Tribuna do Espiritismo - dezembro de 2018

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ÓRGÃO MENSAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA PARA TODO O BRASIL • DEZEMBRO DE 2018 • ANO 6 • Nº 63 • 12.000 EXEMPLARES • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.institutocairbarschutel.org – www.associacaochicoxavier.com.br

Afeto e amorosidade Vivemos tempos graves de grande aridez afetiva na convivência humana

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Veja proposta de modificação desse quadro – Página 5

Nosso Lar Matão

O apelo de Cárita

Bullying

Visite o acervo de palestras do C. E. Nosso Lar no YouTube. As palestras foram transmitidas ao vivo e estão disponíveis para visualização.

Cárita é o pseudônimo da cristã Irene, martirizada em Roma, no ano 300 d.C. É a autora da conhecida Prece de Cáritas, ditada na véspera do Natal de dezembro de 1873, pela médium francesa, Sra. Watteville Krell, contemporânea a Kardec.

São oportunas as palavras de Jesus: “aquilo que não desejamos que façam para nós, não façamos aos outros.”

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Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT

Remetente: INSTITUTO CAIRBAR SCHUTEL Cx. Postal 2013 – 15997-970 – Matão-SP.


Dezembro de 2018

Editorial

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Dezembro de gratidão

ndependente das opiniões, dever agora é de união em favor da Pátria, vibrando para que o novo governo recoloque o país nos trilhos, apesar das divergências. Essas são secundárias, pois o que deve prevalecer é o bem comum, coletivo. Dezembro aí está, Natal de novo, lembranças carinhosas e convite renovado ao bem. Deixemo-nos impregnar pelo Celeste Convite do Mestre da Humanidade. Passou 2018, de lutas e alegrias. Em Matão vivemos as emoções de dois marcantes eventos: o ESPIRITAS EM AÇÃO e o EAC, que já se movimentam para 2019. Que bom! Felizmente, apesar do espinhoso momento histórico da humanidade, o conteúdo espírita nos oferece a brisa sólida e palpável da harmonia e da esperança, do conforto que orienta e ilumina os caminhos. Na transição de calendário, porém, nosso abraço ao leitor e especialmente nossa gratidão àqueles que nos ajudam a tornar realidade a edição e circulação mensal do TRIBUNA DO ESPIRITISMO. Feliz Natal! r

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A chave bendita Na troca de farpas, qual o melhor instrumento? Vladimir Polízio polizio@terra.com.br

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muito comum a troca de farpas quando alguém levanta questionamentos pessoais. Quando a conversação começa a criar ambiente agressivo, não convém prosperar com a elevação do tom, de modo a trazer para o ambiente em que se encontre um pesado clima fl uídico, com consequências geralmente desagradáveis. Se temos por dever contornar as dificuldades que encontramos pelos caminhos, necessário se faz a presença da paciência para não nos perdermos durante a resolução desses problemas. Qualquer descontrole poderá agravar os resultados, seja para o momento, seja para o futuro. Não é somente a educação e o respeito que deverão estar presentes nesses instantes em que formos chamados à tomada de decisão, mas, especialmente, o equilíbrio, através da tranquilidade. É normal deixarmos o curso de uma conversação correr à vontade, sem qualquer freio que a reprima, tomando, por descuido, caminhos muitas vezes indesejáveis e trazendo aborrecimentos para ambos os lados. A disciplina comportamental e psíquica, se não estiver naturalmente instalada

no organismo material da pessoa, como ingredientes do espírito que já trouxe consigo esses valores, deve ser cultuada, exercitada, a exemplo do hábito da oração, que aos poucos também deve fazer parte da vida de cada indivíduo, se estiver pretendendo ligar-se a esse maravilhoso Universo, onde oferece a cada um a oportunidade de receber influências vibratórias,

