INTEGRAÇÃO DO MAPA COGNITIVO E POEMA DOS DESEJOS APLICAÇÃO AO LUGAR "ILHA DOS MINEIROS"

Page 1

INTEGRAÇÃO DO MAPA COGNITIVO E POEMA DOS DESEJOS APLICAÇÃO AO LUGAR "ILHA DOS MINEIROS" INTEGRATION OF COGNITIVE MAP AND WISH POEM APPLICATION TO THE PLACE "ILHA DOS MINEIROS"

Denise Santos Crespo Ferreira 1 Francisco Renato Vieira da Costa Ferreira 2

RESUMO Procura-se integrar a arte, a técnica e a ciência, na perspectiva dialógica de uma realidade concreta de pequena escala: o bairro "Ilha dos Mineiros". O objetivo deste trabalho é compreender como é que a gente desse bairro olha a sua casa, a sua vizinhança e o seu habitat. A metodologia usada serve-se fundamentalmente de duas ferramentas teóricas da Avaliação Pós-Ocupação na Pesquisa Etnográfica de Campo: o Mapa Cognitivo, com o Grau de Compreensão dessa gente relativamente à sua própria realidade; e o "Poema" dos Desejos, com o Grau de Satisfação dessa gente relativamente a essa realidade, e o Grau de Expectativa deles relativamente a uma realidade melhor para eles. Para compreender e obter sistemicamente esses três tipos de graus assim como o Grau da Integração de Compreensão, Satisfação e Expectativa, criou-se uma Matriz de Integração do Olhado.

Palavras-chave: Avaliação Pós-Ocupação. Pesquisa Etnográfica de Campo. Mapa Cognitivo. Poema dos Desejos. Grau de Compreensão. Grau de Satisfação. Grau de Expectativa. Grau da Integração de Compreensão, Satisfação e Expectativa; Matriz de Integração do Olhado.

1

Instituição: Universidade Federal Fluminense (UFF, Niterói). Titulação: Arquiteta, Especialista em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, e Mestranda de Arquitetura e Urbanismo. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Área de pesquisa específica dentro das artes: Desenho. Neste trabalho, foi responsável pela Pesquisa Etnográfica de Campo, Avaliação Pós-Ocupação, Mapa Cognitivo e Poema dos Desejos. 2

Instituição: Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF, Campos dos Goytacazes) Grupo de pesquisa. Titulação: Economista, Especialista em Gestão em Logística Portuária e Especialista em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Área de pesquisa: Ciências Sociais Aplicadas/ Planejamento Urbano e Regional. Neste trabalho, foi responsável pela "estruturação" deste, pela elaboração da Matriz de Integração do Olhado e pela obtenção dos Graus de Compreensão, de Satisfação, de Expectativa e da Integração de Compreensão, Satisfação e Expectativa.


Pág. 2 / 22

ABSTRACT This work seeks to integrate art, technology and science, in a dialogical perspective of a small-scale concrete reality: the burgh "Ilha dos Mineiros". The objective of this work is to understand how the people of that burgh look at their own home, neighborhood and habitat. The methodology used utilizes fundamentally two theoretical tools of the Post-Occupancy Evaluation in the Ethnographic Field Research: the Cognitive Map, with the Grade of Understanding; and the Wish "Poem", with the Grade of Satisfaction of that people with respect to their own reality and the Grade of Expectation of them with respect to a better reality for them. In order to understand and get systemically those three types of grades as well as the Grade of Integration of Understanding, Satisfaction and Expectation, it was created a Matrix of Integration of the Looked.

Keywords: Post-Occupancy Evaluation. Ethnographic Field Research. Cognitive Map. Which Poem. Grade of Understanding . Grade of Satisfaction. Grade of Expectation. Grade of Integration Understanding, Satisfaction and Expectation; Matrix of Integration of the Looked.

1. INTRODUÇÃO Limena (2001, p.42, grifos do autor) afirma que deve-se "[...] pensar a cidade do futuro não a partir de perspectivas dualistas, mas colocando em relação dialógica a sensibilidade artística e a racionalidade técnica." Este trabalho é uma apropriação de instrumental teórico-conceitual da ciência, com o propósito de abordar criticamente uma paisagem cultural vigente num bairro chamado Ilha dos Mineiros. E aponta para a fundamentação de ações políticas democráticas, transparentes e efetivas de uma "nova" paisagem cultural na anteriormente existente (mas ainda latente) "velha" paisagem natural. Porém, essa apropriação científica não significa aqui mencionar - nem tampouco aprofundar e criticar - quer a discussão da relação entre os conceitos paisagem e ambiente, quer as origens destes e sua integração no pensamento filosófico e científico, quer a relação deles com outros conceitos ou categorias espaciais. Essa apropriação científica significa tão somente olhar de outra forma um lugar que existe no mundo. Um olhar que capte "um novo fenômeno da paisagem urbana: a combinação de cityscape e landscape que deve se traduzir por um vocabulário capaz de


