Revista Sagrado - Edição 2022

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EDITORIAL

Caros leitores,

Apresento-lhes a 12ª Edição da Revista SAGRADO.

O que é o SAGRADO – Rede de Educação senão um am biente inspirador e inovador para quem deseja aprender to dos os dias? Fazer novas descobertas, criar experimentos, saberes, experiências, protótipos, alinhados ao Pacto Edu cativo Global e à Agenda 2030, com seus 17 objetivos de de senvolvimento sustentável? Inspirar, assim como educar, é soprar vida, dinamismo, amor e abrir espaço para a sensibi lidade que habita dentro de todos nós.

Olhar... contemplar vidas e histórias desde a Educação Infantil até os jovens com suas pluralidades e demandas do Século XXI é o que nos impulsiona para mobilizarmos e valorizarmos as sutilezas da vida, as relações, as tessitu ras pedagógicas presentes em nossas instituições escolares, mesmo que tenhamos que lidar com inúmeras mudanças, entre elas as multimídias presentes nas “pontas dos dedos”: o Metaverso – um mundo novo a ser desbravado no âmbito educacional. Este, se por um lado é um novo mundo a nos estimular, seduzir, criando experiências virtuais comparti lhadas; por outro nos alerta para o crescente isolamento das nossas crianças, adolescentes e jovens distanciando-os cada vez mais da realidade, fragilizando relações familiares e edu cacionais, neste contexto cabe à escola o letramento midiáti co presente também na BNCC.

Por isso cuidamos, fortalecemos e reencantamos todos os dias: eis nossa missão.

Por isso somos incansáveis na construção dos valores pro postos pelo Mestre dos Mestres e de nossa Mãe e Mestra Clélia Merloni que nos deixou como legado a Espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus, este Coração Divino que nos humaniza e nos move para levar a todos um raio de Sua ter nura e Seu amor.

Atodosquecontribuíramparaarealizaçãodessaediçãoda Revista,gratidão.

Cordialmente.

Ir. ilda basso

Gestão Executiva

Sagrado - Rede de Educação

EXPEDIENTE

Idealização: Central de Gestão Educacional do SAGRADO - Rede de Educação

Projeto Editorial: Gestão de Co municação e Gestão Pedagógica do SAGRADO - Rede de Educação

Jornalista Responsável: Paula Ba tista (DRT 7128/PR)

Projeto Gráfico e Diagramação: Turbo Ideias Potentes

Textos e Revisão: Lide Multimídia

Fotos: Adobe Stock, Banco de imagens do SAGRADO - Rede de Educação e Freepik.com Distribuição Gratuita

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SUMÁRIO

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PEDAGÓGICO 6 NOVO ENSINO MÉDIO DESTAQUE 12 60 ANOS DO COLÉGIO SAGRADO DE PONTA GROSSA ARTIGO 16 METAVERSO NA EDUCAÇÃO PEDAGÓGICO 22 EDUCAÇÃO INFANTIL RESENHA 24 A PEDAGOGIA DO CARACOL ESPIRITUALIDADE 28 ESPIRITUALIDADE DO CORAÇÃO DE JESUS ENTREVISTA 30 DR. AILTON DIAS E O CONTEXTO PÓS-PANDEMIA GESTÃO 34 GESTÃO ESCOLAR E MÍDIAS SOCIAIS TIC’S E TECH 36 GAMIFICAÇÃO NA EDUCAÇÃO CHARGE 38 EMPATIA: COPA DO MUNDO

NOVO ENSINO MÉDIO: JOVENS, PLURALIDADE E CAMINHOS PARA ATENDER ÀS DEMANDAS DO SÉCULO XXI

A Constituição da República Federativa do Bra sil de 1988, no art. 210, anuncia a necessidade de “assegurar formação básica comum”, fixando-se “conteúdos mínimos” para a Educação Básica. Depois desse primeiro marco legal seguiram-se parâmetros curriculares nacionais, diretrizes curriculares nacionais e pactos nacionais para a educação. Em 2014, com o Plano Nacional de Educação (PNE), impõe-se como meta a ela boração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A Base teve três versões preliminares cujos textos foram analisados pela sociedade brasileira. Em 2018, a BNCC foi homologada para a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Tão logo à homologação, as redes de ensino pública e privada no Brasil se debruçaram sobre a BNCC para compreender sua implementação e os impactos na Educação Básica. Todos os seg mentos da Educação Básica têm particularidades que a BNCC trouxe, após um longo processo de construção colaborativa. Ao Ensino Médio cou be o adjetivo “novo” depois da BNCC dadas as grandes diferenças se comparado ao vigente. 1

A BNCC tem como princípio um olhar espe cial para as múltiplas culturas juvenis, ao pensar nela como um momento de vida em que o jo vem se conecta com a diversidade . Para isso,

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base passou a ser obrigatória,

2022,

a criatividade é um fator essencial para se esta belecer diálogos e participação ativa destes na sociedade. A Base Nacional Comum Curricular considera essencial:

“[...] que se garanta aos estudantes serem pro tagonistas de seu próprio processo de escolari zação, reconhecendo-os como interlocutores le gítimos sobre currículo, ensino e aprendizagem.

n. 9.394/1996, art. 24, §1º), segundo a Lei n. 13.415/2017.

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pedagógico
A
desde
segundo prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB
LUIS FELIPE MIRANDA
Gestão
Pedagógica SAGRADO - Rede de Educação

Significa, nesse sentido, assegurar -lhes uma formação que, em sinto nia com seus percursos e histórias, permita-lhes definir seu projeto de vida, tanto no que diz respeito ao es tudo e ao trabalho como também no que concerne às escolhas de estilos de vida saudáveis, sustentáveis e éti cos” (BRASIL, 2018a, p. 463, grifos do autor).

Para a escola se tornar interes sante, instigante e provocativa pe rante tantos novos conhecimentos propostos para os educandos do século XXI, foi preciso estabele cer mudanças significativas, nor mativas oficiais que apontassem a novos rumos. Para a implantação de uma escola mais plural, o seg mento do Ensino Médio passa por uma reestruturação tomando por base documentos que apontam ca minhos norteadores que podem potencializar os novos modelos de ações pedagógicas escolares.

O novo Ensino Médio, proposto pela Base, deve proporcionar uma aprendizagem voltada para as ne cessidades e interesses dos jovens, mas também sintonizada com a sociedade contemporânea. Um dos pilares para essa aprendizagem está “no protagonismo do estudante “A BNCC tem como princípio um olhar especial para as múltiplas culturas juvenis.”

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quanto a sua abstração, reflexão, interpretação, proposição e ação” (ibid., p. 465).

Por que um novo Ensino Médio? A escola se integra às mudanças da sociedade e preci sa acolher os estudantes na construção de seus projetos vida. Nessas mudanças, destaca- se a necessidade de adequação às exigências con temporâneas de uma formação integral que contemple as competências do Século XXI. Assim, as escolas devem oferecer currículos flexíveis que possam ajudar a desenvolver um maior protagonismo, engajamento e autono mia dos estudantes, para que participem de forma mais ativa do processo de construção da própria aprendizagem.

“No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar -se, ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produ tivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informações” (ibid., p. 14).