Se aspiras a obter solução adequada às provas que te firam, não te guies pela rota do desespero

tanto dos vivos do lado de cá como do outro lado, principalmente. É Emmanuel quem nos socorre, através da mediunidade de Chico Xavier, com as orientações contidas na mensagem ‘A chave bendita’, sobre o controle de si mesmo: “Efetivamente, muitos são os problemas que nos assediam a existência. Dificuldades que não se esperam, tribulações que nos espancam mentalmente de imprevisto, sofrimentos que se instalam conosco sem que lhes possamos calcular a duração, desajustes que valem por dolorosos constrangimentos. Se aspiras a obter solução adequada às provas que te firam, não te guies pela rota do desespero. Te n s c on t i go u m a c h a ve bendita, a chave da humildade, cunhada no metal puro da paciência. Perante quaisquer trope-

ços da estrada, usa semelhante talento do espírito e alcançarás para logo a equação de harmonia e segurança a que se pretendes chegar. Nada perderás deixando falar alguém com mais autoridade do que aquela de que porventura disponhas; nunca te diminuirás por desistir de uma contenda desnecessária; em coisa alguma te prejudicarás abraçando o silêncio de conceitos deprimentes que te sejam desfechados; não sofrerás prejuízo em te calando nesta ou naquela questão que diga respeito exclusivamente às tuas conveniências e interesses pessoais; grandes lucros no campo íntimo te advirão da serenidade ou da complacência com que aceites desprestígios ou preterição; jamais te arrependerás de abençoar ao invés de reclamar, ainda mesmo em ocorrências que te amarguem as horas, e a simpatia vibrará sempre em teu favor, toda vez que cedas de ti mesmo, a benefício dos outros. Efetuemos os investimentos valiosos de paz e felicidade, suscetíveis de serem capitalizados por nós, através de pequenos gestos de tolerância e bondade e o programa de trabalho a que a vida nos indique ganhará absoluta eficiência de execução. Seja na vida particular ou portas a dentro de casa, no grupo de serviço a que te vinculas ou na grande esfera social em que se te decorre a existência, sempre que te vejas à beira do ressentimento ou revide, rebeldia ou desânimo, nunca te entregues à irritação; tenta a humildade.” r


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Com Jesus para Melhor Educar Ensinos morais do Evangelho estão firmados no código imutável da lei divina Marcus De Mario

marcusdemario@gmail.com

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ncontramos na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu item 1, 1º parágrafo, as seguintes palavras de Allan Kardec: “A parte moral (do Evangelho) exige a reforma de cada um. Para os homens, em particular, é uma regra de conduta, que abrange todas as circunstâncias da vida privada e pública, o princípio de todas as relações sociais fundadas na mais rigorosa justiça. É, por fim, e acima de tudo, o caminho infalível da felicidade a conquistar, uma ponta do véu erguida sobre a vida futura”. Sendo os ensinos de Jesus “uma regra de conduta”, temos então uma Pedagogia do Comportamento definida pelo Mestre em seus ensinamentos e no seu próprio exemplo, motivo pelo qual a base cristã do Espiritismo está exclusivamente assentada sobre a parte moral do Evangelho. Isso não quer dizer que todo espírita seja um “santo”, que em sua existência seja isento de falhas, pois entende o Espiritismo que todo homem é um espírito reencarnado em determinado grau de progresso na senda da evolução. Mas entende também que devemos fazer todos “os esforços para domar as más inclinações” e desenvolver o bem e o amor ao próximo. Aplicar a pedagogia de Jesus no processo de educação é fazer com que o educando estabeleça paulatinamente: 1. Sua reforma íntima (autoeducação). 2. Regras de conduta moral para si mesmo.

3. Rigorosa justiça nas relações sociais. 4. Seu caminho para a felicidade. 5. Compreensão sobre a vida futura. E como Jesus firmou os ensinos morais no código imutável da lei divina, que é a plenificação do amor, bondade e justiça de Deus, podemos igualmente entender que a prática de sua pedagogia abraça com firmeza e profundidade o amor e o exemplo como as grandes ferramentas do processo educacional. Educando com o evangelho No capítulo 11 de O Evangelho segundo o Espiritismo, em seu item 8, encontramos o seguinte ensino dos Espíritos Superiores: ‘O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado”. Nos roteiros da evolução do Espírito, diversos aspectos de sua individualidade são tingidos de realce a cada período de luta e aprendizado nos laços da matéria, ou seja, em cada reencarnação. Ora são os aspectos da intelectualidade, a fomentar descobertas e

desenvolver aptidões no soerguimento da brutalidade animal para o desenvolvimento técnico; vezes outras são os caracteres de nosso desenvolvimento moral, a disciplinar atitudes, registar alterações sociais e reforçar caminhos de paz e trabalho construtivo. Um e outro aspecto, o intelectual e o moral, interagem