Pág. 3 / 22

descrever os fenômenos que circunscrevem novas situações híbridas." (LIMENA, 2001, p.40, grifos nossos) Essa apropriação científica e hibridismo dos fenômenos urbanos emergem dialeticamente da dicotomia de uma paisagem↔ambiente de muitos e variados lugares e olhares, e transformam essa dicotomia nestas duas tríades complexas ordenadas recursivamente: ...espaço casa ↔ espaço bairro ↔ espaço habitat... ...espaço físico ↔ espaço olhado ↔ espaço vivido... Neste trabalho, procura-se, inicialmente, destacar ferramentas teórico-práticas que possam contribuir para a avaliação do desempenho desse espaço duplamente triádico, apresentando algumas teorias sobre elas. Para, posteriormente, integrá-las num lugar que existe, com identidade, pensamentos e comportamentos próprios, à escala de bairro de pequena localidade do litoral brasileiro. Um lugar que interage num ambiente peculiar, em constante mutação intrínseca e extrínseca, de velocidades e ritmos, distintos ao olhar (ou não). Nesse lugar, a paisagem natural em si mesma é um processo de autotransformação que afeta as velocidades e os ritmos desse lugar. Enquanto, vai sendo transformada em paisagem cultural - pela ação humana, local ou não, espontânea ou não, que também afeta as próprias velocidades e os próprios ritmos desta. Acredita-se neste trabalho que nessa transformação: "A arte, a técnica e a ciência, em perspectiva dialógica, podem contribuir para a constituição de procedimentos mentais capazes de apontar a emergência de modelos da realidade urbana, visando a restituir formas de sociabilidade pautadas pela apropriação e fruição de espaços e temporalidades múltiplas e reafirmando o direito à cidade como apelo, como exigência [...]" (LIMENA, 2001, p.43, grifos nossos)

Por isso, este trabalho procura integrar a arte, a técnica e a ciência, na perspectiva dialógica de uma realidade concreta de pequena escala: o bairro "Ilha dos Mineiros" (IM). Tentando compreender como é que a população desse bairro olha a sua casa, a sua vizinhança e o seu habitat. Usando uma metodologia que se serve fundamentalmente de: duas ferramentas teóricas da Avaliação Pós-Ocupação (APO), na Pesquisa Etnográfica de Campo (PEC); e


Pág. 4 / 22

de uma Matriz de Integração do Olhado (MIO), na determinação, para a gente local, do Grau de Compreensão (GC), do Grau de Satisfação (GS), do Grau de Expectativa (GE) e do Grau da Integração de Compreensão, Satisfação e Expectativa (GICSE). Neste trabalho, para além desta introdução, o item 2 mostra duas das ferramentas da metodologia APO aplicadas à PEC, escolhidas a partir de aulas e de indicação bibliográfica de disciplina de programa de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo de uma universidade brasileira. Enquanto que o item 3 destaca a sistematização e a integração dos dados obtidos através dessas duas ferramentas teóricas para compreender um lugar chamado "Ilha dos Mineiros" através de uma MIO. Finalmente, o item 4 trata das considerações finais deste trabalho apresentando a conclusão de parte de pesquisa etnográfica de campo feita recentemente por um dos autores. Lembrando que: "[...] uma nova forma de urbanismo, cuja missão 'já não seria dispor ordenadamente sobre o território objetos mais ou menos permanentes, senão colocar em cena a incerteza e o caos do momento'." (LIMENA, 2001, p.40, grifos nossos)

2. AVALIACÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO) [...] as crises urbanas não podem ser pensadas como resultado de um processo linear ou determinado, mas como processo complexo, que requer uma visão macroscópica [...] uma ampliação dos operadores cognitivos, estabelecendo o diálogo interdisciplinar que busca superar os limites entre ciência, técnica e arte [...]" (LIMENA, 2001, p.37, grifos nossos).

Para se observar a qualidade de um lugar, segundo Rheingantz et alii (2009, p.11, grifos do autor) existe um conjunto de oito ferramentas (e respectivos procedimentos) de avaliação pós-ocupação, já consagradas pela sua utilização em trabalhos de campo e que coloca(m) "a[s] fala[s] do[s] observador[es] para andar", que são: walkthrough; mapa comportamental; poema dos desejos; mapeamento visual; mapa mental [mapa cognitivo]; seleção visual; entrevista; e questionário. E essas oito ferramentas são complementadas por outras duas: matriz das descobertas; e observação incorporada. A Avaliação Pós-Ocupação (APO), na medida em que consiste em um conjunto de métodos e técnicas para a análise do desempenho de ambientes construídos e em uso do


Pág. 5 / 22

ponto de vista tanto de especialistas como dos seus usuários (CAMBIAGHI, 2007), contribui de forma significativa para a compreensão da relação pessoa-ambiente. A APO surgiu no período de 1940 a 1950 nos EUA, quando, pela primeira vez, a opinião dos usuários passou a fazer parte de trabalhos exploratórias executados por geógrafos e psicólogos (COSTI, 2010). "[...] as artes realizam o que Jameson denomina 'mapeamento cognitivo', expressando um desejo de totalidade, constituindo imagens capazes de fornecer um sentido de tempo e de lugar a partir do qual pode-se construir não apenas um sentido de orientação para movimentação no espaço da cidade, mas também formas de compreensão da realidade cultural e sociopolítica que esta representa." (LIMENA, 2001, p.42, grifos do autor)

