Headbangers #1

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#1 - 2024

LUÍS FRANCO RICARDO REIS MOURNOLITH ABYSS CARLOS GUIMÃRAES


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Editorial Todos nós fomos tudo.. m dia, todos nós fomos tudo! Alguns continuam a ser.. outros reduziram a velocidade e ainda existe quem tenha abandonado a corrida. Fomos radialistas (mesmo sem experiência na matéria, mas com muita vontade de aprender), fomos produtores de espectáculos (sem perceber de som e luz), fomos jornalistas de fanzines e páginas de jornal (a escrita pelo menos era boa) e gastávamos dinheiro, muito dinheiro em selos de correio e fotocópias inicialmente a preto e branco e depois a cores. Assim nasceu a vontade de divulgar uma sonoridade que, desde sempre, foi marginalizada pela sociedade em geral. Mas isso não foi impeditivo, para o que quer que fosse. A rádio, tal qual se conhecia, foi substituída pelo online, onde ganhamos força, chegando a todo o mundo. As revistas e jornais seguiramlhe o mesmo caminho. Na memória (e nos arquivos) ficam as centenas revistas, fanzines e páginas de jornais, as cassetes com programas gravados, bem como as demo tapes que fizeram história e deram lugar a muitas estórias. Perdeu-se alguma da mística, poderão pensar. Por outro lado, ganhamos o mundo.. porque podemos ter - quase tudo, sem sair da secretária. Sim, porque o sofá não se fez para nós...

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Até daqui a 3 meses!! Rui Martins (Direcção e Produção) headbangers.mag@gmail.com Flávio Martins/Line Design Lab (Design) José F. Andrade (Produção e Conteúdos)

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INTERCUT FILMS

A paixão pelo vídeo e pelo cinema, deram origem à Intercut Films. Na conversa que tivemos com Nelson Correia, ficamos a saber de que forma se processam os videoclipes; desde a sua ideia inicial, ao seu final.

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á eram fãs de música antes da aventura no vídeo?

Cresci rodeado de música e cinema, graças ao meu pai, que ouvia Rock n Roll, principalmente do Elvis Presley, pois era grande fã. Tínhamos em VHS filmes e concertos do Elvis, onde já haviam algumas sequências que pareciam, o que hoje chamamos de videoclipes musicais. Mas a presença da MTV foi fundamental, pois cresci a associar a música à imagem. Calculo que o vídeo venha através da paixão pelo cinema. Certo? Sim, cinema é uma parte de mim. Não me recordo de quando tudo começou, mas lembro-me do fascínio e que todas as brincadeiras que fazia em criança, estavam associadas aos filmes que via. Chegava a ver quatro filmes por dia, e ia constantemente ao cinema. Hoje em dia, o fascínio continua igual, mas com uma visão diferente. Normalmente quem é que concebe a ideia para os vídeos? As ideias para os vídeos têm sido criadas por nós. No entanto, está sempre pendente da aprovação do artista. Ou seja, nós criamos um pré-guião, que contém só a ideia geral, e depois de aprovado, nós apresentamos o guião, que já apresenta tudo mais detalhado. Por norma, quanto tempo demora a produzir um trabalho, desde a sua concepção escrita à pós-produção? Nós preparamos bem cada projecto, por esta razão levamos mais tempo a preparar do que todo o resto e isso nunca tem um tempo certo, vai sempre depender da necessidade do cliente. Criamos a ideia, elaboramos o

guião, temos reuniões com os artistas e começamos a procurar localizações. Depois do «trabalho de casa» estar feito, tudo se torna mais fácil quando entrarmos na produção e na pós-produção, já conseguimos filmar e editar um videoclipe em 3 dias. Nota se que a Intercut Films vive uma certa popularidade nos meandros do Heavy Metal. Foi uma ação premeditada ou foi acontecendo? Esta popularidade começou por mero acaso. Tinha terminado o meu curso de edição cinematográfica e encontrei um amigo de longa data, o Luís Franco dos Drakh, que na altura ainda estavam a elaborar o primeiro Ep. Falou-me do projecto dele e eu oferecime para fazer o videoclipe. Depois de fazermos o primeiro, que resultou bem, partimos para um segundo e depois disso fomos recebendo contactos de outros artistas e assim tem sido até hoje. Que analise fazem ao espectro cinematográfico da região? O cinema aqui na região continua praticamente extinto, não por falta de artistas, mas por falta de apoio. Isso é um tema que daria conversa para várias páginas, por agora só posso acrescentar que felizmente, hoje em dia, conseguimos criar conteúdo e mostrar o que conseguimos fazer em telas mais pequenas. O sonho seria ver um trabalho nosso no grande ecrã... Gosto muito sonhar. Planos para um futuro a curto prazo? Brevemente vão sair dois videoclipes que foram elaborados por nós; Profeta Morbus e Crossfaith, e mais virão este ano de 2024. Também temos a nossa curta-metragem, ainda em preparação. O mais importante para nós é criar, porque isso ajuda-nos a evoluir, para talvez um dia deixar uma marca, nem que seja muito pequena.

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bang your head with...

RICARDO REIS

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É uma das figuras principais do Rock/Metal da região, chama-se Ricardo Reis mas é mais conhecido por Kadi. No seu regresso aos Açores, forma os Spit Shine, projecto muito interessante e dinâmico. Pouco tempo depois do projecto ser dissolvido, forma os Crossfaith. Em ambas as bandas, Kadi assume o papel de voz principal.

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tua relação com a música começa no conservatório com que idade e com que instrumento?