Devemos enfeixar esforços no sentido do aprendizado cristão, ampliado pela Doutrina Espírita, que nada mais é do que o Cristianismo Redivivo

constantemente, não existindo linha demarcatória rígida na distinção de onde termina um e começa outro. Por esse motivo reconhecemos a sabedoria das leis que regem a natureza, onde nada dá saltos, mas tudo se encadeia. Onde o desenvolvimento moral depende do desenvolvimento intelectual e vice-versa. Devemos encontrar o ponto de equilíbrio entre eles, desenvolvendo harmonicamente nossas potencialidades enquanto espíritos imortais, e isso é um processo de

Gratidão Agradecemos a todos no apoio à circulação do jornal. Patrocinadores, dirigentes, instituições espíritas, doadores espontâneos, distribuidores. É esse trabalho de esforço e união que

faz a mensagem espírita chegar a muita gente. Obrigado a todos e votos de paz e harmonia no Natal e Ano Novo! Há muita gente envolvida e trabalhando em favor da divulgação espírita!

autoeducação que fica muito facilitado quando nos orientamos pelos ensinos e exemplos de Jesus. Devemos enfeixar esforços no sentido do aprendizado cristão, ampliado pela Doutrina Espírita, que nada mais é do que o Cristianismo Redivivo. A educação, compreendida em seu significado mais amplo e correto, congrega todas as formas de ensino intelectual e moral, não podendo desprezar nem uma nem outra, mas, isto sim, lembrando que desenvolvimento intelectual nem sempre é acompanhado de desenvolvimento moral. É assim que o Espírito, alicerçado nas bases evangélicas da reta conduta moral, estará apto a traduzir seu progresso intelectual em ações no bem. Por tudo isso podemos afirmar, através dos princípios espíritas, que em verdade nada é mais importante ao Espírito do que a sua transformação moral, conforme ensinado por Jesus. Que as escolas, as famílias e os centros espíritas entendam que educar com Jesus é realizar a verdadeira educação do Espírito imortal que todos somos. r


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Da perseverança e do comprometimento Aprendizado é longo, gigantesco, contínuo Orson Peter Carrara

orsonpeter92@gmail.com

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erseverar numa iniciativa e comprometer-se com objetivos de qualquer natureza são duas situações muito difíceis de serem mantidas. Isto vale tanto na convivência social dos relacionamentos quanto na questão individual. Notem os leitores como é fácil sermos vencidos pela acomodação, pela indiferença, pela omissão. O que mais comumente acontece e as situações são as mais comuns do cotidiano. Relaciono alguns exemplos: Manter um regime; b) Perseverar em caminhadas e exercícios físicos; c) Ler um bom livro; d) Levar adiante providências necessárias dentro da vida pessoal ou dentro da própria residência; e) Concluir um curso; f ) Manter o compromisso assumido na área do voluntariado; g) Comparecer no compromisso semanal assumido normalmente em grupos de atuação comunitária; h) Manter a regularidade da visita ao dentista ou aos médicos das diversas áreas. A razão é simples: somos seduzidos pelas paixões ou pelos interesses. Quais? Todos aqueles que nos satisfaçam a vontade ou trazem prazer. Programados para levantar mais

cedo somos seduzidos pelo gosto de dormir um pouco mais; necessitados de um regime alimentar, somos seduzidos pelo paladar; diante de uma crítica somos seduzidos pelo orgulho ferido; chamados a colaborar é fácil sermos vencidos, ou seduzidos, pela acomodação, pelo medo, pela omissão. Acontece em

dinheiro, então, nem é preciso dizer o quanto a tendência humana é expressiva para conseguir vantagens ou ter mais e mais, continuamente. Tais posturas são agressivas à harmonia do conjunto social, pois que em muitas situações o egoísmo é grande vilão da sedução pelos interesses próprios,

