Tribuna do Espiritismo - outubro de 2018

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ÓRGÃO MENSAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA PARA TODO O BRASIL • OUTUBRO DE 2018 • ANO 6 • Nº 61 • 13.500 EXEMPLARES • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.institutocairbarschutel.org – www.associacaochicoxavier.com.br

Vivência plena em legados marcantes Esforços continuados de vultos incomparáveis. Páginas 4 e 5.

Evento em Matão (SP), comemorativo aos 150 anos de nascimento de Schutel, sensibilizou enorme público com a programação especialmente preparada para a efeméride

Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT

Remetente: INSTITUTO CAIRBAR SCHUTEL Cx. Postal 2013 – 15997-970 – Matão-SP.


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Editorial

V

Gratidão

ivemos todos momentos emocionantes de gratidão durante o EAC comemorativo aos 150 anos de Cairbar Schutel, em setembro passado, na querida Matão, onde laborou o grande seareiro. Entre palestras, entrevistas, lançamentos, arte e especialmente a convivência de fraternidade, os participantes todos tivemos momentos muito especiais, marcantes. Centenas de pessoas, de quase uma centena de cidades, de seis estados estiveram presentes, num grande evento de fraternidade. É que não há nada que se compare à lógica e grandeza do Espiritismo. No mês que se comemora o nascimento de Kardec (nascido em 1804, em outubro, dia 3), novos ângulos se abrem para igualmente buscar elementos na rica biografia e extraordinário legado da obra da Codificação Espírita. O momento grave em que se debate a humanidade requisita firmeza de postura e solidez consciencial, para os quais muito contribui o conhecimento espírita. Para isso entregamos nova edição do TRIBUNA. Nas páginas centrais da edição, a matéria destaca alguns vultos, inclusive Kardec e Schutel, destacando a riqueza da vivência espírita. r

EAC marcante 8ª edição do evento destacou 150 anos de Schutel Redação

institutocairbarschutel@gmail.com

F

oi intensa a vivência comemorativa do sesquicentenário de nascimento de Cairbar Schutel durante a realização do EAC – Encontro Anual Cairbar Schutel, no fim de semana de 22 e 23 de setembro. Um público imenso, palestras, arte, entrevistas, lançamento de obras específicas, confraternização, divulgação e participação internacional com clips previamente gravados e apresentados

durante a programação, além de programação específica para jovens e crianças.

O leitor pode ver as fotos e acervo do evento no site do Instituto e também pelas redes sociais.

Na próxima edição publicaremos a prestação de contas e

desde já agradecemos o carinho de todos os amigos participantes que nos enviaram centenas de manifestações carinhosas de gratidão e incentivo. r

930 participantes, 89 cidades, 6 estados e presença de representantes da Suécia


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Educando o Espírito Imortal Pensamento espírita é transformador Marcus De Mario

marcusdemario@gmail.com

A

Doutrina Espírita considera que “só a educação pod’erá reformar os homens”, conforme a resposta dos Espíritos Superiores à pergunta de Allan Kardec, na questão 796 de O Livro dos Espíritos. E compreende que a educação não pode ser encarada apenas pelo seu lado instrucional, ou ilustração do intelecto, mas deve ser trabalhada pelo lado moral, na arte de manejar o caráter. O pensamento espírita é transformador tanto da filosofia da educação, quanto da práxis educacional. De sua filosofia imortalista da alma e divindade da vida, surge naturalmente uma pedagogia transcendente que leva em conta não apenas o existir terreno, mas o antes e o depois desse existir. Isso promove uma metodologia e uma didática que visam o crescimento potencial do homem rumo à perfeição, procurando equilibrar a inteligência com o sentimento, na realização não só do aprendizado das ciências, da leitura e da escrita, ou seja, não só na conquista dos saberes, mas igualmente no desenvolvimento do senso moral. A educação do espírito Além de considerar a educação moral como legítima formadora do homem, o Espiritismo ainda vai mais além ao quebrar o materialismo com a comprovação da imortalidade

da alma, lançando as bases da educação do espírito. Por esses motivos é que o Espiritismo, preconiza uma nova metodologia educacional em três pontos principais: 1 - Educação com amor – porque o amor deve ser a base de todo ensino, de toda aprendizagem, de todo exemplo. O amor é a base, é a essência da educação. 2 - Educação com exemplo – porque as palavras podem até convencer, mas somente os exemplos arrastam, somente os exemplos têm força para provocar verdadeiras transformações. 3 - Educação com experiência própria – porque virtudes e valores não podem ser aprendidas somente pela teoria, devem ser praticadas. A conjugação de todos esses princípios na educação moral é o único caminho capaz de colocar o homem nos trilhos da bondade, reformando as instituições sociais, hoje tão atreladas ao egoísmo que deita raízes nos corações. Enquanto a família e a escola não entenderem a profundidade da educação moral, continuaremos no desfile dos desregramentos que temos assistido, quando, se aplicada, a educação moral estabelece a desejada felicidade, por formar homens de bem, objetivo do próprio Espiritismo. A reforma da filosofia que rege o sistema educacional

vigente, com a absorção da educação moral, levará os currículos e métodos escolares ao verdadeiro fim superior da formação, e não da instrução. Formação do caráter através da aquisição de hábitos

