ECONOMIA HUMANA: POR ONDE ANDA A RESPONSABILIDADE SOCIAL?

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ISECENSA - INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU GESTÃO EM LOGÍSTICA PORTUÁRIA

ECONOMIA HUMANA: POR ONDE ANDA A RESPONSABILIDADE SOCIAL?

Por

Francisco Renato Vieira da Costa Ferreira

Campos dos Goytacazes - RJ Março / 2011


ISECENSA - INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU GESTÃO EM LOGÍSTICA PORTUÁRIA

ECONOMIA HUMANA: POR ONDE ANDA A RESPONSABILIDADE SOCIAL?

Por

Francisco Renato Vieira da Costa Ferreira

Monografia apresentada em cumprimento às exigências para a obtenção do grau no Curso de Pós-graduação lato sensu em Gestão em Logística Portuária nos Institutos Superiores de Ensino do CENSA.

Orientadora: Gleide Terezinha de Azevedo Gomes, Especialista em Comunicação Empresarial, Pontifícia Universidade Católica/BH/MG

Campos dos Goytacazes - RJ Março / 2011


FICHA CATALOGRÁFICA Costa Ferreira, Francisco Renato Vieira da Economia humana: por onde anda a responsabilidade social? / Francisco Renato Vieira da Costa Ferreira. --

Campos dos Goytacazes (RJ), 2011. ? p.

Monografia de Pós-Graduação em Gestão em Logística Portuária Institutos Superiores de Ensino do CENSA, 2007 1. economia humana. 2. responsabilidade social. 3. ?. I.Título. CDD


ECONOMIA HUMANA: POR ONDE ANDA A RESPONSABILIDADE SOCIAL?

Por

Francisco Renato Vieira da Costa Ferreira

Monografia apresentada em cumprimento às exigências para a obtenção do grau no Curso de Pós-graduação lato sensu em Gestão em Logística Portuária nos Institutos Superiores de Ensino do CENSA.

Aprovada em ___ de __________________ de _________

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________________ Gleide Terezinha de Azevedo Gomes Especialista em Comunicação Empresarial - Pontifícia Universidade Católica/BH/MG

____________________________________________________________________ Auner Pereira Carneiro Doutor em Ciências - Universidade de São Paulo (USP)/SP/SP

____________________________________________________________________ Murialdo Gasparet Licenciado em Teologia – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)/PA/RS


DEDICATĂ“RIA A todos que nunca tiveram voz ativa, mesmo quando a democracia

moderna

lhes

concedeu

a

prerrogativa e da quimera do poder de mando.

ilusĂŁo

dessa


AGRADECIMENTOS A YAHUVAH - AQUELE que é o que é... INFINITAMENTE GRANDE e INSONDÁVEL... sempre em 1º lugar. Ao RUACH HA-KODESH - INFINITAMENTE PEQUENO - que é o ESPÍRITO SANTO de YAHUVAH, que vive em mim... A YAHUSHUAH - a PALAVRA de YAHUVAH feita ‘carne’ - que é uma esperança de salvação da HUMANIDADE... Ao

meu

pai

biológico

(agradecimento

póstumo,

perante

a

sua

decomposição física e dissipação do resto do seu 'ser'). À minha mãe biológica pelo seu amor materno incondicional - e pelo notebook e respectivas aplicações informáticas, que me permitiram fazer esta monografia numa ambiente virtual que eu jamais imaginara. À minha esposa pelo seu amor, sua sensibilidade, sua divergência, sua insistência, sua compreensão, "logística" e "hipérbole". Aos professores do Curso de Pós-graduação lato sensu em Logística Portuária ISECENSA - Institutos Superiores de Ensino do CENSA, pela paciência com que aturaram as minhas muitas intervenções em aula e pela leitura e avaliação dos meus trabalhos disciplinares. Aos colegas desse curso, porque sem eles não haveria turma e eu não teria a oportunidade de fazê-lo. A todos que foram referenciados nesta monografia, por terem permitido que eu, 'estando' catador de lixo científico, tenha encontrado luxo acadêmico naquilo que escreveram... A todos que não foram referenciados neste trabalho, por terem permitido que eu, também 'estando' catador de lixo não-científico, tenha encontrado luxo não-acadêmico naquilo que escreveram. À minha orientadora, pelo apoio possível a esta monografia e artigo científico nesta encastrado. À banca examinadora pela sua disponibilidade, leitura e avaliação desta monografia. Ao "Brown", meu cão (caninus rafeirus sortudus) - em agradecimento póstumo-, "Camila" e "Michael", meus gatos (mãe e filho, felinus rafeirus sortudus) por me terem mostrado a (ir)racionalidade' do homo sapiens (sapiens)...


... o mundo real não tem limites nem referência absoluta (qualquer ponto é centro-periferia e infinidade-relatividade) e, por isso, em toda parte ocorrem mudanças de posição relativas e incessantes por todo o Universo, e o observador está sempre no centro. (BRUNO, 1584, apud COBRA, 2006, passim) ... todo desenvolvimento verdadeiramente humano significa o desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias e do sentimento de pertencer à espécie humana. (MORIN, 2000, p. 55) Precisamos de uma ética que desafie o sucesso e a recompensa, e aquela não precisa ser inventada nem é nova, [...] em que começamos a perceber que o sacrifício pode significar tanto ou ainda mais quando ele é feito anonimamente, [...] devem nos ensinar a fazer o nosso trabalho e nosso sacrifício por esse trabalho, e não por amor de louvores ou para evitarmos censuras. (POPPER, 1945, p.233-234)


SUMÁRIO PARTE I

REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 8

ESPAÇO-TEMPO ................................................................................................................ 9 SER-HUMANO ................................................................................................................. 12 SOCIEDADE-HUMANA ...................................................................................................... 15 TECNOLOGIA-SOCIAL....................................................................................................... 20 ECONOMIA-HUMANA ........................................................................................................ 32 RESPONSABILIDADE-SOCIAL ............................................................................................ 41 PARTE II ARTIGO CIENTÍFICO .................................................................................... 56 RESUMO ......................................................................................................................... 57 ABSTRACT ...................................................................................................................... 58 1.

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 59

2.

MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 59 2.1.

Materiais .......................................................................................................... 59

2.2.

Método híbrido ................................................................................................ 59

2.2.1.

Categorização ...................................................................................................... 59

2.2.2.

Métodos-integrados .............................................................................................. 60

2.2.3.

SWOT ................................................................................................................... 62

2.2.4.

VESTER ............................................................................................................... 62

2.3.

3.

4.

Processo híbrido ............................................................................................. 63

2.3.1.

Metodológico ........................................................................................................ 63

2.3.2.

Econômico ............................................................................................................ 63

2.3.3.

Social .................................................................................................................... 64

RESULTADOS.......................................................................................................... 65 3.1.

Produto............................................................................................................ 65

3.2.

Subprodutos .................................................................................................... 65

3.3.

Desperdícios ................................................................................................... 66

3.4.

Resíduos ......................................................................................................... 66

3.5.

Catalisadores .................................................................................................. 66

DISCUSSÃO ............................................................................................................ 67 4.1.

Concerto.......................................................................................................... 67

4.2.

Desconserto .................................................................................................... 70

4.3.

Maestro-Consertador ...................................................................................... 72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 74 APÊNDICES ................................................................................................................. 77 PARTE III ELEMENTOS SÓ DA REVISÃO DE LITERATURA .................................... 93 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (FORA DO ARTIGO CIENTÍFICO) ......................................... 94


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Parte I

REVISÃO DE LITERATURA

O tema desta monografia é ECONOMIA HUMANA e seu subtema coloca uma questão primordial para resposta urgente: POR ONDE ANDA A RESPONSABILIDADE SOCIAL? Para responder a essa pergunta, optou-se por fazer um corte epistemológico (radical quanto possível) visando a corrigir ou substituir o atual 'paradigma moderno' da sociedade humana e de suas instituições. Então, buscou-se na bibliografia disponível - e acessível ao autor alguma referência que fundamentasse esse corte na ciência humana, em geral, e das ciências econômicas, em particular. Esse corte consubstanciou-se mediante o desenvolvimento de um método híbrido que, a um tempo, conciliasse a complexidade da organização integrada e a desorganização incompreensível da sociedade humana e de seus processos recursivos nas intra e inter-relações com seus ecossistemas naturais ou (re)construídos ou destruídos pelos próprios seres vivos 'humanos'. Assim, esta revisão bibliográfica foi feita de modo a acomodar as citações encontradas nestes seis tópicos essenciais, alinhados, não a partir da "criação", mas de um "estágio de (re)produção da vida humana": 1) Espaço↔Tempo; 2) Ser↔Humano; 3) Sociedade↔Humana; 4) Tecnologia↔Social; 5) Economia ↔Humana; 6) Responsabilidade↔Social.


9

Espaço-Tempo Em termos de teoria reprimida no Iluminismo, Bruno (1584, p.s/nº, apud COBRA, 2006,s/nº; negrito do autor), antes de ter sido queimado vivo pela "Santa Inquisição", já afirmava que: O mundo real não tem limites nem referência absoluta (qualquer ponto é centro-periferia e infinidade-relatividade) e, por isso, em toda parte ocorrem mudanças de posição relativas e incessantes por todo o Universo, e o observador está sempre no centro.

No que concerne à teoria moderna: Kant (in Mundo dos Filósofos; in Wikipédia) disse que "só se conhecem os fenômenos (e não as coisas em si ou noumenos) num mundo refratado através dos quadros subjetivos do espaço e do tempo". E, nesse conhecer, "as únicas intuições disponíveis (as intuições sensíveis) e as categorias humanas complementam-se (sem estas, aquelas seriam 'cegas' - desordenadas e confusas-, mas sem aquelas, concretas, estas seriam 'vazias' - não teriam nada para unificar". Adaptando de Kant, pode-se postular que existe um espaço-tempo fora do ser humano e outro espaço-tempo dentro dele. No que tange à teoria contemporânea do autor: Henderson (1981, apud WINNER, 1981; negrito do autor), alertava para o fato de que "toda a produção e consumo dos seres vivos acontecem sob condições estabelecidas por leis biológicas e forças físicas fundamentais" pelo que "não há uma oferta infinita de energia barata e uma adaptação infinita da biosfera terrestre". Portanto, "os seres humanos, se não aprenderem a ter em conta o 'sistema econômico primário' da Natureza (o complexo de processos ecológicos que sustentam toda a vida), continuarão a destruir os fundamentos genuínos da existência humana". E Tronconi et al (1991, pp. 3 e 18; negrito do autor) confirmava essa destruição: "sobretudo no decurso dos últimos dois séculos, saiu-se do ciclo natural pelas mãos da necessidade ou do desejo do supérfluo, os quais induziram a Humanidade a 'espremer', de qualquer maneira e até a última


10 gota, a energia da natureza". Isso mediante o uso de "um modelo de desenvolvimento da atual civilização do desperdício, representado como um processo altamente dissipativo, que consome muitíssima energia para manter níveis de complexidade injustificados". Quando, numa integração sistemática no espaço-tempo, "não há sistemas isolados, pois todo sistema troca energia e matéria com os demais e, assim, cada sistema pode aumentar a sua energia interna às custas da energia dos outros". Secundado por Limburg et al. (2002, p.409-411; negrito e tradução livre do autor) na propensão à meta-estabilização do ecossistema Terra: É possível muitos sistemas serem ‘meta-estáveis’ e poderem submeter-se a transições rápidas para um novo estado de equilíbrio mas, o fato de o Ecossistema Terra se caracterizar por ser aberto e ter componentes (variáveis de estado) que interagem continuamente entre eles (fluxos de matéria, de energia ou de informação) e para dentro e para fora dos seus limites (fluxos de importações ou de exportações), permite que esse sistema ecológico, através de suas propriedades emergentes de resistência (que mede a inflexibilidade de um sistema a um distúrbio) e resiliência (que mede a rapidez de retorno de um sistema perturbado ao seu equilíbrio), tenha uma propensão para manter o estado de equilíbrio anterior.

E na interdependência funcional desse ecossistema Terra: "O complexo ecológico e o complexo econômico (em que a dinâmica do último afeta cada vez mais aquela do primeiro) são sistemas adaptáveis que compartilham muitas características (redes complexas de partes componentes ligadas por processos dinâmicos; contêm componentes bióticos e abióticos interativos, abertos a trocas através de suas fronteiras, cujos limites, que se expandem e se contraem, são um tanto arbitrários porque dependem de como são desenhados pelo observador) e que apresentam uma distinção importante (a percepção humana dá forma aos comportamentos humanos e esta percepção é expressa como valor em sistemas econômicos e outros sistemas sociais, enquanto, em termos ecológicos, os ecossistemas não têm sistemas de valor).

Ecossistema esse onde, para Morin (2000, passim), a sociedade humana evolui errando, entre a vida e a morte: O planeta Terra e, nele, a sociedade humana, resultaram de uma diáspora cósmica de organização e de religação, continuamente sujeita a forças de desorganização e de dispersão de diversas espécies, em ecossistemas onde as predações e devorações constituem a cadeia trófica de dupla face (física e conhecida): a da vida e a da morte. Entre essa vida e essa morte, o processo de evolução humana vai sendo feito mediante idéias e teorias humanas que apenas traduzem insignificante parte da realidade toda - e podem traduzir de maneira errônea.


11 Sociedade que Bocchi et al. (2004, p.4,17) dizem ser de seres humanos com origem na própria Natureza: A Ciência é uma tentativa racional de compreender esse mundo real, buscando a verdade e as leis que potencializam a ação humana consciente sobre o seu ambiente e sobre si mesmo [...] e o consenso científico é o de que a origem dos seres humanos é a própria Natureza e a sua evolução.

Natureza que, para o ser humano e segundo Morin (2000, p. 48-50), é um alinhamento imbricado de: um Universo "onde atuam, de modo complementar, concorrente e antagônico, a ordem, a desordem e a organização"; o planeta Terra que "erra em situação marginal, periférica"; e o conjunto de seres vivos de "identidade terrena física e biológica" que dependem "vitalmente da biosfera terrestre". Ser humano que, para Costa (in Zênite; grifos do autor), observa o espaço infinitamente grande fora dele, viajando no tempo: O espaço-tempo fora do ser humano pode ser observado ao se olhar para o céu numa viagem no tempo, pois, ao se ver uma estrela que está a mil anos-luz de distância, significa que a luz partiu desse astro há mil anos e essa estrela (que até pode não existir mais) é vista "agora" como era no "passado". Quando se olha para a galáxia de ANDRÔMEDA - localizada na constelação de mesmo nome e que é o "objeto" mais distante de todo o Universo que podemos ver a "olho nu", a dois milhões de anos-luz da Terra -, ao se ver aquela mancha esbranquiçada contra o fundo escuro do céu, está-se vendo aquela galáxia como ela era na época em que os primeiros hominídeos começaram a caminhar pela Terra.

E, adaptando de Zênite (passim), os olhos humanos fazem essa observação de forma limitada - com visão tridimensional do mundo que envolve a sociedade humana, não conseguem perceber a profundidade além de uma certa distância - mas, afortunadamente, o ser humano não dispõe apenas desses olhos para investigar a natureza e perceber esta...


12

Ser-Humano Para Morin (2000, p. 51-55), o ser humano é um

"ponto do

holograma" que traz na sua " singularidade não somente toda a humanidade e toda a vida, mas também quase todo o cosmos, incluindo seu mistério que, sem dúvida, jaz no fundo da natureza humana"; o seu conceito "tem duplo princípio; um princípio biofísico e um psico-sócio-cultural, um remetendo ao outro". Dessa forma, cada pessoa desenvolveu-se "além do mundo físico e vivo. É neste 'além' que tem lugar a plenitude da humanidade". Por isso, "o humano é um ser a um só tempo plenamente biológico e plenamente cultural, que traz em si a unidualidade originária - é o humano do humano". Isso, numa "tríade em circuito entre 'cérebro/mente/cultura' simultânea a "uma tríade 'bioantropológica' distinta numa relação triádica 'indivíduo/sociedade/espécie', em que as interações entre indivíduos produzem a sociedade, que testemunha o surgimento da cultura, e que retroage sobre os indivíduos pela cultura". Desse modo, "compreender o humano é compreender sua unidade na diversidade, sua diversidade na unidade". Nessa uni(di)versidade, conforme Marshall (1890, pp. 93 e 95), as necessidades e os desejos humanos "inúmeros e de várias espécies, geralmente, são limitados e suscetíveis de serem satisfeitos" e, "embora sejam essas necessidades que, nos primeiros estágios da civilização, provocam o desenvolvimento de sua atividade, nos estágios mais elevados", no entanto, "todo o progresso é devido a atividades novas que suscitam novas necessidades - não a novas necessidades que tenham suscitado novas atividades". Nessa

atividade

humana

para

satisfazer

suas

próprias

necessidades, Morin (2000, p. 57-60) observou que "o homem da racionalidade é também o da afetividade, do mito e do delírio ('demens'). O homem do trabalho é também o homem do jogo ('ludens')". Observou também que "o homem empírico é também o homem imaginário ('imaginarius'). O homem da economia é também o do consumismo ('consumans'). O homem prosaico é também o da poesia, isto é, do fervor, da participação, do amor, do


13 êxtase". Esse ser humano racional traz em si "multiplicidades interiores, personalidades virtuais, uma infinidade de personagens quiméricos, uma poliexistência no real e no imaginário, no sono e na vigília, na obediência e na transgressão, no ostensivo e no secreto, balbucios embrionários em suas cavidades e profundezas insondáveis". É o advento do homo complexus como "um ser racional e irracional, capaz de medida e desmedida; sujeito de afetividade intensa e instável", em que "na ruptura de controles racionais, culturais, materiais, há confusão entre o objetivo e o subjetivo, entre o real e o imaginário, quando há hegemonia de ilusões, excesso desencadeado, então o 'Homo demens' submete o 'Homo sapiens' e subordina a inteligência racional a serviço de seus monstros". Além destes dois homos, "por toda parte, uma atividade técnica, prática, intelectual testemunha a inteligência empíricoracional; em toda parte, festas, cerimônias, cultos com suas possessões, exaltações, desperdícios, 'consumismos', testemunham o 'Homo ludens, poeticus, consumans e imaginarius' ". Eventualmente por causa daquela preponderância do demens sobre o sapiens no 'Homo complexus', Dowbor (2011, p.1-7; negrito do autor) elenca 10 (dez) mandamentos que "já foram experimentados e estão sendo aplicados em diversas regiões do mundo, setores ou instâncias de atividade" e, portanto, "são iniciativas que deram certo, e cuja generalização, com as devidas adaptações e flexibilidade em função da diversidade planetária, é hoje viável". Mesmo não tendo "qualquer ilusão relativamente à distância entre a realidade política de hoje e esses mandamentos, estes dão um norte mais claro ajuda na construção de uma outra governança planetária, com implicações simultâneas e dimensões interativas". Estes são os "mandamentos" aos quais "se deverá obedecer": I – "Não comprarás os Representantes do Povo (Resgatar a dimensão pública do Estado)"; II – "Não Farás Contas erradas (As contas têm de refletir os objetivos que visamos)"; III – "Não Reduzirás o Próximo à Miséria (Algumas coisas não podem faltar a ninguém)";


14 IV – "Não Privarás Ninguém do Direito de Ganhar o seu Pão (Universalizar a garantia do emprego é viável)"; V – "Não Trabalharás Mais de Quarenta Horas (Podemos trabalhar menos, e trabalharemos todos, com tempo para fazermos mais coisas interessantes na vida)"; VI – "Não Viverás para o Dinheiro (A mudança de comportamento, de estilo de vida, não constitui um sacrifício, e sim um resgate do bom senso)"; VII – "Não Ganharás Dinheiro com o Dinheiro dos Outros (Racionalizar os sistemas de intermediação financeira é viável); VIII – "Não Tributarás Boas Iniciativas (A filosofia do imposto, de quem se cobra, e a quem se aloca, precisa ser revista)"; IX – "Não Privarás o Próximo do Direito ao Conhecimento (Travar o acesso ao conhecimento e às tecnologias sustentáveis não faz o mínimo sentido)"; X – "Não Controlarás a Palavra do Próximo (Democratizar a comunicação tornou-se essencial)".


