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CCD ELEIÇÕES Dia 24 de Outubro VOTE!

OUTUBRO 2013

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Editorial

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“O que eles dizem“

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Movimento Associativo atravessa grave crise

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CCD Algarve organiza Encontro Desportivo e Cultural

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Diários de uma viagem inesquecível

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Livros do Mês

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IR&VER

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Jeropiga

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Farpas

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Outubro 2013 | Centro de Cultura e Desporto da Segurança Social de Lisboa e Vale do Tejo | 3ª edição | Propriedade CCD de Lisboa e Vale do Tejo, Alameda D. Afonso Henriques nº 42, 1900-181 Lisboa,T. 218 409 010 | Director:Vítor Duarte | Conselho editorial: Direcção da Associação Nacional de CCD´s da Segurança Social | Redacção, layout e paginação: Formiga Amarela, Oficina de Textos e Ideias Lda.

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[Editorial] CCD de Lisboa, uma associação com futuro os responsáveis e o garante do futuro do CCD, e deste movimento associativo. eleição para os Orgãos Sociais do CCD de No plano profissional, os CCDs são também um espaço que guarda a cultura profissional Lisboa realiza-se num tempo de dificulde um setor do Estado, com responsabilidade dades e limitações, impostas pela redução do apoio e da cooperação do Estado aos Centros de social, de características únicas na administração pública. Cultura e Desporto da Segurança Social e por Nos últimos dezoito anos, foram desenvolvidas condicionalismos múltiplos que reduzem a disponibilidade e a motivação para o associativismo. iniciativas, implementados projetos e mantidas atividades, que de algum modo, contribuíram Vivemos um momento de transição numa associação que há cerca de setenta anos regista para o bem-estar cultural, inteletual e profissional dos trabalhadores da Segurança Social atividades relacionadas com o bem-estar e a pública em geral e dos associados em particular. solidariedade entre trabalhadores do sistema Fomos incentivados a intervir em áreas e atipúblico de segurança social. Hoje, as gerações de trabalhadores mais jovens vidades da responsabilidade social dos Institutos da Segurança Social, enquanto entidades participam menos. Compete-nos informar e divulgar a generosidade e a importância do as- empregadoras.Criámos estruturas, dimensão e sociativismo, para responder às nossas necessi- dinâmicas, que de um momento para o outro, ficaram sobredimensionadas. dades intelectuais, culturais, físicas e sociais. De 2010 até à presente data, o número de É necessário ouvir, encontrar respostas e motrabalhadores da Segurança Social na região de tivações, trabalhar em conjunto, para impleLisboa passou de cerca de 2900 trabalhadores mentar respostas ajustadas e adequadas aos interesses dos jovens associados, que devem ser para pouco mais de 1800. Os apoios do Estado

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à cooperação verificaram uma redução de cerca de 300 %. O poder de compra dos trabalhadores foi significativamente reduzido, as receitas do CCD diminuíram em cerca de 50% nos últimos três anos. No mesmo período verificou-se uma quebra assinalável do poder de compra dos trabalhadores, com reflexos imediatos na aquisição de bens de conforto e bem-estar. Sem sermos exaustivos, assinalamos que no primeiro semestre deste ano, foram servidas cerca de menos 60.000 refeições que em igual período do ano anterior. Mas, as dificuldades e os problemas, resolvem-se com soluções. Com menos espaço, iniciámos um processo de adaptação às novas realidades, mantendo as principais atividades - gestão dos bares e refeitórios, apoios sociais, solidariedade, cultura e desporto. Neste tempo de dificuldades, aumentaram os pedidos de solidariedade e de novas respostas que, de algum modo, possam contribuir positivamente para uma vida menos difícil e penosa dos associados. Não podemos nem queremos ficar indiferentes, porque estes fatos, por si só, representam um incentivo e um desafio, para apresentarmos e trabalharmos, com um projeto, que na linha, na história e tradição, das muitas dezenas de anos de trabalho associativo, desenvolvido por várias gerações de trabalhadores da Segurança Social

na região de Lisboa, garanta respostas ajustadas aos novos tempos e às novas necessidades. Ao próximo ato eleitoral apresenta-se um único projecto e uma única lista candidata, subscrita por cerca de 480 associados. Este apoio incentiva-nos, motiva-nos, mas responsabiliza-nos também, para continuar o trabalho desenvolvido, fazendo mais e melhor, corrigindo erros e dinâmicas, aproximando-nos cada vez mais dos associados, reforçando a sua participação, na vida e nos destinos desta associação, com história, dimensão social, solidária e atenta ao bem-estar dos seus associados. Dia 24 participe no processo eleitoral, vote.