Neste trabalho, com a finalidade de contribuir para a avaliação do desempenho de um espaço construído e construir tanto um sentido de orientação para movimentação no espaço ocupado quanto formas de compreensão da realidade cultural e sociopolítica que esse espaço representa, em termos de satisfação e expectativas desse espaço, o 'mapeamento cognitivo', de ideias, imagens e falas, é feito mediante o uso destas duas ferramentas teóricas da APO: Mapa Cognitivo ou Mental, para perceber a orientação e a compreensão da gente que habita nesse espaço sobre seu próprio espaço; e "Poema" dos Desejos, para captar tanto as necessidades dessa gente (satisfeitas ou não satisfeitas) quanto as suas expectativas para melhorar o espaço em que vivem. E, a partir dos dados obtidos através dessas duas ferramentas já consagradas no meio acadêmico, substituindo as ferramentas complementares "matriz das descobertas" e "observação incorporada" pela Matriz de Integração do Olhado (MIO) criada e desenvolvida por um dos autores, para um "espaço vivido" onde fluem, (as)sincronicamente, orientação, compreensão, necessidades e expectativas da gente desse espaço. Os dados obtidos por essas duas ferramentas são classificados em diversas categorias nessa MIO - uma planilha eletrônica que faz parte de um livro eletrônico EXCEL repleto de tabelas dinâmicas, que permitem perceber e integrar estas duas tríades complexas: ...espaço casa ↔ espaço bairro ↔ espaço habitat... ...espaço físico↔espaço olhado↔espaço vivido...


Pág. 6 / 22

Em que a primeira tríade aponta os três focos de desenvolvimento da Pesquisa Etnográfica de Campo (PEC): casa, bairro e habitat. Esta tríade relaciona o viver de cada família (espaço casa), o conviver de cada família com a vizinhança (espaço bairro) e o subsistir / sobreviver (espaço habitat): E a segunda tríade aponta os três "(re)agentes "autônomos" dessa PEC: físico, olhado e vivido. Esta tríade relaciona o objeto de estudo delimitado (espaço físico) e olhado pelo observador da PEC (espaço olhado) ao olhado por quem ali vive (espaço vivido).

2.1. Mapa Cognitivo O Mapa Cognitivo (MaCo) ou Mapa Mental (MaMe) é uma ferramenta teóricoprática baseada na elaboração de desenhos ou relatos de memória representativos de ideias ou imageabilidade que cada pessoa (ou um grupo de pessoas) tem de um determinado ambiente (RHEINGANTZ et alii, 2012, p.56). Em que essa imageabilidade é a capacidade de percepção da cidade através de elementos físicos e legibilidade a habilidade de leitura dos elementos urbanos, reconhecidos e organizados de modo coerente (LYNCH, 1982). E os principais elementos estruturadores da imagem ambiental marcos, nós, limites, setores e percursos - podem ser identificados nos mapas e, a seguir, agrupados com vistas a identificar as imagens públicas, comuns à maioria dos habitantes de uma cidade (LYNCH, 1982, grifos nossos). O MaCo ou MaMe, para Rheingantz et alii (2012, p.57, grifos nossos), é caracterizado por imagens que combinam os espaços urbanos (vias, ruas, praças) a outros aspectos e elementos físicos relacionados em um espaço de ação detalhado. E o MaCo define o ambiente percebido pelo respondente e indica a importância de um elemento físico em relação a outro, em que a combinação deles possibilita a condução de ações cotidianas na cidade. O MaCo é considerado por Rheingantz et alii (2012, p.58, grifos nossos) como sendo muito útil: na arquitetura; no desenho urbano; na geografia; em projetos de equipamentos urbanos comunitários; no planejamento de áreas públicas de lazer; na definição de limites administrativos ou políticos; em áreas externas (cidade, parques, praças); e em ambientes internos (casa ou áreas de trabalho, estudo ou lazer). Isso porque, continuando com Rheingantz et alii (2012, p.58), o MaCo facilita a identificação de áreas


Pág. 7 / 22

ou aspectos urbanos que possuem imagem forte ou fraca, permitindo a obtenção das visões de mundo de pessoas residentes e de como estes conhecem o seu ambiente [sua casa, bairro ou habitat]. Mas devem ser relativizados cultural, social e psicologicamente porque a consciência espacial e a consciência temporal diferem entre grupos sociais ou povos. Na aplicação do MaCo, Rheingantz et alii (2012, p.58-59, grifos nossos) dizem que o observador [da PEC] deve estimular o uso de material colorido para enriquecer a ferramenta e sua análise, e deve solicitar ao respondente que desenhe de memória, em folha de papel branco, um croquis ou um mapa de um determinado ambiente utilizado ou frequentado regularmente pelo respondente, contendo um mínimo de instruções sobre que tipo de elementos (ruas, avenidas, praças, edifícios, monumentos, acidentes geográficos ou outros aspectos ou elementos que esse observador considere relevantes) ou informações devem ser incluídos. Segundo Appleyard (1980, apud RHEINGANTZ et alii, 2012, p.60, grifos nossos), os MaCo ou MaMe, que podem ser simbólicos, semi-estruturados ou estruturados, devem ser separados por categorias - que devem ser cruzadas com dados relacionados a tempo de vivência, idade, sexo [gênero], proximidade do local de moradia, de modo a apreender o quanto e como o ambiente afeta a cognição e compreensão e estruturação do lugar dos usuários. Rheingantz et alii (2012, p.59, grifos nossos) afirmam que existem duas abordagens com diferentes procedimentos de aplicação da MaCo. A primeira, designada como modelo interpretativo ou comportamental, é mais estruturada e baseia-se em pressupostos e categorias de análise definidos com distanciamento e previamente à aplicação da MaCo. A segunda, designada como modelo sócio-interativo ou experiencial, é menos estruturada porque: o observador (da PEC) deve acompanhar todo o processo de aplicação da MaCo, procurando interagir com os respondentes para informar-se e/ou registrar as explicações e comentários que são produzidos na elaboração do desenho, mas evitando qualquer atitude ou comentário. representativos dos interesses e intenções dos respondentes; e não trabalha com categorias de análise previamente definidas à aplicação da MaCo. Ainda seguindo Rheingantz et alii (2012, p.59, grifos nossos), em qualquer uma dessas duas abordagens é importante que o observador (da PEC) registre a ordem sequencial de elaboração dos desenhos e elementos gráficos pelos respondentes.


