Tribuna do Espiritismo - janeiro de 2019

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ÓRGÃO MENSAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA PARA TODO O BRASIL • JANEIRO DE 2019 • ANO 6 • Nº 64 • 8.500 EXEMPLARES • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.institutocairbarschutel.org – www.associacaochicoxavier.com.br

Roda de conversa reúne palestrantes Araraquara, Jaboticabal e Matão sediam debates. Veja programas completos na página 5.

Em Araraquara

Em Jaboticabal e Matão

“Espiritismo no século 21”

“Vencendo aflições com um novo modo de ver” Orson Peter Carrara (Matão-SP)

Tatto Savi (Bauru-SP)

Marco Milani (São Paulo-SP)

José Antônio da Cruz André Luiz Sobreiro

(Catanduva-SP)

(Severínia-SP)

Otaciro Rangel (São Carlos-SP)

Ary Dourado (Catanduva-SP)

EAC 2019

Edições anteriores e tiragem mensal

Rádio do Chico

Veja na última página a identidade visual, já com tema definido, do Encontro Anual Cairbar Schutel 2019, a ocorrer em setembro.

Todas as edições anteriores do TRIBUNA DO ESPIRITISMO, desde setembro de 2013, estão disponíveis virtualmente. Acesse www.tribunadoespiritismo.org A partir das próximas edições retornaremos gradativamente à tiragem habitual.

Basta acessar www. radiodochico.com.br para ouvir e conhecer a emissora virtual da Associação Chico Xavier.

Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT

Remetente: INSTITUTO CAIRBAR SCHUTEL Cx. Postal 2013 – 15997-970 – Matão-SP.


Janeiro de 2019

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Editorial

Ano que começa

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ucedem-se os desafios de crescimento intelecto-moral para todos nós, habitantes de um planeta ainda em estágio que requer muito esforço de seus habitantes para alcançar degrau melhor de bem-estar moral. Do ponto de vista físico, estamos acelerados, mas ainda devedores da construção de serenidade na convivência. Como espíritas, já detentores de uma visão ampliada da questão evolutiva, a responsabilidade é ainda maior nesse processo todo. A vivência espírita, todavia, é fator determinante, requerendo exemplos no comportamento e no comprometimento com as grandes ou pequenas causas humanitárias. Inclusive a imprensa espírita também tem este papel. Daí a tarefa dos jornais, boletins, periódicos ou divulgação virtual que todos nos envolvemos, igualmente com responsabilidade duplicada no que produzimos. Em 2019 temos várias efemérides significativas para reforçar esse caráter libertador do Espiritismo em biografias e fatos marcantes. Estejamos juntos neste esforço cooperativo de conhecimento e vivência. r

A igualdade das diferenças Fabricio Zafalon fabzafa@gmail.com

O que te pareces teu igual??? Um outro diferente de ti!!!

Seguindo por caminhos diferentes, Ambos se encontraram no destino.

Não há igualdade no reflexo, Pois quando se olha quem te cercas, Observa espelhos côncavos, Onde toda a luz converge para o ego.

Assim tua caridade não está no que oferece, Mas, no que recebe e te transforma. Tal como a luz que se irradia da Lua, E vivifica a alma e não o corpo.

O teu próximo nunca está próximo, Entretanto, caminha a par contigo,

A busca pela igualdade, Se vale de muitas ações desiguais, Restaurando a unicidade humana, Chega-se a diversidade equitativa, Onde todos são únicos, mas não diferentes!!! A diferença de riquezas, A diferença no corpo, A diferença na moral, A diferença na fé,

Não geram diferença para o Pai que a todos acolhe com justiça e paz. Não seja indiferente a teu distante próximo, Se achegue e receba o que te ofertas. Confia no que te fala o Amor, E lance as sementes da fraternidade, Que germinam na pobreza, Crescem nos vales do abandono, Florescem na discriminação, E frutificam no teu coração!!! Ama-te!!! Mas, antes se encontre no teu Deus, Para ver-te, No próximo!!! r


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A força do exemplo Leia o relato das duas irmãs, na mesma faixa etária Marcus De Mario

marcusdemario@gmail.com

R

ecebemos de um querido amigo relato bastante significativo sobre os resultados da educação através do exemplo, força contagiante tanto para o bem quanto para o mal, principalmente quando o fato se dá na infância, pois sabemos que nessa fase da vida o espírito reencarnante está mais propício, mais aberto para receber as influências dos encarregados de sua orientação, assim como as influências dos amigos na escola, das mídias sociais como a televisão, internet e outras, enfim, das influências de toda ordem sobre seu caráter em desenvolvimento. Nosso amigo é casado e tem uma filha atualmente com quatro para cinco anos de idade, revelando-se desde o berço um espírito propenso ao bem, dócil e receptivo aos esforços de sua educação. Por circunstâncias da

