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Qualidade de vida é sempre prioridade

Os 14 Fatores de Risco para Demência e a Importância do

Dia Mundial do Alzheimer: Como Nossos Hábitos Moldam o Envelhecimento

Promovendo um envelhecimento saudável com a gerontologia

Oenvelhecimento populacional é um fenômeno global que impõe desafios e oportunidades para promover um envelhecimento saudável e digno.

Explorar uma gama de temas, desde a manutenção da autonomia até a inclusão digital, passando pela humanização do cuidado e o cuidado com a saúde financeira, a colaboração entre profissionais e a integração de múltiplas áreas do conhecimento, enfrentando desafios e aproveitando oportunidades para melhorar a vida da pessoa idosa.

DICAS

DE FILME E LEITURA

Para uma abordagem mais leve sobre o envelhecimento, recomendamos o filme Elsa & Fred e o livro A Vovó Vigarista. Essas obras oferecem uma perspectiva tocante e divertida sobre a vida na terceira idade, refletindo sobre as experiências e desafios enfrentados pelas pessoas idosas.

O CUIDADO COM MINHA BISAVÓ

Drielle Cristina Andrade compartilha sua inspiradora jornada na gerontologia, motivada pelo cuidado com sua bisavó. Seu relato destaca a importância do cuidado individualizado e a transformação que essa experiência trouxe para sua carreira.

AUTONOMIA NA TERCEIRA IDADE

A autonomia é um dos pilares do envelhecimento, envolvendo a capacidade de realizar atividades da vida diária (AVDs) com independência. Alex Santana cita os desafios enfrentados pelas pessoas idosas para manter sua autonomia, destaca que vai além da capacidade física de realizar tarefas; envolve aspectos emocionais e cognitivos.

OS 14 FATORES DE RISCO PARA DEMÊNCIA E A IMPORTÂNCIA DO DIA MUNDIAL DO ALZHEIMER

Kátia Martins, gerontóloga, explora os 14 fatores de risco para demência e a importância de adotar hábitos saudáveis para moldar um envelhecimento saudável. Ela destaca que fatores como dieta, exercício físico, estímulo mental e

GERONTO GERONTO

controle de doenças crônicas desempenham um papel crucial na prevenção da demência. O Dia Mundial do Alzheimer é uma oportunidade valiosa para aumentar a conscientização sobre a doença e promover práticas preventivas.

FINANÇAS NA TERCEIRA IDADE

O cuidado com as finanças pessoais na terceira idade, um aspecto fundamental para garantir a segurança e o bem-estar da população idosa, ressaltando que a gestão financeira adequada pode prevenir dificuldades econômicas e proporcionar uma vida tranquila.

ACADEMIAS DE RUA PARA A SAÚDE E BEM-ESTAR DA PESSOA IDOSA

Alciony Silva, gerontóloga e especialista em envelhecimento saudável, destaca a importância das Academias de Rua para a saúde e bem-estar da população idosa. Essas academias oferecem atividades físicas gratuitas e acessíveis, promovendo a saúde física e mental na terceira idade.

FORMAÇÃO DE GERONTOLOGIA

A dificuldade enfrentada pelos estudantes de gerontologia para conseguir estágios deve ser enfrentada com apoio de instituições acadêmicas e serviços de cuidado para oferecer oportunidades valiosas, integrando currículos acadêmicos com experiências práticas são essenciais para preparar futuros profissionais da gerontologia.

A IMPORTÂNCIA DA HUMANIZAÇÃO

Laura Maia Rodrigues Fabel, especialista em gerontologia e sócia fundadora da Presença, explora a importância da humanização no cuidado com a pessoa idosa. Ela argumenta que a humanização promove a dignidade, o respeito e o bem-estar emocional dos pacientes. Laura defende que a incorporação de práticas humanizadas é essencial para criar um ambiente acolhedor e de apoio para as pessoas idosas.

INCLUSÃO DIGITAL DA PESSOA IDOSA

Cléria Bragança, gerontóloga, ana-

lisa os desafios e avanços na inclusão digital da pessoa idosa. A inclusão digital é fundamental para que a população idosa possa acessar informações, serviços, manter conexões sociais, programas de alfabetização digital e suporte técnico para capacitar a terceira idade a utilizar tecnologias.

CUIDAR COM LEVEZA

Leila Ecard, gerontóloga, compartilha suas experiências sobre como o cuidado com leveza pode transformar a vida das pessoas idosas com Alzheimer e de seus cuidadores. Ela enfatiza a importância de uma abordagem empática e adaptada às necessidades do paciente e do cuidador.

CUIDAR DA SAÚDE DO CUIDADOR

A saúde dos cuidadores de idosos é um aspecto crítico que muitas vezes é negligenciado. Aprender com práticas internacionais e desenvolver um sistema robusto de suporte é essencial para garantir que os cuidadores possam manter sua saúde e desempenhar seu papel de forma eficaz e sustentável.

CUIDADO INTEGRADO E INOVAÇÃO

Ana Pereira, gerontóloga, mostra como o cuidado integrado e a inovação podem transformar o atendimento as pessoas idosas. O cuidado integrado considera múltiplas dimensões da saúde e do bem-estar da população idosa, promovendo uma abordagem holística.

ENVELHECIMENTO GLOBAL

A gerontologia é uma ciência essencial para enfrentar os desafios do envelhecimento global, sendo importante na promoção de um envelhecimento saudável e na melhoria da qualidade de vida e apoio as pessoas idosas em sua jornada.

O trabalho do gerontólogo é fundamental para garantir a qualidade de vida e o envelhecimento saudável da populaçã idosa. Em colaboração diversos profissionais, o gerontólogo busca promover um envelhecimento digno para todos.

A Vovó Vigarista

(Gangsta Granny, 2011)

O filme **"Elsa & Fred"** (2005) é notável por seu elenco de alto calibre, que adiciona profundidade e vivacidade à trama. **Shirley MacLaine**, no papel de Elsa, oferece uma interpretação encantadora e vibrante de uma idosa cheia de sonhos e energia. **Christopher Plummer**, como Fred, traz uma performance comovente e profunda, retratando um viúvo que encontra renovada alegria e propósito ao se apaixonar por Elsa.

A química entre MacLaine e Plummer é o núcleo do filme, proporcionando uma representação sincera e tocante do amor na terceira idade. **Marcia Gay Harden**, interpretando Lydia, a filha de Fred, adiciona complexidade à história ao enfrentar o desafio de equilibrar o cuidado com o pai e seus próprios conflitos pessoais, o que enriquece a narrativa familiar com realismo e tensão.

Juntos, o elenco de **"Elsa & Fred"** cria um retrato otimista e vibrante do amor e da vida, mostrando que, mesmo na terceira idade, há sempre espaço para novas experiências e emoções. O filme celebra a ideia de que a vida pode ser repleta de beleza e aventura, independentemente da idade.

David Walliams conta a história divertida e emocionante de Ben, um garoto que, a princípio, acha sua avó chata e entediante. Ela parece ser uma senhora comum, que só gosta de jogar Scrabble e comer sopa de repolho. No entanto, Ben descobre que sua avó tem um passado surpreendente: ela foi uma famosa ladra de joias!

A partir dessa revelação, a relação entre Ben e sua avó se transforma, e eles embarcam juntos em uma grande aventura para roubar a coroa da rainha da Inglaterra. Com muito humor e momentos tocantes, o livro explora o laço entre neto e avó, mostrando como as aparências podem enganar e como o amor familiar pode ser cheio de surpresas e cumplicidade.

Como cuidar da minha Bisavó inspirou minha jornada na Gerontologia

Sempre digo que foi a Gerontologia que me escolheu. Desde muito jovem, eu tinha uma certeza interior de que meu caminho profissional seria voltado para o cuidado com pessoas idosas, um grupo por quem tenho uma profunda afeição. À medida que o tempo passou, minha convicção só se fortaleceu, e hoje estou ainda mais encantada com a profissão, sentindo uma certeza inabalável em minha escolha.

"O que me levou à Gerontologia foi a experiência transformadora com minha bisavó. Eu cuidei dela com todo o amor e dedicação que eu poderia oferecer. Fui sua cuidadora, seu apoio constante nos momentos difíceis, mas também sua companhia em momentos mais ternos e felizes. Cuidar dela era mais do que uma simples tarefa; era uma oportunidade preciosa de estar presente em cada aspecto de sua vida. Eu estava lá para ouvir suas histórias, para aprender com a sabedoria acumulada ao longo dos anos. As conversas longas que tivemos, o brilho nos seus olhos ao relembrar o passado, e o modo como, mesmo em momentos de fragilidade, ela sempre encontrava algo a ensinar, foram experiências inesquecíveis que marcaram profundamente minha vida.

Foi através dela que descobri o quanto amo trabalhar com o público idoso. Há um prazer imenso em escutar e compreender o que eles

sentem, o que passaram, suas memórias e suas vivências. Existe algo verdadeiramente especial em estar ao lado de pessoas que têm tanto a compartilhar, que já viveram tantas fases da vida e ainda carregam uma riqueza de experiências e valores dentro de si. Cada história contada é como um presente, uma lição valiosa que me faz enxergar o mundo sob uma nova perspectiva.

Essa experiência de ser cuidadora transformou minha vida de maneira profunda e significativa. Desde então, eu sabia que minha vocação era continuar dedicando minha vida a essa missão. Para mim, o cuidado não se resume apenas à assistência física; ele envolve a construção de vínculos, a troca de afeto, respeito e aprendizado contínuo. A Gerontologia, portanto, tornou-se uma extensão natural desse amor e dedicação. É nela que encontro meu verdadeiro propósito, onde me sinto em casa, cuidando, ouvindo e aprendendo com aqueles que têm tanto a oferecer. Cada idoso que encontro me faz recordar da minha bisavó e reafirma a ideia de que, através do cuidado genuíno e dedicado, podemos fazer uma diferença significativa na vida de alguém — e, por extensão, na nossa própria vida também."

DRIELLE CRISTINA ANDRADE

Cursando Gerontologia

Saiba mais sobre Drielle em https://www.instagram.com/driellecristinaandrade

ARQUIVO PESSOAL

Desafios para manter a autonomia na Terceira Idade

Alex

Àmedida que o tempo avança, o corpo humano enfrenta inevitavelmente mudanças profundas e multifacetadas, abrangendo aspectos físicos, cognitivos e emocionais. Embora a longevidade seja um dos grandes feitos das sociedades modernas, ela traz consigo uma série de desafios complexos. O envelhecimento, uma realidade universal, impõe questões que impactam diretamente a capacidade dos idosos de manterem uma vida independente e satisfatória.

As Atividades da Vida Diária (AVDs) desempenham um papel crucial na manutenção dessa autonomia e qualidade de vida na terceira idade. Estas atividades abrangem desde as tarefas básicas de autocuidado e alimentação até funções mais complexas, como a gestão doméstica e a socialização. As AVDs não apenas asseguram o bem-estar físico da pessoa idosa, mas também são fundamentais para a saúde mental e emocional. A habilidade de realizar atividades cotidianas de forma independente está intimamente ligada à autoestima e ao senso de propósito, sendo essenciais para um envelhecimento digno e pleno.