15

Sociedade-Humana Em termos de problema teórico da ordem social humana, para Cohen (1976, pp. 34-35, 37-48, 145-163, 177, 178 e 258; ), "Embora as sociedades humanas desejem a ordem social para ter o progresso, a ordem social é problema teórico por quatro razões". Estas são: 1ª) "a ordem, em si mesma, é algo positivo e seus opostos só são concebidos nos termos dela" 2ª) "a própria idéia de sociedade humana pressupõe a ordem"; 3ª) "a existência da ordem social é problemática e não pode ser presumida"; 4ª) "a investigação do problema da ordem ilumina a natureza da desordem em seus vários aspectos". Continuando com Cohen (negrito do autor), a grande questão para aquele problema teórico é: "o que é que mantém unida uma sociedade?". E é essa pergunta que remete a esta outra questão: "o que faz a sociedade funcionar?". Por sua vez, esta última questão decompõe-se em outras tantas perguntas que levam a outros 7 problemas: 1º) "problema da participação (por que os membros de grupos e sistemas sociais continuam a participar deles?)"; 2º) "problema da coesão (por que as seções ou os segmentos de uma unidade social ou coletividade mantêm-se juntas?)"; 3º) "problema da solidariedade (por que os membros de um grupo social ou coletividade continuam a reconhecer-se como uma entidade, distinta de outras entidades semelhantes, e por que se acham preparados, sob certas condições, a agir como uma entidade?)"; 4º) "problema da submissão ou do comprometimento ou da conformidade ou do consenso (por que os participantes de um sistema social ou subsistema de uma sociedade aderem ou conformam-se às suas normas?); 5º) problema da mutualidade e, subsidiariamente, da cooperação (por que os diferentes atos dos homens nos sistemas sociais continuam a complementar-se, reciprocar-se, apoiar-se ou corresponder-se mutuamente?);


16 6º) problema da interdependência funcional ou da integração de sistemas (como é que diferentes conjuntos de atividades, a ocorrerem dentro de uma sociedade ou subsistema de uma sociedade, não se obstruem mutuamente e podem mesmo chegar a prestar apoio uns aos outros?); 7º) problema da persistência ou continuidade social (como e por que razão alguns sistemas ou partes de sistema duram mais que outros?). Além desses problemas/questões na/da sociedade humana moderna, ainda para Cohen (negrito do autor), nela "coexistem e interagem quatro fatores que explicam a sua ordem social". Esses fatores coexistentes e interativos são estes: 1º) "a coerção física ou simbólica ou moral"; 2º) "os interesses concorrentes e conflitantes entre a maioria dos indivíduos e grupos minoritários"; 3º) "os valores predominantemente morais, mas também técnicos e estéticos"; 4º) "a inércia ou elemento de continuidade ou persistência na vida social". Cohen (negrito do autor) tentou "estabelecer um debate continuado referente à natureza da ação social, dos sistemas sociais e da mudança social, bem como da relação entre eles" e tentou também "demonstrar que certas idéias, que se derivam de um determinado número de autores diferentes, alguns vivos e outros mortos, podem representar um papel no aperfeiçoamento de certos problemas e na demonstração da maneira pela qual eles podem ser solucionados". E Cohen finaliza: "Quando essas soluções forem encontradas, se o forem, teremos oportunidade de examinar as 'suas' fraquezas". Em termos de integração e interdependência humanas: Para Morin (2000, p. 51 e 85; negrito do autor), a sociedade humana é "um processo de complexificação social durante o qual aparece a linguagem


17 propriamente humana, ao mesmo tempo que se constitui a cultura, capital adquirido de saberes, de fazeres, de crenças e mitos transmitidos de geração em geração". Nesse processo, "importa não ser realista no sentido trivial (adaptar-se ao imediato), nem irrealista no sentido trivial (subtrair-se às limitações da realidade); importa ser realista no sentido complexo: compreender a incerteza do real, saber que há algo possível ainda invisível no real". No entanto, conforme Conceição e Conceição (2008, p.10; negrito do autor), "os indivíduos, ao decidirem viver coletivamente em um país, estabelecem um pacto social". Nesse pacto social, eles "alienam parte de sua liberdade ao Estado que, legitimamente, regulará as relações entre as pessoas". Legitimado por esse pacto, "o Estado, munido desta autorização, deverá por em prática ações que visem o bem estar da população em geral, garantindo uma razoável qualidade de vida a todos". Tendo esse pacto como instrumento antrópico consubstanciado modernamente em Carta Magna ou Constituição, "esses indivíduos pretendem uma ordem social para ter o seu próprio progresso". Ou seja, "parte da liberdade individual é trocada por ordem social visando ao progresso individual com auxílio de outros indivíduos do mesmo coletivo". Em termos de (des)envolvimento

da humanidade, Boulding (1945,

apud SILK, p.204-205; negrito do autor), já então afirmava que "o desenvolvimento da humanidade chegou a um ponto em que a sua escolha é o amor e a única base (frágil) da organização funcional humana, sobre a qual o futuro do ser humano deve ser construído, é a do interesse comum e da necessidade comum; mas, é necessário criar um ambiente moral e orgânico em que organizações que não estão atendendo às necessidades do ser humano nem estão reparando erros não sobreviverão na competição com organizações recursivas que atendem a essas necessidades ou reparem tais erros".


18 Em termos de loucura humana: Lafargue1 (escrevendo num presídio francês, em 1883), dizia que "uma estranha loucura se apossou das classes operárias das nações onde reina a civilização capitalista", trazendo consigo "misérias individuais e sociais que torturam a triste humanidade". Essa loucura é "o amor ao trabalho". Em termos de maldade humana: Phil Zimbardo (apud Araújo, 2010; negrito do autor) evidencia a maldade como "o exercício de poder para intencionalmente infligir a alguém um mal psicológico ou físico" e identifica os 7 (sete) processos sociais capazes de fazer uma pessoa mais suscetível cometer algum tipo de maldade ou pessoas boas cometerem atos cruéis, no que chamou de Efeito Lúcifer: 1º) "dar o primeiro pequeno passo sem pensar (normalmente algo quase insignificante, mas que abre as portas para abusos cada vez maiores e que, quando aumentado pouco a pouco, não se percebe o resultado final como um choque de 15 volts)"; 2º) "desumanização do outro (é mais fácil fazer mal a alguém quando não se vê ou não se sabe quem é essa vítima)"; 3º) "desumanização própria (quando se está anônimo numa multidão, sua maldade é diluída entre os demais)"; 4º) "difusão da responsabilidade pessoal ou diluição da culpa (quando um criminoso é linchado, a culpa é da multidão e não dos socos e pontapés individuais)"; 5º) "obediência cega à autoridade (a autoridade também funciona como pára-raios para atribuição de culpa de quem apenas executa ordens)"; 6º) "adesão passiva às normas do grupo (odiar a torcida adversária faz parte do ritual de vestir o uniforme do time - mesmo que um irmão esteja do outro lado da arquibancada)";

1

LCC Publicações Eletrônicas. Disponivel em: http://ateus.net/ebooks/geral/lafargue_direito_a_preguica.pdf (p.2)


19 7º) "tolerância passiva à maldade através da inatividade ou indiferença (muitas vezes o indivíduo não é o responsável direto pela maldade mas permite, inabalável, que ela seja praticada)".


20

Tecnologia-Social Conceito crítico de tecnologia social: Para Bocayuva Cunha e Varanda (2009, p.11 e 115), o marco teóricoconceitual da Tecnologia Social é "o desenvolvimento de produtos, técnicas e metodologias reaplicáveis a partir de diferentes formas de interação com as comunidades

e

que

representem

soluções

para

a

diminuição

das

desigualdades sociais". Esse marco articula "um conjunto de iniciativas e tem como perspectiva atuar sob um enfoque crítico da tecnologia, buscando formar um bloco social e técnico capaz de apoiar uma nova forma de pensar a dinâmica social e produtiva". É necessária "a construção de uma nova forma de organização produtiva e social [...] em outras palavras, a construção de uma nova tecnologia, voltada não para a reprodução do sistema, mas para a sua transformação". Integração científica: Em meados do século passado, Mises (1949, p.873), a respeito da filosofia e da economia, disse: "aqui não há nada que um rotinista possa alcançar de acordo com um padrão mais ou menos estereotipado. Não há tarefas que requeiram o esforço consciente e diligente de monografistas persistentes. Não há pesquisa empírica; tudo deve ser alcançado pelo poder de refletir, meditar, e raciocinar". Ou seja, "não há especialização, porquanto todos os problemas estão conectados uns com os outros". Assim: Ao lidar com qualquer parte do corpo do conhecimento lida-se realmente com o todo. Um eminente historiador uma vez descrita a significância psicológica e educacional da tese de doutorado ao declarar isso dá ao autor a orgulhosa segurança de que há um cantinho, embora pequeno, no campo do aprendizado no conhecimento do qual ele é segundo para nada.

Porém, "é óbvio que este efeito não pode ser entendido por uma tese num assunto de análise econômica. Não existem tais cantos isolados no complexo do pensamento econômico". Mises (negrito do autor) acrescentou também que "nunca viveu ao mesmo tempo mais que um número de homens cujo trabalho contribuiu alguma coisa essencial para a


21 economia". E conclui inapelavelmente: "o número de homens criativos é tão pequeno em economia como o é em outros campos do ensino". E Boulding (1950, apud SILK, 1978, p.198), acreditava "estar nos umbrais de uma nova tentativa de integração da ciência em geral e das ciências sociais em particular". Ele "não desanimava perante os fracassos ocorridos até então com anteriores tentativas semelhantes (spencerianos, marxistas e institucionalistas, que integraram erros especializados em generalidades falsas)". Ele cria que "essa integração estava vindo claramente, não pela construção de uma enorme e frágil superdisciplina, mas pela aproximação de todas as disciplinas especializadas, umas das outras". Ainda a esse respeito, Morin (2000, p. 42, 54, 55 e 87; negrito do autor) é taxativo: "a economia, que é a ciência social matematicamente mais avançada, é também a ciência social humanamente mais atrasada, já que se abstraiu das condições sociais, históricas, políticas, psicológicas, ecológicas inseparáveis das atividades econômicas". Produção humana: Ainda para Mises (1949, p.142; negrito do autor), "as 'forças produtivas' não são materiais" pois "a produção é um fenômeno espiritual, intelectual e ideológico". Ou seja, a produção humana "é o método que o homem, direcionado pela razão, emprega para a melhor eliminação possível de dificuldades". Assim, "a produção é a alteração do que existe de acordo com os desenhos da razão. Dessa forma, "o homem produz pela força da razão" pois "ele escolhe os fins e emprega os meios para atingi-los". Portanto, "o dito popular segundo o qual a economia lida com as condições materiais da vida humana é inteiramente errada (sic)". Como "a ação humana é uma manifestação da mente", é nesse sentido que "a praxeologia pode ser chamada de ciência moral". Segundo Lafargue (1883, p.19), "na América, a máquina invadiu todos os ramos da produção agrícola, desde o fabrico da manteiga até à sacha dos


22 trigos" porque "o Americano, livre e preguiçoso, preferiria morrer mil vezes a ter a vida bovina do camponês francês". A lavra era "no Oeste americano, um agradável passatempo ao ar livre que se pratica sentado, fumando descuidadamente o seu cachimbo". Ao contrário, a lavra era "tão penosa na nossa gloriosa França, tão rica de aguamentos". Regulação da Produção: Hicks (1972, p. 159-160)

consegue captar esta transformação: "A

REVOLUÇÃO ADMINISTRATIVA NO GOVERNO". Sua data crucial é a da Primeira Grande Guerra (1914-1918)". E afirma 'quase' porque "antes dessa guerra houve desenvolvimentos que a prognosticaram; a Companhia de Responsabilidade Limitada e o início dos Bancos Centrais estão entre os mais significativos". Porém, "foi durante essa guerra que o governo descobriu - para seu próprio espanto e, por vezes, desalento - a intensidade de poder econômico, de poder sobre seu próprio povo, que tinha nas mãos". Esse abuso de poder e abuso de confiança dos GOVERNOS de Estados ditos Democráticos, conduziu a "novas técnicas, assim como as organizações que as abrangiam, poderiam ser aplicadas de várias formas e com diversas finalidades". Por sua vez, a utilização dessas novas técnicas "poderia ser feita de maneira nova para obtenção de objetivos sociais - 'bem-estar' - e que anteriormente ficavam em plano inacessível". Mas, além disso, essas novas técnicas "também continuariam a ter utilidade nos moldes tradicionais para a regulamentação do comércio e atividades econômicas em geral, e sempre no 'interesse nacional' ". Conceição e Conceição (2008, pp. 5, 6 e 10) vai mais longe e afirma que "aceita-se hoje que é fundamental o estabelecimento de mecanismos de regulação do mercado, desde o processo de organização da produção, da distribuição, circulação e do consumo". Portanto, a atividade produtiva "organizará os fatores de produção – terra, trabalho e capital – e os resultados serão consumidos pela sociedade". Paralelamente, qualquer atividade econômica "implica na existência de inúmeras relações jurídicas entre os agentes econômicos e a sociedade em geral". E essas relações jurídicas "vão


23 desde a interação dos agentes econômicos entre si, como as redes de contatos que

estes

estabelecem

com

os

seus

fornecedores,

consumidores,

empregados, Governos e outros". Porém, Galbraith (1967, p.55; negrito do autor) adverte que "o poder passou, na verdade, para aquilo que as pessoas em busca de novidade teriam razão de chamar um novo fator de produção". Esse novo fator de produção "é a associação de homens de experiência e talentos diversos, cuja colaboração é exigida pela tecnologia e planejamento industriais modernos". E "é da eficiência dessa organização, como o admite implicitamente a doutrina comercial, que depende hoje o êxito da moderna empresa". Métodos e Técnicas: O método socrático consiste num discurso caracterizado pela maiêutica (levar ou induzir uma pessoa, por ela própria, ou seja, por seu próprio raciocínio, ao conhecimento ou à solução de sua dúvida) e pela ironia, levava o seu interlocutor a entrar em contradição, tentando depois levá-lo a chegar à conclusão de que o seu conhecimento é limitado. É o método do “conhece-te a ti mesmo” (pedra-angular) e “só sei que nada sei” (expressão usada por Sócrates quando um oráculo do Templo de Apolo em Delfos, na Antiga Grécia, o teria proclamado o homem mais sábio na Grécia). (SÓCRATES apud PLATÃO - filósofos gregos) “Com a evolução da auto-consciência no homem, o processo evolucionário tornou-se, pelo menos em parte, teleológico, isto é, dirigido por uma imagem do futuro na mente dos participantes ativos, capazes de influir sobre o sistema.” (BOULDING ,1965, p. 30-42 apud SILK, 1978, p. 214; negrito do autor) Dowbor (2010, p. 55 e 95; negrito do autor), a respeito das mesmas tecnologias que favorecem a globalização, diz que elas "podem favorecer os espaços locais, as dimensões participativas, uma conectividade democrática".


24 Ou seja, tais tecnologias "tornam viável uma rede mais ampla e mais horizontal, com cada localidade recuperando a sua importância ao cruzar a especificidade dos interesses locais com o potencial da colaboração planetária". É uma forma possível de "apropriação local do potencial de conectividade que representa uma dinâmica de democratização". Todavia, a mudança nas tecnologias da informação e da comunicação que permite essa apropriação "está articulada com mudanças tecnológicas mais amplas, que estão elevando o conteúdo de conhecimento de todos os processos produtivos, e reduzindo o peso relativo dos insumos materiais que outrora constituíam o fator principal de produção". Logo, "o que está despontando com cada vez mais força, é que somos condenados, se quisermos sobreviver, a desenvolver formas inteligentes de articulação entre os diversos objetivos econômicos, sociais, ambientais e culturais, e consequentemente formas inteligentes de colaboração entre os diversos atores que participam da construção social destes objetivos". Em suma, "o deslocamento sísmico consiste na gradual substituição do paradigma da

competição pelo

paradigma da colaboração". Tendo apenas como pano de fundo o paradigma da "competição", para o Instituto (2007b, p. "v"; negrito do autor) "até pouco tempo atrás, a competitividade era baseada em duas grandes vertentes: preço e qualidade". Contudo, "atualmente, o mercado está incorporando um novo fator de competitividade: a qualidade das relações". Estas são "relações éticas e transparentes que adicionam valor para todas a partes envolvidas". Estas, "para diálogo franco e justo com todos aqueles que participam do cotidiano do seu negócio, ou seja, seus empregados, fornecedores, clientes, concorrentes, autoridades de sua cidade, de seu Estado e de seu país, os vizinhos de sua empresa etc". Dessa maneira, "todos saberão o que podem e devem esperar da sua empresa, bem como o que a sua empresa espera de cada um, em termos de relacionamento e atuação". Tendo apenas como pano de fundo o paradigma da "colaboração" e voltando a Dowbor (2010, pp. 99, 114 e 119; negrito do autor): "cada cidade com o seu entorno passa a constituir uma unidade de acumulação


25 econômica que será mais ou menos produtiva, como sistema, segundo consiga ou não organizar-se num espaço colaborativo e coerente dentro do seu território e na região onde está situada". Nesse espaço-tempo, em três eixos, "a democracia propriamente econômica se manifesta na qualidade da inserção no processo produtivo, no acesso equilibrado aos resultados do esforço, e no acesso à informação que assegure o direito às opções". Particularmente: O terceiro eixo é o 'acesso à informação e ao conhecimento'. Isto está evidentemente vinculado à existência da imensa massa de pobres do planeta, que não têm acesso à educação suficiente, à informação efetiva, ao conhecimento tecnológico, ao conjunto dos instrumentos mínimos que possam constituir o que chamaríamos de uma precária escada para subir na vida".

Tendo como pano de fundo aquele paradigma da "competição" metamorfoseado neste paradigma da "colaboração", Santos (2010, slide 3) mostrou que "a aplicabilidade da logística é amplamente empregada em vários processos. Desde os meios produtivos até os processos de distribuição e transporte. Resultando em vários conceitos ou definições". Perante essa tamanha diversidade de tecnologia social antrópica para contornar seu heterotrofismo natural, a LOGÍSTICA pode ser conceituada como: Função sistêmica de otimização do fluxo de matérias-primas, produtos e informações de uma organização"; "fazer chegar o produto certo no lugar certo na hora certa com a qualidade assegurada e ao menor custo, ou seja, disponibilizar os bens nos mercados e pontos de consumo com a máxima eficiência, rapidez e qualidade, com os custos conhecidos e controlados; e "conjunto de atividades direcionadas a agregar valor, otimizando o fluxo de materiais, desde a fonte produtora até o distribuidor final, garantindo o suprimento na quantidade certa, de maneira adequada, assegurando sua integridade, a um custo razoável, no menor tempo possível, atendendo às necessidades do cliente.

Levantando

a

bandeira

republicana

das

democracias

ditas

modernas como tecnologia de integração social (nacional), buscou-se, como exemplo, a única bandeira ocidental que tem dizeres nela: a atual bandeira do Brasil. Para que ela vingasse então, Mendes (1889; negrito do autor), publicou a exposição de motivos do projeto dela, cujo documento recebeu o nome de "Apreciação Filosófica". Nessa apreciação, destacam-se aqui: "a legenda era mais extensa do que ORDEM E PROGRESSO", qual seja, a fórmula máxima do POSITIVISMO "o AMOR por princípio e a ORDEM por


26 base; o PROGRESSO por fim"; e "aspira a fundar uma pátria de verdadeiros irmãos, dando à Ordem e ao Progresso todas as garantias que a história nos demonstra serem necessárias à sua permanente harmonia". Tendo arvorado a bandeira da nave "Brasil", na sua epopéia terrena, cumpre buscar uma tecnologia social que facilite uma navegação mais segura e controlada dessa nave. Essa tecnologia é apontada por Miguens (2000, Vol.III, Cap.36, p. 1309, 1311 e 1317-1318) mediante SISTEMAS HIPERBÓLICOS DE NAVEGAÇÃO, em que "a navegação hiperbólica utiliza o método de medida da diferença de distâncias a determinados pontos (estações do sistema) para obtenção das linhas de posição (LDP) que definem a posição do navio". Esses sistemas eletrônicos de posicionamento baseados em terra (“land based positioning systems”) "podem utilizar o método hiperbólico para determinação das LDP, por diferença de fase ou por diferença de tempo". Quando "a diferença constante das distâncias é pequena, a hipérbole se localiza próximo à mediatriz e é bastante aberta". Mas, "ao contrário, quando a diferença constante das distâncias cresce, os ramos da hipérbole se aproximam dos focos e a curvatura aumenta". Na hipérbole, "a mediatriz corresponde a uma diferença de distâncias constante igual a zero" e a compreensão do traçado e das propriedades dela "auxiliam o entendimento dos princípios em que se baseia a navegação hiperbólica". Em termos de HIPÉRBOLE DE POSIÇÃO o conceito é de "lugar geométrico das posições do observador onde o intervalo de tempo entre a recepção de sinais rádio transmitidos simultaneamente por duas estações fixas é constante". No que tange a precisão de uma linha de posição (LDP) hiperbólica, ela "é tanto maior quanto menor for a largura do corredor (espaçamento entre duas hipérboles consecutivas traçadas na carta)" e "para qualquer padrão hiperbólico, os corredores se estreitam mais sobre a linha base". Conseqüentemente: por um lado, é sobre essa linha base "que se dá o máximo de precisão"; e, por outro lado, é "no prolongamento da linha base e nas suas vizinhanças que se situam as áreas de menor precisão, de modo que, geralmente, estas regiões do padrão hiperbólico são evitadas". É por isso que, "na prática, são utilizados apenas 2 setores do padrão, com 120º cada um, para cada lado da linha base".