(...) essa naturalidade do período infantil deve ser acompanhada atentamente, pois exemplos negativos não faltam, e pais e responsáveis não podem se omitir diante do que está acontecendo, pois são responsáveis, exercem sagrada missão de educar as novas gerações, respondendo perante a lei divina se descurarem dessa tarefa

vida, ele e esposa receberam a missão de criar e educar outra menina, que acolheram com todo amor, na mesma faixa etária, mas de caráter bem contrário à filha: geniosa, respondona, muitas vezes malcriada e criadora de mentiras. Ambas as meninas frequentam a escola de educação infantil e convivem há aproximadamente um ano, e nosso amigo, assim como sua esposa, tem notado significativa mudança de comportamento por parte da filha que, de bondosa e obediente, passou a ser irrequieta, malcriada, imitadora do comportamento da outra menina, que parece exercer sobre ela uma forte influência. Como podemos perceber, o exemplo é poderosa força incidindo sobre a formação do caráter, pois somos todos, neste mundo, ainda espíritos imperfeitos. No caso em estudo, a influência é negativa, alterando o comportamento da criança, cujo caráter não está suficientemente desenvolvido para não se deixar contagiar pelo caráter e comportamento de sua nova amiga. Este relato é uma grave advertência aos pais e responsáveis, que devem ser atentos observadores de seus filhos, sabendo intervir nas horas necessárias, reforçando as boas tendências de um filho, e corrigindo

as más tendências de outro filho, sempre que necessário. É natural, dizem os especialistas, que a criança queira imitar outra, que se deixe influenciar por um irmão ou por um amigo da escola, ou mesmo por alguém da mídia através do acesso a vídeos na internet ou programas televisivos. Entretanto, essa naturalidade do período infantil deve ser acompanhada atentamente, pois exemplos negativos não faltam, e pais e responsáveis não podem se omitir diante do que está acontecendo, pois são responsáveis, exercem sagrada missão de educar as novas gerações, respondendo perante a lei divina se descurarem dessa tarefa. Lamentavelmente muitos pais não tem noção mais profunda do que seja educação, assim sendo permissivos e deixando os filhos à mercê das tendências negativas de caráter que já trazem, tendências essas que acabam ganhando reforço com a convivência humana na coletividade. Com essa constatação, reforçamos a necessidade do Centro Espírita ser um núcleo dinâmico, integrando a criança, o jovem e o adulto, para que a família se sinta amparada e orientada pelas luzes da Doutrina Espírita, quando então poderá não apenas

realizar periodicamente a reunião do evangelho no lar, mas terá condições de vivenciar os princípios espíritas-cristãos. A educação no lar é fundamental, pois a escola não pode e nem deve substituir a família, e sim dar as mãos a ela, num trabalho integrado, quando se poderá de forma mais equilibrada realizar o desenvolvimento cognitivo e afetivo da criança que, repetimos, é um espírito reencarnado. E, claro, deve a família, por sua vez, participar da escola, pois o processo ensino-aprendizagem das novas gerações é do interesse de todos. Um dia veremos na família e na escola o aprendizado e a vivência dos ensinos do maior de todos os Mestres, aquele que é incomparável: Jesus. Nesse dia o bem e o amor, a caridade e a solidariedade, a ética e as virtudes, serão os fundamentos da educação, e não haverá quem resista à força da influência das lições do Evangelho, ainda mais se esclarecidas pela fé raciocinada, imortalidade da alma e continuidade da vida que o Espiritismo nos traz. Sejam os seus bons exemplos – pai, mãe, responsável – o alicerce da educação de seus filhos, para que o amanhã possa espelhar um mundo muito melhor. r

Para a evangelização no centro espírita Na perspectiva da família, e não apenas da criança e do jovem, está disponível, gratuitamente, o Projeto Educação

do Espírito, formado por dois livros digitais que devem ser lidos e estudados. Se você é evangelizador ou dirigente da

evangelização no Centro Espírita, solicite o projeto enviando e-mail para marcusdemario@ gmail.com.


