ronaldo Gomes,o evento será realizado no dia 24 de março, sábado, na Biblioteca Municipal Mario de Andrade. Veja mais informações na página 7.

Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT

Remetente: INSTITUTO CAIRBAR SCHUTEL Cx. Postal 2013 – 15997-970 – Matão-SP.


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Justa referência

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ensando na educação como fator essencial para transformação da humanidade em seus múltiplos aspectos, o IBEM – Instituto Brasileiro de Educação Moral traz para Araraquara o educador Marcus de Mário, do Rio de Janeiro-RJ, em evento para lançamento da Escola do Sentimento. Data e local estão informados na página 7 da presente edição. Tudo isso ocorre em momento importante da história brasileira que convoca-nos para uma nova postura onde a educação é fator primordial. Março também traz à lembrança a desencarnação de Allan Kardec (31), em 1869; de Herculano Pires (09), em 1979; de Yvonne do Amaral Pereira (09), em 1984; de Angelo Watson Campelo (19), em 1963, entre outros vultos. E também assinala o nascimento de Gabriel Dellane (23), em 1857 e o lançamento da primeira edição em português de A Gênese, em 1882. Esses fatos todos convidam ao estudo, à reflexão, à divulgação, papel que cabe à imprensa, aos dirigentes e palestrantes, às instituições estimularem no público espírita. E que também cabe ao TRIBUNA, que prossegue seu caminho. r

Estamos no curso da lei Nada se opera no mundo que não obedeça a um princípio sábio e justo Rogério Coelho

rcoelho47@yahoo.com.br

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m virtude de nosso apoucamento intelectual e pelo natural amodorramento das potencialidades do Espírito, enquanto encarnados, estaremos com os horizontes do Infinito obnubilados por densa névoa, vendo surgir, de todos os lados, as vicissitudes que nos atordoam.... Essas, embora amargas, são ocorrências indispensáveis que vão, pouco a pouco, esvurmando a empola má da intimidade da alma. Há que se considerar os espinhos ferintes como os “instrumentos cirúrgicos” que trazem como consequência o bálsamo curador. Não podemos ter a presunção de compreender a razão de todos os sucessos, sejam eles bons ou maus. Só de uma coisa podemos estar seguros: “nada se opera no mundo que não obedeça a um princípio sábio e justo”. No capítulo cinco do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec, junto aos Benfeitores Espirituais tecem largos comentários sobre essas questões, clareando-as e desdobrando-as até às fronteiras do possível à nossa compreensão. Disse Jesus1: “bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados. Ditosos sois, vós que agora chorais, porque rireis”.

Em uma de suas assertivas, expõe o Missionário da Terceira Revelação: “as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa”. Esclarece, ainda, o insuperável Mestre Lionês2: “os Espíritos não podem aspirar à completa felicidade, enquanto não se tenham tornado puros: qualquer mácula lhes interdita a entrada nos mundos ditosos. São como passageiros de um navio onde há pestosos, aos quais se veda o acesso à cidade a que aportem, até que se hajam expurgado. Mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos se vão expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas e purificam, pois constituem-se o

Foto: http://www.getholistichealth.com/

Editorial

remédio que limpa as chagas e cura o doente. Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio. Aquele, pois, que muito sofre, deve reconhecer que muito tinha a expiar e deve regozijar-se à ideia da sua próxima cura. Dele depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, pois do contrário, terá de recomeçar”. Assim, tem plena razão André Fernandes, ao versejar pelos recursos psicográficos do médium fluminense Raul Teixeira: o Cristo clama: caminha!.../ Tem fé por entre os tormentos./A Reencarnação é bênção /Que nos confere proventos. Portanto, ainda que visitados pela mais angustiante vicissitude que nos prenda sob doloroso guante, jamais nos olvidemos da fé irrestrita e incondicional na Misericórdia Divina que em hipótese alguma nos deixa órfãos. Qualquer que seja a situação – simplesmente – estamos no curso da Lei!... r 1. Mateus, 5:5, e Lucas, 6:21. 2. KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o Espiritismo. 125.ed. Rio: FEB, 2006. Cap. V, item 10.


