Tribuna do Espiritismo - abril de 2019

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ÓRGÃO MENSAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA PARA TODO O BRASIL • ABRIL DE 2019 • ANO 6 • Nº 67 • 15.000 EXEMPLARES • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.institutocairbarschutel.org – www.associacaochicoxavier.com.br

Dois eventos em Matão (SP) Ambos os encontros, já com inscrições abertas, serão realizados na SOREMA

Guaxupé e Poços de Caldas, em MG, também realizam seus tradicionais eventos. Inscrições abertas. Veja páginas 4 e 5. Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT

Remetente: INSTITUTO CAIRBAR SCHUTEL Cx. Postal 2013 – 15997-970 – Matão-SP.


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Abril de 2019

Editorial

De Crookes a Chico

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bril é o mês do Espiritismo. Todos nos envol vemos com a lembrança de alegria e gratidão pelo surgimento de O Livro dos Espíritos (dia 18, em 1857, portanto, há 162 anos). A importante efeméride sugere ampliar estudos em torno da obra fundamental, ainda desconhecida em sua essência, trazendo farto material para entendimento do que é a vida e seus desdobramentos. Mas abril também alcança o centenário de desencarnação de Willian Crookes (veja box ao lado), protagonista das extraordinárias experiências com o espírito Katie King. A expressiva obra de Crookes igualmente convida ao estudo ampliado às questões sobre a realidade da imortalidade da alma. Este mês também lembra o nascimento de Chico Xavier (dia 2, em 1910), vulto marcante na história do Espiritismo, que também nos convida ao estudo de sua vasta obra psicografada. Veja na página 5 desta edição as importantes efemérides espíritas do mês para constatar por si mesmo a quantidade delas. Tudo nos convida a estudar e divulgar continuamente. r

Willian Crookes – 100 anos de desencarnação Experiências foram marcantes Extraído da contracapa da obra em destaque, com adaptações uando o Espiritismo era escarnecido por aqueles que não compreendiam o seu propósito, Willian Crookes, renomado cientista inglês, pesquisou a fundo as aparições do espírito Katie King durante três anos. Florence Cook, uma jovem de 15 anos, foi a médium que se submeteu aos mais rigorosos testes para a comprovação do fenômeno, como ter suas mãos atadas e permitir que seu corpo fosse envolvido em corrente elétrica. Katie King, em suas aparições, conversava, caminhava na casa e permitia ser pesado e medido. Um trabalho sério de pesquisa que Wallace Leal Rodrigues soube transformar em livro. Um clássico do Espiritismo, uma leitura indispensável que comprova o fenômeno mediúnico. Crookes nasceu em 1832, em Londres, onde também faleceu no dia 4

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de abril de 1919, portanto, há cem anos. Nossa homenagem de gratidão com a divulgação do belo trabalho inspirado em seu legado. r Nota da Redação: Registre-se também a ocorrência, em 09 de março último, dos 40 anos de desencarnação de J. Herculano Pires (jornalista, filósofo, educador, escritor e tradutor brasileiro. Destacou-se como um dos mais ativos divulgadores do espiritismo no país. Traduziu os escritos de Allan Kardec e escreveu tanto estudos filosóficos, quanto obras literárias inspiradas na Doutrina Espírita), e que inspira a realização anual do Encontro José Herculano Pires, em Avaré (SP), sua cidade natal. Em 2019, programado para ocorrer em 09 de junho. Na próxima edição divulgaremos o evento.

Motes da coragem Silvio Fontoura / Chico Xavier abril de 1978 Quem ama, serve e prossegue Sem desprezar a ninguém, Encontra no próprio mal Anota os próprios impulsos, A sementeira do bem. Ideias, votos e assomos; Se o erro te punge o peito, A vida é assim qual espelho: Reflete-nos tais quais somos. Serve e segue, coração, Os astros brilham no escuro, Não esmoreças no bem, As flores nascem do chão. Nos dias de sombra e prova, Quem trabalha acha em si mesmo No rio de teus deveres Não descanse, toca o barco; A força em que se renova. A água parada é a que cria Quem se entrega às boas obras A pestilência do charco Não sofre como se diz, Quanto mais luta e trabalha, Extraído do Anuário Espírita 2019, Tanto mais se vê feliz. IDE, edição especial 1964 a 2019.