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Dos desvios e distorções doutrinárias O compromisso maior é com a renovação moral Orson Peter Carrara

orsonpeter92@gmail.com

H

á que se dedicar muito cuidado e atenção na prática cotidiana da programação de nossas instituições espíritas. O compromisso do adepto espírita é com o Espiritismo. E Espiritismo está claramente definido nas obras básicas de Allan Kardec. As inclusões indevidas, práticas que distorcem, inovações oriundas de nossas distrações doutrinárias e mesmo quando criamos o “nosso espiritismo”, correm por nossa conta e risco, gerando responsabilidades de expressão, face às noções indevidas que podemos estar semeando em pessoas que agora se aproximam da Doutrina Espírita e o conhecem distorcido de suas propostas verdadeiras. O compromisso do Espiritismo é com a renovação moral do ser humano. Totalmente conectado com o Evangelho de Jesus, suas bases visam esclarecer e orientar sobre nossa natureza, origem e destinação como filhos de Deus. Fundamentado em bases racionais e exclusivamente voltado ao crescimento intelecto moral dos filhos de Deus, o Espiritismo dispensa condicionamentos, dependências de qualquer espécie, imposições, exigências e fanatismos que possam ou queiram se impor. Quando se fala em condicionamentos e dependências, há um leque enorme de situações sutis que vamos nos permitindo e que deformam totalmente a genuína prática espírita. Alguém poderia perguntar: mas qual ou quais? Relacione uma ou mais. Não há necessidade de citar, discriminar ou criar outros perigosos caminhos que são os do preconceito ou do orgulho ferido e mesmo possíveis imposições ou críticas que não cabem.

A resposta é fácil. O Espiritismo possui e oferece ferramentas úteis e precisas para se evitar condicionamentos e dependências. Basta que perguntemos a nós mesmos: o que espero ou faço do Espiritismo? Como dirigente, palestrante, escritor ou colaborador/tarefeiro em qualquer área de atividade nas instituições – pois que não há qualquer atividade que seja mais importante ou mereça qualquer destaque, já que somos todos meros aprendizes –, como estou me portando? Aprisiono ou liberto e motivo as pessoas? Uso ameaças, chantagem e imponho minhas ideias e vontades como as únicas corretas? Sou daqueles que recriminam e acusam, desprezam ou não desmerecem o esforço alheio? Não é preciso continuar. Muitas outras situações podem ser incluídas. Com tais posturas, onde vão se incluir os desdobramentos próprios do orgulho, da vontade de dominar, da vaidade e da prepotência, geram os problemas que aí estão, esperando nossa submissão à realidade do que realmente somos: todos meros aprendizes. O pior de tudo isso é que deixamos que nossas tendências introduzam práticas estranhas ao Espiritismo na prática cotidiana dos Centros, como as atuais novidades incoerentes com a genuína prática espírita. Quais são as novidades? Novamente não é nem preciso citar. Basta observar com atenção! Os desvios surgem e as novidades aparecem quando esquecemos a prioridade do Espiritismo: nossa melhora e progresso moral. E a orientação desse programa está claramente nas obras básicas, que esquecemos de consultar, de

estudar, refletir e divulgar. E principalmente de fazê-la amplamente compreensível, em suas riquezas, para aqueles que se aproximam – sedentos por entender – e são bombardeados com condicionamentos que, ao invés de libertarem, aprisionam e repetem os mesmos equívocos da história bem conhecida, ao longo do tempo. É nosso dever respeitar o Espiritismo! É nosso dever transmitir Espiritismo com fidelidade. Muitas

PÁGINA 4 pessoas que agora se aproximam do Espiritismo não trazem uma formação anterior que lhes facilite entender os fundamentos do Espiritismo e estes precisam ser explicados, comentados, exemplificados com clareza. E, infelizmente, diante de tanta grandeza moral à disposição para cumprir sua justa finalidade, ficamos usando nosso tempo, recursos e inteligência para finalidades absolutamente distantes da genuína prática espírita que não é outra senão a caridade, em sua ampla abrangência, que não se restringe à doação de coisas, mas à doação de nós mesmos na gentileza, na sensibilidade, na atenção, no estender das mãos, no trabalho em favor do bem geral etc., etc. Abramos os olhos. Nossa responsabilidade é enorme. E nossa fragilidade também... r


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Jaboticabal e Matão sediam debate sobre aflições Roda de conversa reúne quatro palestrantes Tema central: Vencendo aflições com um novo Modo de ver Data: 16 e 17 de fevereiro de 2019 (sábado e domingo) • Em Jaboticabal: 16 de fevereiro, sábado, das 14 às 17h Local: C. E. Universal – Av. José da Costa, 1.119 Foco do debate: Desemprego, violência urbana e os desafios sociais da atualidade