todas as áreas do comportamento, nas mais diversas situações do cotidiano familiar ou social. No trânsito somos seduzidos pela paixão da alta velocidade; nos esportes seduzidos pela paixão doentia; na política pela perigosa sedução do poder. Diante do

muitas vezes lesivos ao interesse alheio e coletivo. Por isso o dever é tão difícil de ser cumprido. A sedução das paixões e dos interesses, nem sempre saudáveis, impera ainda na mentalidade humana. Por isso o vício e a violência se fazem ainda tão presentes. O desejo de domínio sobre a vontade alheia, a omissão diante das dificuldades do próximo e a sedução pelo ter – ao invés do ser –, aliada ao prazer fácil, ainda que em detrimento alheio, fazem as tragédias diárias. É por isso que se desrespeita o sinal de trânsito, a fila de qual-

Prepare-se! Deixe agendado! 16 e 17 de fevereiro /19, sábado e domingo Matão prepara RODA DE CONVERSA com André Luiz Sobreiro (Severínia), Ary Doura-

do (Catanduva), José Antônio da Cruz (Catanduva) e Orson Peter Carrara (Matão). Na próxima edição divulgaremos tema e programação.

quer lugar – achamos que a nossa pressa é maior ou mais importante que a do outro – e é igualmente por isso que muitos de nós não respeitamos horários ou nos atrasamos, considerando que o outro tem o dever de nos atender, mas esquecendo-nos que temos o dever de respeitar horários, pessoas e instituições, em sua rotina e critérios adotados. Em síntese, essa sedução por prazeres fáceis, por poder e domínio, onde estão as paixões e os interesses de vários tipos – que se distribuem por força do egoísmo, da vaidade, da prepotência e do orgulho – é resultado direto da ausência de perseverança e de comprometimento conosco mesmo. Exatamente o comprometimento de nos tornarmos melhores do que somos, vencendo tendências agressivas e egoístas, tão comuns do comportamento humano. Da mesma forma que somos vencidos pela preguiça ou pela acomodação, pela indiferença ou pela omissão, igualmente muitas vezes somos vencidos pela ausência da perseverança e do comprometimento de nos fazermos melhores e da dedicação às boas causas. Sério desafio esse a vencer. Não há dúvida que é difícil, mas viável. É a velha questão: o dever (imaginemos quanto cabe dentro dessa pequena palavra) é muito difícil de ser cumprido, como bem afirma o Espírito Lázaro em sua bela mensagem O Dever (ESE, cap. 17, item 7). r


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Afeto e amorosidade nas relações Obra propõe amplifiquemos relações saudáveis Orson Peter Carrara

orsonpeter92@gmail.com

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ntrevistamos Rossano Sobrinho Ferreira, de Espera Feliz (MG), psicopedagogo e terapeuta e autor do livro , Renovando Corações – O poder do afeto na Casa Espírita, com foco específico de incentivo à melhora nas relações humanas. A entrevista na íntegra será publicada oportunamente pela revista eletrônica o Consolador, mas antecipamos trechos parciais aos leitores: Qual a temática central da obra? Renovando Corações é um livro-proposta, pois traz reflexões e orientações sobre o desenvolvimento da afetividade. Vivemos tempos graves de grande aridez afetiva na convivência humana, nosso livro é uma proposta bem objetiva para que amplifiquemos o afeto e a amorosidade em nós e em nossas relações com o próximo e o mundo através do autoconhecimento e da comunicação. É um livro somente para espíritas? Não. Embora apresente uma proposta bastante objetiva para os trabalhadores espíritas, traz também diversos textos reflexivos que ajudarão as pessoas a se autoconhecerem e a qualificarem suas vidas no campo familiar e social. Todos precisamos de desenvolver uma “escuta” e um “falar” afetivos para nos

relacionarmos melhor com nossos semelhantes, e este livro apresenta diretrizes seguras nesse sentido. Como nasceu a ideia deste livro? A partir de uma experiência concreta com companheiros de um grupo

de estudo que coordeno há quatorze anos na Sociedade Espírita Paz, Amor e Caridade de Espera Feliz, em Minas Gerais. Decidi reunir com quatorze trabalhadores desse grupo mensalmente para realizarmos partilhas

sobre nós mesmos, nossos desafios existenciais, nossas dificuldades evolutivas e também nossas conquistas e superações... Surgiu aí um Grupo Fraterno de Espiritualidade - o GFE-Chico Xavier -, suscitando em mim a ideia da escrita do Renovando Corações. Nossos resultados emocionais e espirituais são tão valorosos que eu realmente não poderia guardar essa ideia só para nós... r Nota da Redação: sugerimos acompanhar as publicações da revista eletrônica O Consolador. A revista pode ser acessada pelo portal www.oconsolador.com.br.