A reforma da filosofia que rege o sistema educacional vigente, com a absorção da educação moral, levará os currículos e métodos escolares ao verdadeiro fim superior da formação, e não da instrução

sadios de vivência com Deus, com o próximo e consigo mesmo, na prática do bem e do amor. Advertência sobre o futuro Não se pode negar a vasta e profunda contribuição que o Espiritismo oferece à educação, mas precisamos estar atentos para a advertência de Léon Denis, realizada no livro O Mundo Invisível e a Guerra: “É necessário que uma grande corrente idealista e um poderoso sopro moral varram as sombras, as dúvidas, as incertezas que ainda existem sobre muitas inteligências e consciências, a fim de que a luz das verdades eternas aclare os cérebros, aqueça os corações, levando conforto aos que sofrem. A educação do povo precisa ser totalmente modif icada, para que todos possam ter a noção dos deveres sociais, o sentimento das responsabilidades individuais e coletivas e, principalmente, o conhecimento do objetivo real da vida, que é o progresso, o

aperfeiçoamento da alma, o aumento de suas riquezas íntimas e ocultas.”. Essa advertência foi escrita durante o período de 1914-1918, quando da primeira grande guerra mundial e mostra-se ainda bastante atual, ou seja, o tempo não foi ainda suficiente para despertarmos e colocarmos a filosofia espírita em plena realização na vida. Por que esperar mais tempo? ****** Conheça o trabalho do IBEM Escola do Sentimento, Pedagogia da Sensibilidade, Vivendo Sempre em Paz, Espiritualidade na Empresa, Educação a Distância são alguns projetos que o Instituto Brasileiro de Educação Moral – IBEM oferta aos professores, escolas, empresas e a você. Acesse www.ibemeduca.com.br e conheça esse maravilhoso trabalho. Novo livro Enxugue Suas Lágrimas é meu novo livro, em lançamento da Solidum Editora. Reflexões de consolo e esperança para evangelizar seu coração, em livro no formato bolso. Pedidos: www.solidumeditora. com.br. r


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Um Pentateuco1 diferente! Nossa homenagem de gratidão no mês de Kardec Roni Ricardo Osorio Maia roniricardomaia@gmail.com

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otoriamente elegidos, por nós, os cinco baluartes, bem como, precursores do Espiritismo, o insigne Codificador Allan Kardec, e na sequência Léon Denis, Cairbar Schutel, Yvonne do Amaral Pereira e Francisco Cândido Xavier, pois, eles nos antecederam na divulgação espírita seja por livros, tarefas e vivência da Doutrina dos Espíritos, e, muito trabalharam na formação de uma planta semeada, em meados do século XIX, a qual contém a instrução, esclarecimento e consolo! Allan Kardec (1804 - 1869): É a nossa base. Em missão na Terra, o Mensageiro da Luz e da Verdade nascido em Lyon, França, homem sério, observador, acadêmico nas ciências, acompanhou os fenômenos espíritas, em Paris, se permitiu intermediar junto a uma equipe de médiuns (a maioria do sexo feminino) e, nos, legou a Codificação: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868). Além dos artigos

da Revue Spirite (Revista Espírita); entre outros escritos divulgados após sua desencarnação, em Obras Póstumas (1890). Tornou-se o nosso papiro2 plantado e com as primeiras mudas. Léon Denis (1846 – 1927): Apóstolo do Espiritismo. Admirador das ciências e filosofia,


PÁGINA 5 autodidata, sem formação acadêmica, seu primeiro livro Depois da Morte é um marco na História do Espiritismo. Exímio escritor, palestrante e médium dedicado à sua tarefa; nós acreditamos que muitos apreciam as obras O Problema, do destino e da dor, O Grande Enigma e No Invisível. Denis regou ainda mais a planta cultivada por Kardec, o que gerou mais plantações.