• Em Matão: 16 de fevereiro, sábado, às 20h Local: C. E. Cairbar Schutel – Av. Saldanha da Gama, 748 Foco do debate: Enfermidades, suas causas, desafios e desdobramentos

• Em Matão: 17 de fevereiro, domingo Local: C. E. Nosso Lar – Rua Leonilda Francisco Persiguelli, 392, às 9 horas Foco do debate: Dificuldades de relacionamento e pacificação interior Local: C. E. Allan Kardec – Av. Trolesi, 2.349, às 20 horas Foco do debate: Medo, inibição, desequilíbrios psicológicos e caminhos para serenidade

• Debatedores: André Luiz Sobreiro (Severínia-SP) Ary Dourado e José Antônio da Cruz (Catanduva-SP) e Orson Peter Carrara (Matão-SP).

Em Araraquara: Evento comemora 73 anos da União Espírita Paschoal Grossi


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Fraquejar? Nem pensar... Levanta-se, toma o arado e avança Vladimir Polízio polizio@terra.com.br

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arado, essa rude máquina do campo que, quando arrastada sobre a terra, nela provoca sulcos profundos com suas afiadas e pontiagudas lâminas de aço, é empregada com ênfase por Jesus, em seu evangelho. Destaca o Senhor que o arado assemelha-se ao homem, em sentido figurado, no que diz respeito à seriedade dos compromissos que a vida destina a cada caminheiro. E não deixa de ser uma verdade interessante, porque na medida em que se absorvem novos conhecimentos, igualmente crescem as responsabilidades das pessoas. Enquanto o arado, através da força física animal, desliza sobre a terra arroteando a rudeza do chão, tornando-o macio para receber as sementes e os fertilizantes naturais, os quais, somando-se à água e o carinho do lavrador, vão brotar e desenvolver-se, o homem, com seu empenho, dedicação e amor, também cultivará em seu tempo de plantio, as boas sementes que lhe trarão os resultados benéficos. Dessa forma temos então aquela observação que o Mestre faz aos que querem mudanças, concitando todo aquele que manifesta sua vontade de reformar-se. “Vem, vem comigo. Mas, se puseres a mão no arado não olhe para trás; avança no trato da terra bruta, sem vacilar e receberás a recompensa.” Sim, tem pleno sentido, porque vacilar significa dúvida, incerteza; olhar para trás poderá expressar indícios de arrependimento diante da decisão tomada ou mesmo

saudade de algo que fica, que está sendo deixado, e isso não é um bom sinal. Pela amostragem no mundo, percebemos que nem todos buscam o aperfeiçoamento moral. Cada um, na sua sagrada individualidade, caminha muitas vezes sofregamente em chão pedregoso, amargurando momentos em que é envolvido por dores e sofrimentos que se manifestam no fundo da alma, com aflitivos resultados no campo do sentimento. Encontram-se também em trânsito conosco aqueles que, embora sem acreditar ainda na presença divina e nas forças do Universo, procuram corrigir-se em suas maneiras e prosseguem na busca do conhecimento, por não terem ainda encontrado a solução adequada aos seus enigmas, que não são poucos. Há, ainda, aqueles outros que pouco se importam com a vida e passam por ela sem se despertar, envolvidos que estão no agressivo, cruel e inóspito submundo e nada se importando com a Lei do retorno. Por considerarem esta existência como única, aproveitam-na da forma e maneira como bem a entendem, sem qualquer princípio de decência. É sabido que nem todos acordarão para esse sentimento enquanto estiverem aqui, a caminho. Levam em conta essa condição e permitem que a vida passe sem que se acrescente algo de bom e útil no curso da existência enquanto se acham a caminho. Aqueles que assim passarem para o outro lado da vida, terão então

a oportunidade de constatar que não compreenderam a mensagem de Jesus. Porém, os que estiverem atentos, vigilantes e seguros de si, certamente poderão dizer ainda entre nós, sem que tenham de esforçar-se para isso: “Hoje, estou em outro caminho!” Quanto a nós, diremos: Bendito aquele que reconhece essa necessidade. Já os benfeitores do outro lado afi rmam: “Os anjos choram de júbilo nas regiões celestes, quando um coração sofredor se levanta do abismo”. O homem que traz firmeza em seus atos, em seus propósitos, não teme as mudanças conclamadas pelo sentimento; pelo contrário, olha para frente e avança, resoluto, com seus passos fortes e decididos na busca de seus objetivos, de seus ideais, sabendo