27 Complementarmente, como hierarquia de comando nessa navegação, houve necessidade de refúgio teórico no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio do Brasil, segundo o qual a Árvore Hiperbólica é uma "ferramenta baseada em navegação hiperbólica para minimizar a navegação desnecessária

e

possibilitar

ao

usuário

acessar

a

informação

mais

rapidamente, com o máximo de informações". Essa árvore, também intitulada de Árvore do Conhecimento, "se apresenta, graficamente, na forma de uma hipérbole cujo centro representa a informação desejada e de onde partem eixos radiais em direção aos nós, de onde, por sua vez, partem novos eixos e assim por diante". Portanto, tal árvore é formada "por uma rede de nós que contêm

informações

que

se

desdobram

em

suas

componentes

hierarquicamente dependentes, representadas por seus nós filhos". Em que a "inclusão de conteúdo em cada nó da árvore incluindo os textos principais propriamente

ditos,

e

todo

conjunto

de

informações

adicionais

e

complementares, na forma de arquivos de texto, podem ser consultados na íntegra ¾ imagens, mapas, vídeos, sons, banco de dados, entre outros". Suplementarmente, encontraram-se em Lira (2008, p. 31-42, 44 e 45; adaptado pelo autor) estas TÉCNICAS SOCIAIS para definir objetivos estratégicos e específicos de desenvolvimento local: identificar e analisar problemas mediante uma Árvore de Problemas (causas e efeitos) à qual se acoplou a Matriz de VESTER (posicionamento do problema principal) e um Marco Lógico (re-arranjo de causas e efeitos); e identificar e analisar objetivos através de uma Árvore de Objetivos (meios e fins) à qual se acoplou a Matriz SWOT ou FOFA (Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças), outro Marco Lógico (re-arranjo de meios e fins) e uma Lógica de Intervenção (seleção de objetivo geral e respectivos objetivos específicos, formulando uma estratégia - um conjunto de orientações prioritárias que estabelecerão o caminho escolhido para alcançar aquele objetivo). Particularmente, a MATRIZ DE VESTER, segundo Rodríguez V. (2008. p. 32-36; negrito do autor), foi desenvolvida pelo alemão Frederic Vester (1983) como "uma técnica que facilita a identificação e determinação das causas e conseqüências de uma situação problema", em que "uma boa


28 identificação de problemas garante a formulação de objetivos, de forma clara e precisa, e por sua vez, facilita o planejamento de alternativas para atingi-los". Essa identificação de problemas tem dois elementos: "1. Identificar e analisar os aspectos envolvidos. 2. Estudar as inter-relações existentes entre eles, para ajudar na determinação das relações de causalidade que permitam explicar, em essência, o problema". Os problemas são classificados em: "Problemas Críticos - seu valor em total de ativos e total de passivos é alto, são problemas que apresentam muitas causas e conseqüências (de seu manejo e intervenção, dependem os resultados finais)"; "Problemas Passivos - são aqueles que apresentam um total passivo alto e um total ativo baixo, o que significa que têm pouca influência causal (utilizam-se como indicadores de mudança e de eficiência da intervenção de problemas ativos)"; "Problemas Indiferentes - têm total de ativos e total de passivos de baixo valor, de baixa influência causal, não são originados pela maioria dos demais (são de baixa prioridade dentro do sistema analisado)". "Problemas Ativos - com um valor em total ativos alto e em total passivos baixo, são de alta influência causal sobre a maioria dos restantes, mas não são causados por outros (são chaves, por serem causa primaria do problema central, por isso, requerem atenção e manejo crucial)". Mais particularmente, voltando a Lira (2008, p. 45, adaptado pelo autor), a ESTRATÉGIA deve ser formulada procurando: 1) identificar potencialidades para "aproveitar as oportunidades e as fortalezas"; 2) aceitar desafios para "superar as fraquezas aproveitando as oportunidades"; 3) correr riscos para "superar as ameaças aproveitando as fortalezas"; e 4) identificar limitações para "neutralizar as ameaças". Cultura humana: "O duplo fenômeno da unidade e da diversidade das culturas é crucial", pois "a cultura mantém a identidade humana naquilo que tem de específico; as culturas mantêm as identidades sociais naquilo que têm de específico". Por um lado, "as culturas são aparentemente fechadas em si mesmas para salvaguardar sua identidade singular". Por outro lado, "na realidade, são


29 também abertas: integram nelas não somente os saberes e técnicas, mas também idéias, costumes, alimentos, indivíduos vindos de fora". Desse modo, "as assimilações de uma cultura a outra são enriquecedoras. Verificam-se também mestiçagens culturais bem-sucedidas". (MORIN, 2000, p.57) Contudo, "o novo saber, por não ter sido religado, não é assimilado nem integrado" e, por isso, "paradoxalmente assiste-se ao agravamento da ignorância do todo, enquanto avança o conhecimento das partes". (MORIN, 2000, p.48; negrito do autor) Além disso, "o problema dos humanos é beneficiar-se das técnicas, mas não submeter-se a elas". (MORIN, 2000, p.43; negrito do autor) Sustentabilidade: Em termos de serviços naturais, Limburg et al. (2002, p.410; negrito do autor), dizem que: “o reconhecer os serviços do ecossistema e o valor fornecido aos seres humanos (como uma de talvez 30 milhões de espécies no planeta), os economistas ecológicos devem desenvolver indicadores de valor que possam ser usados em processos de decisão”. Enquanto isso, no auge da globalização das partes, Morin (2000, p. 73 e 106) pensa que "todas as aspirações que nutriram as grandes esperanças revolucionárias do século XX, mas que foram frustradas, poderão renascer na forma de nova busca de solidariedade e de responsabilidade". Ele espera que: "a necessidade de volta às raízes, que mobiliza hoje fragmentos dispersos da humanidade e provoca a vontade de assumir identidades étnicas ou nacionais, possa aprofundar-se e ampliar-se, sem negar-se a si mesmas, nesta volta às raízes, ao seio da identidade humana de cidadãos da Terra-pátria"; "uma política a serviço do ser humano, inseparável da política de civilização, que abrirá o caminho para civilizar a Terra como casa e jardim comuns da humanidade". Morin alerta que "todas essas correntes prometem intensificarse e ampliar-se ao longo do século XXI e constituir múltiplos focos de transformação, mas a verdadeira transformação só poderia ocorrer com a inter-


30 transformação de todos, operando assim uma transformação global, que retroagiria sobre as transformações individuais". Essa inter-transformação de todos consubstanciará a ética do futuro ou ANTROPO-ÉTICA que supõe: "a decisão

consciente

e

esclarecida

de:

assumir

a

condição

humana

'indivíduo/sociedade/espécie' na complexidade do nosso ser"; "alcançar a humanidade em nós mesmos, em nossa consciência pessoal"; e "assumir o destino humano em suas antinomias e plenitude". Essa antropo-ética instruinos a assumir "A MISSÃO ANTROPOLÓGICA DO MILÊNIO" e: "trabalhar para a humanização da humanidade"; "efetuar a dupla pilotagem do planeta: obedecer à vida, guiar a vida"; "alcançar a unidade planetária na diversidade"; "respeitar no outro, ao mesmo tempo, a diferença e a identidade quanto a si mesmo"; "desenvolver a ética da solidariedade"; "desenvolver a ética da compreensão"; "ensinar a ética do gênero humano". Redes Tecnológicas: Para Bocayuva Cunha e Varanda (2009, p.11; negrito do autor), "a construção da Rede de Tecnologia Social (RTS) no Brasil pretende ser um marco para a reformulação e complexificação da política nacional de Ciência e Tecnologia (C&T)". o Instituto Ethos (2011, Internet 2; 2007b, p. 6) apresenta o seu Programa Rede Empresarial pela Sustentabilidade "que tem como objetivo levar o movimento de Responsabilidade Social Empresarial para todo o Brasil", em sua missão de "contribuir para internalização de valores e práticas na cultura de gestão e processos gerenciais, que propiciem a contribuição para uma sociedade sustentável e justa". E apresenta também o seu Programa TEAR - Tecendo Redes Sustentáveis que "tem como principais objetivos aumentar a competitividade e a sustentabilidade das pequenas e médias empresas (PMEs) e ampliar suas

2

Inserido de http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/pt/1232/o_instituto_ethos/o_que_fazemos/programas_e_pr ojetos/itens/rede_empresarial_pela_sustentabilidade.aspx


31 oportunidades de mercado, contribuindo assim para o desenvolvimento do país".

Neste programa, busca "realizar esses objetivos pela adoção de

medidas de responsabilidade social empresarial (RSE) em PMEs que atuam na cadeia de valor de empresas estratégicas em sete setores da economia: açúcar e álcool; construção civil; energia elétrica; mineração; petróleo e gás; siderurgia; e varejo".


32

Economia-Humana História econômica: Hicks (1972, p. 9 ; 1978, p. 193) afirma que: Freqüentemente a História Econômica é apresentada, e adequadamente, como um processo de especialização, mas isso não se dá apenas dentro das atividades econômicas, é também uma especialização das atividades econômicas - ou daquilo que se está tornando atividade econômica - em relação a atividades de outro tipo. Isso é uma especialização que ainda não está completa e que nunca se completará.

Economia como Ciência: Henderson (1981, apud WINNER, 1981) protestava que “os conceitos da economia financeira desconsideram a significância dos meios de produção 'informais', nunca os destacando em contabilidades monetárias". Isso "apesar deles constituírem uma parte substancial de toda a produtividade real da sociedade nos bons e maus tempos”. Mais recentemente, Lopes (2006, pp. 9 e 20; negrito do autor) lembrando que se encontrou no crescimento "um exemplo da tendência da Economia para se isolar da realidade política e social, assim distorcendo os problemas", reverberava: Aceita-se, no discurso, que a Economia é uma Ciência Social, porém, quase sempre, não se colocam os problemas como aspectos econômicos do fenômeno social - que são -, mas como se houvesse isoladamente fenômenos econômicos; quando é certo que, ao procurarmos as causas mais relevantes dos problemas ditos econômicos, muito poucas delas serão da Economia propriamente dita. (negrito do autor)

E rematava frontalmente: Quando se faz um exercício daquela natureza, detectam-se estas CAUSAS PRINCIPAIS DOS PROBLEMAS DA ECONOMIA: 1) o déficit de qualificação dos recursos humanos; 2) o déficit processual da Justiça; 3) a burocracia; 4) o centralismo e peso do Estado.

E

Oliveira

(2010,

pp.

77-78),

apontava

para

a

ECONOMIA

TRADICIONAL que "ignorou sempre o aspecto não-monetário", sugerindo então que a ECONOMIA MODERNA "precisa equacionar essa pendência, de


33 forma urgente". Assim, a CIÊNCIA ECONÔMICA "precisa, em certo momento, remar contra a maré e abandonar o pragmatismo acadêmico, ressaltando aos estudantes, nos cursos superiores, essa premissa (a da necessidade de mudanças) que aqui me parece básica e fundamental". Enquanto que Dowbor (2010, p. 15), remetia para "métodos" e afirmava que "a economia é um meio, que deve servir para o desenvolvimento equilibrado da humanidade, ajudando-nos, como ciência, a selecionar as soluções mais positivas, a evitar os impasses mais perigosos". Teorias da Economia: No início do século passado, Pareto (1909. In “Os Economistas”, 1984, v.I, p.85) já dizia que “as teorias da antiga Economia eram necessárias para se chegar às teorias novas" e "estas, sempre muito imperfeitas, servir-nos-ão para chegar a outras que o serão menos, e assim por diante”. Nas duas últimas décadas desse século, Winner (1981, passim; negrito do autor) dizia que "depois de décadas, nas quais as fórmulas Keynesianas foram aplicadas à política pública, tal aproximação (keynesiana) tem caído numa quase vergonhosa falta de credibilidade - pois "controlar uma economia pela manipulação da ‘demanda agregada’ parece não resultar mais". Ao mesmo tempo que "defensores do recentemente ressuscitado ‘lado da oferta' da economia neoclássica decidiram restaurar a fé no 'mercado livre', uma instituição econômica que há muito tempo os historiadores descartaram por não ser baseada em fatos". E, para ele, portanto, "nenhuma dessas escolas de pensamento, predominantes, tem remédios capazes para as doenças da economia mundial ou local". Em termos do fenômeno econômico, Robinson (1979, p. 3) apud Lopes (2006, pp. 1 e 9) diz que "não há fenômenos econômicos, mas tão só aspectos econômicos no fenômeno social e, portanto, toda a pretensão de objetividade que leve a destacar os aspectos econômicos da vida humana do seu contexto político e social distorce os problemas que tem de discutir em vez de os tornar mais claros". Além disso,

exemplifica de forma marcante a

tendência na discussão do desenvolvimento para "o hábito da concentração


34 no conceito de Produto Nacional Bruto, que é uma medida do fluxo da produção, num país específico, de bens e serviços físicos transacionáveis, calculados a preços de mercado". E indaga: "que significado tem o cálculo da grandeza do fluxo da produção física sem ter em conta as suas condições de produção ou a distribuição entre as pessoas envolvidas?". Alegando que "o problema da distribuição do rendimento e da riqueza entre as famílias de uma nação situa-se no cerne da confusão moral que está na base das doutrinas ocidentais modernas". A respeito do lucro, Leontief (1973 apud SILK, 1978, p.157) é taxativo: “em nosso sistema de livre empresa, o motivo do lucro é o vento que impele o veleiro. Mas para mantê-lo no rumo escolhido, temos de usar um leme”. Pondo em causa a validade das premissas e mitos liberais, Conceição e Conceição (2008, pp. 3 e 5) diz que "a premissa da existência de um mercado concorrencial formado por pequenos produtores independentes é apontada como uma premissa falsa, uma falácia, pois, hoje, praticamente todos os setores econômicos são liderados e controlados por grandes grupos econômicos oligopolistas".

Dessa maneira, este é o mito da eficácia do

funcionamento do livre mercado:

→ Concorrência para atrair consumidores → Busca constante pela eficiência na

Mercado livre de restrição para aumentar lucros produção

Melhoria da qualidade; aumento da produtividade;

redução de custos

Redução de preço; aumento da produção;

geração de emprego e renda → Maximização do bem-estar econômico e social de toda a sociedade.

Nesta ideologia liberal "a interferência do Estado é tolerada apenas em áreas nas quais a iniciativa privada, por motivos diversos (como a possibilidade de sua autodestruição), tem dificuldades para atuar, tais como a defesa externa, a Justiça (que teria a função, entre outras, de proteger a propriedade privada e a garantia do cumprimento dos contratos) e a preservação da ordem interna por meio do poder de coerção policial". Particularmente, a teoria dos jogos (de von Neumann) "indica-nos que, além do duelo entre dois atores racionais, não se pode decidir com


35 segurança a melhor estratégia". Ora, "os jogos da vida raramente comportam dois atores e, ainda mais raramente, atores racionais". Aliás, "no nível antropológico, a sociedade vive para o indivíduo, o qual vive para a sociedade; a sociedade e o indivíduo vivem para a espécie, que vive para o indivíduo e para a sociedade". Em conseqüência disso, "cada um desses termos é ao mesmo tempo meio e fim", em que "a cultura e a sociedade garantem a realização dos indivíduos, e são as interações entre indivíduos que permitem a perpetuação da cultura e a auto-organização da sociedade". Isto é, nessa tríade indivíduo/sociedade/espécie: A complexidade humana não poderia ser compreendida dissociada dos elementos que a constituem: todo desenvolvimento verdadeiramente humano significa o desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias e do sentimento de pertencer à espécie humana.

Evidenciando a teoria econômica da firma,

Estela Barbot (in

ANTUNES, et al. 2006, p. 20) ressalta que "o objectivo das empresas é maximizar o lucro, no longo prazo".

E acrescenta que isso "faz particular

diferença quando falamos em ética na gestão ou ética empresarial". Porque, "se, para as empresas, obter lucro de curto prazo de forma ética é uma questão de escolha, numa perspectiva de longo prazo é uma questão de sobrevivência". Tomando como exemplo um jogo de tabuleiro, jogado a dois: "se eu tenho só uma jogada para fazer (curto prazo) não estou preocupado com as consequências que a minha jogada vai ter no outro jogador (leia-se: colaboradores, accionistas, fornecedores, clientes, Estado)"; ao contrário, "se o jogo incluir mais jogadas (longo prazo), eu sei que todas as minhas acções vão condicionar o outro jogador, e vão também condicionar-me a mim própria, porque o que eu fizer terá um efeito 'boomerang' sob a forma de resposta do meu adversário". Por conseguinte, "o jogo repetido permite (mais, obriga a) comportamentos diferentes dos jogos sem repetição, e as instituições que suportam a maximização de longo prazo por parte das empresas também não podem ser as mesmas". Integrando a dimensão econômica à multidimensionalidade humana complexa, Morin (2000, pp. 35, 38 e 67; negrito do autor) destaca das unidades complexas, o ser humano ou a sociedade, em que "o ser humano é


36 ao mesmo tempo biológico, psíquico, social, afetivo e racional. A sociedade comporta as dimensões histórica, econômica, sociológica, religiosa". Em que, "não apenas não se poderia isolar uma parte do todo, mas as partes umas das outras; a dimensão econômica, por exemplo, está em inter-retroação permanente com todas as outras dimensões humanas". Além disso, "a economia carrega em si, de modo 'hologrâmico', necessidades, desejos e paixões humanas que ultrapassam os meros interesses econômicos". Logo, "o conhecimento pertinente deve enfrentar a complexidade", em que "'complexus' significa o que foi tecido junto". E, "a complexidade é a união entre a unidade e a multiplicidade". Reconhecendo isso, "o conhecimento dos problemas-chave, das informações-chave relativas ao mundo, por mais aleatório e difícil que seja, deve ser tentado sob pena de imperfeição cognitiva, mais ainda quando o contexto atual de qualquer conhecimento político, econômico, antropológico, ecológico... é o próprio mundo". Neste mundo, "a planetarização provoca, no século XX, após 1989, a generalização da economia

liberal

denominada

mundialização".

Conseqüentemente,

"a

economia mundial é cada vez mais um todo interdependente: cada uma de suas partes tornou-se dependente do todo e, reciprocamente, o todo sofre as perturbações e imprevistos que afetam as partes. O planeta encolhe". Simultaneamente, "o mundo torna-se cada vez mais um todo. Cada parte do mundo faz, mais e mais, parte do mundo e o mundo, como um todo, está cada vez mais presente em cada uma de suas partes". E "isto se verifica não apenas para as nações e povos, mas para os indivíduos". Desta forma, "como cada ponto de um holograma contém a informação do todo do qual faz parte, também, doravante, cada indivíduo recebe ou consome informações e substâncias

oriundas

de

todo

o

universo".

Neste

ponto,

Morin

PROBLEMATIZA: É o problema universal de todo cidadão do novo milênio: como ter acesso às informações sobre o mundo e como ter a possibilidade de articulá-las e organizá-las? Como perceber e conceber o Contexto, o Global (a relação todo/partes), o Multidimensional, o Complexo? Para articular e organizar os conhecimentos e assim reconhecer e conhecer os problemas do mundo, é necessária a reforma do pensamento.

E Morin (2000, pp. 79-82; negrito do autor) evidencia a proeminência da relação bottom↔bottom como "desvio" ao normal top↔down, ao dizer


37 que "a transformação interna começa a partir de criações inicialmente locais e quase microscópicas, efetua-se em meio inicialmente restrito a alguns indivíduos e surge como desvios em relação à normalidade". Alertando que "toda evolução é fruto do desvio bem-sucedido cujo desenvolvimento transforma

o

sistema

onde

nasceu:

desorganiza

o

sistema,

reorganizando-o". E que "as grandes transformações são morfogêneses, criadoras de formas novas que podem constituir verdadeiras metamorfoses". Esperançado em que a grande conquista da inteligência será "poder enfim se libertar da ilusão de prever o destino humano" e vaticinando que "o futuro permanece aberto e imprevisível". Pois, "com certeza, existem determinantes econômicas, sociológicas e outras ao longo da história, mas estas encontramse em relação instável e incerta com acidentes e imprevistos numerosos, que fazem bifurcar ou desviar seu curso". Observando os recursos não-renováveis no mundo de inteligências humanas, Dowbor (2010, p. 66, 67, 70-71 e 113; negrito do autor) remata de forma precisa e deslumbrante: "O TEMPO É O NOSSO PRINCIPAL RECURSO NÃO RENOVÁVEL". E, pasme-se, "o seu desperdício, por nós mesmos ou por terceiros, é monumental", quando "o tempo é o tempo da nossa vida". Normalmente, "considera-se que o tempo de uma empresa é valioso, mas que o tempo do consumidor é inútil". Quando, "ter tempo para fazer as coisas que nos agradam constitui provavelmente o objetivo maior de como nos organizamos como sociedade". Ou seja, "precisamos evoluir da economia do tempo como preocupação microeconômica, onde a empresa calcula os nossos segundos, para uma preocupação macro, avaliando a eficiência da nossa organização social em função da ampliação da possibilidade de escolha de como empregamos o nosso tempo". Mas "como avaliar o valor do tempo social?". O importante é levar em conta que "o essencial é tomarmos consciência que o nosso tempo não é gratuito, e quando alguém o desperdiça, este desperdício tem de ser levado em conta". O processo em si é este: ao pensarmos o tempo livre como categoria econômica social, entramos numa visão moderna da economia, porque centrada no resultado final, na qualidade de vida. Em termos econômicos, isto significa darmos valor tanto ao tempo que não é diretamente contratado por um empregador, – e que as empresas consideram


38 gratuito pois não lhes custa – como ao tempo dedicado a atividades socialmente úteis mas que não entram no circuito monetário, como os cuidados com a família, o embelezamento dos nossos jardins, a arborização das nossas calçadas por vizinhos dedicados e assim por diante, evitando que os mecanismos econômicos dominantes o desperdicem.

Assim, a democratização da economia "representa muito mais do que um novo equilíbrio político: representa um resgate do sentido das coisas, um reencontro entre os objetivos econômicos e os objetivos humanos". Para contrariar o que acontece, "atribuir um valor econômico ao tempo livre será uma forma prática de cobrar dos agentes econômicos o tempo que nos fazem perder, e uma forma de resgatar o direito ao tempo dito não econômico". Isso, porque "a ECONOMIA é apenas UM MEIO, O OBJETIVO é A VIDA". Portanto, "submeter as corporações aos nossos objetivos humanos, em vez de sermos por elas empurrados numa correria sem sentido, faz sentido, além de ser mais democrático". Atividade econômica: Boulding (1965, p. 30-42 apud SILK, 1978, p. 211): "O mercado tem valor como agente de distribuição de recursos e é um mecanismo para as decisões". Porém, "uma grande parte da atividade econômica e sua motivação estão necessariamente fora do alcance do mercado e de suas forças". Isso porque, dos "três organizadores da sociedade – o amor, o medo e o intercâmbio", prevalecia o "libertarianismo econômico" que "não ia além do intercâmbio, não levando em conta o enorme volume de atividade econômica baseada no amor (o 'sistema integrativo') e no medo (o 'sistema de ameaça')". A atividade baseada nestes dois (amor e medo) compreende "a tributação, uma instituição de coação legitimada, a manutenção dos filhos e dos pais idosos; as bolsas e subvenções; subsídios; pensões e pagamentos de assistência social; ajuda a filhos dependentes". É Limburg et al. (2002, p.409) que diz “focamos os sistemas econômicos porque estas são atualmente as arenas principais onde a valoração ambiental é debatida e quantificada”.