Cair bar S c hutel (1868 1938): Bandeirante do Espiritismo, um desbravador ao se mudar para Matão (SP) enfrentou todo o poder clerical, não se fez desmotivado, pelo contrário, provou a Verdade, exemplificou na vivência caritativa e mediúnica; fundou o jornal O Clarim e a Revista Internacional do Espiritismo, bem como, a respectiva Gráfica e Editora. Cairbar adubou, no país, as mudas das plantas kar-

Outubro de 2018 dequianas vindas da Europa, ele contribuiu bastante pela disseminação do Espiritismo, favoreceu a distribuição de livros e propiciou a aquisição de maneira popular, no início do século XX. Destacamos de sua produção literária o memorável livro Parábolas e Ensinos de Jesus. Yvonne do Amaral Pereira (1900 - 1984): Natural de Rio das Flores (RJ). A nossa estimada tarefeira de todas as horas, a quem reconhecemos verdadeiramente nossa amiga de outrora, nos acompanha e nos norteia nas obras que, por permissão de Deus, estão sendo inspiradas e editadas. Destacamos a Coleção Yvonne Pereira (Charles, Bezerra de Menezes, Léon Tolstói, Camilo Castelo Branco, Léon Denis), por ser de um apuro e esmero doutrinários irretocáveis. Além dos textos de cunho autoral (Recordações da mediunidade) e relatos na revista Reformador (FEB). Ela encontrou a terra mais germinada em termos de imprensa, porém, sem recursos, utilizou-se papel de embrulho nas psicografias, deixou-nos uma lavra mediúnica primorosa! Francisco Cândido Xavier (1910 - 2002): Notável médium de Pedro Leopoldo (MG), desde pequeno órfão, criado pela madri-

nha, com mediunidade ostensiva, foi hostilizado e mal interpretado, venceu os impropérios graças à proteção de seu mentor Emmanuel e de sua mãe desencarnada

Maria João de Deus. De seu lavradio mais de 400 livros, e o primeiro, Parnaso de Além-túmulo com poesias mediúnicas, os livros históricos e de lições (Emmanuel), contos, crônicas e notícias do Além (Irmão X/Humberto de Campos) e a vida no mundo espiritual (Coleção André Luiz). Com o terreno já bem mais cultivado, em meados do século XX, em termos gráficos, os prelos em demasia trabalharam e sua produção de obras espíritas alcançou as massas pelo Brasil. Todo este Pentateuco torna-se diferente, em nossa opinião, sem desprezar outros eminentes escritores e divulgadores de outros tempos e da atualidade, pois esses cinco nomes suprarreferidos nos

servem de modelo, na lisura, no zelo e na dedicação àquilo que lhes fora confi ado em propalar um conhecimento ao alcance de todos, de forma arregimentar a sua expansão aos necessitados, todos nós carentes de esclarecimentos e consolação. Eis o trabalho que hoje desfrutamos como adeptos da grande árvore, que é a doutrina redentora de almas – o Espiritismo! r 1. Reunião ordenada dos cinco primeiros livros do Velho Testamento, atribuídos a Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Disponível em Pentateuco | Michaelis On-line, michaelis.uol.com.br/busca. Acesso em 10.jul.18. 2. Planta da família das Ciperáceas, própria de terrenos inundados, de que os antigos Egípcios faziam folhas finas para escrever. Disponível em https://www.infopedia.pt/dicionarios/ lingua-portuguesa/papiro. Acesso em 10.jul.18.


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As dificuldades de uma vida com fé Como iniciar uma vivência coerente com o que sabemos? Wilson José Demori wjdemori@gmail.com

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á estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”. [Paulo - Gálatas 2:20] Quando vamos à uma Casa Espírita, seja para trabalhar ou ser assistido, temos maior proximidade com a fé e a confiança. Parece até que na porta do Centro Espírita, tem um cabide, onde lá penduramos nossos problemas, entramos e nos sentimos mais leves, aliviados de nossas angústias e de nossos sofrimentos. Lá nossa amorosidade aumenta, cumprimentamos as pessoas com simpatia, apreço, assistimos uma preleção evangélica que nos renova, recebemos um passe, cumprindo-se assim, talvez para muitos de nós, um ciclo que nos alivia semanalmente das nossas dores. Porém, quando saímos da Casa Espírita, “pegamos novamente do cabide os nossos problemas”, recolocando-os nos ombros, voltamos para casa, e lá talvez não tenhamos a mesma amorosidade, apreço e