racionalmente o que realmente quer. Mas, quando a dúvida se instala num momento de decisão é porque falta ainda amadurecimento no assunto. Vale lembrar a posição de Leon Denis (1846-1927), o Apóstolo do Espiritismo, que assim define o que possui personalidade de vencedor: “Quem sabe onde vai pisa firme e imprime a seus atos um impulso vigoroso”. E, de nossa parte, reforçamos que o hoje pode ser agora, neste preciso momento. Reflita seriamente sobre este assunto. Se você pressente a necessidade de mudanças em sua vida e ouviu o chamamento de Jesus através da voz silenciosa da intuição, não vacile. Levanta-se, toma o arado e avança. Fraquejar? Nem pensar. r

Livre-arbítrio ou fatalidade? 128. Tem o homem o livre-ar- uma enfermidade, loucura, embítrio, ou está sujeito à fatalidade? briaguez ou idiotismo, perde acidentalmente essa faculdade, é Se a conduta do homem fosse lastimado ou desprezado. O materialista que faz tosujeita à fatalidade, não haveria para ele nem responsabilidade das as faculdades morais e do mal, nem mérito do bem que intelectuais dependerem do pratica. Toda punição seria uma organismo, reduz o homem ao injustiça, toda recompensa um estado de máquina, sem livrecontrassenso. O livre-arbítrio do -arbítrio e, por consequência, homem é uma consequência da sem responsabilidade do mal e Justiça de Deus, é o atributo que sem mérito do bem que pratica. a divindade imprime àquele e o ( Ver Revista Espírita, março eleva acima de todas as outras de 1861, A cabeça de Garibaldi; criaturas. É isto tão real que a Idem, abril de 1862, Frenologia estima dos homens, uns pelos espiritualista e espírita.) outros, baseia-se na admissão - Trecho do livro “O que é o espiritismo”, desse livre-arbítrio; quem, por capítulo III – Allan Kardec


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O jardim e o jardineiro Sementes de esperanças e consolações! Maroisa Baio

maroisafpb@gmail.com

A

Galileia, cujo significado é jardim fechado, localizava-se ao norte de Israel. Era delimitada a leste pelo grande Lago de Genesaré, a oeste pelo Mar Mediterrâneo, ao sul até o vale do Rio Jordão e ao norte pelo Líbano até o Monte Hermon. Fértil pela fartura de água, tornou-se região agrícola, destacando-se o cultivo de frutas e cereais, a criação de rebanhos e a atividade pesqueira. Não é plana e seus montes não são tão elevados. Atualmente, devido às suas características geográficas e climáticas, e por sua importância bíblica, tornou-se região de intenso turismo. O grande lago de água doce, também conhecido como Mar da Galileia ou Tiberíades, é extenso, com largura máxima de 13 km e comprimento máximo de 19 km. Seu nome em hebraico é Kinneret, que significa harpa, pois seu formato se assemelha a esse

instrumento musical. Podemos dizer que foi sobre as águas desse lago que Jesus dedilhou o cântico sublime de Seu Evangelho! Ao tempo de Jesus destacavam-se algumas localidades como Cafarnaum, Betsaida, Naim, Nazaré, Tiberíades, Dalmanuta, Tabgha, Caná, o Monte Tabor, o Rio Jordão. Por suas características, essa região era habitada por pessoas simples, afeitas à vida no campo, aos cuidados com o rebanho e à atividade pesqueira, não desperdiçando o tempo com polêmicas religiosas e políticas. Foi nesse cenário de natureza exuberante que o Jardineiro Divino lavrou o coração sofrido daquela gente, espalhando sementes de esperanças e consolações, esparzindo o perfume de Seu Evangelho ao longo dos caminhos. O ministério de Jesus realizou-se quase que totalmente nessa região. Foi na Galileia que Ele promoveu inúmeras curas, con-

forme relatam os evangelistas. Foi também o palco da transformação da água em vinho, a multiplicação dos pães e peixes, da transfiguração no Tabor, do batismo nas águas do Jordão e o mais notável de todos os seus sermões: o sermão do monte, como ficou conhecido. Esse sermão pode ser considerado como o sermão das exortações e consolações, pela alta carga de

