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PARCEIROS DE PESO

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BALANÇO

BALANÇO

ACORDO ENTRE CONCORRENTES

Preocupados com o abastecimento da frota de caminhões elétricos na Europa, nos próximos anos, os grupos que fabricam caminhões Mercedes-Benz, Scania e Volvo, entre outras marcas globais, fazem parceria para a instalação de mais de 1.500 pontos de carregamento em rodovias e centros logísticos

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JOÃO GERALDO

Acorrida para substituir o óleo diesel por outros meios de mover veículos comerciais sem poluir o meio ambiente tem motivado grandes grupos da indústria automotiva mundial a se unirem para trabalhar juntos, e de modo progressivo, em soluções para viabilizar um sistema de transporte livre de emissões na Europa, até 2050. As ações envolvendo parcerias de marcas como Mercedes e Volvo, Iveco e Nikola, entre outras conhecidas, já se encontram em andamento no desenvolvimento e produção de caminhões mais eficientes movidos a bateria e hidrogênio.

Em dezembro de 2021, os grupos Daimler Truck (fabricantes dos caminhões das marcas Mercedes-Benz, Freightliner e Western Star); Volvo Trucks (Volvo, Mack e Renault Trucks) e TRATON (Volkswagen, Scania e MAN) confirmaram a assinatura de acordo vincu-

Caminhões Scania, Mercedes e Volvo elétricos e hibridos já são produzidos e vendidos na Europa. Extrapesado da Mercedes movido a hidrogênio, ainda em testes, está previsto para depois de 2025

lativo de uma joint venture para instalar e operar rede pública de equipamentos de alto desempenho de carregamento para caminhões e ônibus elétricos de longa distância com bateria em toda a Europa.

“Uma colaboração com concorrentes fortes como Daimler Truck e Volvo Group pode parecer incomum, no entanto, esta cooperação é de importância crucial e nos tornará mais rápidos e bem-sucedidos na implementação da ação necessária para enfrentar as mudanças climáticas", disse Christian Levin, CEO do Grupo TRATON. "Juntamente com nossas marcas Scania e MAN, assim como a indústria de veículos comerciais como um todo, faremos parte da solução quando se trata de um CO2 neutro mundo”, complementou o executivo. Os três grupos possuirão partes iguais na parceria, porém continuarão a ser concorrentes em todas as outras áreas.

Apesar de ter sido assinado em dezembro de 2021, o acordo vinculativo para criar uma joint venture entre os três grupos já tinha sido firmada em julho. Diante do crescente número de veículos comerciais elétricos na Europa, o objetivo é acelerar a construção de uma infraestrutura de carregamento com a instalação e operação de ao menos 1.700 pontos de carregamento em rodovias e centros logísticos num período de cinco anos.

O início das operações está previsto para este ano após a conclusão de todos os processos de aprovação. O investimento conjunto é estimado em 500 milhões de euros, o maior da indústria de caminhões no continente. A ação conjunta dos três grupos automotivos vai de encontro à urgência da criação de uma

rede de apoio aos transportadores na transição para a movimentação de veículos comerciais livres de CO2, especialmente no transporte de longa distância. Para atender às necessidades do setor de transporte no continente, um relatório do apontou a necessidade de instalação de milhares de pontos de carregamento de alto desempenho públicos, sendo 15 mil até 2025 e chegando a 50 mil até 2030. Espera-se que outros participantes da indústria, governos e formuladores políticas trabalhem juntos para acelerar a expansão da rede de recargas e contribuam para que as propostas e metas de redução de emissões sejam atingidas.

CAMINHÕES NA EUROPA– Segundo a ACEA (European Automobile Manufacturers Association), entidade que reúne os 16 maiores fabricantes de automóveis, caminhões, van e ônibus da Europa, a partir de 2040 somente caminhões com emissão zero poderão ser vendidos no continente. Assim como no Brasil, lá os veículos de carga pesados têm grande importância na cadeia logística do transporte, sendo responsável por 73% de toda carga movimentada via terrestre nos 27 países da União Europeia.