simpatia pelos nossos familiares, como também pelas pessoas do nosso convívio geral. A Doutrina Espírita nos ensina que na porta da Casa Espírita não existe cabide algum, lá entramos, permanecemos e de lá vamos embora com nossos problemas. O que realmente necessitamos é aprender a lidar com nossas dificuldades diárias, nossas angústias, nossos problemas, por isso o título deste artigo, as dificuldades de uma vida com fé. Nos lembramos de que a fé, mais do que acreditar em Deus, signifi ca colocar o pé para que depois Deus coloque o chão? Temos a resignação suficiente para enfrentar as dificuldades da vida, com a confiança de que esta situação penosa e sofrida está nos fazendo progredir do ponto de vista espiritual? Podemos, enquanto trabalhadores do Cristo, passar mensagens de fé a um assistido que procura tratamento espiritual, e não utilizarmos o mesmo conceito para nós, nos momentos de dificuldade? Vale lembrar a passagem contida no livro Boa Nova, de Hum-

berto de Campos, psicografia de Chico Xavier, no capítulo 28 “O Bom Ladrão”, em que nos ouvidos de Tomé ecoaram as palavras do Cristo, que recebera o pedido de um dos crucificados para que dele se lembrasse quando entrasse no seu Reino: - Vês, Tomé? Quando todos os homens da lei não me compreenderam e quando meus próprios discípulos me abandonaram, eis que encontro a confiança leal no peito de um ladrão! Cabe aqui mais uma reflexão profunda e honesta estritamente pessoal, pois não estaria Jesus nos questionando diariamente sobre a confiança que Ele nos deposita? Estamos em débito conosco mesmo em relação a fé e a confiança? Nós espíritas temos o dever de pelo menos iniciar uma luta

para que possamos viver com mais otimismo, fé e perseverança, lembrando sempre que a encarnação se faz de erros e acertos, eis que um processo de aprendizado, tendo o direito de errar, porém o dever de aprender e refletir com os erros, com o compromisso de vigiar em não se permitir incorrer na mesma falta. Exemplo maior de fé, resignação e esperança nos deixa Paulo de Tarso, cuja perícope citada no início do artigo mostra sua confiança inabalável em Jesus, sendo exemplo valoroso para enfrentarmos nossas dificuldades. Agradeçamos meus queridos irmãos, ao exemplo por ele deixado, peçamos forças ao Mestre para seguir adiante, sabendo que a espiritualidade amiga estará sempre nos auxiliando com a força máxima, só dependendo de nós acreditar e enfrentar. r

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Um partido espírita? “O Espiritismo é essencialmente pacífico.” (Allan Kardec) Maroísa Baio

maroisafpb@gmail.com

A

ntes que se faça uma conclusão precipitada, é melhor esclarecer que se trata de mais uma armadilha para desmerecer o Espiritismo. O fato teve início através de um comissário do Governo francês, Sr. Genteur, que revelou ao Senado a existência de um novo partido: o partido espírita. Se fosse possível fundar um novo partido político na França do século XIX, qual o objetivo de um partido espírita? A imprensa francesa da época tratou o assunto com leviandade mas, para compreender o que houve, Kardec transcreveu, na RE de julho de 1868, o artigo publicado no jornal francês Le Siècle, do qual citamos apenas o seguinte trecho: “O sr. Genteur acaba de denunciar à vigilância dos veneráveis pais da política, sediados no palácio do Luxemburgo, a existência do partido espírita (...) A despeito do zelo desses inumeráveis funcionários do império francês, que é o que está ameaçado por um novo partido? Na verdade é para desesperar a ordem pública. Como este inimigo, invisível até agora para o próprio sr. Genteur, pode subtrair-se a todas as vistas?”

“O Espiritismo é essencialmente pacífico; é uma ideia que se infiltra sem ruído e, se encontra numerosos aderentes, é que agrada; jamais fez reclames nem quaisquer exibições

A artimanha era tão ardilosa que fica difícil entender o que realmente aconteceu. Tudo começou com duas petições enviadas ao sr. Genteur, provindas das faculdades de Medicina de Saint-Etienne e de Oullins. Elas não aceitavam que obras espíritas fossem incluídas em suas bibliotecas. Usando o termo partido espírita, o que se afirmava, na assembleia do Senado, é que esse partido não queria que suas próprias obras, ou seja, os livros espíritas, fossem incluídos nas bibliotecas das tais faculdades! Ora, qual é o partido político ou religioso que impede que suas obras sejam divulgadas? Sobre a possibilidade de se fundar um partido espírita, Kardec afirmou: “O Espiritismo é essencialmente pacífico; é uma ideia que se infiltra sem ruído e, se encontra numerosos aderentes, é que agrada; jamais fez reclames nem quaisquer exibições; forte pelas leis naturais, nas quais se apoia, vendo-se crescer sem esforços nem abalos, não vai enfrentar ninguém, não violenta nenhuma consciência; diz o que é e espera que a ele venham. Todo o ruído feito em seu redor é obra de seus adversários; atacaram-no, ele teve que se defender, mas sempre o fez com calma, moderação e só pelo raciocínio; jamais se afastou da dignidade que é própria de toda causa que tem consciência de sua força moral; jamais usou de represálias, pagando injúria por injúria, maus procedimentos por maus procedimentos. Hão de concordar que este não é o caráter ordinário dos partidos.” Foi dito na assembleia francesa que “não havia senão bobos que fossem espíritas”, ao que o presidente respondeu que “os bobos também

