Tribuna do Espiritismo - fevereiro de 2019

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ÓRGÃO MENSAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA PARA TODO O BRASIL • FEVEREIRO DE 2019 • ANO 6 • Nº 65 • 13.000 EXEMPLARES • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.institutocairbarschutel.org – www.associacaochicoxavier.com.br

Seriedade com as tarefas. Direitos e Deveres. Como equilibrar? Ausências, atrasos, compromissos, comprometimento... Veja excelentes abordagens – Páginas 4 e 6

Bem-aventuranças

Campinas, Jundiaí e Rio Preto em evidência Autismo

Maroísa Baio apresenta toda sua inspiração e lucidez em nova abordagem sobre o Sermão da Montanha.

Iniciativas virtuais valorizam a divulgação espírita, investem na cultura e motivam leitor ao conhecimento. Conheça os trabalhos do Jornal de Estudos Espíritas, do Centro Espírita A Caminho da Luz e do Evangelho Virtual.

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Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT

Páginas 7 e 8 Remetente: INSTITUTO CAIRBAR SCHUTEL Cx. Postal 2013 – 15997-970 – Matão-SP.

Compacto de entrevista com Mara Gabas, de Catanduva, em notável iniciativa em favor dessa causa. Página 2


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Editorial

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Mês ativo

evereiro assinala a fundação da Revista Internacional de Espiritismo, por Cairbar Schutel, em 1925. São 94 anos de circulação. Em pouco tempo será centenária, um marco para o movimento espírita. Seu fundador deixou extenso legado que tem sido valorizado com vigor. Agora em fevereiro, nos dias 16 e 17, quatro palestrantes debatem tema ligado a duas obras editadas pela editora que fundou. A edição atual traz importante abordagem sobre comprometimento com a atividade espírita, que muito recomendamos aos leitores. Nesta mesma página, o leitor pode conhecer trabalho notável desenvolvido na vizinha Catanduva e voltado aos autistas, numa iniciativa brilhante em que todos igualmente podemos ajudar. Desfrute, pois, leitor, da presente edição, que pedimos igualmente distribuir, comentar, estimular sua leitura, pois isso vai ajudar muita gente. Gradativamente o jornal retorna à tiragem normal. Contamos com sua ajuda para que ele continue a circular gratuitamente. r

Um olhar para o autista Transcrição parcial de entrevista ainda inédita com Mara Ferreira de Camargo Gabas Pereira Orson Peter Carrara

orsonpeter92@gmail.com

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ara é natural de Catanduva, onde reside, é Bacharel em Direito e Jornalista. Mãe de uma criança autista, nossa entrevistada juntou forças com outras mães e fundou o PROJETO CORUJAS DO BEM, voltada para esse atendimento. As atividades desenvolvem-se no

Núcleo Educacional Espírita Joanna de Ângelis, naquela cidade. Apresentamos trechos parciais do texto integral a ser publicado pela revista eletrônica O Consolador. 1 - Quando e como surgiu o PROJETO CORUJAS DO BEM? Meu filho mais novo, Rafael, de 10 anos é autista, e sempre comento dele em meus programas de rádio. Então pude diagnosticar muitas crianças que estavam em casa sem tratamento. Ajudava com terapias, mas não eram adequadas. Surgiu o sonho de ter uma escola de autistas que fosse TOP. E de graça. Um dia me visitando na emissora de rádio, Angelica Cacciari – do Nucleo Joanna de Angelis em Catanduva -, soube de meu sonho, e a escola da sua família, que estava parada no período da tarde, foi a mim doada. 2 - Onde está situado? Pode ser visitado? E quais os dias e horários? Rua Igarapava, 294, Jardim Alpino em Catanduva-SP. Na escola espírita Divaldo Pereira Franco, atrás do centro espírita Joanna de Angelis. Pode ser visitado de segunda a sexta das 13 às 17 horas. (...) 6 - De sua experiência materna e também no CORUJAS DO BEM, o que você pode dizer atualmente às mães com filhos autistas? É muito difícil. Tem que ter muito amor, paciência e renúncia.