39 Numa das mais recentes demonstrações de ALINHAMENTO GLOBAL do "governo mundial" (representado pelo ILPES/CEPAL/ONU), "governo federal do Brasil", "governo estadual do Rio de Janeiro" e "governo municipal de São João da Barra" num PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL - com objetivo de construção de territórios inovadores e competitivos (LIRA, 2009, slides 148 e 149, adaptação pelo autor), as possibilidades de êxito desses processos e dessa construção de territórios, devem ser assegurados por estas CARACTERÍSTICAS: processos de natureza endógena ("estimular a capacidade de detectar as potencialidades próprias, naturais, humanas, institucionais e organizações para saber em que é que somos bons"); estratégia baseada na solidariedade territorial mediante a afirmação da identidade cultural ("como construir socialmente um projeto político territorial que me identifique e se transforme em uma visão comum de desenvolvimento e o que nos diferencia dos outros"); gestão associativa entre representantes públicos e privados ("não avançaremos sozinhos e de que maneira sou capaz de consensualizar projetos de estado mais que de governo"); e sua originalidade (que "consiste em recolher e estimular todos os elementos endógenos dinâmicos de uma perspectiva integral"). Em Lira (2008, p. 17, 43 e 44), acham-se essas características no seu conceito de base do DESENVOLVIMENTO LOCAL: "a idéia de determinar, por um lado, qual é o potencial de recursos com o que se conta e que está subutilizado e, por outro lado, quais as necessidades que se requer para satisfazer as pessoas, as comunidades, as coletividades, os municípios e da sociedade em seu conjunto". E, para a definição da estratégia desse desenvolvimento local, ele sugere que, a partir dos pontos fortes e fracos do local, se estabeleçam estas LINHAS DE AÇÃO: formação da força de trabalho ("desenvolver as capacidades e os conhecimentos para a criação e manutenção de postos de trabalho"); infra-estrutura física ("suprimir as deficiências que obstaculizam a sobrevivência das empresas no entorno e a qualidade de vida da população local"); gestão de recursos e patrimônio ("favorecer o desenvolvimento de novas iniciativas econômicas dando-lhes um uso alternativo com relação ao passado"); investigação e tecnologia ("difundir a informação, dar suporte à investigação e desenvolvimento, criar relação entre universidades, investigação e indústria"); desenvolvimento empresarial ("dar


40 incentivos financeiros para as empresas, dar assistência técnica e desenvolver um mercado financeiro"); e qualidade de vida ("gerir o entorno físico e do meio-ambiente, especialmente nos entornos urbanos altamente deteriorados"). Indicadores econômicos: Ao indicador de crescimento do Produto Nacional Bruto (PNB), Silva (1969, p. 476; apud Lopes 2006, pp. 9-10; negrito do autor) chamou de "medida equívoca de desenvolvimento". E arrematou: Tanto a produção de armas como a de bens de alimentação ou vestuário contam identicamente no cálculo daquele indicador. Tão pouco é possível distinguir entre a produção dos bens que se destinam à satisfação imediata das necessidades dos consumidores e a daqueles outros que entram de novo no circuito produtivo e vão servir, a médio ou longo prazo, de multiplicador de riqueza. Mesmo entre os bens de consumo, nenhuma distinção é feita entre os bens que vêm ao encontro de necessidades fundamentais e os que se dirigem antes à satisfação de necessidades consideradas supérfluas ou sumptuárias.


41

Responsabilidade-Social Para a sociedade dos 'Homo sapiens', nos dizeres de Lafargue3, "começar-se-á pela Farsa Eleitoral". Esta é a farsa social política de uma minoria não-real (leia-se GOVERNO), o 'Homo sapiens socius, o qual "diante dos eleitores com cabeças de madeira e orelhas de burro, os candidatos burgueses, vestidos como palhaços, dançarão a dança das liberdades políticas, limpando a face e o posfácio com os seus programas eleitorais de múltiplas promessas e falando com lágrimas nos olhos das misérias do povo e com voz de bronze das glórias da França". E ouça-se o inacreditável sincretismo humano da maioria real (leia-se FAMÍLIAS ou PROLES) ou 'homo sapiens vox populis proletarius burrus': "as cabeças dos eleitores gritam em coro e solidamente: hi han! hi han!". E este é o incrível retorno daquela minoria não-real, agora na condição de 'Homo sapiens socius latronis': "a grande peça: O Roubo dos Bens da Nação". Ad continuum, emerge a farsa social empresarial de outra minoria (leia-se EMPRESAS), o 'Homo sapiens mercatus' pelo qual "todos os nossos produtos são adulterados para facilitar o seu escoamento e abreviar a sua existência" (leiase LOGÍSTICA), numa época "chamada a idade da falsificação, tal como as primeiras épocas da humanidade receberam os nomes de idade da pedra, idade de bronze, pelo caráter da sua produção". Estas falsificações "têm como único móbil um sentimento humanitário, mas rendem soberbos lucros aos fabricantes que as praticam". Se elas são desastrosas para a qualidade das mercadorias e uma fonte inesgotável de desperdício de trabalho humano, "provam a filantrópica habilidade dos burgueses e a horrível perversão dos operários que, para saciarem o seu vicio do trabalho, obrigam os industriais a abafar os gritos da sua consciência e até mesmo a violar as leis da honestidade comercial". Para a convivência desses três tipos de 'Homo sapiens" (vox populis proletarius burrus, socius latronis e economicus falsificantis'), o Instituto Ethos

3

LCC Publicações Eletrônicas. Disponivel em: http://ateus.net/ebooks/geral/lafargue_direito_a_preguica.pdf (p.17 e 23)


42 (2007, p. "v" e 4) diz que "o momento atual é de desafio para lidar com problemas que afetam todas as organizações, independentemente do local em que elas operam, e adotar um comportamento socialmente responsável, as empresas devem fazê-lo de forma integrada e vinculada ao ambiente em que estão inseridas". E é desse desafio que emerge a Responsabilidade Social Empresarial (RSE) como forma de gestão na qual a "relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais se relaciona e pelo

estabelecimento

de

metas

empresariais

compatíveis

com

o

desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais". Porém,

a respeito dessa RSE, o 'Homo sapiens economicus

falsificantis'', de acordo com o Instituto Ethos, do Brasil, in Antunes, et al. (2006, p. 25; negrito do autor), deve considerar que “a ética é a base da responsabilidade social, expressa nos princípios e valores adoptados pela organização". Perante isso, "não adianta uma empresa pagar mal aos seus funcionários, corromper a área de compras dos seus clientes, pagar luvas a fiscais do governo e, ao mesmo tempo, desenvolver programas voltados para entidades sociais da comunidade". Portanto, "é importante haver coerência entre acção e discurso”.4 Em termos dessa RSE, conforme Antunes, et al. (2006, pp. 28-31) estas são algumas das perguntas mais relevantes: 1ª) "Qual o principal dever dos gestores: velar pelos lucros para os accionistas ou tomar também em atenção os interesses da comunidade em geral e de outros 'stakeholders'?"; 2ª) "Será ético que os gestores “desviem” recursos da empresa para actividades filantrópicas?"; 3ª) "Terão as empresas legitimidade para decidir aplicar recursos em fins sociais?"; 4ª) "O que é a 'moral mínima' das empresas?"; 5ª) "Terão as empresas o dever moral de 'melhorar o mundo'?"; 6ª) "A lei e o mercado serão mecanismos apropriados e suficientes para que as empresas

4

http://www.ethos.org.br/DesktopDefault.aspx?TabID=3344&Alias=Ethos&Lang=pt-BR (acesso em 26 de Dezembro de 2005)


43 produzam o maior bem-estar para a comunidade?"; 7ª) "O que é a teoria dos 'stakeholders'? Quais são os 'stakeholders' mais relevantes?"; 8ª) "Quais os benefícios, para as empresas, de tomar em atenção os interesses dos vários 'stakeholders'?"; 9ª) "Serão as acções de RSE decididas pelos gestores uma espécie de síndrome Robin Hood: 'roubar aos ricos' (i.e., aos accionistas) para entregar aos pobres (i.e., aos outros 'stakeholders')?". A essas perguntas juntam-se estes 6 (seis) preceitos fundamentais da RSE5: 1º) "O poder gera responsabilidade"; 2º) "A assunção voluntária de responsabilidade e a autoregulação são preferíveis à intervenção e regulamentação governamentais"; 3º) "A responsabilidade social voluntária requer que os líderes empresariais reconheçam e aceitem as legítimas pretensões, direitos e necessidades de outros grupos na sociedade"; 4º) "A responsabilidade social corporativa requer o respeito pela lei e pelas regras do jogo que governam as relações de mercado"; 5º) "Uma atitude de 'auto-interesse iluminado' conduz as empresas socialmente responsáveis a encarar os lucros numa perspectiva de longo prazo"; 6º) "Haverá maior estabilidade económica, social e política – e, portanto, um mais baixo nível de criticismo social dirigido ao sistema da empresa privada – se todos os negócios adoptarem uma postura socialmente responsável?". Para Robert Reich apud Conceição e Conceição (2008, pp.3-4), "a idéia de um mercado livre, de alguma maneira à margem da lei, é uma fantasia". Aliás, o mercado "é uma criação humana, é a totalidade, em constante transformação, do conjunto de critérios sobre os direitos e as responsabilidades individuais" e, nas sociedades modernas, "o governo é considerado o agente principal, pois define e faz cumprir as normas que estruturam o mercado". Pondo em causa a validade das premissas e mitos liberais, Conceição e Conceição (2008, pp. 3 e 5) diz que "hoje, praticamente todos os setores econômicos são liderados e controlados por grandes grupos econômicos oligopolistas". Esses grupos, "na maioria das vezes atuam na

5

Adaptado de Frederick (1987)


44 forma de cartéis, controlando preços e quantidades ofertadas, impedindo qualquer livre funcionamento das leis da oferta e da procura". Para Robert Reich apud Conceição e Conceição (2008, pp.3-4; negrito do autor), "nas sociedades modernas [...] os juízes e os legisladores, assim como os executivos e os administradores do governo, alteram e adaptam interminavelmente as regras do jogo; quase sempre de forma tácita, porém sempre sob a vigilância e, às vezes, sob a mão de interesses afetados pelos resultados de determinadas decisões". Como exemplo daquela ação desses legisladores, no caso da sociedade moderna chamada Brasil, segundo Conceição e Conceição (2008, p.10; negrito do autor), "a Constituição Federal de 1988 reservou o seu Título VI para dispor sobre a ordem econômica e financeira, trazendo, no Capítulo I, os princípios da atividade econômica". Nela (caput do artigo 170) - tentando contrariar a LEI DO MENOR ESFORÇO (ou o DIREITO À PREGUIÇA de Lafargue6) -, "a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, deverá observar alguns princípios". Aquele dispositivo legal "enaltece o trabalho humano, a realização produtiva do homem, e soma a isto a sua liberdade de criação, a autonomia para a realização desta produtividade". Com isso, "inverte-se a ordem de valores: a dignidade da pessoa humana passa a ser um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito que permeará o tecido social. A vida social importa em respeitar o ser humano em toda a sua plenitude". Independentemente disso, para Peter Senge (2001, p.60 ; apud Antunes et al. 2006, p. 24; negrito do autor), "há uma contradição quando as empresas afirmam desejar que as pessoas estejam comprometidas, motivadas e empenhadas no seu trabalho, quando na verdade a actividade laboral só serve para fazer dinheiro", porquanto "os seres humanos interessam-se por outras coisas diferentes de apenas ‘fazer dinheiro’, e por isso estamos basicamente a mentir a nós próprios". Assim sendo, "temos trabalhadores 6

LCC Publicações Eletrônicas. Disponivel em: http://ateus.net/ebooks/geral/lafargue_direito_a_preguica.pdf (p.2, 10)


45 que não estão motivados; estão minimamente empenhados e para eles o trabalho não tem sentido. Não conseguem explicar aos filhos o que fazem e não se afirmam com orgulho nas suas comunidades". Dessa forma, "ao definir um alvo pequeno e limitado, obtêm-se pessoas limitadas para o alcançar. Há que meditar sobre esta situação e agir”. Para agravar essa mentira, Antunes et al. (2006, p. 26) alerta que "os problemas e os escândalos éticos que têm sido mediaticamente propalados nos anos recentes requerem que se fomente, nas empresas e nas escolas de negócios, uma cultura em que a honestidade, a integridade, a justiça, a confiança e o respeito sejam valores almejados". Estes valores não devem ser "considerados como preocupações bizantinas de pessoas 'fracas' e, por conseguinte, inadaptadas à arena económica e empresarial". Segundo Cortez (2008, p.1-2; negrito do autor), "a iniciativa dos balanços sociais, decorrente de uma atitude socialmente mais responsável por parte das empresas, foi muito comemorada pelas organizações da sociedade civil". Essa iniciativa "era um passo importante e definitivo na direção da integração dos interesses e compromissos das empresas com a sociedade e, por conseqüência, com o mercado. Não existe mercado que não esteja ancorado na sociedade". Mas, "a realidade ainda está muito longe das expectativas iniciais", porque embora o IBASE recomende um modelo mínimo de balanço social, que dê transparência aos conceitos e indicadores sociais, culturais e ambientais, "a imensa maioria das empresas 'socialmente responsáveis' não adota sequer o modelo mínimo do Ibase". Depois dos escândalos contábeis (Enron, Xerox e outros) pode-se duvidar "de qualquer balanço, inclusive o social", pois "a maioria é discursiva e enganosa, com maior brilho no texto publicitário do que no conteúdo das ações realizadas". Em alguns casos de auto-declaração de "responsabilidade social"... "Um dos maiores bancos nacionais destaca que a política de demissões adotada pela empresa tem como principal preocupação o respeito incondicional às pessoas e à legalidade. Respeitar as pessoas e a legalidade é obrigação mínima de qualquer empresa, mesmo as irresponsáveis"... "desde quando atender ao cliente com atenção, agilidade, confiança e cuidados com a higiene deixaram


46 de ser obrigações mínimas para tornarem-se expressões de responsabilidade social?" ... "Inúmeras vezes vemos compromissos decorrentes de Termos de Ajustamento de Conduta - TACs ou medidas compensatórias, firmadas com autoridades

ambientais

responsabilidade

e

ambiental,

o

MP,

quando

destacados na

verdade

como são

exemplos

de

compromissos

decorrentes de ações ou processos ambientalmente irresponsáveis"... "Outro grande banco nacional destaca em sua publicidade, como prova de seu compromisso ambiental, que financia a aquisição de equipamentos de aquecimento solar ou que financia conversão de automóveis para GNV"... "Como compromisso social, este banco cidadão destaca o financiamento de pequenas e médias empresas. Ora, bolas, estas são atividades relacionadas com o negócio de qualquer banco. Oferecer crédito e financiamento é prova de responsabilidade social e/ou ambiental?"... "Quantas vezes não assistimos empresários ou executivos afirmando, em suas empresas, seu compromisso com a ética como demonstração de sua responsabilidade social?"... Imbricada nessa questão empresarial, Morin (2000, p. 36, 69 e 77; negrito do autor) afirma que "existe inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre, de um lado, os saberes desunidos, divididos, compartimentados e, de outro, as realidades ou problemas cada vez mais multidisciplinares,

transversais,

multidimensionais,

transnacionais,

globais e planetários". Para ele, "os antagonismos entre nações, religiões, entre laicização e religião, modernidade e tradição, democracia e ditadura, ricos e pobres, Oriente e Ocidente, Norte e Sul nutrem-se uns aos outros". Entretanto, "a eles mesclam-se interesses estratégicos e econômicos antagônicos das grandes potências e das multinacionais voltadas para o lucro". Assim, "o século XX a um só tempo criou ou dividiu um tecido planetário único; seus fragmentos ficaram isolados, eriçados e intercombatentes. Os Estados dominam o cenário mundial como titãs brutos e ébrios, poderosos e impotentes". Porém, hoje em dia, "os Estados podem desempenhar papel decisivo, com a condição de que aceitem, em razão do próprio interesse, abandonar sua soberania absoluta acerca de todos os grandes problemas de utilidade comum e sobretudo os problemas de vida ou de morte que ultrapassam sua competência isolada". De qualquer modo, "a 'era de


47 fecundidade dos Estados-nações dotados de poder absoluto' está encerrada, o que significa que é necessário não os desintegrar, mas respeitá-los, integrando-os em conjuntos e fazendo-os respeitar o conjunto do qual fazem parte". Nesta era, "a onda técnico-industrial sobre o globo tende a suprimir muitas das diversidades humanas, étnicas e culturais". Enfim, "o próprio desenvolvimento criou mais problemas do que soluções e conduziu à crise profunda de civilização que afeta as prósperas sociedades do Ocidente". Para essa crise, Popper (1945, p.234 e 236; negrito do autor) é peremptório: "Temos que procurar nossa justificação... em nosso trabalho... e não num fictício 'sentido da história'... Nem a natureza nem a história podem nos dizer o que deveríamos fazer". Porquanto, "os fatos, sejam da natureza, sejam da história, não podem tomar a decisão por nós, não podem determinar os fins que iremos escolher. Somos nós que damos propósito e sentido à natureza e história". E ele pondera: "os homens não são iguais, mas podemos decidir lutar por direitos iguais. As instituições humanas como o Estado não são racionais, mas podemos decidir lutar para torná-las mais racionais. Nós mesmos e nossa linguagem ordinária somos, no todo, emocionais em vez de racionais; porém, tentamos nos tornar um pouco mais racionais e podemos nos treinar para usarmos nossa linguagem como instrumento não de auto-expressão (como nossos educadores românticos diriam) mas de comunicação racional". Neste particular, em termos da herança e legados humanos, ele diz: "a própria história – quero dizer a história da política das potências, é claro, não a história inexistente do desenvolvimento da humanidade – é desprovida de objetivo ou sentido, mas nós podemos decidir dar-lhe ambos. Podemos fazer com que sejam nossa luta pela sociedade aberta e contra seus inimigos (que, quando acuados, sempre elevam seus protestos de sentimentos humanitários, de acordo com os conselhos de Pareto)". No que tange ao presente, onde progridem os fatos antes de se cristalizarem como história, Popper diz: "ênfase no dualismo dos fatos e das decisões determina também nossa atitude para com idéias tais como 'progresso'... Progredir é mover-se no sentido de alguma espécie de fim... que existe para nós enquanto seres humanos. A 'História' não pode


48 fazer isso; só nós, os indivíduos humanos, podemos fazê-lo... defendendo e fortalecendo as instituições democráticas de que a liberdade – e com ela o progresso – depende. E o faremos muito melhor à medida que nos tornarmos mais completamente cônscios do fato que o progresso fica por conta de nós mesmos, de nossa vigilância, de nossos esforços, da clareza com que concebemos nossos fins e do realismo de sua escolha". Focando a atividade profissional do economista, Hicks (1972, p.16) afirma que: "existiu um estágio no desenvolvimento da economia em que os economistas estavam tão enfronhados no estudo dos mercados que não queriam saber de mais nada - não queriam verificar se outra forma de organização seria uma alternativa válida"; "os mercados podiam ser mais ou menos 'perfeitos' e era tarefa dos economista torná-los o mais perfeito possível". Pondera Morin (2000, p. 72, 76, 78, 97, 98 e 110-112; negrito do autor) que "se a modernidade é definida como fé incondicional no progresso, na tecnologia, na ciência, no desenvolvimento econômico, então esta modernidade está morta". E ele sugere que cada ser humano deve inscrever em si mesmo: 1) "a 'consciência antropológica', que reconhece a unidade na diversidade"; 2) "a 'consciência ecológica', isto é, a consciência de habitar, com todos os seres mortais, a mesma esfera viva (biosfera) - reconhecer nossa união consubstancial com a biosfera conduz ao abandono do sonho prometéico do domínio do universo para nutrir a aspiração de convivibilidade sobre a Terra"; 3) "a 'consciência cívica terrena', isto é, da responsabilidade e da solidariedade para com os filhos da Terra"; e 4) "a 'consciência espiritual da condição humana' que decorre do exercício complexo do pensamento e que nos permite, ao mesmo tempo, criticar-nos mutuamente e autocriticar-nos e compreender-nos

mutuamente.

Além

disso,

"todo

ser

humano,

toda

coletividade deve irrigar sua vida pela circulação incessante entre o passado, no qual reafirma a identidade ao restabelecer o elo com os ascendentes, o presente, quando afirma suas necessidades, e o futuro, no qual projeta aspirações

e

esforços".