Pág. 8 / 22

Levando em conta que, segundo del Rio (1991), os elementos que são desenhados em primeiro são os mais significativos. Neste trabalho, optou-se pelo modelo sócio-interativo ou experiencial e elegeu-se esta expressão para colocar no topo da folha em branco: “(Minha casa ou Meu bairro ou Meu habitat) é ...”.Tendo um dos autores o cuidado de estimular o uso da cor pelo respondente, e de anotar os elementos à medida que iam sendo desenhados por este. Figura 1 - Ilha dos Mineiros: MaCo com Foco na CASA

Fonte: respondente nº 17

Dessa forma, como resultado da aplicação do MaCo ao bairro "Ilha dos Mineiros" (IM) e por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos, neste trabalho conseguiu-se obter este indicador qualitativo e quantitativo: Grau de Compreensão (GC_IM).

2.2. "Poema" dos Desejos “(...) o Poema dos Desejos é considerado um instrumento de grande utilidade para aprofundar o conhecimento e a compreensão dos valores, emoções, afetos, simbolismos presentes nas interações pessoa-ambiente, além da importância e significado socio-histórico-cultural para os diferentes grupos de usuários” (RHEINGANTZ et alii, 2012,p. 49)


Pág. 9 / 22

O Poema dos Desejos (PoDe) - Wish Poems – segundo Sanoff (apud RHEINGANTZ et alii, p.43) é uma ferramenta consideravelmente eficaz quando a intenção é valorizar um caráter mais global e exploratório da observação das necessidades e expectativas do conjunto de usuários de um determinado ambiente, ignoradas ou sublimadas pela burocracia das grandes organizações e instituições públicas. Possibilitando a obtenção de um perfil representativo dos desejos e demandas desse conjunto, ao permitir que se conheça o imaginário dos usuários. Pode ser empregado na forma de desenho ou como sentença escrita. Quando aplicado a crianças é recomendável o uso do desenho e a oralidade infantil. Rheingantz et alii (2012,p. 43 e 45, grifos nossos), ao contrário de Sanoff com a sua abordagem por processo iniciado com a construção de um "poema colaborativo", opta por uma abordagem experiencial pela qual o processo de elaboração dos "poemas" desenvolve-se mediante a interação do observador (da PEC) com cada usuário do ambiente objeto de estudo, principalmente se a resposta for na forma de desenho. Figura 2 - Ilha dos Mineiros: PoDe com Foco no BAIRRO

Fonte: respondente nº 55


Pág. 10 / 22

O PoDe, segundo Rheingantz et alii (2012,p. 45-46), é não estruturado e aplica-se usando uma ficha padronizada para cada respondente, na qual devem constar: um cabeçalho para identificação; os objetivos da pesquisa; instruções e explicações para seu preenchimento; uma sentença que induz a obtenção da resposta esperada - neste trabalho, “Eu gostaria que (Minha casa ou Meu bairro ou Meu habitat) fosse...”; e um espaço em branco para a resposta de cada usuário. Rheingantz et alii (2012,p. 46 e 47, grifos nossos) dizem que um mesmo "poema" pode conter mais do que um desejo e, por isso, tem que ser classificado em mais de uma categoria. Para este trabalho, quando isso aconteceu, optou-se por considerar a categoria que tivesse mais desejos representativos (a que se chamou "categoria preponderante"). Dessa forma, como resultado da aplicação do PoDe ao bairro "Ilha dos Mineiros" (IM) e por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos, neste trabalho conseguiu-se obter este indicador qualitativo e quantitativo: Grau de Satisfação (GS_IM) e Grau de Expectativa (GE_IM).

2.3. Matriz de Integração do Olhado Por conveniência ligada à PEC, tanto o MaCo quanto o PoDe foram aplicados em simultâneo através de um mesmo instrumento, com destaque a negrito das duas frases desencadeadoras das respostas dos entrevistados: A do MaCo, “(Minha casa ou Meu bairro ou Meu habitat) é ...” A do PoDe, “Eu gostaria que (Minha casa ou Meu bairro ou Meu habitat) fosse...” Os elementos entre parêntesis são o foco deste trabalho e serviram para agrupar eletronicamente (por tabela dinâmica do EXCEL, desenvolvida apropriadamente por um dos autores) as respostas obtidas na PEC da IM. Um exemplo de cada "resposta focada" é dado pelas figuras de 1 (casa), 2 (bairro) e 3 (habitat)... A Matriz de Integração do Olhado (MIO) foi criada mediante o uso de uma planilha eletrônica EXCEL, com estes 15 (quinze) campos: 1. Resposta nº (uso de fórmula) 2. Entrevistados_Respostas (conforme o Maco ou o PoDe) 3. Categoria_Preponderante (entrada de dados controlada para garantir que a mesma categoria não seja escrita de modo diverso) 4. Entrevistados_nº (para garantir o sigilo do nome do entrevistado)