PÁGINA 2 É uma dedicação exclusiva, ensinando todos os dias a mesma coisa, e às vezes sem progresso. Temos de comemorar bastante pequenas melhoras, como uma grande vitória. Um dia de cada vez. Rafael é não verbal, e depois do Projeto ele melhorou bastante. Está mais calmo, entendendo mais às ordens. (...) 8 - Como é o atendimento do CORUJAS DO BEM? Gratuito? Como é no dia a dia, em termos de carga horária, etc? É gratuito. Os pais que tem condições financeiras fazem doações. E fazemos muitas ações para pagar as contas: Rifas, feijoada, eventos, palestras. Temos terapia ocupacional em uma sala sensorial (idealizado pro autismo), fono, psicóloga, fisioterapia, educador físico, musicoterapia, aula de culinária, além de toda parte pedagógica. Estivemos nos Estados Unidos, no ano passado visitando algumas escolas de autismo, e vimos alguns métodos que pudemos implantar, (a comunicação por figuras para os não verbais). As crianças entram às 13h e saem às 17h e fazem todas essas terapias. 9 - E para quem quiser colaborar, como deve proceder? Pode entrar em contato comigo ou acessando nosso Facebook ou Instagram. 10 - De suas lembranças na experiência já vivida, qual a mais marcante que gostaria de relatar aos leitores? Acho que é a solidariedade em geral e o apoio ao Projeto. As pessoas se sensibilizam com a ideia e nos ajudam, sempre que possível. 11 - Gostaria de algo acrescentar? Que nosso Projeto sirva de inspiração pra outras mães de autistas de outras cidades, se juntarem e montar uma escola pra seus filhos. É muito gratificante. (...) r Nota de Redação: informações adicionais podem ser obtidas com Mara pelo WhatsApp: 17 99776-2208.


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Educando para o futuro Antes de tudo devemos nos educar Marcus De Mario

marcusdemario@gmail.com

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que devemos fazer para colaborar com a educação das novas gerações visando o futuro? Temos uma resposta única: devemos nos educar para sermos bons exemplos e exercermos autoridade moral sobre crianças e jovens. Sem o exercício constante da autoeducação, desenvolvendo bons hábitos, vivendo de forma ética e colocando em prática as virtudes, podemos fazer todos os sermões, estabelecer todos os castigos, perder a estrutura emocional e o que mais for, e nada disso educará de forma adequada as novas gerações para adultos, sejam homens e mulheres de bem, protagonistas de uma sociedade menos egoísta e mais solidária. Lembremos que ao falarmos em novas gerações estamos falando de espíritos com bagagens ulteriores, trazidas de outras encarnações. Nem sempre essa bagagem intelectual e moral é tranquila, elevada, pelo contrário, em muitas crianças observamos a falta de limites, o egoísmo, a indolência, a preguiça, a desorganização, a maldade. Trazem tendências que não deixam dúvida da necessidade de terem suas más inclinações corrigidas. Mas como fazer a devida correção se não somos bons exemplos? Sabemos de um caso em que o pai trata os filhos como se os mesmos fossem companheiros de copo do botequim da esquina, entre bebidas alcoólicas, palavrões e outros comportamentos e falas não muito agradáveis. O resultado é que os dois filhos já incorporaram

esse comportamento no trato com as pessoas, sejam familiares ou não. Já escrevemos da necessidade do exemplo, de sua força na educação, por isso a necessidade da prática do autoconhecimento que leva à autoeducação, o que levará pais e educadores em geral a estabelecerem de forma natural