A perda de capacidade em qualquer uma dessas áreas pode levar a uma diminuição significativa da qualidade de vida, frequentemente resultando em uma dependência crescente de cuidadores ou familiares. Esse processo pode impactar negativamente a autoestima e a percepção de independência do idoso, gerando um ciclo de vulnerabilidade e diminuição da qualidade de vida.

As AVDs não apenas asseguram o bem-estar físico da pessoa idosa, mas também são fundamentais para a saúde mental e emocional.

Nos últimos anos, a gerontologia tem se dedicado intensamente ao estudo de estratégias para promover um envelhecimento saudável, com um foco especial nas AVDs e na sua importância crucial. O envelhecimento acelerado da população brasileira é um exemplo claro desse fenômeno global. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de brasileiros com mais de 60 anos ultrapassa os 32 milhões, representando 15,6% da população total. Esse número representa um aumento significativo de 56% em relação a 2010, quando a população idosa era de pouco mais de 20 milhões. Em 2030, o Brasil terá mais idosos do que crianças e adolescentes, o que representa um desafio considerável para as políticas públicas e as estratégias de saúde.

Esse panorama exige uma revisão urgente das estratégias voltadas para a terceira idade. É imperativo construir uma infraestrutura adequada, promover práticas de autocuidado e implementar programas de suporte que assegurem que as pessoas idosas possam viver com dignidade e manter a capacidade de realizar atividades diárias que antes eram triviais.

Políticas públicas devem priorizar a promoção da atividade física, a nutrição adequada e a socialização para criar um ambiente que suporte o envelhecimento ativo e saudável.

Além disso, é essencial investir em programas educativos que instruam as pessoas idosas e seus familiares sobre a importância das Atividades da Vida DIária (AVDs) e as melhores práticas para mantê-las. A colaboração entre diversos setores — saúde, assistência social e comunidade — é fundamental para construir uma rede de suporte eficiente que ajude a preservar a autonomia e melhorar a qualidade de vida de toda da população idosa.

Portanto, ao enfrentar os desafios do envelhecimento, é vital que a sociedade se empenhe em oferecer soluções práticas e eficazes para ajudar a manter a independência e a qualidade de vida da população idosa. Isso não apenas beneficiará os indivíduos, mas também fortalecerá a coesão social e o bem-estar geral da comunidade.

Desafios para manter a autonomia na Terceira Idade

Mobilidade: a base da independência funcional

Entre as atividades da vida diária, a mobilidade se destaca como um dos pilares da independência. A capacidade de mover-se livremente sem o auxílio de terceiros impacta todas as outras atividades, sejam elas básicas ou instrumentais. No entanto, com o passar dos anos, fatores como perda de massa muscular, enfraquecimento ósseo, artrite e doenças neurológicas podem comprometer seriamente a mobilidade da pessoa idosa. Estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que 40% dos idosos com mais de 75 anos enfrentam dificuldades de locomoção, e o índice de quedas chega a 30% ao ano em idosos com mais de 65 anos.

Muito além do Básico

As AVDs podem ser divididas em dois grandes grupos: Atividades Básicas da Vida Diária (ABVDs) e Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVDs). As ABVDs incluem atividades essenciais como tomar banho, vestir-se, alimentar-se e usar o banheiro. Já as AIVDs referem-se a ações mais complexas, mas igualmente fundamentais, como gerenciar finanças, fazer compras, preparar refeições e utilizar o transporte público. A perda de capacidade em uma ou ambas as categorias pode levar a uma dependência gradual de cuidadores ou familiares, afetando a autoestima e a percepção de autonomia da pessoa idosa.

De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), cerca de 30% dos idosos com mais de 70 anos relatam dificuldade significativa em realizar atividades básicas da vida diária. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que a capacidade de realizar AVDs é um dos principais marcadores da funcionalidade e independência na velhice. No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que aproximadamente 35% dos idosos com mais de 75 anos necessitam de algum tipo de assistência para realizar suas AVDs, revelando um cenário preocupante de fragilidade e vulnerabilidade.

Prevenção de Quedas: um desafio

A queda é um dos maiores temores para os idosos, pois pode resultar em fraturas graves, especialmente no fêmur e no quadril. Esses incidentes frequentemente demandam longos períodos de recuperação e, em muitos casos, resultam em imobilidade permanente. Dados do Ministério da Saúde indicam que, a cada ano, mais de 100 mil internações hospitalares são atribuídas a quedas envolvendo idosos. Esse problema pode desencadear um efeito cascata, onde a pessoa passa a evitar movimentos por medo de cair novamente, levando à perda de confiança, isolamento e fragilidade muscular.

ESTRATÉGIAS PARA PRESERVAR A MOBILIDADE E PREVENIR QUEDAS

- Exercícios Físicos Regulares: O fortalecimento muscular, alongamento e exercícios de equilíbrio são fundamentais para manter a mobilidade. Programas de fisioterapia adaptados para a terceira idade podem aumentar a força

A importância do Autocuidado e da higiene pessoal

O autocuidado é um dos fatores mais impactantes na autoestima das pessoas idosas. A perda de capacidade para realizar atividades básicas de autocuidado, como tomar banho, escovar os dentes, pentear o cabelo ou vestir-se adequadamente, pode gerar sentimentos de impotência e frustração. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelam que cerca de 22% da pessoas idosas acima de 70 anos precisam de assistência parcial ou total para realizar atividades de autocuidado.

física e melhorar a estabilidade, reduzindo o risco de quedas em até 40%.

- Ambientes Domésticos Seguros: Adaptações simples, como a remoção de tapetes soltos, instalação de barras de apoio nos banheiros, iluminação adequada e pisos antiderrapantes, podem prevenir acidentes domésticos. O uso de

calçados adequados, com solas de borracha, também deve ser incentivado.

- Tecnologias Assistivas: O uso de dispositivos como bengalas, andadores e cadeiras de rodas adaptadas permite ao idoso manter sua independência e mobilidade, mesmo quando há limitações físicas.

DICAS PARA FACILITAR O AUTOCUIDADO

- Adaptações no Banheiro: A instalação de cadeiras de banho, barras de segurança e chuveiros com mangueiras de fácil manuseio são medidas simples que permitem que a pessoa idosa mantenha sua independência por mais tempo.

- Roupas Adaptadas: O uso de vestimentas com zíperes frontais ou velcro facilita o vestir-se de forma independente, eliminando a necessidade de ajuda em atividades rotineiras.

- Apoio Profissional: Quando a pessoa idosa já não consegue realizar essas atividades sozinho, contar com o auxílio de um cuidador é essencial. Além de ajudar fisicamente, o cuidador pode promover apoio emocional, respeitando a dignidade da pessoa idosa.

Alimentação adequada: um aliado no

A nutrição desempenha um papel crucial na manutenção da saúde e da energia necessárias para realizar as AVDs. Com o passar dos anos, o apetite e a capacidade de absorver nutrientes diminuem, levando a possíveis déficits nutricionais. Dados do Ministério da Saúde

e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) indicam que cerca de 35% das pessoas idosas brasileiras apresentam algum grau de desnutrição ou estão em risco nutricional.

A desnutrição pode agravar condi-

ções preexistentes, como diabetes, hipertensão e osteoporose, além de impactar diretamente a capacidade física e mental da pessoa idosa. Portanto, uma dieta balanceada, rica em proteínas, vitaminas e minerais, é essencial para a preservação da musculatura e do sistema imunológico.

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS

- Dieta Equilibrada: Incluir alimentos ricos em proteínas magras, como peixes, aves e leguminosas, além de frutas e vegetais frescos, é vital para manter o corpo nutrido e funcional.

- Ingestão de Líquidos: A desidratação é um problema comum entre os idosos, uma vez que a sensação de sede tende a diminuir com a idade. Incentivar a ingestão regular de água e sucos naturais é fundamental para prevenir problemas renais e intestinais.

- Apoio de Nutricionistas: Contar com o suporte de profissionais especializados em nutrição gerontológica garante que a população idosa receba uma dieta personalizada de acordo com suas necessidades nutricionais adequadas.

Socialização e Saúde Mental: enfrentando o isolamento social

A solidão e o isolamento social são problemas graves na terceira idade, com impacto direto na saúde mental e física. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que 40% dos idosos brasileiros se sentem solitários, sendo esse fator um dos principais gatilhos para depressão e outros transtornos emocionais.

A interação social desempenha um papel vital na manutenção da saúde mental, e as atividades sociais estimulam o cérebro, prevenindo o declínio cognitivo. Programas comunitários, grupos de convivência para a terceira idade e o apoio familiar são essenciais para manter os idosos integrados à sociedade.

DICAS PARA INCENTIVAR A SOCIALIZAÇÃO DA PESSOA IDOSA

- Participação em Grupos Sociais: Atividades em centros de convivência, clubes de leitura ou grupos de voluntariado podem proporcionar novas

amizades e fortalecer os laços sociais para a população idosa.

- Atividades Lúdicas e Intelectuais: Incentivar a prática de jogos de tabuleiro, leitura e até mesmo cursos online ajuda a manter a mente ativa e engajada.

Promoção da qualidade de vida na terceira idade: um compromisso coletivo

Garantir uma boa qualidade de vida para a população idosa é um desafio multifacetado que exige uma abordagem integrada. A manutenção da autonomia e a promoção de um envelhecimento saudável demandam atenção e estratégias que abordem a mobilidade, o autocuidado, a nutrição e a socialização. A integração de esforços entre profissionais de saúde, cuidadores, familiares e políticas públicas é essencial para criar um ambiente que suporte o envelhecimento ativo e saudável.

Com uma abordagem multidisciplinar e o suporte adequado, é possível proporcionar a população idosa uma vida plena e digna, refletindo um verdadeiro compromisso com a qualidade de vida em todas as fases da vida.

A responsabilidade é de todos, e o investimento em estratégias eficazes pode fazer uma diferença significativa no bem-estar e na independência das pessoas idosas, promovendo uma velhice com qualidade e dignidade.

Saiba mais sobre Alex Santana em https://www.instagram.com/alexsantanapinda/

- Terapia Psicológica: Para pessoas idosas que apresentam sinais de depressão ou ansiedade, o acompanhamento psicológico é indispensável para promover o bem-estar emocional e prevenir o agravamento de transtornos mentais.

Os 14 Fatores de Risco para Demência e a Importância do Dia Mundial do Alzheimer: Como Nossos Hábitos

Em 31 de julho de 2024, a revista científica The Lancet publicou uma pesquisa revolucionária que identificou 14 fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento de demências, incluindo o Alzheimer. A mensagem central do estudo é alarmante: cerca de 45% dos casos de Alzheimer podem ser prevenidos com mudanças de hábitos e intervenções ao longo da vida.

Com a chegada do Dia Mundial do Cérebro, celebrado em 21 de setembro, essa conscientização se torna ainda mais relevante, destacando a importância de agir para prevenir doenças neurodegenerativas.

6. Perda de visão não tratada: A visão desempenha um papel importante na atividade cerebral. Não tratar a perda de visão pode levar ao isolamento social e ao declínio cognitivo.