Vítor Duarte

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o que eles dizem...

“Afinal, nem todos os actuais reformados da Segurança Social escapam aos cortes nas pensões. O Governo vai aplicar uma taxa progressiva à parte das pensões de sobrevivência, de modo a reduzir em 3,5% a despesa com estas prestações, sejam da Segurança Social ou da Caixa Geral de Aposentações (CGA), previsivelmente já a partir de Janeiro de 2014. Segundo avançou este domingo a “TSF”, a medida, confirmada pelo Governo, constará de um dos memorandos assinados com a troika relativamente à oitava e nona avaliação (concluída na semana passada), prevendo-se uma poupança de 100 milhões de euros. Este corte nos rendimentos dos viúvos , que previsivelmente terá efeitos a partir de Janeiro de 2014, foi omitido tanto por Paulo Portas como por Maria Luís Albuquerque durante a conferência de apresentação das conclusões da avaliação da troika.” Jornal de negocios, 6 outubro 2013


“Mais de seis mil idosos perderam o Complemento Solidário num ano. O número de beneficiários do Complemento Solidário para Idosos aumentou no mês de agosto para quase 226 mil, apesar de este número representar uma redução de mais de 6 mil pessoas em relação ao período homólogo de 2012.” Jornal de notícias, 30 setembro 2013

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“Mais de 490 mil desempregados sem prestação em agosto O Estado português apenas atribuiu prestações de desemprego a 387 mil desempregados em agosto, deixando sem estes apoios mais de 490 mil desempregados, segundo dados divulgados, esta segunda-feira, pela Segurança Social. De acordo com os últimos dados disponibilizados na página da Segurança Social, em agosto existiam 387047 beneficiários de prestações de desemprego, mais 3034 pessoas do que em julho (últimos dados disponíveis) e o equivalente a 44% do último número total de desempregados contabilizados pelo Eurostat. Os últimos dados divulgados pelo Eurostat contabilizavam em julho deste ano um total de 878 mil desempregados, com a taxa de desemprego a situar-se nos 16,5%.” Jornal de notícias, 30 setembro 2013


[Crónica] Movimento Associativo de Organizações de Cultura e Recreio atravessa grave crise

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s novas realidades laborais afetam gravemente o movimento associativo ao desestruturarem tempos de trabalho e tempos de lazer, ao provocarem a precariedade e a mobilidade, ao dificultarem as acessibilidades com redes de transportes cada vez mais escassas e caras. O empobrecimento acentuado da população e a nova realidade financeira das instituições do Estado e das autarquias, estão a matar as associações de cultura e recreio. O movimento associativo atravessa grave crise. Uma crise estrutural que advém da crise em que se encontra mergulhada a própria sociedade. A organização dos tempos de trabalho e de lazer, uma preocupação mais acentuada com a so-

brevivência num dia-a-dia mais exigente, os vazios que se vão instalando nos espaços públicos, espaços urbanos e organização das cidades mais inóspitas, seja por ausência de infraestruturas básicas seja por mobilidade dificultada a que se soma a desestruturação familiar, os cortes do financiamento público às associações e o empobrecimento acentuado da população. Há várias realidades a ter em conta, por exemplo, a legislação e a forma de fazer política podem pôr em causa o movimento associativo. É o caso da maior dificuldade em recrutar novos dirigentes devido às alterações nas leis do trabalho que levam à desregulação de horários, a maior precariedade e ao duplo emprego. Por outro


lado, há também cada vez mais dificuldades impostas às associações pelas crescentes exigências legais, pelo aumento de encargos, a diminuição das receitas próprias e os cortes nos apoios do setor público, em particular das autarquias locais, com a imposição da chamada “lei do compromisso” (lei 8/2012)”. Uma maior cooperação entre o que ainda existe parece ser uma prioridade. Perante tudo isto, fica a pergunta: “que futuro para o movimento associativo neste contexto?”.

A pergunta não tem resposta fácil. O que se sabe é que a precariedade laboral, a rotatividade e mobilidade de trabalhadores não facilitam, por exemplo, movimentos associativos no interior das empresas de maior dimensão, coisa que já aconteceu no passado, com resultados muito bons a diversos níveis, quer desportivos, quer culturais. Não era raro encontrar bandas, grupos de teatro e cineclubes com origem em grupos de empresas e/ou de sector. Por outro lado, estas associações conseguiam acordos com instituições mais profissionais das artes do espectáculo para conseguir bilhetes mais baratos, quando não conseguiam mesmo mobilizar grupos de associados. Hoje, essa é uma realidade cada vez mais rara. Os efeitos disto podem não ser perceptíveis de imediato, mas a longo prazo a não formação de novos públicos e a descontinuidade na fruição de bens culturais afectará a produção e a criatividade dos agentes culturais e o vazio que se instalará nesta área passará

