12 | Forum Estudante | mar’23 /Livros
O bildungsroman ou as várias faces da adolescência Há cerca de 200 anos, um desconhecido professores alemão criava o termo que definiria o “romance de formação” – uma obra centrada no crescimento e amadurecimento de jovens protagonistas (ver caixa). É por essa razão que, nesta categoria literária, poderás encontrar romances que evidenciam a diversidade de transformações que a juventude pode implicar. Conhece alguns exemplos.
#1 À Espera no Centeio, J.D. Salinger (1951)
Tido por muitos como o romance de formação mais popular do mundo, À Espera no Centeio apresenta muitos dos elementos que caracterizam este tipo de obra. O protagonista é um jovem de 17 anos, Holder Caulfield, que pertence a uma família rica e é expulso do seu colégio. Em vez de regressar a casa, Holden decide vaguear pela cidade de Nova Iorque, num trajeto marcado pelo encontro de novas e antigas amizades. O confronto com a vida adulta – que Holden considera “falsa” – é uma das marcas da viagem deste protagonista, que lida com temas como identidade, inocência, trauma ou alienação. Por essa razão, a obra é apontada como um dos exemplos da transição da infância para a idade adulta.
#2 Persepolis, Marjane Satrapi (2000)
Utilizando o formato de banda desenhada, Persepolis conta a história de Marji, uma jovem de 10 anos que vive no Irão durante a Revolução Islâmica de 1979. Publicada originalmente em quatro volumes, a obra acompanha as tensões políticas e respetivas consequências no amadurecimento da protagonista. A jornada de Marji relata a experiência da autora, Marjane Satrapi, num crescimento marcado pelo confronto entre as suas crenças e as mudanças e pressões que a rodeiam. Nesse sentido, Persepolis retrata temas que marcam muitos bildungsroman, como a formação de uma identidade em confronto com os valores da sociedade e a procura da independência e afirmação pessoal.
#3 O Grande Meaulnes, Alain-Fournier (1913)
O único livro de Alain-Fournier acompanha a história de dois adolescentes – é a partir do relato do narrador François, de 15 anos, que conhecemos aquele que poderá ser considerado o verdadeiro protagonista da obra – Augustin Maulnes, de 17. A narrativa é vista como uma ode à juventude e à intensidade das primeiras paixões, onde a adolescência é vivida como sonho, através de elementos mágicos e fantásticos. O Grande Meaulnes subverte também muitos dos elementos clássicos de um romance de formação, ao escolher um final pouco convencional, por exemplo. Por essa razão, ocupa um lugar especial, dentro desta categoria, ao ser um percursor na sua reinvenção.