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BALANÇO
from O Carreteiro 547
by GGMídia
BALANÇO RUMO À ESTABILIDADE
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RUMO À ESTABILIDADE

Depois da queda de produção e de vendas provocada pela pandemia em 2020, os números da indústria de caminhões voltaram a crescer em 2021. Este ano o setor começou com perspectivas de prosseguir avançando, especialmente para atender a demanda do e-commerce, agronegócio e compras antecipadas por conta da fase P8 do programa de redução de emissões, em vigor a partir de 01 de janeiro de 2023
JOÃO GERALDO
Oemplacamento de 128.679 caminhões acima de 3,5 toneladas de PBT em 2021 superou as previsões iniciais da indústria de veículos comerciais, com o crescimento de 43,5% sobre o total registrado em 2020. A produção, por sua vez, atingiu 158.810 unidades contra 90.936 no ano anterior, um período de forte retração devido a pandemia que interrompeu um ciclo de três anos de recuperação após a crise econômica enfrentada em 2015 e 2016.
O aumento de produção e vendas no ano passado ocorreu em todos os segmentos de carga a partir de 3,5 toneladas de PBT, sendo o maior crescimento registrado entre os modelos pesa-

Volkswagen Constellation 24.280 se destaca como o semipesado mais vendido no País

dos, com 66.144 unidades licenciadas. Esse total representou quase metade de todos os emplacamentos de caminhões em 2021. O desempenho dos pesados deveu-se em maior parte ao setor do agronegócio, com destaque para o transporte de grãos.
A expectativa dos fabricantes para este ano é de atingir o total de 140 mil caminhões licenciados, cerca de 10 % acima do ano passado. Boa parte desse resultado é esperada das vendas de cavalos mecânicos para tracionar carretas acima de 50 toneladas de PBTC para o transporte de produtos agrícolas. A previsão se estende também à antecipação de compras de caminhões por conta da fase P8 do programa brasileiro de emissões - equivalente à Euro 6 -, que entrará em vigor a partir de janeiro de 2023 para todos os veículos a diesel. A mudança trará aumento de preços devido aos custos das montadoras por conta da implementação das novas tecnologias.
A marca com maior número de caminhões licenciados em 2021, entre todas fabricantes e categorias - dos semileves aos pesados - é a Volkswagen. A montadora atingiu 37.462 unidades, seguida pela Mercedes-Benz com 33.089. As duas juntas somam 59% dos veículos produzidos acima de 3,5 toneladas de PBT.
Na divisão de mercado do ano passado entre as duas fabricantes, a VWCO ficou com o maior volume de caminhões no segmento de semipesados, com o emplacamento de 16.741 unidades, das quais mais de 4.200 são do modelo Constellation 24.280. A Mercedes-Benz, por sua vez, sobressaiu-se no segmento de pesados Axor e Actros, com 15.899 unidades licenciadas, com destaque para o Actros 2651, com 3.467 emplacamentos. Na VWCO, os emplacamentos de 7.926 modelos pesados foram formados por 4.469 Meteor, 4.339 Constellation e 58 modelos MAN TGX.
No entanto, quem vendeu mais caminhões pesados no mercado brasileiro em 2021 foi a Volvo, mais uma vez, ao re-

Alavancado pela alta produção, o transporte de grãos é uma das atividades que mais utiliza caminhões pesados
Marca tradicional de pesados, a Scania emplacou 15.611 caminhões