O meu interesse sobre música começa numa idade muito jovem, desde criança. Sou o mais novo de quatro irmãos, todos com mais de dez anos de diferença de idade de mim. Curiosamente, todos nós passamos pelo Conservatório Regional de Ponta Delgada. Na nossa casa música era o que não faltava. Havia sempre alguém a tocar algum instrumento, ou um gira-discos a tocar ou um rádio ligado. Assim sendo, influenciado por tudo o que nos rodeia e que nos ensinam, nasceu o meu amor pela música. Essa aprendizagem foi importante? A passagem pelo conservatório, foi muito importante em vários sentidos. O amadurecimento sobre disciplina, teoria e conhecimento sobre música clássica. Quando é que começas a gostar de Heavy Metal e que bandas ouves inicialmente? O interesse sobre Heavy Metal acontece sobre o amor que sinto pelo Rock´n Roll. O Metal sendo uma versão de Rock, enquadra-se perfeitamente com a minha preferência musical. As primeiras bandas de música Hard rock/ Metal que eu costumava a ouvir, eram os: Black Sabbath, Led Zeppelin, Scorpions, entre outras. A tua primeira banda surge quando e que som procuras incorporar nela? A minha primeira banda foram os Rip´n Tear. Eu tinha os meus 16 anos, vivia na área da cidade de Boston. Eu junto com uns amigos da secundária, formamos esta banda que tinha uma sonoridade de Hard Rock/Metal. As nossas influências eram bandas como: Ozzy Osbourne, Motley Crue, Queensryche, Def Leppard, Van Halen e muitas mais. Uma parte da tua vida é passada nos Estados Unidos. É lá que trabalhas como técnico na área dos espetáculos? Sim, na minha passagem de vida pelos Estados Unidos, através de um bom amigo, fui prestar serviços no Cambridge Multicultural Arts Center na área de eventos de Performance Art e montagem de galerias, onde eram apresentados trabalhos de artistas de todo o mundo, de todos os feitios e géneros diferentes. Foi lá que despertou o meu interesse para estudar, completando o curso em Engenharia de Gravação de Artes, na Northeast Broadcasting School. Certamente assististe a vários concertos. Ouve algum que te marcasse mais? Vivendo na capital de Nova Inglaterra claro que tive a oportunidade de assistir e trabalhar em vários espetáculos. Dentro do estilo Rock/Metal os dois espetáculos que mais gostei de assistir, foram os de Bryan May com convidados especiais Nuno Bettencourt e Gary Cherone,

abrindo para um espetáculo de 2 horas dos Guns´n Roses. O outro foi Ozz Fest, onde as cinco grandes atrações do evento eram: Megadeth, Tool, Limp Bizkit, Ozzy Osbourne e de surpresa os Black Sabbath para fechar o evento. Regressas depois aos Açores. Consideras ter sido um retrocesso? O regresso aos Açores foi uma decisão minha, para melhoria da qualidade de vida. Não me arrependo nem um pouquinho. Ficou algum sonho por realizar nos Estados Unidos? Os Estados Unidos foram um sonho dos meus pais, nunca o meu sonho. Eu tive de emigrar para a América porque era menor de idade e acompanhá-los. Os meus sonhos tanto podem realizar-se cá como noutro lugar. A tua chegada a São Miguel trouxe objetivos ao nível da música? O meu regresso trouxe os objetivos que estou a cumprir, continuar a fazer música à escala que nos é permitida, consoante a realidade do nosso mercado. Ouve algum choque cultural no princípio? O choque cultural que vivi foi na ida para os Estados Unidos, não no regresso. Ao voltar a casa, regressei para uma cultura na qual eu nasci. Enquanto na ida para lá, fui para um mundo diferente em muitos aspectos. O que te fez mais falta aquando da chegada? Nos primeiros meses após o meu regresso, senti falta do meu equipamento musical. Desde os meus instrumentos, como o meu sistema de som e algumas das pessoas com quem eu tocava e lugares onde eu tocava e gravava. Mas ao longo do tempo, aos poucos tudo isto foi substituído por outros.

Sentes que podiam ter ido mais longe ou esse caminho ainda se percorre? Bem no sentido da pergunta, eu acho que sim a banda podia ter ido mais longe. Pois então, a banda nunca saiu dos Açores! Há um mundo inteiro onde podíamos ter ido e ainda podemos. Até onde achas que a banda ainda pode ir, tendo em conta a realidade da mesma? A realidade da banda é que temos boa música, boa apresentação e experiência no que fazemos. Agora a realidade do nosso pequeno mercado com pouquíssimas oportunidades de palco para este género musical é que impede o crescimento e de fazer mais. Todos os músicos envolvidos nos Crossfaith não vivem só da música, tal como a maior parte dos músicos açorianos. Mas também não é diferente com a maior parte dos artistas pelo mundo fora. Só uma pequeníssima percentagem consegue ter sucesso suficiente para ter uma vida decente, sustentada pela forma de arte que representam. Há um disco gravado faz muito tempo. Achas que ainda faz sentido lançar esse trabalho? Sim. O álbum que temos elaborado consiste de temas que a banda foi compondo ao longo dos anos. Será uma oportunidade de lançar um registo discográfico com os diversos temas num só pacote. As gravações são de alta qualidade, porque realmente foram músicas muito bem gravadas com muito bom equipamento que tivemos ao nosso dispor e masterizadas nos estúdios Canoa. Ao longo dos últimos dois anos temos lançado alguns dos temas como singles e em álbuns, tal como Azores & Metal Volume II & III. Que sonhos ainda tens por realizar? Os meus sonhos estão a ser realizados todos os dias, é esta a minha missão. O que vier a acontecer a mais, é um bónus.