Nossos hábitos e estilo de vida, desde a infância, desempenham um papel decisivo no processo de envelhecimento. A pesquisa examinou fatores relacionados à saúde e comportamento, revelando que muitas medidas podem ser tomadas para reduzir o risco de demência. Abaixo, os 14 fatores de risco identificados, e uma reflexão sobre o impacto que podem ter:

1. Diabetes: O controle inadequado do diabetes pode danificar os vasos sanguíneos cerebrais, aumentando o risco de Alzheimer. Manter os níveis de glicose em equilíbrio é essencial para a saúde cerebral.

2. Isolamento social: A falta de interações sociais contribui para o declínio cognitivo. Uma vida social ativa protege a função cerebral.

3. Consumo excessivo de álcool: O abuso de álcool causa danos ao cérebro e aumenta o risco de Alzheimer. Moderação no consumo é crucial.

4. Lesões graves na cabeça: Traumatismos cranianos, como concussões, aumentam o risco de Alzheimer. Proteger a cabeça é vital para a saúde a longo prazo.

5. Colesterol LDL elevado após os 40 anos: O "colesterol ruim" pode obstruir artérias no cérebro, acelerando o declínio cognitivo. Manter níveis saudáveis de colesterol é essencial.

7. Baixa escolaridade: A educação formal ajuda a desenvolver uma "reserva cognitiva", protegendo o cérebro ao longo da vida. Investir na educação contínua é uma estratégia preventiva.

8. Hipertensão: Pressão arterial elevada danifica os vasos sanguíneos do cérebro. Manter a pressão controlada é fundamental para evitar declínios cognitivos.

9. Perda auditiva: Não tratar a perda auditiva aumenta significativamente o risco de Alzheimer. Usar aparelhos auditivos pode proteger a saúde cerebral.

10. Tabagismo: O cigarro danifica os vasos sanguíneos e aumenta a inflamação cerebral. Parar de fumar é uma medida essencial de proteção.

11. Obesidade: O excesso de peso está ligado a condições como diabetes e hipertensão, que aumentam o risco de Alzheimer. Manter um peso saudável ajuda a proteger o cérebro.

12. Sedentarismo: A falta de atividade física é um fator de risco importante. Praticar exercícios regularmente fortalece a saúde cerebral.

13. Poluição do ar: A exposição prolongada à poluição provoca inflamação cerebral e aumenta o risco de demência. Minimizar essa exposição é uma medida protetiva.

14. Depressão: Distúrbios mentais, como a depressão crônica, estão associados a um risco maior de Alzheimer. O tratamento adequado pode prevenir o declínio cognitivo.

Como gerontóloga, meu compromisso é informar e disseminar dados científicos para promover um envelhecimento saudável e ativo. No Brasil, cerca de 1,2 milhões de pessoas vivem com Alzheimer, e a cada ano aproximadamente 100 mil novos casos são diagnosticados. Esse número está em crescimento, impulsionado pelo envelhecimento da população. No entanto, saber que quase metade desses casos poderia ser evitada com mudanças simples em nossos hábitos diários nos leva a refletir sobre nossas escolhas.

O Dia Mundial do Alzheimer, celebrado em 21 de setembro, é um momento para lembrar que grande parte da nossa saúde está em nossas mãos. Embora os fatores genéticos não possam ser alterados, os 14 fatores de risco identificados são modificáveis e podem reduzir significativamente o número de novos casos ou retardar o surgimento dos sintomas. Esta data serve como um alerta global para governos, profissionais de saúde e indivíduos sobre a urgência de promover a educação sobre saúde cerebral e adotar práticas que protejam a função cognitiva.

O estudo publicado na The Lancet ressalta que a prevenção do Alzheimer está ao alcance de todos, por meio de mudanças no estilo de vida. No Dia Mundial do

Alzheimer, temos a oportunidade de nos conscientizar sobre a importância de cuidar da saúde mental e cognitiva. Baseando-se em evidências científicas, podemos promover um envelhecimento saudável e garantir que nosso cérebro se mantenha ativo ao longo da vida.

Saiba mais sobre Kátia Martins em https://www.instagram.com/stories/ gerontologakatiamartins/

O cuidado com as finanças pessoais na terceira idade

Oenvelhecimento da população brasileira é uma realidade incontestável. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023, o Brasil contava com cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, representando quase 15,6% da população total. À medida que a expectativa de vida aumenta — atualmente em torno de 76 anos, segundo o IBGE — o planejamento financeiro na terceira idade torna-se uma questão crucial para garantir qualidade de vida e segurança financeira.

Aposentados, muitas vezes com renda fixa, enfrentam o desafio de administrar seus recursos de forma a atender tanto às necessidades diárias quanto às eventuais emergências. De acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), cerca de 72% dos idosos têm sua principal fonte de renda proveniente de aposentadorias e pensões. Essa dependência de uma única fonte de renda torna o planejamento financeiro essencial.

Planejamento Financeiro

O primeiro passo para uma gestão financeira eficiente é a elaboração de um orçamento detalhado. Especialistas recomendam que a população idosa identifique todas as fontes de receita e as comparem com as despesas mensais. Um estudo do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que 32% das pessoas idosas brasileiras não têm o hábito de controlar suas finanças, o que pode resultar em endividamento ou falta de recursos para situações emergenciais.

Ameaça das Fraudes e Golpes

Infelizmente, a vulnerabilidade financeira da pessoa idosa é explorada por criminosos. Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o número de golpes financeiros contra idosos aumentou 60% nos últimos dois anos. Estelionatários se aproveitam da falta de familiaridade dos idosos com novas tecnologias e de seu desejo de proteger suas economias.

Para combater esse problema, campanhas de conscientização têm sido promovidas por órgãos como o Procon e o Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC). Essas campanhas orientam sobre os principais golpes e reforçam a importância de não compartilhar informações pessoais ou bancárias com desconhecidos.

adequados às necessidades individuais.

Revisar periodicamente as apólices de seguros e outros benefícios é igualmente importante. Em muitos casos, a população idosa mantêm coberturas ou planos que já não atendem às suas necessidades, gerando gastos desnecessários.

Educação Financeira

A educação financeira é uma ferramenta poderosa para garantir a autonomia e segurança da pessoa idosa. Workshops e cursos sobre finanças, oferecidos por diversas instituições, ajudam a desmistificar conceitos e permitem que a população idosa faça escolhas mais informadas. O Fundo Nacional de Educação Financeira (FNEF) tem promovido iniciativas voltadas especificamente para o público idoso, com resultados positivos.

Consultoria Financeira

Aplicativos de controle financeiro e planilhas são ferramentas úteis que podem ajudar na organização das despesas e na identificação de gastos que são desnecessários.

Outra estratégia recomendada é a busca por consultoria financeira especializada. De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), apenas 15% das pessoas idosas no Brasil utilizam serviços de consultoria financeira. No entanto, essa prática pode ser extremamente benéfica para otimizar investimentos, planejar a aposentadoria e garantir que seguros e benefícios estejam

Além disso, ter um fundo de emergência é fundamental. A recomendação dos especialistas é que esse fundo seja suficiente para cobrir de três a seis meses de despesas, o que pode evitar o endividamento em situações inesperadas, como problemas de saúde. Segundo a pesquisa “Idosos no Brasil”, do Instituto Locomotiva, apenas 26% das pessoas idosas possuem uma reserva financeira para emergências, o que destaca a necessidade de maior conscientização sobre a importância dessa prática.

O cuidado com as finanças pessoais é uma peça fundamental para garantir que a população idosa possa desfrutar de uma aposentadoria tranquila e segura. No Brasil, onde a população envelhece rapidamente, a conscientização e a educação financeira ganham cada vez mais relevância. Com planejamento, controle de despesas, proteção contra fraudes e a busca por consultoria financeira, é possível garantir uma vida financeira saudável e assegurar que a terceira idade seja vivida com dignidade e segurança.

Importância das Academias de Rua para a saúde e bem-estar das pessoas idosas

Alciony Silva Gerontóloga, especialista em Envelhecimento Saudável

A prática de atividades físicas não é apenas um direito social fundamental, mas também um determinante crucial para a manutenção de uma vida saudável. Em resposta a essa necessidade crescente, surgiram as Academias ao Ar Livre, uma inovação que visa democratizar o acesso ao esporte e promover a saúde da população. Essas academias foram estrategicamente implantadas em locais de alta movimentação e concentração de pessoas, como praças e parques, oferecendo uma alternativa gratuita e acessível para a prática de exercícios físicos em muitas cidades pelo Brasil.

Contrariando a percepção de que

o gratuito pode ser sinônimo de baixa qualidade, as Academias ao Ar Livre são equipadas com uma variedade de aparelhos de atividades físicas passivas, projetados para atender a dife-

rentes necessidades e condições de saúde. Esses espaços proporcionam uma série de benefícios, contribuindo significativamente para a saúde e o bem-estar da população idosa.

Aqui estão alguns dos principais benefícios das Academias ao Ar Livre para a pessoa idosa:

Acesso à Atividade Física

As Academias ao Ar Livre permitem que a população idosa de diferentes condições econômicas participe de atividades físicas sem custos, superando barreiras financeiras que muitas vezes limitam o acesso a práticas esportivas e de reabilitação.

Melhora na Saúde Física

A prática regular de exercícios nas Academias ao Ar Livre promove o aumento da força, flexibilidade e resistência. Esses benefícios são essenciais para a prevenção de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e problemas cardíacos, contribuindo para uma vida mais saudável e ativa.

Socialização e Inclusão

Melhora na Saúde Mental

Esses espaços oferecem um ambiente social vibrante, onde a pessoa idosa têm a oportunidade de fazer novas amizades e interagir com outros membros da comunidade. A socialização é um aspecto importante do bem-estar geral, ajudando a combater o isolamento e promovendo um senso de pertencimento.

A atividade física está estreitamente associada à redução de sintomas de depressão e ansiedade. O exercício regular pode melhorar o humor, aumentar os níveis de energia e promover uma sensação geral de bem-estar, proporcionando um impacto positivo significativo na saúde mental da população idosa.

Autoestima e Autonomia

Manter-se ativo através de exercícios físicos ajuda a preservar a independência da pessoa idosa, melho-

rando a capacidade funcional e promovendo benefícios respiratórios e circulatórios. Além disso, o aumento da autoestima e a sensação de autonomia são aspectos importantes para a qualidade de vida.

Estimulação Cognitiva

A prática de atividades físicas também tem um efeito positivo na cognição. Estudos sugerem que o exercício regular pode ajudar a melhorar a função cognitiva e a memória, além de reduzir o risco de doenças neurodegenerativas.

As Academias ao Ar Livre representam um avanço significativo na promoção da saúde e bem-estar dos idosos. Oferecendo um espaço gratuito e acessível para a prática de exercícios físicos, esses espaços não apenas contribuem para a melhoria da saúde física e mental, mas também fomentam a socialização e o fortalecimento da autoestima, garantindo que todos os cidadãos possam desfrutar dos benefícios de um estilo de vida ativo e saudável.