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Os pais e o egoísmo dos filhos Erramos na educação? Marcus De Mario

marcusdemario@gmail.com

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uando os filhos já são jovens adultos, muitos pais ficam surpresos com o exagerado egoísmo demonstrado por eles. Gastam o dinheiro da mesada ou do salário com compras particulares, de roupas e outras coisas, que servem apenas a si próprios. Não se preocupam em auxiliar as despesas da família. Não medem despesas com o carro, mas só para as suas necessidades, entre elas festas e baladas, ficando furiosos quando lhe pedem o carro emprestado. Abarrotam o quarto com roupas, calçados, objetos os mais diversos, e dizem que, mesmo não mais os utilizando, eles devem ficar onde estão, pois dar para quem precisa é coisa de otário. Criticam a vida de familiares e amigos, mas ai de quem ousar em reclamar alguma coisa deles mesmos, partindo muitas vezes para a agressão para defender os seus direitos. Diante desses quadros, dos quais só retratamos alguns, os pais se perguntam onde erraram na educação dos seus filhos. Como podem eles demonstrar tanto egoísmo se tudo foi feito para que se tornassem bons e honestos? Recomendamos aqui a leitura e reflexão da questão 385 de O Livro dos Espíritos. E, diante dessa pergunta, logo vem a autodesculpa: é a índole má que, se antes não demonstrava, agora, adulto, coloca para fora, mostrando o que ele é realmente. Só esperava o momento e as condições propícias para eclodir. E arrematam: também, com toda essa má influência dos meios de comunicação e dos grupos sociais,

não há mesmo como a educação dada prevalecer. Sem dúvida que uma má índole pode permanecer por um bom tempo encoberta, camuflada, para despontar, ou melhor, para se mostrar por inteira apenas quando o indivíduo se sente seguro de si mesmo, o que muito ocorre quando ele chega na juventude. Entretanto, é bom lembrar que

A má influência proporcionada pelos meios de comunicação ocorre, e muitos são os jovens que se deixam enganar por propagandas tendenciosas, por filmes e também programas televisivos que defendem valores negativos (...)

os pais são os responsáveis pela formação moral dos seus filhos, cabendo-lhes prevenir futuros desvios através da educação. A má influência proporcionada pelos meios de comunicação ocorre, e muitos são os jovens que se deixam enganar por propagandas tendenciosas, por filmes e também programas televisivos que defendem valores negativos, mas os meios de comunicação como jornais, revistas, rádio, tevê, cinema, internet possuem também o seu lado de influência positiva, assim creditar a má índole do seu filho exclusivamente ao poder da mídia é limitar demais a possível causa. E

não compete aos pais acompanhar e trabalhar essa influência? Mas, e os grupos sociais? Não são eles muitas vezes perniciosos para a formação do caráter do jovem? Não é a influência do meio que arrasta para as drogas, para as bebidas etc? Se assim fosse, com exclusividade, deveríamos trancar nossos filhos em casa, não permitindo sequer sua frequência à escola. Mas nenhum pai, em sã consciência, irá defender essa atitude. É a educação que deve mostrar aos nossos filhos o bem e o mal, que deve fazer com que desenvolvam o senso moral, sabendo escolher os verdadeiros amigos. Esse trabalho é responsabilidade dos pais. Enfim, percebemos que as influências externas existem e nem sempre são positivas, e que uma pessoa pode camuflar seu verdadeiro caráter por muito tempo, pelo menos ostensivamente na frente dos pais, mas compreendemos que nenhum desses fatores é decisivo para explicar o que são nossos filhos, agora adultos. A melhor explicação, que não é exclusiva, mas sem dúvida de efeito devastador, é a má educação que os pais dão aos filhos. Pequenos deslizes morais repetidos continuamente; falta de repreensão no momento certo; exemplos equivocados que instigam a desonestidade, a mentira e outros vícios do caráter; proteção exagerada aos atos dos filhos, mesmo que estejam errados; tudo isso somado e temos a melhor explicação para o egoísmo que caracteriza a atual geração, com suas exceções, é claro.

Os pais precisam avaliar sua própria educação, seus valores e seus exemplos, pois não há maior influência sobre os filhos do que a educação que se propicia no lar, no aconchego familiar. E devem estar atentos para as tendências de caráter que os filhos revelam desde o berço, trazidas das vidas anteriores, tratando de renová-las quando más, ou reforçá-las quando boas. Egoísmo se combate com bons exemplos, disciplina, trabalho, conduzindo nossos filhos para a responsabilidade coletiva, para a cidadania que se ergue nas bases sólidas da ética. r ****** Livros com desconto Ganhe 20% de desconto na compra dos livros de minha autoria. Basta acessar www.marcusdemario. com/livros e fazer seu pedido. Inovação e transformação Projeto Escola do Sentimento, Pedagogia da Sensibilidade, Encontro Novos Rumos, Programa Vivendo Sempre em Paz, Educação a Distância e muito mais você encontra no IBEM: www. ibemeduca.com.br.