Juntar músicos e formar a primeira banda levou muito tempo? Nem por isto. Pois eu regressei em agosto de 2002 e em 2003 nasceram os Spit Shine com o Marco Camilo na bateria, Paulo Melo no baixo, Luís H. Bettencourt nas guitarras e eu na voz. Os Crossfaith são a tua joia da coroa. Que balanço fazes destes anos todos? Os Crossfaith são a banda onde já permaneci, como vocalista, durante mais anos. Como qualquer banda ou artista, a banda teve os seus altos e baixos, incluindo algum tempo parados. Mas sobretudo, tem sido divertido. Neste momento a banda está completa com um repertório ensaiado, pronto para apresentar em palco.

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AZOREAN METAL

Assume-se como um dos principais meios de divulgação da música mais pesada, feita nos Açores. Rui Arruda de Melo e Miguel Santos são os rostos visíveis de uma plataforma digital cada vez mais próxima das reais necessidades de músicos e bandas. Como se isso não bastasse, o futuro promete ainda mais interação entre quem faz música e quem a consome, onde quer que esteja.

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par do Museu do Heavy Metal Açoriano, o Azorean Metal é quem mais tem contribuído para o desenvolvimento da cena Hard N Heavy na região. O resultado tem sido interessante? Miguel Santos (MS): Interessante e gratificante! O Azorean Metal tem sido vital para o desenvolvimento da cena musical local, dando destaque a bandas e projetos açorianos, promovendo-os de forma totalmente altruísta. A abordagem comprometida resultou num reconhecimento positivo e crescimento constante, solidificando a nossa posição como uma força propulsora na região. O facto de serem músicos faz com que conheçam as necessidades das bandas aos mais diversos níveis? MS: Sem dúvida! A ligação directa à cena musical enquanto músicos permite-nos uma compreensão profunda das necessidades das bandas. A nossa experiência pessoal nos palcos, estúdios e bastidores molda as iniciativas realizados no Azorean Metal, tornando-nos assim num projeto orientado não apenas pela paixão, mas também pela vivência real das dificuldades enfrentadas pelas bandas locais, especialmente num meio tão pequeno quanto os Açores. De que forma essas necessidades são ou podem ser supridas? Rui Arruda de Melo (RAM): Esta proximidade singular permite-nos adaptar as nossas iniciativas de promoção e suporte de uma forma mais alinhada às necessidades específicas das bandas. Um exemplo tangível são, p.e., os posts praticamente diários no AM que proporcionam uma interação saudável entre os músicos, bandas e aficionados do género, bem como os nossos «photo & video reports», uma prática que visa não só capturar e partilhar a atmosfera única dos eventos musicais, mas também proporcionar gratuitamente às bandas material gráfico de qualidade profissional para se promoverem nas diversas plataformas digitais. A criação do programa «Malta da Pesada» veio neste sentido: ajudar os músicos a se promoverem para as centenas que nos assistem ao vivo e «on-demand», através do nosso canal de YouTube. Embora tenhamos explorado a conceção de um festival regional dedicado à música underground, desafios logísticos e falta de apoio financeiro inviabilizaram a sua

realização, até o momento. A ideia permanece em suspenso, dependendo de um possível apoio governamental (ou privado!) para a sua futura concretização. Para além de São Miguel e da Terceira, que feedback recebem das restantes ilhas? RM: Lamentavelmente, a presença de bandas e projetos de Metal nas outras ilhas do arquipélago é contada pelos dedos de uma mão. Atualmente, a presença ativa limita-se principalmente às ilhas Terceira e São Miguel. Não podemos esquecer, porém, a comunidade de músicos açorianos que se encontram espalhados pelo mundo. Este fenómeno é não apenas reconhecido, mas também valorizado pelo Azorean Metal como uma forma de acarinhar e destacar aqueles que, mesmo distantes, levam o símbolo dos Açores ao peito. Em reconhecimento a essa diáspora musical açoriana, inauguramos, no ano passado, uma nova categoria nos Prémios Azorean Metal Best Of - "Melhor Banda Além-Fronteiras Com Sangue Açoriano". É uma maneira de homenagearmos talentos imigrantes que, mesmo distantes geograficamente, permanecem intrinsecamente ligados aos Açores e contribuem para a riqueza musical da nossa comunidade. O que é que nos falta para, definitivamente, estarmos num patamar mais elevado ao nível nacional? RM: Estou em crer que a conquista de um patamar mais elevado requer uma sinergia entre artistas, entidades governamentais e público. Uma infraestrutura dedicada, apoios financeiros, promoção regional robusta e integração de tecnologias são pontos cruciais para um crescimento sustentável. A formação musical pode ajudar a elevar quer a qualidade dos músicos, quer das próprias canções ou esta é uma falsa questão? MS: A formação musical é crucial para aprimorar os músicos e as suas composições, mas ao mesmo tempo, não podemos, de todo, menosprezar os músicos autodidatas que também trazem uma autenticidade única que tão bem os caracteriza. A formação musical e a autodidaxia não são mutuamente exclusivas, mas sim complementares. Ainda assim, sou da opinião que seria altamente benéfico se existisse apoio governamental para a educação