a ser sinal já não de uma sociedade doente, mas de uma sociedade moribunda. No caso dos CCD’s, que nascem dentro do aparelho da Administração Pública, a realidade encontra muitos pontos em comum com o resto do associativismo, mas diferenciam-se pela vertente social e pela gestão de equipamentos sociais, como refeitórios. A vertente social ganha, aliás, maior relevância, a par da necessidade de manutenção e reforço de uma cultura de serviço público, cada vez mais ausente dos locais de trabalho da Administração Pública. São os valores e, por essa via a cultura, aquilo que cimenta identidades comuns, geradoras de solidariedades interpares, imprescindíveis à qualidade e produtividade dos serviços. Eis porque não é irrelevante o que se está a passar com as associações de cultura e recreio. É mais grave do que parece.

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[Notícias] CCD Segurança Social Algarve organizam Encontro Desportivo e Cultural

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ecorreu nos passados dias 2 a 6 de outubro em Isla Canela, o Encontro Desportivo e Cultural do Algarve dos CCD’S da Segurança Social, integrado no Plano de actividades da ANCCD e organizado pelo CCD Algarve, com o apoio do CASCD FARO e o Município de Ayamonte. Estiveram presentes cerca de 300 participantes, representando 15 CCD’s da Segurança Social do Continente e Ilhas. O encontro foi marcado pela forte componente cultural, desportiva e pelas ótimas condições para que os objetivos planeados fossem alcançados.


Contaram-se entre a organização do evento os CASCDFaro, CCD’s de Lisboa, Viseu e Coimbra, cuja presença foi de grande contributo para o êxito deste encontro. Houve também o apoio imprescindível de vários agentes envolvidos dos quais se destacam o Município de Ayamonte e Huelva, que para além de disponibilizarem os excelentes espaços desportivos, ofereceram lembranças a todos os participantes e espectáculos culturais de excelente qualidade.

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Este encontro teve a honra de contar no seu encerramento com a presença dos alcaides de Ayamonte e Huelva e da comunicação social local (televisão, rádio e jornais). É com um profundo agradecimento á ANCCD pela confiança depositada no CCD Algarve que nos despedimos, esperando que eventos desta qualidade se possam repetir.


[Viagens] Praga e Polónia, uma viagem inesquecível

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umo ao Leste da Europa, o nosso primeiro destino não podia deixar de ser a bela e romântica cidade de Praga, capital da República Checa. Praga é uma cidade encantadora, tem história, tem arquitetura, tem colinas e rio, tem uma população acolhedora. Praga tem tudo o que é necessário para ser visita obrigatória. A uma hora está Karlovy Vary, uma das mais belas cidades termais na Europa, rica e culta, com as suas 60 fontes, cujas águas chegam a registar 73 graus centígrados. Implementada há mais de 650 anos no centro de bosques esplendorosos, outrora foi local de passagem obrigatória da realeza europeia. Hoje está mais democratizada, aberta a outras classes sociais e a reis de outros “impérios do leste”. Bem perto, na famosa Fábrica Moser, estão dos melhores cristais do mundo. Qualquer peça, por mais singela e humilde, consumirá sempre alguns salários mínimos. Apesar de toda a sua riqueza e herança cultural, no plano social e económico, na República Checa, mais do mesmo, é a União Europeia - UE - a ditar regras, para “modernizar e reformar” um Estado soberano, encerrando a sua indústria pesada, suspendendo o plano siderúrgico nacional e reduzindo a produção agrícola.


Pasme–se! Agora, a UE financia projetos de implementação de painéis solares, em áreas agrícolas, obrigatoriamente colocados no solo, não nos telhados das habitações. Os painéis são importados aos vizinhos alemães e ficam a aguardar que o sol se lembre de aparecer, num país de nuvens. Os agricultores franceses e alemães agradecem e aproveitam para exportar os seus cereais! De Bruxelas dizem que o futuro passará pelo turismo e pela prestação de serviços. Deixando a bela Praga para trás, seguimos à sua vizinha Polónia. Na Polónia visitamos Auschwitz e Birkenau, um dos capítulos mais negros da história contemporânea da humanidade, escrita por alemães nazis e seus aliados. Na entrada do portão do campo de concentração, escreveram cinicamente “ O trabalho liberta”. Ali mesmo, entre 1940 e 1944, morreram mais de um milhão e trezentos mil cidadãos de toda a Europa, gaseificados e famintos, assassinados por carrascos, vítimas de médicos sem escrúpulos, que os utilizaram em experiências assassinas. Nazis que queriam dominar o mundo, à custa da morte, do terror e da destruição inteletual, de quem era diferente. Judeus, polacos, ciganos, soviéticos, testemunhas de Jeová, católicos e cidadãos de toda a Europa foram vítimas. Tremendo! 60 Km depois, Cracóvia, a grande e bela cidade que pela sua riqueza e pelo seu contributo arquitetónico, paisagístico e cultural, foi em tempos a cidade escolhida para substituir a capital aquando da sua destruição. É