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Espiritismo: o emancipador de almas A Doutrina Espírita prescinde de toda e qualquer exterioridade ou fórmula Rogério Coelho

rcoelho47@yahoo.com.br

“O

estudo sério do Espiritismo leva precisamente o homem a se desembaraçar de todas as superstições ridículas.” - Allan Kardec1 Em um de seus périplos doutrinários pela Europa, Divaldo Franco recebeu uma mensagem de Lins de Vasconcelos, na qual o nobre Espírito afirma ser2 “(...) credora de respeito e simpatia toda expressão de fé religiosa que prescreve o amor a Deus e ao próximo. O Espiritismo, porém, comprova a excelência do ensinamento de Jesus a tal respeito, através de uma atitude para com a vida, em “espírito e verdade”, aprofundando as suas pesquisas e demonstrando, mediante a reencarnação e a comunicabilidade dos Espíritos a grandeza da crença em Deus, na Sua justiça e na Imortalidade da Alma. Ensinando como as outras correntes espiritualistas a renovação interior, o Espiritismo, sem embargo, amplia esse comportamento, estabelecendo na caridade o ponto fundamental para a salvação da criatura. Revelou que o sobrenatural, oculto aos homens, é prosseguimento natural da vida em

si mesma conforme revelação dos imortais. Considera o Espiritismo como legítima só a fé que pode “olhar a razão, face a face em todas as épocas da humanidade”. Fazendo aliança com a Ciência, desta se utiliza para demonstrar através dos fatos a força de seus axiomas, não acoroçoando dogmas ancilosados e mumificados pelo tempo. Embora valorizando a fé, a Doutrina Espírita concorda plenamente com Tiago quando este afirma que aquela “sem obras é morta”. Diferentemente da maioria das demais correntes espiritualistas com relação ao futuro e à Justiça Divina, não se utiliza “O Consolador Prometido” de técnicas de indulgências humanas em estreito comércio com a Divindade para liberar os seus profitentes dos delitos perpetrados. Evoluindo com o progresso, estabelece o seguinte postulado repleto de esperança: “nascer, viver, morrer, renascer ainda, progredir sempre, tal é a Lei”, até à perfeição suscetível de se alcançar. Sendo a revivescência do Cristianismo Puro, prescinde de toda e qualquer exterioridade ou fór-

mula. Não possui o Espiritismo intermediários entre Deus e Suas criaturas, visto que promove a religião direta da criatura com o Criador, capacitando-a pela educação psíquica à sintonia com o Pai, tendo como método infalível o Evangelho de Jesus desvelado pelos Espíritos Superiores. Outorgando à humanidade o fundamento da Imortalidade da Alma, demonstrada pelas comunicações mediúnicas, ilumina as mentes obscurecidas pela ignorância com a sua lógica libertadora, sendo a doutrina religiosa por excelência, na atualidade, com a estrutura ética para ser a religião do futuro, unindo todos os homens num só rebanho sob a égide do Cristo, o único Pastor”. Daí, (com Emmanuel) finalmente verificamos a “luminosa coerência entre Jesus e Kardec, o apóstolo que Lhe restaurou a Palavra Sublime: Jesus, o Mestre; Kardec, o professor! Enquanto Jesus refere-Se a Deus junto da fé sem obras, e é combatido desde a hora primeira do Evan-

gelho, por quantos se acomodam e comprazem na sombra, o mesmo se dá mais tarde com Allan Kardec que foi impugnado desde o primeiro dia do Espiritismo pelos que fogem à luz. Jesus caminhou sem convenções. Kardec agiu sem preconceitos, legando-nos a Doutrina Espírita que reclama independência mental, impele à Caridade, esclarece o povo, desperta a razão, consolida o Evangelho, descortina horizontes novos, expõe com clareza sem dogmatizar, insculpindo nas consciências as Leis do Universo”. “Em suma” - continua Emmanuel - “diante do acesso aos mais altos valores da vida, Jesus e Kardec estão perfeitamente conjugados pela Sabedoria Divina: Jesus, a porta; Kardec, a chave”. O Espiritismo, Consolador Prometido, é o grande e inigualável Emancipador de Almas. r 1. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 71.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. VI – 18º, 2ª parte. 2. FRANCO, Divaldo. Seara do bem. Salvador: LEAL, 1984. cap. 26.