As mudanças da sociedade apontam demandas de um novo tempo. Este momento exige que o processo educativo tenha o olhar atento e ali nhado às tendências do Século XXI. O desen

volvimento da educação integral necessita de uma visão do educando em sua totalidade, res peitando a sua singularidade.

As demandas do Século XXI são conhecimen to, curiosidade intelectual, repertório cultural, comunicação, cultura digital, projeto de vida e trabalho, argumentação, autocuidado, coope ração e cidadania. Para que sejam atendidas, é preciso desenvolver competências e habilida des que levem em conta as dimensões cogniti va, emocional, física e espiritual. Uma vez que o educando precisa mobilizar “conhecimentos” (conceitos e procedimentos), habilidades (prá ticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania

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“A escola precisa estar atenta às dimensões dos sujeitos que ajudam a formar sua integralidade.”

e do mundo do trabalho.” (ibid., p. 8). Por isso, a escola precisa estar atenta às dimensões dos sujeitos que ajudam a formar sua integralidade.

Para atender as demandas do Século XXI, é pre ciso mais que o desenvolvimento de conceitos, exige-se uma organização física e curricular para atender também o desenvolvimento das compe tências e habilidades em uma formação integral. Além disso, a escola não pode ser entendida como único lugar para o desenvolvimento de compe tências e habilidades, pelo fato de transbordarem os seus próprios limites. A escola precisa favore cer sua aproximação com o mundo do trabalho e atender as singularidades dos educandos.

O exercício do protagonismo e da autonomia dos jovens necessita de espaço construir seus projetos de vida, para isso, é necessário que o currículo seja flexível: capaz de introduzir ideias e produzir ampliação, contextualização de sabe res prévios e aprofundamentos conceituais em uma ou mais áreas do conhecimento escolhidas pelas juventudes em suas complexidades.

No artigo 8° das DCNEM, o protagonismo ju venil deve ser garantido por ações que promo vam: “cultura e linguagens digitais, pensamento computacional, a compreensão do significado

da ciência, das letras e das artes, das tecnologias da informação e da matemática”. Além disso o currículo precisa também “garantir o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura” (BRASIL, 2018b).

Para promover ações que estimulem o prota gonismo dos jovens, é necessário adotar meto dologias de ensino e de avaliação de aprendiza gem que potencializem o desenvolvimento das competências e habilidades expressas na BNCC, como as unidades curriculares e avaliações for mativas, ofertadas tanto na Formação Geral Básica (FGB) quantos nas Formações Interdis ciplinares (FI) (ibid.).

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: Presidência da República, 1996. Dis ponível em: http://www.planalto.gov.br/cci vil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 18 jun. 2022.

. Ministério da Educação (MEC). Base Na cional Comum Curricular (BNCC). Brasília: SEB, 2018a.

. Ministério da Educação (MEC). Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio (DCNEM) Brasília: CNE, 2018b.

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COLÉGIO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS: 60 ANOS ESCREVENDO AS PÁGINAS DESTA HISTÓRIA

Em 2022, o Colégio Sagrado Coração de Jesus, Unidade Educacional do SAGRADO – Rede de Educação localizada na cidade de Ponta Grossa, no Paraná, completa 60 anos. Ao longo destas seis décadas, diversas gerações fizeram parte da traje tória do Colégio, que é referência de ensino nos Campos Gerais.

A Unidade Educacional traz uma bela história de amor e doação aos mais necessitados, pois foi criada com fins filantrópicos para atender a co munidade carente e levar acesso à educação para aqueles que não tinham oportunidade.

A educadora Marinê Fecci Bastisão Leite, uma das fundadoras do Colégio, compartilhou como foi início dessa obra educativa. Ela acompanhou a primeira matrícula, trabalhou como professora em

turmas do 4º ano e atuou também como Orientado ra Educacional. Além disso, é mãe de ex-educandos.

A história do Colégio Sagrado Coração de Jesus iniciou em 1961, após o Padre Carlos Zelesny ser nomeado pároco da Igreja São Sebastião, no bair ro Nova Rússia. Em entrevista, Marinê conta que Padre Carlos era uma pessoa generosa, carismáti ca, dedicada a evangelização, bondosa e que olhava para os menos favorecidos. Foi justamente a par tir desse olhar, que ele constatou que centenas de crianças e adultos da região não tinham acesso à educação e aos ensinamentos do Evangelho.

Preocupado com a situação da comunidade carente, Padre Carlos idealizou a Escola São Se bastião, primeiro nome da instituição. Ele teve o apoio das famílias católicas da Nova Rússia para dar início ao seu sonho. “O São Sebastião se fez com os moradores do bairro. As professoras fo ram escolhidas pelo próprio Padre Carlos e eram mulheres da região e que frequentavam a Igreja. Ele fez questão de que todas fossem católicas para unir a educação com a evangelização”, destacou a educadora entrevistada, salientando também que nos seis primeiros meses as professoras trabalha ram voluntariamente, sem receber salário.

O local escolhido para sediar a escola foi a Casa Grande, da histórica Chácara Dona Madalena. Ini cialmente, o espaço foi alugado e, tempo depois, comprado por Padre Carlos com o auxílio finan ceiro da comunidade local. No decorrer de 1961 foram muitos trabalhos realizados para que a es cola sem fins lucrativos abrisse suas portas. Foram doados materiais escolares, carteiras, tecidos para confecção de guarda-pós, que eram produzidos

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destaque

gratuitamente por senhoras do bairro, além de outros utensílios e serviços de mão de obra.

Após muita luta e trabalho, no dia 20 de janeiro de 1962 a Es cola São Sebastião iniciou as matrículas e no dia 16 de fevereiro do mesmo ano foi inaugurada em um evento festivo que reuniu membros da comunidade e autoridades. As aulas começaram no dia 19 de fevereiro com turmas do Jardim ao 4º ano e, durante o primeiro ano de funcionamento, aproximadamente 500 edu candos foram recebidos em turmas distribuídas nos períodos da manhã, tarde e noite.

Ao longo de 1962, diante dos desafios, muitas mudanças fo ram acontecendo para atender a todos os educandos. Novas professoras foram selecionadas e mais cinco salas de aula de madeira foram construídas no fundo do terreno.

Em agosto de 1963 um acontecimento importante marcou ainda mais essa história. A pedido de Padre Carlos, as Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus assumiram a Direção da Escola para fazer nascer na cidade o carisma da Bem-Aventurada Clélia Merloni e tornar o Coração de Jesus ainda mais conhecido e amado.

A abertura do Curso Ginasial (atual Ensino Fundamental – Anos Finais) aconteceu em 1968. Em abril de 1971, a Cruzada São Se

1. Fachada da Escola São Sebastião em sua fundação, no ano de 1962.

2. Irmãs Apóstolas do Sagrado Cora ção de Jesus em aula ao ar livre com as crianças no Pátio.

3. As Irmãs Apóstolas do Sagrado Co ração de Jesus assumiram a administra ção da Escola em 1963 a pedido de Padre Carlos Zelesny. Elas também ministra vam aulas.

4. Educadora e educandos ao lado do fundador da Escola São Sebastião, Padre Carlos Zelesny, no antigo Pátio da insti tuição, quando o chão ainda era de terra.

