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Um conceito, duas abordagens

MOTO MORINI X-CAPE / YAMAHA TÉNÉRÉ 700

Há nomes lendários e há outros que o procuram ser. Aqui temos dois bons exemplos disso! Por um lado, a Yamaha Ténéré que dispensa apresentações e por outro, a X-Cape da Moto Morini que pretende ganhar protagonismo neste aguerrido segmento. O espírito une-as, os conceitos afastam-nas e nós, contamo-vos tudo!

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Ofosso entre ambos os modelos começa, logo à partida pela diferença de preço que pode superar os 3000€ e depois, pela potência, com vantagem superior a 10 cavalos da japonesa frente à italo-chinesa. Mas há algo que as une e as faz andar de “mãos dadas” no segmento: primeiro, é que foi a Yamaha Ténéré 700 que trouxe de volta, em 2019, ao segmento das trail de média cilindrada, o estilo Rally e em segundo lugar, o cliente da X-Cape é claramente o da T7, mas com menor poder de compra. Haverá, naturalmente outros critérios na hora da decisão, mas, de “grosso modo”, é esta a realidade. Até porque no critério estético, as opiniões acabam por se dividir muito, com os pratos da balança até a tenderem a pender mais para a italiana do que propriamente para a japonesa, assim como outros pequenos detalhes que iremos descortinar mais adiante. Outra diferença que certamente já terão notado pelas fotos, é o facto da Moto Morini aqui presente neste trabalho estar equipada com jantes de alumínio (unidade disponível e amavelmente cedida pelo concessionário da marca em Algés HM Motos) ao contrário da Ténéré que tem jantes de raios. Na Yamaha apenas existe esta opção, e com jante de 21” na dianteira, enquanto que a X-Cape tem duas opções, esta com jantes de alumínio e outra com jantes de raios, mas ambas as versões com jante de 19” na frente.

A PARTIR DE 10.700 EUROS https://www.revistamotos.pt/yamahatenere-700-2023-em-video/

Apostura de condução na Morini é um pouco mais baixa e mais afastada do guiador baixa de condução afastada ump p fastad chegados

Na Ténéré assumimos uma postura mais elevada e chegados à frente elevada va www.yamaha-motor.eu/pt / www.motomorini.eu

Veja Aqui O V Deo

https://www.revistamotos.pt/motomorini-x-cape-650-cc-em-video/

A PARTIR DE 7.844 EUROS

Muito Para Dar

Ambas têm os seus próprios argumentos para convencer o mercado de que são a opção de escolha mais acertada. Comecemos então pela Moto Morini X-Cape 649. Como a maioria das marcas históricas europeias, também a Moto Morini tem um passado longo de altos e baixos. Fundada em 1937 foi sobrevivendo com mais ou menos fulgor, até que em 2018 foi adquirida por inteiro pelo gigante chinês Zhongeng Vehicle Group. Pode ser produzida na Ásia, mas todo o design e acompanhamento da produção é feita por italianos. Logo no ano seguinte deu nas vistas ao apresentar no Salão de Milão a X-Cape, com um design estilo Rally que não deixou ninguém indiferente. Estava de novo aberta a porta do sucesso à histórica marca europeia. Mas entretanto, por força de uma pan- demia que parou o mundo, foi preciso esperar até ao final de 2021 para podermos fazer os primeiros contactos dinâmicos ao modelo, chegando ao mercado já em pleno ano de 2022. Algum tempo a mais que acabou por retirar algum do impacto inicial causado em Milão. Mas isso são águas passadas e o que interessa é o agora! E o agora tem corrido de feição à marca, presente no mercado com dois modelos, a X-Cape e a naked “Seie-

Produzida

NA CHINA, TODO O DESIGN

Continua A Ser

Feito Em Solo Europeu

Nos dias que correm, há determinados pormenores indispensáveis como a tomada USB, que neste caso, são duas.

O painel de instrumentos é um dos seus pontos fortes, com a informação necessária e de fácil emparelhamento com os smartphones.