É como se todo o Seu Coração transbordasse compaixão e piedade a tantos sofredores que se colocavam aos seus pés para ouvi-Lo, encorajando-os a persistirem, confiantes e esperançosos nas promessas divinas, apesar de todo sofrimento que o domínio romano infligia ao povo

conforto e esclarecimento espiritual que Jesus transmitia aos Seus ouvintes. É como se todo o Seu Coração transbordasse compaixão e piedade a tantos sofredores que se colocavam aos seus pés para ouvi-Lo, encorajando-os a persistirem, confiantes e esperançosos nas promessas divinas, apesar de todo sofrimento que o domínio romano infligia ao povo. É como se Jesus dissesse a eles: eu sei quanto vocês sofrem e é por isso que estou aqui, para confortá-los e encorajá-los, para que possam, no futuro, alcançar a promessa divina da bem-aventurança! Quando entardecia, após o trabalho no campo ou na pesca, após os afazeres domésticos, Jesus se dirigia para uma pequena elevação, o Monte Carnei Hitin, um pequeno monte no formato de cifre, localizado entre Cafarnaum e Tabgha, onde era possível ser avistado por todos e, ao som das aves que buscavam seus ninhos para se abrigarem da noite e com a brisa perfumada dos campos, Ele iniciava o seu cântico de consolações! Esses discursos compõem o Sermão do Monte, registrado no Evangelho de Mateus, capítulos 5, 6 e 7, iniciando com as bem-aventuranças. Ao longo desse ano de 2019, a convite do amigo Orson P. Carrara, trataremos das bem-aventuranças. Para tanto, convidamos você, amigo leitor, para nos acompanhar em mais essa oportunidade de aprendizado em torno dos ensinamentos de Jesus, rogando a Ele o Seu amparo, para que nos transformemos, na seara da vida, seja onde for, em singelo canteiro de trabalho, a bendizer-Lhe a luz e a florescer em amor! r


Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT Janeiro de 2019

REMETENTE: Instituto Cairbar Schutel. Caixa postal 2013 15997-970 - Matão-SP

Pena de morte A supressão da pena de morte assinalará um progresso da humanidade

pena de morte é um retrocesso. Matando um criminoso, a violência da lei iguala-se à violência dos assassinos.” — Dep. José Carlos Saboia.

pensar que desta forma igualam-se à violência do mesmo. Allan Kardec aborda este tema ao interrogar os Espíritos Superiores através das questões 760 a 765

completamente abolida da Terra. É preciso abrir e não fechar ao criminoso a porta do arrependimento... “Muito engano tem havido na interpretação das palavras de Jesus, e Suas palavras: ‘quem matou pela espada, pela espada perecerá’ não consagram a pena de talião, porque

É tranquilizador saber que um político pensa deste modo, resgatando assim a sua própria classe manchada pelo ímpeto proselitista dos apologistas da pena de morte. Entendemos que criaturas favoráveis a tal descalabro são as reencarnações dos carrascos de todos os tempos ainda sedentos de sangue humano... Vez por outra os repórteres surpreendem um levante popular no qual pessoas normais – paradoxalmente – se transformam em alimárias irracionais que depredam tudo que encontram pela frente quando surge algum obstáculo para impedir o linchamento de um criminoso preso. Em sua insânia e desbordamentos, não param para

de “O Livro dos Espíritos”, obtendo os seguintes esclarecimentos: “a supressão da pena de morte assinalará um progresso da humanidade. Quando os homens estiverem mais esclarecidos, a pena se morte será

tal pena é a justiça de Deus. Não cabe ao homem tomar a justiça em suas mãos. “Aquele que foi causa de sofrimento para seus semelhantes virá a achar-se numa condição em que

Rogério Coelho

rcoelho47@yahoo.com.br

“A

sofrerá o que tenha feito sofrer. Este sim, é que é o real sentido das palavras de Jesus. “A pena de morte é um crime, quando aplicada em nome de Deus, e os que a impõem se sobrecarregam de outros tantos assassínios.” Eis o que foi transcrito por Amália Domingo Soler das “Memórias do Padre Germano”: “a lei da vida é lei de progresso não de destruição. Amar todo ser que nasce, desde a florzinha do campo, até uma criança que chora ao nascer, para despertar o sentimento de compaixão, é obedecer ao mandato divino. “Amar é viver, viver é sentir e querer; e todo aquele que mata, ainda que a isso induzam diversas circunstâncias, criminoso é, porque se opõe às Leis de Deus.” A pena de morte é, pois, tão somente um crime institucionalizado com foros de legalidade que não passa de frontal contravenção às Leis Divinas e que rebaixa o Estado ao patamar do criminoso em seu desbordamento furibundo e assassino. r


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