Em dias de tantas preocupações com o desenvolvimento cognitivo, com o domínio das tecnologias, com a preparação profissional, precisamos e devemos abrir espaço para a educação da alma, ou do espírito, a começar por nós mesmos, os educadores, pois a eternidade nos aguarda no rol das reencarnações, ou seja, para este mundo, esta sociedade, em nova existência, ainda haveremos de retornar algumas vezes

a autoridade moral sobre crianças e jovens, tão necessitados de limites, de responsabilidades, de saberem se colocar no lugar do outro, a chamada empatia, que tão bem ensinou e exemplificou o Mestre Jesus no episódio da mulher adúltera, ao não julgá-la, pois era preciso entender as circunstâncias daquele resultado em

sua vida, deliberando igualmente as responsabilidades dos envolvidos no caso. Tanto no lar quanto na escola precisamos desenvolver atividades que levem o educando a saber se colocar no lugar do outro, aprendendo a fazer ao outro somente o que gostaria que o outro lhe fizesse. Em dias de tantas preocupações com o desenvolvimento cognitivo, com o domínio das tecnologias, com a preparação profissional, precisamos e devemos abrir espaço para a educação da alma, ou do espírito, a começar por nós mesmos, os educadores, pois a eternidade nos aguarda no rol das reencarnações, ou seja, para este mundo, esta sociedade, em nova existência, ainda haveremos de retornar algumas vezes. A geração do futuro que irá nos recepcionar está conosco aqui e agora, precisando de educação. O que estamos fazendo? Temos esperança de um futuro melhor, mas a esperança não é passiva, aguardando benesses divinas pelas quais não estamos trabalhando. A esperança é ativa, é aliada da fé racional, construindo hoje o amanhã, mesmo que não vejamos com os olhos materiais os resultados desse trabalho. Que legado estamos semeando para o futuro das novas gerações e das próximas, onde poderemos estar inseridos? Com o Espiritismo entendemos que a prioridade é a educação. Que a educação deve trabalhar o essencial: o desenvolvimento moral do espírito imor-

tal. Desenvolvido moralmente ele canalizará a inteligência para o bem. Você terá de nascer de novo, terá de reencarnar, pense nisso! Se não estiver fazendo esforços para sua autoeducação, sua próxima reencarnação poderá significar um recomeço. E se não estiver educando através dos bons exemplos, dos bons hábitos, do exercício da autoridade moral, como serão seus futuros pais? Como estará a sociedade humana que irá lhe abrigar? Educar para o futuro não tem a ver apenas com o preparo das novas gerações, tem a ver com o preparo da sua próxima encarnação e com a realidade da humanidade no amanhã, que é nosso dever não apenas idealizar, mas realizar esforços para sua realidade, ou seja, uma humanidade ética, solidária, fraterna, em paz, enfim, educada. r ****** Para a educação espírita Novos tempos, nova visão pedagógica, novas metodologias. Essa é a proposta do Projeto Educação do Espírito, desenvolvido para aplicação no Centro Espírita. Solicite o projeto gratuitamente enviando e-mail para marcusdemario@ gmail.com. Educação transformadora, ensino humanizado Esse é o trabalho realizado pelo Instituto Brasileiro de Educação Moral junto aos professores, escolas e secretarias de educação. Conheça esse trabalho em www. ibemeduca.com.br.


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Deveres e direitos Onde está o equilíbrio entre ambos? Rogério Miguez rogmig55@gmail.com

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m razão do apego aos rebentos da própria carne, institui a propriedade da faixa de solo em que se lhe encrava a moradia e, atendendo a essa mesma raiz de afetividade, traça a si próprio determinadas regras de conduta [deveres], para que não imponha aos semelhantes ofensas e prejuízos que não deseja receber. [...] Nasce, desse modo, para ele a noção do direito sobre o alicerce das obrigações respeitadas1 Pode-se concluir, desta passagem de André Luiz, ter a noção de dever surgido primeiro do que a do direito, pois, quem fala em regras de conduta e obrigações, fala em deveres. Entretanto, sempre houve uma preocupação exacerbada com os nossos direitos, por acreditarmos na especificação detalhada dos mesmos como solução para encontrar a harmonia, materializando plenamente a justiça dentro do organismo social. Há mesmo uma expressão muito usada em nossas plagas quando o trabalhador se sente prejudicado nas relações de trabalho com o seu patrão: Vou procurar os meus direitos, ameaça! Expressão esta amiúde também