gistrar 21.823 unidades, das quais 8.935 são do FH 540. O modelo conquistou a posição de preferido da categoria pela nona vez nos últimos 13 anos no mercado brasileiro. A Scania, por sua vez, ficou com 15.611, contra 8.712 do ano anterior, um crescimento de 79,6% em relação ao total de 2020.
A DAF encerrou 2021 com o emplacamento de 5.584 caminhões contra 3.831 alcançados no ano anterior, registrando 46,2% de crescimento. A meta da montadora, que completará nove anos de presença no mercado brasileiro este ano, é de aumentar em cerca de 20% o volume de vendas, especialmente em razão da maior disponibilidade produtos com os novos modelos da linha CF.
A Iveco, atingiu 8.590 veículos licenciados, entre os quais 3.120 são pesados Hi-Road e Hi-Way. O resultado é quase o dobro das 1.599 unidades registradas em 2020. O crescimento é atribuido em boa parte às ações da empresa nos últimos anos, caracterizada por investimentos, atualização e fortalecimento da linha de produtos, ampliação da rede de concessionários, de serviços e treinamento, tudo com foco na satisfação do cliente e imagem da marca.
No fechamento do primeiro trimestre de 2021, os resultados de vendas da Daily, com crescimento de 30% em relação a 2020, seguido de grande aumento e emplacamentos de caminhões médios e semipesados sinalizavam um cenário positivo para a montadora. Durante o ano houve também destacado aumento de vendas de lotes dos cavalos mecânicos pesados Hi-Road e Hi-Way. Os números de produção e emplacamentos de caminhões são divulgados mensalmente pela Anfavea, a associação que reúne os fabricantes de veículos automotores no País, tendo como fonte o Renavam/Denatran.
Com mais de 5.500 caminhões da marca licenciados no ano passado, a DAF registrou mais um ciclo de crescimento no País


Modernização dos veículos, novos serviços e maior foco nos clientes contribuiram para alavancar as vendas da Iveco

Em 2021, a Volvo comemorou o seu melhor resultado desde instalação no Brasil em 1980

TRAJETO DE SUCESSO
Produzido nas versões leve para 8, 9 e 13 toneladas de PBT, com terceiro eixo, a linha Accelo atingiu no final de 2021 o total de 80.920 unidades licenciadas no Brasil desde o lançamento em 2003
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TRAJETO DE SUCESSO
JOÃO GERALDO
No final de 2021, o MercedesBenz Accelo atingiu o total de 80.920 unidades vendidas no mercado brasileiro. O volume alcançado foi comemorado pela companhia como um importante marco na trajetória do modelo lançado em 2003 na versão 715C. Sua missão era ser no futuro o substituto do Mercedinho 710, modelo que se tornou ícone no segmento de caminhões leves no mercado brasileiro. O trajeto do modelo passa pelo lançamento em 2006 do Accelo 915 C, com opções de entre-eixos de 3.700mm e 4.400mm. Em 2011 chegaram as versões 815 (para 8,3 toneladas de PBT) e a 1016 (para 9,6 toneladas de PBT) e a retirada definitiva do mercado do Mercedinho 710. Para se juntar aos dois modelos leves da marca, em 2015 a linha foi ampliada com o lançamento do Accelo médio 1316 6x2 com terceiro eixo de fábrica e possibilidade de receber carroceria de até 8m de comprimento. O compromisso de ser um dia o substituto do Mercedinho 710, um campeão de vendas no segmento de caminhões leves, foi fundamental para o Accelo trazer certas inovações na época de seu lançamento, com destaque para a cabine com o conceito home office e interior próximo de um automóvel de passeio. Outros detalhes para reforçar essa tendência podiam ser notados no volante, coluna de direção com regulagens, cintos de segurança de três pontos e computador de bordo no painel com sistema de diagnose. O veículo disponibilizava também vidros elétricos, espelhos com regulagem elétrica, ar condicionado e degraus de acesso à cabine cobertos.

Mercedinho 608, lançado no Brasil em 1972, abriu caminho para o ingresso da Mercedes-Benz no segmento de caminhões leves
O vice-presidente de Vendas e Marketing Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, Roberto Leoncini, reforça que o Accelo já nasceu com diversas novidades e foi também a primeira linha de caminhões leves a ser comercializada com opção de transmissão automatizada, no caso a caixa Eaton de seis velocidades. A versão mecânica, do mesmo fabricante, tem cinco marchas. “Quando a Mercedes lançou o Accelo, há 19 anos, havia o desafio de dar continuidade ao sucesso do caminhão 710, o queridinho do Brasil devido a características de agilidade e robustez nas atividades da distribuição urbana severas e também nas operações de curtas distâncias rodoviárias”, acrescentou Leoncini. Atualmente a linha Accelo é equipada com motor Mercedes-Benz OM 924 LA com 156cv de potência e torque de 610Nm na faixa de 1.200 a 1.600rpm. CARA CHATA PIONEIRO – Pode se dizer que a história dos caminhões Mercedes-Benz leves no Brasil começou com o 608D. O modelo trouxe várias novidades ao segmento quando foi lançado em 1972. Na época, era um veículo diferenciado, especialmente pela cabine avançada (cara chata) e o motor a diesel em um 6 toneladas de PBT. A mecânica simples e durável, mais a baixa desvalorização e bom valor de revenda contribuiram para tornar o 608D sucesso de mercado. Seu concorrente direto era o Ford F 350 a gasolina, com cabine convencional (com capô), substituído pela versão a diesel em 1976. Anos depois, em 1987, a Mercedes-