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Cícero Ramos Homenagem de gratidão ao seareiro Edélcio Moreno e Rogério Miguez

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eprodução, Conservação e Destruição, este é o ciclo da Lei Divina regendo as civilizações desde o começo dos tempos. A própria Doutrina, no entanto, nos sugere que, quando

nos referimos ao último, o da Destruição, pensemos em termos de Transformação, pois nada se destrói. Em primeiro de março passado, atendendo este natural processo

de transformação, deixou mais uma vez o nosso planeta Terra atuante batalhador da seara espírita: Cícero Ramos. Após passagem marcante no Centro Espírita Dr. Ivan de Souza Lopes passou, a partir de 1989, a colaborar no Centro Espírita Seara de Luz, ambos em São José dos Campos (SP), nesta última Casa trabalhando incansavelmente pelo seu crescimento, chegando a ocupar o cargo de Presidente. Certamente sua ausência será substancialmente sentida no movimento espírita da cidade, pois também atuava na USE-ISJC e USE-Regional e na comissão organizadora da consagrada FLE – Feira do Livro Espírita. Emprestava sua contagiante alegria, bem recebendo os espíritas nos diversos eventos e atividades sociais nos quais contribuiu. Parte para a Pátria Espiritual, cremos, levando o galardão do

dever cumprido na divulgação da Doutrina Espírita. Caro Amigo, siga seu caminho de ajustes e crescimento, agora com os olhos da vida verdadeira, amparado pela Espiritualidade.

À família, que possa atravessar este momento sem a presença física do querido familiar com a tranquilidade possível, na certeza de que só existe vida, e vida em abundância. r


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Efemérides espíritas de abril 01/04/1858 – Fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas 02/04/1910 – Nascimento de Chico Xavier

04/04/1919 – Desencarnação de Willian Crookes

11/04/1900 – Desencarnação de Bezerra de Menezes 12/04/1927 – Desencarnação de Léon Denis

13/04/1870 – Nascimento de Leopoldo Cirne

13/04/1984 – Desencarnação de Clóvis Tavares

14/04/1880 – Desencarnação de Casimiro Cunha

15/04/1864 – Publicação de O Evangelho Segundo o Espiritismo 18/04/1857 – Publicação de O Livro dos Espíritos 22/04/1904 – Desencarnação de Florence Cook 23/04/1923 – Desencarnação de Anna Prado

24/04/1984 – Desencarnação de Deolindo Amorim

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Dever e prazer O dever é o mais belo laurel da razão Rogério Coelho

rcoelho47@yahoo.com.br

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a ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de cumprir-se, por se achar em antagonismo com as atrações do interesse e do coração.” – Lázaro1 Generalizando a resposta dada pelos Espíritos à questão de nº. 493 de “O Livro dos Espíritos”, verificamos que nossa missão na Terra ou em quaisquer Orbes do Universo, pode se revestir de características compulsórias ou voluntárias, oferecendo-nos respectivamente, num ou noutro caso, motivos de preocupações ou júbilos... É claro que se estivermos sempre envolvidos em missões junto a Espíritos simpáticos, isso nos dará

imenso prazer. Porém, se a nossa missão estiver lastreada a reparações e quejandos, a coisa muda... Tanto em um caso como em outro, precisamos sair-nos bem, não adiando providências adequadas ao equacionamento das questões, a fim de que nos seja aberta a via de acesso aos níveis mais elevados de progresso juntamente com o grupo de Espíritos ao qual estejamos vinculados. Daí, concluímos que, quanto mais sadia física e espiritualmente for nossa vida hoje, melhor para nós nas futuras reencarnações: teremos mais prazer e alegrias e menos desaires em nossas experiências. Lázaro alonga o conceito em epígrafe, esclarecendo1: “o dever é

Eventos Mês Espírita e Semana Eurípides Barsanulfo em Araraquara • Nas quintas 4, 11, 18 e 25 de abril – sempre às 20h Mês Espírita, respetivamente com Márcio Correa, Márcia Pacciulio, Eduardo Croys e Allan Vilches, com participação de Orson Peter Carrara. No Centro Espírita Ismael – Rua Vol. Da Pátria, 642. Tema central: Os servidores do Cristo. • Dias 7 a 10 de maio/19 (terça a sexta) – sempre às 20h Semana Eurípides: respectivamente no Luz e Caridade (Sérgio Sanches), Portal da Luz (Renata Runho), Fraternidade Chico Xavier (Gustavo Gandolfi) e Ismael

