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Bem-vindos à festa

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Fazotodosentido

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A oferta de veículos elétricos é cada vez mais competitiva. No segmento das berlinas médias sem emissões, a ideia é “destronar” a Tesla. BMW I4 e Polestar 2 chegam a esta “festa” com os seus melhores trajes de gala para demonstrar que a tecnologia elétrica ainda procura um aspirante ao trono.

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Ficha T Cnica

Apesar de não marcar presença neste trabalho, é importante mencionar a Tesla para perceber o que pressupõe a chegada ao mercado destes dois novos modelos que preenchem estas páginas.

O Model 3 foi uma espécie de revolução comercial para a marca norte-americana desde o seu lançamento (é o seu modelo mais barato). E a verdade é que não restringiu o seu sucesso apenas a terras do Tio Sam, também na Europa, onde levou de vencida toda a concorrência.

O Model 3 é um dos elétricos mais vendidos no Velho Continente e, esse facto, não é do agrado dos tradicionais construtores europeus que, é assumido, face à Tesla chegaram tarde a toda esta explosão da mobilidade elétrica. A BMW é uma das novas protagonistas, tal como a Po- lestar que, não só, lança o seu primeiro modelo na Europa, como se assume como mais uma marca no conglomerado asiático Geely que beneficia da tecnologia e design da Volvo. Talvez se fosse vendido como Volvo, o mercado reconheceria ainda melhor este produto.

Novos Atores

Deixando este debate para outras núpcias, o Polestar apresenta-se ao mercado global com tudo, especialmente se tivermos em conta a versão mais desportiva e rápida da sua berlina. O Pack Performance, que só pode ser combinado com a versão de bateria maior (78 kWh) e tração integral, acrescenta um extra de potência para alcançar os 476 CV e 680 Nm de binário. Números muito parecidos com os do Tesla Model 3 Performance, contra o qual parece querer competir numa primeira instância.

Cifras, de facto, suficientes para fazer deste carro um veículo assombrosamente rápido. Contudo, não é só isto que sobressai. Há outros pormenores como a configuração de chassis composta por travões Brembo com pinças de quatro pistões e os amortecedores assinados pela especialista Öhlins, reguláveis até 22 parâmetros. Um amortecimento excelente em termos globais, mas com duas falhas. A primeira é que a regulação é manual, o que obriga a levar o carro à oficina, coloca-lo num elevador e desmontar painéis para aceder aos componentes (não nos parece que o cliente do Polestar 2 veja nisto uma vantagem). A segunda é que, mesmo sem estar no mínimo de altura, a suspensão revela

Ficha T Cnica Polestar 2 Long Range Dual Motor Performance Pack

TIPO DE MOTOR Dois motores elétricos síncronos; um em cada eixo

POTÊNCIA 476 CV (350 kW)

BINÁRIO MÁXIMO 680 Nm

TRANSMISSÃO Integral, caixa auto. 1 velocidade

BATERIA Iões de lítio, 78,0 kWh (75,0 kWh úteis)

AUTONOMIA (WLTP) 482 km

TEMPO DE CARGA 8 h a 11 kW CA (100 %) 35 min. a 155 kW CC (0-80%)

V. MÁXIMA N.D.

ACELERAÇÃO 4,4 s (0 a 100 km/h)

CONSUMO (WLTP) 19,8 kWh (misto)

EMISSÕES CO2 (WLTP) 0 g/km

DIMENSÕES (C/L/A) 4.606 / 1.859 / 1.482 mm

PNEUS 245/40 R20

PESO N.D.

BAGAGEIRA 405 l (+35 l frente)

PREÇO 61.900 €

GAMA DESDE 49.900 €

I.CIRCULAÇÃO (IUC) 0 €

LANÇAMENTO Maio de 2022

PREÇO: 61.900 €

PREÇO: 74.500 € alguma dificuldade em absorver as irregularidades do piso.

Ainda assim, o comportamento em termos desportivos é muito bom. Na prática, a Polestar soube retirar todo o partido do chassis: curva bem, com muita nobreza e elevada aderência lateral, a direção convence, o tato da travagem é dos melhores entre os veículos elétricos… mesmo que não consiga deslumbrar o condutor ávido de sensações mais “racing”.