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Por uma educação transformadora Bagagens do espírito devem ser consideradas Marcus De Mario

marcusdemario@gmail.com

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uando vemos os índices oficiais a respeito da educação pública brasileira mostrarem escolas de ensino fundamental sem saneamento básico, metade delas sem uma biblioteca, outra metade das escolas sem uma quadra esportiva, e índices de analfabetismo funcional e evasão alarmantes, percebemos nitidamente que algo está profundamente errado em nossas escolas públicas abrangendo a educação básica, composta dos ensinos infantil, fundamental e médio. Então os olhares se voltam para as escolas particulares. Mas muitas delas estão às voltas com um ensino apostilado, em convênios com sistemas de ensino formatados para preparar alunos para testes, provas, vestibulares e exames nacionais, num modelo ultrapassado de memorização de conteúdos e avaliações quantitativas. Está na hora de trabalharmos por uma educação transformadora que leve as novas gerações a compreender o viver coletivo, social, em ações de solidariedade e espiritualidade, que leve em consideração o homem integral que todos somos. Uma educação transformadora que tenha base no amor e integre família, escola e comunidade. Enganam-se os pais ao considerarem sinônimo de qualidade de educação as escolas que informam ter seus alunos nas melhores classificações em exames nacionais, ou em vestibulares para ingresso nesta ou naquela instituição de ensino superior. Essas escolas trabalham para preparar seus alunos para essas provas e exames, num

ensino engessado e estressante, onde aprendem a competir e não a colaborar. Esse modelo escolar não é o ideal e, portanto, não podemos repeti-lo nas instituições espíritas, tanto no serviço de evangelização da família (pais, responsáveis, bebês, crianças, adolescentes e jovens) quanto no estudo sistematizado da doutrina espírita. Temos que ter um ensino dinâmico, participativo, criativo, numa proposta metodo-

Somos dotados de inteligência e sentimento, somos individualidades que precisamos ser respeitados. Somos destinados por Deus à perfeição. Somos construtores de nós mesmos na marcha do progresso

lógica diferenciada. Currículos fechados, com aulas tendo temas preestabelecidos, e coordenadores que dão aula, que ensinam, não devem fazer parte da instituição espírita, e nem da escola. Somos espíritos imortais reencarnados, trazendo ampla bagagem de experiências e conhecimentos, tanto das existências passadas que já tivemos, quanto do preparo realizado no mundo espiritual. Isso não pode ser desconsiderado pelo processo de educação. Somos dotados de inteligência e sentimento, somos individualidades que precisamos ser respeitados. Somos destinados por Deus à perfeição. Somos construtores de nós mesmos na marcha

do progresso. Diante de todas essas importantes informações que o Espiritismo nos apresenta, por que muitas vezes teimamos em copiar modelos antagônicos à própria Doutrina Espírita, levando a instituição espírita a implantar modelos e procedimentos fora da realidade do espírito imortal? É o Espiritismo que deve influenciar a educação, na sua filosofia, nos seus princípios, na sua metodologia, nos seus procedimentos, e não o contrário, quando queremos implementar na instituição espírita o que se faz na educação pública ou privada. Sendo as novas gerações dinâmicas, ligadas à tecnologia da informação, e com anseios bem diversos das gerações passadas, ao encontrarem a instituição parada no tempo, formatada em modelos que já não atendem os novos tempos, tendem a se afastar, muitas vezes largando o próprio Espiritismo. Ter uma educação inovadora, criativa, não significa anarquia, falta de planejamento ou de organização, ou mesmo falta de um sistema de avaliação. Quem assim pensa está equivocado. A proposta é trabalhar por projetos, por grupos de pesquisa e desenvolvimento do

conhecimento, entre outros procedimentos pedagógicos norteados por princípios e valores morais e espirituais. É o que propomos, por exemplo, no Projeto Educação do Espírito, formatado para as instituições espíritas. E para as escolas é o que apresentamos no Projeto Escola do Sentimento, este desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Educação Moral, e que não tem viés religioso. Não nos iludamos, a educação espírita vai muito além do que conhecemos por educação na sociedade atual, com suas honrosas exceções, e enquanto não trabalharmos a realidade do espírito imortal, tendo o amor como norteador desse trabalho, continuaremos a assistir a violência, a corrupção e outros males dominar a sociedade, mas quando realizarmos esforços pela educação moral, tudo haverá de se modificar para melhor, para bem melhor. Para uma educação inovadora O Projeto Educação do Espírito pode ser solicitado em www.marcusdemario.com, e o Projeto Escola do Sentimento está disponível em www.ibemeduca.com.br. r

Atenção, educadores No dia 24 de março haverá em Araraquara o Encontro Escola do Sentimento, com o objetivo de reunir professores, coordenadores pedagógicos, pedagogos e diretores escolares.