Para se posicionar num segmento superior à concorrência italo-chinesa, a Moto Morini optou por recorrer ao bloco de 650 cc.

mezzo” equipada com o mesmo bloco. Embora tenha ido “beber” alguma inspiração à Benelli TRK 502, o facto de ter optado por instalar um bloco de dois cilindros de 650 cc coloca-a logo um nível acima e mais perto da “rainha do segmento”, a Yamaha Ténéré 700. No que à ciclística diz respeito, a Morini quis marcar posição e além da jante de 19” que a deixa num patamar intermédio de conforto entre uso diário em cidade, viagens no asfalto ou até longas aventuras fora de estrada, contamos com uma forquilha ajustável Marzocchi de 50 mm na dianteira e um amortecedor traseiro da mesma marca e igualmente ajustável. Como a ideia é ser uma moto polivalente e acessível até aos menos experientes, a altura do assento ao solo é de apenas 845 mm, podendo descer até aos 820 mm através do assento rebaixado. O resultado, é que

FICHA TÉCNICA MORINI X-CAPE

Dois cilindros em L, 4T, refrigerado por líquido

Duas árvores de cames à cabeça, oito válvulas

649 cc

60 cv / 8250 rpm

54 Nm / 7000 rpm

Sim

Embraiagem

Final Caixa Quadro

Vel. máxima

Suspensão dianteira

Suspensão traseira

Travão dianteiro

Travão traseiro

Pneu dianteiro

Pneu traseiro

Comprimento Máximo

Largura Máxima

Altura Máxima

Distância entre eixos

Altura do assento

Peso (a seco)

Depósito Cores

Importador

PVP

Multidisco em banho de óleo

Por corrente

6 relações

Treliça em tubos de aço

-

Forquilha invertida

Marzocchi, bainhas de Ø50 mm, ajustável

Monoamortecedor

Marzocchi, ajustável na pré-carga da mola

Dois discos Brembo, 298 mm, pinças de dois êmbolos, ABS

Disco, 255 mm, pinça de dois êmbolos, ABS

110/80-19”

150/70-17”

2200 mm

900 mm

1390 mm

1490 mm

845 mm

213 kg

18 litros

Vermelho, cinzento, branco

Moto Morini Ibérica a partir de 7.844 € conseguimos apoiar ambos os pés no chão. Travagem com dois discos dianteiros de 298 mm com pinças de dois pistões da Brembo e um traseiro de 255 mm asseguram equilíbrio e potência. Em termos práticos temos um para-brisas ajustável em altura, um painel TFT de 7” com muita informação, incluindo conectividade com os nossos smartphones e/ou fontes de áudio, dupla tomada USB no lado esquerdo do tablier, iluminação “full LED” e sistema de ABS desconectável. No painel temos dois modos, sendo que apenas alteram o fundo do painel e no modo off-road permite-nos desligar o ABS (temos que ficar a carregar em simultâneo no botão “set” e na seta inferior para desligar o ABS). Nada mais de eletrónica. A postura de condução é descontraída e os pousapés permitem-nos retirar as borrachas, mas necessitamos de uma chave para o fazer.

MOTOR, VELHO CONHECIDO

Para distanciar a X-CAPE das 500 cc, a Moto Morini apostou num 650 cc, através de um motor de dois cilindros em L, fabricado na China, com base no popular bloco da Kawasaki que equipa outros modelos, como por exemplo, da CFMOTO. São dois cilindros em L, a 4T, refrigerados por líquido, duas árvores de cames à cabeça com oito válvulas, capaz de debitar 60 cv de potência às 8250 rpm e 56 Nm de binário máximo à passagem pelas 7000 rpm. Por fo-

Estética

Prestações

Comportamento

Suspensões

Travões

Consumo

Preço na cremalheira). Por outro lado, temos a vantagem do consumo se manter em cifras muito simpáticas, apontando aos quatro litros sem restrições. Disponível em versão A2.

É no punho esquerdo que temos acesso aos comandos de navegação do painel.

ARGUMENTOS DE REALEZA

Desde 2019 que a Yamaha T7 é, e continua a ser, a referência para o segmento. Isto porque além de toda a herança histórica, cuja importância é inegável para os amantes

da marca e do modelo, continua a mostrar que a receita que apresentou há quatro anos continua muito válida ainda nos dias que correm. E para os mais exigentes, a Yamaha optou por apresentar mais duas variantes, primeiro a versão “Rally Edition” e mais recentemente a “World Raid” com níveis distintos de equipamento, indo ao encontro de todos os gostos e necessidades dos clientes. Todos satisfeitos! Mas não se pense que o sucesso é

Ficha T Cnica Yamaha T N R 700

Dois cilindros em linha, 4T, refrigerado por líquido

Duas àrvores de cames à cabeça, oito válvulas

689 cc

72,4 cv / 9000 rpm

68 Nm / 6500 rpm

Não (apenas na versão de 2023)