Para

Morin,

existe

um

duplo

imperativo

antropológico que se impõe, isto é, "salvar a unidade humana e salvar a


49 diversidade humana. Desenvolver nossas identidades a um só tempo concêntricas e plurais: a de nossa etnia, a de nossa pátria, a de nossa comunidade de civilização, enfim, a de cidadãos terrestres" . Mas, como cidadãos terrestres, "apartados dos problemas fundamentais da cidade", há que levar em conta que: "as idéias preconcebidas, as racionalizações com base em premissas arbitrárias, a autojustificação frenética, a incapacidade de se autocriticar, os raciocínios paranóicos, a arrogância, a recusa, o desprezo, a fabricação e a condenação de culpados são as causas e as conseqüências das piores

incompreensões,

oriundas

tanto

do

egocentrismo

quanto

do

etnocentrismo"; "existem processos de regressão democrática que tendem a posicionar os indivíduos à margem das grandes decisões políticas (com o pretexto de que estas são muito “complicadas” de serem tomadas e devem ser decididas por “expertos” tecnocratas), a atrofiar competências, a ameaçar a diversidade e a degradar o civismo" e "estes processos de regressão estão ligados à crescente complexidade dos problemas e à maneira mutiladora de tratá-los"; "a política fragmenta-se em diversos campos e a possibilidade de concebê-los juntos diminui ou desaparece"; "do mesmo modo, ocorre a despolitização da política, que se autodissolve na administração, na técnica (especialização), na economia, no pensamento quantificante (sondagens, estatísticas)"; "a regeneração democrática supõe a regeneração do civismo, a regeneração do civismo supõe a regeneração da solidariedade e da responsabilidade, ou seja, o desenvolvimento da antropo-ética"; "a política fragmentada perde a compreensão da vida, dos sofrimentos, dos desamparos, das solidões, das necessidades não quantificáveis"; "as democracias do século XXI serão cada vez mais confrontadas ao gigantesco problema decorrente do desenvolvimento da enorme máquina em que ciência, técnica e burocracia estão intimamente associadas" e "esta enorme máquina não produz apenas conhecimento e elucidação, mas produz também ignorância e cegueira"; "os avanços disciplinares das ciências não trouxeram apenas as vantagens da divisão do trabalho, trouxeram também os inconvenientes da hiperespecialização, do parcelamento e da fragmentação do saber", em que "este tornou-se mais e mais esotérico (acessível apenas aos especialistas) e anônimo (concentrado nos bancos de dados e utilizado por instâncias anônimas, a começar pelo Estado)"; e "da mesma forma, o


50 conhecimento técnico está reservado aos especialistas, cuja competência em uma área fechada é acompanhado de incompetência quando esta área é parasitada por influências externas ou modificada por algum acontecimento novo". Morin acusa: "o fosso que cresce entre a tecnociência esotérica, hiperespecializada, e os cidadãos cria a dualidade entre os que conhecem — cujo conhecimento é de resto parcelado, incapaz de textualizar e globalizar — e os ignorantes, isto é, o conjunto dos cidadãos" e, assim, "cria-se nova fratura social entre uma 'nova classe' e os cidadãos"; "o mesmo processo está em andamento no acesso às novas tecnologias de comunicação entre os países ricos e os países pobres"; "os cidadãos são expulsos do campo político, que é cada vez mais dominado pelos 'expertos', e o domínio da 'nova classe' impede de fato a democratização do conhecimento"; e "a redução do político ao técnico e ao econômico, a redução do econômico ao crescimento, a perda dos referenciais e dos horizontes, tudo isso conduz ao enfraquecimento do civismo, à fuga e ao refúgio na vida privada, a alternância entre apatia e revolta violenta e, assim, a despeito da permanência das instituições democráticas, a vida democrática se enfraquece". Por seu turno, Dowbor (2010, pp. 55, 72, 88, 107, 109, 110 e 119; negrito do autor) também acusa: "para as multinacionais, as novas tecnologias implicam numa pirâmide mais alta, com o poder central de uma mega-corporação estendendo dedos mais compridos para os lugares mais distantes, graças ao poder da conectividade de transmitir ordens mais longe"; "implicam também numa forte presença planetária de poder repressivo visando o controle da propriedade intelectual, crescentemente apropriada pelas próprias empresas transnacionais"; "o mundo não está mais 'plano' (flat), está cada vez mais hierarquizado"; "dedos mais longos das mesmas corporações não descentralizam nada, apenas significam que a mesma mão tem alcance maior, que a manipulação se dá em maior escala"; "estamos destruindo o solo, a água, a vida nos mares, a cobertura vegetal, as reservas de petróleo, a cobertura de ozônio, o próprio clima, mas o que contabilizamos é apenas a taxa de crescimento". E alega que "a globalização não é um processo uniforme, pelo contrário, gera uma abismo profundo entre uma minoria de países – e sua rede de empresas


51 transnacionais – que avançam cada vez mais rápido ao ritmo de novas tecnologias, e uma massa imensa da população mundial que se vê privada das suas formas tradicionais de sobrevivência, mas não tem acesso aos meios necessários para participar do novo". Ele indaga-se e indigna-se : "Onde estão as leis econômicas?. O que, na realidade, é válido "é que se as regras existentes dilapidam os recursos do planeta e excluem uma imensa massa da população do acesso a uma vida digna, estão erradas". Dowbor insurge-se porque: "a fase que vivemos é a do vale tudo por dinheiro. Tudo mesmo: é a igreja eletrônica, é a relação professsor-aluno, é a relação familiar, é a relação amorosa, é a relação política"; "as empresas que poluem os rios fazem um cálculo econômico, ensina-se isto na economia. Não entra no cálculo de quantas pessoas ficarão doentes, quanta natureza será destruída nos rios, ou seja, o resultado final para a sociedade. O cálculo é estritamente econômico, a unidade de cálculo é a própria empresa"; "o que ocorre fora da empresa está fora do cálculo, e quem paga a multa está dentro da lei. E se quiserem aumentar a multa, existem lobistas para manter a multa na sua dimensão ridícula, ou até para revogar a própria lei". Dowbor

sugere: "cada

um de nós, indivíduo, educador dos próprios filhos, professor, empresário, empregado, sindicalista ou o que seja, precisa ter como norte um equilíbrio razoável entre os seus próprios interesses, perfeitamente legítimos, e o bem comum". Ele diz que "o problema da corporação tradicional é a sua dificuldade em incluir o bem comum nos seus objetivos" e que "a realidade prática é que dispomos dos recursos financeiros e humanos, das técnicas e dos conhecimentos necessários para remediar em pouco tempo a este duplo drama da desigualdade e da destruição ambiental". A grande incerteza a enfrentar - e explicitada por Morin (2000, p. 87-89; negrito do autor) - é a que "decorre do que chamamos de ecologia da ação, que compreende três princípios... circuito risco/precaução ... circuito fins/meios... circuito ação/contexto". Quanto à ação, esta também pode ter três tipos de conseqüências insuspeitas, como as recenseou Hirschman: 1) "o efeito perverso (o efeito nefasto inesperado é mais importante do que o efeito benéfico esperado)"; 2) "a inanição da inovação (quanto mais se muda, mais


52 tudo permanece igual)"; e 3) "a colocação das conquistas em perigo (quis-se melhorar a sociedade, mas só se conseguiu suprimir liberdade ou segurança)". Kant (in Wikipédia; negrito do autor) define a palavra esclarecimento como "a saída do homem de sua menoridade". Segundo esse pensador, "o homem é responsável por sua saída da menoridade". Ele define essa 'menoridade' como "a incapacidade do homem de fazer uso do seu próprio entendimento". Para Kant, "a permanência do homem na menoridade se deve ao fato de ele não ousar pensar", pois "a covardia e a preguiça são as causas que levam os homens a permanecerem na menoridade". Eis aqui o 'homo sapiens ignavus' (covarde e preguiçoso). Um outro motivo é o comodismo: "é bastante cômodo permanecer na área de conforto. É cômodo que existam pessoas e objetos que pensem e façam tudo e tomem decisões em nosso lugar. É mais fácil que alguém o faça, do que fazer determinado esforço, pois já existem outros que podem fazer por mim". Segundo Kant, "os homens quando permanecem na menoridade, são incapazes de fazer uso das próprias pernas, são incapazes de tomar suas próprias decisões e fazer suas próprias escolhas". Prosseguindo com Kant (in Wikipédia): "uma obrigação moral única e geral, que explica todas as outras obrigações morais que temos é o imperativo categórico: 'Age de tal modo que a máxima da tua ação se possa tornar princípio de uma legislação universal' ".

Esse imperativo categórico, "em

termos gerais, é uma obrigação incondicional, ou uma obrigação que temos independentemente da nossa vontade ou desejos (em contraste com o imperativo hipotético)". Para Kant, esse imperativo categórico pode ser formulado em três formas, que ele acreditava serem mais ou menos equivalentes: 1ª) a fórmula da lei universal que diz 'Age somente em concordância com aquela máxima através da qual tu possas ao mesmo tempo querer que ela venha a se tornar uma lei universal'; 2ª) a fórmula da humanidade que diz: 'Age por forma a que uses a humanidade, quer na tua pessoa como de qualquer outra, sempre ao mesmo tempo como fim, nunca meramente como meio'; e 3ª) a fórmula da autonomia (uma síntese das duas primeiras) diz que 'deveremos agir por forma a que possamos pensar de nós próprios como leis universais legislativas através das nossas máximas.


53 Podemos pensar em nós como tais legisladores autônomos apenas se seguirmos as nossas próprias leis'. Enfim, para Dowbor (2010, p.113; negrito do autor) "a DEMOCRACIA ECONÔMICA começa portanto pela ética dos resultados. Não nos adianta muito saber que dirigentes corporativos são bem intencionados, que contribuem para escolas em regiões pobres, se no conjunto o resultado é um aprofundamento das desigualdades e a destruição ambiental. E o patrimônio natural do planeta é da humanidade, das inúmeras gerações que estão por vir, de outras formas de vida sem as quais inclusive não poderemos sobreviver, e não de algum grupo particular". Para ele, "a democracia é central no processo, pois quando há formas participativas de tomada de decisão, envolvendo portanto os diferentes interesses, o resultado tende a ser mais equilibrado. Interesses não organizados não influem no processo decisório, o que leva a problemas maiores, pois irão se manifestar quando os prejuízos já atingiram o nível do desespero. A democracia econômica consiste portanto em

inserir

nos

processos

decisórios

os

diversos

interesses,

e

particularmente os que são passíveis de serem prejudicados. Trata-se, aqui também, menos de bondade do que de inteligência institucional. Dizem que antes de pensar em perversidade, devemos dar uma boa chance à ignorância". Ele exemplifica: "Na Suécia, os trabalhadores estrangeiros, ainda que não tendo a nacionalidade, têm direito a voto nas localidades de residência. A priori, parece estranho, pois não são cidadãos do país. A razão dada pelas autoridades suecas é interessante: são as pessoas mais passíveis de terem dificuldades, e portanto é particularmente importante assegurar que os seus problemas venham à tona, para poderem ser enfrentados. E arremata: "O que se exige hoje de dirigentes políticos e corporativos, é que sejam um pouco menos espertos em acumular vantagens para os seus sócios, e um pouco mais inteligentes em termos econômicos e sociais". No que concerne às ditas externalidades da produção humana, para Henderson (1981, apud WINNER, 1981, passim; negrito do autor): "os fatores que

os

economistas

gostam

de

chamar

'externalidades'

(poluição,

deslocamentos populacionais, recursos esgotados) já atingiram uma enorme reserva de dívida dos custos privados que viraram 'contas sociais' a serem


54 pagas pelo público". Com isso, "as 'políticas públicas' têm sido simplesmente uma versão do estratagema do ‘devedor diferido’ (recuse pagar estas contas na esperança que alguém, uma geração futura talvez, limpará a confusão e porcaria que herdaram)". Ainda para Henderson, "como cura para as práticas humanas destrutivas, as economias agora devem conservar materiais e energia, distribuir mais eqüitativamente os frutos de sua produção e serem controladas para obtenção de rendimentos sustentáveis e produtividade a longo prazo". Deste modo, "a máxima que deve guiar este novo movimento é 'pensando globalmente, agindo localmente' ". O desenvolvimento sustentável é aquele que permite à geração atual suprir as suas necessidades sem comprometer a capacitação das gerações futuras e, segundo a Agenda 21 Global7, implica mudanças para um novo modelo de civilização em que predomine o equilíbrio ambiental e a justiça social entre as nações, através de um processo de planejamento participativo que analise a situação atual de cada país, estado, município ou região, e planeje o futuro de forma sustentável (envolvendo todos os atores sociais na discussão dos principais problemas e na formação de parcerias e compromissos para a sua solução a curto, médio e longo prazos), numa abordagem integrada e sistêmica das dimensões econômica, social, ambiental e político-institucional, que resulte em produtos concretos, exeqüíveis e mensuráveis derivados de compromissos pactuados entre todos os atores (o que garante a sustentabilidade dos resultados). Finalmente, resgata-se este grande dito de Popper (1945, p.233-234; negrito do autor): "Precisamos de uma ética que desafie o sucesso e a recompensa, e aquela não precisa ser inventada nem é nova, pois foi ensinada pelo cristianismo (pelo menos em seu início) e pela cooperação industrial e científica de nossos dias, em que começamos a perceber que o sacrifício pode significar tanto ou ainda mais quando ele é feito anonimamente -

7

Durante a RIO 92 (Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima), a comunidade internacional acordou a aprovação de um documento contendo compromissos para mudança do padrão de desenvolvimento no próximo século-Agenda 21- que foi adotada pelos governos no Protocolo de Quioto, os quais reconheceram que ela poderia ser a propulsora de ações mais enérgicas no futuro.


55 nossa educação ética deve imitar esse exemplo, devem nos ensinar a fazer o nosso trabalho e nosso sacrifício por esse trabalho, e não por amor de louvores ou para evitarmos censuras".


56

Parte II ARTIGO CIENTÍFICO


57 ECONOMIA HUMANA: POR ONDE ANDA A RESPONSABILIDADE SOCIAL? Francisco Renato Vieira da Costa Ferreira Bacharel em Ciências Econômicas na UFF, Niterói -RJ

E-mail: eco.renato.ferreira@hotmail.com

Resumo O problema dominante nas sociedades hodiernas é a dificuldade na interdependência funcional e na integração de sistemas. O objetivo deste artigo é fazer um esboço teórico de ordem social genuína, com responsabilidade efetiva de pessoas, físicas e jurídicas, privadas e públicas, na sua vivência, convivência e sobrevivência dignas, através de desenvolvimento responsável, via economia humana, em ecossistemas locais integrados regionalmente. Para atingir esse objetivo, foi aplicado o pensamento complexo (baseado nos princípios dialógico, hologramático e recursivo organizacional) e, conseqüentemente, o método complexo. Percebeu-se que uma nova sociedade pode-se constituir e manter responsavelmente unida pelo seu funcionar sistemático hiperbólico (real ↔ virtual e cósmico ↔ social), empreendedor, interdependente, integrado, fluído e persistente, monitorado e controlado nos seus intrínsecos e controvertidos problemas mediante co-responsabilidade social de todos nos quesitos humanos de participação, coesão, solidariedade, submissão, comprometimento, conformidade, consenso, mutualidade e cooperação. Hoje, com o advento da nanotecnologia e o adentrar na picotecnologia, essa co-responsabilidade social já é possível de implantação bottom ↔ bottom ↕ up ↔ top ↔ top e co-controle local ↔ regional ↔ global, mediante uma meta-plataforma assistida que co-integrará em rede, virtualmente, comunidades locais na sua uni(di)versidade ambiental, cultural e social, e re-estabelecerá um sentimento de pertença local ↔ regional ↔ global.

Palavras-chave: dignidade humana; economia aplicada; responsabilidade social; plataforma digital.


58 HUMAN ECONOMY: WHERE IS THE SOCIAL RESPONSIBILITY BY? Francisco Renato Vieira da Costa Ferreira Bachelor of Economic Sciences by UFF, Niterói-RJ Email: eco.renato.ferreira@hotmail.com

Abstract The dominant issue in contemporary societies is that of difficulty on functional interdependence and systems integration. This article is make a theoretical outline of genuine social order, effective responsibility of individuals and private or public, in their experience, harmony and survival with dignity, through responsible development using human economy in local ecosystems integrated regionally. To achieve that goal, the complex thought was applied (based on dialogic, hologramatic and recursive organization principles) and consequently the complex method. It was realized that a new society can be responsible created and maintained united by hyperbolic working systematic (real ↔ virtual and cosmic ↔ social), enterprising, interdependent, integrated, fluid and persistent, monitored and controlled in their intrinsic and controversial issues through social co-responsibility of all in the human requisites of participation, solidarity, cohesion, commitment, submission, consensus, compliance, mutuality and cooperation. Today, due to the advent of nanotechnology and the start of picotechnology, that social coresponsibility is already possible by a bottom ↔ bottom ↕ up ↔ top ↔ top deployment and local↔regional↔global co-control, through an assisted meta-platform that will co-integrate in a network, virtually, local communities in their uni(di)versity environmental, cultural and social, and will re-establish a sense of belonging to local ↔ regional ↔ global. Anyway, the traditional, the commando and the market interacting from the mass of local people and to this mass, in a consolidation process transparent and controlled of the true and responsible democracy. Keywords: human dignity; applied economics; social responsibility; digital platform.


59 1.

Introdução

Este artigo é um híbrido de revisão e originalidade, tentando contribuir para transformar efetivamente a sociedade atual - opressora da Vida e da Humanidade - numa sociedade responsável com uma economia humana possível. O despertar intelectual aconteceu com a sincronia enviesada para o mercado dum Plano de Ensino (ISECENSA, 2009), ações humanas (federais, estaduais, municipais), panfletos promocionais do Grupo EBX (Pátio Logístico do Porto do Açú - Complexo Industrial) e população local INCAPAZ. Encontrou-se um problema-dominante, uma questão-basilar, uma questão-transformadora e uma questão-entrave... Destas, chegou-se a uma questão-integrada, que tem implícita a questãotemática deste artigo: - Por onde anda a responsabilidade social da economia humana? Seguidamente, estabeleceu-se o objetivo geral: - Esboço teórico de ordem social genuína, com responsabilidade efetiva de pessoas, físicas e jurídicas, privadas e públicas, na sua vivência, convivência e sobrevivência, através de desenvolvimento responsável, via economia humana, em ecossistemas locais integrados regionalmente. Para o atingir, subestabeleceram-se quatro objetivos específicos: Dinâmica de Economia Humana; Neo-estabilização individual; Neo-estabilização social; Neo-estabilização cósmica. Para chegar a eles, desenvolveu-se um método e um processo híbridos, cujos resultados foram:  produto único;  três subprodutos;  cinco desperdícios;  quatro resíduos;  quatro catalisadores. No fim, fez-se uma discussão fundamentada desses resultados, mediante (des)concerto de duetos extraídos da revisão de literatura que culminaram na espera dum maestro-consertador. 2. Materiais e Métodos 2.1. Materiais Mesa, cadeira, livros, artigos científicos e de opinião, material didático diverso, computador, aplicações do Microsoft Office 2007 (Word, para texto; Powerpoint, para diagramação dinâmica; Excel, para cálculos, referências cruzadas, tabelas dinâmicas e gráficos dinâmicos) e conectividade à Internet. 2.2. Método híbrido Desenvolvimento metódico: Categorização ("arrumação" de categorias); Métodos-integrados (interação dos métodos complexo, reverso e hiperbólico); SWOT (integração da análise SWOT); VESTER (integração da MATRIZ VESTER). 2.2.1. Categorização Categorias-primordiais diretamente da questão temática: 1) economia; 2) humana; 3) onde; 4) responsabilidade; 5) social. Renomeadas e renumeradas por esta ordem de prioridade vital: 1) geotopo (substitui "onde"); 2) vida humana (complementa "humana"; 3) necessidades humanas (substitui "economia"; 4) sociedade humana (substitui "social"); e 5) responsabilidade social (complementa "responsabilidade"). Fundando-se num mundo real sem limites nem referência absoluta (qualquer ponto é centro↔periferia e infinidade↔relatividade), onde ocorrem mudanças de posição relativas e