5. Inauguração do novo prédio da Es cola, em 1974. Atual Bloco A, onde estão localizadas as Salas de Aula do Ensino Fundamental, Administrativo e Capela.

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“Em agosto de 1963, as Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus assumiram a Direção da Escola para fazer nascer na cidade o carisma da Bem-Aventurada Clélia Merloni.”

escrevendo as páginas desta história.

bastião, que era a mantenedora da Escola na época, passou a escritura do terreno para o Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, que se tor nou, a partir de então, o seu mantenedor. Por meio desse gesto, Padre Carlos quis dar à Escola, fundada por ele, a oportunidade de um maior crescimento e qualificação, garantindo a continuidade da sua obra.

A partir de então um novo tempo começou. Uma fase de evolução e crescimento dessa obra de amor. Em 1972 iniciou a ampliação do prédio da Escola e a construção da residência das Irmãs. A estrutura, onde hoje está localizado o Bloco A da Unidade Educacional, com a Recepção, Salas Administrativas e Salas de Aula do Ensino Funda mental, foi inaugurada em 1974.

Ao longo desse tempo, outros importantes acon tecimentos foram sendo escritos na história do Colégio, como a fundação da Banda Marcial, em 1986, e a inauguração do espaço com o Complexo Esportivo Cultura, onde está situado o Ginásio de Esportes, Biblioteca e os Laboratórios de ensino (Científico, Artes, Matemática, Informática e Cozinha Experimental).

Com quase três décadas, em 1990, a São Sebastião passou a se chamar Escola Sagrado Coração de Jesus, nome que carregamos até hoje com muito amor.

Em 2001, mais um sonho se concretizou com a abertura do Ensino Médio. Desde então, todas as etapas da Educação Básica passaram a ser ofere cidas, dando à escola o título de Colégio Sagrado Coração de Jesus.

A chegada do Ensino Médio trouxe a necessi dade de ampliação da estrutura do Colégio, por isso, um novo prédio em anexo começou a ser construído em 2002 e inaugurado em 2004. É o Bloco B, onde hoje estão localizadas as Salas de Aula da Educação Infantil e Ensino Médio, Espaço Maker e o Auditório. Com a sua ampla infraestrutura, a Unidade Educacional acolhe os educandos e conta com ambientes de aprendiza gem diversificados.

Desde a sua criação, o Colégio esteve em constante evolução. Os últimos anos ficaram marcados pela modernização com a chegada do Ensino Híbrido, Ensino Bilíngue e a Cultura de Inovação, que reforçam ainda mais a excelên cia das metodologias do SAGRADO – Rede de Educação.

Ao longo das seis décadas, foram inúmeras as con quistas da Unidade Educacional. Somos responsáveis pela base da formação de importantes profissionais de destaque no mercado de trabalho. Milhares de pessoas fizeram e fazem parte dessa trajetória, que continua dia a dia com muita dedicação, amor e fé.

Sagrado PG: 60 anos escrevendo as páginas des ta história...

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À esquerda, fachada na década de 1990. Nesse período a Escola passou a se chamar Sagrado Coração de Jesus. À direita, cons trução do novo prédio da Escola, em 1972.

METAVERSO: UM MUNDO NOVO PARA A EDUCAÇÃO?

O impacto das tecnologias na vida cotidiana da humanidade é evidente e seu crescimento tem sido exponencial, segundo conforme um ritmo que o futurista Ray Kurzweil caracte rizou como lei dos retornos acelerados, para expressar não apenas a velocidade desse cresci mento, mas, sobretudo, o aumento do seu po der. Desde quando os computadores passaram a fazer parte da vida diária do cidadão comum, por volta da década de 1980, o crescimento das chamadas TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)) dão prova palpável de que essa velocidade não é apenas uma teoria: todos sentimos, no cotidiano, como esse avan ço tem dado aos seres humanos poderes iné ditos, principalmente, se levarmos em conta a chamada convergência tecnológica, reconheci da como um processo de integração da infotec nologia, com a biotecnologia, a nanotecnolo gia e as ciências cognitivas.

O nome desse processo é Revolução 4.0, ou, mesmo, como alguns preferem chamar: Re volução 5.0, que é marcada pelo fato de que, agora, os humanos trabalharão de forma in tegrada com as máquinas, em busca de maior automação e eficiência dos processos. Nesse

campo, obviamente, há muito por vir e boa parte disso trará impactos decisivos sobre a nossa vida. Ora, na medida em que a educa ção e as instituições de ensino e aprendizagem são parte da sociedade (e uma parte bastante vulnerável, poderíamos destacar), também elas serão impactadas de forma decisiva por essas novas formas de relação entre seres humanos entre si, deles com as máquinas e com o mundo ao redor.

Se, de um lado, não podemos evitar a tecno logia e mantermos uma atitude avessa a tudo o que ela produz e disponibiliza; por outro, não podemos ser ingênuos a tal ponto de aceitar esses procedimentos de forma acrítica – bem ao contrário, sendo um poder, toda tecnologia precisa ser usada com responsabilidade, o que exige que ela seja avaliada eticamente, a fim de evitar as consequências danosas e arriscadas que ela inclui. Por isso, cabe a todos os agentes educativos, em especial aos professores e pro fessoras, estarem atentos para essa realidade, conhecendo e avaliando criticamente os avan ços, detectando os perigos e indicando como a tecnologia pode ser democratizada, para usar um conceito do filósofo norte-americano An drew Feenberg, uma das maiores autoridades nesse assunto. Feenberg compreende por “de mocratização” a capacidade de inserirmos na tecnologia os interesses dos agentes não tec nológicos, entre os quais estão as populações

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ARTIGO
JELSON OLIVEIRA
Doutor em Filosofia, Professor do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da PUCPR.
“Toda tecnologia precisa ser usada com responsabilidade, o que exige que ela seja avaliada eticamente.”

vulneráveis e a natureza. Tratar-se-ia de per guntar até onde os avanços tecnológicos são de interesse e trazem benefícios para toda a socie dade – ou apenas para os grandes conglomera dos corporativos que detém o seu controle, em vista do lucro de seus acionistas. Realizar essa análise e dispor de uma visão clara sobre esse processo é responsabilidade (poderíamos falar até mesmo em obrigação) dos agentes educati vos, que têm a missão de orientar o uso desses poderes, principalmente, por parte dos seus “usuários” (a palavra, como bem mostrou o do cumentário de Jeff Orlowski, O dilema das re des , é de uso estrito de viciados), entre os quais estão os adolescentes e jovens.

Como parte dessa história de avanços das TIC, uma palavra que caiu na corrente san guínea da sociedade, muito recentemente, é Metaverso . A palavra nasce da junção do grego meta , que significa acima ou além , com verso, uma referência à palavra universo – que agora deixa de ser uno , para ser além . Por ser virtual mantendo uma relação com o real, o Metaverso é um universo além, que tenta replicar o que é real, mas de forma virtual, utilizando-se, para isso, dos dispositivos digitais.

