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No caminho dos vinhos do Távora-Varosa
Albergando os municípios de Moimenta da Beira, Sernancelhe, Tarouca e ainda algumas freguesias dos concelhos de Penedono, São João da Pesqueira, Tabuaço, Armamar e Lamego, a região é limitada pelos dois rios que lhe dão o nome, o Távora e o Varosa.
As características edafo-climáticas, as suas vinhas plantadas em solos graníticos, solos litólicos e solos de transição, reúnem boas condições para a criação de vinhos geralmente frescos, e com teores de acidez ideais para a produção de vinhos espumantes. No ano de 2022 a região do Távora-Varos registou um crescimento de produção de 40%.
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Casa de Santo António de Britiande
Após duas visitas ao concelho de Armamar, o caminho dos vinhos do Távora-Varosa levou-nos até Britiande, no concelho de Lamego, para conhecermos a Casa de Santo António de Britiande vocacionada, desde 1991, para o turismo de habitação, o enoturismo, a realização de eventos e outras atividades ligadas à gastronomia e ao lazer.
Reza a história que a lenda mais conhecida desta vila é a que lhe deu nome. Chama-se assim porque quando D. Afonso Henriques ali passou com os seus homens, havia nozes pelo chão. Vinha com pressa, mas os soldados arregalaram o olho. E deu esta ordem: Brite e Ande –“Britiande”.
Em pleno cruzamento da Rota das Vinhas de Cister e da Rota do Vinho do Porto, a Casa de Santo António de Britiande é um espaço requintado onde o visitante é envolvido na história e nas estórias da propriedade e da região.
A 150 metros da casa principal, implantada em 3,5 hectares murados, encontra-se a antiga casa dos caseiros, recuperada para desenvolver o enoturismo e outros eventos.
O enoturismo é uma tendência em expansão, mas não foi essa a razão que levou os proprietários a investir nesta vertente. Foi sim resultado de um percurso natural de quem tem o vinho a "correr nas veias" há várias gerações.
"Aqui conseguimos conjugar o enoturismo com a atividade do alojamento porque temos espaços autónomos e limitamos os grupos de visita a 24 participantes no máximo. Queremos ser uma experiência, não uma espécie de fábrica de provas e visitas. O nosso foco é a exclusividade e a qualidade", explica Ana Mara Pinto Ribeiro, proprietária do espaço, que acrescenta que "os visitantes são esmagadoramente estrangeiros, até porque os operadores com quem há parcerias trabalham unicamente com esse mercado".
Com o objetivo de proporcionar uma experiência diferente, as provas na Casa de Santo António são adaptadas à época do ano, "durante o inverno fazemos as provas à lareira, no verão fazemos no espaço ao ar livre, no jardim. É muito interessante, já fazemos isto há muitos anos e a maneira como comunicamos com as pessoas é completamente diferente, torna-se muito mais pessoal. É muito divertido porque há uma interação muito mais intimista com as pessoas".
Atualmente a Casa de Santo António de Britiande tem um espumante em comercialização, "mas apenas por venda direta aqui na propriedade", afirma Ana Maria que explica essa opção com a "elevada oferta de vinhos que existe no mercado".
"Aqui não vendo só vinho, vendo património, natureza, jardim e todo este projeto que montamos aqui. Vendemos história e estórias, o vinho é um complemento".
Feito a partir das castas Malvasia Fina e Gouveio verdelho, o espumante da Casa de Santo António "distingue-se pelos 11 anos de estágio que tem", revelando-se ainda assim bastante fresco.
Com a propriedade a ser dividida pela Estrada nacional há cerca de 70 anos, a Casa de Santo António tem outra propriedade na região Távora-Varosa, na freguesia do Souto, concelho de Penedono, com 14 hectares de vinha e 10 de olival.
Além da propriedade onde produz o vinho Quinta dos Urgais, na freguesia do Souto, tem duas quintas na Região Demarcada do Douro, uma na freguesia de Vila Marim, concelho de

Mesão Frio, e outra na freguesia de Valdigem, concelho de Lamego. "É nos armazéns destas duas quintas que estão os vinhos velhos do Porto em pipas, tonéis e cubas, ao estilo tradicional da região", explica Ana Maria Pinto Ribeiro.
No Largo de S. Sebastião, fronteiro à Casa de Santo António de Britiande, está o Pelourinho e a Capela de S. Sebastião. Logo a seguir a Igreja Matriz, ricamente decorada com um belíssimo altar-mor e paredes laterais ornamentadas com frescos do séc. XVIII.
Altiva e imponente, a Casa de Santo António de Britiande encontra-se caiada de branco, possuindo perfeitos “esconderijos” que oferecem paz e tranquilidade. Uma antiga varanda com vista para o jardim privilegia o hóspede com uma das mais aprazíveis e majestosas paisagens da região que se podem avistar do edifício.

A casa encontra-se decorada com bom gosto, em estilo clássico, assim como com diversos objetos que guarnecem as amplas dependências. Possui seis quartos, cinco duplos e um individual, totalmente equipados e muito cómodos. Como opções de lazer, o hóspede pode mergulhar na piscina, passear a pé ou andar de bicicleta à descoberta de verdadeiros tesouros do património nacional.
Atualmente os jardins estão a ser alvo de uma remodelação, de acordo com a proprietária a ideia passa por "transformá-lo em jardim comestível e agroflorestal fazendo o aproveitamento da água que vai irrigar, por gravidade, todo este espaço”. ○