musical, pois iria democratizar o acesso e enriquecer a cena musical. Atualmente, nota-se um crescendo de projetos individuais oriundos de “home studios”. A tendência será esta no futuro? MS: Sim, observamos um notável aumento de projectos musicais individuais produzidos em «home studios», especialmente nos Açores. Esta tendência, provável de persistir, é impulsionada pela escassez de músicos activos na região, dificultando assim a formação de novas bandas de maneira abrangente. Isso representa um desafio adicional para os promotores de eventos que procuram «verdadeiras bandas» disponíveis para subir a um palco de forma imediata. No que respeita à produção, também se nota um número elevado de pessoas que já produzem em casa, quer para os seus próprios projectos, quer para outros. De que forma analisam esse crescimento? RAM: O crescimento de projectos produzidos em «home studios» reflete a democratização do acesso à produção musical. A tendência é provável de continuar, mas estúdios profissionais permanecem relevantes devido à qualidade técnica, prestígio e colaboração profissional. O Azorean Metal foi-se adaptando aos tempos, aos assuntos e aos formatos. O que é que o futuro nos reserva, no que ao digital diz respeito? RM: O Azorean Metal está em constante evolução, no entanto, mantém o conceito de génese imaculado. O «Malta da Pesada», suspenso uma boa parte de 2023 devido a circunstâncias imprevistas, será retomado em fevereiro com uma abordagem renovada. Além do vasto conteúdo no nosso canal de YouTube, está em curso a expansão da página Azorean Metal News com a introdução de vídeos exclusivamente em inglês, de forma a promover internacionalmente as bandas sem barreiras linguísticas. Apesar dos desafios financeiros, o desenvolvimento de um website abrangente e completo está nos planos, pois acreditamos que é fundamental para promover e apoiar ainda mais a cena musical açoriana. Estamos comprometidos em levar avante estes projectos, reafirmando a nossa missão de fortalecer a presença e influência da música açoriana no cenário digital. HEADBANGERS 09


DRVZKA

André Sousa, guitarrista e mentor principal da banda Drvska é convidado, desta primeira edição da Headbangers Portugal. Revelamos aqui o seu percurso, enquanto músico. Conheçam ainda as bandas que o influenciam enquanto fã de Heavy Metal. HEADBANGERS 10


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omeçou por ser um projecto a solo mas, rapidamente evoluiu para uma banda. Porquê?

No início, o objectivo era para ser um projecto a solo, mas com vários convidados que iriam participar nos diversos temas. Foi, precisamente, uma das convidadas de um dos temas que, pelo gosto, evolução e perceber que seria uma boa parceria, fez com que o projecto passasse a um duo. O gosto e a vontade de estar em palco, fez com que surgisse a ideia de ter uma banda completa. Seguiram-se os contactos com os músicos.. Musicalmente, houve também uma evolução. Fala-nos desse processo e do que levou a essa mudança? A evolução foi um processo natural. Cada um dos seis músicos, ao entrar, trouxe as suas influências. O resultado dessas ideias e conceitos é a música ou se quisermos, a sonoridade de Drvska. Essa sonoridade foi ainda mais limada, com o trabalho de produção do Stepan Kobiakyn, nos nossos «backing tracks»

alta, como também temos de seguir as tendências para não ficarmos obscurecidos pela inatividade. É de enaltecer o trabalho feito pela S & N Intercut Films, com grande profissionalismo do Nelson e da Sílvia, que são duas pessoas difíceis de arranjar palavras para descrever. Isso viu-se nas votações que ganharam com os seus vídeos.

Musicalmente, como é que descreves a sonoridade da banda?

Recuemos no tempo para falar do teu gosto pelo Heavy Metal. Que bandas ouvias no princípio e que bandas te influenciaram enquanto músico?

O nosso estilo é.....uma salada russa (risos). Como disse anteriormente, a nossa sonoridade é a amálgama das nossas influências. Que vão desde o Black Metal,Sinfónico,Power Metal, Melódico, Death, ou seja é o estilo Drvska. O título de Melhor banda 2023 era um objetivo? Esta foi a segunda vez. A primeira foi em 2021. Mas não é esse o nosso alvo. Trabalhamos todos os dias, arduamente. Esse sim é o nosso objectivo. Foi o «suor, lágrimas e sangue derramado» para o nosso público e isso refletiuse nas votações. Todo o nosso trabalho foi focado nesse sentido. Não temos palavras para demonstrar o nosso agradecimento, a não ser mostrar mais trabalho e com a melhor qualidade que podemos dar. A aposta na imagem tem sido uma constante, especialmente a nível fotográfico. É importante passar essa imagem profissional? Sim, temos de ser o mais profissionais possível. Não só pela fasquia posta no mercado, que é

Bem, no início da minha juventude ouvia muito Iron Maiden, Cradle of Filth e Morbid Death. Foram estas bandas que me fizeram gostar de Metal. Mais tarde, fui descobrindo outras bandas como; Arch Enemy, Death, Amon Amarth, Behemoth, Children of Bodom entre outras. Como músico as bandas que mais me influenciaram e tento demonstrar nos meus projetos são; Nightwish, Epica, Arch Enemy e Dimmu Borgir. Essas influências mantêm-se ou nem por isso? As minhas influências refletem-se muito, nos temas que vou compondo quer em Drvska, quer em Mournolith Abyss. Estes últimos, com mais enfase em Behemoth e Dimmu Borgir. Isso é notório em «Brimstone Confessions», tema que lançamos no ano passado. Os primeiros projectos em que estiveste envolvido serviram para ganhar apenas experiência ou foram mais do que isso? Os projetos em que estive envolvido sempre