Saiba mais sobre Alciony Silva em https://www.instagram.com/ alcionysilva7/

A dificuldade do estudante em Gerontologia conseguir estágio no Brasil

Acrescente demanda por profissionais especializados no cuidado com pessoas idosas no Brasil, especialmente diante do envelhecimento acelerado da população, contrasta com as dificuldades enfrentadas pelos estudantes de Tecnologia em Gerontologia para encontrar estágios. Apesar da importância dessa formação, que visa suprir a necessidade de profissionais qualificados no setor de gerontologia, há uma clara lacuna entre o número de vagas de estágio disponíveis e o número de estudantes que necessitam

da experiência prática. Esse problema compromete a formação integral e limita a entrada dos tecnólogos no mercado de trabalho, apesar do potencial significativo de sua área de atuação.

Cenário Atual: A Falta de Estágios e o Envelhecimento Populacional

O Brasil está envelhecendo rapidamente. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) , mais de 32 milhões de brasileiros têm mais de 60 anos, representando 15,6% da população to -

tal. A expectativa é que esse número salte para 40 milhões até 2030. O crescimento acelerado da população idosa deveria vir acompanhado de uma expansão proporcional na formação e inserção de profissionais voltados ao cuidado e à promoção da qualidade de vida na terceira idade.

No entanto, os dados mostram que menos de 40% dos estudantes de Gerontologia conseguem concluir o curso com uma experiência prática consolidada através de estágios formais.

A Lei de Estágio e a Defasagem

A Lei n.º 11.788/2008, que regula o estágio no Brasil, define que essa modalidade de aprendizado supervisionado deve complementar a formação teórica, preparando o estudante para o mercado de trabalho. Contudo, mesmo com uma legislação clara e vigente, os tecnólogos em gerontologia enfrentam dificuldades para encontrar vagas de estágio que sejam compatíveis com sua formação.

Entre as razões para isso, destacam-se a falta de regulamentação específica para a área e a ausência de parcerias institucionais adequadas entre as faculdades e o mercado.

Muitas instituições de saúde, como hospitais, clínicas geriátricas e ILPIs (Instituições de Longa Permanência para Idosos), ainda priorizam estágios para cursos mais tradicionais, como enfermagem e fisioterapia, deixando os tecnólogos em gerontologia com poucas opções.

Segundo a Associação Brasileira de Estágio (ABRES), apenas 35% dos estudantes de cursos voltados ao envelhecimento conseguem vagas de estágio no setor público ou privado, em comparação com 65% para áreas como enfermagem e fisioterapia.

A

RESPONSABILIDADE

DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ministério da Educação (MEC) deixam claro que as universidades e faculdades devem oferecer suporte na busca por estágios e na preparação prática dos alunos. Essa responsabilidade inclui a criação de núcleos de estágios e carreiras, que facilitem a inserção dos alunos no mercado de trabalho, além da s upervisão acadêmica durante o período de estágio. No entanto, muitos cursos de Tecnologia em Gerontologia ainda carecem de uma estrutura eficaz nesse sentido.

Uma pesquisa realizada pela ABRES aponta que apenas 25% das universidades que oferecem cursos de gerontologia no Brasil possuem núcleos dedicados ao encaminhamento de estagiários. E, mesmo entre aquelas que possuem esses núcleos, as oportunidades disponíveis muitas vezes não estão adequadamente adaptadas

às necessidades dos tecnólogos.

Impacto na Formação

Sem a prática supervisionada, os estudantes de Tecnologia em Gerontologia saem da graduação com deficiências significativas na aplicação de seus conhecimentos. Os estágios representam não apenas uma oportunidade de colocar em prática o que foi aprendido teoricamente, mas também de entender as reais demandas e desafios do envelhecimento na prática.

Além disso, a falta de estágios impacta diretamente as chances de empregabilidade dos estudantes após a graduação. De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 70% dos estudantes que fazem estágio durante a graduação são contratados pelas empresas onde estagiaram. Para os tecnólogos em gerontologia, esse índice cai para 40%, uma vez que o número de estágios disponíveis na área ainda é insuficiente.

Papel do Setor Público e Privado Para corrigir essa deficiência, é necessário um esforço coordenado entre o setor público e privado. O Sistema Único de Saúde (SUS) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) já COMEÇAM A INTEGRAR TECNÓLOGOS EM GERONTOLOGIA EM SUAS EQUIPES MULTIDISCIPLINARES, MAS A EXPANSÃO DESSAS PRÁTICAS PRECISA SER ACELERADA. O MERCADO PRIVADO, POR SUA VEZ, TAMBÉM TEM ESPAÇO PARA CRESCER, ESPECIALMENTE DIANTE DO AUMENTO DAS ILPIS E DE SERVIÇOS ESPECIALIZADOS em geria-

tria e gerontologia.

UMA ALTERNATIVA SERIA O INCENTIVO GOVERNAMENTAL PARA QUE MAIS INSTITUIÇÕES PRIVADAS E PÚBLICAS ABRAM VAGAS DE ESTÁGIO, CRIANDO PROGRAMAS ESPECÍFICOS VOLTADOS À INSERÇÃO DE TECNÓLOGOS EM GERONTOLOGIA.

Superar as Barreiras

As dificuldades enfrentadas pelos estudantes de Tecnologia em Gerontologia para conseguir estágio precisam ser enfrentadas de forma integrada. AS FACULDADES E UNIVERSIDADES DEVEM SE RESPONSABILIZAR PELA CRIAÇÃO DE REDES DE CONTATO E APOIO AO ESTUDANTE, PROMOVENDO A INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO E A SUPERVISÃO ACADÊMICA Ao mesmo tempo, o SETOR PÚBLICO E PRIVADO DEVEM RECONHECER A IMPORTÂNCIA CRESCENTE DESSES PROFISSIONAIS, AMPLIANDO AS VAGAS DE ESTÁGIO E COLABORANDO PARA A FORMAÇÃO PRÁTICA DE QUALIDADE.

Com a população idosa aumentando exponencialmente, o Brasil precisa urgentemente formar profissionais qualificados para lidar com as demandas do envelhecimento. O estágio, enquanto peça-chave desse processo formativo, não pode ser negligenciado, e esforços coletivos são essenciais para garantir que os tecnólogos em gerontologia estejam prontos para transformar a realidade do cuidado da pessoa idosa no país.

A importância da humanização nos cuidados e seu impacto na gerontologia

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”

No cenário atual da gerontologia, a humanização dos cuidados emerge como um conceito crucial para a melhoria da qualidade de vida da pessoa idosa. A prática vai além da simples assistência técnica e médica; ela se refere a um atendimento que valoriza o indivíduo em sua totalidade, respeitando suas necessidades emocionais, culturais e sociais.

A humanização no cuidado gerontológico não é apenas um diferencial, mas uma necessidade essencial.

Estudos mostram que o atendimento humanizado pode reduzir significativamente o estresse e a ansiedade, promovendo um ambiente mais acolhedor e respeitoso. Além disso, a prática contribui para a prevenção de doenças associadas ao envelhecimento, melhora a adesão aos tra-

tamentos e fortalece a relação entre profissionais e pacientes.

Para que a humanização seja efetiva, é fundamental que os profissionais de saúde adotem uma abordagem empática e personalizada. Isso inclui a escuta ativa, o reconhecimento das histórias de vida e o envolvimento das famílias no processo de cuidado. A prática humanizada também demanda um treinamento contínuo dos

Laura Maia Rodrigues Fabel Especialista em Gerontologia, Sócia Fundadora da Presença Assistência Integral Humanizada

profissionais e uma cultura organizacional que valorize o respeito e a dignidade. O atendimento personalizado na gerontologia é crucial para garantir que os cuidados prestados atendam às suas necessidades únicas e individuais. Este tipo de atendimento reconhece que cada pessoa tem um conjunto específico de circunstâncias, preferências e desafios relacionados ao envelhecimento.

"Ainda no início da minha jornada profissional em um leito de hospital conheci o Sr. Antônio (nome fictício) Ao entrar em seu quarto não apenas chequei seus dados vitais e revisei os exames, sentei ao lado da cama, olhei nos olhos dele de maneira atenta e genuína. Conversamos por algum tempo. A conversa que se seguiu não foi sobre diagnósticos, mas sobre sua vida, seus sonhos e memórias. Ao final do meu plantão fui chamada para estar em sua presença novamente e dessa vez, Antônio fez questão de demonstrar imensa gratidão.

Me confidenciou que havia dias que o tratamento parecia ser apenas uma rotina sem fim, onde ele se sentia invisível. O som dos equipamentos e a companhia constante de profissionais de saúde não conseguiam preencher a solidão que o acometia. Pela primeira vez em um longo período de internação ele se sentiu acolhido, se sentiu visto. Isso trouxe-lhe esperança e um sentimento de conexão humana que havia sido perdido! Esse olhar teve um impacto gigante em sua recuperação e na sua vida! Percebi que o que era natural e óbvio para mim é raro na nossa área. Muito se fala em humanizaçao e pouco ainda se pratica. Fiz do feedback do Sr. Antonio e de outros pacientes vontade e combustível de ensinar e entregar esse cuidado.

Sigo confiante! Como o ditado diz: "A palavra convence, mas o exemplo arrasta”, Seguimos! Avante!

Aqui estão alguns motivos que destacam a importância desse enfoque:

Respeito à individualidade

O atendimento personalizado considera as características, histórias de vida e preferências individuais, garantindo que o cuidado seja ajustado às suas necessidades pessoais e valores.

Melhoria da qualidade de vida

Ao adaptar os cuidados de acordo com as necessidades específicas de cada pessoa, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida, promovendo um ambiente mais confortável e acolhedor.

Efetividade no tratamento

Estratégias personalizadas aumentam a eficácia dos tratamentos e intervenções, uma vez que são desenvolvidas com base no perfil único de saúde e nas condições de vida da pessoa idosa.

Promoção do bem-estar emocional

O atendimento que leva em conta as preferências e necessidades emocionais ajuda a reduzir sentimentos de

solidão e frustração, promovendo um estado emocional mais positivo.

Envolvimento familiar

O atendimento personalizado frequentemente inclui a participação da família, ajustando o suporte às dinâmicas e expectativas familiares, o que fortalece o vínculo e a compreensão mútua.

Prevenção de problemas

A abordagem individualizada facilita a identificação precoce de problemas de saúde ou emocionais, permitindo intervenções mais eficazes e preventivas.

Todos esses pontos se destacam no dia a dia do cuidado. Estar presente significa mais do que estar fisicamente ao lado de alguém; trata-se de engajar-se de forma significativa e atenta na vida do outro. A presença ativa contribui para a criação de um ambiente de apoio e segurança, essencial para a saúde mental e emocional. Conversas regulares, atividades compartilhadas e a simples companhia têm um impacto profundo, proporcionando aos idosos um sentimento de pertencimento e valorização.

Além disso, a presença constante permite a detecção precoce de mudanças na saúde e bem-estar. Isso é crucial para a intervenção rápida e adequada, prevenindo complicações e melhorando a qualidade de vida.

À medida que a população envelhece, a demanda por serviços de gerontologia cresce, tornando ainda mais importante que as práticas de cuidado evoluam para atender às necessidades complexas e diversas dessa faixa etária. Implementar a humanização e o atendimento personalizado não só melhora o bem-estar da população idosa, mas também estabelece novos padrões de excelência na assistência gerontológica.