Vagas limitadas. Faça sua inscrição gratuita em www.ibemeduca.com.br. *** Veja também informações na página 7.


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Três delas centenárias em 2018

Duas poesias Do Grupo Amigos do Bem Por inspiração mediúnica a Lázara Alves de Oliveira

Obras foram lançadas em 1918 Redação

institutocairbarschutel@gmail.com

Seja

No ano em que se alcança os 150 Entre outras, até chegar o ParáO sol entrega sorrindo anos de nascimento de C. Schutel, bolas e Ensinos de Jesus, que alcançou Raios de luz por toda a terra três de suas obras alcançam um 90 anos em janeiro de 2018. Obra Iluminando e despertando a fecunda de um benfeitor. r século de publicação. vida, São elas: Espiritismo para crianQue no íntimo de cada ser se ças, Interpretação sintética do apocaencerra. lipse e Cartas a Esmo. Depois do esforço com a fundação do jornal O Clarim e da RIE, os Acolha seu raio de luz dois primeiros livros surgiram em Na intimidade do coração 1911: Espiritismo e Protestantismo e Transformando-o no bem que Histeria e Fenômenos Psíquicos. Em consola, seguida surgiu O Diabo e a Igreja Ao toque de suas mãos. (1914), seguidos das três obras em destaque. Seja a paz que desejas, O conhecimento que liberta... Seja a mão que ampara, Levando o pão, a coberta. Seja com Deus no caminho Que te assinala a vida Ajudando como possas, Consolando as almas caídas.

Viajores Desde os primórdios dos tempos Guardados na eternidade Os seres inteligentes da criação Obedientes à suprema vontade Alçam vôo infinito Em busca da felicidade... Como uma flor o Espírito Aos estímulos da natureza, Vai então desabrochando Em inteligência e beleza... Percorrendo cada reino Na escala da evolução Vai se autoconstruindo Sob os auspícios da criação. E o Criador do universo Que é todo amor e bondade Sem prescindir da justiça, Dá, a cada Ser liberdade.

Liberdade para pensar, Lembremos que acima de todos E Transformar pensamento em os sois ação Governa o Senhor da Luz, Que em tudo está presente: Sob o comando da vontade, Jesus, sempre Jesus!!! A alavanca da evolução... Avancemos, pois!!! Temos por modelo e guia, Jesus O filho dileto de Deus Que com imenso amor nos conduz Às moradas celestiais A caminho da eterna luz... Brilhemos!!! Luz e paz r


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Palestras familiares de além-túmulo Escala Espírita é fonte de muito aprendizado Maroísa Baio

maroisafpb@gmail.com

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al é o título de uma seção na Revista Espírita na qual Allan Kardec apresentava as comunicações de Espíritos de diversas categorias. Ele valorizava tanto as de Espíritos Superiores como os de natureza inferior, tratando a todos com o mesmo respeito e bom senso, pela oportunidade de aprendizado que ofereciam: “Os Espíritos Superiores são as sumidades do mundo espírita; sua própria elevação os coloca de tal modo acima de nós que ficamos espantados pela distância que nos separa deles.” Já as comunicações de Espíritos inferiores permitiam compreender melhor sua situação após a morte: “Aprendendo com eles mesmos no que se tornaram, o que pensam, o que experimentam as pessoas de todas as condições e de todos os caráteres, tanto os homens de bem como os viciosos, tanto os grandes quanto os pequenos, os felizes como os infelizes, numa palavra, os homens que viveram entre nós, que vimos e conhecemos, cuja vida real nos é conhecida, como suas virtudes e seus caprichos, compreendemos suas alegrias e seus sofrimentos; a eles nos associamos e colhemos um ensino moral tanto mais proveitoso quanto mais íntimas as relações entre eles e nós.” Sendo mais fácil nos colocarmos no lugar dos que se assemelham a nós do que imaginar em que consiste a glória dos Espíritos evoluídos, ele reafirma: “Os Espíritos vulgares

mostram-nos a aplicação prática das grandes e sublimes verdades, cuja teoria nos ensinam os Espíritos Superiores”. Essas comunicações também permitem constatar a identidade dos Espíritos:

Sendo mais fácil nos colocarmos no lugar dos que se assemelham a nós do que imaginar em que consiste a glória dos Espíritos evoluídos, ele reafirma: “Os Espíritos vulgares mostram-nos a aplicação prática das grandes e sublimes verdades, cuja teoria nos ensinam os Espíritos Superiores”.