uma das cidades mais importantes da Polónia. O seu centro histórico é fabuloso. O castelo, a cidade medieval, as igrejas, em particular a Basílica de Maria Santíssima, o Santuário da Divina Misericórdia, a Praça do Mercado, o rio Vístula a seus pés, são uma muito agradável surpresa que vale a pena aproveitar. Mais acima a capital, Varsóvia, martirizada durante muitos séculos pelos povos do norte, por Napoleão Bonaparte e mais recentemente pelos nazis alemães. Quando Varsóvia foi libertada pelo exército vermelho, dois em cada três dos 1.300.000 habitantes, tinham sido deportados ou mortos. Daqui saíram quase meio milhão de judeus para os campos de concentração. Varsóvia ainda recupera e reconstrói a tremenda destruição da II Guerra Mundial. A proximidade dos Estados europeus economicamente mais ricos tem ajudado neste processo. No último dia, mais do mesmo, uma manifestação contra os cortes nos direitos sociais dos trabalhadores. Para o ano, um novo destino será encontrado.

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Cultura Livros do mês de Setembro

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Em setembro apoiámos estas cinco excelentes publicações numa seleção de livros exclusiva aos nossos sócios. Não perca a nossa seleção este mês, informe-se junto aos CCD para mais informações.

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a editora Gradiva chega-nos “Ser Espiritual” de Luís Portela. Aparentemente, a Humanidade tem feito uma grande progressão no domínio tecnológico, mas, mantendo-se embriagada com a exploração material e distraída com um mar de futilidades, tem deixado para segundo plano a exploração do espiritual. O ter tem-se sobreposto ao ser. E, recentemente, parece que já nem faz falta ter, basta parecer. Tendo assumido a ilusão tal dimensão, parece oportuno procurar recentrar o Homem no âmago do ser. Foi o que o autor

procurou fazer, cruzando os saberes tradicionais com os resultados da investigação científica recente e sugerindo um prévio despojamento de conceitos e preconceitos, uma grande abertura a uma perspetiva diferente dos conhecimentos aceites pela cultura vigente. Ou seja, uma real abertura do leitor a perspetivar o Universo a partir do seu eu espiritual. José Saramago e José Rodrigues dos Santos encontraram-se pela última vez em Outubro de 2009 para uma conversa registada pelas câmaras da RTP. “A última


entrevista de José Saramago” de José Rodrigues dos Santos relata a última grande entrevista do prémio Nobel da Literatura. Oito meses depois, José Saramago morreu em Lanzarote. Para além de uma vasta obra, deixou-nos esta derradeira reflexão sobre o seu trabalho, a literatura, a vida, o mundo e a morte. Em “O Homem de Cosntantinopla” de José Rodrigues dos Santos chega-nos o relato de uma família arménia pouco depois que o Império Otomano se desmorona e a minoria arménia é perseguida. Apanhada na voragem dos acontecimentos, a família Sarkisian refugia-se em Constantinopla. Apesar da tragédia que o rodeia, o pequeno Kaloust deixa-se encantar pela grande capital imperial e é ao atravessar o Bósforo que pela primeira vez formula a pergunta que havia de o perseguir a vida inteira: “O que é a beleza?” Cruzou-se com a mesma interrogação no rosto níveo da tímida Nunuphar, nos traços coloridos e vigorosos das telas de Rembrandt

e na arquitetura complexa do traiçoeiro mundo dos negócios, arrastando-o para uma busca que fez dele o maior coleccionador de arte do seu tempo. Mas Kaloust foi mais longe do que isso: Tornou-se o homem mais rico do planeta. Inspirado em fatos reais, O Homem de Constantinopla reproduz a extraordinária vida do misterioso arménio que mudou o mundo. “O quase fim do mundo”, é o mais recente livro de Pepetela e leva-nos a uma introspeção e um olhar profundo sobre o mundo,a vida e a sobrevivência. E se a vida animal de repente desaparecesse da Terra, exceto num pequeno recanto do mundo e em doses mínimas? Talvez as causas se conheçam depois, mas o que importa é a existência de alguns seres, aturdidos pelo desaparecimento de tantos, e procurando sobreviver. É sobre estes sobreviventes e as suas reacções, desejos, frustrações mas também pequenas/grandes vitórias que trata este romance. Detalhe importante: o recanto do mundo