Saiba mais sobre Laura Fabel em https://www.instagram.com/laurafabel. geronto?igsh=MTl4c3g4OXdseDM3Yg==

e sobre a Presença em https://www.instagram.com/presencaintegral?igsh=emdhNDNocmdzbmVw

Inclusão Digital da Pessoa Idosa: Desafios, Avanços e Perspectivas no Brasil

Com o crescimento acelerado da população idosa no Brasil, a inclusão digital desse público se tornou uma pauta urgente para a promoção de qualidade de vida, autonomia e participação social.

As tecnologias digitais, amplamente difundidas em todas as esferas da sociedade, oferecem oportunidades valiosas para que os idosos se mantenham conectados, informados e ativos. No entanto, a exclusão digital ainda é uma realidade para muitos, que enfrentam barreiras de acesso e aprendizado, gerando desafios para sua integração plena no mundo digital.

Desafios para a Inclusão Digital O processo de inclusão digital da

pessoa idosa no Brasil esbarra em múltiplos desafios, que são tanto de ordem física e cognitiva quanto socioeconômica. À medida que envelhecemos, nossas capacidades físicas e mentais tendem a declinar, o que afeta diretamente a habilidade de muitos idosos de utilizarem dispositivos como smartphones e computadores.

"Limitações de visão, perda de coordenação motora e dificuldades de memória e concentração são fatores que impactam diretamente a usabilidade das tecnologias para os idosos", explica Cléria Bragança, especialista em geriatria e gerontologia. "Muitos se sentem intimidados pela complexidade dos dispositivos e, por vezes, desmotivados a aprender."

Cléria Bragança, Gerontóloga, Terapeuta Cognitiva Comportamental para idosos, Cursando Biomedicina; Formada em Enfermagem pela CEFEMG; Pós-graduada em Docência em Gerontologia, Saúde Mental e Terapia Cognitiva Comportamental pela FAVENI e Neurociência e Psicologia Positiva Mundlfines pela PUCPR; Geriatria e Gerontologia e Análises Clínicas pela FACUMINAS; é empreendedora na Bragança Care Saúde e Bem-estar para idosos

Outro fator relevante é o analfabetismo digital. Grande parte dos idosos, sobretudo aqueles que não tiveram contato frequente com computadores ou celulares ao longo da vida, enfrenta dificuldades para dominar as habilidades básicas de navegação, digitação e uso de aplicativos. Esse cenário é agravado pela falta de programas educacionais voltados especificamente para o letramento digital da população idosa.

Além dos desafios relacionados ao uso das tecnologias, há também questões de acesso desigual. Segundo dados recentes, a falta de conectividade em áreas rurais e a disparidade de renda afetam diretamente a capacidade dos idosos de acessar a internet e adquirir equipamentos adequados. Embora o número de brasileiros com acesso à internet tenha aumentado nos últimos anos, muitos idosos ainda não dispõem de uma conexão estável e de dispositivos que permitam seu ingresso na era digital.

Oportunidades da Inclusão Digital

A inclusão digital da pessoa idosa, quando implementada de forma eficaz, pode trazer uma série de benefícios, que vão desde a melhoria da qualidade de vida até a promoção da autonomia. O acesso às tecnologias da informação e comunicação (TICs) possibilita que os idosos realizem atividades do dia a dia com maior facilidade, como compras online, transações bancárias e agendamento de consultas médicas. Além disso, a interação com familiares e amigos por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens ajuda a reduzir o isolamento social, um problema que afeta muitos idosos, especialmente aqueles que vivem sozinhos ou em áreas afastadas.

A pandemia de COVID-19 foi um ponto de inflexão nesse processo. Com as medidas de isolamento social, muitos idosos precisaram buscar alternativas digitais para se manterem conectados e acessarem serviços essenciais. "A pandemia acelerou a inclusão digital dos idosos de forma significativa", afirma Bragança. "Os programas de ensino digital para a terceira idade, que já existiam em algumas localidades, tiveram que se adaptar e se expandir

rapidamente para atender a essa demanda crescente."

Outro benefício crucial é o uso das tecnologias como ferramenta de autogestão da saúde. Com o crescimento de aplicativos e plataformas digitais voltadas à saúde, os idosos podem monitorar condições médicas, como diabetes e hipertensão, acessar resultados de exames e agendar consultas de forma autônoma. Essa possibilidade amplia o acesso aos serviços de saúde e promove um envelhecimento mais ativo e participativo.

Iniciativas e Estratégias

Diversas iniciativas voltadas para a inclusão digital da pessoa idosa têm sido implementadas nos últimos anos, tanto por instituições públicas quanto privadas. Um dos exemplos mais relevantes são os programas de capacitação tecnológica específicos para idosos, que oferecem cursos presenciais e online sobre o uso de smartphones, redes sociais e plataformas de serviços digitais. O objetivo é desenvolver a confiança digital, ajudando os idosos a se sentirem confortáveis ao navegar pela internet e utilizar tecnologias cotidianas.

Além de ensinar as habilidades práticas, esses programas também focam na educação sobre segurança digital, um ponto crucial, já que os idosos são alvos frequentes de golpes e fraudes online. "É fundamental que os idosos sejam orientados sobre como proteger seus dados pessoais e evitar armadilhas na internet", destaca Bragança. "Essa é uma preocupação crescente, especialmente à medida que mais idosos passam a utilizar serviços bancários online e redes sociais."

Empresas de tecnologia também têm investido no desenvolvimento de interfaces acessíveis e amigáveis, adaptadas às necessidades desse público. Dispositivos com telas maiores, comandos simplificados, teclas ampliadas e opções de comando por voz são exemplos de soluções que facilitam a interação dos idosos com a tecnologia.

No entanto, para além das iniciativas isoladas, a inclusão digital dos idosos precisa ser tratada como uma prioridade nas políticas públicas. Recentemente, o Projeto de Lei 3.167/2023, aprovado na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado Federal, propôs a inclusão digital da pessoa idosa como uma estratégia prioritária na Política Nacional de Educação Digital. O projeto, de autoria do senador Astronauta Marcos Pontes, visa capacitar os idosos para o uso de tecnologias, fortalecendo sua autonomia e promovendo um envelhecimento mais saudável e conectado.

"Esse projeto é uma conquista importante", afirma o relator da proposta, senador Nelsinho Trad. "Ele não só reconhece a necessidade de incluir os idosos na era digital, como também oferece ferramentas para que essa inclusão ocorra de maneira segura e eficiente, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa idosa."

Impacto e Perspectivas Futuras

Apesar dos avanços, especialistas alertam que ainda há muito a ser feito. "O Brasil precisa investir em políticas de longo prazo que garantam o acesso universal às tecnologias, não apenas para os jovens, mas também para os idosos", diz Bragança. "A inclusão digital não é uma questão apenas tecnológica, mas social, e envolve

repensar a maneira como tratamos o envelhecimento e a participação dos idosos na sociedade."

Entre as perspectivas futuras , o fortalecimento das parcerias interinstitucionais entre governos, organizações não governamentais e empresas privadas é visto como um passo necessário para garantir que a inclusão digital chegue a todas as regiões do país, especialmente às mais carentes. Além disso, o desenvolvimento de programas de capacitação contínua e suporte técnico especia -

lizado para idosos será crucial para manter a integração desse grupo na era digital.

Em um cenário de envelhecimento populacional, a inclusão digital da pessoa idosa é mais do que uma necessidade prática. Ela representa uma mudança de paradigma, na qual a tecnologia pode ser usada como um veículo para promover o envelhecimento ativo, a saúde mental e a participação social. "Incluir os idosos no mundo digital é garantir que essa parcela crescente da

população possa usufruir plenamente dos benefícios de uma sociedade conectada", conclui Bragança.

Com o crescimento da população idosa e a expansão das tecnologias, a inclusão digital se consolidará como uma das principais frentes de atuação para garantir um futuro mais igualitário e participativo para todos.

Saiba mais sobre Cléria Bragança em https://www.instagram.com/ braganca.cleria/

Cuidar com leveza: transformando a qualidade de vida da pessoa idosa com Alzheimer e do cuidador

Quando falamos sobre o cuidado de um idoso com Alzheimer, muitas vezes pensamos nos desafios e nas dificuldades que essa condição traz. No entanto, há uma forma diferente de encarar essa jornada: com leveza, carinho, e empatia. Cuidar com leveza não só melhora a qualidade de vida da pessoa idosa, mas também do cuidador, tornando o dia a dia mais agradável e repleto de momentos significativos. Vamos explorar como as mudanças comportamentais do Alzheimer podem ser tratadas com estratégias práticas e afetuosas.

Por que Cuidar com Leveza é Essencial?

O Alzheimer é uma doença progressiva que afeta a memória, o comportamento e a cognição. Ao longo do tempo, é comum que a pessoa idosa apresente mudanças comportamentais como agitação, confusão, repetição de perguntas e, às vezes, até agressividade. Esses comportamentos podem ser desgastantes para o cuidador, gerando estresse e

Leila Ecard

Graduanda em Gerontologia,

Cuidadora integral de Margarida com Alzheimer há quase 10 anos

frustração. Porém, ao adotar uma abordagem leve e empática, é possível lidar com essas situações de maneira mais tranquila, preservando a dignidade da pessoa idosa, a saúde emocional do cuidador e a qualidade de vida de ambos.

Cuidar com leveza significa acolher os desafios com serenidade e paciência, buscando sempre o caminho da empatia,  respeito e do amor. Isso não só cria um ambiente mais positivo e leve  para a pessoa idosa, mas também diminui o estresse e a carga emocional para quem cuida.  Vamos ver alguns exemplos de mudanças comportamentais comuns e como lidar com elas de forma mais leve e eficaz para você entender.

Mudanças Comportamentais Comuns e Como Lidar com Elas

1. Agitação e Inquietação

Imagine que a pessoa idosa esteja sempre inquieta, andando de um lado

para o outro ou mexendo em objetos repetidamente. Isso pode ser frustrante, especialmente quando o cuidador está tentando manter a casa organizada ou garantir a segurança da pessoa idosa.

Estratégia Leve

Redirecionar com tranquilidade

Em vez de tentar controlar a agitação, redirecione o comportamento de forma gentil. Por exemplo, convide a pesoa idosa para uma atividade que envolva movimento, como dobrar roupas ou organizar uma gaveta com objetos seguros. Isso dá a pessoa idosa uma sensação de propósito, utilidade  e acalma a inquietação.

Exemplo Prático

Certa vez, dona  Margarida estava muito agitada, andando pela casa com papéis nas mãos. Em vez de insistir para que ela parasse, entreguei uma pilha de meias para ela dobrar. Mamãe se concentrou na tarefa, e a agitação diminuiu.

Então percebi que, ao dar uma atividade para ela, fazia se sentir útil e acalmava.

2. Confusão e Desorientação

É comum que a pessoa idosa com Alzheimer se sinta perdida ou confusa, mesmo dentro de casa. Ele pode perguntar repetidamente sobre o mesmo assunto ou insistir em "voltar para casa" mesmo estando em sua própria casa.