foram uma grande aprendizagem para mim. Lembro-me que, ainda em miúdo, comecei a tocar com algumas bandas, que apesar de nunca terem saído da garagem, foram muito enriquecedores. É sempre uma aprendizagem que levamos para a vida. Claro que mais tarde, começamos a ver as coisas mais a sério e temos como ambição mostrar a nossa capacidade e criatividade. Também passei pela fase dos covers, formando a banda “Game n’ Covers”, que foi uma experiência muito gratificante para mim, obrigando a aprender estilos no qual não estava habituado. Foi um desafio que ultrapassou a minha zona de conforto. Também fui fundador da banda Sober Addict. Neste momento, dedico a criatividade aos Drvska e a Mournolith Abyss, assim como nas páginas sociais, com a rubrica Riff of the Week, um desafio de que gosto muito. Para quando o disco? Estamos a trabalhar para isso neste momento. Datas não existem ainda. Cada tema é finalizado quando nos surge aquele «arrepio» (risos). Focámo-nos na qualidade e não na quantidade. Quando ensaiamos ou tocamos um tema, temos de senti-lo e ver isso no público, só aí sabemos que está bem terminado. Que objectivos tens enquanto músico e enquanto líder de Drvzka? Não existe um líder em Drvska. Existe sim uma banda e a banda é composto por todos. Eu sou apenas um deles. Somos como uma família.. Como músico, o meu objectivo será sempre evoluir, expor a minha criatividade e dar tudo de mim aos meus projectos, tanto em Drvska, como mais recentemente em Mournolith Abyss. Que 2024 traga bons ventos ao Metal açoriano. HEADBANGERS 11


LUÍS FRANCO

Noxious, Carnification, Nableena e agora Drakh. São estas as bandas que fazem parte do universo musical de Luís Franco, uma das vozes mais potentes da cena Death Metal açoriana. O passado, presente e futuro, foram abordados na conversa que agora se transcreve.

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autenticidade, ao descobrir a cena metaleira pela primeira vez.

Lembro me principalmente dos primeiros «rugidos vocálicos», guitarras estridentes e claro aquela martelada sem dó na bateria. Acho que nem sabia no que me estava a meter quando entrei pela primeira vez numa sala de ensaio improvisada. Iniciei-me em Noxious, aquela fase eufórica do descobrimento do Metal. Entre outros projetos, mais ou menos conhecidos, logo segue-se a fase do crescimento, do crer para vencer e é em Carnification que realmente afirmo a minha pegada musical. Ainda fui intercalando com uma saudosa passagem por Nableena. Não há como negar, esses projetos fizeram me «abraçar» o meu estilo de vocalização mais «gutural» e nessa descoberta desencadeio o gosto e, até mesmo, um modo de vida que mantenho vivo e bem alimentado até aos dias de hoje. Como pessoa e, desde então, guardo boas memórias e os bons laços de amizade entre os demais músicos e a azáfama desse meio musical.

Nas décadas de 90 e a primeira de 2000, havia muitas bandas e diversos estilos musicais. Foi a melhor época de sempre? Sim, plenamente de acordo. Sinto que foi o auge a nível musical. Surgiram muitas bandas em vários estilos musicais, assistiu-se a um «boom», lá está aqui neste aglomerado de ilhas também tivemos o nosso universo regional, com muitas novidades – não haviam ouvidos suficientes para tanto som bom que andava a sair.

Diz-se que nesses tempos era tudo mais genuíno e menos fabricado. Concordas? Para mim, claro, que considero ser uma época mais genuína, porque foi quando o Metal começou a aparecer cá na região. Aí surgem os primeiros vinis, cassetes, os primeiros riffs, os primeiros guturais, a malta a encontrar-se na rua com a vestimenta a rigor, para irmos aos primeiros concertos. Vivia-se tudo mais intensamente, talvez porque no meio do oceano tentava-se criar, aquilo que tínhamos, a ribalta daquilo que acontecia em outros continentes. Num formato insular, criou-se, nessa altura, um denso nicho e variado na cena underground. No entanto, acredito ainda que actualmente esta nova geração sinta o mesmo feeling de

Paralelamente a isso também ouves outras sonoridades como o Trance, que é considerado o Death Metal da música de dança. Sabe bem mudar de ambientes musicais? Gostei dessa comparação (risos) Claramente. Sempre gostei de expandir os meus horizontes, o tempo ensinou-me que há espaço para tudo e todos. Quando criamos, tudo é válido potenciando assim uma fonte de inspiração. É uma questão de estarmos recetivos ao que nos rodeia e assim a obra acontece. Os Drakh são a tua banda actual, sendo unânime de que se trata de um super projecto. O reconhecimento tem sido importante? Sem dúvida! É sempre óptimo termos reconhecimento e feedback em relação ao que lançamos. Apesar de acharmos que criamos para nós e para colocar cá para fora o que nos vai na alma, é sempre reconfortante termos quem nos apoie e termos a força dos nossos ouvintes, para continuarmos a avançar e a desafiar-nos a cada lançamento.

Com a experiência que hoje tens, como é que vês estes mesmos projetos à distância que o tempo os separa? Cada projeto à sua medida. Existiram todos com um propósito bem estruturado. No geral, acompanharam o rebuliço da altura. Isto serviu de mote, para uma passagem e até mesmo uma transformação na minha atitude, perante o fenómeno Death Metal. Fico de alma cheia quando recordo que de alguma forma, aqueles tempos foram referência nos dias de hoje. Notese que, atualmente, há muita novidade que se anda a produzir, com um pequeno sabor da velha guarda.

as nossas origens são sempre as nossas origens. E como todo bom filho, eu regresso sempre a casa (risos)

