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Destaques
Editorial A livre circulação de materiais florestais de reprodução (MFR), decorrente das exigências do mercado único, impõe aos países da União Europeia (UE), a implementação de medidas fitossanitárias específicas, nomeadamente para a atividade dos operadores económicos e para a produção e circulação de MFR, tendo como objetivo evitar a entrada e a dispersão, em território europeu, de organismos prejudiciais aos ecossistemas florestais.
Em foco
Saiba mais
Regime fitossanitário: Aplicado a fornecedores de materiais florestais de reprodução (MFR) A produção de MFR (plantas, sementes e partes de plantas) de qualidade (morfológica e fitossanitária) reveste -se de importância estratégica para o desenvolvimento do setor florestal, na medida em que estes materiais são os alicerces de uma floresta equilibrada no que respeita às suas diversas funções. A livre circulação de MFR na UE ou as trocas comerciais com países terceiros representam um forte risco de introdução ou dispersão de pragas,, no país e na UE. Para minimizar este risco, o regime fitossanitário comunitário e nacional (enquadrado pelo Decreto-lei n.º 154/2005, de 6 de Setembro, republicado pelo Decreto-lei n.º 243/2009, de 17 de Setembro, com a última redação dada pelo Decreto-lei n.º 170/2014, de 7 de novembro) impõe medidas de prevenção e controlo para a produção, importação e circulação de MFR, bem como requisitos ao exercício da atividade por parte dos Operadores Económicos (OE), nomeadamente obrigatoriedade de registo junto da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) . O registo de OE deve ser formalizado junto do ICNF, I.P., através de formulário próprio. + Os OE são obrigados a cumprir as medidas fitossanitárias impostas para as diferentes pragas e espécies florestais, sendo uma dessas obrigações a emissão de passaporte fitossanitário (PF), uma vez que a sua presença indica que o material foi inspecionado e cumpre com os requisitos fitossanitários legalmente estabelecidas. O PF é uma etiqueta oficial, válida na UE, que deve acompanhar os MFR durante todas as fases da sua circulação, existindo duas modalidades de PF: Modelos oficiais – disponibilizados pela DGAV e objeto de uma taxa, têm numeração própria que permite estabelecer a ligação com o material comercializado; Modelos emitidos pelo OE – modelos aprovados pela DGAV, requerem formalização de pedido escrito junto do ICNF, I.P.,, devendo existir registos que provem a circulação de material com PF e respetiva relação esse material.
Vespa-das-galhas -docastanheiro: Alteração de medidas de controlo Face à evolução da dispersão deste inseto por diferentes regiões do país, o respetivo Plano Nacional de controlo está a ser revisto, designadamente, as medidas a aplicar no sentido de minimizar os danos provocados por esta praga. Dada a impossibilidade da sua erradicação, não é possível cumprir os requisitos de Zona Protegida (ZP), pelo que será revogado, em breve, este estatuto atribuído a Portugal. Como consequência, serão alterados os requisitos à produção e comercialização de material vegetal de castanheiro até agora aplicados. Esteja atento!
Medidas específicas de proteção fitossanitária: NMP Mantêm-se em vigor até 31 de outubro as medidas de proteção fitossanitária mais restritivas à circulação e armazenamento de material proveniente do abate de coníferas hospedeiras do NMP. O incumprimento destas medidas é punível por lei! +
Investigação
Cancro-resinoso-do-pinheiro COST—FP1046 “Pine pitch canker — strategies for management of Gibberella circinata in greenhouses and forest (Pinestrength)” Objetivo: aumentar o conhecimento sobre Fusarium circinatum, no sentido de implementar uma gestão integrada e reduzir futuras introduções em países livres do fungo. Participação nacional: INIAV, I.P. e Universidade de Aveiro. Situação: primeira reunião em abril de 2015.
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Os fornecedores de MFR devem, durante pelo menos dois anos, manter ter registos que demonstrem que o material circulou com PF e respetiva relação com o material comercializado. Embora existam diferentes modelos de PF, o seu preenchimento é semelhante: N.º de registo: corresponde ao n.º de OE. RP: corresponde ao n.º de OE do fornecedor que lhe vendeu o MFR, sempre que comercialize MFR que já tenham PF. Origem: apenas para o MFR que provém de países terceiros (fora da UE). ZP (Zona Protegida): em Portugal apenas deve ser preenchido para o Eucalipto quando o material que se destine aos Açores.
O cumprimento dos requisitos fitossanitários é verificado pelo inspetor fitossanitário do ICNF, I.P., na visita de inspeção anual obrigatória.