Estratégia Leve

Acolhimento e Validação

Em vez de corrigir ou contrariar, acolha o sentimento da pessoa idosa. Dizer algo como: "Eu entendo que você quer ir para casa, me conte como era sua casa?" ou "Vou te levar, deixa eu terminar essa tarefa que vamos" ou de uma volta com ela no quarteirão.  Isso ajuda a validar os sentimentos da pessoa idosa, passa segurança e compreensão. Assim você  pode desviar a atenção para uma conversa mais tranquila ou da a tranquilidade do retorno para casa.

Exemplo Prático

Seu João, um idoso com Alzheimer, dizia todos os dias que queria "voltar para casa". Em vez de discutir ou explicar que ele já estava em casa, a cuidadora Ana começou a perguntar sobre a casa da infância dele. Seu João contava histórias e se acalmava ao lembrar dos detalhes, em outra vez  Ana dava uma  volta  no quarteirão e na volta dizia  chegamos em sua casa. Como o voltar para casa está relacionado ao um sentimento que envolve  segurança  e acolhimento e não simplesmente em um local, ele se acalmou e  assim se  evitou o estresse de tentar explicar o inexplicável e acolheu o desejo dele de uma maneira amorosa.

3. Repetição de Perguntas

Um comportamento comum é a pessoa idosa repetir as mesmas perguntas várias vezes. Para o cuidador, pode ser cansativo e até irritante, especialmente em dias mais difíceis.

Estratégia Leve

Respostas Tranquilas e Criativas

Responda com calma e se possível, de maneira criativa. Tenha paciência, entendendo que essa repetição não é proposital, mas faz  parte do Alzheimer. Uma técnica útil é usar lembretes visuais, como cartazes ou quadros brancos com informações importantes, para ajudar o idoso a encontrar respostas sozinho ou simplesmente

respirar fundo e repetir novamente.

Exemplo Prático

Dona Clara perguntava constantemente "Que dia é hoje?" Seu neto, Lucas, fez um quadro de atividades com a data, o dia da semana e o que fariam juntos. Sempre que ela perguntava, ele mostrava o quadro. Dona Clara começou a se tranquilizar ao ver a informação de maneira visual e Lucas sentiu menos desgaste ao não precisar responder tantas vezes a mesma pergunta. Simples, mas resolveu, são estratégias que aprendemos a lidar.

4. Agressividade ou Irritabilidade

Em alguns momentos, a pessoa idosa pode demonstrar irritação ou até agressividade. Esses episódios geralmente acontecem quando ele se sente ameaçada, frustrada, confrontada ou incompreendida.

Estratégia Leve

Calmaria e Descompressão

Quando a pessoa idosa estiver irritada, mantenha a calma e não leve as palavras ou ações para o lado pessoal. Tente identificar o que pode estar causando o desconforto – dor, fome, sede, cansaço, constipação,  dependendo da fase da pessoa idosa,  ela já não consegue identificar o que sente sozinha – assim resolva essa necessidade primeiro. Use uma voz suave,  tranquila e ofereça distrações positivas, como uma música relaxante ou um passeio curto, um abraço carinhoso funciona muito bem.

Exemplo Prático

Dona Margarida teve um episódio de agressividade ao ser levada para tomar banho. Eu que sou sua filha e cuidadora  em vez de insistir, recuei e comecei a cantar  uma música que ele gostava enquanto preparava todo o procedimento do banho. Isto também facilita, deixar tudo organizado. Então aos poucos, ela foi cantando junto o que lembrava e se acalmou e  ouvindo  a melodia, aceitou o banho de forma mais tranquila. Muitas vezes, a agressividade vem da frustração de não se sentir no controle, e que uma abordagem mais suave e relaxada ajuda a desarmar esses momentos.

O IMPACTO POSITIVO DE CUIDAR COM LEVEZA

Cuidar com leveza não significa ig-

norar os desafios, mas sim encará-los de forma mais positiva e empática. Ao adotar essas estratégias, tanto a pessoa idosa quanto o cuidador experimentam uma qualidade de vida melhor.

O cuidador sente menos estresse e frustração, enquanto a pessoa idosa se sente mais segura, amada e compreendida.

Cuidar com leveza é um ato de amor que faz a diferença em cada pequeno momento. Ao transformar desafios em oportunidades de conexão e afeto, o cuidador e a pessoa idosa constroem uma jornada conjunta mais harmoniosa, repleta de momentos que realmente importam.

LEMBRE-SE:

O Alzheimer pode trazer dias nublados, mas com carinho e paciência, é possível encontrar raios de sol em cada dia!

Eu sempre digo que o Alzheimer não é o fim e sim o começo de muita dedicação e amor.Não é fácil mas é possível cuidar de forma leve e assertiva.

Ter um olhar diferente para encarar o Alzheimer faz toda a diferença,  é desafiador mas é possível ter uma qualidade de vida mesmo enfrentando todos desafios do dia a dia.

LEMBRE-SE:

O Alzheimer transforma os comportamentos da pessoa idosa, mas ele continua sendo quem ela é para você, seja pai, mãe, marido, esposa, tios, irmãos ou o seu paciente.

AMAR E CUIDAR faz a diferença!

Espero ter ajudado um pouquinho a entender que com criatividade e muito amor, você vai criar estratégias e vai com certeza enfrentar o Alzheimer de forma leve e ter um outro olhar para os dias que estão por vi.

Ame e Cuide  com leveza que  tudo faz será diferente.

Saiba mais sobre Leila Ecard em https://www.instagram.com/leilaecard/ e sobre https://www.instagram.com/ margaridinhaecard/

A importância de cuidar da saúde do cuidador de idosos

Com o envelhecimento populacional acelerado, o papel do cuidador de idosos torna-se cada vez mais relevante. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que, em 2050, o número de pessoas com 60 anos ou mais no mundo alcançará 2,1 bilhões, sendo que 80% delas viverão em países em desenvolvimento. No Brasil, segundo o IBGE, a população idosa atingirá 32% em 2060, consolidando a necessidade de uma estrutura robusta de cuidados para essa crescente parcela da população. No entanto, a saúde dos cuidadores, que desempenham funções essenciais na assistência de pessoas idosas, permanece subestimada, apesar da urgência de políticas públicas voltadas à sua valorização, proteção e apoio.

O perfil e a sobrecarga do cuidador de idosos no Brasil

O Brasil tem uma realidade complexa quando se trata de cuidadores de idosos. De acordo com dados do IBGE e da Pesquisa Nacional por Amostra

de Domicílios Contínua (PNAD), mais de 80% dos cuidadores são mulheres, geralmente entre 40 e 50 anos. Muitos desses profissionais trabalham em condições informais, sem garantias trabalhistas, o que contribui para uma vulnerabilidade significativa. Segundo o estudo Cuidadores no Brasil, estima-se que aproximadamente 3,5 milhões de pessoas estejam envolvidas no cuidado da população idosa, sendo que a maioria atua sem capacitação formal.

Essa falta de regulamentação adequada contribui para a precariedade da profissão. Os cuidadores enfrentam jornadas longas e exaustivas, com uma média de 49 horas semanais, sendo que muitos acumulam mais de um emprego para garantir a subsistência. Além disso, grande parte desses trabalhadores desenvolve doenças relacionadas à sobrecarga física e emocional, como problemas musculoesqueléticos, estresse crônico e depressão. Pesquisas da Fundação Oswaldo Cruz

(Fiocruz) mostram que mais de 50% dos cuidadores relataram altos níveis de estresse e 38% apresentaram sintomas de depressão, evidenciando a necessidade urgente de apoio à saúde desses profissionais.

A regulamentação da profissão de cuidador de idosos no Brasil

No Brasil, a profissão de cuidador de idosos foi regulamentada em 2005 pela Lei 11.259. Embora o reconhecimento legal tenha sido um avanço importante, a legislação ainda é insuficiente para atender às demandas da categoria e garantir os direitos trabalhistas básicos desses profissionais.

A lei estabelece o cuidador como uma ocupação profissional e define suas responsabilidades, mas não detalha aspectos cruciais como jornadas de trabalho, aposentadoria especial, seguridade social, benefícios trabalhistas e mecanismos de proteção à saúde física e mental.

Além disso, a regulamentação atual não contempla adequadamente a formação contínua dos cuidadores. Muitos profissionais ingressam na área sem qualquer tipo de capacitação técnica, o que compromete a qualidade do cuidado prestado aos idosos e coloca em risco a saúde do próprio cuidador. O aprimoramento da lei é necessário para garantir que esses trabalhadores tenham acesso a treinamento regular, condições adequadas de trabalho e redes de suporte psicológico

Outro ponto crítico da legislação é a falta de incentivos para a formalização do trabalho de cuidadores. A grande maioria desses profissionais ainda trabalha de maneira informal, sem contrato registrado, o que os priva de benefícios como férias remuneradas, 13º salário, licença-maternidade e aposentadoria. A criação de políticas que incentivem a formalização e protejam os direitos trabalhistas dos cuidadores é fundamental para garantir a dignidade e a segurança no exercício dessa profissão

O TRATAMENTO DOS CUIDADORES DE IDOSOS EM OUTROS PAÍSES

O Brasil pode se espelhar em políticas adotadas por outros países que enfrentam o envelhecimento populacional de maneira mais estruturada que implementaram políticas públicas robustas para o cuidado de idosos e para a valorização dos cuidadores.

Estados Unidos

Nos Estados Unidos, os cuidadores de idosos (home health aides ou personal care aides) desempenham um papel importante no cuidado domiciliar. Eles auxiliam em atividades da vida diária (como banho e alimentação) e podem oferecer algum suporte médico básico, dependendo de sua formação. O governo tem programas como o Medicare e o Medicaid , que cobrem parte dos custos para idosos de baixa renda. A profissão é regulamentada e exige uma certifi -

cação, especialmente se os cuidadores trabalham em instituições.

Canadá

No Canadá, os cuidadores de idosos podem trabalhar em residências, hospitais ou centros de cuidados de longo prazo. O país conta com o Programa de Cuidadores de Longo Prazo, que também inclui trabalhadores estrangeiros. Os cuidadores precisam de treinamento e certificação para trabalhar em instituições ou oferecer cuidados domiciliares. Como o país tem uma população envelhecendo rapidamente, os serviços de cuidadores são bastante valorizados, e há um foco no cuidado comunitário.

Alemanha

Na Alemanha, os cuidadores de idosos são parte de um sistema de saúde bem estabelecido, que inclui o seguro de cuidados de longo prazo (Pflegeversicherung). Os cuidadores podem

ser profissionais treinados ou familiares, e o governo oferece suporte financeiro para as famílias que cuidam de seus entes queridos em casa. Para profissionais, é exigida uma qualificação formal e registro no sistema de saúde. Muitos trabalhadores de outros países da Europa Oriental migram para a Alemanha para atuar como cuidadores.