empregada em diversas situações: nas interações com a prestação de serviços, compras mal resolvidas, e tantas outras. Nestas horas, no entanto, raramente nos perguntamos, quando desejamos avidamente procurar os nossos muitos e bem delineados direitos, se fomos cumpridores de nossos humildes e esquecidos deveres? Cumprimos com tudo que de nós era esperado, ou será que não observamos obrigações, desrespeitando os direitos alheios, como consequência, descuidando deste modo do outro lado da moeda? Aliás, falando em moeda, quando o próprio Mestre recomendou a sábia máxima aos maliciosos inquiridores fariseus: “a César o que é de César”, ensinou categoricamente vir em primeiro lugar o dever de dar ao Imperador o que lhe era de direito. Os romanos tiveram a iniciativa de estabelecer muitos direitos para a sua sociedade, todavia, não se tem notícia, desde aquela época, de uma organização de estudos voltada apenas para a compreensão do dever. Teremos algum dia também o curso de Deveres? buscando

igualmente especificar detalhadamente as nossas obrigações, nos conscientizando da necessidade imperiosa de antes de buscar com sofreguidão os nossos direitos, observarmos primeiro se os nossos deveres foram cumpridos? Jesus já nos apontou

a impor tância do dever cumprido quando nos propôs a Parábola do Bom Samaritano, per-

feito cumpridor do próprio dever, ou por outra, superando em muito o esperado, pois não só auxiliou um desconhecido, quanto por ele se responsabilizou após o haver instalado em hospedaria próxima na estrada. Enquanto não nos conscientizarmos de que a vida em sociedade requer a rigorosa observação do cumprimento de nossos deveres, antes de nos aventurarmos a procurar os nossos tão bem delineados direitos, prepararemos muitos Estatutos, formalizaremos inúmeras leis, objetivando defender o direito daqueles que por sua posição mais frágil precisam ser defendidos, contudo, nos frustraremos ainda por longo tempo verificando desiludidos

que mesmo estabelecidos os direitos alheios em todas as suas particularidades e minúcias, estes ainda por muito tempo deixarão de ser respeitados. As leis ainda se destinam àqueles destituídos de justo sentimento e entendimento, não contemplando ser muito mais importante cumprir simplesmente os nossos deveres, ao invés de redigir, criar e lembrar infinitos direitos, porquanto, a noção de Direito não modifica a essência humana, a conscientização do Dever sim. Este tempo chegará à medida de nosso esforço para viver a “Lei do Cristo” e não a “lei de Gérson”: “Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós”, sendo esta a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. Nesta hora então a máxima: Dever cumprido, direito esquecido vigerá conosco eternamente. r 1. XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Evolução em dois Mundos. Pelo Espírito André Luiz. 1. ed. RJ: FEB, 1959. cap. XI, p.80.


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Fardo O peso que alijarmos indebitamente, deverá ser retomado mais à frente Rogério Coelho

rcoelho47@yahoo.com.br

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meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” – Jesus. (Mt., 11:30.)

Certa feita Sócrates disse: “se com todos os nossos infortúnios fosse erguido um único monte de onde cada homem tivesse de retirar igual quinhão, decerto muitos se contentariam em receber a parte que lá puseram”. Conta-se que um homem, inconformado com o peso de sua cruz, solicitou das Potestades Celestes que a mesma fosse substituída por outra, mais leve. Foi-lhe, então, franqueada a escolha. Entrou numa sala cheia de cruzes e selecionou a que lhe pareceu mais leve e cômoda, e, feliz, saiu a percorrer a estrada da evolução... Ao chegar ao cume de um monte, onde podia divisar o Éden, recebeu a orientação para fazer da cruz que portava uma ponte sobre o precipício que o separava do Paraíso. Qual não foi a sua decepção ao verificar que a cruz, sendo muito pequena não se prestava ao desiderato. A cruz que ele abandonara é que possuía

a dimensão exata para transpor o abismo! Não teve alternativa senão regressar e pegar a própria cruz exatamente no ponto em que a havia abandonado.