Prevenção e controlo
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Viveiros Florestais: condições fitossanitárias O bom estado fitossanitário de um viveiro é fator determinante para a obtenção de plantas sãs, contribuindo de forma direta para a qualidade e quantidade de plantas produzidas e, de forma indireta, para o sucesso (ou insucesso) das arborizações. É, por isso, essencial garantir a boa condição fitossanitária das instalações e a produção de plantas isentas de pragas florestais, para o que é fundamental a adoção de medidas preventivas (ou curativas, no caso de pragas já instaladas).
Boas Práticas para minimizar a presença de pragas em MFR Sementes Utilizar sementes de árvores sem problemas fitossanitários;
Assegurar que possuem passaporte fitossanitário sempre que aplicável (Fusarium circinatum);
Desinfetar; Não reutilizar as embalagens;
Solicitar análises laboratoriais sempre que necessário (ex. para deteção de Fusarium circinatum)
ATENÇÃO!
Plantas Inspecionar regularmente para deteção de sinais/sintomas de pragas;
Assegurar que possuem passaporte fitossanitário, sempre que aplicável;
Controlar as condições de crescimento [fertilizações, rega, fatores ambientais (em estufa), controlo de infestantes];
Assegurar a qualidade da água de rega; Aplicar inseticidas/fungicidas homologados; Remover e destruir, periodicamente, plantas mortas e desperdícios;
Destruir lotes infetados por queima ou enterramento com cal viva.
Se detetar plantas ou sementes com sintomas suspeitos, contacte de imediato os Serviços Oficiais. Mantenha registos regulares que permitam identificar a origem do material vegetal com vista a identificar possíveis fontes de infestação/infeção. A aplicação de produtos farmacêuticos só pode ser realizada por empresas autorizadas a aplicar e técnicos e aplicadores habilitados para esse efeito e deve ser evitada em plantas debilitadas, secas ou excessivamente molhadas, bem como em dias de vento ou de chuva.
Diplomas legais recentes +
Decisão de execução da comissão 2015/3415/UE, de 18 de maio de 2015 relativa às medidas para impedir a introdução e a propagação na União de Xylella fastidiosa
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Deliberação (extrato) n.º 1069/2015, de 8 de junho, cria a Divisão de Fitossanidade Florestal e Arvoredo Protegido.
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Materiais e equipamentos
Instalações
Regularmente, desinfetar ferramentas e
Instalar os viveiros (locais de produ-
materiais com álcool, lixívia a 10% ou outros desinfetantes à base de amónio quaternário;
ção ou de atividade) em zonas não adjacentes a povoamentos florestais;
Sempre que surjam problemas fitossa-
Manter a área envolvente ao viveiro
nitários, desinfetar, adicionalmente, as instalações e os equipamentos de sementeira após cada utilização, bem como os materiais e equipamentos sempre que se mude de lote;
Utilizar contentores sobrelevados; Utilizar preferencialmente contentores não reutilizáveis; se forem reutilizáveis, proceder à sua desinfeção antes de novas utilizações.
limpa de infestantes;
Limitar a entrada de visitantes em viveiros infestados;
Proteger as zonas infestadas da entrada de animais, que possam efetuar a dispersão de agentes bióticos nocivos;
Recomendações
Até setembro Cancro resinoso do pinheiro Proceda à análise dos MFR para Fusarium circinatum. Os MFR do género Pinus e da espécie Pseudotsuga menziesii não podem ser comercializados, a partir de 1 de setembro, sem ter o resultado das análises para deteção deste fungo.
Estabelecer sistemas de monitorização que permitam a deteção precoce de pragas (ex. armadilhas).
Até outubro Nemátodo-da-madeira-do-pinheiro
Aplicações e equipamentos
MFR: desinfeção de contentores A circulação de MFR, nomeadamente de plantas em contentor, representa um risco elevado de dispersão de pragas, não só por via do material vegetal como também por via do substrato e dos contentores. Nesse sentido, é fundamental possuir mecanismos de desinfeção dos contentores reutilizáveis, antes de cada nova utilização. Existem métodos mais ou menos complexos para lavar e desinfetar contentores, nomeadamente:
Continue a monitorizar as armadilhas instaladas para captura do inseto vetor do NMP e registe os dados no FITO—sistema de Gestão de Informação de Fitossanidade Florestal (E-mail: nematodo@icnf.pt); Elimine de imediato todas as resinosas hospedeiras do NMP que apresentem sintomas de declínio, sobretudo na Zona Tampão e Locais de Intervenção. +
Tratamento com calor húmido, em espaços adaptados para o efeito; Mergulho dos contentores em recipiente com água quente ou desinfetante químico (lixivia ou outro desinfetante); Limpeza de contentores com jatos de pressão de água quente a 85ºC e posterior desinfeção em tanques com hipoclorito de sódio. Sempre que forem recebidos contentores do exterior, deve ser efetuada uma desinfeção adicional, prévia à entrada no viveiro, em tanques de lavagens com uma solução de hipoclorito de sódio.