60 incessantes com o observador sempre no centro (BRUNO), destacou-se esta tríade real mostrando a 'pré-estabilização' natural, estrutural e estruturante, de um mundo real: GEOTOPO↔VIDA HUMANA↔NECESSIDADES HUMANAS. E esta dupla não-real evidenciando uma 'pré-estabilização' antrópica, estrutural e estruturante, mas de um mundo não-real (modo de organização e atribuições humanas): SOCIEDADE HUMANA↔RESPONSABILIDADE SOCIAL. 2.2.2. Métodos-integrados Àquelas categorias ajustadas, aplicou-se o pensamento e o método complexos, fundados nos três princípios básicos daquele: diacrônico (diversidade de pontos ou partes - complementares, concorrentes e antagônicos - na unidade e unidade deles); hologramático (cada parte está no todo e o todo está nessa parte); organizacional recursivo (cada parte é causa do que produz e efeito do que produziu). Traçou-se um "percurso" num eixo diacrônico - a partir de uma impossibilidade cósmica intrínseca de "nada↔tudo" - que desenvolveu um hiper espaço↔tempo e gerou outra (im)possibilidade (in)extrínseca de caos↔cosmos. A esse conjunto real de pares opostos ou partes reais (intra)interativas chamou-se UNI(DI)VERSO VIVO. Dele, destacou-se um cosmo↔topo ou um todo↔parte (holograma dum todo), por onde passam recursivamente todos esses pares opostos. Deste, evidenciaram-se algumas de suas partes (hologramas de partes). Tudo em equilíbrio dinâmico, integrado e cósmico - topo de estabilização cósmica. (APÊNDICE "A") Nesse topo, prioriza-se o real sobre o não-real, e o nada-antrópico sobre o em parte-antrópico e o todo-antrópico: 1) Uni(di)versidade real - entre o nada e o tudo de giro cósmico, como (in)evolução cósmica do espaço↔tempo no caos cósmico - é esta tríade real estabilizadora (todo cósmico e todo terrestre) "cosmo↔topo↔geo", assim integrada: nada→espaço↔tempo→caos↔cosmo↔topo↔geo...tudo Uma sussurrante e ondulante "SOPA CÓSMICA" (de densidade ultra desorganizadora e ultra reorganizadora) que sustenta e permite reproduzir a vida natural numa bolha vital frágil (bio-bolha ou geobio) na parte não-viva (geo-abio) dum planeta (Terra) girando sobre si mesmo, diariamente, em torno dum sol que a mantém refém duma trajetória elíptica 'anual'. É realidade não-utópica (trata-se dum topo ou lugar) e não-antrópica (não resulta de qualquer idealização, planejamento ou intervenção humanos). 2) Uni(di)versidade real antrópica - nessa sopa cósmica, entre o nada e o tudo de giro humano, como (in)evolução cósmica do espaço↔tempo humano no caos do giro e translação terrestres (geo-transgiro) - é esta outra tríade real estabilizadora (todo humano) "corpo↔alma↔espírito", assim integrada: cosmo→topo→geo→cronogeotransgiro→geo-abio→geobio →ser-heterotrófico→ → corpo↔alma↔espírito→todo humano Um heterotrófico e pensante "INGREDIENTE CÓSMICO" (de densidade mini desorganizadora e mini re-organizadora) que vive, convive e sobrevive naquela geobio, movendo-se na geo-abio, diariamente, em si mesmo e em função de outros seres e não-seres - "mixórdia humana" que nada tudo naquela "sopa cósmica". É realidade não-utópica (precisa dum topo ou lugar para o corpo, vivência antrópica que aprisiona a alma e o espírito) e parte-antrópica (não resulta de qualquer intervenção humana, mas é fruto de acasalamento humano). 3) Uni(di)versidade não-real antrópica - entre giros humanos, como (in)evolução antrópica de espaços↔tempos humanos no caos do geo-transgiro, - é esta a tríade não-real estabilizadora (todo humano social) "cultura→transformação→legado", assim integrada: cosmo→topo→geo→cronogeotransgiro→geo-abio→geobio→seres-heterotróficos→ →corpos↔almas↔espíritos→ sociedade humana→ toda humanidade→ idéias humanas→ → signos humanos→ cultura →transformação → legado Um buliçoso e enleante "CALDO ANTRÓPICO" (de densidade supra desorganizadora e supra reorganizadora) que ajusta e controla a produção e reprodução da sociedade humana, numa


61 auto-organização de todos os 'todos humanos' naquela "sopa cósmica", por meio de signos, contra-signos e signos contra signos, que limitam a vivência humana e mantêm e reproduzem a vida social de convivência e sobrevivência da espécie humana. É realidade utópica (um não-lugar, porque, em si mesmo, não faz parte, nem precisa, de topo ou lugar para sua existência) e antrópica (resulta de idealização, planejamento e intervenção humana). Pela densidade desorganizadora↔organizadora dessas "realidades", observa-se que o ser humano: emerge ao sabor duma sopa cósmica real e viva, a ele periférica, que não controla e nem pode controlar; imerge num caldo antrópico utópico, a ele periférica, que, também, não controla, mas pode controlar; em si mesmo, é um todo humano, centro da sua realidade (a)biótica heterotrófica humana, mas condicionado por aquelas forças de desorganização e organização periféricas, muito superiores às dele. Retornando-se às categorias-primordiais, percebe-se que são signos daquele 'caldo antrópico', que cada ser humano, individual ou coletivamente, pode transformar e controlar. Adicionalmente (APÊNDICE "B"), aplicou-se o pensamento e método reversos (organizacional por dentro), mantendo-se o 'fundo cósmico' resultante do 'método complexo' e, a partir do equilíbrio cósmico dinâmico integrado 'obtido' ("cosmo↔topo↔geo"), destacou-se, em ordem inversa, o holograma de cada parte - escondendo e revelando um todo (holograma de um todo que é a 'imagem' tridimensional de um cosmo↔topo ou todo↔parte). Na união dos dois métodos, cada ser humano é centro em seu próprio todo tramado junto pela ordem de seu corpo e contra-ordem de seu espírito, em sua alma - onde ficam os seus valores, os seus interesses, o seu arbítrio (onde 'mora' a responsabilidade individual) e aonde chegam as oportunidades e ameaças, dos "ambientes periféricos" (de oportunidades e ameaças) que o perpassam - a 'sopa' cozinhada por ordem cósmica (onde 'vagueia' a responsabilidade 'cósmica') e o 'caldo' entornado pela ordem social (onde se 'metamorfoseia' a responsabilidade social). Percebe-se a interdependência funcional e a integração sistêmica daquela 'ordem cósmica' e daquela 'ordem social' (ambas pressionando externamente a alma humana) com aquela 'ordem material' e aquela 'contra-ordem não-material' no indivíduo humano (pressionando internamente essa alma). Delimitam-se, com a precisão possível, espaços 'ocupados' pelas três 'responsabilidades', num lugar geométrico de responsabilidade 'individual', comprimida, num mesmo intervalo de tempo, pelas responsabilidades 'cósmica' e 'social'. Para sistematizar e integrar funcionalmente dois "mundos-periféricos", de referência, eqüidistantes de um "mundo-centro", desenvolveu-se (MIGUENS; adaptação) o método hiperbólico (APÊNDICE "C") aproveitando: o 'percurso' do método complexo; o método reverso para inverter a ordem de matéria e energia (então cósmicas) em mundo de matéria e mundo de energia num determinado cosmotopo (o planeta terra, num sistema solar, numa via láctea, numa constelação, no caos↔cosmo); centro e periferias, sistematizando-os e intra(inter)relacionandoos em três mundos distintos: mundo-matéria ↔ mundo-centro ↔ mundo-energia. Ao longo daquele eixo diacrônico e tendo por fundo o diacronismo cósmico de desordem↔ordem, torce-se o hiper espaço↔tempo cósmico. Essa torção cósmica gera um "cosmotopo" (cosmoholograma ou mundo local) e, alinhados com este e eqüidistantes dele, dois "não-lugares" cósmicos (focos na periferia), numa linha de base posicional (distância focal), metamorfoseiam o "mundo local" em mundo-centro. Esses focos, "represam concentricamente" e "ligam hiperbolicamente" a "matéria" e "energia" cósmicas em mundo-matéria e mundo energia daquele "mundo-centro". Neste, não interessa as magnitudes em si dos "mundos-periferia", mas interessa apenas que seja constante a diferença entre essas magnitudes. É essa "constância" que evidenciará uma referência que permitirá a integração sistemática e intra(inter)funcionalidade da "(des)ventura cósmica" desse mundo-centro, orientando este num lugar geométrico construído pela interligação de pontos hiperbólicos hologramáticos de dois não-lugares 'enclausurando' um espaço↔tempo nesse lugar. Portanto, é um "não-lugar" que estabilizará dinamicamente a "vida local" de um cosmotopo. Esse "não-lugar" é um espaço↔tempo de navegação local segura ou a zona de 'responsabilidade' cósmica.


62 Para cada 'cosmo↔topo' do "uni(di)verso vivo" existe uma "torção própria" em que as "conseqüências" e "responsabilidades" dela repetem-se... Até o fim de cada "mundo-centro" ou "cosmotopo". Para 'estabilizar' um lugar cósmico relativamente ao diacronismo espaço↔tempo cósmicos na sopa de ordem cósmica e, ao mesmo tempo, 'isolar' a responsabilidade cósmica, este trabalho sistematizou e integrou esses três métodos num só método híbrido: método complexo reverso hiperbólico. Usando esse método, 'abriu-se' uma janela cósmica na "imensidão da escuridão cósmica" para observar "a olho nu" um cosmotopo em "equilíbrio dinâmico" (planeta terra ou geo-holograma) que tem uma grande quota-parte de responsabilidade (terráquea) na vida nele "confinada". Para limitar o campo de "responsabilidade cósmica", utilizou-se um instrumento teórico (ampulheta complexa reversa hiperbólica), aperfeiçoado também usando aquele método híbrido. É uma AMPULHETA CÓSMICA, à qual se acoplou uma "mira telescópica astronômica". Essa mira forma-se pela interseção perpendicular de um "eixo diacrônico cósmico" (eixo das ordenadas) com dois "eixos contíguos e antagônicos" (eixo das abscissas) - que representam dois "mundos periféricos" de referência para um "mundo central" real. Essa ampulheta contém: 1 (uma) torção do hiper espaço↔tempo cósmico; 9 (nove) pontos de interseção de matéria e energia represada por essa torção no "lado verde da matéria"; 9 (nove) pontos de interseção de matéria e energia represada por essa torção no "lado amarelo da energia"; 1 (uma) linha de base posicional do lugar em observação); e 2 (dois) segmentos de retas paralelos (ligando os quatro 'últimos' daqueles pontos); e 1 (um) espaço↔tempo local de "navegação segura" no espaço↔tempo cósmico. Usando esse instrumento teórico, apontou-se ao coração do elemento essencial do mundo real antrópico - um 'atentado' científico. 2.2.3. SWOT Mirando essa vida humana (antropo-holograma), usou-se a técnica SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats) - no Brasil, FOFA (Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas, Ameaças) - (LIRA, 2008; adaptação). É uma matriz evidenciando um sistema integrado em quatro quadrantes: endogenamente, pontos fortes (strengths=fortalezas) e pontos fracos (weaknesses=fraquezas); e, exogenamente, pontos de oportunidade (opportunities=oportunidades) e pontos de ameaças (threats=ameaças). A interdependência funcional nesses quadrantes é dada por outras tantas relações aplicáveis a cada ser humano: 1) potencialidades (fortalezas↔oportunidades); 2) limitações (fraquezas↔ameaças); 3) riscos (fortalezas↔ ameaças); e 4) desafios (fraquezas ↔ oportunidades). Aplicou-se essa técnica àquele instrumento teórico que passou a designar-se ampulheta complexa reversa hiperbólica swotiana. 2.2.4. VESTER Seguidamente, acoplou-se a MATRIZ DE VESTER (RODRÍGUEZ V., 2008) - técnica facilitadora da "identificação e determinação das causas e efeitos" de uma "situação-problema", em que uma boa identificação de problemas garante a "formulação de objetivos", de forma clara e precisa, facilitadora do "planejamento de alternativas" para atingi-los. Essa identificação de problemas tem dois elementos: identificar e analisar os aspectos envolvidos; estudar as interrelações existentes entre eles, para ajudar na determinação das relações de causalidade que permitam explicar, em essência, o problema. Os PROBLEMAS são classificados em: Problemas Críticos - valor em total de ativos e total de passivos é alto por serem problemas que apresentam muitas causas e efeitos (de seu manejo e intervenção, dependem os resultados finais); Problemas Passivos - apresentam um total passivo alto e um total ativo baixo, significando que têm pouca influência causal (utilizam-se como indicadores de mudança e de eficiência da intervenção de problemas ativos); Problemas Indiferentes - têm total de ativos e total de passivos de baixo valor, de baixa influência causal, não são originados pela maioria dos demais (são de baixa prioridade dentro do sistema analisado). Problemas Ativos - valor em total ativos alto e em total passivos baixo, por serem de alta influência causal sobre a maioria dos restantes,


63 mas não causados por outros (são chaves, por serem causa primaria do problema central, portanto, requerem atenção e manejo crucial). Aplicou-se essa técnica àquele instrumento teórico designado agora: ampulheta complexa reversa hiperbólica swotiana vesteriana. Assim (APÊNDICE "D"), concluiu-se o método híbrido, encerrando-se o método de responsabilidade acadêmica de "estabilização dinâmica" das cinco categorias vazias. 2.3. Processo híbrido Dessa "estabilização" inicial, fez-se a abordagem por um processo híbrido de três (sub)processos: metodológico; econômico; e social. 2.3.1. Metodológico Evidencia um sistema integrado e dinâmica funcional de quatro hologramas primordiais e respectivas ordens primordiais, bem como fatores primordiais de ordem social. Do método híbrido resultou esta nova seqüência para as categorias primordiais (agora, "cheias"): 1) categoria "lugar" (topo), um mundo real (geo-holograma real ou planeta Terra) que foi "gerado" por uma "torção" do diacronismo do hiper espaço-tempo cósmico (cosmo-holograma real e respectiva ordem); 2) categoria "humana", uma parte↔todo real (ser humano ou antropoholograma real e respectiva ordem) e (des)integrante desse lugar, bem como parte↔todo interessada(o) nele por causa de sua vivência e sobrevivência; 3) categoria "economia", macroarrumação desse lugar e a micro-avaliação endôgena e exôgena da menor unidade econômica; 4) categoria "social", uma parte↔todo não-real (sociedade humana ou holograma antrópico virtual e respectiva ordem) e (des)integrante desse lugar, bem como parte↔todo interessada(o) nele por causa da vivência, convivência e sobrevivência humanas; 5) categoria "responsabilidade", outra parte↔todo não-real (imputabilidade hologramática virtual) e (des)integrante desse lugar, bem como parte↔todo nele por causa da "obrigação" de qualquer agente (não necessariamente humano) responder pelas próprias ações que afetem a vivência, convivência e sobrevivência humanas. Nessa nova seqüência, por apresentarem ordens distintas, realinharam-se apenas as quatro primeiras categorias. Seguidamente, apenas para a quarta categoria, ajustaram-se os quatro fatores sociais (COHEN) que, coexistindo e interagindo na sociedade humana, explicam a ordem social (advinda do holograma antrópico não-real que imputa as devidas responsabilidades sociais) e orientam o progresso social. Ou seja, para se apurarem responsabilidades sociais (quinta categoria), é imprescindível uma ordem social humana genuína a obter com o ajuste dinâmico destes quatro fatores: eliminar ou inibir a coerção, física, simbólica ou moral, de grupos minoritários sobre indivíduos ou outros grupos; conciliar os interesses, concorrentes e conflitantes, individuais e coletivos; conciliar os valores, morais, técnicos e estéticos, individuais e de grupos majoritários; inibir a inércia (ou continuidade ou persistência) na vida social apenas dos elementos nocivos simultaneamente aos indivíduos e grupos majoritários. Obteve-se uma dinâmica das quatro últimas categorias, funcional interdependente e, num movimento reverso, rejuntaram-se à primeira categoria ("lugar"), afinando o método híbrido com a integração, à endogenia/exogenia swotiana, de ações humanas - mediante substituição de seus elementos (fortalezas, fraquezas, oportunidades e ameaças) pelos fatores sociais valores, inércia, interesses e coerção humanos, e substituição adicional das potencialidades e limitações pelo agir e não-agir humanos. Aplicou-se essa técnica àquele instrumento teórico - agora designado ampulheta complexa reversa hiperbólica swotiana vesteriana coheniana (AmCoReHiSwVeCo) - e renomeou-se da mesma forma o método híbrido (APÊNDICE "E") - os quais, juntamente com este processo metodológico de sistema integrado de funcionalidade interdependente, permitirão mostrar o processo humano econômico e o processo humano social, que se descrevem a seguir... 2.3.2. Econômico Com base nesse método híbrido, consubstancia-se uma MATRIZ (APÊNDICE "F") de Sistema Integrado de Hologramas Interdependentes (SIHI), mostrando uma dinâmica possível da


64 ECONOMIA HUMANA, mergulhada numa sopa cósmica (que sustenta a vida) e embrulhada num caldo antrópico de signos, contra-signos e signos contra signos (que condiciona a vida) de uma ORDEM SOCIAL em constante mutação informal, apesar da aparente estabilidade formal (que confunde a vida). Associou-se cada "holograma" a um "ambiente", evidenciando-se "pontos fortes e "fracos" dos seres humanos vivos, e as "oportunidades e ameaças" no local onde eles se fixam e movimentam. Por um lado, integram o "ambiente natural" os três hologramas reais (cosmo, geo e antropo hologramas). Por outro lado, o "ambiente social" é um único holograma não-real (holograma antrópico). O objetivo desse sistema é a satisfação possível das necessidades humanas na intercepção desses ambientes, a qual é de responsabilidade social e medida por graus de esperança ponderados que atingem o máximo global de 15.280 pontos - que conduzem a um Índice de Vivência,Convivência e Sobrevivência Humanas (IVCSH) variando entre 0 (nenhuma satisfação humana) e 1 (satisfação humana plena possível). Nesse apêndice, sistema (e índice) foram aplicados a um local, numa região hidrográfica (RH), num município (MUN) do estado do Rio de Janeiro (RJ), do atual país Brasil (BR), no subcontinente América do Sul (AS), no planeta Terra (GEO) como topo do Cosmo entre o 'nada' e o 'tudo'. É uma simulação para verificar o funcionamento da aplicação informática e observar uma satisfação real local relativamente à satisfação esperada no geral. No caso, o IVCSH local igual a 0,354 (ou 35,4% de satisfação de necessidades humanas locais) mostra: no geral, uma tendência para uma "região insuportável"; e, em particular, que os pontos fortes "necessidades humanas genéricas" dos seres humanos - enfraqueceram assustadoramente. Por essa matriz percebe-se uma "Dinâmica" de Economia Humana e, assim, atinge-se o primeiro objetivo específico deste artigo! 2.3.3. Social Entre o passado "morto" e o futuro "inexistente", esse processo desenvolve-se no presente "vivo". Só aqui a AÇÃO HUMANA, a partir da sua herança, é responsável pelo seu legado... Num processo de mudança no planeta Terra algures no Uni(di)verso vivo... Em termos de signos humanos, toda ação se consubstancia em verbo e o verbo responsabiliza o seu agente. Do caldo antrópico de signos, escolheram-se 14 verbos que foram colocados em ordem alfabética e numerados seqüencialmente - a priori considerados aqui significativos para responsabilizar qualquer agente humano. Seguidamente, reposicionaram-se esses micro-signos num micro-sistema dinâmico pelo método híbrido (agora, também alfa-numérico). Tudo conforme APÊNDICE "G". Evidencia-se aqui, o "PODER" como única ação efetiva e quatro ações críticas ("APRENDER", "CONHECER", "PENSAR" e "SABER") formando o grupo crítico EDUCAÇÃO. Após essa micro-sistematização, estabelecendo relações interdependentes das 14 ações, determinaram-se prováveis graus de causalidade (APÊNDICE "H") que redefiniram o fluxo de causalidade dessas ações humanas no processo humano social (APÊNDICE "I"). Nessa redefinição, evidenciam-se quatro ações efetivas - antes críticas - ("APRENDER", "CONHECER", "PENSAR" e "SABER"), acrescidas de "CONVERGIR", bem como o "VIVER", agora, a única ação crítica. Ressalta-se ainda que o "PENSAR" é a causa das causas e que o "PODER" passou a ser uma ação passiva. Depois, alinharam-se ações e respectivos agentes em percursos co-variantes definidos pelas respectivas intensidades no fluxo de causalidade, mas ajustados à ação crítica "VIVER" como marco "0". E na árvore da vida humana - ramo "CRÍTICO" ('tronco' da árvore) e demais ramos a este ajustados: "EFETIVO"; "PASSIVO"; e "INDIFERENTE". Nesta fase, emergiu, da "sopa cósmica" e do "caldo antrópico", o percurso mais reto e curto para a satisfação de necessidades obrigatórias da vida humana ("PENSAR"→ "SER"→ "ESTAR"→ "SOBREVIVER"). Aproveitando-se algumas das dualidades do homo complexus de Morin, 'desenhou-se' o antropo-holograma (homo antropus) que, para tal percurso, destaca


65 estas características ("COGITUS"→ "HUMANUS"→ "LOCALIS"→ "ECONOMICUS"). Tudo conforme APÊNDICE "J". Usando-se a ampulheta (AmCoReHiSwVeCo), hiperbolizaram-se ações nesse micro sistema humano e características de seu agente (homo antropus), e integrou-se aquele sistema na "onda" deste. Tudo conforme APÊNDICE "K". Dessas características (APÊNDICE "L"), escolheram-se as "indiferentes" ("DOMINUS", "HUMANUS" e "REGIONALIS") para serem substituídas, respectivamente, por estas três tríades (homo ecleticus):  "ETICUS"↔"MORIS"↔"IURIS";  "PLURIBUS UNUM"↔"ORBIS"↔"URBIS"; e  "BIOTOPUS"↔"ECOTOPUS"↔"BIOSFERICUS". Separadamente, agruparam-se outras características do ser humano - tais como: (homo luciferus) maldade humana induzida ou exacerbada pela sociedade (ZIMBARDO, 2010); (homo operarius populis mercatus) farsa eleitoral, amor ao trabalho, burrice do proletariado e falsificação empresarial (LAFARGUE); e (homo dolus malus globalis) potencialidades intrínsecas, globais e dolosas advindas dos dez mandamentos de Dowbor (2011). Daí compôs-se o Homo Antropus Ecleticus (HAE) na onda antrópica complexa da dinâmica sócio-econômica 'normal', mas ameaçado de afogamento pela dinâmica sócio-econômica 'abnormal' de uma contra-onda da complexidade humana. (APÊNDICE "M") Ele é "o menor", mas único "cheio" para efeitos de apuração de responsabilidade humana (Efeito Matriosca - série de elementos, uns dentro dos outros, com o menor sendo não oco). Aí, o HAE se transforma em HAERM- Homo Antropus Ecleticus Responsabilis Matrioscas (APÊNDICE "N"). O HAERM, auto-consciente, ativo e teleológico (dirigido por uma imagem do futuro na mente, para influir sobre o sistema), apesar do MEDO e do INTERCÂMBIO, opta pelo AMOR para atender à satisfação de suas necessidades e ao interesse comum na construção do futuro da Humanidade (BOULDING,1945, 1965). Esse HAERM integrará o MUNDO-REAL e o MUNDO-VIRTUAL (imaginário) pela mediação de um MUNDO-DIGITAL, aproveitando a multiplicação impressionante de iniciativas contemporâneas nos planos da tecnologia, dos sistemas de gestão local, do uso da internet para democratizar o conhecimento, da descoberta de novas formas de produção menos agressivas, de formas mais equilibradas de acesso aos recursos (DOWBOR,2011). Cabe ao HAERM imaginar e construir uma Plataforma Digital de Censo, Senso e Integração Objetiva de Hologramas Interdependentes (PDCSIOHI), que, no local e respectiva região, organizará digitalmente toda a sociedade baseado nestas outras tríades: MEDO ↔ AMOR ↔ INTERCÂMBIO REAL ↔ DIGITAL ↔ VIRTUAL 3. Resultados Esse processo híbrido permite observar os resultados que se evidenciam a seguir... 3.1. Produto Homo Antropus Ecleticus Responsabilis Matrioscas (HAERM). 3.2. Subprodutos (APÊNDICE "O") a NEO-ESTABILIZAÇÃO CÓSMICA (NeEsCo) - do Cosmo-Holograma Real (CoHoRe) com Responsabilidade de Ordem Cósmica (ROC) - que, no vórtice do (des)envolvimento cósmico, sustem e sustenta o "PALCO" não-utópico e não-antrópico do homo antropus regionalis (mixórdia de Homo Biotopus, Homo Ecotopus e Homo Biosfericus), afunilando a "sopa cósmica" para a (a)biosfera do planeta Terra, delimitando e nutrindo os biotopos (zonas de vida humana), e pulverizando os ecotopos (zonas de transição entre biotopos) - GeoHolograma Real (GeHoRe) com Responsabilidade de Ordem Terrestre (ROT). Atinge-se aqui o quarto objetivo específico deste artigo!


