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Che bella macchina
Sem fazer revoluções, a Ducati aprimorou a mais pequena das Multistrada, melhorou a ergonomia, baixou o peso e refinou o motor Testastretta 11° com 113 cv. A nova V2 apresenta-se aqui na versão S, que é a mais equipada e inclui de série suspensão semi-activa DSS EVO que combina como poucas o conforto e a eficácia quando se anda ao ataque. Como se diria em Itália: una bella macchina.
AMultistrada sempre teve uma legião de fãs que se encantou pelo conceito desta dual sport e pelo seu design. Apesar dos holofotes estarem sempre mais virados para a maior de todas, equipada com um poderoso motor V4 de 170 cv, a verdade é que a mais pequena das Multistrada é provavelmente a melhor da gama, sobretudo com estas alterações de pormenor a que foi sujeita.
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A “nova” V2, que aqui se apresenta na versão S, é só uma das melhores Ducati que já experimentámos. Claro que não se comparam estilos diferen- tes de motos e que as desportivas da marca de Borgo Panigale têm um lugar especial no coração de muitos apaixonados por motos, mas depois de alguns em dias em estreito convívio com a V2 S, é difícil não desenrolar uma lista de elogios, tal é o prazer que esta moto oferece na estrada.

Dieta De 5 Kg
O objectivo primordial no desenvolvimento desta V2 face ao modelo anterior consistiu na melhoria da ergonomia e na redução de peso, apesar do motor Testastretta 11° de 937 cc também ter sofrido algumas alterações, nomeadamente novas bielas, embraiagem hidráulica de 8 discos (em vez de 9) e uma caixa de velocidades atualizada, mais precisa, facilitando também a selecção do “ponto-morto”. Esta revisão do motor bicilíndrico em L permitiu poupar 2 kg no peso final.
Poupar peso é sempre bom para o comportamento global de uma moto e a Ducati conseguiu uma dieta de 5 kg em comparação com o anterior modelo, graças em parte à adopção dos mesmos retrovisores, jantes e flanges de travão utilizadas na sua irmã mais potente, a Multistrada V4.

Do Cou O A Montargil
A nossa viagem começou em Lisboa com almoço combinado em Mora, antes de seguir para o Chalet do Lago, na desafiante estrada que liga o Couço a Montargil. Foi nesta estrada que a Ducati confirmou aquilo que já tínhamos sentido nos primeiros quilómetros de viagem, uma estabilidade imaculada a qualquer velocidade e muita facilidade nas transições de curva para curva. A posição de condução é muito boa, o guiador tem a dimensão ideal e o conforto está sempre num patamar elevado, não só pela qualidade do banco (mais estreito e baixo do que o anterior), mas sobretudo pela competência da suspensão semi-activa Skyhook (DSS EVO), de série nesta versão




S. A mais pequena das Multistrada é muito ágil, intuitiva, pede pouco esforço ao condutor e dá sempre muita confiança quando se aumenta o ritmo. É impressionante a forma como a Ducati conseguiu casar a comodidade de uma moto com roda dianteira 19’’ (atrás 17’’) com a tónica desportiva inerente à filosofia da marca. A V2S tanto encanta em ritmo de passeio, como a atacar curvas com o empenho do Pecco Bagnaia, até porque o entusiasmo nas rotações altas é inegável, não só pelo som do Testastretta, mas sobretudo pela eficácia, solidez e



O DEPÓSITO DE 20 LITROS PODE
UMA
DE 300 KM... OU DE 150 estabilidade do conjunto. A caixa de 6 velocidades é precisa e o quick-shift bidirecional funciona quase na perfeição - só notámos algumas hesitações de 4ª para 5ª - o que contribui para rapidez de processos nos momentos em que cada segundo vale ouro.
No bem iluminado painel TFT colorido de 5’’ é possível encontrar toda a informação necessária, como por exemplo o modo de condução selecionado que permite quatro alternativas: Sport, Touring, Urban e Enduro. Não é uma moto para todo-o-terreno, até porque os pneus Pirelli Scorpion Trail 2 preferem o asfalto, mas como o próprio nome do modelo indica está apta a lidar com todo o tipo de estradas, com ou sem alcatrão, desde que haja bom senso.


Andámos quase sempre em modo Touring que nos pareceu o mais equilibrado, mas obviamente passámos pelo Sport várias vezes, onde se nota a maior firmeza da suspensão e sensibilidade na resposta do acelerador. Além disso, as configurações do controlo de tracção e do ABS também são mais “liberais”, mas é sempre possível regular tudo a gosto através dos comandos no punho esquerdo, que são retroiluminados, algo que nem uma BMW GS 1250 tem. A navegação entre menus é fácil e intuitiva.
O vidro dianteiro pode ser ajustado manualmente com facilidade e na posição mais subida oferece uma protecção razoável quando se anda mais depressa, não é brilhante, mas é perfeitamente aceitável.
Equipamento Completo
É a andar mais depressa que se nota o contributo da tecnologia para a segurança, como por exemplo o ABS com função de apoio em curva ou o controlo de tracção com vários níveis, o que aumenta muito a confiança do condutor em travagens tardias já com a moto inclinada, bem como em aceleração forte à saída de curvas fechadas. E mesmo quando surgem ressaltos inesperados no alcatrão, a suspensão electrónica cumpre sempre o seu papel e absorve tudo com muita competência. A travagem é, como se espera, potente, progressiva e fácil de dosear, graças a dois discos de 320 mm com maxilas Brembo de quatro pistões e flanges em alumínio. ativa o piscar da luz traseira para avisar melhor quem vem atrás quando se efetua uma travagem súbita e forte.
Em cidade, os condutores de estatura mais baixa vão apreciar poder assentar os pés no chão, a descida da altura do banco e o seu desenho mais afilado melhorou este aspecto.
Os Intervalos De Manuten O S O De 15 Em 15 Mil Km E A Regula O De V Lvulas A Cada
30 Mil Km
Quando o sol se esconde, a Multistrada revela outros argumentos, como a potência da óptica full LED com luzes específicas para iluminar as curvas quando estamos inclinados. Nota positiva para o novo sistema Ducati Brake Light que
A Multistrada continua a ser uma moto alta e é esse o seu propósito, mas estas alterações aumentaram o leque de possibilidades dos seus clientes, sem comprometer o conforto e a ergonomia que estão em óptimo plano.
Existem pontos negativos? Bom, na verdade, não é fácil, mas na nossa opinião o carácter do bicilíndrico continua a ter alguma alergia com andamentos abaixo das 3000 rpm, apesar de este aspecto ter vindo a ser melhorado. Acima das 3000 é um exemplo de elasticidade até ao “red line” e os 113 cv chegam e sobram para quem gosta de ritmos vivos.
Para os viajantes, a Ducati disponibiliza como opção um pack de duas malas laterais, punhos aquecidos e descanso central.
A V2 S pode ser adquirida nas cores Ducati Red ou neste atraente Street Grey, por 17.395 euros, mas a V2 normal só existe em encarnado e está disponível por 14.795 euros. Justifica-se a diferença de preço? É uma pergunta difícil e depende do grau de exigência, mas a suspensão semi-activa DSS EVO vale cada euro, pelo que a nossa resposta é simples: sim!