que escapou à hecatombe situa-se numa desgraçada zona da desgraçada África. O que permitirá questionar as relações contemporâneas no velho Mundo. Por fim a editora Bertand em parceria com a autora Teresa Lopes Vieira, trazem até nós “O Albatroz”. O personagem principal tem por nome Jesus e é um comediante desempregado que procura refúgio na casa do pai morto, em pleno centro de Lisboa. Liberdade, a sua irmã, é uma pseudoatriz de novela cuja carreira foi propulsionada por uma participação num reality show. No meio de memórias, certas questões colocam-se: o que acontece quando perdemos tudo? Podemos ser criminosos apenas por acaso? Porque é que os nossos familiares são, por vezes, os nossos piores inimigos? Um enredo de reencontros, fugas e colisões inevitáveis.

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Cultura 16

Outubro/Novembro Livros do mês É este o trio que une as diversas histórias e personagens deste romance. Além dele, encontramos ainda os amigos de Heitor, o Senhor do Dia 13 e os habitantes de um musseque na periferia de Luanda: a grande família de dona Luzitu e, em especial, a bela Orquídea, outra das poderosas mulheres que habitam este livro. Todos eles nos conduzem por uma cidade que fervilha e tímido e as mulheres”, cresce a um ritmo alucinante, de Pepetela, leva-nos onde os homens se apaixonam, sonham e desesperam, a Luanda nos dias de hoje. procuram novos caminhos, Acompanhamos Heitor, um escritor em início de carreira, novas formas de vida e novas soluções. o tímido. Ouvimos a quente voz de Marisa, responsável por um programa de rádio de «Mais tarde, também eu grande audiência, que a todos arrancarei o coração do peito encanta e seduz. Conhecemos para o secar como um trapo e usar limpando apenas as coisas Lucrécio, o seu marido uma mais estúpidas.» mente brilhante aprisionada Passado nos recônditos fiordes numa cadeira de rodas.

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islandeses, “A Desumanização”, é um romance contado na voz de uma menina diferente que nos conta o que sobra depois de perder a irmã gémea. Um livro de profunda delicadeza em que a disciplina da tristeza não impede uma certa redenção e o permanente assombro da beleza. O livro mais plástico de Valter Hugo


Mãe. Um livro de ver. Uma utopia de purificar a experiência difícil e maravilhosa de se estar vivo.

a noite que anuncia a Revolução de Abril, o regresso dos exilados, Angola depois da independência, a geração de jovens que deu o seu melhor em cada dia que passava. Eis as histórias de uma vida que seguem a marcha da História de Portugal, desde o final da década de 60 até aos alvores da década de 80 do século XX.

O último livro que lhe propomos é da autoria de Paulo Borges e tem por título “É a Hora ! A Mensagem da MENSAGEM de Fernando Pessoa”. No momento da falência do paradigma europeu-ocidental, o da civilização tecnocientífiJosé Jorge Letria partilha, ca, produtivista-consumista; em “E tudo era possível“, Quando se assiste a uma momentos únicos da História escalada inédita da predação de Portugal com a paixão e do planeta e dos recursos o olhar distanciado de quem naturais, que nos conduziu ao teve a ventura de testemunhar limiar de um colapso ecolóe de participar em acontecigico-social; Num momento mentos que marcaram este em que mais do que nunca se país num período de viragem. aplica a Portugal, mas tamO encontro com José Afonso, bém à Europa e ao mundo, as listas negras da PIDE, os o diagnóstico certeiro de sopros de liberdade de Paris, Fernando Pessoa acerca da

desorientação geral e ausência de liderança em que nos encontramos; Num momento em que se torna evidente que não podemos continuar como até agora, mas no qual muitos ainda não vislumbram claramente um novo rumo. Este livro mostra como a leitura atenta da Mensagem de Fernando Pessoa nos pode conduzir ao tão necessário despertar da consciência individual e colectiva, a que nos convocam as palavras com que termina: “Valete, Fratres” (“Saúde, Irmãos”).

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[Ir & Ver] Cultura OUTUBRO

É um projeto de divulgação aos sócios do CCD do que em Lisboa se oferece no âmbito das artes. Estaremos atentos para divulgar as várias exposições que consideramos serem interessantes, diferentes, curiosas e imprescindíveis.