Xylella fastidiosa Preste particular atenção às plantas provenientes de Itália, província da Apúlia, nomeadamente às de Acer, Eucalyptus, Juglans, Quercus, Platanus e Prunus. É proibida a circulação de plantas, destes géneros, desta província devido ao surto de Xylella fastidiosa.
Estamos no Período Crítico de incêndios florestais. Cumpra as regras de segurança e evite comportamentos de risco. +
Máquina de lavagens com jatos pressão de água quente a 85ºC e tanque de desinfeção com hipoclorito de sódio.
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Aconteceu
Ficha técnica
Seminário sobre o + Gorgulho-do-eucalipto:
Gonipterus platensis No dia 16 de abril decorreu, em Arouca, o Seminário sobre o Gorgulho-do-eucalipto, promovido pelo ICNF, I.P., em colaboração com a DGAV, o INIAV, I.P., a CELPA e a Câmara Municipal de Arouca. Enquadrado no Plano de Controlo para este inseto, o seminário pretendeu divulgar a técnicos, produtores e proprietários florestais informação sobre o estado da praga em Portugal e meios de luta existentes para o seu controlo.
Controlos à madeira de Coníferas e material de embalagem de madeira: Ações de Formação A DGAV, ASAE e ICNF,I.P. organizaram 3 Ações de Formação sobre Controlos à madeira de Coníferas e material de embalagem de madeira, no Centro, Sul e Norte, entre 21 de abril e 8 de maio, com duração de 3 dias cada. Dirigidas a Inspetores da ASAE e do ICNF, I.P. pretenderam dotar os participantes de conhecimentos e competências técnicas detalhadas para realização dos controlos aos operadores económicos, com vista a uma atuação eficaz e conjunta das 3 entidades.
NMP: Livro “Doença da Murchidão do Pinheiro na Europa: Interações Biológicas e Gestão integrada”
Coordenação Divisão de Fitossanidade Florestal e Arvoredo Protegido Conteúdo Andreia Oliveira, Dina Ribeiro, Helena Marques, José Rodrigues, Sofia Domingues, Suzel Marques e Telma Ferreira. Ilustração: João Carlos Farinha Design gráfico e criatividade Inês Vasco
Reuniões da Task Force: NMP Decorreram, de 19 a 22 de maio (Portugal) e de 15 a 19 de junho (Espanha), as 4ª e 5.ª reuniões de trabalho da Task Force NMP. Composta por peritos nacionais e internacionais pretende rever as medidas de controlo do NMP implementadas nos dois países, propondo sugestões de melhoria. Em Portugal, as visitas de campo privilegiaram a interação com autoridades locais e Agentes do Setor. Em Espanha, foi privilegiada a análise dos planos de contingência dirigidos para as comunidades autónomas de Estremadura e de Castela e Leão.
A FNAPF, no âmbito da Expo-florestal 2015, apresentou o livro “Doença da Murchidão do Pinheiro na Europa: Interações Biológicas e Gestão integrada”, cuja publicação contou com o apoio do Ministério da Agricultura e do Mar, e que pretende fornecer informação técnica e científica relacionada com o NMP.
Cooperação Bilateral Portugal - Coreia do Sul: NMP Reconhecendo a importância da floresta de coníferas em Portugal e na Coreia do Sul, e a necessidade de partilhar conhecimentos e experiências, decorreu no dia 12 de maio, em Seoul, a cerimónia de assinatura de um Memorando de Entendimento, sobre a cooperação no domínio do combate ao NMP, estabelecido entre os dois países, representados pelo Ministério da Agricultura e Mar e pelo Serviço Florestal da Coreia. Foram lançadas as bases para um plano de ação técnico-científico, que identifique oportunidades de melhoria no processo de controlo da doença.
Contactos Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, IP | Departamento de Gestão de Áreas Classificadas Públicas e de Proteção | Divisão de Fitossanidade Florestal e Arvoredo Protegido Avenida da República, 16 - 1050-191 Lisboa | tel. 213 507 900 | www.icnf.pt Para receber o nosso boletim informativo ou propor sugestões, envie um email para dpfvap@icnf.pt
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