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Comer todo o planeta

foi encontrado em Israel.429 É provável que o primeiro encontro entre o homem de Neandertal e o Homo sapiens tenha ocorrido então no vale do Rio Nilo ou na Península Árabe. O Homo sapiens e o Neandertal teriam lutado um contra o outro e, depois, “se miscigenado” também.

Em seguida, o homem de Neandertal desaparece: os restos do mais recente deles datam de 32 mil anos atrás e foram encontrados em Vindija, na Croácia. Não se conhece ainda a razão de seu desaparecimento: condições climáticas desfavoráveis? Uma escassez de carne, mais vital para ele do que para o Homo sapiens? Mistério.

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Seja como for, entre 1,6% e 3% do homem de Neandertal ainda estão presentes em nosso genoma.

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Há aproximadamente 80 mil anos (quando toda a população humana ainda não soma um milhão de indivíduos), o Homo sapiens passa do Irã para a Índia e para a China. Ele carrega seus alimentos e, em particular, gramíneas, como ervas para tempero (Elymus repens, hoje similares às ervas daninhas) e Vigna (espécie de feijão e ervilha). Acrescenta a seus víveres o inhame da China e uma espécie de cucurbitaceae (abóbora, melão, melancia, pepino). Outras milhares de variedades vegetais e de espécies animais, incluindo insetos, são então igualmente consumidas ao acaso das colheitas.

Na Ásia, ele encontra outro ramo de hominídeos, chamado “o homem de Denisova”, um contemporâneo, conforme vimos, do Homo erectus presente na Ásia há centenas de milhares de anos. Eles se miscigenam, depois os homens de Denisova desaparecem, como os de Neandertal antes deles, por razões igualmente misteriosas, mas sem dúvida por causa de certas características superiores do Homo sapiens: tamanho do cérebro mais expressivo, domínio da linguagem, melhor cooperação entre os indivíduos não aparentados.324

E a natureza dos alimentos, que ajuda no desenvolvimento da linguagem, deve-se muito à vitória do Homo sapiens sobre todas as espécies anteriores.

Há aproximadamente 40 mil anos, na Ásia, ao final do Paleolítico médio, o clima se torna um pouco mais seco e um bocado mais frio.124, 125 Assim, as carnes se conservam por mais tempo através de diversas técnicas: congeladas em fossas subterrâneas, defumadas, salgadas, ressecadas, embrulhadas em uma camada de gordura. Alguns alimentos são armazenados para fabricar sopas, mingaus e panquecas. Algumas carnes são grelhadas em espetos de madeira ou cozidas sobre as pedras.28

Por volta de 30 mil anos atrás, duas imensas inovações: na Ásia Central, aparecem as primeiras culturas de cereais; o homem domestica o cavalo, Equus caballus, conforme atestam as pinturas rupestres representando cavalos equipados com arreios. Ele ainda é nômade durante uma parte do ano.

Entre 30 e 20 mil anos atrás, nessa mesma região, o homem aperfeiçoa seus métodos de caça: surge o propulsor,210 com alcance de uma centena de metros, arma muito eficaz para a caçada na planície. O caçador também utiliza armadilhas. Para pescar, esculpe arpões.

Ainda que saiba cultivar cereais, o Homo sapiens continua viajando em busca de alimento. Ele atravessa o Estreito de Bering a partir da Sibéria e se aventura pela América. Os arqueólogos consideraram por muito tempo o sítio de Clóvis, no Novo México, como o vestígio mais antigo de presença humana na América (cerca de 13500 a.C.), mas outros sítios descobertos bem recentemente fazem com que se date a presença humana na região há pelo menos 20 mil anos.

No mesmo momento, a prática da caça leva o Homo sapiens, agora presente em todo o planeta, a aperfeiçoar seus métodos a fim de acertar, a distância, mamutes, bisões e javalis.62

A população humana cresce: os homens somam agora alguns milhões no planeta. Para se alimentar, não podem mais se contentar em colher aquilo que a natureza lhes oferece; é preciso que produzam seus alimentos, e, para isso, que se tornem sedentários. A sedentarização é, portanto, a consequência natural do crescimento demográfico e das necessidades alimentares que dele decorrem. O Homo sapiens não será mais um parasita da natureza: ele quer ser o seu dono.

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