Pág. 11 / 22

5. Entrevistados_Idade (uso de fórmula) 6. Entrevistados_Naturalidade (uso de fórmula) 7. Entrevistados_Atividade (uso de fórmula) 8. Entrevistados_Formação_Ano (uso de fórmula) 9. Entrevistados_Data (uso de fórmula) 10. Entrevistados_Gênero (uso de fórmula) 11. Entrevista_Perguntas (uso de fórmula) 12. Entrevistados_Foco (entrada de dados controlada para garantir que o mesmo foco não seja escrito de modo diverso) 13. Observador_Classificação_Nominal (Excelente, Bom, Razoável, Ruim e Péssimo, como avaliação do observador da PEC relativamente à resposta do entrevistado e `categoria preponderante dela emergente, e entrada de dados controlada para garantir que a mesma classificação não seja escrita de modo diverso) 14. Observador_Classificação_Numérica (10, 7, 5, 3 e 1, na mesma ordem da classificação nominal acima, e com uso de fórmula para lançamento automático a partir da classificação nominal) 15. APO (Ferramentas) - com entrada de dados controlada para garantir que a mesma ferramenta não seja escrita de modo diverso Na coluna "Observador_Classificação_Numérica", mediante o uso de fórmulas apropriadas da própria aplicação EXCEL, destacam-se aqui estas células: TOTAL, MÁXIMO, MÍNIMO, MODA e MÉDIA. E na coluna "Observador_Classificação_Nominal", mediante o uso de fórmulas apropriadas da própria aplicação EXCEL, mas agora a partir daquelas células, destacam-se aqui estas células: MÁXIMO, MÍNIMO e MODA. Isso, porque, obviamente, nenhum TOTAL ou MÉDIA se aplicam a elementos qualitativos. Dessa forma, como resultado da aplicação da MIO ao bairro "Ilha dos Mineiros" (IM) e por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos, neste trabalho conseguiu-se obter este indicador qualitativo e quantitativo: Grau de Integração de Compreensão, Satisfação e Expectativa (GICSE_IM).


Pág. 12 / 22

Figura 3 - Ilha dos Mineiros: MaCo/PoDe com Foco AMBIENTE (HABITAT)

Fonte: respondente nº 60

3. UM LUGAR CHAMADO ILHA DOS MINEIROS "[...] outra forma de pensar [...], não mais a partir de padrões normativos ideais, mas no alargamento da imaginação, que deve contribuir para a apropriação do tempo, do espaço, da vida e do desejo, de modo a introduzir o rigor na invenção e o conhecimento na utopia." (LIMENA, 2001, p.43, grifos nossos)

A "Ilha dos Mineiros" (IM) é fruto de uma outra forma de pensar! Uma forma de pensar que, pela perspectiva dos que aí habitam, não considerou os padrões normativos "ideais" para "gente de fora" (órgãos das municipalidades primeiro de São João da Barra e, depois, de São Francisco de Itabapoana-, do Estado Rio de Janeiro e da Federação Brasil), mas considerou o alargamento da imaginação da "gente de dentro" (os habitantes da IM) na compreensão da apropriação possível do seu espaço-tempo, na satisfação de suas necessidades básicas e na expectativa de melhores condições de vida terrena.


Pág. 13 / 22

E uma forma de pensar que, pela perspectiva do observador da PEC, alargou a imaginação (do observador) para não soçobrar nos padrões normativos ideais (da academia), buscando contribuir para a (re)construção de um "ESPAÇO-VIDA" que seja considerado minimamente digno para um indivíduo ou grupo humano em seu habitat; ouvindo parte significativa de gente diretamente interessada (habitantes da IM) de modo a introduzir o rigor (Matriz de Integração do Olhado - MIO) na invenção e o conhecimento (Mapa Cognitivo e Poema dos Desejos - MaCoPoDe) na utopia. Assim, este trabalho mostra esse Conhecimento Rigoroso e Artístico (ConRigArt) do Espaço-Vida da IM (EVIM), mediante os recursos teóricos de uma análise "tridimensional" (Espaço Físico, Espaço Olhado e Espaço Vivido) e uma síntese do "real uni-tridimensional" (Espaço Integrado).

3.1. Espaço Físico "[...] as referências locais clássicas desaparecerão, entrando em cena a cidade 'genérica', que 'será uma libertação, em comparação com identidades demasiado fortes e demasiado confinadas, em benefício de situações bastante mais vagas e portanto mais fáceis de controlar por aqueles que nelas habitam'." (LIMENA, 2001, p.41, grifos nossos)

Figura 4 - Ilha dos Mineiros: um lugar global

Fonte: um dos autores

As referências locais "clássicas" podem consubstanciar-se num dos mapas convencionais já existentes... Porém, transcendendo um desses mapas convencionais,a dimensão espaçofísico da Ilha dos Mineiros (IM) é representada neste trabalho (Fig 4) como um lugar "global" com uma identidade fraca, mas não confinada. Numa situação bastante vaga e, portanto, mais fácil de controlar pelos seus habitantes.