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STACEY KENT |CCB | 12 Out | 21h | 20 a 29 €

Não há ninguém hoje em dia que possa ser comparado com ela. Tem o estilo das grandes vozes como Billie Holiday e Ella Fitzgerald e canta as palavras como Nat King Cole: claras, limpas com um fraseado perfeito. E isto é do melhor que se consegue!” A habilidade para contar uma história, capturar uma emoção, um humor, apurá-lo e compartilhá-lo, como se de um segredo se tratasse, com a sua audiência, são as qualidades que tornam Stacey Kent tão especial.


1ª MARATONA Cascais-Lisboa | 6 de Out | 10h |

A prova terá a distância exata de 42.195 metros com a Partida em Cascais, em frente à Câmara Municipal. O percurso básico será delineado em direção a Lisboa, pela marginal, sempre junto ao Rio Tejo. A meta estará instalada na Expo, em Lisboa. Numa organização do Maratona Clube de Portugal, vai realizar-se uma prova de Atletismo denominada “Maratona de Lisboa”, que será dividida nos seguintes eventos: Rock’n’Roll Maratona de Lisboa EDP | VODAFONE Meia Maratona RTP Rock’n’Roll | Mini Maratona EDP |CTT Prova de Deficientes Motores em Cadeira de Rodas | Passeio Mimosa Avós e Netos e Mini Campeões EDP

CARLOS DO CARMO | 50 anos de carreira | CCB | 30 Nov | 21h | 10 a 30€

Carlos do Carmo convidou para esta ocasião a Orquestra Sinfónica Portuguesa, dirigida pelo Maestro Vasco Pearce de Azevedo, e ainda o conceituado músico espanhol Antonio Serrano. Carlos do Carmo celebra 50 anos de carreira em 2013. O fadista que cantou nas melhores salas de espectáculo do mundo assinala um ano especial no Centro Cultural de Belém com um grande concerto de celebração de uma vida inteira dedicada ao fado. ORQUESTRA JORGE COSTA PINTO | CCB | 10 Out | 21h | 7 a 10 €

Jorge Costa Pinto, director da orquestra e seu maestro, é também um dos fundadores do Hot Club de Portugal. Os solistas da orquestra - Rão Kyao, Jeff Davis, Kiko Pereira e Maria Viana - são intérpretes de prestígio indiscutível. Prenuncia-se um concerto inesquecível. Intervenções (curtas) alusivas à época, por convidados: José Duarte, Raúl Calado, Manuel Jorge Veloso, João Moreira dos Santos.

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[Ir & Ver] Cultura OUTUBRO

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SALA VIP| Teatro da Politécnica | 3ª e 4ª às 19h | 5ª e 6ª às 21h | sáb às 16h e 21h | até 19 Out |

Ao contrário do que é hábito, desta vez foi Pedro Gil a desafiar Jorge Silva Melo. Desafiou-o a escrever-lhe uma peça (ou, como o próprio Silva Melo sublinha, “uma peça, uma não-peça, uma coisa”). Ao ator, aqui encenador, o encenador, aqui autor, legou cinco personagens confinadas a uma sala de aeroporto internacional. São personagens do mundo lírico, gente que espera, encarnações de inquietações do autor ou, simplesmente, de “um mundo que [lhe] desaparece.” A partir das palavras de Silva Melo, Gil pergunta: “e depois do sucesso? do dinheiro? do orgasmo? do amor? da juventude? E depois do teatro?”


Krishna - O Amante Divino | Fundação do Oriente | 2 Nov | 10€

Tarikavalli, dançarina clássica de bharata natyam, e Paulo Sousa, sitarista, ambos de origem portuguesa e com carreiras reconhecidas a nível nacional e internacional, uniram os seus talentos como forma de prestar tributo à vida e obra de Pandit Ravi Shankar. Para tal, conceberam um trabalho inédito e original, destacando-se dos tradicionais espetáculos de dança e música clássica indiana, uma vez que integra estilos do sul e norte da Índia, habitualmente considerados distintos e não fundíveis, personificados, respetivamente, na dança bharata natyam de Tarikavalli, e no sitar de Paulo Sousa. O espetáculo conta ainda com interpretações vocais em português e com a introdução de sonoridades eletrónicas, transformando assim toda a obra numa simbiótica e arrojada criação. 21

“COLAPSO 1” | Teatro da Trindade | 2 a 5 Out às 21h30 | 6 Out às 16h | 7,5 a 12 € |

“Colapso 1” é uma tragicomédia sobre a Crise (emocional, financeira, amorosa, social, criativa, valores) e o colapso de sete pessoas/personagens que, ao longo do espectáculo, “sofrem” colapsos resultantes dessas várias crises, numa espiral descendente recessivo-compulsiva. Seguindo uma linha dramatúrgica já habitual nos nossos espectáculos, “Colapso.1” é uma criação coletiva, com textos originais dos intérpretes que em quadros separados, mostram um pouco das histórias de cada um de nós, em formato “zapping”.