Japão

O Japão, que possui uma das populações mais envelhecidas do mundo, depende fortemente de cuidadores. Os cuidadores de idosos são altamente treinados e regulamentados. O sistema de cuidados inclui suporte em domicílio e em instalações especializadas. O governo japonês investiu em tecnologias, como robôs, para ajudar a aliviar a carga sobre os cuidadores humanos. Além disso, muitos cuidadores estrangeiros, especialmente de países do Sudeste Asiático, são contratados para atender à crescente demanda.

Reino Unido

No Reino Unido, os cuidadores de idosos são conhecidos como care workers e atuam em ambientes domiciliares e em lares de idosos. O National Health Service (NHS) oferece apoio a idosos por meio de diversos programas, e os cuidadores desempenham um papel vital no cuidado não apenas físico, mas também emocional dos idosos. A profissão é regulamentada pelo Care Quality Commission (CQC), e os cuidadores precisam de treinamento formal para atuar.

França

Na França, os cuidadores de idosos, chamados de aides-soignants, podem atuar em domicílios ou instituições. O sistema de seguridade social francês oferece um programa de apoio aos idosos dependentes, conhecido como Allocation personnalisée d’autonomie (APA), que subsidia o cuidado. Os cuidadores são regulamentados e precisam de certificação para exercer a profissão, havendo um foco no cuidado domiciliar para promover o envelhecimento ativo e a permanência dos idosos em suas casas.

Suécia

Na Suécia, um país com um dos sistemas de bem-estar mais avançados, os cuidadores de idosos têm grande importância. A maioria dos cuidados de longa duração é oferecida em casa, com suporte do governo local. Os cuidadores são profissionais treinados e recebem salários justos, e o governo subsidia amplamente os serviços de cuidado. O foco é em permitir que os idosos vivam de forma independente pelo maior tempo possível.

Itália

Na Itália, grande parte dos cuidadores são trabalhadores migrantes, especialmente de países da Europa Oriental. Muitos italianos contratam cuidadores para morar em suas casas e cuidar de parentes idosos. Embora o governo ofereça algumas formas de suporte financeiro para o cuidado, muitos cuidadores são empregados no setor informal, o que pode resultar em condições de trabalho menos regulamentadas.

Austrália

Na Austrália, o sistema de cuidado aos idosos é dividido entre cuidados domiciliares e em lares de idosos. O

governo tem programas como o Commonwealth Home Support Programme, que ajuda idosos a viverem de forma independente. Os cuidadores, conhecidos como aged care workers, devem possuir qualificações formais para atuar em instituições e são regulamentados por órgãos governamentais.

China

Com a rápida urbanização e o envelhecimento da população, a China enfrenta desafios no cuidado dos idosos. Tradicionalmente, o cuidado era oferecido pelos familiares, mas com as mudanças sociais, a demanda por cuidadores profissionais tem aumentado. O governo chinês tem investido na capacitação de cuidadores e na construção de lares para idosos, mas o setor ainda é subdesenvolvido em comparação com países ocidentais.

Coreia do Sul

A Coreia do Sul possui um sistema nacional de seguro de cuidados de longo prazo, onde os cuidadores, chamados de yoyang-bohosa, são treinados para cuidar de idosos em casa ou em instituições. O governo incentiva o cuidado domiciliar, com foco no suporte às famílias que cuidam de seus entes queridos. A profissão é regulamentada e a demanda por cuidadores tem aumentado com o envelhecimento acelerado da população.

Espanha

Na Espanha, os cuidadores de idosos trabalham tanto em domicílios quanto

em instituições. O governo oferece alguns subsídios para famílias que cuidam de seus idosos em casa, mas a profissão ainda carece de uma regulamentação robusta. Como em muitos países do sul da Europa, o papel da família no cuidado dos idosos é culturalmente forte, mas a demanda por cuidadores profissionais tem aumentado.

Israel

Em Israel, muitos cuidadores de idosos são imigrantes, especialmente de países asiáticos. Eles trabalham tanto em domicílios quanto em instituições. O governo oferece suporte financeiro para o cuidado de idosos, e a demanda por cuidadores profissionais está crescendo devido ao envelhecimento da população. Os cuidadores recebem treinamento e muitas vezes moram com as famílias dos idosos para oferecer suporte contínuo.

Em todo o mundo, a atuação dos cuidadores de idosos reflete as necessidades demográficas e as estruturas sociais de cada país. Em lugares como Japão, Alemanha e Suécia, a profissão é altamente regulamentada e valorizada, enquanto em outros, como Itália e Espanha, ainda existe uma dependência significativa do setor informal e das famílias para o cuidado dos idosos. A capacitação formal e o suporte governamental variam amplamente, mas o reconhecimento da importância dos cuidadores de idosos está crescendo globalmente.

As experiências do Japão, da Alemanha e da Austrália oferecem importantes lições para o Brasil. Em primeiro lugar, é essencial criar políticas que incentivem a formalização do trabalho de cuidadores, garantindo-lhes proteção trabalhista e previdenciária. O reconhecimento da profissão deve vir acompanhado de benefícios como férias, 13º salário, seguro contra doenças ocupacionais e aposentadoria especial para quem trabalha em condições de sobrecarga física e emocional.

Outra medida crucial é a implementação de programas de formação contínua para cuidadores, que garantam a atualização de suas habilidades e a capacitação para lidar com as complexidades do envelhecimento. A oferta de cursos gratuitos ou subsidiados, com certificação reconhecida, pode melhorar a qualidade do cuidado prestado e promover o desenvolvimento profissional desses trabalhadores.

Além disso, é fundamental criar redes de apoio psicológico para cuidadores de idosos. O estresse e a exaustão emocional são problemas comuns entre esses profissionais, e o acesso a serviços de aconselhamento e suporte emocional pode reduzir o impacto negativo do trabalho na saúde mental dos cuidadores. Centros comunitários ou programas de saúde mental voltados especificamente para esses profissionais, como os existentes no Japão e na Alemanha, poderiam ser implementados no Brasil.

SISTEMA NACIONAL DE CUIDADO E SUPORTE AOS CUIDADORES

O Brasil precisa avançar na criação de um sistema nacional de cuidado que integre cuidadores profissionais e familiares, oferecendo incentivos financeiros, suporte psicológico e programas de capacitação contínua. A regulamentação da profissão de cuidador deve ser ampliada para incluir direitos trabalhistas plenos, garantir a saúde física

e emocional desses profissionais e promover a dignidade no trabalho.

A valorização dos cuidadores é fundamental para a construção de um sistema de cuidado eficiente e humanizado para os idosos. À medida que o Brasil envelhece, o desafio de garantir qualidade de vida aos idosos se entrelaça com a necessidade de cuidar daqueles que se dedicam a esse trabalho. Políticas públicas que incentivem a formação, proteção e suporte aos cuidadores são não apenas uma questão de justiça social, mas uma necessidade para a sustentabilidade do sistema de cuidados no país.

Em uma sociedade que envelhece rapidamente, a construção de um sistema de cuidado que ofereça dignidade e respeito tanto aos idosos quanto aos cuidadores é um imperativo. Isso significa garantir que os cuidadores tenham acesso a direitos, formação contínua e suporte emocional, para que possam desempenhar seu papel crucial com saúde, bem-estar e reconhecimento.

Cuidado integrado e inovação no atendimento a pessoa idosa

M e chamo Ana Pereira, sou gerontóloga e dedico minha vida profissional ao cuidado e à melhoria da qualidade de vida da pessoas idosas. Desde o início da minha carreira, percebi a importância de uma abordagem holística no atendimento a essa população, e foi essa visão que me levou a atuar principalmente em atividades de terapia cognitiva. Além disso, sou palestrante, e trabalho em parceria com uma equipe multidisciplinar composta por técnicos de enfermagem, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, com o objetivo de proporcionar um atendimento médico e psicológico mais completo.

Ao lidar com o dia a dia dos nossos pacientes, descobri que muitos dos idosos sob nossos cuidados enfrentam condições complexas como Alzheimer, Parkinson, esquizofrenia, ansiedade e depressão. Essas doenças não afetam apenas a saúde física, mas também o estado emocional e cognitivo, tornando essencial a adoção de terapias que vão além do cuidado tradicional.

Foi a partir dessa constatação que decidimos integrar a terapia cognitiva ao nosso atendimento, uma intervenção que tem se mostrado de extrema importância para preservar as funções cognitivas e promover o bem-estar.

Com essa visão, elaborei um pro-

jeto aprovado pela diretora do Posto de Saúde Pratinha, em Belém do Pará, Tays Maues. O projeto oferece as pessoas idosas, além da terapia cognitiva, um programa de terapia musical e aulas de dança, atividades que estimulam tanto o corpo quanto a mente.

A música e a dança não são apenas formas de entretenimento, mas poderosas ferramentas terapêuticas que ajudam a melhorar a mobilidade, a socialização e a saúde mental dos nossos pacientes. O impacto dessas atividades tem sido notável: as pessoas idosas estão mais engajadas, felizes e, sobretudo, sentindo-se valorizadas em um espaço onde são tratadas com respeito e carinho.

Além das terapias inovadoras, também percebemos a necessidade de cuidados médicos mais aprofundados, especialmente porque muitos de nossos pacientes são de baixa renda e não têm acesso facilitado a exames mais específicos. Por isso, incluímos no projeto a realização de eletrocardiogramas, garantindo que eles recebam um acompanhamento médico adequado e preventivo. Esse cuidado é vital, já que muitas pessoas idosas apresentam condições cardíacas que precisam ser monitoradas.

Paralelamente ao desenvolvimento desse trabalho, estou me especializando em psicanálise clínica, o que me permitirá oferecer um suporte emocional ainda mais aprofundado tanto para as pessoas idosas, quanto para suas famílias. A psicanálise traz uma nova dimensão para o atendimento, permitindo que eu compreenda e auxilie na resolução dos conflitos internos que surgem ao longo do processo de envelhecimento. Essa formação me capacitará a dar um amparo mais amplo às questões emocionais e sociais que afetam não apenas os pacientes, mas também aqueles que os acompanham de perto.

Meu trabalho é supervisionado pelo enfermeira Alex, grande parceiro nas atividades com a população idosa. Ele tem sido fundamental no desenvolvimento e execução de práticas multidisciplinares, garantindo que todos os profissionais envolvidos estejam alinhados com a filosofia de cuidado integral.

Para mim, a gerontologia é mais do que uma profissão, é uma missão. Acredito que essa área representa o futuro do cuidado, pois à medida que a população envelhece, é essencial que tenhamos profissionais capacitados e projetos estruturados para atender às demandas específicas da terceira idade. A cada dia, tenho a certeza de que meu trabalho tem um impacto profundo na vida da população idosa e de suas

famílias, e isso me motiva a continuar inovando e aprimorando as formas de cuidado que oferecemos. Ouvir as pessoas idosas, compreender suas necessidades e somar esforços para proporcionar-lhes uma vida digna e plena é, sem dúvida, o maior privilégio.

Saiba mais sobre Ana Pereira em https://www.instagram.com/ ana_gerontologa/

A Geronto+ surge como uma bússola para guiar profissionais, familiares e o público em geral pelos caminhos do envelhecimento saudável.

Cada página é um convite para refletir, aprender e inspirar-se na arte de cuidar, valorizar e viver plenamente a longevidade. Bem-vindos à Geronto+, onde a qualidade de vida é sempre prioridade."