Multidisco em banho de óleo

Por corrente

6 relações

Duplo berço em tubos de aço

FForquilha invertida

KYB, Ø43mm, totalmente ajustável, 210 mm de curso

Amortecedor KYB, multi-ajustável, 200 mm de curso

Dois discos Brembo, 298 mm, pinças de dois êmbolos, ABS

Disco, 245 mm, pinça de êmbolo simples, ABS desconectável fruto da história ou do acaso. Nada disso. O sucesso vem na sequência de um conjunto tão bem pensado que, embora de forma humilde, faz tudo bem, desde o dia a dia na cidade, viagens em asfalto ou até mesmo aventuras mais extremas fora de estrada. Isto porque em termos de construção e ergonomia a T7 apresenta um conjunto que roça a perfeição, com uma postura de condução direita e descontraída. Ao contrário da X-Cape, as vibrações não se fazem praticamente sentir, mas os 30 mm a mais de altura do assento ao solo face à Morini (na Ténéré é de 875 mm) é o suficiente para deixar os menos experientes menos à vontade para se aventurarem por outros caminhos. Mas, tal como na italiana, também na Yamaha conseguimos reduzir essa altura do assento ao solo, embora nunca che- gue aos valores da X-Cape. Mas em andamento tudo isso passa e notase um incrível equilíbrio, uma leveza e agilidade do conjunto motivados pelos seus 205 kg de peso, menos quase 10 kg em comparação com a asiática. Outro dos seus segredos é o bloco de dois cilindros, e famoso CP2 da Yamaha que nos disponibiliza 72,4 cv às 9000 rpm e um binário de 68 Nm às 6500 rpm. Tal como na Morini, também a T7 de 2023 está disponível numa versão limitada a 35kW (a versão que utilizamos neste frente-a-frente ainda é a de 2022). O assento de duas peças estreito e esguio termina junto ao depósito de 16 litros. Em termos dinâmicos, contamos com uma forquilha invertida de 43 mm na frente e um monoamortecedor traseiro, ajustáveis em ambos os trens. A jante de 21” pode penalizar um pouco o desempenho

Pneu

Pneu traseiro

Comprimento Máximo

Largura Máxima

Altura Máxima

Distância entre eixos

Altura do assento

Peso (a seco)

Depósito

Cores

Importador

PVP

90/90-21”

150/70-18” 2370 mm 905 mm mm 1595 mm

875 mm

204 kg 16 litros

Azul/amarelo

Yamaha Motor de Portugal

A partir de 10.700 € mais básico e simples, embora a atualização seja uma das grandes novidades da versão de 2023. Continua a ter a barra de suporte para o GPS. No lado esquerdo do tablier temos uma tomada de 12V substituida por uma USB na versão de 2023. Pousa pés com o revestimento de borracha desmontável sem re- forma individual). Outra das coisas que muda para 2023 é o facto de podermos optar pelo ABS em três modos (desligar na roda dianteira, na traseira ou em ambas) o que agora é impossível, temos apenas um botão que nos permite desligar o ABS na roda traseira. Por falar em ABS, a travagem está a cargo de

2023 já traz também piscas em LED) com destaque para o “quarteto” dianteiro que nos remete para as motos de Rally do departamento de competição da Yamaha. Em termos de consumo, a Yamaha já se “atira” para uns mais expressivos 4,6 litros mas sem contemplações ao punho do acelerador.

Conclus O

Ambas equipadas com pneus Pirelly Scorpion Rally STR, apresentam claras diferenças entre si e que justificam a diferença dos mais de 3000€. A Yamaha é leve, ágil e com um motor muito poderoso e cheio em toda a faixa de utilização, enquanto que a X-Cape apenas começa a destacar-se acima das 6000 rpm trazendo com ela algumas vibrações mais contundentes. No entanto, em termos de caráter prático, a Moto Morini acaba por se destacar através da qualidade do painel de instrumentos, que já pemite emparelhamento com os smartphones e que a Yamaha apenas vai acompanhar com a versão de 2023, o mesmo quando falamos da tomada USB. Na versão de 2022 da Yamaha é mais fácil desligar o ABS, mas ao contrário da X-Cape, cada vez que cortamos a ignição, temos que voltar a desligar o ABS. Na Morini, tal só acontece se desligarmos a chave e não apenas a ignição. No geral, a Yamaha vence claramente este frente-a-frente, mas a Moto Morini recebe os louros pela estética mais bonita (depende dos gostos, é claro), pela maior facilidade para os menos experientes e, claro, pelo factor preço que pode ser determinante para muitos na hora de decidir! Novamente o nosso obrigado à HM Motos pela disponibilidade.

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