A palavra, dessa forma, é usada para expres

sar justamente uma espécie de lugar (ou não -lugar, não- topos , portanto, uma u- topia ) na qual a realidade física e a realidade virtual se encontrariam. Difundido recentemente pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg (que mudou o nome de sua empresa para Meta ), além de outros bilionários das empresas de tec nologia, o termo expressa a ideia de criação de experiências compartilhadas virtualmente por meio dos dispositivos tecnológicos que podem promover interação e realização de atividades de forma on-line , por pessoas que não precisam estar no mesmo lugar, ao mesmo tempo. En tre tais experiências, enumeram-se atos como comprar, participar de shows e jogar videoga mes, ou até mesmo ensinar e aprender. Assim, se a Internet e as TIC tinham como meta a diluição das barreiras que separavam os seres humanos, o Metaverso representa um passo de cisivo para que isso se efetive, na medida em que cria realidade virtual e promove a realida de aumentada.

Usado pela primeira vez no romance Snow Crash , de 1992, pelo escritor Neal Stepherson, para definir um espaço que fosse virtual, mas ao mesmo tempo coletivo e convergente com a realidade física, o conceito de Metaverso vem sendo alterado para dar conta do crescente

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avanço das tecnologias que tornam compatí vel a experiência física e a experiência virtual. Nesse mundo você pode comprar um terreno, participar de um grande evento musical com seu ídolo, trabalhar em uma empresa ou alugar um avatar. Além disso, as possibilidades in cluem o uso de óculos virtuais, a realização de cirurgias à distância, o uso de roupas que pos sam detectar eventos fisiológicos (como medir a temperatura), a utilização de corpos virtuais para ensino de medicina, a gestão virtual de logística em grandes empresas, a experiên cia imersiva em jogos de todo tipo na área do entretenimento, inclusive com a criação dos chamados tokens não-fungíveis (NFTs), cujo mercado tem crescimento impressionante nos últimos anos. Nada disso é mais apenas ficção científica. Tudo isso, obviamente, não pode fi car de fora da Escola, que deve compreender e ajudar a analisar todos esses processos, além de preparar os estudantes para atuarem nesse novo espaço.

Como uma nova camada de realidade, mui tos pesquisadores têm tentado compreender as vantagens e desvantagens do uso do Meta verso nos espaços educativos. Obviamente as possibilidades de ampliação da criatividade, as possibilidades de interação e aprendizagem in terpares para estudo e pesquisa em grupos que reúnam estudantes de vários lugares do mundo em salas e laboratórios virtuais, são aspectos que podem entusiasmar aqueles que acreditam que a tecnologia é um bom instrumento para aumentar o interesse, o envolvimento e a de dicação dos estudantes, em um tempo em que a educação vive a crise do interesse, do desâni mo e da falta de expectativas, muito em função

da desatualização das metodologias e do estres se institucional. Fala-se em aulas imersivas de história em realidades virtuais do passado, com visitas e viagens, além de conversas com per sonagens-avatares, tudo de forma divertida e sedutora. Mas há, também, quem chame aten ção para o maior isolamento do indivíduo em relação à sua realidade local, a fragilização dos laços afetivos com quem está mais próximo ou mesmo ao chamado déficit de natureza (con ceito criado por Richard Louv, no seu livro A última criança na natureza , para expressar as patologias emocionais e psíquicas derivadas do crescente isolamento das crianças e jovens em relação ao mundo ao redor).

A escola, além disso, vem sendo solicitada a três movimentos concomitantes:

1) conhecer e se inteirar desse processo;

2) apropriar-se positivamente das tecnolo gias com potencial de contribuir para a melho ria das relações de ensino e aprendizagem;

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3) inserir-se no espaço virtual e promover a interação desde “dentro”, por assim dizer.

Dessa forma, cabe à escola tanto uma edu cação para o metaverso quanto uma educação no metaverso . De um lado, o uso do sistema; de outro, a preparação para o seu uso e, neste segundo ponto, isso envolve o chamado letra mento midiático (ou digital), pautado inclusi ve pela BNCC como competência de domínio e utilização das tecnologias, de forma crítica, saudável e ética. Tudo isso implica novas rela ções com o conteúdo, novas metodologias de ensino e aprendizagem, novas formas de expe

riência com o conhecimento, novas linguagens (inclusive o domínio de diferentes línguas para comunicação) e usos dos novos dispositivos tecnológicos.

Estará a nossa Escola - e nós mesmos como agentes educativos – preparada para tamanha revolução? Como integrar todos aqueles que, por motivos variados, entre os quais estão os econômico-financeiros, estão excluídos de todo esse processo? Como integrar esse novo mundo sem abandonar o “velho mundo” das escolas reais, nas quais falta quase tudo, inclu sive o entusiasmo para mais uma revolução?

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“Fala-se em aulas imersivas de história em realidades virtuais do passado, com visitas e viagens, além de conversas com personagens-avatares, tudo de forma divertida e sedutora.”

EDUCAÇÃO INFANTIL

TESSITURA DE HISTÓRIAS E VIDA

Ao longo de todo o curso da vida, especial mente em seus primeiros anos, o desenvolvi mento humano acontece por meio de processos de interação recíproca, entre um organismo humano biopsicológico ativo e as demais pes soas, os objetos e os símbolos em seu ambiente imediato. De acordo com a teoria bioecológi ca do desenvolvimento humano desenvolvida pelo psicólogo Urie Bronfenbrenner 4 (1996), cujos estudos contribuem fortemente para a teoria do desenvolvimento infantil, essas for mas de interação, identificadas como proces sos proximais, devem ocorrer sobre uma base bastante regular ao longo de períodos extensos de tempo.

Os processos proximais de interação entre o indivíduo e seus ambientes operam no tem po e constituem os mecanismos primários do

desenvolvimento humano, criando uma re ciprocidade contínua entre pessoa, processo, contexto e tempo. Exemplos de padrões dura douros de processos proximais são encontra dos em atividades conjuntas adulto-criança ou criança-criança, brincadeira solitária ou em grupo, leitura, aprendizagem de novas habili dades, estudo, atividades esportivas.

Bronfenbrenner exemplifica o ambiente bioecológico com a imagem de uma boneca russa, concebida por diversas estruturas ou pe ças; nesse exemplo o indivíduo é a peça mais interna, e os demais sistemas: microssistema, mesossistema, exossistema e macrossistema têm influência decisiva em seu desenvolvi mento integral. Portanto, a inter-relação entre os sistemas, dos mais próximos àqueles apa rentemente mais distantes, impacta o desen volvimento da pessoa ao longo de todo o curso da vida, especialmente nos primeiros anos de vida da criança.

A teoria bioecológica de Bronfenbrenner, aqui apresentada de maneira muito rápida, tem a intenção de explicitar o quão importante são os primeiros anos de vida de uma criança e como são necessários ambientes potentes, for tes de significado e interações.

Essas breves “pinceladas” sobre a importân cia dos primeiros anos de vida, sobre a necessi dade de sistemas bioecológicos qualificados te rão alcançado seu objetivo se escola e família, com entendimento claro possibilitarem que

“os pequenos apreciem suas conquistas, descubram os outros, aprendam a mani festar seus sentimentos, conectem-se à natureza, deleitem-se com a arte, valori

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pedagógico
ana lúcia langner Mestre (PUCPR) e Doutora em Educação pela Univer sidade Federal do Paraná. Gestora Pedagógica do SAGRADO - Rede de Educação.
4. Urie Bronfenbrenner (1917-2005), Psicólogo americano nascido na Rús sia conhecido por sua teoria de sistemas ecológicos com grande contribuição para as teorias do desenvolvimento infantil.

zem as pequenas coisas, brinquem e apro veitem, usem a lógica matemática para a vida, aproximem-se do pensamento cien tífico e da sabedoria popular, admirem a beleza do cotidiano, despertem os senti dos, soltem a língua, (...) celebrem a vida, aprendam a guardar recordações precio sas, descubram os arredores, iniciem o amor pelos livros e pela leitura, desfrutem da sua infância como crianças, tudo isso somado a que sejam capazes de manifestar gratidão pelo que a vida e as pessoas lhes dão...” (BARDANCA, 2018).

