
8 minute read
TECNOLOGIA
from O Carreteiro 551
by GGMídia
FUTURO ELÉTRICO
Tecnologias que eliminam componentes mecânicos sinalizam o quanto a eletromobilidade poderá trazer modificações aos veículos das próximas gerações e ao setor do transporte rodoviário
Advertisement

JOÃO GERALDO
Você já pensou como seria dirigir um caminhão cujos componentes mecânicos tradicionais do sistema de direção não existissem mais, e os comandos do motorista fossem transmitidos às rodas por cabos elétricos? Se ainda não imaginou é hora de começar, porque a tecnologia já existe, está pronta e prevista para equipar as

FUTURO ELÉTRICO

próximas gerações de caminhões, ônibus e demais veículos comerciais. Esta e outras inovações serão apresentadas pelo Grupo ZF na IAA Transport, a maior feira do setor de transporte do mundo, realizada em setembro na Alemanha.
Como é de conhecimento de todos do meio do transporte rodoviário, o setor encontra-se em transformação com avanços que vão além da substituição do motor a combustão por outras for-

DIVULGAÇÃO Fotos
mas de propulsão, entre as quais se destaca a eletricidade. Sejam quais forem as tecnologias empregadas nos próximos anos, o que se propõe hoje é ter veículos cada vez mais dinâmicos, seguros e afinados com os novos tempos, especialmente no âmbito das emissões.
Algumas dessas tecnologias previstas o futuro e parte da estratégia do Grupo ZF para veículos automatizados, conectados e eletrificados foram ante-

Sistema de direção que elimina componentes mecânicos (imagem acima); abaixo, sistema de tração elétrica Cetrax

cipadas à imprensa mundial no mês de julho. “São várias soluções integradas para disponibilizar o que está na vanguarda da tecnologia”, disse Wilhelm Rehm, membro do Board Mundial ZF, responsável por Soluções para Veículos Comerciais, Tecnologia Industrial e Gestão de Materiais.
O sistema totalmente elétrico de direção por fios citado acima, identificado como Steer-by-Wire, (dirigir por fio, na livre tradução) funciona inteiramente por meio de sinais elétricos. Disponibilizado primeiro em automóveis de passeio, o sistema está pronto também para veículos de carga e de passageiros. A expectativa é que esta tecnologia venha a desempenhar um papel cada vez mais maior no controle tanto longitudinal quanto vertical do movimento do veículo.
O CEO do Grupo ZF, Henning Scheider, destacou que o objetivo que as divisões do Grupo trabalhem juntas em estreita parceria e otimizando os benefícios da transferência mútua de tecnologias entre veículos. “Por isso, esse avanço para automação em carros de passeio é fiel à filosofia da empresa, de ser desenvolvida e implantada em qualquer outro lugar, como em veículos comerciais”, complementou.
Outra tecnologia da empresa é o CeTrax 2, sistema de driveline elétrico modular e integrado para veículos comer-


ciais pesados. Apresentado em 2020 para ônibus, essa tecnologia faz agora estreia mundial. Trata-se de um sistema tração central elétrica que substitui a transmissão convencional do veículo e pode ser usado em conjunto com um eixo elétrico. Com produção em série prevista para 2023, o CeTrax 2 inclui tecnologias já aplicadas em carros de passeio como o sistema de refrigeração e inversor adaptadas para veículos pesados.
Também fez parte da apresentação da empresa a plataforma para veículos de carga autônomos. Identificado como Adopt 2.0, para velocidade máxima de até 20km/hora, sua aplicação é destinada a caminhões que operam em áreas controladas. Na IAA a empresa vai apresentar também a versão 3.0 para aplicações com velocidade máxima de até 80km/hora, a qual poderá aplicada em veículos rodoviários autônomos em operações entre hubs.
Outra novidade é o ZF Scalar, uma plataforma de soluções digitais para operadores de frotas. É uma solução de
Na imagem maior, gráfico de operação da plataforma Scalar; abaixo caminhão equipado com Cetrax em operação

planejamento, roteamento e expedição totalmente automatizada baseada em recursos da Inteligência Artificial. Essa plataforma combina e conecta tecnologias a bordo de veículos comerciais a sistemas de terceiros. Segundo a empresa, a plataforma Scalar ajudará os operadores de frota a aumentarem a eficiência operacional, sustentabilidade, confiabilidade de planejamento e segurança de carga e passageiros. Um parceiro indispensável para o setor de transporte de cargas e passageiros, segundo a ZF.
DEMANDA ELÉTRICA
Veículos movidos a eletricidade apresentam potencial para operações de distribuição de cargas em áreas urbanas, em especial para operadores que rodam mais de 150km por dia