PARA ISSO, O BMW

Este é precisamente o terreno ocupado pela BMW, que desenvolveu o primeiro elétrico sob a égide da BMW M. Dizer-lhe que é mais potente e tão rápido como um M3 Competition já devia bastar para entender que o i4 M50 não é apenas uma cara bonita. O mais potente dos i4 utiliza, como o Polestar, um par de motores elétricos (um dianteiro e outro traseiro) que produzem um total de 544 CV. Tem mais potência que o seu rival e mais 115 Nm de binário que o sueco. Por outras palavras, se o Polestar 2 é rápido, o BMW é ainda mais, e com contundência. A forma como acelera é endiabrada e com uma clara tendência para enviar mais potência para o eixo traseiro, precisamente aquele que acolhe o motor mais enérgico. No final, o resultado é que, mais do que um elétrico potente, conduz-se como um genuíno BMW M, ou até melhor, o que por si só constitui uma proeza. É tudo (quase) perfeito, desde o conjunto mecânico ao chassis, afinado para a condução desportiva. Para começar, o amortecimento é regulável eletronicamente (os diferentes parâmetros, ao contrário do Polestar, podem ser selecio- nados em andamento), o que permite adaptar o carro rapidamente a qualquer situação. Nesse sentido, o i4 M50 é um veículo muito confortável em condução do dia-a-dia (a forma como absorve as irregularidades do piso é admirável), mas também um autêntico desportivo, com uma abordagem às curvas bastante rápida e, até certo ponto, fácil de conduzir quando numa atitude mais radical. A dupla personalidade deste BMW é muito mais vincada do que a do Polestar (e até do que a do Model 3), mesmo tratando-se de um veículo preparado pela divisão M do construtor de Munique.

Consumo Justo

Outro capítulo interessante é o consumo. Não nos podemos esquecer que são dois veículos de elevadas prestações, mas que também “arrastam” baterias de grandes dimensões. A do BMW é maior, com uma capacidade útil de 80,7 kWh, contra 75 kWh no Polestar. Não é uma diferença abismal, mas a eficiên-

A travagem regenerativa é regulável, mas não através de patilhas do volante.

Equipamento

SÉRIE Airbags frontais, laterais (dianteiros) e de cortina; controlos de estabilidade e de tração; sistema de travagem autónoma de emergência; sistema de manutenção na faixa de rodagem; ajuda ao arranque em subida; sensor de pressão dos pneus; cruise control com função de travagem; suspensão adaptativa M; direção desportiva variável; pack aerodinâmico M; travões desportivos M; câmara traseira; assistente de estacionamento; sensores de estacionamento dianteiros e traseiros; grupos óticos dianteiros e traseiros em LED; bancos dianteiros desportivos; volante M multifunções em pele; retrovisores elétricos aquecidos; ar condicionado automático duas zonas; travão de estacionamento elétrico; sensores de chuva e de luz; entrada e arranque sem chave; portão da bagageira elétrico; BMW Live Cockpit Plus com visor curvo: painel de instrumentos de 12,3’’ e multimédia (sistema operativo BMW 8) com ecrã de 14,9”, entradas USB, Bluetooth, navegação e função Apple CarPlay; e jantes de liga leve de 18 polegadas.

OPCIONAIS Pintura metalizada (950 €); jantes de 19’’ com pneus 245/40 (fre.) e 255/40 (tras.) (1.550 €); estofos em pele (1.500 €); carregamento sem fios (210 €); assistente das luzes de máximos (200 €); alarme (530 €); assistente de estacionamento Plus (570 €); assistente de condução (940 €); sistema de som surround Harman Kardon (540 €); teto de abrir elétrico (1.240 €).