De acordo com dados da ACEA, entre janeiro e novembro de 2021 foram registrados 219.595 caminhões pesados na Europa, crescimento de 21% em relação ao mesmo período de 2020. Exceto na Grécia (com 3,6% de queda nos registros), todos os demais mercados da União Europeia apresentaram aumento de volume, sendo as maiores altas na Itália (25,5%), Espanha (13,1%), Alemanha (9,8% e França (5,9%.

A Volvo Trucks, por exemplo, uma das primeiras a iniciar a produção de caminhões elétricos na Europa, tem como meta chegar em 2030 com metade de suas vendas globais seja de veículos movidos a bateria e livres de emissões. No segundo semestre deste ano, a empresa deverá entregar as primeiras unidades de um de lote de 125 caminhões FM Elétric encomendados pela DFDS, a maior empresa de transporte e logística do norte da Europa. Com PBT para até 44 toneladas, o modelo tem autonomia de até 300 quilômetros. Atualmente os pesados da marca contam com modelos das linhas FH, FM, FMX, FE e FL.

A Daimler Truck, por sua vez, inaugurou na fábrica de Wörth, Alemanha, em outubro do ano passado a linha de produção do Mercedes-Benz e-Actros a bateria. Indicado para operações urbanas, e 400quilômetros de autonomia, trata-se do primeiro caminhão da marca movido a baterias elétricas produzido em série. Nesta mesma planta serão fabricados também outros modelos a bateria, como o Actros LongHaul, com autonomia para 500 quilômetros, previsto para 2024 e o ônibus urbano e-Econic para o segundo semestre deste ano.

A empresa trabalha também para viabilizar o uso do hidrogênio (célula de combustível) no transporte de longa distância, capaz do caminhão rodar 1.000 quilômetros com um só tanque de hidrogênio líquido. Denominado de GenH2 Truck, os testes do veículo com clientes começam a partir de 2023.

Segundo a Daimler Truck. a opção pelo hidrogênio líquido ao invés do gasoso se deve à sua maior densidade energética, o que possibilitará ao GenH2

Vendas de elétricos na União Europeia cresceram 25% em 2021. Para atender a demanda, estima-se a necessidade da instalação de 15 mil pontos de carregamento até o ano de 2025

Truck desempenho igual ou equivalente a caminhões convencionais movidos com motor a diesel. O início da produção em série do veículo está prevista para depois de 2025.

Já o Grupo TRATON conta também com caminhões Scania movidos a bateria e hibrido na Europa. No final de 2021, a Scania Global afirmou que está produzindo veículos em série totalmente elétricos e testando ativamente caminhões a bateria mais pesados nas operações do cliente. De acordo com a fabricante, a transição para veículos com emissão zero está sendo possibilitada por melhorias rápidas na tecnologia de baterias, e os caminhões elétricos em breve terão o alcance necessário para uso generalizado em aplicações de longa distância.

A empresa disponibiliza veículos totalmente elétricospara 29 toneladas de PBT e híbridos de 36 toneladas, os quais estão em testes em operações no transportes de madeira, operações remotas e pesadas de de longas distâncias. Segundo o cronograma de lançamento, em 2023 a Scania terá caminhões pesados de 40 toneladas de PBT totalmente elétricos capazes de rodar quatro horas ou três horas com 60 toneladas. Já em 2024, entrarão no mercado os modelos estradeiros com carregamento rápido durante o intervalo de descanso de 45 minutos dos motoristas.

Ainda conforme divulgou, até 2025 será possível eletrificar a maioria das operações, incluindo construção, mineração, transporte de longa distância e caminhões de madeira. Pelas suas projeções, será também o ano cujo volume de 10% das vendas da marca será de veículos eletrificados e de 50% até 2030.

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