“Quando um espírito nos diz que foi Sócrates ou Platão, somos obrigados a crer sob palavra porque ele não traz carteira de identidade; podemos ver em suas palavras se desmente ou não a origem que ele se atribui (...) Mas quando o Espírito de nossos parentes, de nossos amigos ou daqueles que conhecemos se manifesta, ocorrem mil e uma circunstâncias de detalhes íntimos, nos quais a identidade não poderia ser posta em dúvida, adquirindo, de certo modo a prova material.”

Na RE de março de 1858, ele apresentou duas comunicações: a do assassino Lemaire e a da rainha de Aúde, antigo reino da Índia. Sobre Lemaire destacamos a seguinte pergunta: 23. A tendência para o crime estava em tua natureza ou foste arrastado pelo meio em que viveste? R. A tendência para o crime estava em minha natureza, porque eu era apenas um Espírito inferior. Quis elevar-me rapidamente, mas pedi mais do que as minhas forças. E sobre a rainha, destacamos duas: 14. Que diferença notais entre a religião que professáveis e a religião cristã, quanto à felicidade futura do homem? R. A religião cristã é absurda, pois considera a todos como irmãos. 17. Qual a vossa opinião sobre o Cristo?

R. O filho do carpinteiro não é digno de ocupar meu pensamento. Analisando-as, Kardec fez algumas observações: “Por mais degradado que fosse, Lemaire vivia no meio de uma sociedade civilizada e esclarecida, que tinha reagido sobre sua natureza grosseira; sem o perceber, havia absorvido alguns raios da luz que o cercava (...) A situação é completamente outra com a rainha de Aúde: o meio em que viveu, os hábitos, a falta absoluta de cultura intelectual, tudo devia ter contribuído para manter em todo o seu vigor as ideias de que se imbuíra na infância; nada pode modificar essa natureza primitiva, sobre a qual os preconceitos mantiveram todo o seu império.” Tais comunicações permitem entrever o que a vida espiritual poderá nos reservar no futuro. Estejamos, pois, atentos a esses testemunhos! r

Mês Espírita em Araraquara Evento inclui Seminário com inscrições prévias e homenageia A Gênese. Local: Centro Espírita Ismael – R. Voluntários da Pátria, 642. Palestras nas quintas-feiras de abril e seminário no sábado, dia 14. Dia 5: Eduardo Croys; dia 12: João Carlos Barreiro;

dia 19: Márcio Correa e dia 26: Tato Savi. No sábado, 14, às 14 horas – Seminário com Aluísio Elias, de Uberaba (MG). Tema: “Vós sois o sal da Terra”. Inscrições para o seminário pelo site www.centroespiritaismael. com.br até 10 de abril.


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LANÇAMENTO

Tema central: “Evangelho e Vivência”



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Transformação interior Não intentes transformar a ninguém pela força1 – (Emmanuel) Marildo Campos Brito 36odliram@gmail.com

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ilhares de criaturas humanas, padecem e tombam invigilantes sob o influxo dominador e devastador do materialismo e das ilusões fáceis, sem cogitarem, portanto, de amealharem enobrecedores e imperecíveis valores intelecto-morais para o Espírito eterno, demorando nos interesses materiais e dos prazeres fugazes das sensações físicas. Outros tantos, não obstante o sincero devotamento e a fé que professam, trazem arraigados os atavismos das ideias preconcebidas e preconceituosas com relação a outras denominações religiosas e filosóficas. Contudo, violar a liberdade de consciência e pensamento daqueles que não comungam as mesmas aspirações e ideais, intentando transforma-los pela força, é presunção e desrespeito ao clima de

