ED ITOR I A L
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A ASCENSÃO
assados seis meses desde o início da restrição social e proibição de grandes aglomerações de pessoas provocadas pelo novo coronavírus (Covid-19), a economia de Mato Grosso do Sul, em especial o setor industrial, começa a dar os primeiros sinais de retomada e já caminha para uma ascensão, voltando ao cenário pré-pandemia mundial. Nesse período, o Sistema Fiems tem avaliado os números e tentado construir ações que tragam algum tipo de apoio para as empresas estaduais se recuperarem. Os meses de abril e maio foram muito difíceis, muito ruins e, nessa avaliação, chegamos a conta de que algo teria que ser feito. Após as ações que foram construídas nas áreas de biossegurança, ou de apoio técnico financeiro, e na qualificação de trabalhadores de alguns setores que necessitavam de cuidados especiais, nós começamos a reavaliar os números novamente e vimos que alguns setores têm retomado o desempenho, evoluindo satisfatoriamente. Precisamos construir algo mais sólido para manter essa evolução e avaliar os que não têm melhorado e o porquê. Esse é o grande desafio no momento e é isso que temos feito. Na minha avaliação, temos uma recessão no Brasil, agropecuária e a agroindústria estão bem, mas o cenário é ainda preocupante, pois 2020 é um ano preocupante mesmo para os setores que têm avançado positivamente, e precisamos de cuidados muito especiais para entender como esses setores vêm se comportando. Temos um dólar fora de controle, beirando os R$ 5,50, falta de matéria-prima em muitos setores da economia, empresas promovendo grandes mudanças para se adequarem aos protocolos de biossegurança, muitas demitiram e acabaram não conseguindo contratar na mesma velocidade, tendo que preparar esses trabalhadores novamente. É uma nova fase que o Brasil vive, a retomada é isso, analisar os setores que estão evoluindo satisfato-
riamente, analisar os que não estão e tentar entender o porquê, seja no mercado nacional, seja no internacional. Então temos aí um cenário de muita cautela e muita avaliação e análise. O empresário está receoso, quem tem recursos, está investindo, quem não tem, não está. No segmento da construção civil, por exemplo, uma cena muito comum hoje é não ter tijolo, a indústria ceramista, que faz parte do Sistema Fiems, está com pedidos encarteirados até dezembro e o porquê disso? Com juros baixos, Selic de 2%, exatamente por que isso está acontecendo? Vimos a bolsa com um cenário muito positivo, então o que está acontecendo com o mercado? Precisamos então de uma análise completa, economistas, tributaristas, avaliação de mercado interno e externo. A retomada, com certeza, passa pela discussão da Reforma Tributária e o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, declara que os setores que foram beneficiados com a desoneração da folha de pagamento, que de certa forma o presidente da República Jair Bolsonaro vetou, têm de continuar sendo tributados para só depois discutir isso na Reforma. Na nossa avaliação, isso está equivocado, pois são setores que estão empregando bem. O estímulo à geração de emprego tem que ser uma constante na nossa economia, para que possamos continuar com a retomada. O pior, aparentemente, já passou e o caminho está mais claro. Estamos saindo dessa crise mais fortalecidos e prontos para alçar voos mais altos.
SÉRGIO LONGEN Presidente do Sistema Fiems
MS INDUSTRIAL | 2020 • 7