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Um apelo de Cárita Que nosso coração se abra à caridade! Maroísa Baio

maroisafpb@gmail.com

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o final de 1865, uma epidemia de cólera, em Paris, agravou os rigores do inverno. Em benefício dos pobres da cidade de Lyon e das vítimas dessa doença bacteriana que causa diarreia grave e desidratação, normalmente transmitida pela água, Kardec promoveu uma campanha para arrecadar fundos e distribuir aos necessitados. Ele citou um breve relato das medidas tomadas pelas autoridades: “Sem dúvida, jamais a solicitude da autoridade se mostrou mais inteligente e mais previdente do que nesta última invasão do flagelo, em relação aos atingidos; prontidão e sábia distribuição dos socorros médicos e outros, nada faltou no caso. É uma justiça que cada um se apraz em lhe render. Assim, graças às medidas tomadas, sua devastação foi rapidamente circunscrita; mas deixa após si traços cruéis de sua passagem nas famílias pobres, e os mais lastimáveis não são os que sucumbem. É aí sobretudo que se faz necessária a caridade particular.” Nessa mesma ocasião, Kardec recebeu uma correspondência de Lyon na qual seu remetente dizia:

“O Espiritismo, o grande traço de união entre todos os filhos de Deus, nos abriu um horizonte tão largo, que podemos olhar de um a outro ponto todos os corações esparsos, que as circunstâncias colocaram no oriente e no ocidente, e os ver vibrar a um só apelo de Cárita...”

O Espiritismo, o grande traço de união entre todos os filhos de Deus, nos abriu um horizonte tão largo, que podemos olhar de um a outro ponto todos os corações esparsos, que as circunstâncias colocaram no oriente e no ocidente, e os ver vibrar a um só apelo de Cárita...

A carta trazia uma comunicação ditada pelo Espírito Cárita, cuja missão é estimular a beneficência em socorro do infortúnio. Cárita é o pseudônimo de uma mártir cristã, Santa Irene, martirizada em Roma, no ano 300

d.C., por ordem do Imperador Deocleciano. Nessa mensagem, cujo título é “Abri-me”, publicada na RE de dezembro de 1865, ela convida todos a abrir o coração ao sofrimento alheio: “... Fiz uma longa caminhada através da região da miséria e volto, com o coração semimorto, as espáduas vergadas ao fardo de todas as dores. Abri-me bem depressa, meus amados, vós que sabeis que quando a caridade bate à vossa porta é que encontrou muitos infelizes em seu caminho. Abri o vosso coração para receber minhas conf idências; abri a vossa bolsa para enxugar as lágrimas dos meus protegidos e escutai-me com essa emoção que a dor faz subir de vossa alma aos lábios.” Ela relata os sofredores que foi encontrando pelo caminho: velhos abandonados, mães aflitas com filhos famintos, pais desempregados, corações revoltados e o pior de todos os males, o materialismo. “... eu vos peço, tende para os meus pobres um pensamento, uma palavra, uma suave lembrança, a fim de que à noite, à hora da prece, eles não ador-

meçam sem agradecer a Deus, porque vós lhe sorristes de longe. Sabeis que os pobres são a pedra de toque que Deus envia à Terra para experimentar vossos corações. Não os repilais, a fim de que um dia, quando tiverdes transposto o sólio que conduz ao espaço, Deus vos reconheça por corações de sua aliança e vos admita na morada dos eleitos!” Em 1862, por ocasião de uma campanha efetivada por Kardec em favor dos operários de Lyon, ela se manifestou trazendo palavras enternecedoras aos colaboradores. Essas mensagens foram publicadas na RE de fevereiro daquele ano. Essa benfeitora espiritual é a autora da conhecida Prece de Cáritas, ditada na véspera do Natal de dezembro de 1873, pela médium francesa, Sra. Watteville Krell, contemporânea a Kardec. Ouçamos o apelo dessa meiga amiga espiritual, abrindo nossos corações a Jesus, estendendo nosso afeto e nossa atenção aos necessitados que Ele sempre nos envia, não apenas no Natal, mas em todos os momentos de nossa vida! r