Nesse sentido, quanto mais profunda for a relação entre escola e família, os primeiros microssistemas de maior interação da criança, melhor será seu desenvolvimento cognitivo, fí sico, intelectual, social, emocional e deixar-se

-á de discutir sobre a importância da educação infantil para todas as crianças, uma educação infantil carregada de pensamento criativo onde o direito ao brincar seja plenamente exercido e vivido a partir das pedagogias participativas, defensoras da cultura da infância.

REFERÊNCIAS

BARDANCA, A. A.; BARDANCA, I. A . Os fios da infância. São Paulo: Phorte, 2018.

BRONFENBRENNER, U . A ecologia do desenvol vimento humano: experimentos naturais e planeja dos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. RIOS, T. Compreender e ensinar. Por uma docência da melhor qualidade. São Paulo: Cortez, 2001.

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“Bronfenbrenner exemplifica o ambiente bioecológico com a imagem de uma boneca russa, concebida por diversas estruturas ou peças.”

A PEDAGOGIA DO CARACOL: POR UMA ESCOLA LENTA E NÃO-VIOLENTA

poesias, desenhos (produzidos pelo próprio autor do livro que, além de escritor, é artista plástico), excertos de músicas e depoimentos de famílias, tornando as discussões ainda mais intensas.

Desacelerar. Verbo que atravessa as páginas, as reflexões e as proposições do autor, na es crita do livro Pedagogia do Caracol . Professor de Escola Materna na Itália (equivalente à Edu cação Infantil no Brasil – 4 a 5 anos de idade) por 16 anos e, posteriormente, diretor escolar, Gianfranco Zavalloni experimentou o cotidia no pedagógico e, a partir das suas vivências, problematizou alguns importantes processos vividos nas e pelas escolas.

Ao escrever este livro, olhou para dentro de suas próprias inquietações – aquilo que viveu no interior das escolas em que atuou – e pro pôs novas formas de pensar, compreender e fazer as experiências educativas. A escolha do título do livro já sinaliza para esse processo de desaceleração necessário e instigado por Gian franco. Em outras palavras, um convite à len tidão.

Dividida em 35 capítulos, além do prefácio e da introdução, a obra perpassa diferentes aspectos da cultura escolar, tais como tempo, espaço, avaliação (aliás, o título deste capítulo merece um destaque – “ao invés de reprovar, fazer desabrochar”), metodologia, propostas ao ar livre, aulas de campo, documentação, recreios, entre outras. Com uma escrita leve e envolvente, cada capítulo percorre uma te mática, desenvolvida durante 4 a 7 páginas. No decorrer dos registros são apresentadas

Em linhas gerais, o livro traz reflexões so bre o cotidiano escolar. Propõe, didaticamen te, estratégias para “perder tempo” (ou seria investir tempo? Vale a reflexão!) com os edu candos, respeitar os processos singulares das crianças e valorizar as sutilezas da vida, das relações e das tessituras pedagógicas que são produzidas nas instituições escolares. Embora se refira ao contexto italiano, a obra permite uma análise para as realidades brasileiras, es pecialmente pelas semelhanças presentes nas práticas escolares.

Dentre as múltiplas problematizações, des taca-se a urgente necessidade de as escolas estimularem seus sujeitos a viverem o ócio criativo, a validarem as pausas necessárias e a atentarem para os detalhes. A manutenção do

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resenha
Julia Tomedi Poletto Pedagoga. Possui Mestrado em Educação pela Univer sidade de Caxias do Sul (UCS) e Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

contato com a natureza e o reconhecimento da potência do trabalho artesanal e autoral das crianças e dos jovens – desde a caligrafia como arte manual até as produções makers (mão na massa) mais elaboradas - são fatores que com parecem na escrita.

A leitura do livro impulsiona o leitor a res significar os processos das escolas. Dentre eles: perceber as miudezas do local e do global, valorizar as jornadas de aprendizagem indi viduais e coletivas, aprender a esperar e com preender que “desacelerar quer também dizer redescobrir um monte de coisas que estavam se sacrificando sobre o altar da velocidade” (ZA VALLONI, 2021, p. 70).

Como consta na Introdução, o propósito do livro está em empreender um novo itinerário

educativo: mais lento, menos violento. Um percurso que produza sentido e respeite o tem po dos sujeitos e dos processos escolares. Para concluir, o autor presenteia o leitor com um posfácio e dois apêndices, nos quais apresenta conselhos para uma boa escola e o Manifesto dos Direitos Naturais das Crianças. Um ver dadeiro tesouro para o campo educativo que merece ser lido!

REFERÊNCIAS

ZAVALLONI, Gianfranco. A pedagogia do caracol: por uma escola lenta e não violenta. 1 ed. 2 reimp. Americana, SP: Adonis, 2021.

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“(O livro) propõe, didaticamente, estratégias para ‘perder tempo’ com os educandos, respeitar os processos singulares das crianças e valorizar as sutilezas da vida...”

ESPIRITUALIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS: COMO ESTE CORAÇÃO

DIVINO NOS HUMANIZA?

TIAGO DE FRAGA GOMES

A espiritualidade do Sagrado Coração de Je sus, em última instância, aponta para o seguin te questionamento: como este “coração” divino nos humaniza? A palavra “coração”, em senti do bíblico, remete à interioridade da pessoa, ao seu núcleo existencial, à sua totalidade vital. Falar do Coração de Jesus é falar da Palavra de Deus em sua intimidade e plenitude: o amor de Deus que se revelou como fraternidade, ternu ra e misericórdia. Na Bíblia hebraica, a palavra coração aparece 853 vezes – leb (597 vezes) e lebab (256 vezes) –, às quais se acrescentam 8 citações das seções aramaicas do livro de Da niel. A Bíblia grega traduz esse termo 718 ve zes por “kardia”. Estas palavras são anteriores à distinção “corpo e alma”: remetem à pessoa toda enquanto sujeito capaz de amar, sentir e decidir.

No Antigo Testamento, a aliança é exortação à intimidade com Iahweh e à fidelidade aos seus mandamentos. Israel, aos poucos, compreende que uma religião de “aparências” não é sufi ciente ( Os 7,14; Jr 29,13 ), e que para encontrar Deus é preciso buscá-lo “com todo o coração” ( Dt 4,29; 6,5; 1Sm 7,3 ). O “coração endurecido” torna-se causa do afastamento de Deus ( Ex 8,15.32; 9,7.34; Sl 95,8; Jr 5,23; 18,12; Ez 2,4; 3,7 ). A conversão corresponde, assim, a “rasgar o co

ração” (gesto interior) e não as “vestes” (gesto exterior), e apresentar-se diante de Deus com um “coração contrito” ( Jl 2,13; Sl 51,19 ) e “puro” ( Sl 51,12 ). Sendo assim, a “renovação interior” é a circuncisão do coração ( Dt 10,16; Jr 4,4; 9,26; Lv 26,48 ) ou o “coração novo” que interioriza a Lei ( Jr 31,33 ). O coração de Iahweh é o “cora ção íntegro” de um pastor ( Sl 78,72; 77,2 1) que guarda e conduz com sabedoria.