GERONTO GERONTO+

Gerontologia: uma ciência essencial no envelhecimento gobal

Oenvelhecimento populacional é um fenômeno global que vem transformando a sociedade e os sistemas de saúde em diferentes países. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas com 60 anos ou mais no mundo já ultrapassou 1 bilhão em 2020, e projeta-se que esse número chegue a 2 bilhões até 2050.

Nesse cenário, a gerontologia, ciência que estuda o envelhecimento em suas múltiplas dimensões, tem se tornado essencial na promoção de qualidade de vida para a pessoa idosa. Ao redor do mundo, o gerontólogo - um profissional especializado em envelhecimento - desempenha um papel fundamental em diversas áreas, como saúde, políticas públicas, assistência social e planejamento ur-

bano, enfrentando desafios e criando soluções para uma população global em transformação.

Contexto Global do Envelhecimento

O aumento da expectativa de vida e a redução das taxas de natalidade têm provocado uma mudança demográfica significativa. Estima-se que, até 2050, mais de 20% da população mundial terá 60 anos ou mais, com alguns países já enfrentando essa realidade em grande escala. Essa transição demográfica impõe uma série de desafios para governos, economias e sistemas de saúde, exigindo a adoção de políticas e práticas que garantam o bem-estar da população idosa.

Na Europa, por exemplo, a população com mais de 65 anos já representa

20% do total, de acordo com a Eurostat* (escritório de estatísticas, responsável por dados estatísticos confiáveis e comparáveis sobre a Europa, auxiliando na formulação de políticas públicas e decisões baseadas em evidências dentro da União Europeia).

Em países como Itália e Alemanha, essa proporção atinge 25%, e o continente europeu tem sido um dos líderes mundiais na implementação de políticas de envelhecimento ativo e na adaptação de suas infraestruturas para as necessidades da população idosa.

Na América Latina, o envelhecimento populacional ocorre de forma acelerada. O Brasil projeta que, até 2050, o número de pessoas idosas supere o de jovens.

Papel do Gerontólogo no Mundo

A gerontologia, como uma ciência interdisciplinar que aborda o envelhecimento em suas dimensões biológicas, psicológicas, sociais e culturais, possibilita o protagonismo do gerontólogo que em muitos países atua como um especialista fundamental na formulação de políticas públicas, na coordenação de programas de saúde e assistência social, e no desenvolvimento de ambientes e serviços que promovam a autonomia e a qualidade de vida da população idosa.

ÁFRICA: Transição Demográfica

Na África, o envelhecimento populacional ainda é incipiente, mas está crescendo à medida que as condições de saúde e expectativa de vida melhoram. Em países como África do Sul e Gana, o gerontólogo começa a atuar em comunidades vulneráveis, focando na educação sobre envelhecimento, na promoção da saúde e na criação de redes de suporte social.

O cuidado familiar ainda predomina no continente, mas a urbanização crescente e as mudanças nas estruturas familiares têm exigido novas formas de apoio institucional. O gerontólogo, nesse cenário, colabora com organizações governamentais e ONGs para criar programas comunitários que atendam às necessidades da pessoa idosa, muitas vezes negligenciados em áreas rurais e urbanas de difícil acesso.

ÁSIA: Inovação e Tradição

A Ásia apresenta uma realidade de envelhecimento acelerado, especialmente no Japão, onde mais de 28% da população já tem mais de 65 anos. O governo japonês implementou o Long-Term Care Insurance (LTCI), um sistema que garante cuidados de longo prazo para a pessoa idosa em instituições ou em suas próprias residências. O gerontólogo desempenha um papel essencial no desenvolvimento e supervisão desses serviços, integrando aspectos médicos, psicológicos e sociais da população idosa.

O Japão também está na vanguarda do uso de tecnologias assistivas para o cuidado para a terceira idade.

Robôs assistentes, como o PARO, são utilizados para ajudar em atividades diárias e proporcionar apoio emocional aos residentes de ILPIs e hospitais geriátricos. O gerontólogo, nesse contexto, supervisiona e adapta o uso dessas tecnologias para garantir que atendam às necessidades da pessoa idosa de forma ética e eficaz.

Na China, a tradição de cuidar da pessoa idosa em casa ainda é predominante, mas, com o aumento da urbanização e a mudança nas estruturas familiares, o governo chinês tem investido em capacitação profissional e na criação de centros de cuidado a população idosa. O gerontólogo, nesse contexto, atua tanto no suporte às famílias quanto no desenvolvimento de políticas públicas que adaptem as cidades para a crescente população idosa.

EUROPA: Liderança em Políticas e Envelhecimento Ativo

A Europa tem se destacado no desenvolvimento de programas inovadores de envelhecimento ativo e na adaptação de suas cidades para torná-las amigáveis da pessoa idosa. A União Europeia implementou o conceito de Envelhecimento Ativo e Saudável, que visa promover a participação da população idosa em atividades sociais, econômicas e físicas, prolongando sua independência e autonomia.

Em Portugal é essencial no cuidado integral da pessoa idosa, promovendo a qualidade de vida e o envelhecimento ativo. Atua em instituições de longa permanência, desenvolve programas de suporte físico e psicológico, e colabora com equipes multidisciplinares. Também participa na formulação de políticas públicas e contribui para a educação e pesquisa em gerontologia, buscando soluções inovadoras para os desafios do envelhecimento.

Na Suécia, o gerontólogo é peça-chave na formulação de políticas públicas que integram saúde, assistência social e tecnologia. Os profissionais atuam em estratégias para adaptação de ambientes urbanos, como o planejamento de moradias acessíveis e o investimento em transporte público adaptado às necessidades das pessoas idosas.

Já na França e na Alemanha, a atuação do gerontólogo é voltada para a assistência de longo prazo e o cuidado domiciliar, na integração de tecnologias assistivas, como sistemas de monitoramento remoto, que ajudam as pessos idosas a permanecerem em casa com segurança. As residências assistidas e as instituições de longa permanência para idosos (ILPIs) são coordenadas por esses profissionais, que garantem que os cuidados oferecidos estejam alinhados às necessidades individuais dos residentes.

AMÉRICA DO NORTE: Inovação e Multidisciplinaridade

Nos Estados Unidos e no Canadá , a gerontologia é um campo amplamente consolidado, e o gerontólogo desempenha um papel fundamental na coordenação de cuidados multidisciplinares. Com projeções indicando que até 2030 um em cada cinco norte-americanos terá 65 anos ou mais, a demanda por serviços especializados para a pessoa idosa está em crescimento. O gerontólogo atua no desenvolvimento de programas

que integram médicos, psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais, oferecendo um atendimento holístico aos idosos.

Nos EUA, a American Society on Aging promove o desenvolvimento de estudos e políticas que incentivam o envelhecimento saudável e a integração da população idosa na sociedade. O gerontólogo é frequentemente visto em cargos de coordenação em instituições de saúde, centros de reabilitação e em programas de saúde pública voltados para

a prevenção de doenças crônicas e promoção de hábitos saudáveis.

O Canadá também se destaca por seu sistema de Cuidados de Longo Prazo , onde o gerontólogo desempenha um papel essencial na gestão de serviços domiciliares e em instituições especializadas. Além disso, o uso de tecnologia, como monitoramento remoto e casas inteligentes, é cada vez mais comum, permitindo que a pessoa idosa mantenha sua independência por mais tempo, com supervisão à distância.

AMÉRICA LATINA : Os Grandes

Desafios e Crescimento Rápido

A América Latina está envelhecendo rapidamente, e países como o Brasil e a Argentina já enfrentam um aumento expressivo na demanda por serviços de saúde e assistência social para a população idosa. No Brasil, o IBGE estima que, até 2050, a população idosa ultrapassará 70 milhões de pessoas, exigindo uma reestruturação do sistema de saúde e políticas públicas voltadas ao envelhecimento.

O gerontólogo na América Latina tem um papel essencial na implementação da Política Nacional do Idoso e na coordenação de programas de envelhecimento ativo e saúde pública. No Brasil, esse profissional atua em hospitais, clínicas geriátricas, instituições de longa permanência e no Sistema Único de Saúde (SUS), colaborando para a promoção de ações preventivas e de cuidado integrado.

Embora o envelhecimento traga desafios significativos para a região, no Brasil, o crescimento de políticas públicas, como o Estatuto do Idoso, e de iniciativas regionais voltadas à proteção e promoção dos direitos da pessoa idosa mostram que a atuação do gerontólogo está em franca expansão. O foco desse profissional em promover o bem-estar, prevenir doenças e garantir a inclusão social da terceira idade tem gerado avanços importantes, apesar das dificuldades estruturais que ainda persistem.

A Expansão da Gerontologia Global

A gerontologia é uma ciência em rápida expansão, impulsionada pelas demandas do envelhecimento global. O gerontólogo, atuando como um profissional essencial para garantir que o envelhecimento seja uma fase de vida marcada por dignidade, saúde e inclu-

são, desempenha um papel fundamental na transformação dos sistemas de saúde, políticas públicas e práticas sociais. A colaboração internacional e a integração de novas tecnologias continuarão a moldar o futuro da gerontologia, tornando essa ciência cada vez mais relevante no mundo globalizado.

Há 19 anos cuidando da pessoa idosa e seu familiar, garantindo o cuidado diário de forma acolhedora, respeitosa e digna.

Desde 2005, somos mais do que uma instituição de cuidado para idosos – somos uma família. Em nosso espaço, cada idoso é acolhido com amor, respeito e dignidade. Ao longo de 19 anos, construímos um ambiente onde o bem-estar físico, emocional e social caminha lado a lado, proporcionando um lar seguro e acolhedor.

Nossa equipe qualificada se dedica de coração para fazer a diferença na vida dos nossos residentes. Aqui, o cuidado vai além do corpo, tocando a alma. Venha nos conhecer e descubra por que somos referência no cuidado a idosos. Mais do que um local de cuidado, somos uma família que cuida e ama.

NOSSOS SERVIÇOS

Equipe Multidisciplinar

Profissionais qualificados em cuidados, medicina, nutrição, psicologia, fisioterapia, recreação e gerontologia.

Atividades Recreativas

Recreação, oficinas, atividades religiosas e festas.

Serviço de Refeição

Oferecemos 6 refeições diárias, completas, prescritas por nutricionista e preparadas em nossa cozinha totalmente equipada. Todas as refeições são acompanhadas por cuidadoras, auxiliadas se necessário e servidas conforme a necessidade individual de cada hóspede, respeitando sempre suas condições de saúde e preferências.

Venha conhecer nossas redes para se manter atualizado com tudo que acontece em nossa casa.

Atendimento Personalizado

Plano de atenção específico e serviços personalizados para cada residente. Respeitando sempre a cultura e costumes de cada hóspede.

Serviço de Lavanderia

Todas as roupas são processadas em lavanderia terceirizada, apta para o atendimento. Elas são diariamente retiradas e devolvidas, devidamente higienizadas e esterelizadas, promovendo cuidado e segurança aos hóspedes.

Serviços Extras

- Manicure - Pedicure

Podologia - Fonoaudiologia

Acompanhamento externo

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