-Benz lançou o Mercedinho com a nova cabine, mais espaçosa, e a nomenclatura 709. Seu substituo, o modelo 710, foi lançado em 2002 e trazia como novidade o motor motor intercooler. Em março de 1995 chegou o 914 seguido pelo 1114 com terceiro eixo de rodado simples. Em 2003, quando foi lançado o Accelo 915, as vendas do Mercedinho 710 já haviam atingido 85 mil unidades. A essa altura, a linha de veículos de carga para distribuição da Mercedes-Benz já contava com os modelos da família Sprinter produzida na Argentina e lançada no Brasil em 1996. De acordo com números divulgados pela a Mercedes-Benz, o maior volume de emplacamentos é do Accelo 815, com 30.579 unidades, seguido pelo modelo 1016 com 28.154 emplacamentos.
Lançado em 1972, o Mercedinho 710 se tornou um dos modelos hitóricos da marca no mercado brasileiro

O Accelo foi lançado há 19 anos para dar continuidade ao sucesso do Mercedinho 710, lembrou Leoncini
PEQUENO E POTENTE
A combinação de potência, economia de combustível e segurança são itens apontados pela fabricante como principais destaques do novo VW Delivery Express produzido a partir de janeiro

PEQUENO E POTENTE
JOÃO GERALDO

ODelivery Express+, veículo comercial produzido pela Volkswagen para o segmento de 3,5 toneladas de PBT, direcionado a operações
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urbanas, fi cou mais potente na nova versão com motor preparado para atender à norma de emissões do Proconve P-8, em vigor para veículos de sua cate-
Xxxxel inctio excerro quo dolecullandi bernate lind mporepe lendunt omro quo dolec

goria movidos a diesel produzidos a partir de 01 de janeiro deste ano.
A próxima fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores, a P8 - passa a valer para todos os veículos pesados a diesel produzidos no País a partir de janeiro de 2023. Equivalente à norma europeia Euro 6, o Proconve P8 estabelece maior redução de agentes poluidores emitidos por veículos comerciais pesados a diesel em relação ao P7 (Euro 5). Os principais agentes poluidores são óxidos de nitrogênio (NOx), hidrocarbonetos, monóxido de carbono (CO) e material particulado.
Segundo a engenharia da VWCO, as melhorias técnicas aplicadas ao motor de 3 litros e 156cv de potência são capazes de resultar em até 5% de economia de combustível em relação à versão anterior de 2.8 litros. Produzido pela FPT, o novo propulsor apresenta torque máximo de 360Nm na faixa de 1.300 a 2.900 rpm, característica que proporciona melhores arrancadas e acelerações. Sua tecnologia de emissões é a SCR, cujo tanque de Arla 32 é integrado ao de combustível.
Entre outras novidades, o VW Delivery Express+ conta com sistema de estabilidade, tecnologia para evitar derrapagens e reduzir o risco de perda de

