A melhor de cada reino

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As protagonistas do nosso comparativo podem parecer semelhantes à primeira vista, na medida em que podem ser consideradas scooters adequadas para uso quotidiano em ambiente urbano, mas no interior escondem tecnologias totalmente diferentes. De um lado temos a popular SH, uma das rainhas de “roda alta” durante anos, com um motor a gasolina; e do outro a Seat MÓ, um dos mais proeminentes representantes das scooters com motor elétrico. Mais jovem na sua carreira comercial, acaba de ser lançada em Portugal, e assume-se como uma opção mais ecológica e sustentável.

Apesar das diferentes tecnologias de propulsão, tanto a Honda como a Seat são muito semelhantes no conceito, já que ambas podem ser, de certa maneira, apelidadas scooters de “roda alta”. E isto porque a SEAT MÓ é só uma “pseudo”, uma vez que não chega às 16” da SH, no entanto, as suas rodas de 15” à frente e 14” atrás, dão-lhe um comportamento dinâmico muito ao estilo das “rodas altas”.

6.225 EUROS

A veterana Honda SH, com mais de 20 anos no mercado, é uma scooter icónica neste segmento e recebeu uma revisão completa em 2020, procurando melhorar o desempenho e a versatilidade de utilização através da modificação do quadro, carroçaria, motor e geometria.

A Seat tem 12,2 CV de potência, 240 Nm de binário e 133 km de autonomia autonomia 240 Nm 12 ,2 CV

Motor

Potência (nom / pico)

Binário

Vel. máxima

Carta

Chassis Suspensão

Dianteira

Suspensão

Traseira

Travão Dianteiro

Travão Traseiro

Pneu Dianteiro

Pneu Traseiro

Distância entre eixos

Altura do assento

Peso

Bateria

Capacidade

Tempo de carga

Autonomia

PVP

Elétrico refrigerado por ar 9,5 / 12,2 CV

240 Nm

Ficha T Cnica Seat M 125 A1

100 km/h

B y A1

Multitubular em aço Amortecedor Hidráulico Lateral, Curso 80 Mm

Amortiguador hidráulico lateral, rec. 80 mm

Disco 265 Mm, Cbs

Disco 240 Mm, Cbs

120/70 R15”

140/70 R14”

1.427 mm

790 mm

152 Kg (em ordem de Marcha)

IIões De Lítio

5,6 kWh

6-8 horas

133 km

6.225 €

Seat M 125

Estética

Prestações

Comportamento

Suspensões

Travões

Consumo

Preço

A opinião do jornalista

O esmagador binário do motor elétrico permite-lhe sair primeiro em todos os semáforos e conduzir de forma muito ágil e despachada em cidade. O seu preço de venda é mais elevado, mas estará a poupar dinheiro em cada quilómetro percorrido.

A Seat MÓ, por seu lado, é uma proposta acabada de chegar, mas já é uma presença assídua nas ruas das cidades dos nossos vizinhos espanhóis, ainda que de forma indireta, já que deriva da Silence S01, um modelo que faz parte da frota de “partilha” de scooters. É uma das propostas elétricas mais equilibradas, oferecendo um excelente compromisso entre potência, velocidade máxima e autonomia.

Esteticamente, a SH ainda mantém quase intatos os detalhes estilísticos que sempre a definiram, como as rodas de 16”, o piso plano e o espaço sob o assento que acomoda um capacete fechado. O banco da MÓ é mais longo (a distância entre eixos é 77 mm mais longa) e, apesar do menor diâmetro, as rodas ainda são suficientemente grandes para competir com uma

“roda alta” pura. Ambos os modelos fazem uso da tecnologia LED para iluminação. No local onde imaginávamos o motor, a Seat tem a bateria, uma unidade de iões de lítio com uma capacidade de 5,6 kWh, que pode ser removida e transportada para carregar em casa ou no trabalho. Para esse efeito, esta foi concebida como uma espécie de mala sobre rodas (trolley), com um sistema rápido e conveniente de ligação e desconexão.

Ergonomicamente falando, ambas as scooters colocam o condutor numa posição semelhante, com a coluna vertebral erguida com os joelhos e ancas a 90°. O assento duplo da SH coloca o utilizador mais próximo do guiador, sem grandes variações, ao contrário do MÓ que permite posicionar o corpo mais atrás graças

Generoso espaço de armazenamento sob o assento, que pode facilmente acomodar dois capacetes integrais de qualquer tamanho

Sob o assento temos espaço para um capacete integral e alguns pequenos objetos. O telemóvel tem a sua própria localização específica, ao lado de uma tomada elétrica

A opinião do jornalista

Tem um motor vigoroso, suave e rápido, ideal se tiver de conduzir em vias mais rápidas. O seu sistema de chave inteligente proporciona uma utilização mais prática no dia-a-dia.

A topbox traseira com 35 litros de capacidade permite acomodar um segundo capacete ou outros objetos.

A instrumentação é muito completa e consiste em dois mostradores digitais

Tanto a pinça de 3 pistões como o módulo do ABS são da responsabilidade da Nissin ao seu assento plano e extralongo.

Aos Comandos

A Honda está equipada com o sistema de chave inteligente Smart Key, que permite operar o sistema de ignição sem chave, a tranca da direção, a tampa do depósito de combustível, o assento e a Smart Topbox. O painel de instrumentos está dividido em dois ecrãs e é completo nas informações prestadas, faltando apenas a temperatura do motor.