evolução ao qual estagiam, como sabiamente nos elucida o Espírito do Dr. Bezerra de Menezes no trecho de uma obra2 [...] Respeitável, portanto, toda expressão de fé dignificadora em qualquer campo do comportamento humano[...] sendo mesmo inoportuno e contraproducente, irrompermos a luz sem que os olhos estejam habituados a claridade. Allan Kardec nos aclara nesse sentido3 [...] Jesus promete um outro consolador: O Espírito de Verdade, que o mundo não conhece ainda, porque não está maduro para compreendê-lo[...] Noutras palavras, o aprendizado é gradativo ao conhecimento adquirido, do contrário, redundará em equívocos e falsas interpretações quanto a letra que mata sem que o Espírito vivifique. Sem a acidez da censura e do reproche contumaz,

auxiliemos o próximo onde for e quanto pudermos, na amorosa proposta do Querido Mestre aos nossos corações4 “Se alguém deseja seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me acompanhe”. O excelso convite, porém, não propõe abandonarmos nossas crenças e convicções intimas; privando-nos do bem-estar, da segurança e conquistas materiais facultadas pelas leis de trabalho e progresso; mas, consoante a recomendação Paulina na epístola aos Efésios5, despir-se do homem velho para revestir-se do homem novo, não tem sido tarefa simples, demandando perseverante e dedicado esforço na superação de nossas concepções e viciações de vidas transatas. Basta recordarmos o belo e singular episódio evangélico, transcorrido em Betânia, aldeia da antiga Judéia, por ocasião da

chegada do Mestre a casa de Marta e Maria, identificando naquele instante com profunda ternura, compreensão e paciência, a distância espiritual revelada entre ambas as irmãs. Quantos na posição de Marta, não se debatem inquietas e preocupadas no mundo, desatentas e indiferentes aos princípios de renovação e auto iluminação, sem vivenciarem a melhor parte que coube a Maria? Asseverou o Divino Amigo6 “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Todavia, lembrando a maneira de pequena semente a reclamar tempo adequado de germinação, floração e produção de frutos sazonados, a mente humana, quando limitada ou vibrando noutras faixas de entendimento, necessitara igualmente da paciência que espera e da tolerância que suporta pelo o amor que exemplifica. r 1 – Busca e Acharás – Francisco C. Xavier – cap. 48 – 1ª e 2ª edição – 1976 2 – Loucura e Obsessão – Divaldo P. Franco – cap.25 pg.318 – 5ª edição – 04/1992 3 – O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap.VI pg.74 – 365ª edição – 06/2009 4 – Novo testamento – Mateus 16:24 5 – Novo testamento – Efésios – 4: 22 a 24 6 – Novo Testamento – João 8:32

Também em São João da Boa Vista, SP Educação Espírita é o tema central. Data: 14 e 15 de abril/18, sábado e domingo. Local: Rua Riachuelo, 444 – Centro. 2º Encontro de Educação Espírita. Expositores: Anete Guimarães, Artur Valadares, José Antonio da Cruz, Orson Peter Carrara, Valdelice Salum e Priscila Rehder. Presença da Rede Amigo Espírita e Fraternidade Sem Fronteiras. Inscrições pelo site: educacao.use-sjbv.com

Encontro de Inverno em Poços de Caldas Evento ocorre no Hotel Village In Orson Peter Carrara

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ntrevistamos Sonira Giosa para a revista eletrônica O consolador sobre o importante evento mineiro, a ocorrer nos dias 29 e 30 de junho e 1 de julho na conhecida estância turística. A entrevista completa pode ser encontrada na edição 550, de 14/01/18, da citada revista, que

orsonpeter92@gmail.com

pode ser acessada no portal www. oconsolador.com.br Aqui transcrevemos trechos parciais. Pela projeção turística da cidade, considera que esse fator facilitador? Sim. Como Poços de Caldas é uma cidade turística, o fato facilitou a realização do evento, por já

existir uma boa estrutura de acomodação. (...) Como é elaborada a programação? (...) O objetivo é sempre o tema estar relacionado com Kardec. O promotor do evento, que ocorre no Hotel Village In, é o C. E. União Fraternal Raul Cury. (...) objetivo

é aproveitar a megaestrutura que o hotel nos fornece para a realização do encontro, com dois excelentes salões que comportarão confortavelmente nossos convidados. Como inscrever-se? As inscrições podem ser feitas pela internet, pelo site do evento: https://goo.gl/HToSBr (...) r