Equipamento

SÉRIE Airbags frontais, laterais (dianteiros) e de cortina; controlos de estabilidade e de tração; sistema de travagem automática de emergência; sistema de manutenção na faixa de rodagem; ajuda ao arranque em subida; sensor de pressão dos pneus; chassis dinâmico; discos de travão dianteiros ventilados; pinças de travão dianteiras Brembo em dourado; amortecedores ajustáveis Öhlins Dual Flow Valve; cruise control; câmara traseira; assistente ao estacionamento dianteiro e traseiro; sensores de estacionamento dianteiros e traseiros; faróis LED com máximos ativos; farolins em LED adaptativos; bancos dianteiros aquecidos; volante multifunções em pele; retrovisores elétricos retráteis; ar condicionado automático duas zonas; sensores de chuva e de luz; entrada e arranque sem chave; portão da bagageira elétrico; alarme; pintura metalizada; painel de instrumentos digital; sistema multimédia com ecrã de 11,2’’, 4 entradas USB-C, Bluetooth, navegação; função Apple CarPlay, e Google integrado; e jantes de liga leve de 20 polegadas.

OPCIONAIS Pack Pilot lite – inclui, entre outros, câmara 360º; cruise control adaptativo, assistente de travagem de emergência; assistente de ângulo morto, alerta de tráfego de proximidade e assistente de estacionamento (2.500 €); Pack Plus – inclui, entre outros, tejadilho panorâmico, sistema de som Harman Kardon Premium e carregamento para telemóvel por indução (4.500 €).

cia do alemão é superior, sobretudo em autoestrada, onde com boas condições pode alcançar médias de 19 kWh/100 km; num percurso misto ultrapassa os 20 kWh/100 km, um valor ainda assim muito bom.

O sueco consome um pouco mais, mas também não nos parece demasiado “glutão” para um carro da sua classe e potência (ronda os 22 kWh, algo menos com uma condução relaxada).

Assim sendo, o BMW logra uma autonomia ligeiramente superior, especialmente, como referimos, em autoestrada, onde é surpreendentemente eficiente (ainda que não ao nível do seu irmão de gama eDrive40, menos potente), com autonomias médias de pouco mais de 400 km por carregamento. O nórdico, por seu lado, fica-se pelos 350 km com uma carga.

Do mesmo modo, o i4 carrega a bateria a uma potência superior: 205 frente a 155 kW. Ora, tendo em conta o tamanho da bateria de um e de outro, e a situação da rede ultrarrápida em Portugal, são necessários 35 e 31 minutos para carrega-los a 80%, respetivamente, o que também acaba por não ser uma diferença sentenciadora.

Como o BMW, o Polestar carrega a 11 kW em CA, mas a potência máxima em CC fica-se pelos 155 kW.

A Diferen A Est No Pre O

Depois de todo esta explicação, o mais provável é que o leitor esteja a imaginar o Polestar a “afundar-se” face ao brilhante BMW, porém, ainda não falamos de preços.

O i4 M50 é um excelente automóvel, mas é preciso pagá-lo… e bem. São nada mais que 12.600 € face ao rival de ocasião, uma diferen- ça elevada que é ainda agravada quando olhamos para o equipamento de série, muito mais completo no Polestar. Mais: o 2, equipado com todos os opcionais, continua a ser mais acessível que o seu adversário.

Mas há outras diferenças, como a forma de vender da Polestar, que abdica dos concessionários tradicionais (compra-se pela internet e o serviço de manutenção é feito pela Volvo), ou a qualidade interior, ainda que convincente, não alcança a excelência do alemão, que reinterpretou o habitáculo com um minimalismo bem conseguido (de funcionalidade melhorável) que não prejudica tanto a qualidade global como acontece em alguns dos seus concorrentes.

Conclus O

O BMW é, em termos globais, um carro ligeiramente melhor, mas perde redondamente a batalha do preço. O Polestar 2 é um produto muito sensato que irá satisfazer um grande número de utilizadores, mas se o que procura são sensações desportivas, o i4 M50 é um aluno mais aplicado.

O AMORTECIMENTO ÖHLINS É REGULÁVEL, MAS APENAS MANUALMENTE, O QUE COMPLICA A OPERAÇÃO

Os faróis LED adaptativos são de origem. Os farolins estão unidos por uma fina faixa central em LED.

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