Pág. 14 / 22

Trata-se aqui de um lugar de viver em ambiente vulnerável: um conjunto de moradias, e respectiva vizinhança, no bairro Ilha dos Mineiros (IM). Com cerca de 2.500 ha e cerca de 5 km da sede municipal, na localidade litorânea de Guaxindiba, no jovem município de São Francisco de Itabapoana (desanexado de São João da Barra em 1995) – com o segundo pior índice de desenvolvimento humano e maior em extensão territorial do Estado do Rio de Janeiro (extremo nordeste), no Brasil.

3.2. Espaço Olhado "[...] desenvolvimento da tecnologia, da natureza e da sociedade constituem elementos fundantes de um projeto de cidade de cidadãos, que necessita um olhar macroscópico, capaz de superar as disjunções entre lugar e não-lugar, territorialização e desterritorialização, natureza e cultura (...) a cidade não pode ser pensada apenas como projeto, espaço produzido, conjunto finito de bens e funções visíveis, mas como um sistema aberto." (LIMENA, 2001, p.42-43, grifos nossos)

O envolvimento de agentes sociais é muito estudado em termos de interesses sociais direcionados pela lógica de Estado e/ou lógica de Mercado, bem como das respectivas práticas. Todavia, os interesses sociais de grande parte dos agentes atuando num lugar são direcionados pela lógica da Necessidade, definida como sendo, “simultaneamente a motivação e a instrumentalização social que permitem a coordenação das ações individuais e/ou coletivas dos processos de ocupação do solo urbano”, e, portanto, não exigem capital, segundo ABRAMO (2011, p. 219). As práticas motivadas pela lógica da Necessidade têm sido por processos de ocupação informal em áreas de vulnerabilidade ambiental e social. Ora, à semelhança de muitos outros "lugares de viver" em ecossistemas ao longo do litoral brasileiro, a IM é uma área de vulnerabilidade ambiental tanto física quanto social. É considerada área de risco e de proteção ambiental e paisagística (manguezais e brejos). Trata-se de um lugar de restinga, com solo pobre, parcialmente aterrado, entre canais e o pequeno rio Guaxindiba, à beira das estradas RJ196 e RJ232. Pertence a um “setor especial” da localidade Guaxindiba, no qual apenas cerca da metade encontra-se transformada por processos de ocupação (in)formal de caráter (aparentemente) irreversível, de "exclusão" social, requerendo uma "nova arquitetura" das habitações e uma


Pág. 15 / 22

(re)integração social das famílias de baixa renda: "unidades" habitacionais construídas precariamente e não ajustadas ao tamanho das respectivas famílias; "unidade" bairro onde predomina uma vizinhança em situação dominial irregular, insegura, desintegrada em “guetos de pobres”; e "unidade" habitat sofrendo grave impacto em seu ecossistema natural de interações local↔regional↔global. Essas famílias, oriundas do próprio município ou de outros municípios, em geral passaram (e passam) da condição "rural" para a "urbana"; e têm um grau de instrução que, em média, corresponde à terceira série do ensino fundamental. Essas famílias aparentam ter um estilo simples de viver e um espírito solidário, enquanto trabalham em condições precárias e na informalidade com renda incerta, de aproximadamente um salário mínimo por mês. Neste trabalho, a Ilha dos Mineiros foi olhada pelos autores como um "sistema aberto"... 3.3. Espaço Vivido "Ética, estética e política devem e podem andar juntas para pensar o habitar ou o viver na cidade, desde que se desvencilhando das alternativas de modelização." (LIMENA, 2001, p.43, grifos nossos).

A vulnerabilidade da IM parece emergir de processos de ocupação in(formal),que resultaram em espaços ocupados sobre ambientes considerados frágeis – por canais com problemas de vasão, estradas, ruas, construções e pessoas, em sua maioria, de baixa renda. Essa fragilidade da Ilha dos Mineiros existe tanto para a fixação humana (áreas de risco) quanto para a fixação de outras espécies (áreas poluídas), criando problemas de sustentabilidade e ambientais. Porém, o enorme problema que se tem observado é que por um lado, a satisfação mínima de grande parte das necessidades básicas dessas pessoas de baixa renda depende significativamente de sua fixação nessas áreas de risco ou poluídas; mas, por outro lado, os instrumentos de desenvolvimento urbano são negociados entre os agentes sociais que seguem as suas lógicas (ou melhor, suas próprias conveniências individuais) num jogo de forças desproporcionais. Portanto, nem a Ética nem a Estética nem a Política andaram juntas para pensar o habitar ou o viver na IM. Embora devessem e pudessem...


Pág. 16 / 22

3.4. Espaço Integrado "(...) torna-se condição necessária o reconhecimento da diferença, da singularidade e da universalidade, fazendo emergir o jogo das temporalidades e das incertezas presentes no contexto das metrópoles contemporâneas." (LIMENA, 2001, p.43, grifos nossos).