podiam formar partido”. Mas Kardec refutou: “Ninguém ignora que hoje os espíritas se contam por milhões e que altas notabilidades simpatizam com suas crenças; então a gente pode admirar-se que um epíteto tão pouco cortês e tão generalizado tenha saído daquele ambiente, dirigido a uma parte da população, sem que o autor tenha refletido até onde ele atingia.” Sem se abalar, Kardec dirigiu-se aos espíritas nesses termos:

“Longe de se inquietarem com esses incidentes, os espíritas devem alegrar-se; esta manifestação hostil não podia produzir-se em circunstâncias mais favoráveis, e a doutrina assim receberá, na certa, um novo e salutar impulso, como tem acontecido em todos os erguimentos de escudos, de que ela tem sido objeto. Quanto mais repercussão têm esses ataques, mais proveitosos. Dia virá em que se transformarão em aprovações abertas.” r

Divaldo também fará palestras em outras cidades da região. Sugerimos buscar informações.


Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT Outubro de 2018

REMETENTE: Instituto Cairbar Schutel. Caixa postal 2013 15997-970 - Matão-SP

Desarmamento Quem verdadeiramente conhece Jesus desarma-se para sempre Rogério Coelho

rcoelho47@yahoo.com.br

(...) e Sua voz tirou-me a espada da mão.” - Judá Ben-Hur

A violência tem sido a nódoa maior na História da humanidade desde os seus começos até os dias de hoje, com largas e tristes perspectivas de avançar ainda pelo porvir... O homem, sempre apoucado em seu entendimento, ainda não analisou em profundidade os ensinamentos de Jesus, trazendo-os do discurso para o curso de suas vidas.

Ainda agora, em pleno “coração do Mundo e pátria do Evangelho” (!?!) fala-se em institucionalizar a pena de morte e o aborto, esquecendo-se todos que muitos inocentes já foram condenados à pena máxima, incluindo-se aí o próprio Cristo. A violência estruge no coração do homem que ainda não albergou na intimidade do seu ser a essência dos postulados cristãos. Ela (a violência) se expressa em vários níveis, em nuanças mil: existe a violência doméstica, a violência urbana, a autoviolência, etc...

No lar, ela se manifesta nas explosões de impaciências, corolários de convivências desgastadas pelo tempo; na sociedade ela se expressa na área da intolerância e egoísmos avassaladores, infelicitando sempre. Já a autoviolência mostra-se nos seguintes vícios evitáveis: alcoolismo, tabagismo, drogas alucinógenas, sexo destrambelhado, etc... Esse quadro desolador deixará de existir a partir do momento em que a Doutrina Espírita - revivescendo a mensagem do Meigo Rabi - atingir o seu zênite e ocupar o seu espaço na sociedade, nas

mentes e corações humanos e for realmente praticada. Quem verdadeiramente conhece Jesus, desarma-se para todo o sempre! Sua voz ainda soa na acústica dos séculos, mudando vidas, ampliando horizontes... Por isso, não ficamos surpresos com a declaração de Judá Ben-Hur1 quando, ao ouvir a doce modulação do Verbo Divino nos lábios do Mestre, em Suas derradeiras frases no Gólgota, suplicando o perdão do Pai para os Seus algozes, sentiu-se desarmar, emancipando-se do estado de revolta, beligerância e desassossego em que vivia, afirmando para Ester, sua noiva: “sua voz tirou-me a espada da mão.” Em Sua paciência e Amor Infinitos, Ele espera que nos desarmemos todos, passando a viver sob o pálio da Lei Maior: “amar ao próximo como a nós mesmos.” Quando pessoas que se dizem Espíritas vivem esgrimindo o azorrague da intolerância e da incompreensão no dorso de seus irmãos, perguntamos: será que já “ouviram” na acústica da Alma a Voz de Jesus?!... r 1. Personagem judeu, rico e influente que viveu na época de Jesus, presenciando a Sua crucificação.


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