No caso da Seat MÓ, o sistema de arranque é convencional, com uma chave, e a instrumentação mostra alguns dados relacionados com o seu motor elétrico, tais como a temperatura e carga da bateria, estado do motor e autonomia, de acordo com o modo selecionado. Há um botão de marcha atrás na pega da mão es-

A SH GANHA NA VELOCIDADE MÁXIMA, SE LHE DER TEMPO PARA LÁ CHEGAR ajustáveis querda, que é útil para mover os 18 kg extra face à a Honda quando a MÓ está parada. amortecedores

Um dos aspetos que é decisivo para muitos utilizadores quando escolhem uma scooter de cidade é a capacidade de carga. Na revisão de 2020, a SH aumentou o volume do espaço de armazenamento debaixo do assento em 10 litros, elevando-o assim para os 28 litros, e acomodando um capacete integral. Esta conta ainda com um espaço separado para luvas e um telemóvel que, por sua vez, tem um compartimento específico que ainda oferece uma tomada elétrica. A Seat MÓ surpreendente ainda mais a este respeito,

MOTORES DIFERENTES

O motor da SH, uma unidade com uma potência máxima de 13,1 cv e 12 Nm de binário, não tem modos de condução, mas tem controlo de tração (pode ser desligado). É animado e desenvolto, proporcionando um impulso imediato, quaisquer que sejam as circunstâncias. É bastante rápido, atingindo facilmente os 110 km/h em plano e excedendo os 120 km/h em condições favoráveis - uma vantagem acrescida se for necessário enveredar por vias rápidas interurbanas no dia-a-dia.

O motor da MÓ (localizado na roda traseira), oferece uma potência máxima de 12,2 cv e um impressionante binário de 240 Nm de binário. Tem 3 modos de condução (Eco, City e Sport), cada um dos quais é responsável pelas alterações da potência, velocidade máxima e travagem regenerativa. No modo Eco, a velocidade máxima é de 70 km/h, a potência é limitada nas acelerações e subidas e a travagem regenerativa está disponível. Sendo, portanto, ideal para uma condução económica em cidade, com tráfego intenso e a baixa velocidade; a sua autonomia é de 133 km. Já o modo City permite uma velocidade superior (85 km/h) e oferece a potência total em subidas e em aceleração; não faz uso da travagem regenerativa, permitindo-lhe tirar partido da inércia e conduzir dinamicamente, pelo que é adequado para uma condução mais rápida em cidade; a sua autonomia é de 100 km. Finalmente, o Sport, que, sem limite de potência, permite uma velocidade máxima de 100 km/h, utiliza novamente a travagem do motor para regenerar energia. É o modo mais divertido e faz do MÓ a rainha da cidade e dos semáforos (aceleração dos 0 aos 50 km/h em apenas 3,9 segundos), mas a autonomia é reduzida a 80 km.

As duas scooters são muito divertidas de conduzir. No modo Sport, a SEAT ganha em aceleração, pelo que o MÓ permite ganhar muito tempo quando utilizada numa grande urbe como Lisboa ou o Porto, no entanto, fica muito atrás da SH se andar no modo ECO, embora neste momento esteja a poupar nos “consumos”. Se valorizar a velocidade máxima a SH é superior, desde que lhe dê algum tempo para lá chegar.

A DINÂMICA

Os primeiros metros aos comandos da MÓ parecem diferentes da SH, com uma certa sensação de dificuldade em manter uma linha reta, fenómeno que, provavelmente, poderá ter a ver com uma distribuição de

peso orientada para a retaguarda e à sua longa distância entre eixos. Na travagem as duas scooters estão ao mesmo nível, oferecendo um tato notável e potências sem compromissos; Honda tem uma pinça Nissin de 3 pistões na roda dianteira e sistema ABS, enquanto a Seat opta por um sistema de travagem combinado (CBS), conseguindo uma distribuição sem críticas quando ambas as manetes são apertadas com força.

No capítulo da suspensão, o MÓ tem um bom desempenho, alcança o mesmo nível de conforto e estabilidade (não detetámos qualquer falta de consistência na dianteira), embora o conjunto da Honda tenha um tato ligeiramente melhor, com uma forquilha de

33 mm e amortecedores traseiros ajustáveis em pré-carga com cinco posições, com uma mola de dupla ação que oferece uma taragem mais branda no curso inicial e um pouco mais fi rme à medida que este vai diminuindo.

Decis O Final

Para tomar uma decisão final, terá sempre de considerar a questão económica. O preço de venda é mais elevado no MÓ e pode variar dependendo da aplicação ou não de certas condições de financiamento e dos descontos estatais. No momento do fecho deste artigo, o seu preço é de 6.225 euros, ou uma mensalidade de 123 euros através de financiamento. Este valor é muito diferente dos 3.989 euros pedidos pela Honda. Por outro lado, terá de considerar o custo do combustível, e, tendo em conta os preços da gasolina e da eletricidade neste momento, a MÓ gastará cerca de 70 cêntimos de electricidade por cada 100 km (o preço de um café), enquanto na SH o valor subirá para cerca de 4 euros (gasolina super 95) para percorrer igual distância. Se tiver as suas prioridades bem definidas, será fácil decidir sobre uma das duas opções. A batalha entre ambas está assegurada.

Conclus O

Partilham vantagens como a estabilidade das scooter de “roda alta”, o chão plano, a boa capacidade de carga e o conforto de marcha. Chassis, suspensão, travões e pneus oferecem um comportamento a toda a prova, compatível com um modo de condução desportivo. A Honda destaca-se por um PVP, mais acessível, velocidade máxima e capacidade para sair da cidade, enquanto a Seat MÓ tem uma velocidade máxima inferior, mas é mais rápida na cidade e o consumo de gasolina é, obviamente, nulo. O desembolso inicial para a Seat é maior, mas o preço por quilómetro é muito menor. A cada 100 km gasta o equivalente ao preço de um café.

1.160 cc