A Matriz de Integração do Olhado (MIO) permitiu o reconhecimento da diferença, da singularidade e da universalidade, em tempos de incertezas, na Ilha dos Mineiro (IM). Tabela 1 - PEC na IM: Idade dos respondentes

Entrevistados_Idade 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 33 35 37 38 39 53 57 Não informado Total Geral

Contagem de Respostas 14 8 2 10 20 2 10 10 6 2 8 2 4 2 2 2 2 4 2 2 16 130

Fonte: os autores

Um indicador qualitativo e quantitativo desse reconhecimento é o Grau de Integração de Compreensão, Satisfação e Expectativa da IM (GICSE_IM), obtido a partir de 130 respostas obtidas na PEC (112 respostas em 16/04/2013 e 18 em 18/04/2013) a amostra populacional de 65 habitantes da IM. Nessa amostra - cujo grau


Pág. 17 / 22

de representatividade "foge" ao escopo deste trabalho, por se tratar de um mero posicionamento inicial para um trabalho mais profundo e mais integrado - observou-se que 37 (56,923 %) são pessoas do gênero feminino e 28 (43,077 %) são do gênero masculino. Tabela 2 - PEC na IM: Naturalidade dos respondentes

Entrevistados_Naturalidade Bom Jardim Búsios Cabo Frio Campos dos Goytacazes Ilha dos Mineiros Macaé Não informado Niterói Nova Belém (Ponto de Cacimba) Pingo D"água Ponto de Cacimba Rio de Janeiro RJ Santa Luzia, Deserto Feliz São Francisco São Francisco de Itabapoana São João da Barra Travessão de Barra Total Geral

Contagem de Respostas 2 2 4 44 4 2 36 2 2 2 12 2 2 2 4 4 2 2 130

Fonte: os autores

Nessa amostra pesa positivamente terem sido 41 respondentes (63,077 %) com idade abaixo dos 16 anos (a partir da tabela 1, 82 respostas a dividir por 2, pois cada respondente atendeu a duas perguntas, uma do MaCo e outra do PoDe), porque sinalizam um bom "grau de inocência" e "grau de verdade". Destacando-se ainda mais as crianças com 11 e 7 anos de idade, que justificam plenamente o uso do desenho e da cor na PEC em questão. Nessa amostra pesam negativamente os 18 respondentes que não informaram sua naturalidade (a partir da tabela 2, o número de respostas, 36, deve ser dividido por 2). Principalmente, porque os que nasceram na Ilha dos Mineiros foram apenas 2 (4 a dividir por 2). O fato da grande maioria, 22 respondentes (44 a dividir por 2), ter "nascido" em Campos dos Goytacazes deve ter como causa principal o fato de que ali se


Pág. 18 / 22

encontram a melhor qualidade e maior quantidade de hospitais na região Norte/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro . Tabela 3 - PEC na IM: Nível de escolaridade dos respondentes

Entrevistados_Formação_Ano Contagem de Respostas 2º 20 3º 20 4º 14 5º 8 6º 12 7º 16 8º 2 9º 6 Não informado 28 Analfabeto 4 Total Geral 130 Fonte: os autores

Nessa amostra pesam também negativamente os 14 respondentes que não informaram o seu nível de escolaridade (a partir da tabela 3, o número de respostas, 28, deve ser dividido por 2). Destacando-se ainda mais os 20 respondentes no 2º e 3º (a partir da tabela 3, o número de respostas, 20 mais 20, deve ser dividido por 2), que justificam também plenamente o uso do desenho e da cor na PEC em questão. Tabela 4 - PEC na IM: Atividades dos respondentes

Entrevistados_Atividade Empregada Empregado Estudante Não informado Total Geral

Contagem de Respostas 8 6 112 4 130

Fonte: os autores

Nessa amostra pesam positivamente os 56 respondentes que têm a atividade de estudantes (a partir da tabela 4, o número de respostas, 112, deve ser dividido por 2), porque, em sua irreverência, sinalizam também um bom "grau de inocência" e "grau de verdade". E pesa ainda positivamente o fato de apenas 2 respondentes que não informaram a sua atividade (a partir da tabela 4, o número de respostas, 4, deve ser dividido por 2).


Pág. 19 / 22

Verificou-se que o foco de preocupação dos respondentes (52) é majoritariamente a casa onde habitam - (a partir da tabela 5, o número de respostas, 103, deve ser reduzido de 1 unidade, dividido por 2, e acrescido de uma unidade). Tabela 5 - PEC na IM: Foco de preocupação maior dos respondentes

Entrevistados_Foco Ambiente Mapa mental Poema dos desejos Bairro Poema dos desejos Casa Mapa mental Poema dos desejos Total Geral

Contagem de Respostas 14 7 7 13 13 103 58 45 130 Fonte: os autores

E a contribuição mais efetiva das duas ferramentas de APO para esse foco de preocupação veio de 29 Mapas Cognitivos (MaCo) (a partir da tabela 6, o número de respostas, 58, deve ser dividido por 2). Enquanto, que apenas 23 Poemas de Desejo Cognitivos contribuíram para o foco dessa preocupação (a partir da tabela 6, o número de respostas, 45, deve ser reduzido de 1 unidade, dividido por 2, e acrescido de uma unidade). Tabela 6 - PEC na IM: Contribuição quantitativa das ferramentas de APO utilizadas dos respondentes

APO (Ferramentas) Mapa cognitivo Ambiente Casa Poema dos desejos Ambiente Bairro Casa Total Geral