“Tudo nos é lícito fazer, porém, nem tudo nos convém”, já proclamava não sem razão Paulo de Tarso, o nobre Apóstolo dos

Gentios. Torna-se necessário não nos descoroçoarmos com os percalços sempre atribulados de nossa existência. Tenhamos fé no nosso Pai Celestial e sigamos

desassombradamente, ainda que a duras penas, os alvitres de nosso destino. O peso que alijamos indebitamente fora do tempo, deverá

ser retomado mais à frente, quiçá em situação mais penosa... Nosso Pai Celestial, em Sua infinita bondade e misericórdia, não coloca fardos pesados em ombros fracos e propicia sempre o frio de acordo com o cobertor. Não podemos vacilar ante os testemunhos necessários, por mais dolorosos que se apresentem. Sigamos em frente, com absoluta e irrestrita confiança em Deus e, na mudança sempre constante dos panoramas, haveremos de encontrar o nosso “Céu” e pela nossa paciência, resignação, esperança e fé, venceremos os últimos obstáculos que nos separam da vera felicidade mediante o fiel cumprimento de nossos deveres. r

Aguarde para as próximas edições o programa e a abertura das inscrições.Tema central: Unidos pelo coração!


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Seriedade nas tarefas espíritas Tema sugere reflexão sobre a abnegação Alessandro Viana V. de Paula vianapaula@uol.com.br

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negavelmente, são tempos de transição planetária! Vivemos um período de choque de valores. De um lado existem aqueles que representam o “mal”, consubstanciados no ódio, no desânimo, na indiferença, na intolerância, nas paixões primárias etc. De outro lado temos o “bem”, que se traduz pelo amor, pelo comprometimento nas causas nobres, pelo perdão, pela fraternidade etc. O espírita tem consciência deste momento especial que vivemos e das lutas que ocorrem entre “o bem e o mal”, de forma que deve valorizar as abençoadas tarefas que a Casa Espírita lhe proporciona. Nessas tarefas, tais como, o grupo de estudo, o passe, o atendimento fraterno, o trabalho mediúnico, o serviço voluntário etc., o espírita vai fortalecendo sua fé e seus valores morais, estreitando sintonia com os Espíritos nobres, o que lhe permite enfrentar os desafios existências, nestes tempos de transição, em clima de paz e fidelidade ao Evangelho. Cabe ao espírita valorizar essas tarefas e perceber o quanto elas são importantes para seu aperfeiçoamento espiritual, por

representarem um “compromisso com o bem”, além de outras que surgem ao longo de nossa existência corporal. Allan Kardec, o nobre Codificador, empreendeu diversas viagens a fim de avaliar o movimento espírita e de poder ser útil aos adeptos, esclarecendo-os e incentivando-os, e fez questão de destacar aos espíritas de Bruxelas e Antuérpia, no ano de 1864, a importância dos adeptos que atuam pela causa com coragem, perseverança, abnegação e desinteresse (Revista Espírita de novembro de 1864). Nestes tempos atuais, em que notamos, infelizmente, a falta de comprometimento de alguns espíritas com as tarefas assumidas, vale a pena refletir sobre a virtude da abnegação destacada por Allan Kardec. Vemos trabalhadores espíritas que chegam atrasados com frequência; que abandonam a tarefa; que estão nas tarefas do passe ou em outras, sem que estejam frequentando um grupo de estudo, ou seja, querem servir sem qualificarem-se; que realizam as tarefas de forma rotineira, deixando transparecer a falta de alegria no que execu-

tam; que faltam com frequência, deixando-se serem vencidos pelo cansaço, pelo desânimo ou pela falta de comprometimento. São diversos os contratempos que podem surgir, mas a maioria deles poderia ser superada com abnegação, vigilância e oração. Há compromissos familiares, profissionais e de outras ordens que justificam, ocasionalmente, a falta à tarefa espírita. Perfeitamente compreensível e, se possível, avisar o dirigente com antecedência, porque isso revela responsabilidade. O espírita sabe da influência espiritual negativa, ou seja, que há espíritos inferiores que, encontrando sintonia na desmotivação do trabalhador, o inspirará para as ausências injustificadas. Nesta época de transição, nota-se que essa ação espiritual se intensifica, a recomendar maior cautela e atenção do trabalhador espírita. Claro que há a ação dos nobres benfeitores espirituais, mas a falta de alegria e de comprometimento com a tarefa dificultará suas ações. Temos que reflexionar sobre a benção de trabalharmos na vinha do Senhor nestes tempos difíceis.