a obrigação moral da criatura para consigo mesma, primeiro, e, em seguida, para com os outros. O dever é a lei da vida. Com ele deparamos nas mais ínfimas particularidades, como nos atos mais elevados. (...) O dever íntimo do homem fica entregue ao seu livre-arbítrio. O aguilhão da consciência, guardião da probidade interior, o adverte e sustenta; mas, muitas vezes, mostra-se impotente diante dos sofi smas da paixão. Fielmente observado, o dever do coração eleva o homem. Como determiná-lo, porém, com exatidão? Onde ele começa?! O dever principia sempre, para cada um de nós, do ponto em que ameaçamos a felicidade ou a

tranquilidade do nosso próximo; acaba no limite que não se deseja ninguém transponha em relação a nós. (...) O dever é o mais belo laurel da razão; descende desta como de sua mãe o filho. O dever cresce e irradia sob mais elevada forma, em cada um dos estágios superiores da humanidade. Jamais cessa a obrigação moral da criatura para com Deus. Tem esta de refletir as virtudes do Eterno, que não aceita esboços imperfeitos, porque quer que a beleza de Sua obra resplandeça a Seus próprios olhos.” r 1. KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o Espiritismo. 121.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. XVII, item 7.

Riquezas virtuais (Saulo Amuí, de Sacramento-MG). Com participação musical de José Henrique Martiniano. Palestras e livros em praça pública, em São Carlos (SP) Desde o dia 30 de março e estendendo-se até o dia 13 de abril, ocorre em praça pública a 42ª. edição da Feira do Livro Espírita, na cidade. Promovida pela USE local, toda a tradição com a expressiva exposição dos livros espíritas a preços promocionais, em larga escala especialmente com os livros da Codificação Espírita, é acompanhada por palestras de expositores convidados a destacar a importância do livro na expansão do pensamento espírita.

Amplia-se a divulgação espírita 1 – Visite a TV Chico Xavier, com ótimo e variado acervo. Acesse pelo código QR ao lado.

2 – Visite também o site do Centro Espirita Vinhas do Senhor, de Pouso Alegre (MG), igualmente com rico conteúdo de divulgação, entre textos, palestras e farto material para pesquisa. Acesse: www.vinhasdosenhor.com/vinhas-wp/ vinha-de-luz/ 3 – Rádio Melodias do bem - 24 horas de música espírita. Visite para ficar bem informado também sobre a Arte Espírita e demais eventos pelo país. Acesse: www.melodiasdobem.com.br/


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Exortação à mansuetude! Felizes os mansos porque herdarão a terra! Maroísa Baio

maroisafpb@gmail.com

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segunda bem-aventurança (Mateus 5:4) é consequência natural da humildade, exaltada por Jesus no início do Sermão do Monte. Em algumas traduções da Bíblia esta é a terceira bem-aventurança e não a segunda. Como seguimos a tradução da Bíblia de Jerusalém e consideramos a mansuetude decorrente da humildade, sendo possível incorporar essas duas exortações em apenas uma, optamos por esta versão. Mas o que significa mansuetude? É a propriedade daqueles que possuem índole pacífica; brandura, docilidade. Justamente o contrário do comportamento característico dos romanos: agressivos, violentos e cruéis. Apesar de toda opressão que exerciam sobre os judeus, sobretudo o povo simples da Galiléia, Jesus encoraja aquela gente a não revidar as agressões sofridas e a não acalentar sentimentos de ódio, revolta, agressividade. Que se mantivessem humildes e mansos. Convenhamos que tal atitude não é nada fácil! Na atualidade, ainda vivemos sob a pressão da violência, que ganha espaços amplos na mídia. Tornou-se um comportamento tão comum que essa lição de Jesus parece estranha a muitos, habituados ainda ao “olho por olho”. Para estes, a brandura serve apenas para fazer covardes e vencidos. Mas não é essa a concepção evangélica! Ser manso é ser brando, pacífico, sereno; é preocupar-se não apenas com as próprias necessidades mas também com

as dos outros; é não ser ambicioso nem inescrupuloso pelos bens terrenos. Essa postura não significa ausência de bom ânimo e boa vontade para progredir! Muito pelo contrário! Ela conduz naturalmente à paz íntima tão desejada! Outa questão que pode causar estranheza é a promessa de Jesus aos mansos: eles herdarão a terra! Com tais palavras Ele conduzia aquelas pessoas à lembrança do Salmo 37 que trata da sorte do justo e do ímpio; o versículo 11 afirma: “mas os pobres possuirão a terra e se deleitarão com paz abundante.” O verbo está no futuro, portanto, é herança a ser conquistada. Para quem não aceita a pluralidade das existências, ou seja, a reencarnação, fica difícil entender o significado dessa

