Revista Trinova Edição 14

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MÉDICA BRASILEIRA ESTÁ ENTRE AS CIENTISTAS MAIS INFLUENTES NO MUNDO UMA DAS MAIS RENOMADAS GASTROENTEROLOGISTAS DO PAÍS, ANGELITA HABR-GAMA, FOI RECONHECIDA PELA UNIVERSIDADE DE STANFORD E INCLUÍDA NA LISTA DOS 2% DOS PROFISSIONAIS QUE MAIS CONTRIBUÍRAM COM O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA PELO SEU TRABALHO PIONEIRO NO TRATAMENTO DE CÂNCER DE RETO POR LEILA LEMES BRANCO

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or muito tempo, a intervenção cirúrgica foi vista como a solução imediata para tratar pacientes com câncer de reto baixo, cujo procedimento poderia resultar em complicações gravíssimas ao doente. Mas foi uma brasileira que alterou o paradigma mundial quanto ao método de tratamento dessa doença. O nome dela é Angelita Habr-Gama, cirurgiã, pesquisadora e professora emérita da Universidade de São Paulo (USP), que no início dos anos de 1990 apresentou ao mundo o seu protocolo pioneiro de que pacientes que respondiam bem ao tratamento de radioterapia e quimioterapia, com desaparecimento total do tumor, não precisavam ser operados. Referência mundial em coloproctologia, que estuda as doenças do intestino grosso, do reto e ânus, a cirurgiã brasileira foi reconhecida pela Universidade de Stanford como uma das profissionais que mais contribuíram com o desenvolvimento da ciência. Seu nome

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está na lista, atualizada no fim do ano passado, em que figuram os 2% dos cientistas mais influentes do mundo. O relatório foi produzido por especialistas liderados pelo professor emérito John Ioannidis, de Stanford, em parceria com a editora Elsevier BV. Em conversa com a Trinova, Angelita compartilhou a importância desse prêmio para toda a nação. “Fiquei muito feliz por mim, pela medicina brasileira e pelo País. É um reconhecimento pela atividade global, de ensino, pesquisa e profissional às quais tenho me dedicado desde o início de minha atividade médica”, diz. Angelita é considerada uma das mais renomadas gastroenterologistas do País e no auge de seus 90 anos se mantém ativa na profissão. Já são sete décadas dedicadas à ciência, iniciadas em 1952, aos 19 anos, quando ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Ao longo de sua trajetória, já acumulou

conquistas importantes e pioneiras na área médica, abrindo espaço para o potencial da mulher nessa carreira. Angelita foi a primeira a fazer residência no Hospital das Clínicas de São Paulo e criou na instituição a disciplina de coloproctologia - área que estuda doenças do intestino grosso, reto e ânus. Também foi a primeira a chefiar o departamento de cirurgia da Faculdade de Medicina da USP e atualmente trabalha no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. No início de 2020, de volta ao Brasil, após viagem à Europa, Angelita lançou sua biografia “Não, não é resposta”, escrita pelo jornalista e escritor Ignácio de Loyola Brandão. Dias depois foi diagnosticada com Covid-19, quando não se sabia quase nada da doença, e passou 50 dias entubada no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. Recuperada, sem sequelas, a médica se considera uma sobrevivente e acredita que a experiência a fez valorizar ainda mais a vida.


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