No Novo Testamento, o coração tem sede e alegria ( Jo 16,22; At 2,26; 14,17 ), temor ( Jo 14,1 ), dor ( Jo 16,6; Rm 9,2; 2Cor 2,4; At 2,37 ), amor ( 2Cor 7,3; 6,11; Fl 1,7 ) e desejo ( Rm 10,1; Lc 24,32 ). No co ração se localizam a inteligência e o pensamento ( Mc 7,21; Mt 12,34; Jo 12,40; At 8,22 ), onde nascem os propósitos ( Lc 21,14; 2Cor 9,7; At 11,23 ). O co ração é a consciência ( 1Jo 3,20 ), é o interior do ser

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ESPIRITUALIDADE
Doutor em Teologia pela PUCRS, Pós-Doutor pela PUCRio, Professor da PUCRS, Perito da Comissão para a Doutrina da Fé da CNBB e Presbítero da Diocese de Osório.

humano, sua personalidade; é o ponto de inser ção da ação de Deus: o íntimo do ser humano, onde Deus perscruta e examina ( Lc 16,15; Rm 8,27; 1Ts 2,4 ), onde Deus escreve sua Lei ( Rm 2,15; 2Cor 3,2; Hb 8,12 ); onde está a fé ( Mc 11,23; At 8,37; Rm 10,8-10; Hb 3,12 ) ou a dúvida ( Lc 24,38; Mc 11,23 ) e a obstinação ( Mt 13,15; Rm 1,21; 2Cor 3,15 ). Deus abre o coração ( Lc 24,45; At 16,14 ) e nele resplan dece sua glória ( 2Cor 4,6 ). O Espírito Santo é en viado ao coração ( Gl 4,6 ) e nele derrama o amor de Deus ( Rm 5,5; 2Cor 1,22 ).

Jesus afirma: “felizes os puros de coração, porque verão a Deus” ( Mt 5,8 ); “aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” ( Mt 11,29 ); “é do coração que provém os maus pensamentos, os homicídios, os falsos teste munhos, as blasfêmias” ( Mt 15,19 ). Ou seja, o ser humano se define por aquilo que cultiva

em seu coração. Na espiritualidade do Sagra do Coração de Jesus, o amor é um elemento fundamental como chave de leitura para com preender Deus e o ser humano. O Coração de Jesus remete à compaixão e à misericórdia; é uma boa nova de Deus para uma humanida de “desumanizada” e que anseia por dignidade. Em Cristo, Deus amou com coração humano. Como afirma o Concílio Vaticano II: “Cristo manifesta plenamente o homem ao próprio homem e lhe descobre a sua altíssima voca ção” (Gaudium et Spes, n. 22). O Coração de Jesus expressa de modo excelente o projeto de Deus para a humanidade, manifesta o mistério e a vocação divina do ser humano, restitui à humanidade sua imagem divina (imago Dei) pela via da imagem de Cristo (imago Christi) centrada no Reinado de Deus, cuja glória é o homem vivo (Santo Irineu).

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“Na espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus, o amor é um elemento fundamental como chave de leitura para compreender Deus e o ser humano.”

CUIDAR, FORTALECER E REENCANTAR NUM CONTEXTO DE PÓS-PANDEMIA

Os desafios diversos, de 2020 até os dias atu ais, reduziu muito o potencial de ação, sere nidade de todos, além das dificuldades que se apresentam em lidar com as emoções, tensões e estresses do dia a dia. A pandemia foi desa fiadora, mas é tempo de cuidar, fortalecer e re encantar, com serenidade e criatividade. Nesta edição conversamos com o Professor, Psicó logo e Doutor em Educação, Ailton Dias, que avalia o contexto pós-pandemia, os desafios da educação, e relembra o conclame do Papa Francisco pelo Pacto Educativo Global trazen do a matéria da necessidade de “novo humanis mo” e a necessidade de pensarmos sobre “nossa casa comum”.

Podemos dizer que estamos em um momento de transição: antes da pande mia para o pós-pandemia. Como o Dr. avalia esse período de quase três anos. Há algum ponto de aprendizado com tudo que o mundo viveu?

Dr. Ailton Dias: Ainda no início da pan demia o Papa Francisco disse, em um dos seus discursos, que pior do que termos que viver essa pandemia seria não aprender nada com ela. É fundamental para o avanço da sociedade a partir daqui que a gente recolha, de tudo que vivemos, alguns aprendizados. Não é possível, no entanto, dizer que todo mundo aprendeu alguma coisa ou que toda a sociedade se mo dificou a partir da experiência da pandemia. O aprendizado é sempre algo que demanda uma abertura, um desejo, uma forma nova de olhar e perceber o mundo, é preciso que façamos isso. Nós aprendemos muitas coisas, mas acre dito que neste momento nós ainda estamos tentando elaborar um pouco melhor tudo isso. É preciso considerar que embora estejamos em movimento de saída da pandemia o impacto que ela causou em todos nós é muito grande e vai demorar um certo tempo para que a gente possa conseguir ter uma visão mais ampla do que vivemos e de como devemos seguir.

Vemos que muitas pessoas foram bas tante impactadas com todas as mudan ças provocadas pela pandemia. Muitas, inclusive, sofrem o impacto mental até hoje. Como cuidar da saúde mental, emocional, no pós-pandemia?

Dr. Ailton Dias: É muito difícil tentar

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ENTREVISTA

fazer um diagnóstico em massa de uma pers pectiva que é sempre muito individual, mas nós podemos considerar que nós estamos vi vendo uma espécie de stress pós-trauma. Cada pessoa é afetada a seu modo de acordo com o seu estado de vida, sua idade, sua condição so cioeconômica e etc. Sendo assim, cada pessoa também responde a seu modo os impactos de um evento tão assustador como uma pande mia. O cuidado com a saúde mental já era uma demanda bastante discutida na sociedade an tes da pandemia e é evidente que é necessário continuar a discussão, uma vez que a pandemia agravou ainda mais nossas dificuldades nessa área. Quando falamos de cuidado - e de forma especial aqui de cuidado com a saúde mental - não existe uma fórmula nem predetermina ção que possa ser seguida com uma espécie de manual. Se cada um é afetado a seu modo e cada um responde a seu modo, o que nós cha mamos de saúde mental vai se constituir de forma muito singular para cada pessoa. O que nós chamamos de equilíbrio emocional vai se determinar de forma muito particular em cada sujeito, por isso, é necessário olhar para cada um como uma pessoa singular. Isso parece ób

vio e de fato é, mas é importante ser lembrado para que a gente não analise a dor do outro, o sofrimento do outro, a angústia do outro, a insegurança do outro, a partir das minhas rela ções, do modo como posiciono e me coloco no mundo. Se eu faço isso eu tenho uma tendência a minimizar o sentimento do outro, a vivência do outro, a experiência do outro e diante, por exemplo, de um desabafo de uma angústia, ao invés de acolher eu posso tentar explicar ou mesmo exortar a pessoa a não reclamar não distinguindo, por exemplo, o desabafo de uma mera reclamação.