Motor Euro 6 de 3.0 litros de 156cv de potência e pacote de sistemas de segurança são destaques do novo Volkswagen Delivery Express+ produzido desde o início deste ano
controle da direção, especialmente em pistas molhadas. O sistema trabalha em conjunto com os freios ABS e o Controle de Tração e Assistente de Rampa (acionado para partidas em ladeiras).
Outros idispositivos de segurança presentes no veículo são os sensores eletrônicos que monitoram constantemente a trajetória do veículo e indicam qualquer potencial redução na aderência dos pneus ao solo. Caso haja necessidade, o sistema ativa automaticamente os freios de roda e ajusta o torque do motor até o atrito e o controle do movimento serem recuperados.
A nova versão do Delivery Express+ tem sido motivo de boas expectativas por parte da VWCO, especialmente em relação ao fortalecimento da imagem do produto para quem opera veículos voltados a atender as demandas do e-commerce no País, conforme, reforça Ricardo Alouche, vice-presidente de Vendas, Marketing e Serviços da Volkswagen Caminhões e Ônibus.
“Estamos muito otimistas com as novidades do modelo para atrair cada vez quem tem investido em frota própria com o crescimento do e-commerce em todo o País. Temos a opção ideal para esse cliente: um veículo econômico, com capacidade de carga de caminhão e que pode ser dirigido com a mesma habilitação de um carro de passeio”, concluiu o executivo.
Ainda sobre o segmento de semileves, a montadora produz o Delivery nas versões 4.160 para 4,2 toneladas de PBT e o 6.160 para 5,8 toneladas de PBT, sendo este segundo com rodado duplo no eixo traseiro. Em 2021foram licenciadas 3.545 unidades do Delivery Express.

Novo Delivery Express traz expectativa de fortalecimento da imagem do produto
E-DELIVERY NO EXTERIOR– O presidente e CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes, anunciou no fi nal de 2021, o início do programa de parceria com importadores para preparar a chegada do e-Delivery em países da América do Sul a partir do primeiro trimestre deste ano. De acordo com Cortes, o interesse na linha de produtos da marca tem sido grande também em outros mercados onde a VWCO atua.
O executivo acrescentou ainda o início das exportações de caminhões Volkswagen para a República das Filipinas. Conforme adiantou na ocasião, os veículos serão enviados completos da fábrica em Resende/RJ para serem montados no país de destino. A operação, por sua vez, será realizada através de um importador ofi cial. A operação representa a porta de entrada da marca no continente asiático.
Além de 10 opções da linha Delivery, modelos Constellation e Volksbus também serão ofertados no mercado fi lipino, onde os veículos contarão com oito pontos de atendimento. O primeiro lote, com 40 unidades, já foi vendido. Os veículos comerciais da VWCO rodam em mais de 30 mercados internacionais.
SANGRIA EM PNEUS
Sangria é a prática de retirar ar quente do pneu, que com o uso sofre aquecimento e elevação da pressão interna, a qual, por sua vez, é prevista na construção do pneu e também na indicação de pressão correta de serviço. Por isso, todo pneu deve ser calibrado frio.
Também nunca se deve colocar o calibrador num pneu que esteja quente, pois a pressão indicada não será a mesma colocada inicialmente quando o pneu encontra-se em temperatura ambiente.
Se for retirado o ar do pneu quando ele estiver quente, com o objetivo de ajustar a pressão, a temperatura de trabalho do pneu aumentará ainda mais, porque haverá mais espaço em seu interior para as moléculas de ar se chocarem, aumentando a temperatura interna cada vez mais.
É importante lembrar que quando se coloca o calibrador num pneu ainda quente, estamos medindo a pressão de ar e não a temperatura que ele se encontra. Podemos fazer inclusive uma analogia comparando com o feixe de molas, pois tanto os pneus quanto os feixes de molas trabalham em uma determinada temperatura, nunca frios.
Também não podemos esquecer que para manter a pressão correta é importante as válvulas e tampas estarem sempre em perfeito estado. Esses dois pequenos componentes mantêm a integridade do pneu e muitas vezes até mesmo do veículo.
As válvulas são mecanismos delicados que mantém o ar sob pressão no interior do pneu, por isso devem ser protegidas sempre por tampas, para evitar a contaminação por água e sujeiras, elementos que podem provocar vazamentos e fazer o pneu rodar com baixa ou sem nenhuma pressão, levando à perda da carcaça para futuras reformas e aumentando o custo operacional do veículo.
Bom trabalho e até o próximo mês.
FOTO SHUTTERSTOCK

Este boletim é de responsabilidade do consultor na área Automotiva Pesada, Guilherme Junqueira Franco, que tem a formação TTS - Truck Tire Specialist (Especialista em Pneus de Caminhão). Dúvidas: guijunqueirafranco@gmail.com