[Ir & Ver] Cultura OUTUBRO

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A Realidade e Outras Ficções | 3ª Trienal de Arquitetura lisboa | Carpe Diem | R. século nº 79 | até 15 Dez

A Realidade e Outras Ficções é uma exposição composta por intervenções espaciais interdisciplinares à escala 1:1. Todas as instalações são totalmente funcionais, convidando o visitante a comer, a ler, a beber ou até adormecer. Ao mesmo tempo que explora a estranheza do espaço entre a realidade e a ficção, esta exposição apresenta-se como um artifício composto de espaços e programas reais. É uma exposição de arquitetura hiper-real.

Vidas Ciganas - Romani Lives - Lungo Drom | Museu da Cidade| até 24 Nov

Fotografias, documentos e objetos históricos, aliados à moderna tecnologia, retratam a forma de viver e o que caracteriza a comunidade cigana europeia.Vidas Ciganas, exposição inserida na Mostra Espanha 2013 e que apresenta momentos da história dos ciganos desde a sua chegada à Península Ibérica até aos nossos dias, pretende impulsionar um debate sobre a situação social da maior minoria étnica da Europa, onde se estima haver entre 10 a 12 milhões de ciganos.


Cristina Rodrigues | O meu País através dos teus olhos | Museu Nac. Arqueologia | até 31 Dez

Ao percorrer os corredores do museu, é possível depararmo-nos com as peças idealizadas e concebidas pela artista, cuja presença nos surpreende, numa analogia aos seres sobrenaturais que povoavam as histórias de José Leite Vasconcelos, fundador do MNA. Construídas a partir de objetos obsoletos recolhidos no Município de Idanha-a-Nova e que fazem parte de uma memória coletiva desta população, estas peças envolvem diversos materiais e detalhes, onde tudo tem um significado muito próprio e nada está ali por acaso. Open Cinema | Lg. do Intendente |até 19 Out

Open Cinema resulta de uma colaboração entre o arquiteto Colin Fournier e a artista Marysia Lewandowska. É uma estrutura enigmática, onde os seus espetadores estão imersos, da cintura para cima, na ilusão cinematográfica do ecrã, enquanto, da cintura para baixo, continuam a fazer parte do mundo exterior. Open Cinema reanima o período histórico em que o cinema, pela primeira vez, capturou a atenção e seduziu multidões, e convida a uma reflexão partilhada sobre o papel da sua agência social no presente.

O Consumo Feliz | CCB | até 27 Out

O inestimável espólio da James Haworth & Company, uma das mais prestigiadas agências de publicidade do Reino Unido, deu origem à Coleção Berardo de Arte Publicitária, constituída por mais de 1500 exemplares de matrizes originais pintadas à mão. Cobrem todos os aspetos da vida quotidiana ocidental de 1900 a 1980, da moda ao automóvel, da alimentação à aviação, do turismo à música, da decoração de interiores ao cinema, passando pelo duro período das duas guerras mundiais, relembrando a Pop Art.

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JEROPIGA 24

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outono está à porta e com o outono vêm as folhas secas, o ar mais frio, o cheiro da lareira, a castanhas assadas e às comemorações do S. Martinho. Mas no Magusto não se comem só castanhas, é época da tão aclamada jeropiga, a bebida artesanal de criação portuguesa, cuja tradição de fabrico vem sendo passada de geração em geração. Esta bebida e a água-pé acompanhavam tradicionalmente os magustos, mas como a sua produção era caseira, foram proíbidas por lei e é cada vez mais difícil achar esta bebida nas prateleiras das lojas e supermercados.

História e tradição Segundo uma milenar tradição portuguesa e espanhola, Jeropiga é uma bebida obtida pela junção da aguardente ao mosto de uva para parar a fermentação, ficando uma bebida mais doce e mais alcoólica que o vinho. O seu paladar é muito parecido com o de um vinho licoroso, mas não é vinho. Na zona de Castelo Branco costuma-se preparar adicionando um litro de aguardente a cada três de mosto, agita-se o garrafão e deixa-se repousar até ao magusto.


No S. Martinho, prova-se o vinho que foi feito em setembro. Além do vinho, ainda se vai ao bagaço da uva, à água-pé e como não podia deixar de ser, à jeropiga!