Contagem de Respostas 65 7 58 65 7 13 45 130 Fonte: os autores

Finalmente, a tabela 7 revela que a categoria preponderante que mais se destacou foi o tamanho da habitação para 28 respondentes (a partir da tabela 7, o número de respostas deve ser dividido por 2), seguida das categorias vias de acesso, Limpeza pública, estrutura da habitação e espaços de entretenimento. O GICSE_IM assim obtido atingiu a pontuação 352 (27,077 %) e está a 948 pontos (72,923 %) do máximo que seria esperado para um nível de excelência (130 x 10 =


Pág. 20 / 22

1.300). A amostra observada de forma participativa apresentou estas estatísticas gerais: MÉDIA 3 (ruim); MODA 1 (péssimo - apareceu 56 vezes); MÁXIMO: 10 (excelente); e MÍNIMO 1 (péssimo) Tabela 7 - PEC na IM: Categorias Preponderantes nas respostas obtidas

Categorias_Preponderantes Contagem de Respostas Água Potável 2 Coleta de esgoto 5 Conforto Térmico 1 Creches 1 Drenagem de águas pluviais 1 Entretenimento_Atividades 2 Entretenimento_Espaços 10 Escolas 1 Fornecimento de luz e força 2 Habitação_Estrutura 10 Habitação_Tamanho 56 Limpeza pública 12 Segurança Pública 4 Superfície habitável por pessoa 2 Tráfico de drogas 5 Vias de acesso 13 (vazio) 2 Obras de habitação 1 Total geral 130 Fonte: os autores

Mediante esse GICSE_IM, pode-se afirmar que se "está" no início de um percurso conjunto de, pelo menos, Ética, Estética e Política...

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O envolvimento de agentes sociais quer na cooperação, nas intenções e nas iniciativas internacionais, quer na soberania do Brasil e respectivas campanhas nacionais, tem sinalizado e formalizado que o direito à habitação social em ambiente nãovulnerável é um direito humano fundamental. Este trabalho serviu-se de fundamentos teóricos "já consagrados" e de uma pesquisa etnográfica de campo no bairro "Ilha dos Mineiros" (IM), com foco nestas categorias interativas: "habitação", "vizinhança" e "habitat". No intuito de integrar tanto a compreensão da apropriação possível do espaço-tempo (físico, olhado e vivido) de alguns


Pág. 21 / 22

dos habitantes da IM, quanto o "estágio" de satisfação de necessidades básicas (nossas contemporâneas recentes) dessa gente e da expectativa dessas pessoas relativamente a melhores condições das respectivas vidas terrenas, em termos de vivência, convivência, subsistência e sobrevivência. Encontraram-se indicadores qualitativos e quantitativos que permitem apenas delimitar um "marco zero" ou um "ponto de partida" na busca de eventuais equilíbrios dinâmicos, que leve em conta: um ambiente vulnerável (natural e social); um direito humano fundamental (o da habitação); e uma política que promova o acesso à infraestrutura de saneamento básico, à regularização da propriedade fundiária e à integração de assentamentos informais ao urbano oficial (formalização do status quo, num ambiente em que impera a “liberdade de construir” e o “vale tudo”).

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMO, Pedro. O mercado de solo informal em favelas e a mobilidade residencial dos pobres nas grandes cidades brasileiras: Notas para delimitar um objeto de estudo. In: Território e Planejamento: 40 anos de PUR/UFRJ. NATAL, Jorge Luiz Alves, (org.). 1ª ed.- Rio de Janeiro: Letra Capital: IPPUR, 2011 (p. 217-236). APPLEYARD, Donald. Why Buildings are known - a Predictive Tool for Architects and Planners. In: BROADBENT, G. et al. Meaning and Behaviour in the Built Environment. Londres: John Wiley and Sons, 1980 AZEVEDO, Giselle Arteiro. N. et alii. Avaliação de desempenho do ambiente construído - Escola Municipal Tenente Antônio João, Cidade Universitária - RJRelatório final. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio De Janeiro (UFRJ), Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura (PROARQ), FAP 715 / 815, Junho / 2012. Disponível em http://www.gae.fau.ufrj.br/arq_pdf/trab_acad/relat_final_apo/Relat%C3%B3rio%20E.M.% 20Tenente%20Antonio%20Jo%C3%A3o.pdf. Acesso em 23/02/2014. CAMBIAGHI, Silvana. Desenho Universal: Métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007.


Pág. 22 / 22

COSTI, Marilice. Avaliação pós-ocupação (apo): monitorando a arquitetura! In: Infohabitar, ano VI, nº279, 2009. Disponível em: http://infohabitar.blogspot.com.br/ 2009_05_11_ archive.html. Acesso em: junho 2012. DEL RIO, Vicente. Desenho Urbano e Revitalização na Área Portuária do Rio de Janeiro. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo), 1991. LIMENA, M.M.C. Cidades complexas no Século XXI: cidade, técnica e arte. São Paulo:São Paulo Perspectiva, 2001 (jul/set). LYNCH, Kevin. A imagem da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1982. RHEINGANTZ, P.A. et alii. RHEINGANTZ, P.A. (Org). Observando a Qualidade do Lugar: Procedimentos para a avaliação pós-ocupação. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Pós-Graduação em Arquitetura, 2009. 117 p.: il. Collor 21cm. - (Coleção PROARQ). Disponível em http://www.fau.ufrj.br/prolugar/arq_pdf/livros/obs_a_qua_lugar.pdf. Acesso em: 22/fev/2012.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.