66 (APÊNDICE "P") a NEO-ESTABILIZAÇÃO INDIVIDUAL (NeEsIn) - do Antropo-Holograma Real (AnHoRe) de Responsabilidade de Ordem Humana Individual (ROHI) - que, no vórtice do (des)envolvimento humano individual - triplamente triádico ("tríades" em MORIN) -, move e responsabiliza o "SUJEITO" não-utópico e parte-antrópico do homo antropus humanus (mixórdia de Homo Pluribus Unum, Homo Orbis e Homo Urbis) - no funil da "sopa cósmica" e da "unitas multiplex" da esfera individual e da esfera social (MORIN). Atinge-se aqui o segundo objetivo específico deste artigo! (APÊNDICE "Q") a NEO-ESTABILIZAÇÃO SOCIAL (NeEsSo) - do Holograma-Antrópico Não Real (HoAnNaRe) com Responsabilidade de Ordem Humana Social (ROHS) - que, no vórtice do (des)envolvimento humano social - "desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias e do sentimento de pertencer à espécie humana" (MORIN) -, tanto sustem e sustenta o "CENÁRIO" utópico e antrópico do homo antropus dominus (embrulhada de Homo Eticus, Homo Moris e Homo Iuris), quanto orienta, protege, conduz e responsabiliza cada "ATOR", afunilando a "sopa cósmica" num "caldo antrópico". È este "caldo" que re-delimita e re(des)nutre biotopos e estagna ou entesoura ecotopos. É a esse mesmo "caldo" que se atribui a responsabilidade social da construção, do monitoramento e do controle do Sistema Integrado de Hologramas Interdependentes (SIHI) e respectivo índice, bem como dos próprios instrumentos catalisadores das ações humanas. Atinge-se aqui o terceiro objetivo específico deste artigo! Completam-se os quatro objetivos específicos! 3.3. Desperdícios Apuraram-se estes desperdícios:  Mutável 'homo imaginarius' (participando de redes sociais mundiais virtuais, com 'outra vida' ou 'avatar', mas esquecendo de sua "vida real" de valores, inércia, interesses, coersões, fortalezas, oportunidades, fraquezas, ameaças, proveitos, limitações, riscos e desafios).  Inconseqüente 'homo poeticus' (acossado por seus sonhos, devaneios e idealismos, e frustrado em seu amor repreendido).  Irresponsável 'homo ludens' ou falso 'homo economicus' (no 'jogo da vida' - jogo lotérico para as famílias, jogo de mercado e jogo de logística para os empresários, bem como jogo democrático e jogo de privilégios para os governos).  Irrefletido 'homo consumans' (tanto desamparado no consumo essencial à subsistência e sobrevivência, quanto perdulário no consumo suntuoso e supérfluo).  Incansável (empacado e incompreensível) 'Homo Operarius Populis Mercatus' (composto de 'Consumans Burrus', 'Logisticus', 'Falsificantis', 'Falsus', 'Organismus', 'Proletarius Burrus', 'Otiosus' e 'Filantropus'). 3.4. Resíduos E estes resíduos:  Aparentemente invisível ('por isso', inimputável) 'Homo demens' (dominando o 'homo sapiens', fabricando armas e drogas pesadas, e urdindo nações, leis, contratos, intrigas, guerras e guerrilhas);  Temível 'Homo Luciferus' (composto de 'Malus Tolerantis', 'Cogitus Interruptus', 'Malus Alter Humanus Anonimus', 'Malus Principatus', 'Ego Responsabilis Anonimus', 'Ego Inumanus Anonimus' e 'Erga Omnes';  Ignóbil 'Homo Dolus Malus Globalis' (composto de Infraprosaicus, Ignorantis, Monetarius, Tributus, Censoris, Miserabilis, Ultrafaber, Usurarius e Corruptus);  Presumível responsável 'Homo sapiens' (ou seu aprimorado 'Homo sapiens sapiens'). 3.5. Catalisadores Integram processos como facilitadores ou inibidores, sem se misturarem aos produtos, subprodutos, desperdícios e resíduos. São estes:  Índice de Vivência, Convivência e Sobrevivência Humanas (IVCSH ou InViCoSoHu) e suas adaptações a um local, uma região, um país, uma nação, outras nações e o planeta;  Ampulheta Complexa Reversa Hiperbólica Swotiana Vesteriana Coheniana (AmCoReHiSwVeCo);


67  Matriz Sistema Integrado de Hologramas Interdependentes (SIHI);  Plataforma Digital de Censo, Senso e Integração Objetiva de Hologramas Interdependentes (PDCSIOHI). 4. Discussão Que MAESTRO regerá um CONCERTO destes seis DUETOS (espaço-tempo, ser-humano, sociedade-humana, tecnologia-social, economia-humana, responsabilidade-social) no DESCONSERTO ATUAL ? 4.1. Concerto No DUETO ESPAÇO-TEMPO: Qualquer ponto é centro-periferia e infinidade-relatividade com o observador sempre no centro (BRUNO). Entre o céu estrelado, por sobre o observador, e a lei moral dentro dele (KANT), existe um mundo fora do ser humano e outro mundo nele. Quando ele observa, não dispõe apenas dos olhos para investigar a natureza, os abismos imensos e as profundidades colossais, tem instrumentos que o auxiliam (ZÊNITE). Fora do ser humano, é o mundo natural - um Universo intrincado onde: a ordem, a desordem e a organização atuam de modo complementar, concorrente e antagônico; o planeta Terra que "erra em situação marginal, periférica"; e o conjunto de seres vivos de "identidade terrena física e biológica" que dependem "vitalmente da biosfera terrestre" (MORIN). Ecossistema Terra como 'sistema econômico primário', um complexo de processos ecológicos que sustentam toda a vida (ANDERSON), que se caracteriza por ser adaptável, aberto e ter componentes que interagem continuamente (fluxos de matéria, de energia ou de informação) e para dentro e para fora dos seus limites, mas permite que, através de suas propriedades emergentes de resistência (inflexibilidade a distúrbio) e resiliência (rapidez de retorno ao equilíbrio), esse complexo ecológico tenha propensão para manter o estado de equilíbrio anterior (LIMBURG et al). Dentro do ser humano, é o mundo ético - um complexo de intuições disponíveis e imperativos humanos que se complementam - categóricos, hipotéticos (KANT), antropológicos (MORIN) -, e de necessidades e desejos humanos - inúmeros e de várias espécies, geralmente, limitados e suscetíveis de serem satisfeitos (MARSHALL). Esses dois mundos são ‘meta-estáveis’, mas podem submeter-se a transições rápidas para um novo estado de equilíbrio (LIMBURG et al). No DUETO SER-HUMANO: Cada pessoa é ponto de holograma, biofísico e psico-sócio-cultural, que traz codificados nela todo o cosmos, toda a vida e toda a humanidade, dos quais faz parte; esse "ponto" desenvolve-se além do mundo físico e vivo, onde tem lugar a plenitude da humanidade (MORIN). No DUETO SOCIEDADE-HUMANA: As pessoas, individualmente ou em grupos, formais ou informais, quando decidem viver coletivamente num PAÍS, estabelecem um PACTO SOCIAL alienando parte de sua liberdade ao ESTADO que, legitimamente, regulará as inúmeras relações entre as pessoas e as organizações visando ao bem estar da população (CONCEIÇÃO e CONCEIÇÃO). O objetivo maior de como essas pessoas se organizam como sociedade é ter tempo para fazer as coisas que lhes agradam; mas, para tal, o essencial é essas pessoas tomarem consciência que o tempo delas não é gratuito, valorizando-o mesmo que não entre no usual circuito monetário - e, quando alguém o desperdiçar, este desperdício tem de ser levado em conta (DOWBOR, 2010). Essas pessoas desejam "viver com qualidade" e "sobreviver" (DOWBOR, 2011), integradas por um Estado respeitador dessas pessoas - no desempenho de papel decisivo, com a condição de que aceitem, em razão do próprio interesse, abandonar sua soberania absoluta acerca de todos os grandes problemas de utilidade comum e, sobretudo, os problemas de vida ou de morte, os quais ultrapassam sua competência isolada (MORIN).


68 No DUETO TECNOLOGIA-SOCIAL: Há que desenvolver produtos, técnicas e metodologias reaplicáveis a partir da interação com as comunidades e como soluções para a diminuição das desigualdades sociais, formando um bloco social e técnico capaz de apoiar uma nova forma de pensar a dinâmica social e produtiva e construir uma nova forma de organização produtiva e social mediante uma nova tecnologia voltada para a transformação do sistema, preferencialmente construindo Redes de Tecnologia Social (BOCAYUVA CUNHA E VARANDA). Mas, sem olvidar que a produção humana é o método que o ser humano, direcionado pela razão, emprega para a melhor eliminação possível de dificuldades (MISES). Porém, toda a produção e consumo dos seres vivos acontecem sob condições estabelecidas por leis biológicas e forças físicas, fundamentais (HENDERSON), em que a ação humana sobre a Natureza limita-se a colocar as coisas em lugares apropriados para que sobre elas ajam as próprias forças internas desta e as forças que residem em outros objetos naturais, movimentando, aproximando ou separando essas coisas (movimenta uma semente, depositando-a no solo, e as forças naturais da vegetação produzem sucessivamente uma raiz, um caule, folhas, flores e frutos (MILL). A máquina invadiu todos os ramos da produção (LAFARGUE), mas há multiplicação impressionante de iniciativas, nos planos da tecnologia, nos sistemas de gestão local, no uso da internet para democratizar o conhecimento, na descoberta de novas formas de produção menos agressivas e nas formas mais equilibradas de acesso aos recursos (DOWBOR, 2011). Cada indivíduo passará a ser esclarecido sobre o que receber ou consumir de todo o planeta (MORIN) e, com tanto esclarecimento, o ser humano poderá sair da sua menoridade (KANT). Essa nova tecnologia social contribuiria também para a revolução administrativa no Estado, reduzindo a intensidade de poder sobre seu próprio povo e ampliando o 'BEM-ESTAR' em plano inacessível (HICKS, 1972, p. 160). E para estabelecer mecanismos de regulação do processo de organização da produção, da distribuição, circulação e do consumo (CONCEIÇÃO E CONCEIÇÃO). Destarte, é possível SOBREVIVER desenvolvendo formas inteligentes de articulação entre os diversos objetivos econômicos, sociais, ambientais e culturais, conseqüentemente, formas inteligentes de colaboração entre os diversos atores que devem participar da construção social destes objetivos, substituindo gradualmente o "paradigma da competição" pelo "paradigma da colaboração" (DOWBOR,2010). Nessa "substituição", usar-se-ão as mesmas tecnologias que favorecem a globalização para favorecer os espaços locais, as dimensões participativas e uma conectividade democrática. As tecnologias da informação e da comunicação (TIC) podem viabilizar uma rede mais ampla e mais horizontal, com cada localidade recuperando a sua importância ao cruzar a especificidade dos interesses locais com o potencial da colaboração planetária (DOWBOR,2010). Mas tendo o CUIDADO de beneficiar-se dessas tecnologias e técnicas sem se submeter a elas (MORIN). Pelo paradigma da "colaboração", cada localidade e seu entorno constituem uma unidade de acumulação econômica dentro de um "território" e numa "região" onde se situe (DOWBOR,2010). Todavia, a verdadeira transformação só ocorrerá com a inter-transformação de todos, operando uma transformação global que retroagirá sobre as transformações individuais (MORIN). Em que o objetivo é a VIDA e o TEMPO de vida terrestre de cada um é recurso não-renovável que não deve ser desperdiçado pelas próprias pessoas nem por terceiros (DOWBOR, 2010). Mas, para tudo isso, é imprescindível a integração da ciência em geral e das ciências sociais em particular pela aproximação de todas as disciplinas especializadas, umas das outras (BOULDING,1950); principalmente, porque todos os problemas estão conectados uns com os outros e são pouquíssimos os seres humanos criativos (MISES). O DUETO ECONOMIA-HUMANA: É de extrema importância pois produz a riqueza e garante a sobrevivência das pessoas numa sociedade, ao mesmo tempo que implica inúmeras relações jurídicas de interação dos agentes econômicos (redes de contatos com fornecedores, consumidores, empregados, governos e outras organizações); porém, a economia não é um fim em si mesma e deve garantir a todos uma


69 existência digna, sempre, com justiça social, para que a dignidade da pessoa humana possa ser, efetivamente, um dos fundamentos de um estado democrático de direito que permeará esse tecido social complexo e onde a vida social importa em respeitar o ser humano em toda a sua plenitude (CONCEIÇÃO e CONCEIÇÃO). Assim, a economia é um meio de servir apenas para o desenvolvimento equilibrado da Humanidade ajudando a selecionar cientificamente as soluções mais positivas (DOWBOR, 2010). Por isso, não devem existir cantos isolados no complexo do pensamento econômico e tudo deve ser alcançado pelo poder de refletir, meditar e raciocinar (MISES) - aproveitando que a economia carrega em si, hologrâmicamente, necessidades, desejos e paixões humanas (que ultrapassam os meros interesses econômicos-financeiros), e, por isso, o conhecimento pertinente deve enfrentar a complexidade (em que complexus significa o que foi tecido junto) pela reforma paradigmática do pensamento (não, programática) e da educação que confere aptidão para organizar o conhecimento (MORIN). E todo o desenvolvimento verdadeiramente humano é o desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias e do sentimento de pertencer à espécie humana (MORIN). Em que o DESENVOLVIMENTO LOCAL determina qual é o potencial de recursos com o que se conta (e que está subutilizado) e quais as necessidades que se requer para satisfazer as pessoas, as comunidades, as coletividades, os municípios e a sociedade em seu conjunto, num processo com objetivo de construção de territórios inovadores e competitivos assegurados por subprocessos de natureza endógena, estratégia baseada na solidariedade territorial - mediante a afirmação da identidade cultural -, gestão associativa entre representantes públicos e privados e originalidade (LIRA, 2008, 2009). Em particular, a LOGÍSTICA (portuária ou outra, pública ou privada) é um sub-sistema econômico complexo de intra-interação real, virtual, dialógica e hologramática de várias partes interessadas (antropo-indivíduos ou antropo-grupos) - bióticas ou abióticas -, num lugar ou região, cujo arranque, programação, operação e manutenção se dão, recursiva e reversamente, a partir de um contrato exeqüivel (formal ou não) entre, pelo menos, duas dessas partes interessadas (antropo-grupos ativos), fundado na antropo-ética. Porém, a execução desse contrato deve ser uma "navegação" hiperbólica que satisfaça todas as demais partes interessadas - críticas ou outras ativas ou indiferentes ou passivas... Por outras palavras, ao observar-se um processo logístico, tem-se a percepção que logística é o pensamento humano (re)ordenado e (re)aplicado às ações humanas de medir, juntar, separar, contar e calcular, usando palavras, de números e, cada vez mais, imagens reais, virtuais e digitais. No DUETO RESPONSABILIDADE-SOCIAL: A democracia precisa de uma ética, que desafie o sucesso e a recompensa - ensinada pelo cristianismo em seu início e pela cooperação industrial e científica hodierna -, em que cada pessoa comece a perceber que o seu sacrifício de pode significar tanto ou ainda mais quando é feito anonimamente, e que lhe ensinam a fazer o seu trabalho e lhe digam qual o sacrifício por esse trabalho - não por amor de louvores ou para evitar censuras (POPPER). Assim, é necessário criar um ambiente moral e orgânico que atenda às necessidades humanas obrigatórias por organizações recursivas (BOULDING,1945). E existe a possibilidade da DEMOCRACIA ECONÔMICA que consiste em inserir nos processos decisórios os diversos interesses (especialmente, os que são passíveis de serem prejudicados) e se manifesta na qualidade da inserção no processo produtivo, no acesso equilibrado aos resultados do esforço, e no acesso à informação que assegure o direito às opções (particularmente, o 'acesso à informação e ao conhecimento' evidentemente vinculado à existência da imensa massa de pobres do planeta, que não têm acesso à educação suficiente, à informação efetiva e ao conhecimento tecnológico - estes como conjunto dos instrumentos mínimos que possam constituir uma precária escada para subir na vida), sem desperdiçar o tempo de vida terrestre de cada pessoa (DOWBOR, 2010) -, principalmente, pela ética empresarial, que, no curto prazo é uma questão de escolha, mas a longo prazo é uma questão de sobrevivência (BARBOT).


70 ÉTICA DOS RESULTADOS pela qual dirigentes corporativos, bem intencionados (contribuindo para escolas em regiões pobres), no conjunto, não aprofundem desigualdades sociais e destruição ambiental (DOWBOR, 2010). ÉTICA DO FUTURO ou ANTROPO-ÉTICA, que supõe a decisão consciente e esclarecida de assumir a condição humana 'indivíduo/sociedade/espécie' na complexidade de cada um que deve alcançar a humanidade em si mesmo (consciência pessoal) e assumir o destino humano em suas antinomias e plenitude (MORIN). O domínio destes IMPERATIVOS: duplo antropológico de salvar a unidade humana e salvar a diversidade humana (MORIN); categórico (pela fórmula da autonomia) em que cada um deve agir como legislador autônomo pensando em si como leis universais legislativas através das suas máximas que ele próprio segue (KANT), norteado por equilíbrio razoável entre os próprios interesses (perfeitamente legítimos) e o bem comum (DOWBOR, 2010). Recursos financeiros e humanos, técnicas e conhecimentos necessários estão disponíveis para remediar em pouco tempo a desigualdade social e a destruição ambiental (DOWBOR, 2010). Eis o concerto! Mas, por onde anda o maestro? 4.2. Desconserto Todo o progresso é devido a atividades novas que suscitam novas necessidades - não a novas necessidades que tenham suscitado novas atividades (MARSHALL). Os Estados - que dominam o cenário mundial como titãs brutos e ébrios, poderosos e impotentes (MORIN) -, acreditando numa oferta infinita de energia barata e uma adaptação infinita da biosfera terrestre (ANDERSON), têm adotado um modelo de desenvolvimento do desperdício, representando um processo altamente dissipativo, consumidor de muitíssima energia da Natureza que tem sido 'espremida' a esmo, até a última gota, para manter níveis injustificados de complexidade (TRONCONI et al)! Em que poluição, deslocamentos populacionais e recursos esgotados consideram-se EXTERNALIDADES desse modelo e já atingiram uma enorme reserva de dívida dos 'custos privados' que viraram 'contas sociais' a serem pagas pelo público (HENDERSON). Contudo, é cada pessoa a responsável por tal desenvolvimento, mas cada um tem sido incapaz de usar o próprio entendimento - por estar na 'menoridade' - e, por isso, tem sido incapaz de escolher, decidir e andar por si mesmo (KANT). E, apesar de cada um ser "racional", traz em si personalidades virtuais e uma poli-existência no real e no imaginário - é o Homo complexus -, e tem sido o 'Homo demens' a submeter o 'Homo sapiens', subordinando a inteligência racional ao serviço dos monstros daquele (MORIN). E, além da já 'normal' relação empresa-trabalhador, vale tudo por dinheiro: relação igreja-crente; relação professsor-aluno; relação familiar; relação amorosa; e relação política (DOWBOR, 2010). Incompreensivelmente, o novo saber, por não ter sido religado, não tem sido assimilado nem integrado e, paradoxalmente, tem-se assistido ao agravamento da ignorância do todo, enquanto avança o conhecimento das partes, quando o conhecimento do mundo é necessidade simultaneamente intelectual e vital (MORIN). Além disso, o PODER passou para um novo fator de produção - a associação de homens de experiência e talentos diversos em colaboração para atender exigências da tecnologia e planejamento industriais modernos - e é da eficiência dessa associação comercial que depende hoje o êxito da moderna empresa (GALBRAITH). Ora, a "antropo-ética" supõe a ação humana auto-consciente e esclarecida, no entanto, na realidade moderna, a economia tradicional ignorou sempre o aspecto não-monetário, não abandonou o pragmatismo acadêmico e não abraçou a necessidade de mudanças - esta, como premissa básica e fundamental - (OLIVEIRA); nem respeitou os seus laços - onde se desenvolvem atividades sociais, políticas, religiosas, científicas e tecnológicas que a ela retornam - em que os economistas, já em 1920-1930, estavam tão enfronhados no estudo dos mercados que não queriam verificar outra forma de organização como alternativa válida aos mercados mais ou menos 'perfeitos' que eles tentavam tornar o mais perfeitos possível (HICKS). Economistas ou financeiros? Descomplexadamente, a tendência da Economia tem sido isolar-se da realidade política e social, distorcendo os problemas com o "CRESCIMENTO" - e, incompreensivelmente, mesmo sendo "Ciência Social", quase sempre não se colocam os problemas como aspectos econômicos