O Dr. fala sobre o cuidado de si como cuidado do outro. Nesse contexto de pós-pandemia, podemos dizer que esse é um desafio ainda mais importante?

Dr. Ailton Dias: Eu gosto sempre de lem brar que o cuidado de si é uma condição ética para o cuidado do outro, em outras palavras, ninguém pode dar aquilo que não tem. Essa questão do cuidado de si é amplamente discu tida por um filósofo francês chamado Michel Foucault. Ele resgata o cuidado de si numa perspectiva ética e isso é um desafio de todos

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os tempos. Em nosso tempo, talvez em fun ção de um modelo de sociedade que se pauta na pressa, na produção, no alto desempenho, a gente tem cada vez menos tempo para si mes mo. Falta tempo para se olhar, se tocar, se per ceber... Falta tempo para se cuidar e essa fal ta de condição de tempo para si mesmo gera como consequência uma falta de cuidado para o outro. Ou num cenário pior: eu me abando no em detrimento do outro. Eu faço pelo outro o que não faço por mim e caminho assim para a exaustão, para o colapso, para esgotamento. O cuidado de si mesmo é como que uma retroali mentação, é como que a busca de combustível para que eu dê conta de viver o trabalho, a so ciedade e as relações com os outros. Se eu não tenho combustível se eu não me retroalimento eu o caminho para o esgotamento e aí quando tudo se esgota eu não consigo mais nem estar com outro muito menos comigo mesmo.

Em uma das suas lives o Dr. comenta algumas reflexões sobre a importân cia do processo de educação socioemo cional. Então, lhe perguntamos: como será o amanhã?

Dr. Ailton: Eu costumo fazer essa pergunta de como será amanhã para que a gente possa retomar a discussão sobre o tempo presente, sobre o hoje. Nós temos uma educação que é fruto de um discurso, de uma prática discur siva, que nos projeta sempre o futuro, sempre para o amanhã. Inclusive é muito comum a gente sempre dizer que a criança é o futuro,

que o adolescente é o futuro, e é importan te que a gente trabalhe para que haja futuro, mas isso depende de como é que a gente vive o Presente. A criança é presente, o adolescente é presente e cabe à criança apenas ser crian ça, viver como criança, brincar como criança... a ela deve ser dada condição de viver, amar e sofrer com uma criança. Assim como acontece como deve ser com adolescentes. A educação socioemocional tem que partir da educação dos sentidos, do presente, da vivência, da realida de... da experiência dos processos próprios de cada momento sem essa projeção que nos tira da conexão do que nós somos para projetar de forma delirante aquilo que devemos ser.

O Dr poderia propor alguma reflexão especial para educadores e pais, leito res da Revista Sagrado, para esses no vos tempos?

Dr. Ailton Dias: Eu vou me permitir dei xar uma reflexão de uma grande mulher, na qual me inspiro com frequência... A poetisa e doceira Cora Coralina:

“Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende. Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir”.

Que a gente se decida por uma nova socie dade...

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“O aprendizado é sempre algo que demanda uma abertura, um desejo, uma forma nova de olhar e perceber o mundo.”

GESTÃO ESCOLAR E MÍDIAS SOCIAIS: REPREENDER OU UTILIZAR

Quem um dia teve a curiosidade de caminhar por uma escola durante os intervalos já deve ter notado que este momento está diferente. Realidade essa que comunga com outros momentos de nosso dia em que podemos observar o movimento de cabeças abaixadas e dedos ansiosos a rolar os feeds.

As redes sociais não apenas caíram no gosto da população em geral como, também, ocupam um grande espaço no tempo, comunicação e cultu ra da escola. A sua capacidade de influenciar e de reter a atenção de alunos, pais e professores tem se tornado um desafio para gestores das ins

tituições de ensino. Meios de comunicação como agenda, bilhete, caixa de som ou ida às salas de aulas não conseguem imprimir a mesma veloci dade e audiência que uma mensagem, postagem e likes têm.

Mas estamos falando de um movimento que deve ser repreendido ou utilizado, qual é o novo paradigma que se apresenta?

Um olhar mais apurado para os “transeuntes de ca beça baixa” irá revelar que estão interagindo e consu mindo informações à medida que a barra de rolagem se movimenta. Novos costumes, modas, música e arte se misturam às temáticas do nosso cotidiano rever tendo em postagens, comentários e reações. Há mais do que vidas no ciberespaço1, comunidades que se ali

1. Para Santaella (2018, p. 236) se “pode dizer que o espaço virtual, ou ciberespaço, é o espaço informacional das redes, feito de bits e bytes, de zeros e uns (0/1), mas que, do interior dos computadores às telas, chega até nós na forma de linguagens conhecidas: verbais, visuais, sonoras e todas as suas misturas. Portanto, ciberespaço não é outra coisa senão uma maneira metafórica de nomear a internet, a rede das redes”.

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gestão

“Se há vida e interação nesse espaço, educação e internet devem ser linkados neste meio.”

nham a interesses comuns e recriam sua convivência através dos bites.

Se há vida e interação nesse espaço, educação e internet devem ser linkados neste meio, pois há um vasto campo de relações que deve ser explorado e acessado por todos os atores educacionais. Mais do que um simples estar nas redes as instituições devem saber se posicionar nas redes sociais.

Comunicar-se por meio de memes, ciberdesafios, músicas, enquetes, cores e movimentos é de fun damental importância para gestores e instituições que anseiam não ser canceladas ou caírem no os tracismo das tradições. Não estou dizendo que do dia para noite gestores devem se tornar tiktokers ou aderir ao hit do momento, mas assim como disse o educador Paulo Freire (1997) que o professor deve conhecer a realidade de seus alunos e as instituições devem estar onde a comunidade escolar está.

Acompanhar este movimento não é desprender-se de sua história, estamos falando de compreender como esta sociedade consome e se relaciona. Professores e gestores precisam com preender que não se aprende apenas por meio do meio físico, que o brincar ganhou novos contor nos e as interações sociais se manifestam nos am bientes digitais.

Estar atento às interações, sejam positivas ou negativas, promovem uma maior compreensão da relação de seu público com o produto que está sendo entregue. A velocidade e profundidade de

uma postagem nunca será alcançada por um bilhe te ou terá a mesma profundidade de um anúncio no pátio.

Comunicação, interação e engajamento fazem parte deste novo vocabulário no qual se precisa investir na organização do tempo e espaço para o uso e acesso da rede Internet, no planejamento, na formação de professores e de toda a comunida de escolar visando a ampliação das boas práticas pedagógicas e a identificação de situações de ris co (fake news, haters e bots) que são fundamentais para o bom habitar nestes dois mundos, o físico e o virtual.

Faz-se necessário que o gestor compreenda que não estamos falando de uma moda passageira, mas sim de um movimento social e cultural no qual mundo real e o virtual imbricam na cons trução das relações e é o primeiro passo para uma gestão eficiente. Não é a simples adoção de práti cas ou modismo é ampliar as fronteiras da escola a fim de que esta habite o ciberespaço.