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Consultas aos espíritos Tema requer prudência Orson Peter Carrara

orsonpeter92@gmail.com

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llan Kardec dedicou todo o capítulo XXVI – segunda parte – de O Livro dos Médiuns para abordar o tema Perguntas que se podem dirigir aos Espíritos. O capítulo é muito rico em informações, ocupando dezenas de páginas e relacionando aspectos como Perguntas sobre o futuro, o passado, interesses morais e materiais, saúde, situação de conhecidos no mundo espiritual, invenções e descobertas e inclusive sobre outros planetas. Além disso, as observações preliminares são valiosas e mesmo sobre perguntas simpáticas ou antipáticas a eles, os consultados. Os itens 286 e 287 do citado capítulo são de uma lucidez e atualidade que não podem ser esquecidas, razão pela qual iniciamos nossa abordagem com essas indicações. Todavia, apesar do embasamento doutrinário do assunto, objetivo é destacar valiosa orientação transmitida pelo Espírito André Luiz, pelo médium Antonio Baduy Filho, e constante do livro Vivendo o Evangelho, volume I. A obra foi editada pelo IDE-Araras e consta de dois volumes, ambos comen-

tando os capítulos e trechos de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Baduy, o médium, é muito conhecido, é médico e trabalhou muito tempo ao lado de Chico Xavier, recebendo a primeira mensagem do referido espírito em 1969. Os Espíritos Valérium e Hilário Silva também psicografaram por Baduy. E no volume I, comentando a Introdução (os dois volumes comentam todo o citado livro da Codificação), às páginas 31 e 32 da 1ª. edição, encontramos com o título Consultas Espirituais, com uma única palavra efetuando determinada indagação que poderia nos levar a perguntar aos espíritos sobre nossa condição, situação ou expectativas, e respostas com apenas duas palavras em dez situações, há uma conclusão preciosa que culmina com o seguinte raciocínio: “(...) consultas inconvenientes aos Espíritos quase sempre acabam em respostas de Espíritos inconvenientes.” Um enorme bom senso na resposta! Um discernimento incomparável, afinal os interesses que movem as perguntas podem ser absolutamente inconvenientes,

especialmente depois de termos estudado o citado capítulo de O Livro dos Médiuns, uma vez que o teor das perguntas atrai Espíritos inconvenientes que se misturam nos ambientes e relacionamentos humanos, de vez que o conhecimento da Escala Espírita, em O Livro dos Espíritos, é bem claro (questões 100 a 113) ao demonstrar que o fato do espírito estar

habitando o mundo espiritual e se comunicando não significa, em absoluto, que seja esclarecido ou bondoso. Podemos estar sendo visitados por espíritos ignorantes ou mal intencionados, que poderão responder aos interesses de nossos questionamentos. Então, novamente a prudência é recomendada no velho quesito das consultas espirituais, pois que perguntas inconvenientes podem ser respondidas por espíritos inconvenientes. Vamos estudar? Assim compreendemos e não corremos riscos desnecessários que levam a precipitações, fanatismo ou incompreensões sobre os espíritos a quem buscamos auxílio. r

Do Sermão da Montanha Humildade e Felicidade – versículo 3 Izaias Claro

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uanta infelicidade a criatura experimenta quando se deixa dominar pelo amor próprio demasiado (orgulho)! Quanto mal-estar é gerado pelo abuso de poder (prepotência)! Quanto sofrimento causado pela insolência ou atrevimento (arrogância)! Quanta tristeza sente aquele que se presume mais elevado que os demais (soberba)! Seja imensamente feliz!

Seja humilde. A humildade é a primeira condição para a felicidade verdadeira. A alma humilde experimenta gozo intraduzível. Renunciando às coisas da Terra, desde já entra no gozo das coisas espirituais. Coloque-se em plano de igualdade em relação ao próximo, não se atribuindo méritos indevidos. Não há mérito onde escasseia o amor, a doçura, a gentileza, a atenção respeitosa... r


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A Atualidade do Pensamento de Allan Kardec Nossa homenagem ao Codificador neste 31 de março Eduardo Lima