conquista; quando as leis divinas forem praticadas por todos, os violentos não poderão mais reencarnar nesse planeta, pois não encontrarão mais oportunidades de continuar agindo com base na violência, impedindo o progresso espiritual e a felicidade de seus habitantes. Como diz o Salmo 37, o ímpio procurará seu lugar e não o encontrará. Mas por que Jesus se refere à uma conquista material? Porque o Espírito encarnado necessita dos bens que o planeta fornece para viver e progredir. Até o presente estágio evolutivo da humanidade, esses bens têm sido arrebatados pelos poderosos através da violência, seja física, verbal, psicológica ou emocional. Porém, não é preciso aguardar o futuro para cuidarmos da terra que nos acolhe com misericórdia.

Podemos e devemos dirigir nossa atenção ao consumo, ao destino do lixo, aos cuidados com a natureza e os animais. Há muito para fazer! Basta ter boa vontade! E esses cuidados podem se dar por meio de ações serenas, sem precipitação nem violência! Vencer a violência é um grande desafio, tanto pessoal quanto coletivo. Sim! É tarefa de responsabilidade para todos. Como colaborar para que ela diminua até extinguir-se de vez? Quais ações para combatê-la? De que modo trabalhamos para superá-la em nós, seja onde for e com quem for? Somente sendo mansos e pacíficos é que poderemos pensar e agir para o bem comum, conquistando a paz tão desejada no terreno íntimo de nossos corações! Essa é a promessa de Jesus! r


Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT Abril de 2019

REMETENTE: Instituto Cairbar Schutel. Caixa postal 2013 15997-970 - Matão-SP

Pausa para a felicidade Valorizar o presente, desfazerse das prisões do passado Mário Frigeri

mariofrigeri@uol.com.br

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que é realmente importante na vida? O que traz felicidade? A ex-governadora do Estado do Texas, Ann Richards, descobriu isso de uma forma um pouco trágica. Foi há alguns anos. Ela assistiu a mãe doente, até o seu estágio terminal. Acompanhava-a dia a dia, observando como a doença ia minando as forças físicas e preparando aquele corpo para a morte. Ann Richards viu a drástica mudança que sua mãe sofreu. Sua mãe era uma mulher que passou a vida inteira obcecada por cristais lapidados, baixelas de prata, toalhas de renda, porcelanas e joias. E colecionava tudo isso com extremo cuidado. À medida que a doença foi destruindo seu vigor físico e falando-lhe que a morte se aproximava, tudo aquilo deixou de ser importante. Para ela só importavam agora as visitas, a família e os amigos. A mudança foi radical. Depois da morte da mãe, Ann Richards resolveu se livrar de todas

as antiguidades que tinham feito com que ela desse mais importância aos objetos do que às pessoas.

– Aprendi que, para dar valor ao presente, preciso me livrar daquilo que me detém no passado. Hoje, não hesito diante de nada. Nada é mais importante na vida do que as pessoas. As coisas têm apenas

Duas obras do autor

Montou um bazar na garagem. Ela mesma divulgou que tinha uma quantidade enorme de antiguidades, que podia competir com qualquer antiquário. Num só dia, tudo foi embora. Vendido. E a ex-governadora, conclui:

o valor que lhes damos. E o valor muda com o tempo e as convenções sociais. Em tempos antigos, o sal era tão precioso que se pagavam trabalhadores com ele. De onde, inclusive, surgiu a palavra salário. Depois, os homens foram conven-

cionando, no transcorrer do tempo, a considerar este ou aquele metal mais precioso como moeda. De um modo geral, era escolhido o metal mais raro naquele momento. Hoje, a preocupação é ter carro do ano, tapetes importados, roupas de grife. E existem pessoas que fazem coleções de objetos, livros, selos, perfumes. O importante é amontoar, ter bastante para mostrar com orgulho, como se fossem troféus conseguidos à custa de grandes esforços. No entanto, quando uma enfermidade chega, quando a solidão machuca, nenhum objeto, por mais precioso que seja, por mais que o prezemos, conseguirá espantar a doença, diminuir a solidão. São as pessoas, com seu carinho, sua ternura, seus gestos simples, sua amizade, sua afeição que nos conferem forças para aguentar a dor e para espantar a solidão. São as pessoas que nos dão calor com seu aperto de mão, seu abraço, sua presença, seu olhar, seu sorriso... São as pessoas que fazem a grande diferença em nossas vidas. r


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