JOÃO GERALDO
Somente no primeiro trimestre desse ano, as vendas online aumentaram 12,6% seguidas pela alta de pedidos de eletrodomésticos, acessórios, informática e moda, entre outros itens que totalizaram quase 90 milhões de compras pela internet. Segundo es-
DEMANDA ELÉTRICA
timativa da plataforma “cupomvalido. com.br”, até julho desse ano as vendas online evoluíram 22,2% e até 2025 deverão avançar 20,73% ao ano.
Esse crescente movimento tem provocado a chegada cada vez maior de diferentes veículos para a distribuição de carga nas áreas urbanas, inclusive de modelos 100% elétricos. Estes, apesar de terem o preço bem mais altos em relação aos modelos tradicionais movidos a diesel, podem ser vantajosos desde que a quilometragem rodada diariamente seja alta o suficiente para compensar o investimento em um produto com trem de força elétrico.
Um das novidades mais recentes para esse segmento, depois do Fiat Scudo apresentado em junho desse ano, é o JAC E-JV5.5, um furgão elétrico medin-

DIVULGAÇÃO Fotos
Com autonomia para até 300 km, o novo furgão elétrico da JAC chega ao mercado brasileiro por R$ 349.900,00

do 5.115mm de comprimento, 1.765mm de largura e 1.900mm de altura. Com PBT de 2.855kg, seu espaço de carga é de 5.5 metros cúbicos e a capacidade para o transporte de até 805kg líquidos de carga. O motor elétrico entrega 295Nm de torque e a bateria proporciona autonomia até 300m quilômetros.
Com preço divulgado de R$ 349.900,00, quem compra um veículo elétrico paga mais caro, porém existem vantagens. Entre elas redução do custo do km rodado e da manutenção quando comparadas ao modelo a diesel, conforme observa o presidente do Grupo SHC e da JAC Motors Brasil, Sérgio Habib.
Segundo sua explicação, para recarregar os 50KWh de capacidade da bateria do E-JV5.5 o gasto é de cerca de R$ 30,00, levando-se em conta o custo médio da energia elétrica no Brasil a R$ 0,60 o KWh. Pela conta do executivo o custo do km rodado do E-JV 5.5 sai a R$ 0,10, porque sua autonomia é de 300 km . “No entanto, se considerarmos preço do diesel a R$ 7,50, e que um veículo desse porte percorre 10 km com um litro de combustível, o custo do km rodado fica em R$0,75”, complementou.
Em tempos passados, uma matéria desse tipo na revista O Carreteiro poderia soar como algo meio fora da proposta da publicação, mas atualmente nem tanto, porque muita gente que hoje está na distribuição urbana já foi estra-






Custo do KWh e zero emissões é ponto positivo para os elétricos, por outro lado há poucos locais de carregamento da bateria
ELÉTRICOS NO BRASIL
Embora a infraestrutura para carregamento das baterias esteja ainda em desenvolvimento e com poucas opções de pontos de carregamento, já existem várias opções de veículos comerciais elétricos disponíveis no mercado brasileiro. A lista inclui tanto caminhões, inclusive o Volkswagen e-Delivery, produzido no Brasil, quanto outros modelos importados. A autonomia da grande maioria com uma carga de bateria é de 250km.
CAMINHÕES (PBT) BYD ET7 (11,8 toneladas) BYD ET18 (16 toneladas) FNM 83 (13 toneladas) FNM 833 (18 toneladas) JAC IEV350T (3,75 toneladas) JAC IEV 1200T (7,5 toneladas) JAC IEV 1200T Plus (8,5 toneladas) Volkswagen E-Delivery (13 toneladas) FURGÕES BYD ET3 Citroen Ë-Jumpy Fiat E-Scudo JAC IEV750T JAC E-JV5.5 Peugeot E-Expert Renault Kangoo Z.E.Maxi
FNM projeta em um modelo elétrico o prestigio de uma marca produzida entre as décadas de 1950 a 1970

deiro. Aliás, o alto número de vagas para motoristas em todo o mundo citado em matéria na edição de julho considera também a falta de profissionais para distribuição urbana e regional.
OPERAÇÃO – Assim como é comum em veículos a bateria, quando o motorista retira o pé do pedal do acelerador do E-JV5.5,o motor elétrico passa a operar como um gerador para recarregar a bateria, podendo elevar a autonomia em até 20%. A dirigibilidade não é diferente de outros modelos desta categoria movidos a eletricidade isto é, torque alto, silencioso e rápido e isento de emissões. No entanto, o baixo custo de operação em relação aos modelos a diesel deverá ser o motivo principal capaz de levar as principais marcas de veículos comerciais leves a apostarem no êxito dos elétricos no segmento de cargas urbanas no Brasil nos próximos anos.
O novo veículo da JAC traz de série ar-condicionado, multimídia com tela de 10.25 polegadas; pacote Google e espelhamento via Bluetooth e câmera de ré. A bateria é formada por vários módulos e cada um deles composto por aproximadamente 100 baterias “tipo pilhas”. Por isso, se a bateria apresentar algum problema durante os primeiros cinco anos de uso do veículo ele estará num desses módulos, que poderá ser substituído gratuitamente pela JAC Motors Brasil.
Quanto à vida útil, segundo a JAC Motor do Brasil, após 4.000 ciclos (equivalente a 800 mil a 1 milhão de quilômetros, a bateria continua funcionado com capacidade de 75% a 80% de sua capacidade de carga.