No último concerto, contaram com a participação de um guitarrista e de um baixista, João e Nuno respectivamente. Foram apenas convidados ou vão fazer parte da banda? Entretanto, houve músicos que infelizmente partiram, como foi o caso do Castro. Situações como essa fazem pensar ou repensar a vida tal como ela é? Infelizmente, considero esse capítulo da minha vida como aquele «fallen brother» mas logo aí há aqui deste lado alguém que continuará as pegadas desse irmão de armas. A vida continua, a saudade claro que fica e confere-me muita força para continuar esse tipo de criação e, em boa parte de mim, haverá sempre aquela dedicatória àqueles que já partiram. Pestilence, Deicide e Death eram algumas das tuas referências. Ainda as tens na tua lista de preferências? Claro, sempre! É onde vou buscar as origens, principalmente pela energia que me deram na altura e continuam a ter muito peso na minha criação. Escuto sempre como se fosse pela primeira vez. Naturalmente há novidades, mas

João e Nuno grandes músicos e depois do que foi a cena de alguns concertos como artistas convidados, solidificou-se uma grande amizade, mas no que diz respeito a Drakh prosseguimos com António Couto e Luís Franco. A bateria será ainda programada? «When there’s a way, there’s a will» Não há baterista, mas existem duas cabecinhas pensadoras com muita vontade para mostrar uma boa dose de Metal. Sabes de algum baterista que toque este tipo de Metal? Aceitamos C.V.s. (risos) Como vês os Drakh na próxima década? É um livro aberto e já vamos em dois capítulos; o «Volcano One» e o «Crossing Spirits». Não posso acrescentar muito mais, a não ser que se trata de um projeto em constante evolução.

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ue memórias tens dos teus primeiros projectos de Metal?

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MOURNOLITH ABYSS É, seguramente, o projecto mais mediático dos últimos tempos, quanto mais não seja, pelos membros que fazem parte da sua formação. Miguel Santos aka Spell (A Dream of Poe) e André Sousa (Druzka) protagonizaram uma aliança de peso, ao qual deram o nome de Mournolith Abyss. Conheça todos os pormenores nas linhas que se seguem.

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ão pela distância física, talvez pela musical, essa era uma união pouco provável. O que é que correu mal (risos)? Sim, é verdade! Sinceramente, não sei o que passou pela cabeça do André ao me convidar para ser vocalista de uma banda de Black Metal, especialmente considerando que a minha experiência se limitava a alguns guturais para A Dream of Poe. No entanto, quando ele me apresentou «Brimstone Confession», percebi que se alinhava perfeitamente com o estilo de Black Metal que aprecio. Apesar da minha falta de experiência nesse subgénero, a qualidade do trabalho apresentado convenceu-me a aceitar o desafio. Decidi assumir a posição, mas com uma condição clara: se minha voz não se adequar ao que a música exige ou não se encaixar nos temas, o André teria total liberdade para procurar alguém com mais experiência. Surpreendentemente, ainda aqui estou, é sinal que fiz alguma coisa bem (risos).

O tema "Brimstone Confessions" produziu o efeito que desejavam?

Consta que há um tema em fase de construção?

Superou todas as nossas expectativas! Não apenas o resultado desta improvável união se manifestou num tema que, na minha opinião, transmite tudo o que se espera de um Black Metal sinfónico, mas também conseguimos manter uma identidade distinta, evitando cair na armadilha de imitar excessivamente outras bandas do género. Embora saibamos que ainda há muito trabalho pela frente na construção dessa identidade, continuaremos a trabalhar para aprimorar ainda mais as próximas músicas. A aceitação, tanto nos Açores, em Portugal continental, quanto internacionalmente, foi algo que não esperávamos. Embora tivéssemos consciência de que o tema estava bem composto, trabalhado e produzido, ficamos surpresos com a quantidade significativa de «feedback» positivo que recebemos. O lançamento do tema/vídeo em colaboração com a Black Metal Promotion permitiu alcançar um público amplo, em um curto espaço de tempo.

Como diz o ditado, «parar é morrer», e sim, estamos actualmente a preparar uma novo tema para ser lançado em breve. As gravações das guitarras já estão concluídas; agora, falta apenas gravar a bateria e o baixo. Posteriormente, gravarei as vozes aqui na Escócia. Estamos bastante ansiosos para ver o produto final e esperamos que atenda às expectativas do nosso público alvo. As atuações ao vivo fazem parte dos vossos planos, ainda que num futuro mais distante? Absolutamente! Claro que para alcançar esse objetivo, teremos que expandir o nosso repertório, mas é a nossa ambição levar este projeto para os palcos. Estamos determinados a criar uma experiência intensa e única. Fiquem atentos, pois assim que tivermos o material necessário, estaremos prontos para levar a energia do Mournolith Abyss para o público.

Vocês são a prova de que a distância não impede que o trabalho seja feito. Tem sido interessante? Tem sido, de facto, uma experiência fascinante e bastante gratificante. Para ser honesto, já há mais de uma década que colaboro à distância com diversos músicos em vários projetos musicais. A evolução tecnológica, aliada à facilidade de gravar em casa e ao investimento crescente dos músicos em equipamento de qualidade para gravação caseira, tem facilitado bastante a colaboração, independentemente das distâncias envolvidas. É claro que existem alguns desafios; a comunicação, embora relativamente fácil, não substitui a dinâmica de estar na mesma sala gravando ou compartilhando ideias. O importante é que a paixão pela música e a vontade de criar superam qualquer distância física. Musicalmente, é um projeto muito diferente daqueles pelos quais são conhecidos. Era essa a ideia? A concepção do projeto partiu do André, mesmo antes de me abordar. Tanto ele quanto eu temos um carinho especial pelo Black Metal e, devido à facilidade em compor e gravar ideias em casa, o André decidiu avançar com um projeto deste estilo. Embora eu como músico explore sons mais lentos, e o André tenha uma inclinação por um som mais "gótico", essas preferências não determinam completamente quem somos. Ao longo dos anos, tenho refinado o meu estilo com A Dream of Poe, mas isso não impede que eu me adapte a outros estilos, desde que haja apreço pelo género e a disposição para trabalhar nele. O projeto Mournolith Abyss é uma prova da versatilidade e abertura para explorar novas sonoridades.