Tempos de muitas distrações, consumismos, individualismos, ociosidades e falta de seriedade nos compromissos religiosos e espirituais. Convém trazer à tona o alerta da benfeitora espiritual Joanna de Ângelis, na obra “O Amor Como Solução”, no capítulo “Seriedade no Compromisso”, através da mediunidade de Divaldo Franco, quando ela diz: “Os compromissos de natureza espiritual devem ser aceitos com alta responsabilidade, pelo signif icado de que se constituem[...]Não se podem assumir obrigações espirituais com leviandade ou interesses subalternos[...]Convidado ao banquete da Boa Nova que o Espiritismo ora te propicia, prepara a túnica nupcial, a que se refere a palavra do Senhor, a fim de poderes sentar-te à mesa da cerimônia. Cuida da indumentária dos sentimentos que te revestem o espírito que és, conscientizando-te das graves responsabilidades que te dizem respeito na desincumbência das atividades a que te propões executar.”. Dessa forma, que possamos refletir sobre a seriedade nas tarefas que assumimos na Casa Espírita, realizando-a sempre com profunda alegria e gratidão, até para que não lamentemos depois, nesta vida ou no mundo espiritual, as oportunidades abençoadas que desperdiçamos. Sigamos o exemplo de Allan Kardec, que se dedicou com afinco e abnegação às tarefas assumidas, superando cansaço, ataques pessoais e ao Espiritismo, e outros impedimentos, porque a sua sintonia era com o bem e com o Cristo. r


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Bem-aventuranças: exortações Bom ânimo, coragem, esperança! Avante! Maroísa Baio

maroisafpb@gmail.com

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Sermão do Monte está registrado, na íntegra, no Evangelho de Mateus (capítulos 5 a 7), iniciando com as bem-aventuranças (cap. 5:3-11). Abordadas com frequência nos templos cristãos, por essa razão pouco ou nenhum efeito produzem sobre os ouvintes, habituados aos mesmos comentários, como se nada mais houvesse a acrescentar sobre o tema. Estudiosos se debruçam sobre os textos, procurando destacar seus aspectos culturais e literários. Não é nosso propósito trazer novidades sobre elas, que merecem sempre atenção e estudos aprofundados. O objetivo é procurar, com as possibilidades que o Espiritismo nos oferece, compreender melhor a profundidade dessas palavras de Jesus para que, aos poucos, consigamos colocá-las em prática, sempre mais e melhor, em nossa vida! A primeira questão que se levanta é a seguinte: como pode

alguém considerar-se bem-aventurado por estar sofrendo? Várias vezes nos deparamos com essa pergunta em nossos grupos de estudos e pesquisas do Evangelho. Essa primeira dificuldade na compreensão das bem-aventuranças se deve a problemas de tradução dos Evangelhos do hebraico para o grego. Segundo afirma o Prof. Severino Celestino, em seu livro “O Sermão do Monte”, a palavra utilizada no hebraico, para as bem-aventuranças, é ashrei, cujo significado principal é a marcha, o avançar, o avante do homem na estrada que leva a Deus. Na tradução para o grego, esse termo foi substituído por makárioi, que significa feliz, bem-aventurado. Essa divergência, segundo afirma o professor, foge muito do sentido original hebraico da palavra que, na verdade, não significa felicidade, mas sim, o caminho que leva a ela.

Jornal de Estudos Espíritas O Jornal de Estudos Espíritas adentra seu 7 ano de existência! Até o momento, foram publicados 34 artigos inéditos de pesquisa espírita, 13 artigos reproduzidos e 4 resenhas de livros. O ano de 2019 se inicia e o editorial do Volume 7 do JEE fala sobre “O desafio, a honra e a humildade do pesquisador espírita”. Que desafios são esses? E que honra aguarda os que superam o desafio? E mais: o que a humildade tem a ver com a pesquisa espírita? Leia o editorial acessando o código QR:

Muito antes dessas colocações, no livro “Pão Nosso” (cap. 89), o benfeitor espiritual Emmanuel já se referia às bem-aventuranças como sendo credenciais de acesso à plenitude na vida espiritual, ou seja, um prêmio a ser conquistado e não uma condição a ser vivenciada durante a existência terrena. Essa é também a opinião do Prof. Severino: “Na verdade, Jesus exorta aquela multidão sofrida a seguir adiante, a não desistir, a perseverar, apesar das dificuldades que enfrentavam diante da opressão romana. Isto transforma o Sermão do Monte em um Sermão de Exortações. Coloca aí, Jesus, o bom ânimo, a esperança e a confiança para os que sofrem, apresentando a condição de se caminhar para Deus e, neste caminho ou busca, se conquistar, então, a felicidade. A bem-aventurança será, então, uma colheita, uma consequência da boa plantação realizada durante a nossa existência.” Emmanuel destaca também que muitos não aceitam tais exortações pois exigem sacrifícios

de nossa parte, embora este seja o mais consolador dos sermões de Jesus. Cairbar Schutel, no livro “Parábolas e ensinos de Jesus”, apresenta uma síntese dessas exortações: “Do alto do monte, tomado de tristeza pelas desventuras humanas, o Senhor ensinava às multidões os meios de conquistar com o trabalho por que passavam, o Reino dos Céus. E a todos recomendava resignação na adversidade, mansidão nas lutas da vida, misericórdia no meio da tirania e higiene de coração para que pudessem ver Deus. Nessa autêntica oração, o Senhor já previa que seriam injuriados e perseguidos todos aqueles que, crendo na sua palavra, encontrassem nela o arrimo para suas dores, o lenitivo para seus sofrimentos.” O Evangelho de Mateus apresenta nove bem-aventuranças. A partir de março, trataremos uma a cada mês, buscando destacar as divergências nas traduções e, sobretudo, o encorajamento que proporcionam aos sofredores. r

Livro “Caminho, verdade e vida” em áudio

Inscrições para receber o jornal eletronicamente: jestudosespiritas@gmail.com Acesso à versão digital, pesquise no google: Jornal de Estudos Espíritas – Google Sites.

O conhecido livro de Emmanuel está sendo gravado, capítulo a capítulo, com média de 2 a 3 minutos, e disponibilizado no canal de YouTube do Centro Espírita A Caminho da Luz, de Jundiaí-SP. Na voz do conhecido Rodrigo Miranda, você pode ouvir em casa, no carro, para momentos de suavidade e reflexão.

Acesse:


Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT Fevereiro de 2019

REMETENTE: Instituto Cairbar Schutel. Caixa postal 2013 15997-970 - Matão-SP

Evangelho no Lar virtual Duas opções para acompanhar pelo Facebook e YouTube Redação

institutocairbarschutel@gmail.com

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companhe as lições e comentários de O Evangelho no Lar. Com Oceander Veschi e Stela Onishi (às terças, 7h30 da manhã, ao vivo), nos perfis facebook.com/oceander ou facebook.com/alle.depaula e também pela Rede Amigo Espí-

rita. Os episódios gravados estão disponíveis no YouTube (código QR à esquerda). Igualmente acompanhe Vania Mugnato de Vasconcelos nos episódios gravados e também disponíveis no YouTube. Acesse pelo QR à direita:

Espíritas em Ação 2019 já tem data marcada A segunda edição do evento acontecerá no dia 4 de maio, sábado, em Matão-SP, e contará com os renomados expositores Eulália Bueno, Paula Zamp, Simão Pedro de Lima e Vinícius Lara. Presença confirmada também de Raul Teixeira, que participará de sessão de autógrafos. Promovido pelas casas espíritas de Matão em parceria com a USE Matão, o Espíritas em Ação

teve a sua primeiras edição em 2018, nos dias 4 e 5 de agosto, com a presença de Anete Guimarães, Elizabete Lacerda & Alex Gonçalves, Ala Mitchell e Artur Valadares. Em breve, serão abertas as inscrições. Siga o Espíritas em Ação no Facebook e fique por dentro de todas as novidades: www.facebook. com/espiritasemacao.


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