Espíritas em Ação e EAC já definidos em 2019 Como ocorreu em 2018, Matão sedia dois eventos de grande porte em 2019. O ESPIRITAS EM AÇÃO, em sua 2ª edição (já confirmado para 04 de maio, sábado), e o EAC – Encontro Anual Cairbar Schutel, em sua

9ª edição (já confirmado para 21 e 22 de setembro, sábado e domingo). Palestrantes convidados, programação e informações sobre inscrições serão disponibilizadas posteriormente. Ambos ocorrem na SOREMA, em Matão-SP.

Espíritas em Ação será no primeiro semestre, em maio, e EAC acontecerá no segundo semestre, em setembro


Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT Dezembro de 2018

REMETENTE: Instituto Cairbar Schutel. Caixa postal 2013 15997-970 - Matão-SP

Bullying O bom combate à intimidação sistemática Roque Roberto Pires de Carvalho roquerpcarvalho@gmail.com

N

o último dia 6 de novembro completou três anos a lei federal 13.185 que tornou obrigatório nas Escolas oficiais e particulares a instituição de programas de Combate Sistemático ao Bullying. Tema muito importante e ainda, infelizmente, sem a tal sistematização, até mesmo pela falta de pessoal treinado e habilitado, mesmo na área do magistério. Em Botucatu (SP), a 25a Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil por seu Presidente local, delegou à Coordenadoria do Projeto “A OAB VAI À ESCOLA”, competência para reunir Advogados(as) palestrantes para, voluntariamente, fazerem a divulgação da lei junto às Escolas da Rede Estadual, fato este ocorrendo desde o ano de 2016. A enfermidade moral que assombra o mundo, levando os mais diversos tipos de violência, os atentados, os sequestros, a miséria urbana e as dores física ou psicológica estão relacionadas também com a falta de responsa-

bilidades e civismo tornando-se em campo aberto para a prática do “Bullying” que, iniciando-se no ambiente familiar se propaga nas escolas e é encontrado também nos ambientes das empresas,

atividades humanas resultam em comportamentos cuja tônica é o egoísmo. Sob este aspecto a Doutrina dos Espíritos é muito elucidativa quando diz: “Estudai todos os vícios vereis que no fundo de todos há egoísmo. Por mais que

onde o “ outro” , entenda-se alguém que luta desesperadamente para ser aceito, mas por algum motivo, não consegue se encaixar em um determinado grupo. A ética abandonada ou ignorada nos mais diversos campos das

lhes deis combate, não chegareis a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes destruído a causa...visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualida-

des”. (KARDEC, Allan, O Livro dos Espíritos, 913, pg.470, Ed. FEB, 91ª. edição/2010). Nas escolas, o professor está envolvido em uma missão de ensinar, cumprir o seu programa curricular e, em sala de aula assiste um riso irônico, olhar hostil, ameaças veladas ou reveladas sem poder e sem ter o poder de reprimir sob pena até mesmo de agressão explícita.- A lei em comento, criada para estabelecer combate à prática dessa anomalia no ambiente escolar não explicou, à contento, qual ou quais tipos de sanções serão aplicadas aos transgressores, não impôs também nenhuma responsabilidade civil. Seu objetivo explícito é manter uma cultura de paz, respeito e tolerância dentro das escolas. Porém, nas Leis Morais inspiradas por Deus, fica bem claro que “Ninguém pode amar a Deus sobre todas as coisas, se não amar o próximo como a si mesmo”. São oportunas as palavras de Jesus: “aquilo que não desejamos que façam para nós, não façamos aos outros”. Recorrendo ao cumprimento dessas Leis Divinas, o egoísmo criador do bullying terá o seu fim. r


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