De que forma têm sido distribuídas as tarefas entre vocês? O nosso processo é bastante simples. O André, sendo um guitarrista muito mais habilidoso do que eu, encarrega-se da criação dos temas. Assim que ele compõe partilha comigo e é nesse momento que dou a minha opinião e faço sugestões. É nessa fase que começo a estudar a linha vocal e a definir a direção que o tema deve tomar. Normalmente, para as letras, contamos com a contribuição indispensável de Paulo Pacheco (letrista de A Dream of Poe), que escreveu a letra para o tema «Brimstone Confession». Além disso, temos colaborado com Stepan Kobyakin não apenas na gravação, mas também na parte de orquestração, enriquecendo ainda mais a complexidade musical das nossas composições.

Qual o conceito musical e lírico de Mournolith Abyss? Mournolith Abyss segue a tradição do Black Metal mais melódico e sinfónico, com influências em bandas como Dimmu Borgir, Rotting Christ e SepticFlesh. A nossa proposta musical é oferecer um Black Metal sinfónico que incorpore não apenas as minhas influências, mas também as do André, acrescentando uma pitada da essência açoriana a um género tipicamente norueguês Liricamente, exploramos temas de «caos e destruição». Tentamos pintar uma imagem vívida e poderosa de uma iminente perdição e aniquilação de todas as coisas. A intenção é criar uma atmosfera intensa e impactante que ressoe com a essência sombria e grandiosa do Black Metal sinfónico que estamos a desenvolver. HEADBANGERS 17


~ CARLOS GUIMARAES É um dos nomes mais importantes da cena nacional, no que diz respeito à divulgação e promoção do Heavy Metal na rádio, no papel e no digital. Conheça agora o percurso do projecto Caminhos Metálicos, a debitar decibeis desde 1991.

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fazer um programa de rádio online gravado é um podcast com música, não é rádio. HEADBANGERS 19


MÁRIO LINO FARIA

Figura icónica do Heavy Metal feito nas ilhas de bruma, Mário Lino Faria é o mentor e responsável por inúmeros projectos ligados ao som mais pesado. Pelas suas mãos, passam dezenas de bandas que o próprio ajuda a promover e divulgar, nas suas diversas plataformas digitais e não só.

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P

assado, precisamente um ano após o lançamento da Headbangers Radio Online, que balanço é possível fazer?

também nacional. Os músicos e bandas não têm a real noção do trabalho e valor que as suas criações têm. Deviam ver os seus temas ou álbuns como um «animal de estimação» que tem que ser constantemente alimentado, senão acaba por morrer. Um registo (tema ou álbum) que é lançado num dia e nos restantes dias deixado ao acaso, cai no esquecimento. Tem que ser um trabalho constante e diário. Só assim faz sentido. E é isso que, ao fim e ao cabo, eu vejo-me a fazer por eles e dou por mim com 1001 projectos paralelos ao MHMA.

os trabalhos num registo físico, em CD, de forma a terem algo palpável com seus trabalhos. Acho que este foi um primeiro passo para as revelações e vermos muitos nomes saírem à rua e serem conhecidos. Agora estamos a tentar ver se os palcos são outro motivo para muitas mais revelações. Um facto que já se nota, é alguns projetos, que não passavam de «bandas de estúdio» ou «one man band» já estarem a evoluir para banda e estão a recrutar músicos para completar esses colectivos.

Qual a média de ouvintes da rádio?

O titulo de “Personalidade do Ano” atribuído pelo Azorean Metal foi o reconhecimento de todo esse trabalho?

Que bandas têm recebido mais destaque por parte da critica?

A média em números é relativa e inconstante. Tudo depende da altura do dia e também dos programas promocionais à hora que são lançados. Nota-se uma maior audiência nos momentos que se destaca um novo álbum, ou se anuncia um lote de temas novos ou recentes. A página do Facebook é interativa e em vários momentos da noite, lança os «spots», apelando e cativando quem está online, nas redes sociais, direcionando a atenção para a sintonia (zeno. fm/radio/headmetal). Uma mais valia é a rede internacional de cibernautas, que acabam por sintonizar, por curiosidade e são confrontados com os sons nacionais que desconheciam muitas vezes até então.

Para ser sincero, como «título», pouco significado teve para mim. Preferia converter este «titulo» em oportunidades para os músicos locais conseguirem um palco, coisa que lhes é colocada sempre fora de questão. Mas, claro e evidentemente não posso deixar de me sentir honrado e sensibilizado, por saber que numa votação feita pela comunidade Heavy Metal regional (e não só), prevaleceu a maioria no reconhecimento e por valorizarem todo este trabalho e empenho, que coloco em prol do nosso género e nos nossos músicos, nos últimos três anos de luta.

Do primeiro ano de arranque desta rádio amadora, faço um saldo muito positivo e, acima de tudo, com objectivos conseguidos. A rádio surgiu com o objectivo de divulgar o Heavy Metal regional e nacional 24horas por dia, sem interrupção. Se a ambição dos músicos e bandas é verem os seus trabalhos promovidos na rádio, a Headbangers Radio Online é o meio ideal para isso.