REFERÊNCIAS

FREIRE, P. Pedagoga da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

SANTAELLA. L. Espaço Virtual. In: MILL, D. Dicio nário crítico de Educação e tecnologias e de educação a distância. Campinas, SP: Papirus, 2018. p. 236 – 238.

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GAMIFICAÇÃO NA EDUCAÇÃO

Pensar em possibilidades que possam desen volver nos educandos o prazer pelo processo de aprendizagem é um desafio enfrentado por muitos educadores. Com o retorno ao ensino presencial isso se torna ainda mais urgente, pois o cenário pandêmico fez emergir a força do uso das tecnolo gias digitais na educação, e, com isso, as estratégias didáticas em ambientes digitais podem ser fortes aliadas na retomada de conteúdos, e, principal mente, um meio para estimular o protagonismo e a autonomia dentro e fora de sala de aula.

Com as especificidades das competências digi tais necessárias para o desenvolvimento de uma educação integral, que contemple a BNCC e que atenda aos desafios do presente e prepare os edu candos para o futuro, temáticas como as meto dologias ativas, inovação na educação, educação híbrida, entre outras, estão presentes no dia a dia da escola.

Antes de mais nada é preciso compreender que estamos imersos em uma sociedade hiper conecta da, por isso é preciso encontrar meios de ultrapassar os métodos tradicionais no ensino, buscando novas abordagens para encantar e motivar os educandos da nova geração nas atividades educacionais, onde possam não apenas receber informações e concei tos, mas também testar, vivenciar e experimentar, construindo seus conhecimentos. Eles pertencem a uma geração que possui acesso ao smartphone, ta blets e videogames, utilizando-os em seu dia a dia, seja em momentos de entretenimento, seja para se comunicar ou buscar informação. Ou seja, a tec nologia está presente na sua rotina e não é um bi cho de sete cabeças, mas quando olhamos a sala de aula, é possível observar a lacuna que existente no modo como eles percebem e vivenciam a realida de e como isso acontece durante as aulas. Fica fácil entender que a falta de relação entre os interesses dos educandos e o método de ensino utilizado pelos educadores criam uma grande distância entre eles.

Neste sentido, traremos neste artigo a aborda gem da gamificação na educação e seus elemen

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tic’s e tech

“A gamificação propicia um processo de aprendizagem contextualizado.”

tos, visto que quando orientados em atividades de aprendizagem, podem oportunizar o engajamento e a motivação dos educandos em suas atividades educacionais.

Para começar, vamos entender que o jogo digital é definido por Prensky (2012), como um subcon junto de diversão e de brincadeiras, cuja estrutu ra contém um ou mais desses elementos: regras, metas ou objetivos, resultado e feedback conflito/ competição/desafio/oposição, interação, repre sentação ou enredo. Trazendo esses elementos para o processo de gamificação na educação, ao criar-se desafios com objetivos de aprendizagem, percebe-se que os educandos são mais facilmente engajados, sociabilizados, motivados e tornam-se mais abertos a aprender de um modo mais efi ciente. Isso porque de modo contextualizado ao avançar nas etapas do jogo, também ganham re compensa e podem aprender com os seus erros, na resolução de problemas e desenvolver habilidades a um nível mais profundo. Isso acontece quando os educandos criam uma identidade no jogo, por meio de um compromisso com a missão, na inte ração com os seus pares ou equipe, quando elabo ram estratégias e desenvolvem soluções. Isso faz com que a gamificação propicie um processo de aprendizagem contextualizado.

Diante do cenário apresentado, como podemos trazer exemplos que auxiliem o educador a extrair o melhor dessas práticas para engajar a aprendizagem?

Uma excelente dica é utilizar a plataforma do Minecraft, na educação. Ele é um jogo que possibi lita a construção de um cenário virtual a partir de blocos e dá autonomia e criatividade aos jogadores em sua criação. Para isso é importante que se crie um planejamento, com os objetivos pedagógicos, para que o jogo não se torne apenas uma brinca deira. Alguns dos benefícios em se utilizar o Mi necraft como estratégia, segundo o Blog Trivium: desenvolve a criatividade, exercita a capacidade de planejamento e de tomada de decisões, cria noção de espaço, promove conhecimento histórico, es timula o interesse ambiental. Para conhecer um pouco mais sobre o Minecraft e alguns exemplos

práticos para trabalhar em sala de aula, acesse o link: https://www.microsoft.com/pt-br/blogmi crosofteducacao/2019/09/06/10-licoes-gratuitas -para-usar-no-minecraft-education-edition/.

Outra dica fantástica é o educador utilizar o Ambiente Digital Iônica, da FTD Educação para criar sequências didáticas gamificadas, onde é pos sível ao educando acompanhar o feedback do seu educador, também o seu desempenho individual por meio de relatórios de aprendizagem. A facili dade em utilizar recursos digitais educacionais da própria Iônica ou de fontes externas facilita a au toria e personalização, contemplando conteúdos da Educação Infantil ao Ensino Médio.

Como vimos, a gamificação traz inúmeros be nefícios, pois os jogos podem influenciar aspectos cognitivos, culturais, sociais e afetivos. Os exem plos verificados reforçam, no contexto deste arti go, que a utilização de estratégias de gamificação quando trabalhadas de forma contextualizada, instigam o educando a participar de atividades, pois encontra o prazer em desenvolver a tarefa e encontra sentimento de pertencimento ao grupo, além de criar algo que fornece um objetivo, com diferentes caminhos possíveis na resolução do problema, porém que levam a uma forma mais di nâmica e prazerosa de aprender.

REFERÊNCIAS

FTD EDUCAÇÃO. Ambiente Digital iônica FTD Educação. Disponível em: https://souionica. com.br/. Acesso em: 14 jul. 2022.

MICROSOFT. 10 lições gratuitas para usar no Minecraft: Education Edition. Disponível em: https://www.micro soft.com/pt-br/blogmicrosofteducacao/2019/09/06/ 10-licoes-gratuitas-para-usar-no-minecraft-educa tion-edition. Acesso em 14 jul. 2022.

. Minecraft na educação: confira 5 razões para utilizar o jogo em sala! Disponível em: https:// blog.trivium.com.br/minecraft-na-educacao/. Acesso em: 14 jul. 2022.

PRENSKY, M. The motivation of gameplay: the real twenty-first century learning revolution. On the Horizon, v. 10, 2002.

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EMPATIA COPA DO MUNDO

Dentre tantos educandos criativos, o educando Theo sempre chamou a atenção por sua capacidade de desenhar quadrinhos, ti rinhas e charges, uma vez que sempre procurava mostrar sua arte. Seu talento e capacidade de percepção da realidade ficam eviden tes ao retratar em sua charge um tema pouco presente em nossos dias – a empatia. Fica claro que, erroneamente, pessoas comemo ram mais as derrotas alheias do que as próprias vitórias levando-nos, assim, a uma necessária reflexão de quanto devemos melho rar como seres humanos.

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charge
O desenho é do educando Theo da Paz Herrmann, da 2ª série do Ensino Médio, da Escola Básica São Domingos. A referência foi a empatia na Copa do Mundo.

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