71 do fenômeno social (que são) e procuram-se as causas mais relevantes dos problemas econômicos na economia tradicional moderna, quando essas causas são: déficit de qualificação dos recursos humanos; déficit processual da Justiça; burocracia; centralismo e peso do Estado (LOPES). Assim, a MACRO-ECONOMIA HUMANA desenvolve-se: Destruindo os fundamentos genuínos da sua própria existência (HENDERSON) "Escrava" do Produto Nacional Bruto (PNB), "medida equívoca de desenvolvimento" (SILVA) que, num país específico, mede o fluxo da produção de bens e dos serviços físicos transacionáveis, calculados a preços de mercado (ROBINSON); Desconsiderando a significância dos meios de produção 'informais', nunca os destacando em contabilidades monetárias, apesar deles constituírem uma parte substancial de toda a produtividade real da sociedade nos bons e maus tempos (HENDERSON). Com décadas de controle econômico pela manipulação da ‘demanda agregada’ pela POLÍTICA PÚBLICA (aproximação keynesiana com falta de credibilidade, pois não resulta mais) e atual tentativa dos defensores do recentemente ressuscitado ‘lado da oferta' da economia neoclássica de restaurar a fé no 'mercado livre' - uma instituição econômica que há muito tempo os historiadores descartaram por não ser baseada em fatos (WINNER). Quando não existe mercado que não esteja ancorado na sociedade, sendo necessário um modelo mínimo de balanço social dando transparência aos conceitos e indicadores sociais, culturais e ambientais (CORTEZ). Enquanto a MICRO-ECONOMIA HUMANA: Restringe-se ao objetivo das EMPRESAS em maximizar o lucro (BARBOT), quando o motivo do lucro é o vento que impele o veleiro, mas, para mantê-lo no rumo escolhido, falta um leme (LEONTIEF). Rege-se pela loucura política lúdica e imaginária - na "ciranda" das farsas 'eleitorais' e da 'economia' financeira - que se deleita na loucura empresarial e consumo poético ignorante de populações nada ou pouco esclarecidas (adaptado de MORIN e LAFARGUE), destrói solo, água, vida nos mares, cobertura vegetal, reservas de petróleo, cobertura de ozônio e próprio clima, mas contabiliza apenas a taxa de crescimento do PNB (DOWBOR, 2010) e publica balanços sociais (como atitude empresarial socialmente mais responsável na integração dos interesses e compromissos das empresas com a sociedade e com o mercado) sem adotar sequer o modelo mínimo, sendo a maioria discursiva e enganosa, com maior brilho no texto publicitário e não no conteúdo das ações realizadas (CORTEZ). Ademais, a responsabilidade social na economia humana a partir de um ambiente empresarial não está na condição humana porque evidencia a supremacia de coletivos minoritários sobre o individual nesse "ambiente" - em que essa responsabilidade gravita entre o 'umbigo empresarial' e o 'nariz empresarial' de pessoas jurídicas de coletivos ou grupos minoritários, públicos ou privados. O 'umbigo' representa a sobrevivência empresarial ou dessas pessoas jurídicas. O 'nariz' simboliza a sua supremacia arrogante sobre maiorias medrosas ou ignorantes - que silenciam, aceitam, aplaudem (burra ou interesseiramente), qualquer 'ética formal', 'moral formal', 'responsabilidade de ocasião'. Tais minorias corporativas, isoladamente ou em conluio, nacional ou transnacional, de conivência explícita ou tácita de (des)governos corruptos, aproveitam as farsas eleitorais e abusam da menoridade Kantiana da maioria dos seus concidadãos - permanecendo nessa 'menoridade' por não ousam pensar e serem covardes, preguiçosos e comodistas que preferem a zona do conforto porque existem pessoas que 'pensam', fazem tudo e tomam decisões por elas... A "irresponsabilidade social“ está cravada nos seres humanos, emana deles, passeia-se nas 'entranhas' de suas formas de associação (voluntárias ou não), contamina estas (e seu entorno) e canibaliza o próprio 'umbigo' que, putrefato e nauseabundo, estimula desagradavelmente o 'nariz', que, não agüentando os odores fétidos de seu próprio corpo, dos seus stokeholders e dos seus stakeholders, vira "nariz de pinóquio" - insensível, mas crescendo a cada embuste sobre 'responsabilidade social'... Pseudo-responsabilidade legalizada e legitimada por indicadores científicos hilariantes, balanços sociais espúrios e audiências públicas estéreis - do "EIA! Cadê RIMA?".


72 Ela gravita entre 'umbigo' e 'nariz' - equivalente à responsabilidade humana igual a (ou próxima de) "ZERO" -, metamorfoseada num ambiente pseudo-econômico de conduta empreendedora (ir)relevante de grupos (corporativos) minoritários (INDIVÍDUOS sob PACTOS SOCIAIS "PARTES-PARTES" com GOVERNOS, FAMÍLIAS e EMPRESAS) da sociedade humana - INDIVÍDUOS sob UM PACTO SOCIAL "TODO-PARTES", que são dominadores e padronizadores relativamente a cada um e à maioria da sociedade onde se inserem ou conquistam por forças brutas visíveis ou por forças brandas invisíveis. Eis o deconserto! Mas, por onde anda o consertador? 4.3. Maestro-Consertador No desconserto atual, importa ser realista no sentido complexo, compreendendo a incerteza do real e sabendo do possível ainda invisível no real (MORIN). Antes de pensar em perversidade, deve-se dar uma boa chance à ignorância (DOWBOR, 2010), sabendo que a cura para as práticas humanas destrutivas está numa economia humana conservadora de materiais e energia, distribuidora equilibrada dos frutos de produção, controlada para obtenção de rendimentos sustentáveis e produtividade a longo prazo, guiada pela máxima pensando globalmente, agindo localmente (HENDERSON). Mas exigindo-se dos dirigentes políticos e corporativos um pouco menos de esperteza em acumular vantagens para os seus sócios e um pouco mais de inteligência em termos econômicos e sociais (DOWBOR, 2010), diante deste PROBLEMA DOMINANTE : Dificuldade de interdependência funcional e integração de sistemas (COHEN) num desenvolvimento verdadeiramente humano da sociedade, face ao problema universal de todo cidadão do novo milênio (MORIN). E perante estas três questões: QUESTÃO BASILAR - O que mantém unida e a funcionar uma sociedade humana, sem um ambiente moral e orgânico, com escassas pessoas criativas? (COHEN; BOULDING, 1945; MISES) QUESTÃO TRANSFORMADORA - Como ter acesso a informações relevantes para a vida humana, articulá-las e organizá-las, para poder perceber e conceber o Contexto, o Global, o Multidimensional e o Complexo? (MORIN) QUESTÃO ENTRAVE - Como responsabilizar, individualmente ou em grupo, alguém INCAPAZ por estar na 'menoridade', ser 'burro', 'louco', 'jogador', 'influenciável para a maldade' e 'ignorante'? (KANT; LAFARGUE; MORIN; ZIMBARDO; DOWBOR,2011) Imbricadas nesta outra questão: QUESTÃO INTEGRADA (base, transformação e entrave) - Como se mantém unida uma SOCIEDADE HUMANA formada por pessoas INCAPAZES, desfrutando do seu TEMPO como um recurso não-renovável, objetivando sua VIDA ANTROPO-ÉTICA com QUALIDADE e querendo assumir seu DESTINO, estando bem informadas, articuladas, organizadas e preparadas mediante SISTEMA de redes, usando TECNOLOGIAS SOFISTICADAS de informação e de comunicação (sem se submeter a elas), de âmbito LOCAL e REGIONAL, e contando com escassos seres humanos CRIATIVOS? Cuja resposta é esta: - CADA PESSOA FÍSICA deve ser um holograma Homo Antropus Ecleticus Responsabilis Matrioscas (HAERM), auto-consciente, teleológico, empreendedor, interdependente, integrado, fluído e persistente (monitorado e controlado, nos seus intrínsecos e controvertidos problemas, pela AmCoReHiSwVeCo), mediante co-responsabilidade social de todos nos "quesitos humanos" de participação, coesão, solidariedade, submissão, comprometimento, conformidade, consenso, mutualidade e cooperação (COHEN - adaptação); - Num PROCESSO ANTROPO-ÉTICO e "nano/pico" tecnológico de auto-incubação, que cointegrará a sistematização interativa de biotopos locais, utilizando o SIHI↔IVCSH em Rede Social Antropo-Vital Digital (ReSoAnViDi), e re-estabelecerá um sentimento de pertença local/regional; - Disponibilizando ACESSO INDIVIDUAL LOCAL a uma PDCSIOHI remota - integrada nessa ReSoAnViDi - que catalisará (e assistirá) o (des)envolvimento de GENTE INCAPAZ que valorizará o TEMPO SOCIAL de cada um na sua inter-dependência na co-operação com/de outros hologramas. Atinge-se aqui o objetivo geral deste artigo!


73 A responsabilidade social efetiva na economia humana é a responsabilidade não-real do HAERM e andará por onde este andar: sobre o PALCO com CENÁRIO COSMOPOLITA, ao sabor do ENREDO da sua VIDA REAL "PROSAICA" (satisfazendo suas necessidades humanas obrigatórias via economia humana) e do SCRIPT dado pelas vidas reais do cosmo e do planeta e vidas virtuais da sociedade humana - tendo o AMOR por princípio e a ORDEM por base para o seu eventual PROGRESSO (MENDES) HAERM, humano (reconhecendo-se como um entre vários) com sentimento de pertença (a biotopo, ecotopo, biosfera) e auto-domínio (ética, moral, direito), agindo efetivamente (pensar, convergir, saber, aprender e conhecer), correndo riscos e aceitando desafios (no "fazer", "estar", "conviver", "poder", "sobreviver" - percebendo os contornos da ROC, ROT e ROHS para envolver sua ROHI. Enquanto sua responsabilidade não-real é "suceder" ao homo sapiens (sapiens) - controlando 'subprodutos' e 'catalisadores', reciclando 'resíduos' e 'desperdícios' - para permitir ao Homo consertus anteceder o Homo concertus... EIA! RIMA! Responde-se aqui à questão-temática deste artigo! O "maestro consertador" virá!... CONCLUI-SE, parafraseando Pareto (o mentor do "80/20" ou "70/30"): as teorias da antiga Economia eram necessárias para se chegar às teorias novas e, estas, sempre muito imperfeitas, servir-nos-ão para chegar a outras teorias menos imperfeitas, e assim por diante... E Sócrates: Conheça cada um a si mesmo e SABERÁ QUE NADA SABE...


74 Referências Bibliográficas ANTUNES, Cláudia Abreu (Coord.), et al. 2006. Gestão ética e socialmente responsável: teoria e prática. 1ª Edição. Lisboa : Editora RH, Lda, 2006. p. 34. Resenha de livro com 531 páginas. ARAÚJO, Rodolfo. 2010. Conheça o efeito Lúcifer - e resista às suas diabólicas tentações. Texto original: Experimentos em Psicologia - Phil Zimbardo e o efeito Lúcifer. 22 de ago de 2010. Título original do livro (2007): The Lucifer Effect- Understanding How Good People Turn Evil. Acessado em 6 de setembro de 2010. BARBOT, Estela. 2006. Gestão Ética e Responsabilidade Social não se fazem por decreto. [A. do livro] Cláudia Abreu (Coord.), et al. ANTUNES. Gestão ética e socialmente responsável: teoria e prática. 1ª Edição. Lisboa : Editora RH, Lda, 2006, p. 34. Resenha (pp.19-21) de livro. BOCAYUVA CUNHA, Pedro Cláudio Cunca e VARANDA, Ana Paula de Moura. 2009. Tecnologia Social, Autogestão e Economia Solidária. 1ª Ed. Rio de Janeiro : FASE/IPPUR/LASTRO/UFRJ, (FASE/FINEP), 2009, p.152. BOCCHI, João Ildebrando (Org.), et al. 2004. Monografia para Economia. [ed.] Karina Maria Ramos Guimarães. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 229. BOULDING, Kenneth Ewert. 1945. There is a spirit. Soneto nº 11 em Naylor Sonnets. 1945. [1910 - 1993]. Apud SILK, L. S. 1978. Os economistas. Rio de Janeiro : Zahar, 1978. p. 249. —. 1950. A reconstruction of economics. Nova York : s.n., 1950. [1910 - 1993]. Apud SILK, L. S. 1978. Os economistas. —. 1965. Economic Libertarianism. Chicago : s.n., 1965. pp. 30-42. [1910 - 1993]. Conference on savings and residential financing: Proceedings. Apud SILK, L.S. 1978. Os economistas. BRASIL, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Árvore Hiperbólica. Informações Empresariais - Telecentros de Informação e Negócios. [Online] [Citado em: 2 de fev de 2011.] http://www.telecentros.desenvolvimento.gov.br/sitio/informacoes-empresariais/arvore/. BRUNO, Giordano [1548-1600]. Apud COBRA, Rubem Q. 2000. Biografia de Giordano Bruno: Cosmologia. COBRA.PAGES. [Online] 2000. [Citado em: 14 de out de 2006.] Brasília. Geocities.com/cobra_pages" é "Mirror Site". http://www.cobra.pages.nom.br. COHEN, Percy S. 1976. Teoria Social Moderna. [trad.] Christiano Monteiro Oiticica. 2ª Ed. Rio de Janeiro : Zahar Editores, 1976. p. 258. Biblioteca de Ciências Sociais.Tadução: 1ª ed.(publicada por Heinemann Educational Books Ltd: Londres,1968). CONCEIÇÃO, Maria da Consolação Vegi da e CONCEIÇÃO, Jefferson José da. 2008. Livre mercado versus responsabilidade social. A controvérsia a luz da Economia e do Direito. Jus Navigandi. Teresina : s.n., 15 de mar de 2008. Vols. ano 12, n.1718, p. 17. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11052>. Acesso em: 21 ago. 2010. CORTEZ, Henrique. 2008. Cadê a tal responsabilidade social? 01 de maio de 2008. p. 4. Artigo originalmente publicado no Jornal do Commercio. DOWBOR, Ladislau. 2010. Democracia Econômica: Alternativas de gestão social. ENSAIO. [Documento de WORD]. São Paulo, SP, Brasil : Vozes, 29 de nov de 2010. p. 129. Versão atualizada. Disponível em: http://dowbor.org. Acesso em: 2010/dez/29. —. 2011. Os Dez Mandamentos. [Online] 02 de jan de 2011. [Citado em: 23 de jan de 2011.] GALBRAITH, John Kenneth. 1967. O novo estado industrial. [trad.] Leônidas Gontijo de Carvalho. 3.ed.rev. São Paulo : Abril Cultural, 1967. pp. 1-296. [1908 - 2006].1982. In: Coleção ‘Os Economistas’. Obras econômicas. Apresentação de Gesner José Oliveira Filho. Revisão de Aldo Bocchini Neto.


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77

APÊNDICES APÊNDICE A - MÉTODO COMPLEXO ............................................................................................................................. 78 APÊNDICE B - MÉTODO REVERSO ................................................................................................................................ 78 APÊNDICE C - MÉTODO HIPERBÓLICO ......................................................................................................................... 79 APÊNDICE D - MÉTODO HÍBRIDO : MÉTODO COMPLEXO REVERSO HIPERBÓLICO SWOTIANO VESTERIANO ........................... 80 APÊNDICE E - PROCESSO METODOLÓGICO : COMPLEXO REVERSO HIPERBÓLICO SWOTIANO VESTERIANO COHENIANO ... 80 APÊNDICE F - PROCESSO HUMANO ECONÔMICO: SISTEMA INTEGRADO DE HOLOGRAMAS INTERFUNCIONAIS E ÍNDICE ..... 81 APÊNDICE G - PROCESSO HUMANO SOCIAL: PENTAGRAMA DA MUDANÇA HUMANA........................................................ 82 APÊNDICE H - PROCESSO HUMANO SOCIAL: MATRIZ DE CAUSA/EFEITO E GRÁFICO DE DISPERSÃO ................................ 83 APÊNDICE I - PROCESSO HUMANO SOCIAL: FLUXO DE CAUSALIDADE ........................................................................... 84 APÊNDICE J - PROCESSO HUMANO SOCIAL: AÇÕES E AGENTES HUMANOS (HOMO ANTROPUS) ...................................... 85 APÊNDICE K - PROCESSO HUMANO SOCIAL: AÇÕES E AGENTES HUMANOS (HOMO ANTROPUS) INTEGRADOS .................. 86 APÊNDICE L - PROCESSO HUMANO SOCIAL: AÇÕES E AGENTES CONFLITANTES ............................................................ 87 APÊNDICE M - PROCESSO HUMANO SOCIAL: DINÂMICAS HUMANAS.............................................................................. 88 APÊNDICE N - RESULTADOS (PRODUTO): HAERM- HOMO ANTROPUS ECLETICUS RESPONSABILIS MATRIOSCAS ................. 89 APÊNDICE O - RESULTADOS (SUBPRODUTO 1): NEO-ESTABILIZAÇÃO CÓSMICA ................................................................. 90 APÊNDICE P - RESULTADOS (SUBPRODUTO 2): NEO-ESTABILIZAÇÃO INDIVIDUAL ............................................................... 91 APÊNDICE Q - RESULTADOS (SUBPRODUTO 3): NEO-ESTABILIZAÇÃO SOCIAL .................................................................... 92


78 APÊNDICE A - MÉTODO COMPLEXO

Fonte: Aluno autor desta monografia. APÊNDICE B - MÉTODO REVERSO

Fonte: Aluno autor desta monografia.


79 APÊNDICE C - MÉTODO HIPERBÓLICO

Fonte: Aluno autor desta monografia.


80 APÊNDICE D - MÉTODO HÍBRIDO : Método Complexo Reverso Hiperbólico Swotiano Vesteriano

Fonte: Aluno autor desta monografia. APÊNDICE E - PROCESSO METODOLÓGICO : Complexo Reverso Hiperbólico Swotiano Vesteriano Coheniano

Fonte: Aluno autor desta monografia.


81 APÊNDICE F - PROCESSO HUMANO ECONÔMICO: Sistema Integrado de Hologramas Interfuncionais e Índice

Fonte: Aluno autor desta monografia.


82 APร NDICE G - PROCESSO HUMANO SOCIAL: Pentagrama da Mudanรงa Humana

Fonte: Aluno autor desta monografia.


83 APÊNDICE H - PROCESSO HUMANO SOCIAL: Matriz de Causa/Efeito e Gráfico de Dispersão

Fonte: Aluno autor desta monografia.


84 APĂŠNDICE I - PROCESSO HUMANO SOCIAL: Fluxo de Causalidade

Fonte: Aluno autor desta monografia.


85 APÊNDICE J - PROCESSO HUMANO SOCIAL: Ações e Agentes Humanos (Homo Antropus)

Fonte: Aluno autor desta monografia.


86 APÊNDICE K - PROCESSO HUMANO SOCIAL: Ações e Agentes Humanos (Homo Antropus) Integrados

Fonte: Aluno autor desta monografia.


87 APÊNDICE L - PROCESSO HUMANO SOCIAL: Ações e Agentes Conflitantes

Fonte: Aluno autor desta monografia.


88 APÊNDICE M - PROCESSO HUMANO SOCIAL: Dinâmicas Humanas

Fonte: Aluno autor desta monografia.


89 APĂŠNDICE N - RESULTADOS (Produto): HAERMHomo Antropus Ecleticus Responsabilis Matrioscas

Fonte: Aluno autor desta monografia.


90 APÊNDICE O - RESULTADOS (Subproduto 1): Neo-Estabilização Cósmica

Fonte: Aluno autor desta monografia.


91 APÊNDICE P - RESULTADOS (Subproduto 2): Neo-Estabilização Individual

Fonte: Aluno autor desta monografia.


92 APÊNDICE Q - RESULTADOS (Subproduto 3): Neo-Estabilização Social

Fonte: Aluno autor desta monografia.


93

Parte III ELEMENTOS SÓ DA REVISÃO DE LITERATURA


94

Referências Bibliográficas (Fora do Artigo Científico) HICKS, John. 1978. Perspectivas econômicas: ensaios sobre moeda e crescimento. [trad.] Maria José Cyhlar MONTEIRO. Rio de Janeiro : Zahar Editores, 1978. p. 206. Prêmio NOBEL DE ECONOMIA 1972. Professor da Universidade de Oxford. Tradução: 1ª ed. (publicada por Oxford University Press: Londres,1977). INSTITUTO ETHOS, de Empresas e Responsabilidade Social. 2011. Contexto/Referências/Rede

Empresarial

pela

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