Também o magusto é uma tradição ibérica, celebrado pelas famílias, que, sentadas ao redor de fogueiras, assando batatas e castanhas, celebravam as noites frias consumindo bebidas como Jeropiga, água-pé e vinhos novos. Na Galícia e nas Astúrias é chamado de magosto. O magusto vem do latim “magnus ustos” (grande fogueira), que se acende na noite de S. Martinho, para assar castanhas e em alguns sítios também bolotas. Ambos os frutos eram, no passado, alimento dos pobres. Portanto, inicialmente o magusto era o lume, não a comida que se assava com ele. Celebra-se dia 11 de Novembro em memória da data da morte de S. Martinho no ano de 397.

“Dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.”

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Portugueses solidários com a banca

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s portugueses são um povo muito solidário. Os reformados viúvos acabam de ceder parte da sua pensão para alimentar um sistema financeiro ávido que reclama dívidas que ninguém sabia existirem. É gente que não se importa de viver com 600 euros desde que o seu governo fique bem na fotografia e os mercados não se aborreçam. O milhão e meio de desempregados aguentam a sua situação, solidários com o FMI e o Banco Central Europeu que, coitados, cobram dívidas a juros impensáveis. Os funcionários públicos pedem perdão pelos anos de benesses que andaram a usufruir (só andam a perder

poder de compra há 10 anos consecutivos, assim por alto). E todos os que só trabalhavam 35 horas semanais estão arrependidos e fazem juras de amor eterno pelas 40 horas. Mais: ou não cobram as horas extraordinárias ou só cobram pela metade. E o futuro, quem sabe? No privado, esquecem-se acordos de negociação coletiva que só traziam benefícios injustos, do género subsídio de transporte porque a fábrica ficava por trás do sol posto. Foram anos de regabofe do povo, a comprar casas porque as rendas eram um escândalo e os bancos emprestavam tudo o que se pedia, frigorícos, carros e, imagine-se, máquinas de lavar

louça. E ninguém nos manda ser enganados por empresas financeiras que vendiam cartões de crédito que ofereciam o paraíso e nos enfiavam direitinhos no inferno. Assumimos a culpa. É nossa. Sim, é nossa. Fomos nós que permitimos isto tudo. É por isso que aqueles senhores muito bem postos nos seus fatos e gravatas, com pasta à executivo e ar de quem vem cobrar dívidas, sempre em número de três, andam por aí com cara de poucos amigos. Ó pessoal, nós somos solidários convosco. Podem ir aos vossos chefes e dizer que sim, sim senhor, fazemos tudo o que eles quiserem, façam eles os resgates que fizerem. Nós


Quando

corre mal...

Q nem sabemos o que é isso de taxas de juro! Só não queremos aborrecer os mercados. Dizem que são sensíveis. Nem queremos incomodar aqueles senhores do BPN, BPP, Banif e outros bancos que vivem do Estado, de umas aplicações financeiras duvidosas, tipo swaps - o Senhor sabe sempre o que faz e se não nos deu a graça de sabermos o que são swaps lá tinha as suas razões - e de dinheiro que arranjam a taxas de 1% e emprestam a taxas de 7%. O nosso governo tem sido de uma compreensão fora do normal. Benza-os Deus! E, nós solidários, com a Extrema-unção já encomendada.

uando alguma coisa corre mal, tudo corre mal. Não estou a falar do Jorge Jesus, nem do Sporting do ano passado. Estou a falar do Vieira e do Godinho Lopes. Mas, podia falar da Seleção Nacional. Já não bastava termos uma Seleção que é das melhores do mundo a usar suplentes, como ainda por cima se lesionam por dá cá aquela palha. Aliás, Hugo Almeida, Raúl Meireles, Antunes e Veloso jogam... onde? E Nani é suplente, não é? Pior: até já usamos suplentes do Sporting de Braga. E o lateral direito não é titular efetivo do Benfica. Mas, que raio de Selecção é esta? Tirando Ronaldo, Pepe e Moutinho quem são os indiscutíveis? O futebol é uma coisa notável porque é daquelas coisas onde até as evidências mais evidentes deixam de o ser perante paixões mais exacerbadas.

O penalty claríssimo para uns, torna-se um erro claríssimo para outros se por acaso o árbitro o marca. Quando ouvimos os intervenientes e os comentadores a falar do jogo que acabámos de ver, ficamos na dúvida se não mudámos de canal e eles estão a falar de outro jogo que não vimos. É isso que é apaixonante. Ninguém vê o jogo que nós vimos. É como os políticos quando falam do país. Pensamos sempre que eles estão a falar de outra coisa, tal o desfasamento entre o que eles dizem e a realidade que vivemos. Quando anunciam medidas, aí entramos no campo dos desejos. Na verdade, desejamos ardentemente que eles estejam mesmo a falar de outro país. Não estão. Neste país, já não se aplica o aforismo “quando alguma coisa corre mal”. Já temos é saudades de alguma coisa correr bem.

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