Extraído do site www.cefafortaleza.org.br

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Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, e apresentada publicamente a partir de 1857, deve ser considerada não somente atual, mas, para além disto, deve ser observada como um trabalho que apresenta aspectos que estão muito à frente de nosso tempo. Este duplo entendimento se desvela na medida em que situamos seu imenso – e sem par – valor ético e epistêmico. Em termos de teoria do conhecimento, investigando os fenômenos, Kardec simplesmente lançou mão de todos os recursos teórico-metodológicos de sua época e ainda criou outros instrumentos que deram conta das novas demandas que surgiram. Isso significa que ele, primeiramente, usando a ciência de sua época, escrupulosamente observou, experimentou e, após considerar todas as teorias científicas disponíveis, concluiu que os fenômenos ali observados, mereciam protocolos inéditos. Em outros termos, Kardec percebeu de modo genial que os limites

paradigmáticos de seu tempo já haviam sido alcançados. Tendo em mente um crucial teórico da ciência como Thomas Kuhn, por exemplo, podemos afirmar sem nenhum receio que Kardec, cento e cinco anos antes da publicação da esclarecedora obra A Estrutura das Revoluções Científ icas não só já possuía um pleno domínio do assunto como já havia praticado aquilo que, conceitualmente, Kuhn viria a chamar de ciência normal e ciência revolucionária. No campo ético, percebendo as grandiosas consequências dos ensinamentos dos espíritos, Kardec reabriu as portas para a tão incompreendida moral de Jesus possibilitando um retorno às fontes mais primitivas e puras dos ensinamentos do Mestre. A ideia de condenação eterna, tão disseminada à época quanto hoje, deu lugar às belíssimas noções de reencarnação e caridade capazes de apresentar um Deus mais justo e amoroso para com seus filhos. A obra de Kardec, renovando magistralmente a possibilidade da

comunicação entre os dois planos de vida, descerrou em definitivo os mistérios da morte indicando as alegrias sublimes do reencontro e nos apresentando uma vida espiritual mais racionalmente bela e edificante. Isso significa que ganhamos uma tábua de valores morais universais, como seus imperativos éticos, diante de um mundo que, desde então, tem se mostrado relativista e materialista. De fato, vinte e três anos antes de Nietzsche começar a trabalhar com profundidade o tema do niilismo, Kardec, na obra O Céu e o Inferno, já denunciava que, se existe uma “doutrina insensata e antissocial, esta é, seguramente, o niilismo que rompe os verdadeiros laços de solidariedade e fraternidade, em que se fundam as relações sociais.” Tendo em vista estas sólidas bases científicas e morais, como ignorar a atualidade de um trabalho desta envergadura? Como não afirmar diante de nossa atualidade, na qual sentimos, em dupla vertente, os efeitos de uma ciência que teima, apesar de tudo, em abraçar

o materialismo e de uma ética contemporânea envolta em graves ceticismos, que as investigações kardecistas não são somente atuais, como ainda permanecem à frente de nosso tempo? Nunca é demais lembrar que Kardec realizou este trabalho enfrentando imensas dificuldades. Ele teve que lidar com poderosas forças religiosas e políticas bem como a incompreensão, a intriga e a calúnia de seus próximos. Nos limites de uma página, o que ainda podemos dizer sobre a atualidade da obra de Kardec? Em face do niilismo pós-moderno atual adstrito a um recrudescimento de ideias irracionalistas, materialistas, racistas, antidemocráticas e xenófobas os ensinamentos dos espíritos tão brilhantemente colhidos, sistematizado e analisados por Allan Kardec não são somente atuais e à frente de nosso tempo. Podemos e devemos, com humildade, afirmar que a Doutrina Espírita é, contemporaneamente – mais do que atual e avançada – necessária. r

Homenagem Marildo C. Brito

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ossas sinceras homenagens ao Sr. Moacir Fernandes, que no último mês de fevereiro aos 85 anos de idade, retornou a pátria espiritual. Foi presidente e um dos pioneiros do Centro Espírita Luz e Caridade em Duartina-SP, sem

jamais medir esforços no desdobramento aos serviços do bem e da caridade. Próximo do seu desencarne foi homenageado como presidente de honra, passando a casa a se chamar por vossos reconhecidos méritos, como Centro Espírita Moacir Fernandes. Nossa eterna gratidão. r

Allan Kardec, cuja desencarnação ocorreu em 31 de março de 1869


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Recicle conhecimentos ou forme novos evangelizadores Eventos ocorrem em Araraquara em dois momentos – Observe datas e horários distintos

Maroísa Baio maroisafpb@gmail.com

Veja também o Lançamento da Escola do Sentimento em Araraquara (SP) 24 de março, sábado, das 9 às 12 horas Inscrições prévias. Informações e inscrições: www.ibemeduca.com.br e (21) 3439-0665 e (16) 98116-0555


Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT Março de 2018

REMETENTE: Instituto Cairbar Schutel. Caixa postal 2013 15997-970 - Matão-SP

Obreiros do bem O Evangelho aprendido é aquele que vivenciamos sem ao menos perceber Lívia Leme

livia.maleme@gmail.com

A

s práticas sociais nas quais estamos inseridos trazem-nos reflexões importantes quanto a Lei do Progresso. A pessoa que busca desenvolver linhas de pensamento mais independentes e com capacidade de analisar de forma crítica a realidade social com objetivo na própria educação espiritual proporcionará uma transformação em si mesmo que gerará o auxílio (pela Lei do Trabalho) para a transformação da sociedade de que participa. Os desafios da sociedade atual são muitos e a evidência da injustiça social e das relações de opressão e exploração entre os homens tem sua gênese na Lei de Causa e Efeito. Algumas indagações surgem levando nossa consciência a uma reflexão profunda sobre o significado de nossa existência nesse corpo físico, como sobre nossa família, nossa profissão, enfim, sobre o meio e as formas em que vivemos. O que será de nossa sociedade com as sementes que temos plantado? Como está ocorrendo a semeadura do porvir?

A sociedade atual está ainda a gestar os ensinamentos evangélicos do Cristo. Por que? Porque falta amor nas relações sociais, bem como há a carência de respeito ao outro. Assim, impera o interesse material e as tendências que mantêm o homem distante de Deus. O homem caminha para descobrir sua luz interna, mas ainda envolto por penumbras que circunscrevem sua consciência mantendo-o afastado do Pai Celestial. Importante ressaltar que quando acessamos a luz interior conseguimos anular a escuridão da consciência e curar, pela aprendizagem das múltiplas existências, nosso Espírito ainda a caminho da luz. Muitos já são obreiros de Cristo, muitos tentam alcançar, passo a passo, a perfeição relativa; entretanto, não se atinge níveis evolutivos superiores contraindo novas dívidas. Mesmo com todas as vicissitudes da vida a certeza que temos é que existem obreiros do bem infinitamente abnegados, que nos auxiliam a subir as escadas evolutivas. Sabemos da existência das sombras na

caminhada e que elas nos fazem cegos perante as verdades Divinas. Contudo, sejamos honestos, fora o orgulho e o egoísmo que nos conduziu até o presente momento. É com eles que nossas existências perpassaram e sua depuração depende do despertar tendo o sofrimento como fator importante para a aprendizagem. Os reflexos das tendências e das vitórias morais constroem, então, nossa história espiritual. A luz trazida pelos ensinamentos de Jesus conduz os cegos da benevolência à busca constante, mesmo que por momentos se faça inerte, da evolução espiritual. Essa luz conduz o trajeto evolutivo no trabalho da edificação com alicerces profícuos no amor e na caridade. Com isso, a presente encarnação é apenas uma peça que devemos encaixar nessa engrenagem que construímos durante as existências pretéritas. Deus com todo seu amor, é o responsável por nos proporcionar momentos alegres, lembranças, perdas, ganhos, avanços, estagnação... Enfim, aprendizagem constante, mesmo quando o sofrimento está presente. O Evangelho aprendido é aquele que vivenciamos sem ao menos

perceber. As Leis Divinas estão escritas em nossa consciência e projeta-se por nossas ações e escolhas. Por isso, quando as Leis Divinas, trazidas pelas diversas passagens evangélicas é inscrita em nossa essência e aprendida ela se multiplica no coração dos irmãos que tanto buscam respostas sobre o sentido da vida. Como a caridade nos aproxima da perfeição relativa (relativa a cada um) ela deve ser aquela que não mensuramos. É aquela que vem do coração, aquela que faz parte das nossas ações, como faz parte de nós mesmos. Ela é de todo amor, sentir e de toda alma. O Espiritismo orienta a busca de compreensão e aplicação da inteligência no auxílio do avanço moral. Isso, então, configura-se em se despir do materialismo e olhar com os olhos do Espírito num trabalho incessante que tem a caridade e o amor como guia frutificando pelas mãos daqueles que Jesus toca ao coração. Por fim, Jesus necessita de obreiros encarnados para construção dessa doutrina que tanto nos consola para que nas práticas sociais vigentes germinem o amor, a fé, a esperança, enfim, a caridade. r


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