Para além da rádio, tens ainda a gestão do Museu do Heavy Metal Açoriano, do Merchandise e as colaborações com diversas publicações. 24 horas chegam para isso tudo? Realmente a gestão do tempo pessoal torna-se um problema. Tudo começou com o MHMA e a simples página de facebook, mas uma coisa leva a outra e tornou-se uma «bola de neve». Dou por mim e sinto a necessidade de criar isso e mais isso e mais aquilo e acabo por ter muitas funções paralelas e essenciais à constante divulgação e promoção do que é regional e

Estamos a atingir, novamente, um máximo histórico de bandas e projectos de Heavy Metal na região, com maior incidência na ilha de São Miguel. A que se deve na tua opinião? Sempre tivemos e temos muitos talentos e bons músicos locais. Todos eles voltam ao anonimato quando não veem oportunidade ou retorno dos seus trabalhos. Nos dias de hoje e no nosso «mundo das tecnologias», eles timidamente recorrem às redes sociais e pouco mais para se revelarem. O MHMA apostou na criação dos CD Compilação «Azores & Metal», como forma de os incentivar a criar e a lançar

Os destaques e atenções são variados. Ora focam-se nas bandas que já têm muitos anos de existência como os Morbid Death, In Pecattum, A Dream of Poe ou Crossfaith, ou despertam a curiosidade por serem novidade ou pelo género que praticam; Dark Age of Ruin, Finding Sanity, Drvzka, Drakh, ou ainda pelo facto da ilha onde estão situados; Damage Device, M1ke, Palha D'aço, None The Less. São já três CDs e mais de três dezenas de bandas, o que torna difícil mencionar todas e as razão das escolhas. O que se segue, em termos de projectos? Já tenho muito com que me entreter (risos). Não quero arranjar mais nada para me ocupar. Vou focar-me no MHMA e nas suas actividades paralelas; a rádio, os lançamentos, promoção de bandas e suas edições e tudo o que daí deriva. Mas lógico que há sempre ideias e planos, mas tenho que me conter. Como ultima palavra, quero agradecer esta oportunidade de poder falar do nosso meio Heavy Metal, e pedir aos fans que sigam os nossos músicos e compareçam nas suas iniciativas e actividades.

Todos juntos seremos muitos.

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2023

25 ESCOLHAS De Mário Lino Faria

‘ BALTUM - NIGHT STALKER ‘ GODIVA - THE MEANING OF LIFE ‘ DARK AGE OF RUIN - GOLGOTHA ‘ OKKULTIST - DEATH TO YOUR BREED ‘ APOTHEUS - FIREWALL ‘ ENCHANTYA - ALL DOWN IN FLAMES ‘ SPELLSWORD - NIGHT OF THE GRAIL ‘ MALIGNEA - MORTE VERMELHA ‘ BOOBY TRAP - THE END OF TIME ‘ FINDING SANITY - WE ARE THE ONES ‘ A DREAM OF POE - THE LAMENT OF PHAETHON ‘ TESTEMUNHAS DE JEOVÁ - GALILEU GALILEI ‘ MORBID DEATH - SURVIVE ‘ DERCETIUS - CALL OF DESPAIR ‘ BLAME ZEUS - LUST ‘ ALLGEMA - BIG MOUTH ‘ ON THE LOOSE - WANDERING ECHOES ‘ ELS FOCS NEGRES - MÀRTIRS ‘ RHEUMA - LEAP ‘ BHOOT - IN THE SKY ‘ CURSED DISCIPLES - I CHOOSE VIOLENCE ‘ ALL AGAINST - BLOOD FOR BLOOD ‘ MADNESS OF LIGHT - AFFLICTION ‘ APOCALYPSE CONSPIRACY - ANONYMOUS ‘ INHUMAN ARCHITECTS - SHADOWS FROM THE VOID HEADBANGERS 22


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VIDEO REVIEW DEICIDE

“Bury The Cross… With Your Christ” é o single/vídeo de avanço ao novo trabalho dos norte-americanos Deicide, liderados pelo ícone Glenn Benton. “Banished By Sin”, assim se chama o novo álbum, tem lançamento previsto para março. Musicalmente, a banda mantém o nível de agressividade, adicionando (pelo menos no videoclipe) uma dose extrema, em formato Gore. 9/10 - WATCH HERE

EXOCRINE Chama-se “Eidolon” e pertence ao álbum “Legend”, (saiu dia 26 de janeiro). Os Exocrine são oriundos de Bordéus (França) e neste vídeo de avanço, voltam a apostar no Progressive/Technical/Death Metal. O trabalho está muito bem conseguido a todos os níveis, pelo que, recomenda-se.. 8/10 - WATCH HERE

INGESTED Aqui está um verdadeiro exercício de brutalidade. Chama-se «Paragon of Purity» e pertence aos Ingested. O vídeo é simples, num cenário ainda mais simples, onde o destaque vai apenas e unicamente para os músicos. De resto, a banda pratica um Death Metal que ora é rápido ora mais lento, mas sem perder a brutalidade. 8/10 - WATCH HERE

GOST «Widow Song» é o segundo single de avanço ao álbum «Prophecy», com data de lançamento marcada para 8 de março. Com uma sonoridade new retro wave, e com direito apenas a lyric vídeo, os Gost constituem uma interessante proposta. 8/10 - WATCH HERE

ILLUMISHADE Muito dificilmente se arranja uma banda de Heavy Metal que soe tanto a Pop como os suíços Illumishade. Não fosse mesmo o peso das guitarras e o andamento da bateria e estes bem podiam ser os novos Abba. «Here We Are», é o single/vídeo de avanço ao álbum «Another Side of You» que chega ao mercado dia 16 de fevereiro. O resultado é interessante e até inovador, pelo que se recomenda aos fãs da liga mais leve do Rock.

DEIDRA KLING

8/10 - WATCH HERE

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HEADBANGERS WALL

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